Mecânica Da Fratura

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Introdução à Mecânica da Fratura

Análise Numérica da Fratura


Linear Elástica

Eng.ª Beatriz Ferreira


[email protected]
UnB – Universidade de Brasília

Eng.° Daniel de Oliveira Fernandes


[email protected]
UnB – Universidade de Brasília
MFLE

Introdução
• A Mecânica da Fratura é a disciplina que estuda o comportamento de
materiais e componentes na presença de trincas;
• A Mecânica da Fratura Linear Elástica (MFLE) trata dos casos em
que o comportamento global do componente em estudo é linear
elástico. As eventuais deformações plásticas estão restritas a uma
pequena região na vizinhança da ponta da trinca;
• Quando as deformações plásticas são consideráveis, aplica-se a
Mecânica da Fratura Elasto-Plástica (MFEP);
• A abordagem da MFLE é utilizada na grande maioria dos casos
práticos e baseia-se, fundamentalmente, no conceito de fator da
intensidade de tensão, usualmente representado pela letra K;
• K pode ser entendido como uma medida da severidade do campo de
tensões que se forma na vizinhança da ponta da trinca;
• K é função do carregamento aplicado, das propriedades geométricas
do componente e das dimensões da trinca;
MFLE
Introdução

• Acidentes aeronáuticos relacionados com fadiga (80s):


- 1510 mortes em 216 acidentes envolvendo aviões;
- 284 mortes em 90 acidentes envolvendo helicópteros;

• Pesquisa encomendada pelo governo EUA ao instituto Batelle


avaliou que o custo anual devido a fraturas de componentes
estruturais era de cerca de 4% do PNB dos EUA (1982);
MFLE
Introdução

Figura 1 – Aloha Airlines Flight 243


MFLE
Introdução

O que é fadiga?

Fadiga do material é o acúmulo de


dano causado por solicitações cíclicas.
MFLE
Introdução

Figura 2 – Falha por fadiga


MFLE
Introdução

Figura 3 – Vida da trinca


MFLE
Introdução

• Primeiros estudos sistemáticos são realizados por Griffith


(1920), com uma abordagem baseada em balanço de
energia ;

• Falhas catastróficas dos navios Liberty (1940s) e das


aeronaves Comet (1950s) dão novo impulso ao
desenvolvimento da mecânica da fratura como disciplina
de interesse para engenharia;
MFLE
Introdução

Figura 4 – Navio Liberty dividido ao meio


MFLE
Introdução

Figura 5 – De Havilland DH 106 Comet


MFLE
Introdução

Figura 6 – Ensaio de fadiga Comet


MFLE
Introdução

• Conceito de Fator de Intensidade de Tensão é introduzido por Irwin


(1948);
• Paris (1960s) sugere uma lei para prever a propagação de trincas
em componentes sujeitos a carregamentos cíclicos;
• Rice (1968) publica as ideias principais para o desenvolvimento da
MFEP, com o conceito da Integral J;
• Nos anos 1970s, acidente com F-111 motiva a adoção da MFLE como
base da nova filosofia de projeto à fadiga e manutenção das
aeronaves da USAF (MIL-A-83444 – Análise de Tolerância ao
Dano), logo adotada também pelos órgãos certificadores civis (FAR
Part 25).
MFLE

Motivação Placa plana sob tensão uniaxial MATERIAL: Al 7075-T651

espessura: 10 mm Falha por escoamento

P P P
 
A (300  50)10 2500

-Tensão admissível: 47 daN/mm2


- Carga P admissível: 117.500 daN

dimensões em mm.
MFLE

Motivação Placa plana sob tensão uniaxial MATERIAL: Al 7075-T651

espessura: 10 mm
Falha por Fratura Frágil:

P
K cr   a   a
3000

- Tensão nominal: P/(300x10)


- Fator de correção:  = 1.017
- Tenacidade à fratura Kcr = 280 daN/mm-3/2

- Carga P admissível: 93.200 daN

dimensões em mm.
MFLE

Motivação
P P

abertura trinca
passante

2a = 50
50

w = 300 w = 300

P P

Falha por escoamento Falha por Fratura

Carga P admissível: Carga P admissível:


117.500 daN 93.200 daN
MFLE

Resistência dos Materiais vs. Mecânica da Fratura

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Tensão de
Tensão Atuante
Escoamento

MECÂNICA DA FRATURA

Tensão Atuante

Tamanho da Tenacidade
Trinca à Fratura
MFLE

Visão Atomística da Fratura


Nível de tensão aplicado ao
material é suficiente p/ FRATURA DO
provocar rompimento das MATERIAL
ligações atômicas

xo
 Força de Coesão: c
Separação
atômica de

atração
equilíbrio Energia de Coesão:
(xo)
  x 
   c sen 
 2
distância

repulsão

2
MFLE

Efeito de Concentração de Tensões em Trincas


Valores experimentais da resistência à fratura de materiais frágeis são tipicamente
três a quatro ordens de magnitude inferiores ao valor teórico obtido.
A fratura não pode ocorrer a menos que a tensão, em nível atômico, exceda a
resistência de coesão do material.
Trincas devem reduzir a resistência global, magnificando a tensão localmente.

• Inglis (1913)  Analisou furos elípticos em placas planas.

 2a  
Tensão em A:  A   1  
 b  Compr. >> 2b
Largura >> 2a
Kt = A/, se a = b  Kt = 3 r
 A
a 2b
r = raio de curvatura 
 A   1  2 
 r  2a
Onde: r  b2 / a
a
Se: a >> b   A  2
r
r0
MFLE

Efeito de Concentração de Tensões em Trincas (cont.)


Para uma trinca infinitamente aguda (r  0)  A  

Esse aparente paradoxo de uma trinca perfeitamente pontiaguda (um material


com uma trinca com essas características falharia com uma carga infinitesimal)
motivou Griffith a desenvolver, anos mais tarde, uma teoria de fratura baseada em
energia, ao invés de tensão local. O paradoxo persiste nas formulações da MFLE.

Substituindo r por x0, pode-se estimar a concentração de tensões local na ponta


da trinca (“trinca” no nível atômico):
a
 A  2


x0
E s
 A  c  E s CRITÉRIO DA
Se: x0 f  TENSÃO LOCAL
  f 4a CRÍTICA (Inglis)


f = tensão remota (direção perpendicular à trinca)
Onde: s = trabalho (energia) para abertura da trinca
a = comprimento da trinca
MFLE

Definições Básicas

Há três modos principais de fratura em sólidos

MODO I (ABERTURA) MODO II (CISALHAMENTO MODO III (CISALHAMENTO


NO PLANO) FORA DO PLANO)

O modo I é o modo predominante na grande maioria dos casos práticos


MFLE

Campo de Tensões na
Região da Ponta da Trinca
MFLE

Campo de Tensões na
Região da Ponta da Trinca

 Distribuição similar para


trincas em diferentes
configurações geométricas
MFLE

Campo de Tensões na Região da Ponta da Trinca

O campo de tensões na ponta de uma trinca ideal em um componente plano


submetido a carregamento de Modo I, é dado pelas equações em
coordenadas polares:

KI   3 
X  cos 1  sen sen 
2r 2 2 2
KI   3 
Y  cos 1  sen sen 
2r 2 2 2
KI   3
 XY  cos sen cos
2r 2 2 2

 Z  0 (tensão plana)
 Z   ( X   Y ) (deformação plana)
 XZ   ZX  0
MFLE

O fator de Intensidade de Tensão K é o parâmetro que caracteriza o campo de


tensões na ponta da trinca. Todas as tensões, deformações e deslocamentos
em pontos ao redor da trinca crescem proporcionalmente a K.

É importante observar que a solução matemática elástica para as tensões na


ponta da trinca prevê uma singularidade da forma 1 / r

Essas equações só têm validade nas proximidades da ponta da trinca, pois


tensões distantes desta serão governadas por condições de contorno remotas,
como mostrado na figura abaixo:

yy  = 0 (plano da trinca)


KI

2r

 (tensão remota)
r
Região dominada pela singularidade
MFLE

Definições Básicas (cont.)

Forma geral do Fator de Intensidade de Tensão K

K  I , II , III    a

( Unidade: MPa.m1/2 )
onde:

 ( ou F ) = fator de correção geométrica

 (ou S ) = tensão de referência

a = comprimento da trinca
MFLE

Definições Básicas (cont.)

Taxa de Liberação de Energia - G (“Energy Release Rate”)

1 dU
G
t da
MFLE

Relação entre K e G
K: caracteriza as tensões, deformações e deslocamentos na ponta da trinca. É
um parâmetro local.
G: quantifica a variação da energia potencial que acompanha um incremento na
extensão da trinca. É um parâmetro global.

É possível mostrar que K e G se relacionam através da expressão:

2 onde: E' E (estado plano de tensões)


K
G I
E
E E' 

1  2  (estado plano de deformações)

• Esta relação entre G e K permite o cálculo do fator de intensidade de tensões


a partir do cálculo da taxa de liberação de energia;
• Este procedimento é implementável com auxílio de programas de elementos
finitos, bastando computar a variação da energia de deformação elástica para
incrementos no tamanho da trinca;
MFLE

Soluções para K - Referências Úteis


• K pode ser obtido analiticamente, experimentalmente ou numericamente;
• Existem diversos compêndios de fatores de intensidade de tensão para
diversas combinações de geometria e carregamento:

 Tada, Paris, Irwin: “The Stress Analysis of Cracks Handbook”


 Murakami: “Stress Intensity Factors Handbook”
 Rooke, Cartwright: “Compendium of Stress Intensity Factors”

• Alguns softwares incluem bibliotecas de soluções para K (Ex: NASGRO)


MFLE

K - Placa Plana Infinita


K I   a

2a


MFLE

K - Exemplos Práticos (cont.)

Valores aproximados (erro: 10%)

(a) K I  S g a (a/b <0.4)

(b) K I  1.12 S g a (a/b <0.6)

(c) K I  1.12 S g a (a/b <0.13)

Valores para qualquer razão


a = a/b (caso (a) apenas)

1  0.5a  0.326a 2
(a) F 
1a
MFLE

K - Exemplos Práticos (cont.)

Valores aproximados (erro: 10%)


para os casos (a) e (b)

K I  1.12 S g a (a/b <0.4)


MFLE

Princípio da Superposição
Fatores de intensidade de tensão são aditivos se o modo de carregamento for
consistente.

K ( total)
K ( A)
K ( B)
K (C )
 Mas: K (total)  K I  K II  K III
I I I I

EXEMPLO I: carga excêntrica, aplicada a uma distância “e” do centro de uma


chapa (espessura “t”) com uma trinca na borda.
P
K1  1 1 a 1 
bt
6M 6 Pe
K 2   2 2 a 2  2
 2
bt bt
K  K1  K 2
P 6 e 
K  1  2  a
bt  b 
MFLE

Critério de Falha Baseado no Campo de Tensões

• Assume-se que ocorrerá fratura frágil quando:

K = Kc
• O lado esquerdo desta equação (K) caracteriza o campo de
tensões na região próxima à ponta da trinca;
• O lado direito (Kc ) representa uma propriedade do componente
e depende do material;
• Esta relação básica da MFLE é válida desde que se satisfaçam as
condições conhecidas como “small scale yielding conditions”,
que pressupõe que a zona plástica é pequena e está confinada
à região de dominância da singularidade.
MFLE

Critério de Falha Baseado no Campo de Tensões (cont.)

K = Fator de Intensidade de Tensão: fornece uma medida


da “severidade” da trinca sob determinado
carregamento
Kc = Fator de Intensidade de Tensão Crítico, valor máximo
que K pode atingir antes de ocorrer fratura frágil do
componente; (depende da espessura)
KIc = Valor mais crítico de Kc considerando-se o efeito da
variação da espessura. É uma propriedade do material
conhecida como Tenacidade à Fratura
Tabela 1 – Tenacidade a Fratura correspondente a tensão de escoamento
Tabela 2– Tenacidade a Fratura correspondente a tensão de escoamento
Tabela 3 – Tenacidade a Fratura correspondente a tensão de escoamento
Tabela 4 – Tenacidade a Fratura polímeros
MFLE

Exercício de Fixação
Uma placa plana com uma trinca central possui dimensões b=50 mm, t=5 mm ;
h grande e está submetida a uma carga P=50 kN
(a) Qual o valor de K para uma trinca de comprimento a=10mm?
(b) Qual o tamanho crítico da trinca, se KIC=24MPa.m1/2

𝑎 10 𝑎
𝛼= = = 0.2 𝛼= ≤ 0.4 ⇒ 𝐹=1
𝑏 50 𝑏
50.103
𝐾𝐼 = 𝐹𝑆𝑔 𝜋. 𝑎 ⇒ 𝐾𝐼 = 1. 𝜋. 0.01
100.5

𝐊 = 𝟏𝟕. 𝟕𝟐 𝐌𝐏𝐚 𝒎

2 2
𝐾𝐼𝐶 1 24 1
𝑎𝑐 = . = . ⇒ 𝒂𝒄 = 𝟏𝟖. 𝟑𝟑 𝒎𝒎
𝑆𝑔 𝜋 100 𝜋
MFLE

Dimensionamento – Fatores de Segurança

Fator de segurança em tensão

Fator de segurança relativo ao


comprimento de trinca

Fator de segurança ao escoamento (global)

Fator de segurança ao escoamento (local)

P0 = carga que provoca escoamento na seção


remanescente no plano da trinca (“ligamento” )
MFLE
Comportamento Dúctil vs. Comportamento Frágil
Al 2014-T6 com t=1.5mm à -195°C

Comprimento de trinca de
transição:
2
1  Kc 
a t   
 0 

De forma aproximada, teremos:


• Para comprimentos de trinca menores que at ,, escoamento deve predominar e a falha tende a ser
dúctil;
• Para comprimentos de trinca maiores que at , a falha tende a ser do tipo fratura frágil e deve-se
utilizar mecânica da fratura, mesmo em metais dúcteis,
MFLE

Fatores que Influenciam a Tenacidade à Fratura


Dentre os diversos fatores que Geralmente o valores de KIC
para metais ficam em torno de
influenciam a tenacidade à fratura, 20 à 200 MPa√𝑚
destacam-se
• Espessura
• Limite de Escoamento
• Temperatura
• Microestrutura
MFLE

Influência da Espessura

Figura X – Influência da espessura a tenacidade a fratura


MFLE

Influência do Limite de Escoamento

Aço AISI 4340 submetido a diversos níveis de têmpera + revenido


MFLE

Influência da Temperatura
MFLE

Tamanho da Zona Plástica: Limitações da MFLE (cont.)


Forma da Zona Plástica:

2
1 𝐾𝐼
𝑟0𝜀 =
6𝜋 𝜎𝑦𝑠

A zona plástica
Estado plano de não deve ser
deformação excessivamente
grande para que
a MFLE sejá
Estado plano válida!!!
de tensão

2
1 𝐾𝐼
𝑟𝑜𝜎 =
2π 𝜎𝑦𝑠
MFLE

Estado Plano de Tensões vs Estado Plano de Deformações

Em geral as condições na ponta da trinca (para corpos-de-prova e


estruturas) não são nem de tensão plana nem de deformação plana. São
condições intermediárias.
MFLE

Ensaio de Tenacidade à Fratura

A norma ASTM E399 apresenta diretrizes para ensaios de tenacidade (em


diversos tipos de CDPs), e também os limites de validade dos ensaios. O cdp
mais utilizado é o compacto. De acordo com essa norma, as seguintes
restrições devem ser observadas:

2
𝐾𝐼
W 𝑎, 𝐵, (𝑊 − 𝑎) ≥ 2,5 EPD
𝜎0
W-a

B 𝑎
0.45 ≤ ≤ 0.55
𝑊

CT()

Isso garante que, feito o ensaio, o valor que for obtido para KIc (tenacidade à
fratura em deformação plana) será o mais crítico para aplicações práticas.
MFLE Aplicação Prática
𝑃𝑄

W
𝑃𝑄 𝑎 W-a
𝐾𝐼 = 𝑓
𝐵𝐵𝑁 𝑊 𝑤 B
a

𝑎 𝑎 𝑎 2 𝑎 3 𝑎 4
𝑎 2+ 0.886 + 4.64 − 13.32 + 14.72 − 5.6
𝑤 𝑤 𝑤 𝑤 𝑤
𝑓 =
𝑤 𝑎 3/2
1−
𝑤
Sendo:
𝑎 = 0.0237 m
𝑎
𝑊 = 0.05 𝑚 𝑓 = 8.9341
𝑤
𝐵 = 0.025 𝑚 𝐾𝐼 = 𝟒𝟕. 𝟗𝟒𝟓 𝑴𝑷𝒂 𝒎
𝑃𝑞 = 30 𝑘𝑁

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