Aula 8 - Órteses
Aula 8 - Órteses
Aula 8 - Órteses
As próteses, como estudado são recursos utilizados para substituir segmentos do corpo
que foram amputados.
• O primeiro registro da utilização de órteses foi encontrado por volta de 2750-2625 a. C., em pinturas
egípcias arqueológicas que ilustravam homens usando órteses, provavelmente para tratar fraturas dos
membros.
• Hipócrates (460-375 a.C.), em uma de suas obras, escreveu sobre o tratamento de deformidades da coluna
vertebral por meio de aparato que a tracionava para sua correção.
• Cláudio Galeno (199-129 a.C.), no século II a.C., escreveu sobre as alterações das curvaturas da coluna
vertebral, como escoliose, hiperlordose e hipercifose, e foi o primeiro a utilizar o enfaixamento firme da
caixa torácica como tratamento das deformidades.
• Guilelmus Fabricius Hildanus (1560-1634) utilizava tala de tração em contraturas causadas por
queimaduras, para contratura de joelho e aparelho para deformidades dos pés.
CONCEITOS E HISTÓRICO DE ÓRTESE
Árvore de Andry.
Antigamente, as órteses eram confeccionadas por material de plástico denso e pesado; atualmente, são
utilizados polímeros e metais leves, como o alumínio, o que tornou as órteses mais confortáveis e estéticas.
Quanto aos materiais utilizados na confecção das órteses, existem diversos e, por isso, aqui, serão abordadas
as características dos principais deles, como couro, ligas metálicas, termoplásticos, espumas, polímeros
viscoelásticos e fibras de carbono.
Couro: pele curtida de animais utilizada como revestimento de estruturas metálicas e em correias de calçados.
Metais: são utilizados aço, alumínio, duralumínio e titânio.
Termoplásticos: polímero artificial que, em determinada temperatura, permite ser moldado e transformado.
Fibras de carbono: as fibras de carbono, em combinação a outras matrizes, resultam em material com ótima
propriedade mecânica. Suas principais características são: leveza, boa durabilidade e alta resistência mecânica;
o inconveniente é o seu alto custo.
Espumas: as espumas são utilizadas junto a outros materiais com o objetivo de proteção entre a órtese e a
pele do paciente, principalmente em locais de proeminências ósseas.
COMPONENTES E ESCOLHA DOS MATERIAIS USADOS NA
CONFECÇÃO DAS ÓRTESES
Na seleção dos materiais para confeccionar uma órtese, é necessário recolher informações,
como tempo de utilização, existência de reação alérgica, peso dos materiais,
durabilidade, condições financeiras do paciente, condições do local de moradia e tipo de
atividades que o paciente realiza.
O tempo de utilização deve ser considerado, pois nos casos de processos inflamatórios
agudos e de pós-operatório, em que a órtese será utilizada por curto período, os materiais
utilizados na confecção podem-se ser os mais simples, ou podem-se utilizar as órteses pré-
fabricadas.
As órteses são utilizadas como recurso terapêutico complementar do tratamento fisioterapêutico e são
indicadas para vários objetivos. São eles:
Repouso: tem o objetivo de manter o segmento corpóreo livre da ação de forças musculares que levam a
deformidades articulares, por exemplo, a utilização de órteses de repouso na fase aguda de pacientes com
artrite reumatoide.
Imobilização: tem o objetivo de evitar qualquer movimento do segmento envolvido, por exemplo, em
casos de traumas graves e de pós-operatório imediato.
Proteção: tem o objetivo de evitar traumas repetitivos ou lesões em regiões com perdas sensitivas, por
exemplo, a utilização de órteses plantares para pés neuropáticos.
Propriocepção: tem o objetivo de facilitar a manutenção postural, por exemplo, os corretores posturais.
Correção: tem o objetivo de prevenir o encurtamento muscular, retração e desvio articular, por exemplo,
nos casos de padrão flexor de membros superiores, encurtamento do tendão calcâneo e escoliose.
TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES
EXEMPLOS ------
TERMINOLOGIA E
CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES
Nomenclatura relacionada aos níveis anatômicos: (A) ankle – tornozelo, (F) foot – pé, (H) hip –
quadril, (K) knee – joelho.
TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS ÓRTESES
As órteses podem ser classificadas de acordo com a sua funcionalidade ou quanto ao sistema de
confecção.
Quanto à funcionalidade, elas podem ser subclassificadas: estáticas ou passivas e dinâmicas ou
funcionais.
As dinâmicas permitem o movimento articular, logo são indicadas com os objetivos de auxiliar,
limitar ou direcionar movimentos.
A classificação das órteses, de acordo com o sistema de confecção, pode ser dividida em pré-
fabricadas, pré-fabricadas ajustáveis e confeccionadas sob medidas.
TIPOS DE ÓRTESES
Órteses para membros superiores: indicada em cuidados pré e pós-cirúrgicos, imobilização,
aumento da amplitude de movimento (ADM), prevenção de contraturas e deformidades, alongamento
da musculatura, repouso, redução da dor e suporte terapêutico para diversas doenças, anomalias e
traumas.
Tirante clavicular ou tirante axilar em oito: indicado nos casos de fraturas de clavícula,
mantém as escápulas e os ombros em retração, impedindo o movimento da clavícula. É pré-
fabricada com fixação posterior.
- Órtese estática para cotovelo: indicada para diversas alterações que acometem o cotovelo,
como as fraturas intra-articulares; promove a imobilização e limitação da ADM do cotovelo.
- Órtese articulada para cotovelo: indicada para casos de instabilidade articular ou para limitar
os movimentos de flexão e extensão do cotovelo.
Órteses para punho: indicadas para inúmeras alterações que acometem a região do punho, como a
tendinite. Tem o objetivo de promover a redução de dor e inflamação, limitar movimentos e melhorar a
função.
Órtese para punho e polegar: indicada para as diversas alterações que ocorrem nessas regiões, por
exemplo, Síndrome de De Quervain e fratura do escafoide; é utilizada com o objetivo de estabilização,
repouso e imobilização do punho e do polegar.
Órteses para repouso de punho, mão e dedos: são órteses funcionais que mantêm punho, mão e dedos
em posição fisiológica. São indicadas para imobilização, repouso, prevenção e redução de contraturas, e
diminuição de hipertonia.
Órteses para metacarpos: proporcionam a imobilização dos metacarpos, são indicadas em
casos de inflamação articular e contratura.
Órteses dinâmicas: são confeccionadas, sob medida, com articulações contendo sistema de
molas e elásticos, e são indicadas para prevenir contraturas e aderências cicatriciais, e
aumentar a ADM.
ÓRTESES PARA MEMBROS INFERIORES:
As AFO ainda podem ser divididas em três segmentos, os quais estão relacionados com as
regiões anatômicas, proximal (do joelho), média (do tornozelo) e distal (do antepé).
- Órtese submaleolar: também conhecida como SubMO, indicada para pés neurológicos
planos valgos ou hiperpronados.
- Órtese supramaleolar: também conhecida como SMO, indicada nos casos de instabilidade
e desvios em eversão.
- Órtese UCBL (University of California Biomechanics Lab): utilizada nos casos de pés
neurológicos com a mesma indicação das órteses submaleolar e suprameleolar.
- Mola de codivila e férula de Harris: possuem molas compostas por hastes metálicas
flexíveis e tirantes que formam uma braçadeira em couro. São pouco utilizadas atualmente,
sendo substituídas pelas AFO.
- AFO termoplástica dinâmica: indicada nos casos de paralisias periféricas flácidas com alteração da marcha. É
encontrada tanto na forma pré-fabricada quanto na confeccionada sob medida.
- AFO termoplástica semirrígida: indicada para os casos de lesões periféricas com desvios rotacionais na fase de
apoio da marcha e para os casos de lesões centrais com sequelas de espasticidade.
- AFO termoplástica articulada: permite movimentos controlados de flexão plantar e dorsal. Possui eixos
localizados no nível do centro de rotação do tornozelo.
- AFO termoplástica rígida: indicada para pacientes com espasticidade grave e em deformidades de pé equino. Não
permite movimento no tornozelo.
- AFO de reação ao solo: indicada para casos de fraqueza muscular de sóleo e gastrocnêmio, com o objetivo de
proporcionar a extensão do joelho na fase do apoio.
- AFO metálica: conhecida também como tutor curto, indicada para pacientes obesos e para aqueles que não
obtiveram sucesso com as órteses termoplásticas e com deformidades já instaladas.
Órteses para coluna vertebral
Órteses Cervicais:
- Órteses colares cervicais sem apoio mentoniano: também conhecidas como colares cervicais
flexíveis, mantêm a cervical em posição neutra, e permitem leves movimentos do segmento.
- Órteses colares cervicais com apoio mentoniano: também conhecidas como órteses cervicais
rígidas, pré-fabricados com material termoplástico, com sistema de ajuste de velcro. Permitem o
apoio do mento com maior suporte para a cabeça, com limitação de alguns movimentos.
- Órteses colares cervicais com apoio occipito-mentoniano-torácico: possuem apoio para
as regiões mentoniana, occipital, manúbrio e torácica posterior. Restringem a mobilidade da
região cervical.
- Órteses colares cervicais com halo craniano: somente esse tipo de órtese garante a
total imobilização da região cervical. Apresenta um halo que é fixado diretamente na
calota craniana por parafusos e, por isso, trata-se de uma técnica invasiva. É indicada
para os casos graves de fraturas da coluna cervical alta.
ÓRTESES TORÁCICAS, TORACOLOMBARES E LOMBOSSACRAS:
- Colete de Milwaukee: possui um cesto pélvico termoplástico, um anel cervical, três hastes
metálicas para apoio do tronco e almofadas torácicas. Indicado para os casos de hipercifose
torácica acentuada.
- Colete TLSO baixo: confeccionado sob medida e indicado para os casos de escoliose baixa.
Apresenta sistemas de pressões em pontos específicos, os quais mantêm a curvatura da coluna o
mais próximo do normal.
- Órteses noturnas de hipercorreção: são as órteses toracolombossacras, indicadas para o
tratamento de escolioses torácicas, toracolombares e lombares. Sua utilização é prescrita
apenas oito horas no período da noite em decúbito dorsal ou ventral.
- Colete de Charleston: classificado como TLSO, é indicado nos casos de escoliose flexível
lombares, toracolombares e torácicas, com curvaturas maiores que 20° e menores que 45°.
- Colete de Providence: confeccionado sob medida e indicado para as escolioses torácicas,
toracolombares, lombares e duplas; promove o alinhamento da coluna por meio de pontos de
pressões específicos.
- Órtese dinâmica para escoliose: indicada para os casos de escoliose idiopáticas.
- Compressor dinâmico torácico esternal e compressor dinâmico torácico costal: são órteses
confeccionadas para correção de alterações da caixa torácica.
ÓRTESES PEDIÁTRICAS:
MEMBROS INFERIORES:
- Órtese triangulo de abdução: geralmente, indicada para os casos de alongamento cirúrgico
dos músculos abdutores do quadril.
- Twister Cables e sling: são utilizados para o controle da rotação interna dos quadris e
facilitar a aquisição da marcha.
- KAFO: indicada nos casos de poliomielite e PC.
- Talas de lona ou splints: indicadas para manter a estabilidade e flexibilidade da região
afetada.
- AFO sólida: promove estabilidade distal para o ortostatismo.
MEMBROS SUPERIORES:
ÓRTESES ESPECIAIS