Epist. Moral 5 - Intuicionismo Moral
Epist. Moral 5 - Intuicionismo Moral
Epist. Moral 5 - Intuicionismo Moral
Há dois sentidos de “Intuicionismo Moral”, não excludentes, cada um relacionado a uma tese
específica:
Sentido amplo: teoria que defende a pluralidade de princípios morais, irredutíveis entre si,
e irredutíveis a fatos naturais. Defende, portanto, um realismo não-reducionista pluralista.
(tese metafísica)
Sentido restrito: teoria que defende que podemos ter conhecimento ou justificação de
algumas verdades morais de modo direto (não-inferencial), através de intuições morais.
(tese epistêmica)
Obs: Intuicionismo moral não é análogo a intuicionismo em matemática!
Caracterização Epistemológica do
Intuicionismo Moral
O Intuicionismo Moral defende:
(a) sua compreensão é condição suficiente para se “perceber” que é verdadeira (sentido usual);
ou
(b) sua compreensão é condição suficiente para se estar justificado em crer que é verdadeira
(Audi).
Caracterização Epistemológica do
Intuicionismo Moral
3) Uma crença moral ser fundacional ou direta não significa que ela seja imediata, ou que não
precise de reflexão. A compreensão da proposição pode exigir tempo e esforço. Reflexão é
diferente de raciocínio (inferência).
4) O intelecto produz crenças morais básicas, por meio de intuições, como acontece, por
exemplo, com as verdades matemáticas. Não é necessário se postular uma “faculdade” ou
“órgão” especial que seja responsável pela moralidade.
5) Crenças morais básicas não necessitam ser “infalíveis”. Uma intuição moral pode ser falsa,
ainda que justificada.
Caracterização Epistemológica do
Intuicionismo Moral
6) Crenças morais básicas podem ocorrer em três níveis possíveis de generalidade. Elas podem
ser:
(i) Princípios morais ou primeiros princípios (Sidgwick). As demais crenças morais são
inferidas dos princípios.
(ii) Normas ou regras morais (para tipos de ações). Ross defendia os “deveres morais prima
facie” que eram auto-evidentes. Eles podiam, entretanto, ser “derrotados” quando
aplicados a casos particulares.
(iii) Juízos morais particulares. (S. McGrath). “Percebemos” verdades morais em casos
particulares. Podemos rever nossas normas morais à luz dos casos particulares.
Caracterização Epistemológica do
Intuicionismo Moral
7) Demais crenças morais (não básicas) devem ser justificadas por sua relação com as crenças
morais básicas.
Objeções ao Intuicionismo Moral
PC: Se parece a S como se P, então S tem, pelo menos, justificação prima facie para crer
que P (Huemer, 2001, p. 99).
PC (rev.): Se parece a S que P, então, na ausência de derrotadores, S tem pelo menos algum
grau de justificação para crer que P (Huemer, 2007, p. 30).
Outros defensores: Cullison (2010), Lycan (2013), Skene (2013), Tucker (2010),
Swinburne (2003). Cf. Dogmatismo: Pryor (2000), Audi (1993), Chisholm (1989),
Chudnoff (2011), Pollock e Cruz (1999).
“ De acordo com o Conservadorismo
Fenomênico, a posição epistemológica
padrão [default] é aceitar as coisas
como elas parecem. As aparências são
presumidas como verdadeiras, até prova
”
em contrário” (Huemer, 2001, p. 100).
“PARECE a S que P”?? – O que é este
“parecer” ou “aparência” que P??
É um estado mental com conteúdo proposicional (i.e., é “um tipo de atitude
proposicional”);
Tem uma força assertiva: representa um conteúdo como atualizado, como sendo o caso ou
verdadeiro;
Não é crença: pode parecer a S que P sem que ele creia que P (ou até saiba que não-P)
Não é inclinação ou disposição para crer (cf. F. Jackson, 1977):
a) Pode parecer a S que P sem que ele esteja inclinado a crer que P;
b) Aparência que P fornece explicação não-trivial da inclinação para crer que P;
c) S pode estar inclinado ou disposto a crer que P sem que pareça a S que P é o caso (e.g.
desejo que P seja verdadeiro)
DIFERENTES TIPOS DE APARÊNCIAS:
a) Sensorial
b) Intelectual (intuições)
c) Mnemônica (aparências de memória)
d) Introspectiva
MOTIVAÇÕES & VANTAGENS DE PC:
Está em acordo com Senso Comum, sendo a “visão natural” com respeito a percepção
(Pryor), intuição (Chudnoff) e memória (Pollock e Cruz);
É uma saída para o Problema do Regresso;
Dá um princípio único que unifica as várias formas de justificação não-inferencial e talvez
até inferencial;
Resolve outros problemas epistemológicos, como o exemplo de Chisholm da “galinha
salpicada” (cf. Tucker, 2010; Brogaard (2013); entre outros.
ARGUMENTOS PRÓ PC:
1- O Argumento da Perspectiva da Primeira
Pessoa:
Dado 1: “Quando parece a você que P, na ausência de derrotadores, você tem uma relação
com P que torna irracional negar ou suspender juízo sobre P” (Tucker, 2013, p. 10; cf.
Huemer, 2001, p. 104-5)
* Crenças relevantes são as que “não são baseadas em auto-engano, fé, e coisas semelhantes.
[Tais crenças] não são candidatas plausíveis para serem justificadas epistemicamente” (ibid., n.
“
O argumento aqui não é diretamente um argumento que o
Conservadorismo Fenomênico é verdadeiro, mas, ao
invés, que as teorias epistemológicas que se opõem ao
Conservadorismo Fenomênico são autoderrotadoras
(Huemer, 2007, p. 41). ”
Entretanto, o argumento pode continuar: