Jean-Pierre Warnier - A Mundialização Da Cultura

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A MUNDIALIZAÇÃO DA

CULTURA

Jean – Pierre Warnier


Globalização da cultura= abuso de
linguagem
 No máximo = globalização de certos mercados dos
chamados bens “culturais” (cinema, audiovisual,
disco, imprensa, especialmente as revistas).
 Confundir – indústrias da cultura com cultura é
tomar a parte pelo todo. É privilegiar a visão
midiática dos países industrializados
menosprezando tudo o que não é suficientemente
espetacular para emergir na mídia.
Debates: erosão das culturas singulares e
da americanização se unificam:
 A humanidade é uma máquina de fabricar
diferenças, clivagens, particularidades,
distinção de clãs, formas de falar,
residências, classes, países, frações
políticas, regiões, ideologias, religiões. Estas
clivagens perpetuam culturas transmitidas
pela tradição, localizadas, socializadas,
verbalizadas,identificadoras e que
preenchem funções individuais e coletivas.
Estas culturas vivem e se transformam.
A NOÇÃO DE CULTURA É A CHAVE PARA DECIFRAR OS FATOS DA

GLOBALIZAÇÃO DOS MERCADOS CULTURAIS

 ILUSÃO – EXTRAIR O MERCADO DAS


SOCIEDADES NAS QUAIS ELE ESTÁ
ENCAIXADO E CONSIDERÁ-LO ISOLADAMENTE;
 MERCADO É UM MEIO DE TROCA
GLOBALIZADO. ELE GLOBALIZA OS FLUXOS DE
OBJETOS E DE CONDUTAS. MAS
SIMULTANEAMENTE ABASTECE AS
SOCIEDADES DE BENS DIVERSIFICADOS, QUE
FABRICAM A DIFERENÇA E A IDENTIDADE;
Questões a serem respondidas:
 1- Por que lamentar à erosão das culturas tradicionais,
pois a história não se dirige inelutavelmente para um
objetivo fixado previamente e haveria dificuldades de
suportar contemporaneamente a interferência que as
sociedades tradicionais exercem sobre cada sujeito,
bem como suas condições de vida;
 2- Quanto abundância das produções culturais:
pergunta-se se as culturas de “nicho” estão em
condições de preencher as funções de identificação e de
orientação nas quais reconhecemos a marca essencial
da cultura?Estes grupos são capazes de estruturar
adequadamente os sujeitos para arrancá-los do
sofrimento e da violência? Constata-se que cada sujeito
hoje é mais “mestiço”;
 3-Estado/democracia – Como governar países cuja cultura se
esfacela? Duas lógicas se opõem: a lógica do mercado e a das
escolhas políticas de síntese cultural e edificação do sujeito. Na
era industrial,não podemos viver sem as indústrias da cultura, no
entanto, uma coisa é fabricar mercadorias culturais, outra coisa
é edificar uma cultura relativamente articulada, identificadora e
fornecedora de orientações;
 4- Qual é o impacto da fragmentação cultural sobre os outros
mediadores além do Estado ( comunidades locais,
conservatórios, autoridades, família, instituições e líderes
religiosos e associações)? A prioridade dada à produção das
coisas sobre a produção de sujeitos contribui para desqualificar
estes mediadores e mergulhar os indivíduos na desordem
Última questão:

 Será possível restabelecer a ordem


democrática das coisas, se a UNESCO foi
destituída de seu papel pela OMC, porque os
produtos culturais são mercadorias?
 Não se trata de promover uma “exceção
cultural” concedida a contragosto pelos
representantes dos comerciantes, mas de
equilibrar os poderes por uma Organização
Mundial da Cultura.

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