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Como organizar uma

sociedade justa?
Como organizar
Justiça como
Problema uma sociedade
equidade
justa?
John Rawls

Uma Teoria da Justiça, 1971, surge da


reflexão sobre como minimizar as
desigualdades sociais e económicas e de
conciliar a liberdade individual com a
justiça social.
John Rawls

• Liberal igualitário: as liberdades


básicas do indivíduo não podem ser
sacrificadas em nome de princípios
distributivos, mas concede que, sendo
o indivíduo racional e razoável, estará
aberto à cooperação com os outros.

• Defensor do contratualismo: os
princípios que regem a sociedade
resultam de um contrato ou acordo
(hipotético ou real) estabelecido entre
as partes interessadas.
As condições necessárias para uma sociedade justa

Justiça com equidade


• posição original

• Situação hipotética inicial, uma experiência mental em que


nenhum indivíduo é favorecido em relação a qualquer outro.

• É nesta posição original que serão escolhidos os princípios da


justiça.
As condições necessárias para uma sociedade justa

Justiça com equidade


• véu de ignorância

«Parte-se pois do princípio de que as partes


desconhecem certos factos concretos. Antes do mais,
ninguém conhece o seu lugar na sociedade, a sua
posição de classe ou estatuto social; também não é
conhecida a fortuna na distribuição de talentos naturais
ou capacidades, a inteligência, a força, etc.»
John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Editorial Presença, 2017, p. 121 .
As condições necessárias para uma sociedade justa

Justiça com equidade


• véu de ignorância

Cobertos pelo véu de ignorância os sujeitos:

• desconhecem a sua situação de classe ou estatuto social;


• desconhecem os seus talentos naturais, como a inteligência,
força e outras qualidades;
• desconhecem a situação política e económica da sua
sociedade;
• desconhecem o nível de civilização e cultura que a sociedade
conseguiu alcançar.
As condições necessárias para uma sociedade justa

Justiça com equidade


• véu de ignorância

O véu de ignorância garante a equidade da atuação dos


fundadores da sociedade.
Desconhecendo as situações específicas na sociedade, os seus
ocupantes e os seus lugares, seremos imparciais na criação de
princípios justos e iguais para todos.
As condições necessárias para uma sociedade justa

Justiça com equidade


• regra maximin

Renda e riqueza Oportunidades

Maximização do mínimo de
Direitos políticos bens sociais primários que cada
indivíduo pode obter.

Direitos civis Direito à liberdade


As condições necessárias para uma sociedade justa

Justiça com equidade


• regra maximin

• Maximizar todas as oportunidades.

• Fazer a escolha como se o pior nos Escolher o


fosse acontecer. “melhor pior”
possível
• Jogar pelo seguro, evitando correr
riscos.
As condições necessárias para uma sociedade justa
Posição original

Situação hipotética apresentada


para escolher os princípios da
justiça

Véu de ignorância

Regra maximin: maximização do mínimo


Garante a imparcialidade e a racionalidade
de bens sociais primários que cada
na escolha dos princípios da justiça.
indivíduo pode ter, evitando correr riscos.
Os princípios da justiça

Princípio da liberdade

«Cada pessoa deve ter um direito igual ao mais extenso


sistema de liberdades básicas que seja compatível com
um sistema de liberdades idêntico para as outras.»

John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Editorial Presença, 2017, p. 68.


Os princípios da justiça

Princípio da liberdade

Proteção Liberdades da pessoa


quanto à (proibição de agressão física e
deteção de opressão psicológica)
arbitrária

Liberdade Liberdade de pensamento e


política consciência

Direito à
Liberdade de expressão e
propriedade
reunião
privada
Os princípios da justiça

Contudo, a existência de uma lotaria social (condições


sociais de nascimento) e de uma lotaria natural (os
talentos/aptidões naturais de cada um) pode condicionar
a igualdade na atribuição dos direitos e deveres básicos.

Necessidade de um segundo princípio da justiça que se


subdivide em duas partes:
• princípio da igualdade de oportunidades
• E princípio da diferença
Os princípios da justiça

«As desigualdades económicas e sociais devem ser


distribuídas por forma a que, simultaneamente:

A – Princípio da diferença
redundem nos maiores benefícios possíveis para os
menos beneficiados,

B – Princípio da igualdade de oportunidades


b) sejam a consequência do exercício de cargos e
funções abertos a todos em circunstâncias de igualdade
equitativa de oportunidades.»

John Rawls, Uma Teoria da Justiça, Editorial Presença, 2017, p. 239.


Os princípios da justiça

Princípio da diferença As desigualdades económicas e sociais são aceitáveis apenas


se resultarem em vantagens compensadoras para todos e, em
particular, para os membros mais desfavorecidos da sociedade.
Os princípios da justiça

Princípio da igualdade de As desigualdades não serão aceitáveis se decorrerem das


oportunidades que são dadas a uns, mas não a outros.
oportunidades
Críticas à ética de Rawls

Crítica libertarista de Robert Nozick

Crítica comunitarista de Sandel


Críticas à ética de Rawls

Crítica libertarista de Robert Nozick

• A interferência do Estado na utilização dos seus


bens é uma violação do direito de propriedade.

• O indivíduo é o titular legítimo dos bens que


adquire legalmente.
Críticas à ética de Rawls

Crítica libertarista de Robert Nozick

• Exemplo: o jogador de basquetebol


Wilt Chamberlain é um jogador de basquetebol. «Suponhamos que Wilt Chamberlain é muito procurado
pelas equipas de basquetebol, sendo uma grande atração nas bilheteiras. Wilt assina um contrato do
seguinte género com uma equipa: por cada jogo em casa, vinte e cinco cêntimos do preço de cada bilhete
vão para ele. A época começa e as pessoas assistem alegremente aos jogos da sua equipa; compram os
seus bilhetes, de cada vez deixando de parte vinte e cinco cêntimos do bilhete numa caixa especial com o
nome de Chamberlain. Estão empolgados por vê-lo jogar; para eles vale bem o preço do bilhete.
Suponhamos que numa época um milhão de pessoas assiste aos jogos da equipa em casa e que Wilt
Chamberlain acaba por ganhar $250 000, quantia maior do que o rendimento médio e mesmo maior do que
o rendimento de qualquer outro.»
R. Nozick, Anarquia, Estado e Utopia, Edições 70, 2020, pp. 204-205.
Críticas à ética de Rawls

Crítica libertarista de Robert Nozick

Para Nozick:
• O Estado Mínimo é como um vigilante que promove a segurança dos
cidadãos e as liberdades políticas, mas não interfere na vida
económica.
• O Estado Mínimo é o único poder político legítimo, e cada indivíduo é
titular absoluto do que ganha e adquire.
• A justiça social é incompatível com a redistribuição da riqueza.
Críticas à ética de Rawls

Crítica comunitarista de Sandel

O Bem Comum é aquilo em nome do qual se avaliam as


preferências individuais, e é no seio da vida comunitária que
o indivíduo constrói a sua identidade e que faz as suas
escolhas.
Críticas à ética de Rawls

Crítica comunitarista de Sandel

Rejeição do véu de ignorância de Rawls:

Um acordo é justo quando é bom. O conceito de bom é


anterior ao conceito de justo e não pode ser dado pelas
preferências individuais dos seres desarreigados de uma
comunidade concreta. Assim sendo, a opção pelo véu de
ignorância levar-nos-ia a fazer escolhas amorais,
transformando-nos em seres irreais, sem laços morais.

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