69 Matriz Indigena

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO

RELIGIOSO

Ensino Religioso: O FENÔMENO RELIGIOSO NAS


TRADIÇÕES RELIGIOSAS DE MATRIZ INDIGENA

Texto:
email: [email protected]

21/05/22 1
Diversidade cultural brasileira
Questionamentos

 Quais os conhecimentos que temos sobre os povos


indígenas?
 Como o índio se relaciona com Deus?
 Quais os fundamentos legais e pedagógicos desse estudo
no currículo da educação básica ?
 Quais as aprendizagens a serem inseridos no currículo do
Ensino Religioso?
 Quais as temáticas a serem estudadas?
BASE LEGAL: Nacional –
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

A Lei Federal nº 11.645/2008 ( Art. 26 A da LDB ) que


estabelece no currículo da rede de ensino a
obrigatoriedade da temática História e Cultura
Afrobrasileira e Indígena , é parte das ações
implementadas pelo Estado Brasileiro, em consonância
com as declarações e resoluções assumidas como
estado membro da ONU (Organização das Nações
Unidas).
BASE LEGAL: Nacional –Constituição Federal

Constituição Federal de 1988

Art.231 – São reconhecidos aos índios sua


organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras
que tradicionalmente ocupam, competindo a União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus
bens.
BASE LEGAL: ESTADUAL – RESOLUÇÃO
CEB/CEE/AL Nº 003/2002

ENSINO RELIGIOSO

A cosmovisão das sociedades nativas do atual


território brasileiro: o fenômeno religioso nessas
sociedade.
POVOS INDIGENAS

 750 mil pertencentes a 235 etnias no Brasil (Eram


912 etnias )
 São faladas mais de 180 línguas e dialetos
 No Nordeste são cerca de 60 etnias
 Em Alagoas – 11 etnias
Povos Indígenas em Alagoas
POVOS INDIGENAS EM ALAGOAS

1- Aconã - município de Traipu


2- Xukuru-Kariri – município de Palmeira dos Índios;
2- Kariri-Xokó – município de Porto Real do Colégio;
3- Karapotó– Terra Nova – município de São Sebastião
4- Karapotó Plakiô – município de Feira Grande
5-Tingui-Botó – município de Feira Grande;
6- Wassu- Cocal – município de Joaquim Gomes;
7- Karuazu, 8- Geripankó; 9 -katokin; 10- kalankós -
município de Pariconha;
11- koiupanká - Inhapi
QUESTIONAMENTOS COTIDIANO – COMO O
ÍNDIO PERCEBE DEUS?

É verdade que adoram o sol?


Deus é tão grande, onipotente que a ideia sobre o sol
perpassa pelos seguintes aspectos:

 grande reflexo de Deus, aquele que banha a terra de


vida e de ânimo,
 ao entardecer vai embora,
 mas a esperança é que ele volta trazendo novamente
a luz, o ânimo para a vida.
Ideia sobre Deus

 Deus é um grande mistério


 É majestoso
 Na língua tupi guarani:
Tu – magnífico/majestoso
Pã – Quem és?

 Há outras linguagens – índios Terena - ITOKOÓVITI


– quem criou todas as coisas.
ESTRUTURA DAS RELIGIÕES INDIGENAS

 Permite o equilíbrio humano e a harmonia com a Mãe


Terra – condição básica para a sobrevivência e elemento
inseparável de seus ritos e encontro com o
transcendente;
 Caracterizam-se pela praticidade, tudo gira em torno da
experiência do sagrado e não numa fundamentação
teórica;
 O cotidiano da vida está impregnado de religiosidade
 As práticas religiosas caracterizam-se de ritos de
defumação, cantos, uso de instrumentos musicais,
incorporação, transe e uso de remédios retirados das
plantas e ervas.
RELAÇÃO – INDIO E TERRA
NATUREZA - LUGAR SAGRADO

Mãe Terra
 Espaço de Vida,
 Lugar para viver bem
 Terra é de todos – é propriedade coletiva
 Passa pela questão religiosa - o índio estabelece um
relacionamento de afeto e acolhimento.
 DEUS , “ o Grande Espírito” o “ Grande Pai” ou o “ Grande
Avô”, ordena e orienta para que se trate bem a natureza por
que dependemos dela.
As cachoeiras – lugar de inspiração para os Pajés. As aldeias
ficam sempre próximas a cachoeiras e rios.
POVOS SEM PROSELITISMO

 Importante não é o código escrito e imutável, mas as


tradições orais baseadas em mitos e falas dos mais
velhos
 Não há separação do profano e sagrado
 Tudo é sagrado: a natureza, a vida e a morte
VISÃO ORGANICA DE MUNDO
E ORGANZIAÇÃO DA VIDA SOCIAL

 Tudo está em harmonia – os elementos da natureza (terra,


água, ar e fogo), os astros
 A aldeia é uma grande família, todos cuidam das crianças,
protegendo-a e ensinando os costumes da tribo;
 Os alimentos vindos da pesca, da caça, da agricultura são
socializados entre todos
 Os direitos são iguais para todos: casa, alimento, educação
e medicina das ervas dos Pajés
 A generosidade é a marca da cultura indígena, não há
propriedade particular, o que é de um é de todos.
 Os idosos não são desprezados e nem abandonados, são
tratados com carinho e respeito
RITOS : ONDE TUDO TEM SENTIDO

 Marcos que pontuam momentos importantes na vida das


pessoas;
 Os rituais estão associados a vida cotidiana e as normas
religiosa que lhes acompanham as várias fases da vida:
gestação, nascimento das crianças, passagem para vida
adulta, casamento e a morte e outras situações
 As festas acontecem na época de abundância de colheita
do milho, da caça, da pesca e coleta do mel.
 Nestas festas utilizam-se várias cores: vermelho, preto e
o branco cujas tintas são extraídas do urucum, jenipapo.
Na ausência é usado o pó de carvão ou barro e calcário
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS

RITOS DE NASCIMENTO
1- Entre os Tupinambá, quando nascia uma criança, se fosse menino, o
pai cortava cordão umbilical com os dentes e se fosse menina, era a mãe
quem o fazia.
2- Levavam a criança num rio para ser banhada
3- Em casa era colocada numa rede, colocando um arco e flecha, para o
menino, unhas de gavião ou garras de onça enfeitavam a rede para que o
menino quando adulto se tornasse um valente guerreiro
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
4-No caso de menina , recebia uma cabaça, as jarreteiras para as pernas que eram
braceletes de algodão que iriam deixar as pernas fortes e um colar de dente de
capivara para que crescesse com dentes para bem mastigar a mandioca no preparo
da bebida chamada cauim.
5- Durante 3 dias o pai só podia comer uma espécie de farinha, sendo proibido
qualquer outro alimento.Não faziam nenhum trabalho até o umbigo da criança cair,
pois caso contrário a criança e a mãe iam ter cólicas.

6- Caindo o umbigo este era cortado em pedacinhos e ficavam dependurados nas


vigas da casa a fim de que o menino tornasse um bom chefe de família.
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS DE CASAMENTO
- Entre os Xavantes são os pais que escolhem os cônjuges para seus
filhos. As mães trazem suas filhas ainda menina e as deitam junto a seus
noivos, que cobrem o rosto com as mãos e estes ficam de costas para
elas. Ficam apenas um momento nessa posição, sendo retiradas logo em
seguida. O rapaz deve esperar que a noiva cresça para morar com ela e,
ao nascer o primeiro filho passa a morar na casa da família da esposa.
- Entre os Bororo – é sempre a moça que toma iniciativa, por isso prepara
uma refeição e, acompanhada pela mãe, leva-a à cabana onde mora o
rapaz, por volta de meio dia. A mãe da moça é quem entrega o alimento,
dizendo: Meu genro, vi com minha filha que deseja viver contigo, porque
te quer bem
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS

RITOS DE CASAMENTO
- Entre os Bororo – é sempre a moça que toma iniciativa,
por isso prepara uma refeição e, acompanhada pela
mãe, leva-a à cabana onde mora o rapaz, por volta de
meio dia. A mãe da moça é quem entrega o alimento,
dizendo: Meu genro, vi com minha filha que deseja
viver contigo, porque te quer bem. Em geral o rapaz
não responde imediatamente e continua e continua a
fazer o trabalho como nada tivesse acontecido. Após a
saída da moça e da mãe o jovem toma decisão: se quer
casar saboreia o alimento, se não quer casar não come.
Encarrega então sua mãe para devolver o recipiente
cheio ou vazio.
- Há sociedades indígenas que não marcam o casamento
com ninguém ritual.
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS
RITOS FUNERÁRIOS
- Os Kaingâng (PR) o Pajé recita uma fórmula tradicional ao
som do maracá, três homens levam o cadáver para o
cemitério, toda vez que colocam o cadáver no chão para
descansar fazem um sinal numa árvore próxima, acreditam
que há uma vida além dessa. O espírito do morto deve ser
afugentado para não oferecer perigo à comunidade pois pode
trazer doença. Nos meses seguintes realiza-se um rito com
danças, cantos e bebidas para que o morto vá embora.
- Os Bororo – quando percebe que vai morrer deixa de se
alimentar e até relata como deseja o funeral. A morte não é
uma festa, mas não é uma tragédia.
RITOS DE TRADIÇÕES INDIGENAS

RITOS PARA SE TORNAR ADULTO

A pessoa começa a participar da vida adulta muito


cedo. A mulher se torna mãe aos 13 ou 14 anos e o
homem, com 15 ou 16 anos já pode estar assumindo
uma família.
Lugares SAGRADOS

 OURICURI – espaço onde os povos indígenas se encontram e realizam


ritos sagrados de resistência;

 PORÓ - um lugar sagrado onde acontecem quase todos os rituais.


Esse lugar é fechado e quem participa é à comunidade, exceto para
aqueles que têm permissão de frequentar. Mulheres e meninas não
participam desses rituais dentro do Poró. É um lugar onde acontecem
também reuniões de interesse de todo povo, em especial, no que se refere às
questões religiosas. Lá se vivenciam as relações entre o sagrado e o mundo real.
DANÇAS SAGRADAS

DOS POVOS INDIGENAS

TORÉ

 Dançado ao ar livre por homens, mulheres e crianças, em qualquer


época do ano, dependendo apenas da disposição da comunidade;
 Dança-se preferencialmente final de semana sem hora para
terminar, varando noite e dia em certas ocasiões.
 O ritmo é marcado pelo baque surdo dos pés ao ritmo marcado por
maracás
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS
INDIGENAS

INDIOS TINGUI BOTÓ FEIRA GRANDE DANÇANDO


O TORÉ
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS
PRAIÁ
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS
PRAIÁ – abençoando a dona da casa
DANÇAS SAGRADAS DOS POVOS
INDIGENAS
• PRAIÁ - Ritual dos povos Pankararu e
Gerinpánkó – representa o centro do segrego
religioso indígena.
• Os Praiá externam o mundo sagrado por meio
dos encantados presentes nos rituais
• É uma representação da divindade,
incorporado simbolicamente por um ser vivo
representado com vestimenta própria e única.
DANÇAS SAGRADAS DOS

INDÍGENAS EM ALAGOAS

PRAIÁ - GERIPANKÓ
E PANKARAU
DANÇA SAGRADAS DOS POVOS INDIGENAS

PRAIÁ

CAROÁ PARA INDUMENTÁRIAS DO


PRAIÁ

COMUNIDADE INDÍGENA
GERINPANKÓ
OS ENCANTADOS
• Os encantados são antepassados que enquanto
estavam vivos se transformaram e se tornaram
parte da natureza.
• Estão associados a algum elemento natural,
como por exemplo, o encantado Cinta Vermelha
que está associado ao umbu.
• Os encantados estão diretamente ligados ao
sistema medicinal kalankó e atuam de forma a
prevenir e curar doenças.
OS ENCANTADOS
• Havia encantados como a Sereia do Mar que
apesar de não possuir veste e não atuar mais
no Praiá mantinha seus Torés na comunidade
• Além da Sereia do Mar, existiam outros
encantados que se destacavam no “tempo dos
antepassados”: Manoel Brabo, Caboclo da
Meia Noite, Caboclo da Imburana, Caboclo
Xofreu, Lenço Branco, Mestre Bizunga e
Quebra Pedra.
OS ENCANTADOS
• Cada encantado tem um número específico de músicas.
Quanto mais cantos possuir, mais forte ele é. Os
encantados mais fortes entre os Kalankó são Carro
Branco, Sereno, Lambuzinho e Cinta Vermelha.
• O mundo encantado se assenta em uma ordem
hierárquica: comandante, capitão, dono de batalhão,
mestre e caboclo.
• Os encantados do alto sertão alagoano também fazem
parte de um sistema mais abrangente e acabam
atuando em todas as comunidades indígenas do alto
sertão nordestino.
OS ENCANTADOS
• Para os Kalankó, a “força encantada” decorre da
presença e atuação dos encantados no terreiro.
• Esta força atua em três níveis: no Toré, quando
a partir do canto, os encantos apenas observam
o evento; no Praiá, quando a “força encantada”
chega ao terreiro e é compartilhada com todos
os dançadores; e no Serviço de Chão, quando é
incorporada pelo cantador e, dessa forma, o
encantado fala diretamente com os presentes.
INSTRUMENTOS E INDUMENTÁRIAS

 Maracá
 Flauta
 Chocalho
 Flecha- utilizados nas cerimônias
 Cocá – utilizados nas cerimônias
Alimentação

 Feijão; Farinha de mandioca; Milho; Abóbora, Tomate;


Batata doce; Cará – inhame; Abacate; Caju; Goiaba;
Jabuticaba; Abacaxi ; Cacau
 Milho Avaty – alimento sagrado usado nas cerimônias e
nas viagens.
LINHAS MESTRAS /PILARES
DA CULTURA INDÍGENA

 Vida e Morte – viver bem ajuda a morrer bem, quando


trabalho bem a vida a morte não é chocante; Deus não
os proíbe de nada, lhe deixa livre para viver.

 Deus – quem é e como entende Deus – não é fiscal, não


tem chicote, não há inferno na concepção indígena,
não precisam andar com cuidado com medo do castigo,
bondoso, criador, cuida de todos e quer vê-los felizes
LINHAS MESTRAS /PILARES DA CULTURA
INDÍGENA

 Equilíbrio - está em Deus, não há diabo lutando, não


tem adversário, o cosmo está em paz, Deus está em
paz por isso vive-se e morre-se em paz. Deus
ordenou tudo no devido lugar – harmonia,

 Educação – de que forma passam os ensinamentos


para seus filhos? Valorizam os ensinamentos dos mais
velhos. Os velhos são reverenciados. Ensinam a partir
da prática, aprendem para não terem dúvida.
APREDIZAGENS BÁSICAS

- Conhecer semelhanças e diferenças entre os


ritos de sua tradição religiosa e as dos
indígenas
- Desmitificar conceitos equivocados que foram
construídos sobre os povos indígenas
- Reconhecer a relação do índio com a natureza
- Compreender o sentido da generosidade e da
partilha entre os povos indígenas
TEMÁTICAS SUGERIDAS

 Ritos e rituais dos povos indígenas


 Sentido da terra para os povos indígenas
 Ideia e representação do transcendente nas
tradições indígenas
 A influência da cultura indígena na nossa
cultura
 O valor da família na educação indígena
 O idoso na cultura indígena
TEMÁTICAS SUGERIDAS

 Os lugares sagrados dos povos indígenas


 Danças sagradas dos povos indígenas
 A presença da mulher na cultura indígena
REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do
Ensino Religioso - Fórum Nacional Permanente do
Ensino Religioso. – São Paulo: Mundo Mirim, 2009.
______. Ensino Religioso: Culturas e Tradições
Religiosas. Eixo Curricular do Ensino Religioso.
Caderno Temático 2.Curitiba: Ideal Gráfica, 2001
_______. Fenômeno Religioso nas Tradições
Religiosas de Matriz Indígena. Caderno de Estudo
nº 5- Curitiba: Ideal Gráfica, 2001.
REFERENCIAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais do


Ensino Religioso - Fórum Nacional Permanente do
Ensino Religioso. – São Paulo: Mundo Mirim, 2009.
______. Ensino Religioso: Culturas e Tradições
Religiosas. Eixo Curricular do Ensino Religioso.
Caderno Temático 2.Curitiba: Ideal Gráfica, 2001
_______. Fenômeno Religioso nas Tradições
Religiosas de Matriz Oriental. Caderno de Estudo
nº 6 - Curitiba: Ideal Gráfica, 2001.

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