AULA 15 Ectoparsitas Carraças

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ECTOPARASITAS (PARASITAS EXTERNOS)

CARRAÇAS

Carraça é um artrópode da ordem dos ácaros. São


ectoparasitas (parasitas externos) hematófagos, responsáveis
pela transmissão de inúmeras doenças.

Encontra-se difundido por toda a Terra tanto no campo como na


cidade. Alimentam se de sangue, sendo por isso considerado
hematófago.

Importancia

São um dos principais vectores de muitas doenças causadas por


vírus, bactérias, protozoários e rickétsias, que transmitem
doenças ao homem e animais.
Provocam danos directos (irritação, feridas e abcessos) ou
indiretos causados em decorrência do seu parasitismo.
Causam prejuízos económicos como tentativas para o seu
controle e tratamento de doenças causadas por elas.
Forma

Os carrapatos geralmente têm a forma oval e quando


em jejum são planos no sentido dorso-ventral,
porém após se alimentarem ficam convexos e até
esféricos.
Sua carcaça é composta por quitina, na forma de um
exoesqueleto, bem resistente e firme

Classificação

Os carrapatos estão classificados em duas famílias:


Ixodidae e Argasidae.
1- Ixodídeos (carraças duras)

Apresentam um escudo rígido, quitinoso, que cobre


toda a face dorsal do macho adulto. Na larva, ninfa e
fêmea adulta, estende-se apenas em uma pequena
área, permitindo a dilatação do abdomen após a
alimentação. Todos os estágios fixam-se em seus
hospedeiros por um tempo relativamente longo para
alimentar-se. Neste grupo estão incluídas a maioria
das carraças de interesse veterinário.

Ciclo de vida

O ciclo de vida das carraças compreende quatro


fases: ovo, larva, ninfa e adultos.
Femeas de carraças a depositando ovos

Femea engurgitada
Ciclo de vida dos Ixodídeos
As carraças da família Ixodidae permanecem longos períodos sobre seus
hospedeiros. O desenvolvimento se completa em duas fases: uma
parasitária que ocorre sobre o hospedeiro e outra de vida livre, no
solo, após abandonar seu hospedeiro

O desenvolvimento destas carraças pode ocorrer em um, dois ou três


hospedeiros dependendo do número de animais parasitados durante seu
ciclo evolutivo.

Ciclo de um hospedeiro (carraças monoxenos)


Larvas, ninfas e adultos passam toda a vida parasitária sobre um só
animal. As fêmeas, após serem fecundadas, ingurgitam com o sangue
do hospedeiro e caem no solo, procuram um local protegido para
realizar a postura de ovos e morrem. Apôs a eclosão de ovos (2 a 7
semanas) as larvas ficam aguardando a passagem dos hospedeiros onde
vão iniciar a fase parasitária realizando todas as mudas (larva, ninfa,
adulto). A fase parasitária leva em média 22 dias e a fase larval no
ambiente pode durar meses ou anos a espera do hospedeiro
dependendo das condições climáticas.
As fêmeas produzem milhares de ovos (2.000 a 22.000 ovos)
morrendo em seguida. Os machos permanecem no corpo do
hospedeiro, por um período maior de tempo, onde acasalam-se com
outras fêmeas. Ex: Boophilus microplus- transmissor da Babesiose
e Anaplasmose em bovinos. Localiza se geralmente entre as pernas,
cauda e pescoço do animal.

As principais espécies da babésia (causador da babesiose) são a


Babésia bigemina, Babésia bovis e Babésia ovis.

As principais especies de anaplasma (causador da anaplasmose) são


Anaplasma marginale e Anaplasma centrale.

Anaplasma marginale Babésia bigemina


Ciclo de vida de Boophilus microphilus
Ciclo de dois hospedeiros

Os estágios de larva e ninfa ocorrem no mesmo hospedeiro, mas o


estágio de adulto num hospedeiro diferente.

Este ciclo ocorre em algumas espécies dos géneros Hyalomma e


Rhipicephalus (Rhipicephalus evertsi, Rhipicephalus
appendiculatus) encontradas em estepes ou savanas onde ocorre
uma longa estação seca e pouca chuva. A larva alimentada não cai
no solo, ficando presa no hospedeiro. Após a muda, as ninfas
movem-se a uma curta distância antes de fixar-se ao mesmo animal.
As ninfas depois caem no solo, realizam a muda para o estágio
adulto, e procura um segundo hospedeiro para alimentar-se. As
fêmeas alimentadas caem no solo e põem ovos antes de morrer.
O Rhipicephalus é considerado uma das maiores pragas em áreas
onde ela é endêmica.

No animal localiza se geralmente na região das orelhas.

O Rhipicephalus appendiculatus conhecido como carraça


castanha e o Rhipicephalus evertsi (carraça de patas vermelhas)
são os transmissores da Theileriose (East cost fever ou febre da
costa oriental de África), cujo agente causador é a theiléria parva.

Rhipicephalus appendiculatus
Ciclo de três hospedeiros (carraças trioxenos)
É o tipo que o corre com mais freqüência entre os ixodideos. Cerca
de 600 a 650 espécies deste grupo apresentam este tipo de ciclo
biológico. Para completar o seu desenvolvimento, são necessários
três diferentes hospedeiros, da mesma espécie ou não, ou o mesmo
indivíduo três vezes, se ele permanece nas proximidades da larva,
ninfa ou adulto. Os ciclos biológicos são longos podendo variar de 1
a 3 anos. Caem ao solo para realizar as mudas, subindo em um
outro hospedeiro em seguida. Ex: Rhipicephalus sanguíneus em
cães e Amblioma spp em ruminantes.

As carraças do gênero Amblyomma (Amblyoma hebraeum,


Amblyoma variegatum) são tambem conhecidas por carraças
coloridas brilhantes no dorso. Possuem uma boca cumprida
causando danos no animal. Localizam se em regiões tropicais e
subtropicais em África. São transmissores da ricketsiose (Cowdria
ruminatium) em ruminantes.
Amblyoma (carraça colorida)
2- Argasídeos (carraças moles)
Carraças da família Argasidae normalmente não permanecem
aderidos ao hospedeiro por períodos prolongados; passam a maior
parte do tempo no ambiente (escondidos em abrigos de animais, por
exemplo) e procuram o hospedeiro apenas para se alimentar,
normalmente quando estes dormem. Podem permanecer em jejum por
períodos prolongados, freqüentemente mais de um ano, esperando
pela oportunidade de se alimentar

São mais abundante nas regiões áridas que apresentam longas


estações secas. A maioria das espécies está associada às aves. Em
geral, os habitats dos argasídeos estão intimamente associados
àqueles relacionados ao homem e animais domésticos: pocilgas,
capoeiras, pombais, ou cabanas rústicas, Os argasídeos podem
alimentar-se no mesmo animal várias vezes ou em vários animais (da
mesma espécie ou não) durante seu ciclo de vida e se reproduzem
continuamente ao longo do ano.
Os adultos acasalam-se fora do hospedeiro e a fêmea realiza postura.

O ciclo de vida compreende ovo, larva, ninfas (vários estágios) e


adultos. A maioria das espécies, ninfas e adultos alimenta-se muito
rapidamente (cerca de 30 a 40 minutos), enquanto as larvas fixam-se
em seus hospedeiros por aproximadamente 7 a 10 dias.
Controle de carraças

Depende do tipo de criação, maneio, número de


animais, custo, etc.

Banhos de imersão

Pulverização( contacto)
Vantg(Banha poucos animais, o custo e menor.
Desv(não qualificacao do pessoal pulverisador).

Dorsal (Pour on(dorso do animal)- bytecol)-


sistemico-circula no sangue

Rotação de pastagens
Bom para o controle de helmintos e caracas,
quebra-se o ciclo de vida.
SARNA

A sarna é uma parasitose causada por


ácaros, que são parasitas muito pequenos,
medindo menos de 1 mm.

Os caprinos, geralmente, são acometidos


pela sarna auricular, e sarna demodécica,
que danifica a pele do animal.
Tipos de Sarna

Sarna sarcóptica(importante)

Sarna psoróptica(importante)

Sarna Demodécica
Transmissão

É altamente contagiosa por contacto entre animais e


pode também afectar a espécie humana. O cão é o
animal de companhia mais atingido por esse ácaro.

O contágio se dá através do contacto com animais


infectados ou instrumentos contaminados.

Sarna sarcóptica

A sarna sarcóptica é uma doença da


pele(dermatose ) parasitária causada por um ácaro
denominado Sarcoptes scabiei. Afecta diversas
espécies de animais, como cães, gatos, equinos,
ovinos, caprinos e bovino.
Sinais clínicos
No hospedeiro, o ácaro localiza-se na pele, cavando túneis no
estrato córneo.

Dermatite pruriginosa (coçeira) e generalizada,


As lesões começam na cabeça, pescoço e ombros e pode se
espalhar para outras partes do corpo, prurido é intenso. a pele
engrossa e faz grandes dobras.
Pequenas crostas hemorrágicas e perda de pêlo, especialmente,
nas regiões ventral, axilar, cotovelos, calcanhares e na arte nasal,
A dermatite apresenta-se acompanhada por uma exagerada
produção de gordura, conferindo ao animal um aspecto e odor
rançoso.
O intenso prurido pode levar ao surgimento de feridas
secundárias devido ao intenso acto de coçar exercido pelo animal.
Sarna psoróptica
É causada por ácaro Psoroptes ovis

Sinais clínicos
prurido intenso geralmente começa nos ombros e garupa, pápulas,
crostas, escoriações e liquenificação. Lesions may cover almost the
entire body; secondary bacterial infections are common in severe
cases. As lesões podem cobrir quase todo o corpo; infecções
bacterianas secundárias são freqüentes em casos graves.

A morte em vitelos não tratados, perda de peso, diminuição da


produção de leite, aumento da susceptibilidade a outras doenças.
Sarna demodécica:
Sarna demodécica: é causada pelo ácaro Demodex bovis,

Demodex bovis é transferida de vaca para o vitelo durante a


amamentação e pode causar danos consideráveis a pele.

Sinais clínicos
O prurido é ausente. As lesões consistem em pápulas foliculares e
nódulos, especialmente sobre a cernelha, pescoço, costas e flancos.
Ulcerações, abscessos e fístulas podem desenvolver-se devido à
ruptura folicular ou infecção secundária.
o curso pode se estender por muitos meses. mergulhos Trichlorfon
(2%) em dias alternados.
Diagnóstico de sarna
O diagnóstico é feito baseado nos sintomas apresentados, juntamente
com a realização de um raspado de pele (raspar até sair umpouco de
sangue). O material colectado desse raspado é colocado em uma
lâmina e levado ao microscópio, onde será observado o ácaro ou seus
ovos, sendo esse raspado realizado nas áreas de preferência pela
sarna, como pontas da orelha, abdômen, etc.
Para a sarna demodécica o raspado deve ser bem profundo.

Tratamento e controle da sarna


O tratamento é feito com utilização de medicação acaricida que pode
ser injectável (ex: ivermectina), oral ou tópica, associada à
medicação sintomática que for necessária, como uso de antibióticos,
terapia do prurido, banhos acaricidas (ex: Amitraz).

Os animais infectados devem ser isolados dos sadios até que haja a
cura completa. Além disso, certas precauções devem ser tomadas
durante o tratamento, como o uso de luvas e roupas descartáveis
quando houver a manipulação do animal, assim como a higienização
adequada do ambiente em que o animal vive.
Sarna sarcóptica

Sarcoptes scabiei
Demodex bovis
Psoroptes ovis
MÍASE CUTÁNEA

ETIOLOGIA

A miíase, ou bicheira (nome popular), é uma infestação de larvas de


mosca que ocorre principalmente em animais mantidos fora de casa,
e animais que se mostram incapazes de fazer sua higienização ou
por serem idosos ou por estarem enfermos.

Os agentes etiológicos dessa doença são moscas pertencentes a


espécies dos gêneros Cuterebra, Calliphora e Sarcophaga. Os
califorídeos depositam seus ovos em aglomerados, nas lesões
cutâneas úmidas, já os sarcofagídeos depositam larvas directamente
sobre a pele. As larvas provocam destruição da pele, escavam tecido
cutâneo e migram para os locais corporais preferidos.

As áreas geralmente envolvidas incluem a região cervical ventral e


as regiões inguinal do quarto posterior e axilar.
SINAIS CLÍNICOS

Os animais podem apresentar dor, relutar em se mover ou claudicar.


No exame clínico, encontram-se presentes um ou mais inchaços
subcutâneos firmes e fistulados. Frequentemente se observam as
larvas na fistula, circundadas por tecido necrosado. Na disposição
dos ovos ou larvas de moscas nas lesões cutâneas úmidas,
comumente está presente uma ferida aberta com odor
freqüentemente fétido e característico. É visível grande quantidade
de larvas. Os animais podem apresentar sinais de enfermidade
sistêmica em decorrência da toxemia
TRATAMENTO

O tratamento consiste na remoção das larvas intactas com pinças


hemostáticas.
Lavagem das feridas com desinfectante , solução de peróxido de
hidrogênio , spray ou solução iodada duas vezes ao dia, até que o
problema tenha sido resolvido.
Podem ser mantidos cuidados auxiliares como o tratamento da
ferida local e o uso de antibióticos sistêmicos.

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