Aula-04 03 2024-Hermeneutica

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04/03/2024

2 ZETÉTICA E DOGMÁTICA JURÍDICA


A Zetética e a Dogmática são dois diferentes enfoques que podem ser usados no estudo do
direito.
3 ZETÉTICA
• O pensamento zetético é aberto e acentua o aspecto de fazer perguntas.
• A zetética é investigativa e especulativa.
• Ela parte de fazer perguntas, e não necessariamente bater o martelo nas respostas.
• A filosofia é essencialmente zetética. O negócio da zetética é perguntar, investigar e especular.

4 DOGMÁTICA
• Possui um pensamento fechado;
• Aborda o ângulo da resposta;
• Ela parte de premissas pré-estabelecidas, ou seja, estabelece alguns pressupostos para poder
desenvolver um raciocínio;

Um exemplo de campo do saber que utiliza bastante a dogmática é a teologia. Basta se lembrar
daquela expressão “os dogmas da igreja”. A palavra dogmática vem de dogmas. E o que são
dogmas? São pontos de partida.

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A zetética é o ramo do discurso que se propõe a uma análise de verificação da adequação da
própria norma aos fatos propostos, sendo o seu produto uma nova criação dogmática,
enquanto objeto da própria ciência jurídica, “a norma”.

Já a dogmática é o ramo do discurso jurídico que é centrado em questões postas sem discutir a
sua adequação aos fatos, mas a adequação dos fatos às predições normativas.

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• EXEMPLO:
• Um condomínio cria uma regra proibindo que os moradores tenham animais em seus
apartamentos;

A zetética iria questionar: qual a finalidade dessa regra? Ela é uma boa regra para todos os
moradores? Tomando da premissa que ter animais faz bem a muitas pessoas, se questiona se
o benefícios superam os malefícios da ausência dos animais?

A dogmática iria enfocar no aceitar da regra, porém iria questionar: mas e quem já tinha
animais antes dessa regra, como fica? Todos os animais serão proibidos? De grande e
pequeno porte?
Questionando a interpretação da regra, mas não sua legitimidade.

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Nosso direito atual é um misto de ZETÉTICA e DOGMÁTICA ambas se complementando.

Nem sempre é fácil distinguir uma da outra, mas é preciso saber que existem essas duas formas
de enxergar as questões, uma forma mais aberta (zetética), e outra mais fechada (dogmática).
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de enxergar as questões, uma forma mais aberta (zetética), e outra mais fechada (dogmática).
8 MÉTODOS E TIPOS DE DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃO
A chamada dogmática hermenêutica se serve de métodos e tipos de interpretação.
Sendo os métodos:
a) gramatical;
b) lógico;
c) sistemático;
d) histórico;
e) teleológico

9 Método Gramatical
É necessário fazer uma leitura literal (do que está escrito) é buscar o significado das palavras da
lei, independente de buscar a coerência ou contradições.
Ele é importante para constituir os primeiros limites da interpretação, porque não se pode supor
o que não existe.

10 Método Gramatical
Exemplo: Ao lermos o tipo penal do furto: Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel.

Não podemos supor que a palavra coisa possa ter outro significado que não de subtrair objetos,
não podendo imaginar que se possa furtar ideias, ou bens imaterias.

11 Método Lógico
É aquela que evita contradições, buscando manter a consistência do sistema. Ex.: Uma norma
que diga que é proibido proibir.

12 Método Lógico
Exemplo: A definição de casamento.

A CF diz que casamento é a união de homem e mulher.


O Código Civil (2002) uma lei mais nova, diz que casamento é a união entre pessoas.

Como resolvemos: através da hierarquia onde uma norma mais nova não pode se sobressair a
uma mais antiga vigente

O STF ao decidir interpretou o conceito de casamento, utilizado na própria CF, de acordo com os
princípios da dignidade da pessoa humana, dignidade da vida, da liberdade, da autonomia da
vontade.

13 Método Sistemático
Diferentemente do método LÓGICO que busca a consistência do sistema, o sistemático tem a
ver com coerência, com analogia do sistema.

É dar significados iguais aos conceitos do direito nos mais diversos ramos do Direito.

Por exemplo: o artigo referente ao furto.

14 Método Histórico
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Vem do questionamento sobre a razão histórica da criação de uma norma jurídica.

Ex.: O casamento civil.

Porque foi criado o casamento? Em estudos se descobriu que o casamento civil, não tem a ver
com a questão matrimonial, mas sim patrimonial.

15 Método Teleológico
Consiste esse método na busca da finalidade das normas jurídicas tentando adequá-las aos
critérios atuais.

Um exemplo desta interpretação é o artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito


Brasileiro:
Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.

16 TIPOS DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃO


a) especificadora;
b) extensiva;
c) restritiva;

17 TIPOS DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃO


a) especificadora;

A norma, nesse tipo interpretativo, é suficiente nela mesma, isso quando ela é
suficientemente clara para extrair o seu sentido, estando em sua literalidade todos os elementos
necessários para se extrair a solução do problema jurídico apresentado. É o caso, por exemplo,
dos tipos penais, nos quais a restrição do sistema à interpretação os leva a uma clareza maior do
que em outros ramos do Direito.

18
EXEMPLO

O art. 121 do Código Penal:


“Matar alguém — Pena: reclusão, de seis a 20 anos”.

A Lei é clara sobre quem pode ser recluso de seis a 20 anos, não sendo necessários outros
métodos interpretativos

19 TIPOS DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃO


a) extensiva;

Que é capaz de alargar os efeitos de determinada norma para irradiar seu conteúdo
em outros sistemas
normativos

20
EXEMPLO
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O art. 235 do CP no qual incrimina a bigamia. Dai conclui-se que também a poligamia também é
objeto de incriminação.
21 TIPOS DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃO
a) restritiva;

Busca reduzir o alcance social da norma, diminuindo a hipótese de incidência e


reduzindo fatos sob seu alcance.
Pode ser encontrada em ramos do direito como o direito penal, direito tributário e
direito administrativo

22
EXEMPLO

No direito penal, a interpretação restritiva pode ser aplicada na análise das qualificadoras do
crime de homicídio. A lei prevê que o crime será qualificado quando cometido mediante
pagamento ou promessa de recompensa, por exemplo. Neste caso, o intérprete pode aplicar
uma interpretação restritiva e considerar que somente se enquadrariam nessa hipótese os casos
em que houve efetivo pagamento ou promessa concreta e comprovada de recompensa.

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Paulo é um traficante de drogas da região metropolitana do Rio de Janeiro e, depois de grande
investigação, a Polícia efetivou sua prisão na manhã de terça-feira, na casa da sua mãe. A família
de Paulo procurou um escritório de advocacia para defendê-lo e, depois de alguns contatos,
encontrou a sociedade de advogados em que você trabalha como assistente jurídico.

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Carlos, o advogado que assumiu a causa de Paulo, pediu que você pesquisasse argumentos para
requerer a liberdade provisória dele. Você encontrou os seguintes argumentos:
• Paulo é réu primário e oficialmente trabalha em uma loja de tintas, com vínculo de emprego.
• Você acredita que Paulo é bom caráter, foi incriminado injustamente e que a prisão poderá
torná-lo um verdadeiro criminoso.

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• E ainda, é notória a crise do sistema carcerário e manter Paulo preso só contribuirá para os
reflexos sociais negativos dos atuais estabelecimentos prisionais.

Agora, conhecedor das teorias zetética e dogmática, selecione os argumentos que você
encontrou para defender Paulo, de acordo com os princípios de cada teoria, e explique suas
escolhas.

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PADRÃO
RESPOSTA
ESPERADO

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Os argumentos de que Paulo é réu primário e possui comprovado vínculo de emprego estão de
acordo com a teoria dogmática, tendo em vista que referem-se a requisitos legais, previstos na
norma vigente. Os argumentos atendem dogmas estabelecidos e permitem uma interpretação
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norma vigente. Os argumentos atendem dogmas estabelecidos e permitem uma interpretação


de acordo com o caso concreto. Tanto na hipótese de negativa, como na hipótese de concessão
da liberdade provisória, a resposta também será de acordo com a teoria dogmática, pois será
fundamentada a partir do que dispõe a norma.
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Os argumentos de que a prisão poderá tornar Paulo um verdadeiro criminoso, considerando o
caos do sistema penitenciário, assim como os negativos reflexos sociais que a manutenção da
prisão de Paulo causará, coincidem com a teoria zetética, que incentiva o pensamento filosófico
a partir de especulações.
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