Aula 3 Mecânica Dos Solos

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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE CIVIL

AULA DE MECÂNICA DOS SOLOS

• CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS


• CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA UNIFICADO AMERICANO

LUANDA 2023

DOCENTE:
Monitor: Engº. Hermano M. Balão Ph.D YUNEISY MATOS
CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS
MATERIAIS CONSTITUINTES DO SOLO
Pedregulhos:
Solos cujas propriedades dominantes são devidas à sua parte constituída pelos grãos minerais de diâmetro máximo superior a 4,8mm
e inferior a 76 mm. São
caracterizados pela sua textura, compacidade e forma dos grãos.
Areias:
Solos cujas propriedades dominantes são devidas à sua parte constituída pelos grãos minerais de diâmetro máximo superior a
0,05mm e inferior a 4,8mm. São caracterizados pela sua textura, compacidade e forma dos grãos. Quanto à textura, a areia pode ser:
• Grossa: grãos cujo diâmetro máximo compreendido entre 2,00mm e 4,80mm;
• Média: grãos cujo diâmetro máximo compreendido entre 0,42mm e 2,00mm;
• Fina: grãos cujo diâmetro máximo compreendido entre 0,05mm e 0,42mm.
Quanto à compacidade, a areia pode ser:
• Fofa (pouco compactada);
• Medianamente compacta;
• Compacta.
SILTE:
Solo que apresenta apenas a coesão necessária para formar, quando seco, torrões facilmente desagregáveis pela pressão dos dedos. Suas propriedades
dominantes são devidas à sua parte constituída pelos grãos minerais de diâmetro máximo superior a 0,005mm e inferior a 0,05mm. São caracterizados pela
sua textura e compacidade.
ARGILA:
Solo que apresenta características marcantes de plasticidade; quando suficientemente úmido, molda-se facilmente em diferentes formas; quando seco,
apresenta coesão bastante para constituir torrões dificilmente desagregáveis por pressão dos dedos; suas propriedades dominantes são devidas à sua parte
constituída pelos grãos 24 minerais de diâmetro máximo inferior a 0,005mm. São caracterizados pela sua plasticidade, textura e consistência em seu estado
e umidade naturais. Quanto à textura, são as argilas identificadas quantitativamente pela sua distribuição granulométrica.
Quanto à plasticidade, podem ser subdivididas em:
• Gordas;
• Magras.
Quanto à consistência, podem ser subdivididas em:
• Muito moles (vazas);
• Moles;
• Médias;
• Rijas;
• Duras;
Os três grupos principais de minerais argílicos são: caulinitas, illitas e montmorillonitas. As montmorillonitas são as que causam mais preocupação, pois são
muito expansivas e, portanto, instáveis em presença de água.
Caracterização tátil visual

Solo solto Solo friável Solo firme Solo extremamente


As bentonitas são argilas muito finas, formadas, em sua maioria, pela alteração física de cinzas vulcânicas. Graças a esta propriedade, as injeções de
bentonita são usadas para vedação em barragens e escavações. A bentonita é um material que exibe propriedades tixotrópicas.

Graças a esta propriedade, as injeções de bentonita são usadas para vedação em barragens e escavações. A bentonita é um material que exibe propriedades
tixotrópicas.

As “lamas tixotrópicas”, ou sejam, suspensão, em água, desta argila especial, que é a bentonita, são muito usadas em perfurações petrolíferas, fundações
profundas, etc.

SOLO RESIDUAL

Solo que se origina da decomposição da rocha-mãe no próprio local aonde esta se encontra. Assim, dependendo da distância até a rocha original,
poderemos encontrar características diferentes entre os solos originários da mesma rocha. Para que ocorram se faz necessário que a velocidade de
decomposição da rocha seja maior que a velocidade de remoção por agentes externos. Nas regiões tropicais a velocidade de composição das rochas é
elevada.

As camadas dos solos residuais originam as diferenciações abaixo:

Solo residual maduro - Superficial, e que perdeu toda a estrutura original da rocha mãe, tornando-se relativamente homogêneo;

Saprolito - Mantém a estrutura original da rocha-mãe, mas perdeu a consistência de rocha, também conhecido como solo residual jovem ou solo de
alteração de rocha. Solo proveniente da desintegração de rocha, in situ, pelos diversos agentes geológicos. É descrito pela respectiva textura, plasticidade
e consistência ou compacidade, sendo indicados ainda o grau de alteração e, se possível, a origem de rocha.

Rocha alterada - Horizonte em que a alteração progrediu ao longo de fraturas ou zonas de menor resistência, deixando intactos grandes blocos da rocha
original.

Solos residuais de basalto são predominantemente argilosos, os de gnaisse são siltosos, os de granito apresentam teores aproximadamente iguais de areia
média, silte e argila.
SOLO TRANSPORTADO
Solo que foi carregado do seu lugar original por algum agente de transporte (vento, água, gravidade).
Solo coluvionar - Transportado, através da ação da gravidade, de regiões altas para regiões mais baixas;
Solo aluvionar - Transportado pela água dos rios.
SOLO LATERÍTICO
Solo típico da evolução de solos em clima quente, com regime de chuvas moderadas a intensas. Apresenta elevada
concentração de ferro e alumínio na forma de óxidos e hidróxidos, daí a sua coloração avermelhada. Encontram-se,
geralmente, recobrindo agregações de partículas argilosas. Apresentam-se na natureza, geralmente, não-saturados, com índice
de vazios elevado, resultando disto sua baixa capacidade de suporte. Quando compactados, porém sua capacidade de suporte
é elevada, sendo por isto muito empregados em pavimentação. Depois de compactado, apresenta contração se o teor de
umidade diminuir, mas não apresenta expansão na presença de água.
SOLO CONCRECIONADO
Massa de solo que apresenta alta resistência, cujos grãos são ligados, naturalmente entre si, por um cimento qualquer. É
designado pelo respectivo tipo seguido pela palavra “concrecionado”.
Principais diferenças entre argila e areia

ARGILA:
AREIA:
- Apresenta plasticidade;
- Não apresenta plasticidade;
- Impermeável;
- Permeável;
- Grandes deformações;
- Poucas deformações;
- Alto índice de vazios;
- Índice de vazios de médio a baixo;
- Retém bastante água;
- Não retém água;
- Grande superfície específica (devido ao
- Baixa superfície específica;
diâmetro reduzido);
- Não se expande.
- Pode ser expansiva.
SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO
Este sistema de classificação foi elaborado por Casa grande, para obras de aeroporto, E atualmente é utilizado principalmente pelos
geotécnicos que trabalham com barragens de terra.

Em linhas gerais, os solos são classificados, neste sistema, em três grandes grupos:

a) Solos grossos aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é maior que 0,074mm (mais que 50% em peso, dos seus grãos, são
retidos na peneira n. 200);

Pedregulhos – areias – solos pedregulhos os ou arenosos com pouca quantidade de finos (silte e argila).

b) Solos finos aqueles cujo diâmetro da maioria absoluta dos grãos é menor que 0,074mm;

Siltes - argilas

c) Turfas solos altamente orgânicos, geralmente fibrilares e extremamente compressíveis.

Neste sistema, todos são identificados pelo conjunto de duas letras. A primeira letra indica o principal tipo de solo, podendo ser:

G ........................ .Pedregulho (do inglês Gravel);

S ..........................Areia (do inglês Sand);

M .........................Silte (do sueco Mo);

C .........................Argila (do inglês Clay);

O .........................Solo orgânico (do inglês Organic).


A segunda letra indica as características complementares do solo:

W ........................ Bem graduado (do inglês Well graded);

P ..........................Mal graduado (do inglês Poorly);

H .........................Alta compressibilidade (do inglês High compressibility);

L ..........................Baixa compressibilidade (do inglês Low compressibility);

Pt .........................Turfas (do inglês Organic).

Exemplos:

CL – solo argiloso de baixa compressibilidade;

SM – solo argiloso com certa quantidade de siltes (finos não plásticos);

SW – solo arenoso, bem graduado;

CH – solo argiloso, altamente compressível


SOLOS DE GRANULAÇÃO GROSSA (PEDREGULHOS E AREIAS)

Sendo de granulação grosseira, o solo será classificado como pedregulho ou areia, dependendo de qual destas duas frações
granulométricas predominar. Por exemplo, se o solo possui 30% de pedregulho, 40% de areia e 30% de finos, ele será
classificado como areia – S.
Os solos granulares deverão ainda ser classificados em bem graduados ou mal graduados. A expressão “bem graduado” expressa o fato
de que a existência de grãos com diversos diâmetros confere ao solo, em geral, melhor comportamento sob o ponto de vista de
engenharia. As partículas menores ocupam os vazios correspondentes às maiores, criando um maior entrosamento, do qual resulta menor
compressibilidade e maior resistência.
O Sistema Unificado considera o pedregulho bem graduado quando o seu coeficiente de uniformidade (Cnu) é superior a 4, e que uma
areia é bem graduada
quando seu Cnu é superior a 6. Além disso, é necessário que o coeficiente de curvatura (Cc) esteja entre 1 e 3.
Quando o solo de graduação grosseira tem mais de 12% de finos, a uniformidade da granulometria já não aparece como característica
secundária, pois importa saber mais
sobre as propriedades destes finos. Neste caso, os pedregulhos ou areias serão identificados secundariamente como argilosos (GC ou SC)
ou como siltosos (GM ou SM).
Quando o solo de granulação grosseira tem de 5 a 12% de finos, o Sistema Unificado recomenda que se apresentem as duas
características secundárias, uniformidade da granulometria e propriedade dos finos. Assim, ter-se-ão classificações intermediárias, como
por exemplo: SP-SC - areia mal graduada, argilosa.
SOLOS DE GRANULAÇÃO FINA (SILTES E ARGILAS)

Quando a fração fina é predominante, o solo será classificado em silte (M), argila (C) ou solo orgânico (O), não em função da
percentagem das frações granulométricas silte ou argila, mas pela atividade da argila. São os índices de consistência que
melhor indicam o comportamento argiloso.
Analisando os índices e o comportamento de solos, Casa grande notou que colocando o IP do solo em função do LL, num
gráfico, como apresentado na figura, os solos de comportamento argiloso se faziam representar por um ponto acima de uma
reta inclinada, denominada linha A. Solos orgânicos, ainda que argilosos, e solos siltosos, são representados por pontos
abaixo da linha A.
Este gráfico é denominado de Carta de Plasticidade, e para a classificação destes solos, basta localizar o ponto
correspondente ao par de valores IP e LL.
Os solos orgânicos se distinguem dos siltes pelo seu aspecto visual, pois se apresentam com uma coloração escura típica
(marrom escuro, cinza escuro ou preto).
Como característica complementar dos solos finos, indica-se a sua compressibilidade, definindo-se como de alta
compressibilidade (H) os solos possuem LL>50. Da mesma forma, define-se como de baixa compressibilidade (L) os solos
que apresentam LL<50.
Quando os índices indicam uma posição muito próxima às linhas, é considerado um caso intermediário e as duas
classificações são apresentadas.
ROTEIRO DE CLASSIFICAÇÃO
Classificação do solo pelo sistema unificado
A) Observar o valor da percentagem passante na peneira 200, obtido através da análise granulométrica;
I – ANÁLISE GRANULOMÉTRICA:
a) Achar a percentagem retida em cada peneira:
a percentagem retida numa peneira P, será o peso retido na peneira P, dividido pelo peso total da amostra, multiplicado por 100;
b) Achar a percentagem passante em cada peneira:
a percentagem passante numa peneira P, será 100 menos a percentagem retida na peneira P;
B) Se a percentagem passante na peneira 200 for maior que 50, será um solo fino, assim devemos proceder da seguinte maneira:
I-DETERMINAÇÃO DO LL:
a) Através da equação geral, usar h1, N1, h2, N2 (lembrando que as umidades manipuladas, h1 e h2, na forma decimal);
h = −IL × log N + C (eq. geral);

• onde:
• h1 umidade 1 manipulada no ensaio de Casa-grande;
• N1 número de golpes necessários, usando h1;
• h2 umidade 2 manipulada no ensaio de Casa-grande;
• N2 número de golpes necessários, usando h2;
• IL índice de liquidez;
• C fator de coesão do solo.
Assim teremos um sistema de 2 equações lineares:
h1= -il x log N1 + C
h2 = -il x log N2 + C
multiplicamos uma das equações por (-1) e somamos à outra, eliminamos o C, achamos o iL. Com o valor de iL, entramos em
uma das equações e achamos o valor de C. Com o valor de C e iL, entramos na equação particular, e obtemos LL.
LL = -IL×log 25 +C (eq. particular) ; o valor de LL é usado na forma percentual, portanto deve-se multiplicar por 100.
II – DETERMINAÇÃO DO IP:
IP = LL – LP; com este valor determina-se o grau de plasticidade do solo (fraco, médio ou alto);
III – DETERMINAÇÃO DO IC:
IC=
onde h é o teor de umidade em que se encontra o solo. Com o IC determinamos a consistência do solo (muito mole, mole,
médio, rijo ou duro);
IV – DETERMINAÇÃO DO LC:

• LC =
onde o peso específico do solo seco é dado, e a densidade real é dada ou obtida do peso específico das partículas sólidas (ıg).
Com os valores de LL, LP e LC, poderemos determinar o estado do solo para qualquer teor de umidade.
V – CARTA DE PLASTICIDADE:
Com os valores de LL e IP, entramos na Carta de Plasticidade, e determinamos o tipo de solo, lembrando que solos com
LL<50 terão baixa compressibilidade (L), e solos com LL>50 terão alta compressibilidade (H). Solos acima da Linha A,
serão argilosos (C), e solos abaixo desta linha serão siltosos (M) ou orgânicos (O).
C) Se a percentagem passante na peneira 200 for menor que 50, será um solo grosso, assim devemos proceder da seguinte
maneira:
I-DETERMINAÇÃO DE Cu E Cc:
a) Através da percentagem passante e da abertura de malha (log), traçamos o gráfico no papel milimetrado, achando d10, d30
e d60, assim:

Cu = Cc =

I-DETERMINAÇÃO DOS PERCENTUAIS DOS COMPONENTES:


a) Através da percentagem passante, isolada, de cada peneira, determinam-se os percentuais dos grãos menores que a peneira,
e observando-se as dimensões de cada componente do solo, acham-se os percentuais de cada componente do solo.
Com os valores de %P200, Cu e Cc, e os percentuais dos componentes do solo, entramos no quadro de classificação e
determinamos o tipo do solo: GW, GP,GC, GM, GW-GC, GP-GM, SW, SP, SC, SM, SW-SC, SP-SC, etc.
FIM

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