Aula 8 - Órteses

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ÓRTESES

Profª Lilian Garlini Viana Pinheiro


Conceitos e histórico de órtese

Qual é a diferença entre prótese e órtese?


Já ouviu falar em ortopróteses e as neuropróteses?

As próteses, como estudado são recursos utilizados para substituir segmentos do corpo
que foram amputados.

As órteses são dispositivos que exercem funções específicas em um determinado


segmento do corpo, agindo como reorganizadores funcionais.

A ortoprótese é utilizada em casos de malformação congênita, e sua ação é completar


aquela parte deformada, melhorando a função, enquanto a neuroprótese se trata de um
dispositivo eletrônico fixado externamente em algum segmento do corpo o qual produz
impulsos elétricos que estimulam um determinado grupo muscular a contrair-se.
CONCEITOS E HISTÓRICO DE ÓRTESE

Malformação congênita de membros inferiores – A) vista lateral; B) vista anterior;


C) ortoprótese de membro inferior
CONCEITOS E HISTÓRICO DE ÓRTESE
• As órteses tiveram importância histórica na reabilitação ortopédica e neurológica.

• O primeiro registro da utilização de órteses foi encontrado por volta de 2750-2625 a. C., em pinturas
egípcias arqueológicas que ilustravam homens usando órteses, provavelmente para tratar fraturas dos
membros.

• Hipócrates (460-375 a.C.), em uma de suas obras, escreveu sobre o tratamento de deformidades da coluna
vertebral por meio de aparato que a tracionava para sua correção.

• Cláudio Galeno (199-129 a.C.), no século II a.C., escreveu sobre as alterações das curvaturas da coluna
vertebral, como escoliose, hiperlordose e hipercifose, e foi o primeiro a utilizar o enfaixamento firme da
caixa torácica como tratamento das deformidades.

• Guilelmus Fabricius Hildanus (1560-1634) utilizava tala de tração em contraturas causadas por
queimaduras, para contratura de joelho e aparelho para deformidades dos pés.
CONCEITOS E HISTÓRICO DE ÓRTESE
Árvore de Andry.

 Nicolas Andry (1658-1742) originou a simbologia da correção de


deformidades da coluna pela árvore de Andry.

 Hugh Owen Thomas (1834-1891) descreveu, em 1875, órteses


de membros inferiores para descarga de peso.

 James Knigth (1810-1887) desenvolveu uma órtese lombosacral


que recebeu seu nome.

 A histórica sobre o uso de órteses teve grande avanço entre 1914-


1938 e 1941-1945, após os períodos das guerras mundiais e a
epidemia de poliomielite nos Estados Unidos, entre 1916 e 1955.
COMPONENTES E ESCOLHA DOS MATERIAIS USADOS NA
CONFECÇÃO DAS ÓRTESES
 O tipo de material, vem se desenvolvendo e evoluindo tanto no quesito tecnológico quanto no material de
confecção.

 Antigamente, as órteses eram confeccionadas por material de plástico denso e pesado; atualmente, são
utilizados polímeros e metais leves, como o alumínio, o que tornou as órteses mais confortáveis e estéticas.

 Quanto aos materiais utilizados na confecção das órteses, existem diversos e, por isso, aqui, serão abordadas
as características dos principais deles, como couro, ligas metálicas, termoplásticos, espumas, polímeros
viscoelásticos e fibras de carbono.

 Couro: pele curtida de animais utilizada como revestimento de estruturas metálicas e em correias de calçados.
 Metais: são utilizados aço, alumínio, duralumínio e titânio.
 Termoplásticos: polímero artificial que, em determinada temperatura, permite ser moldado e transformado.
 Fibras de carbono: as fibras de carbono, em combinação a outras matrizes, resultam em material com ótima
propriedade mecânica. Suas principais características são: leveza, boa durabilidade e alta resistência mecânica;
o inconveniente é o seu alto custo.
 Espumas: as espumas são utilizadas junto a outros materiais com o objetivo de proteção entre a órtese e a
pele do paciente, principalmente em locais de proeminências ósseas.
COMPONENTES E ESCOLHA DOS MATERIAIS USADOS NA
CONFECÇÃO DAS ÓRTESES

 Na seleção dos materiais para confeccionar uma órtese, é necessário recolher informações,
como tempo de utilização, existência de reação alérgica, peso dos materiais,
durabilidade, condições financeiras do paciente, condições do local de moradia e tipo de
atividades que o paciente realiza.

 O tempo de utilização deve ser considerado, pois nos casos de processos inflamatórios
agudos e de pós-operatório, em que a órtese será utilizada por curto período, os materiais
utilizados na confecção podem-se ser os mais simples, ou podem-se utilizar as órteses pré-
fabricadas.

 Em casos do uso definitivo, como em pacientes com sequelas resultantes de patologias


neurológicas, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), Paralisia Cerebral (PC) e
Traumatismo Raquimedular (TRM), os materiais selecionados devem ser os mais resistentes e
os mais leves e as órteses precisam ser confeccionadas sob medida para melhor adaptação do
paciente.
OBJETIVOS DA PRESCRIÇÃO DO USO DE ÓRTESES

 As órteses são utilizadas como recurso terapêutico complementar do tratamento fisioterapêutico e são
indicadas para vários objetivos. São eles:

 Repouso: tem o objetivo de manter o segmento corpóreo livre da ação de forças musculares que levam a
deformidades articulares, por exemplo, a utilização de órteses de repouso na fase aguda de pacientes com
artrite reumatoide.

 Imobilização: tem o objetivo de evitar qualquer movimento do segmento envolvido, por exemplo, em
casos de traumas graves e de pós-operatório imediato.

 Proteção: tem o objetivo de evitar traumas repetitivos ou lesões em regiões com perdas sensitivas, por
exemplo, a utilização de órteses plantares para pés neuropáticos.

 Propriocepção: tem o objetivo de facilitar a manutenção postural, por exemplo, os corretores posturais.

 Correção: tem o objetivo de prevenir o encurtamento muscular, retração e desvio articular, por exemplo,
nos casos de padrão flexor de membros superiores, encurtamento do tendão calcâneo e escoliose.
TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES

 Antigamente, utilizavam-se nomes de pesquisadores, de institutos ou cidades que desenvolviam


ou incrementavam as órteses, não havia a preocupação com a relação da função, do objetivo
e do segmento anatômico o que tornava-se mais difícil o entendimento e a aplicação de cada
modelo.

 Atualmente, a nomenclatura vem se padronizando e correlacionando a órtese com o seu objetivo


e com a anatomia, portanto a terminologia ficou mais clara e fácil de se empregar e aplicar pelos
profissionais que as prescrevem. Sendo assim, as órteses devem ser classificadas e
denominadas de acordo com dois critérios, a região anatômica envolvida e as funções ou os
efeitos que a órtese proporciona.
TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES

Conforme as normas da ISO 8549-3:1989, a terminologia e classificação das


próteses e órteses devem ser aceitas e aplicadas no mundo inteiro, portanto se
convencionou utilizar as iniciais em inglês das articulações ou dos segmentos
corpóreos que estão envolvidos pelas órteses no sentido craniocaudal somadas à
letra “O”, que corresponde a “orthosis”.

EXEMPLOS ------
TERMINOLOGIA E
CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES

Alguns exemplos de nomenclaturas que seguem esse padrão:

- AFO: ankle-foot orthosis (órtese tornozelo-pé).


- KAFO: knee-ankle-foot orthosis (órtese joelho-tornozelo-pé)
- TLSO: thoracic-lumbar-sacral orthosis (órtese torácica-lombar-
sacral).
- WHO: wrist-hand orthosis (órtese punho-mão).
- EWHO: elbow-wrist-hand orthosis (órtese cotovelo-punho-
mão).

Nomenclatura relacionada aos níveis anatômicos: (A) ankle – tornozelo, (F) foot – pé, (H) hip –
quadril, (K) knee – joelho.
TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES

As órteses podem ser classificadas de acordo com a sua funcionalidade ou quanto ao sistema de
confecção.
Quanto à funcionalidade, elas podem ser subclassificadas: estáticas ou passivas e dinâmicas ou
funcionais.

As estáticas são indicadas com os objetivos de repouso, imobilização, correção e proteção do


segmento comprometido.

As dinâmicas permitem o movimento articular, logo são indicadas com os objetivos de auxiliar,
limitar ou direcionar movimentos.

A classificação das órteses, de acordo com o sistema de confecção, pode ser dividida em pré-
fabricadas, pré-fabricadas ajustáveis e confeccionadas sob medidas.
TIPOS DE ÓRTESES
Órteses para membros superiores: indicada em cuidados pré e pós-cirúrgicos, imobilização,
aumento da amplitude de movimento (ADM), prevenção de contraturas e deformidades, alongamento
da musculatura, repouso, redução da dor e suporte terapêutico para diversas doenças, anomalias e
traumas.

Classificadas quanto à sua confecção e quanto à função.


 Quanto à confecção: podem ser pré-fabricadas, geralmente confeccionadas com neoprene, ou
confeccionadas sob medida, que podem ser confeccionadas com material termoplásticos de baixa
temperatura, em gesso sintético diretamente sobre o membro.

 Quanto à função: estáticas ou dinâmicas. As estáticas têm a função de manter um segmento ou


articulação imobilizada, tendo como objetivo o repouso e a prevenção ou correção de
deformidades. As dinâmicas são utilizadas para auxiliar no movimento articular e prevenir
contraturas e aderências.
ÓRTESES DE MEMBROS SUPERIORES:

 Tirante clavicular ou tirante axilar em oito: indicado nos casos de fraturas de clavícula,
mantém as escápulas e os ombros em retração, impedindo o movimento da clavícula. É pré-
fabricada com fixação posterior.

 Tipoia: indicada para a imobilização e o repouso do membro superior. É pré- fabricada e


apresenta tirantes que devem ser ajustados de acordo com o objetivo do tratamento.

 Tirante proximal de antebraço: indicado para “cotovelo de tenista”, também é conhecido


como braçadeira. É pré-fabricada e os tirantes são fixados abaixo do cotovelo, que deve ser
posicionado a 90°
- Órtese para estabilização de fratura: indicada para estabilização de fraturas reduzidas de
ombro sem presença de edema. É confeccionada em termoplástico com fechos de velcro.

- Órtese estática para cotovelo: indicada para diversas alterações que acometem o cotovelo,
como as fraturas intra-articulares; promove a imobilização e limitação da ADM do cotovelo.

- Órtese articulada para cotovelo: indicada para casos de instabilidade articular ou para limitar
os movimentos de flexão e extensão do cotovelo.
 Órteses para punho: indicadas para inúmeras alterações que acometem a região do punho, como a
tendinite. Tem o objetivo de promover a redução de dor e inflamação, limitar movimentos e melhorar a
função.

 Órtese para punho e polegar: indicada para as diversas alterações que ocorrem nessas regiões, por
exemplo, Síndrome de De Quervain e fratura do escafoide; é utilizada com o objetivo de estabilização,
repouso e imobilização do punho e do polegar.

 Órteses para repouso de punho, mão e dedos: são órteses funcionais que mantêm punho, mão e dedos
em posição fisiológica. São indicadas para imobilização, repouso, prevenção e redução de contraturas, e
diminuição de hipertonia.
 Órteses para metacarpos: proporcionam a imobilização dos metacarpos, são indicadas em
casos de inflamação articular e contratura.

 Órteses para dedos: estabilizam as articulações interfalangianas e são indicadas em casos de


fraturas, luxações, contraturas e pós-operatórios.

 Órteses dinâmicas: são confeccionadas, sob medida, com articulações contendo sistema de
molas e elásticos, e são indicadas para prevenir contraturas e aderências cicatriciais, e
aumentar a ADM.
ÓRTESES PARA MEMBROS INFERIORES:

 Órteses de pé e tornozelo – AFO: são órteses de pé e tornozelo, utilizadas para manutenção


das articulações tibiotársica e subtalar em posição funcional. Indicadas para pacientes com
sequelas neuromotoras.

 São classificadas quanto à sua função em submaleolares, supramaleolares, dinâmicas,


semirrígidas, articuladas, rígidas, redutoras de tônus, de reação ao solo.

 As AFO ainda podem ser divididas em três segmentos, os quais estão relacionados com as
regiões anatômicas, proximal (do joelho), média (do tornozelo) e distal (do antepé).
- Órtese submaleolar: também conhecida como SubMO, indicada para pés neurológicos
planos valgos ou hiperpronados.

- Órtese supramaleolar: também conhecida como SMO, indicada nos casos de instabilidade
e desvios em eversão.
- Órtese UCBL (University of California Biomechanics Lab): utilizada nos casos de pés
neurológicos com a mesma indicação das órteses submaleolar e suprameleolar.

- Mola de codivila e férula de Harris: possuem molas compostas por hastes metálicas
flexíveis e tirantes que formam uma braçadeira em couro. São pouco utilizadas atualmente,
sendo substituídas pelas AFO.
- AFO termoplástica dinâmica: indicada nos casos de paralisias periféricas flácidas com alteração da marcha. É
encontrada tanto na forma pré-fabricada quanto na confeccionada sob medida.

- AFO termoplástica semirrígida: indicada para os casos de lesões periféricas com desvios rotacionais na fase de
apoio da marcha e para os casos de lesões centrais com sequelas de espasticidade.

- AFO termoplástica articulada: permite movimentos controlados de flexão plantar e dorsal. Possui eixos
localizados no nível do centro de rotação do tornozelo.

- AFO termoplástica rígida: indicada para pacientes com espasticidade grave e em deformidades de pé equino. Não
permite movimento no tornozelo.

- AFO para redução de tônus: é neurofisiológica e indicada nos casos de hipertonicidade.

- AFO de reação ao solo: indicada para casos de fraqueza muscular de sóleo e gastrocnêmio, com o objetivo de
proporcionar a extensão do joelho na fase do apoio.

- AFO para metatarso aduzido: utilizada para a manutenção do pé em posição neutra.

- AFO metálica: conhecida também como tutor curto, indicada para pacientes obesos e para aqueles que não
obtiveram sucesso com as órteses termoplásticas e com deformidades já instaladas.
Órteses para coluna vertebral

Órteses Cervicais:
- Órteses colares cervicais sem apoio mentoniano: também conhecidas como colares cervicais
flexíveis, mantêm a cervical em posição neutra, e permitem leves movimentos do segmento.

- Órteses colares cervicais com apoio mentoniano: também conhecidas como órteses cervicais
rígidas, pré-fabricados com material termoplástico, com sistema de ajuste de velcro. Permitem o
apoio do mento com maior suporte para a cabeça, com limitação de alguns movimentos.
- Órteses colares cervicais com apoio occipito-mentoniano-torácico: possuem apoio para
as regiões mentoniana, occipital, manúbrio e torácica posterior. Restringem a mobilidade da
região cervical.
- Órteses colares cervicais com halo craniano: somente esse tipo de órtese garante a
total imobilização da região cervical. Apresenta um halo que é fixado diretamente na
calota craniana por parafusos e, por isso, trata-se de uma técnica invasiva. É indicada
para os casos graves de fraturas da coluna cervical alta.
ÓRTESES TORÁCICAS, TORACOLOMBARES E LOMBOSSACRAS:

- Órtese de hiperextensão toracolombar: apresenta o sistema de força com três pontos de


fixação, esterno e púbis anteriormente, e na região toracolombar posteriormente. Permite a
manutenção da posição da coluna vertebral toracolombar em extensão, impedindo a flexão.
Indicada nos casos de fraturas das vértebras da região toracolombar sem comprometimento
nervoso.
- Órteses de contenção e imobilização lombossacra: também conhecidas como cintas
abdominais, faixas lombossacras, colete tipo Putty e colete de Willians. Têm o objetivo de
reduzir a mobilidade local e dar suporte. Existem flexíveis, semirrígidas e rígidas
- Órtese de contenção e imobilização toracolombar: são encontrados diferentes tipos, como
Knigth, Taylor e body jacket, e têm o objetivo de contenção e imobilização da região toracolombar.
ÓRTESES PARA DESVIOS POSTURAIS:

- Colete de Milwaukee: possui um cesto pélvico termoplástico, um anel cervical, três hastes
metálicas para apoio do tronco e almofadas torácicas. Indicado para os casos de hipercifose
torácica acentuada.

- Colete TLSO baixo: confeccionado sob medida e indicado para os casos de escoliose baixa.
Apresenta sistemas de pressões em pontos específicos, os quais mantêm a curvatura da coluna o
mais próximo do normal.
- Órteses noturnas de hipercorreção: são as órteses toracolombossacras, indicadas para o
tratamento de escolioses torácicas, toracolombares e lombares. Sua utilização é prescrita
apenas oito horas no período da noite em decúbito dorsal ou ventral.

- Colete de Charleston: classificado como TLSO, é indicado nos casos de escoliose flexível
lombares, toracolombares e torácicas, com curvaturas maiores que 20° e menores que 45°.
- Colete de Providence: confeccionado sob medida e indicado para as escolioses torácicas,
toracolombares, lombares e duplas; promove o alinhamento da coluna por meio de pontos de
pressões específicos.
- Órtese dinâmica para escoliose: indicada para os casos de escoliose idiopáticas.
- Compressor dinâmico torácico esternal e compressor dinâmico torácico costal: são órteses
confeccionadas para correção de alterações da caixa torácica.
ÓRTESES PEDIÁTRICAS:

MEMBROS INFERIORES:
- Órtese triangulo de abdução: geralmente, indicada para os casos de alongamento cirúrgico
dos músculos abdutores do quadril.
- Twister Cables e sling: são utilizados para o controle da rotação interna dos quadris e
facilitar a aquisição da marcha.
- KAFO: indicada nos casos de poliomielite e PC.
- Talas de lona ou splints: indicadas para manter a estabilidade e flexibilidade da região
afetada.
- AFO sólida: promove estabilidade distal para o ortostatismo.
MEMBROS SUPERIORES:

- Cock-up: promove a estabilização do punho.


- Órtese de abdução do polegar: promove a manutenção da posição em
abdução do polegar.
ÓRTESES PEDIÁTRICAS:
ÓRTESES PEDIÁTRICAS:
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ÓRTESES ESPECIAIS

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