Formação e Evolução de Galáxias

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FORMAO E EVOLUO

DE GALXIAS

FORMAO E EVOLUO DE
GALXIAS
Introduo
Formao da Galxia
Aspectos dinmicos
O trabalho de Eggen et al. (1962)
Novos modelos: infall
Vnculos dos modelos de evoluo qumica
Evoluo de galxias: evoluo qumica

NTRODUO

O estudo da formao e evoluo da Galxia


comea pelas consideraes sobre a formao do
Universo, uma vez que aps o Big Bang, iniciouse um resfriamento geral medida que o
Universo se expandia. Estruturas comearam a
ser formadas a partir de no homogeneidades
pr-existentes, uma das quais tornou-se a Via
Lctea.

INTRODUO

As escalas de tempo envolvidas na formao da


Galxia ajustam-se s previses do Big Bang. De
acordo com o modelo padro, o Universo teve uma
era inicial denominada era de radiao, que
durou aproximadamente 103-104 anos aps o Big
Bang. Em seguida, a matria passou a dominar a
constituio do Universo, situao que ainda
prevalece. A formao das galxias foi iniciada
em poca mais recente, quando a idade do
Universo era prxima de 1010 anos.

INTRODUO

Adotando um valor da ordem de 1-2 x 1010 anos


para a idade do Universo, vemos que a formao
da Galxia deve ter sido iniciada h cerca de 10 10
anos. Os objetos de populao II do halo, como os
aglomerados globulares, foram os primeiros a
serem formados, com idades tipicamente da
ordem de 6 x 109 anos. possvel que uma
gerao anterior de estrelas, ditas de populao
III, tenha sido formada, embora no existam
provas claras de sua existncia.

INTRODUO

Em seguida, foram formados os objetos do bojo, com


idades semelhantes aos do halo. Finalmente ocorreu a
formao do disco, em uma escala de tempo da ordem
do tempo de queda livre, cerca de 3 x 108 anos. A
concentrao do disco em direo ao ncleo foi
impedida pelo movimento de rotao associado
nebulosa pr-galctica. A formao de estrelas no disco
ocorre at hoje, e nesta regio podemos observar
objetos com idades diferentes. Por exemplo,
observamos aglomerados galcticos com idades de 2 x
106 anos no muito distantes do Sol, cuja idade de 4.5
x 109 anos.

INTRODUO

As diferenas na composio qumica das populaes


estelares ajustam-se tambm a este esquema. No
modelo padro, foram inicialmente formados os
elementos leves D, 3He, 4He, e 7Li. Os elementos mais
pesados, como C, N, O, etc., tiveram sua origem no
interior das estrelas, muito tempo aps o Big Bang. A
determinao das abundncias atuais dos elementos
leves , portanto, extremamente importante para
caracterizar o modelo padro, alm dos processos
posteriores de evoluo galctica.

INTRODUO

Portanto, os elementos mais pesados, como C, N, O,


etc., tiveram sua origem no interior das estrelas, muito
tempo aps o Big Bang. Esses elementos s comearam
a ser sintetizados aps a formao da primeira gerao
de estrelas. Em consequncia, os objetos mais velhos
do halo, de populao II, devem ter baixo teor de
elementos pesados, o que confirmado pelas
observaes. medida que a evoluo se processa, o
gs enriquecido devolvido ao meio interestelar pelas
supernovas, nebulosas planetrias, etc., de modo que
os objetos mais jovens tm maior abundncia de
elementos pesados.

FORMAO DA GALXIA

Modelos
de
formao
galctica
devem
ser
capazes de explicar as
populaes diferentes do
halo,
bojo
e
disco
galcticos. O conceito de
populaes estelares
consistente
com
um
colapso inicial rpido na
Galxia,
quando
foi
formada a componente
esferoidal do halo e a
condensao central do
bojo.

Como as estrelas formam-se a partir do gs


interestelar, pode se concluir que a formao estelar no
halo atualmente limitada pela escassez de gs e
poeira naquela regio. Dotada de um movimento de
rotao, a nebulosa pr-galctica sofreu um segundo
colapso em direo ao plano galctico, dando origem ao
disco, com suas populaes mais jovens, e explicando
portanto as diferenas na distribuio espacial e
metalicidade observadas entre o halo e o disco. Aps a
formao do disco, perturbaes de origem
gravitacional, possivelmente complicadas por efeitos
magnticos, deram origem estrutura espiral.

As estrelas do halo tm altas


disperses de velocidades e so
pobres em metais por um fator
da ordem de 10 ou superior em
relao ao Sol.
Desde o trabalho clssico de
Eggen et al. (1962), este fato tem
sido interpretado como evidncia
de que o halo se formou antes
que o enriquecimento pelas
mortes das estrelas massivas
tivesse ocorrido. Entretanto, esse
cenrio
monoltico
para
a
formao
da
Galxia
no
consegue
explicar
algumas
observaes mais recentes, tendo
sido bastante modificado nos
ltimos 50 anos.

Um aspecto
importante da
formao da Galxia,
que distingue os
modelos atuais dos
modelos monolticos
iniciais, refere-se aos
processos de infall, ou
queda de matria
provinda de outras
regies, como o halo e
de regies
extragalcticas.

Nossa Galxia faz parte de um sistema


chamado Grupo Local de galxias, contendo
cerca de 40 galxias de diferentes tipos.
Parte do material dessas galxias pode
interagir com o gs de nossa Galxia,
afetando os processos de formao estelar.

Diversas

outras estruturas so conhecidas na


vizinhana de nossa Galxia, como a Corrente
de Magalhes que liga a Via Lctea com as
Nuvens de Magalhes. Provavelmente as
primeiras evidncias observacionais da queda
de matria so as relacionadas com as Nuvens
de Alta Velocidade, observadas a grandes
alturas com relao ao disco, onde em princpio
no deveramos esperar encontrar objetos
jovens, em virtude da ausncia de gs
interestelar.

ASPECTOS DINMICOS

A distino
fundamental entre a
formao de esferides e
de sistemas com discos
est nas escalas de
tempo para a formao
de estrelas e colapso em
direo ao disco.
Durante o colapso
gravitacional, se o
tempo para formao de
estrelas for superior ao
tempo de colapso, no
sero formadas estrelas.

Se o tempo de colapso for mais lento, h


formao de estrelas nesta fase. No h
dissipao de energia e forma-se um
esferide, como o halo e o bojo.

O TRABALHO DE EGGEN ET AL.


(1962)

Eggen, Lynden-Bell e Sandage em 1962 analisaram as


velocidades de estrelas ans e compararam algumas
caractersticas de suas rbitas, como as excentricidades
e a quantidade de movimento angular, com parmetros
relacionados com a metalicidade estelar. As
abundncias qumicas ainda no eram determinadas
com preciso, mas sabia-se que a metalicidade era
inversamente correlacionada com o excesso de
ultravioleta, isto , quanto menor a abundncia dos
metais, maior seria o excesso de radiao ultravioleta,
medida pelo parmetro (U B).

Nesse trabalho, foi


mostrado que as estrelas
com maiores excessos de
ultravioleta (ou menor
abundncia de metais)
tinham rbitas mais
elpticas, com maiores
excentricidades. Em
contraposio, as
estrelas com pouco ou
nenhum excesso de
ultravioleta (ou maior
metalicidade) moviamse em rbitas quase
circulares.

Correlaes
semelhantes foram
encontradas para a
componente W da
velocidade das
estrelas e a escala de
altura z, no sentido
que as maiores
velocidades e escalas
de altura estavam
tambm associadas
com as metalicidades
mais baixas.

Com este trabalho foram lanados os fundamentos


para a diviso das estrelas em diferentes populaes,
com implicaes sobre a formao da Galxia: suas
estrelas mais velhas devem ter sido formadas a partir
de um gs caindo em direo ao centro, colapsando a
partir do halo sobre o plano, em uma escala de tempo
curta, da ordem de 108 a 109 anos.
Eggen e colaboradores mostraram, pela primeira vez,
que existem correlaes claras entre a composio
qumica de estrelas individuais, a excentricidade de
suas rbitas galcticas, sua quantidade de movimento
angular, a altura que podem alcanar acima do plano
galctico, a velocidade perpendicular ao plano e a
idade das estrelas.

Apesar do modelo de Eggen et al. ser suficiente para


explicar em linhas gerais a formao da Galxia,
diversos
aspectos
examinados
posteriormente
mostraram que a formao do nosso sistema estelar
deve ter sido mais complexa. Por exemplo, a viso
tradicional de um bojo velho e rico em metais est
sendo alterada, com indicaes de uma formao
estelar mais recente. Da mesma forma, a origem dos
discos fino e espesso no est contemplada no modelo
clssico de Eggen e colaboradores, necessitando uma
abordagem mais abrangente.

NOVOS MODELOS: INFALL

Alm do modelo clssico de Eggen, tambm


denominado modelo de caixa fechada (closed box),
h o modelo alternativo de captura de fragmentos
de Searle e Zinn, bem como muitos outros
modelos mais recentes, geralmente postulando a
presena de episdios de queda de matria para
formar inicialmente as populaes do halo e do
bojo, e em seguida as populaes do disco.

Um dos modelos mais populares atualmente o


modelo de duplo infall de Chiappini et al.,
proposto em 1997. Como ilustrado abaixo, neste
modelo o primeiro processo de queda de matria
forma o halo e o bojo, e o segundo forma o disco,
com uma queda contnua de gs.

A relao entre as abundncias de [O/Fe] em funo


de [Fe/H] pode ser entendida considerando que, para
baixas metalicidades, ou objetos mais velhos, a razo
[O/Fe] essencialmente constante, enquanto que para
metalicidades mais altas, prximas do valor solar
[Fe/H] = 0, a razo [O/Fe] decresce.

Em outras palavras, o atraso na produo do ferro


pelas estrelas menos massivas, basicamente
supernovas de tipo Ia, responsvel pelo
comportamento da relao entre as abundncias. A
parte esquerda coincide com as abundncias do halo
e disco espesso, enquanto que a parte direita
constitui o disco fino, onde se localiza o Sistema Solar.
Atualmente muitos outros elementos podem ser
observados, e diagramas semelhantes ao da razo
[O/Fe] podem ser obtidos e comparados com as
previses dos modelos tericos.

VNCULOS DOS MODELOS DE EVOLUO QUMICA

Para a construo de modelos de evoluo galctica so


necessrios vnculos observacionais, ou seja, condies
que devem ser satisfeitas pelos modelos e que so
utilizadas para definir os parmetros livres desses
modelos. A seguir esto citados os principais vnculos
atualmente utilizados para os modelos de evoluo
qumica da nossa Galxia.

VNCULOS DOS MODELOS DE EVOLUO QUMICA:

Abundncias no Sistema Solar


Relao idade-metalicidade
Distribuies de metalicidade
Abundncias relativas elementos alfa
Distribuies radiais de metalicidade
Taxa de formao estelar Frao de gs atual
Taxas de supernovas e outras estrelas
Razo de enriquecimento entre He e Z

EVOLUO DE GALXIAS: EVOLUO QUMICA

A evoluo da Galxia compreende a evoluo


dinmica e a evoluo qumica. Para as galxias
mais distantes, podemos tambm considerar a
evoluo das propriedades fotomtricas, as quais
devem ser, em princpio, relacionadas com a
evoluo das propriedades fsicas dessas galxias.
Estes trs aspectos esto correlacionados, e
ocorrem simultaneamente em um dado objeto,
embora costumem ser estudados de maneira
independente.

Em particular, a evoluo qumica da Galxia estuda a


composio qumica das estrelas, gs, etc. em funo do
tempo. Isto feito em termos da produo dos
elementos qumicos pelas estrelas e do processo de
ejeo e mistura dos elementos no meio interestelar.
Seus objetivos incluem o estudo das distribuies de
abundncias dos elementos, variaes da metalicidade
com a idade e posio, variaes das abundncias
relativas dos diversos elementos pesados, etc.

Em particular, a evoluo
qumica da Galxia estuda a
composio qumica das
estrelas, gs, etc. em funo
do tempo. Isto feito em
termos da produo dos
elementos qumicos pelas
estrelas e do processo de
ejeo e mistura dos
elementos no meio
interestelar. Seus objetivos
incluem o estudo das
distribuies de abundncias
dos elementos, variaes da
metalicidade com a idade e
posio, variaes das
abundncias relativas dos
diversos elementos pesados,
etc.

Do ponto de vista da evoluo qumica, estamos


particularmente interessados na circulao de matria
entre o gs e as estrelas. A partir do meio interestelar
so formadas as estrelas, sob uma certa funo de
massa inicial (IMF) e segundo uma taxa de formao
estelar (SFR).
Essas estrelas evoluem, produzem novos elementos
pela nucleossntese estelar, sofrem perda de massa e
finalmente devolvem o material ao meio interestelar, a
menos dos remanescentes inertes. Neste processo, o gs
tem sua composio alterada ao longo do tempo, o que
constitui a evoluo qumica da Galxia.

Os modelos mais simples de evoluo qumica so


analticos, como o chamado modelo simples, os
modelos de caixa fechada e outros. Esses modelos
tm o mrito de definir os espaos de parmetros com
base em princpios fsicos simples, mas so muito
limitados, geralmente considerando a aproximao de
reciclagem instantnea do gs ejetado pelas estrelas,
entre outras aproximaes.

Modelos mais sofisticados so sempre numricos,


envolvendo clculos detalhados da nucleossntese,
formao de estrelas, migrao estelar, fases do meio
interestelar, ventos, etc. A vantagem desses modelos
que permitem obter variaes detalhadas da composio
qumica dos principais elementos. Por outro lado, esses
modelos so limitados no que diz respeito
hidrodinmica dos processos de colapso e queda de
matria, que so geralmente parametrizados. A soluo
deste
problema
parece
estar
nos
modelos
quimiodinmicos, os quais esto ainda em um fase
relativamente embrionria.

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