Teoria Da Música
Teoria Da Música
Teoria Da Música
ELEMENTOS BSICOS
TEORIA DA MSICA 2
INTRODUO A arte a revelao do belo. Conforme os meios de expresso, podemos dividir as artes em: artes visuais, artes sonoras e artes combinadas. A msica, arte de combinar os sons, vem sendo cultivada desde as mais remotas eras. Os chineses, trs mil anos antes de Cristo, j desenvolviam teorias musicais complexas. A msica, escrita pelo compositor, para ser percebida pelo ouvinte, necessita de um intermedirio, ou melhor, de um intrprete. A msica no apenas uma arte, mas tambm uma cincia. Por isso, os msicos precisam, alm de talento, uma tcnica especfica, bem apurada (e esta se aprende durante longos anos de estudo). Para alcanar um nvel competitivo, o msico precisa ter talento, fora de vontade e perseverana. Alguns instrumentistas limitam-se apenas a dominar a tcnica de seu instrumento. Estes nunca iro atingir a perfeio, pois, alm de habilidade mecnica, o msico precisa ter domnio de toda cincia musical, que se estrutura em vrias disciplinas: Teoria (bsica) da msica; Solfejo; Ritmo; Percepo meldica, tmbrica e dinmica; Harmonia; Contraponto; Formas musicais; Instrumentos musicais; Instrumentao; Orquestrao; Arranjo; Fisiologia da voz e fontica; Psicologia da msica; Pedagogia musical; Histria da msica; Acstica musical; Anlise musical; Composio; Regncia; Tcnica de um ou mais instrumentos especficos.
Essas disciplinas, tambm chamadas de Teoria Geral da Msica, so um meio e no um fim. No entanto um meio indispensvel. Essas disciplinas sintetizam as experincias de todas as geraes de compositores e de msicos do passado. Apresentam sugestes, conselhos e recomendaes, e no regras rigorosas e intransigentes. A teoria da msica elementos bsicos, elaborados nesta apostila, analisam a grafia musical e o seu significado e os sistemas musicais. O texto procura ser o mais sinttico possvel, apresentando somente o
TEORIA DA MSICA 3 essencial, sempre voltado para a aplicao prtica das definies. Para realmente atingir o domnio da teoria, o aluno ou estudioso deve fixar todas as regras atravs de inmeros exerccios dirios.
TEORIA DA MSICA 4
CAPTULO I: CARACTERSTICAS DA MSICA E DO SOM Msica a arte de combinar os sons simultnea e sucessivamente, com ordem, equilbrio e proporo dentro do tempo. As principais partes de que a msica constituda so: Melodia: conjunto de sons dispostos em ordem sucessiva. Harmonia: conjunto de sons dispostos em ordem simultnea. Contraponto: conjunto de melodias dispostas em ordem simultnea. Ritmo: ordem e proporo em que esto dispostos os sons que constituem a melodia e a harmonia.
Som a sensao produzida no ouvido pelas vibraes de corpos elsticos. Uma vibrao pe em movimento o ar na forma de ondas sonoras que se propagam em todas as direes simultaneamente. Transformadas em impulsos nervosos, as vibraes so transmitidas ao crebro que as identifica como tipos diferentes de sons. A vibrao regular produz sons de altura definida, chamados sons musicais ou notas musicais. Por exemplo, o som do piano, do violino, etc. A vibrao irregular produz sons de altura indefinida chamados de barulhos. Por exemplo, som de avio, de automvel, de uma exploso, etc. As caractersticas principais do som so: Altura: determinada pela freqncia das vibraes, isto , da sua velocidade. Quanto maior for a velocidade da vibrao, mais agudo ser o som. Durao: extenso de um som. determinada pelo tempo de emisso das vibraes. Intensidade: amplitude das vibraes. determinada pela fora ou pelo volume do agente que as produz. o grau de volume sonoro. Timbre: combinao de vibraes determinadas pela espcie do agente que as produz. O timbre a cor do som de cada instrumento ou voz, derivado da intensidade dos sons harmnicos que acompanham o som principal. Notao musical so os sinais que representam a escrita musical, tais como: pauta, claves, notas, etc. Na escrita musical, as propriedades do som so representadas da seguinte maneira: Altura: pela posio da nota no pentagrama e pela clave. A alternncia de notas de alturas diferentes resulta em melodia. A simultaneidade de sons diferentes em acordes, que so a base da harmonia. Durao: pela figura da nota no pentagrama e pelo andamento. A alternncia de notas de duraes diferentes resulta em ritmo. Intensidade: pelos sinais de dinmica. A alternncia de notas de intensidade diferentes resulta em dinmica.
TEORIA DA MSICA 5 Timbre: pela indicao da voz ou instrumento que deve executar a msica. A alternncia e a combinao de timbres diferentes resultam em instrumentao.
TEORIA DA MSICA 6
At o sculo XI a altura era a nica caracterstica grafada. No sculo XII inicia-se a definio da durao. O timbre comea ser indicado a partir do sculo XVI e a intensidade a partir do sculo altura. Embora sejam inmeros XVII.
A mais importante caracterstica do som a os sons empregados na msica, para represent-los bastam somente sete A msica foi cultivada durante notas:
muito tempo por transmisso oral d r mi f sol l de gerao em gerao. As origens da notao ocidental si encontram-se nos smbolos taquigrficos gregos notao fontica. pentagrama, A estes monosslabos utilizados predominantemente emO lnguas latinas, sistema correspondem as sete letras usadas em ingls, grego, etc.: de cinco linhas paralelas, conhecido desde o sculo XI, foi adotado apenas no C D E F G A sculo XVII.
As notas so representadas graficamente com sinais na forma oval que, pelas posies tomadas no pentagrama, indicam os sons mais graves ou mais agudos. mais agudos mais graves O pentagrama ou a pauta musical a disposio de cinco linhas paralelas horizontais e quatro espaos intermedirios, onde se escrevem as notas musicais. Contam-se as linhas e os espaos de baixo para cima.
5 4 3 2 1 4 3 2 1
Na pauta podem ser escritas apenas nove notas. Para grafar as notas mais agudas ou mais graves, utilizam-se as linhas suplementares (curtos segmentos de linha horizontal que atuam como uma extenso da pauta mantendo o mesmo distanciamento das linhas da pauta normal). Contam-se as linhas e os espaos suplementares a partir da pauta. LINHAS E ESPAOS SUPLEMENTARES SUPERIORES
LINHAS E ESPAOS SUPLEMENTARES INFERIORES As linhas suplementares so tambm chamadas linhas complementares ou linhas auxiliares. O nmero de linhas ilimitado, mas procura-se evitar os excessos (acima de oito linhas suplementares).
TEORIA DA MSICA 7
CAPTULO III: CLAVE DE SOL CLAVE DE F NA QUARTA LINHA O uso do pentagrama permite a grafia relativa, isto , indica que um som mais agudo que outro. Para definir o nome de cada nota na pauta necessrio dar nome a pelo menos uma delas. A clave um sinal colocado no incio da pauta que d seu nome nota escrita em sua linha. Nos espaos e nas linhas subseqentes, ascendentes ou descendentes, as notas so nomeadas sucessivamente de acordo com a ordem: d r mi f sol l si d ... A palavra clave vem do latim e significa chave. Atualmente usam-se trs tipos de clave: de Sol, de F e de D. As claves derivam de letras maisculas que eram indicaes das linhas nas pautas primitivas. O desenho da clave de Sol origina-se da letra G, o da clave de F da letra F e o da clave de D da letra C. O desenho da clave das claves uma deformao histrica das letras acima. O desenho da clave se repete rigorosamente no incio de cada nova pauta. A clave de Sol marca o lugar da nota sol na segunda linha:
Tendo a posio da nota sol, pode-se deduzir os nomes das outras notas:
Para definir a relao entre as notas grafadas nas duas claves, preciso definir uma s nota, grafada em duas claves. Esta nota chama-se D Central.
TEORIA DA MSICA 8
D Central
TEORIA DA MSICA 9 A clave de Sol prpria para grafar notas agudas (violino, flauta, obo, canto, etc.). A clave de F indicada para as notas graves (violoncelo, contrabaixo, fagote, trombone, etc.). Tendo uma mesma nota grafada em duas claves diferentes, pode-se transcrever melodias de uma clave para outra. Transcrever uma melodia significa grafar a mesma melodia na mesma altura, usando outro sistema, por exemplo, outra clave.
O sistema de cinco linhas e de sete claves at hoje o sistema mais usado e o mais prtico. Todas as outras modalidades de grafia so usadas esporadicamente. Sistema de onze linhas: a aproximao das duas pautas, uma com a clave de Sol e a outra com a clave de F. Muito interessante, porm pouco prtico. Tablaturas: indicaes da posio dos dedos nas cordas do instrumento. Notao numrica: nmeros que representam os graus da escala e traos em cima ou em baixo do nmero que indicam as oitavas superiores ou inferiores. Braile: notao para deficientes visuais atravs de um sistema de perfuraes. Setticlavio o conjunto das sete claves musicais. Colocao da nota D Central no setticlavio:
TEORIA DA MSICA 10
do
Antigamente eram as palavras que indicavam, mais momentos Em msica existem sons longos e sons breves. H tambm ou menos, o tempo de durao de cada quando se interrompe a emisso do som: os silncios. princpio do sculo XIII A durao do som nota. No depende da durao da vibrao do corpo elstico. A durao a maior ou surgiram as figuras mesurais menor continuidade de um som. A relao entrepara determinar a durao dos o durao de sons define sons. As mais antigas eram a ritmo. Mxima, a Longa, a Breve, a O ritmo a organizao do tempo. O ritmo noSemibreve, a Mnima e mas , portanto, um som, a Semnima. Eram originalmente somente um tempo organizado. A palavra ritmo (em grego rhythmos) pretas, posteriormente brancas. designa aquilo que flui, aquilo que se move. No incio do sculo XVII a notao redonda substituiu a notao quadrada. Na notao musical atual, cada nota escrita na pauta informa a altura
(posio da nota na linha ou no espao da pauta), e tambm a durao (formato e configurao da nota). A durao relativa dos sons definida pelos valores (os valores definem propores entre as notas). A durao absoluta dada pela indicao do andamento. Valor o sinal que indica a durao relativa do som e do silencio. Os valores positivos ou figuras indicam a durao dos sons e os valores negativos ou pausas indicam a durao dos silncios. As figuras e pausas so um conjunto de sinais convencionais representativos das duraes. So sete os valores que representam as figuras e as pausas no atual sistema musical. Para cada figura existe uma pausa correspondente. As duraes das figuras e das pausas correspondem-se.
muito importante a preciso na grafia das notas! Observaes sobre a grafia das notas: A nota que est no espao no deve passar para a linha de cima nem para a de baixo. A nota que est na linha ocupa metade do espao superior e a metade do espao inferior. A haste um trao vertical colocado direita da figura quando para cima e esquerda quando para baixo. As notas colocadas na parte
TEORIA DA MSICA 11 inferior da pauta (at a terceira linha) tm haste para cima. As notas colocadas na parte superior da pauta (a partir da terceira linha) tm haste para baixo. Na terceira linha facultativo colocar a haste para cima ou para baixo.
3 linha
A haste das notas colocadas nas linhas e nos espaos suplementares mais longa. A haste das figuras com trs ou mais colchetes tambm mais longa. Os colchetes so colocados no lado direito das hastes. Quando existe a sucesso de vrias figuras com colchete(s), estes podem ser unidos com uma barra de ligao. A haste atravessa todas as barras de ligao.
A pausa da semibreve escrita sob a quarta linha. A pausa da mnima escrita sobre a terceira linha. As demais pausas devem ser centralizadas no pentagrama. Nas pausas com colchetes, o colchete mais alto deve ser colocado no terceiro espao. Regra principal: a escrita deve ser a mais clara possvel e as notas devem ser agrupadas de maneira que representem sempre uma unidade reconhecvel.
TEORIA DA MSICA 12
CAPTULO V: DIVISO BINRIA DE VALORES A unidade divide-se em duas partes iguais. Indica-se w/2.
As pausas obedecem mesma proporo dos valores, isto , cada uma vale duas da seguinte.
TEORIA DA MSICA 13
O menor intervalo entre dois sons , na verdade, a diferena de uma vibrao (por exemplo, entre uma nota com 70 Hz e outra com 71 Hz). O sistema musical ocidental utiliza somente uma seleo semitonal dos sons existentes. Algumas culturas orientais (japonesa, chinesa, rabe, hebraica, indiana, etc.) utilizam em seu sistema musical fraes menores que um semitom (um quarto de tom, um oitavo de tom, etc.).
CAPTULO VI: SEMITOM, TOM E ALTERAES Semitom ou meio tom o menor intervalo adotado entre duas notas na msica ocidental (no sistema temperado). Abrevia-se st ou mt.
O sistema natural, fundamentado em clculos acsticos, define com preciso o nmero de vibraes para cada nota e as relaes entre elas. Nesse sistema, o som resultante da sobreposio de doze quintas mais agudo do que o de sete oitavas. Coma (do grego koma) a nona parte de um tom. 5 comas d d# 1 coma d 4 comas rb 5 comas r 4 comas r
O sistema temperado iguala os semitons em partes perfeitamente iguais, ficando cada um com quatro comas e meia. 4 comas d d 4 comas d# rb 4 comas 4 comas r r
O sistema temperado representa o abandono da perfeio da afinao no sistema natural em favor do uso do sistema cromtico. uma renncia aos clculos fsicos acstica pura, para facilitar as projees harmnicas. O sistema natural mais afinado, mas , por outro lado, bastante complexo. O sistema temperado, por sua vez, menos afinado, porm mais prtico. A escala temperada consiste na diviso da oitava em doze semitons iguais. Instrumentos temperados so instrumentos de som fixo (piano, rgo, teclado, etc.) que produzem as notas da escala temperada. Instrumentos no temperados so instrumentos que no tem som fixo (violino, trombone, canto, etc.) e por isso podem produzir as notas da escala natural. Tom a soma de dois semitons. Abrevia-se t. Entre as notas mi f e si d h um semitom. Entre as notas d r, r mi, f sol, sol l e l si h um tom.
TEORIA DA MSICA 14
Acidente ou alterao o sinal que, colocado diante da nota, modifica sua entoao. O acidente grafado antes da nota (#d), mas pronuncia-se aps a nota (d sustenido). Nota natural a nota sem acidente (d, r, ...). Nota alterada a nota com acidente (d#, rb, ...). Os acidentes devem ser escritos com muita preciso, sempre na mesma linha ou no mesmo espao da cabea da nota. Alteraes ascendentes e descendentes: Sustenido: eleva a altura da nota natural um semitom (ou meio tom).
# X b b b
Alterao varivel:
ELEVA TOM
Dobrado sustenido: eleva a nota natural dois semitons. tambm chamado de sustenido duplo.
ELEVA 1 TOM
ABAIXA TOM
Dobrado bemol: abaixa a nota natural dois semitons. tambm chamado de bemol duplo.
ABAIXA 1 TOM
TEORIA DA MSICA 15
Bequadro: anula o efeito dos demais acidentes, tornando a nota natural. Dependendo do acidente anterior, o bequadro pode elevar ou abaixar a nota.
Cada nota pode ser alterada de quatro maneiras diferentes. O novo acidente anula o anterior.
Semitom pode ser: Natural; Diatnico; Cromtico ou artificial. O semitom natural formado por notas naturais. S existem dois semitons naturais: mi f e si d. Os semitons mi f e si d alm de serem semitons naturais, so tambm semitons diatnicos. O semitom diatnico formado por notas de nomes diferentes.
Os acidentes podem ser divididos em: Acidente fixo ou tonal: seu efeito estende-se sobre todas as notas do mesmo nome, durante todo o trecho, salvo indicao ao contrrio. O conjunto de acidentes fixos, grafados entre a clave e a frao de compasso, chama-se armadura. A armadura se repete no incio de cada pentagrama. Acidente ocorrente: coloca-se esquerda da figura e altera todas as notas de mesmo nome e de mesma altura que surgirem depois da alterao at o final do compasso em que se encontra. O acidente fixo ainda chamado de constitutivo e o acidente ocorrente de acidental. Acidente de precauo (ou acidente de preveno): coloca-se esquerda da figura para evitar equvocos na leitura corrente de um trecho. Antigamente grafava-se entre parnteses ou sobre ou sob a nota.
TEORIA DA MSICA 16
fixo
ocorrente
de precauo
CAPTULO VII: PONTO DE AUMENTO Ponto de aumento a abreviatura de uma combinao freqente de valores. um sinal colocado a direita de uma nota ou pausa, aumenta metade da sua durao. Ponto simples (um s ponto) acrescenta ao valor original a durao do valor seguinte de menor durao. A nota ou pausa com ponto chamada de pontuada.
Ponto duplo (dois pontos consecutivos): soma ao valor original a durao de dois valores seguintes (diferentes) de menor durao (ou acrescenta um meio e um quarto ao valor original).
Ponto triplo (trs pontos consecutivos): soma ao valor original a durao de trs valores seguintes (diferentes) de menor durao (ou acrescenta um meio, um quarto e um oitavo ao valor original).
Toda figura pontuada divisvel por trs e o resultado uma figura simples. Toda figura pontuada divisvel por dois e o resultado uma figura pontuada. Conforme o nmero de pontos de aumento classifica-se os valores: Simples: sem ponto. Composto: um ponto. Irregular: com dois ou mais pontos.
TEORIA DA MSICA 17
CAPTULO VIII: PONTO DE DIMINUIO Ponto de diminuio (ou staccato) um sinal que, colocado sobre ou sob a nota, divide o valor em som e silncio. A palavra staccato (italiano), que significa, em portugus, destacado, indica que os sons so articulados de modo separado e seco. No existe ponto de diminuio nas pausas. Ponto simples de diminuio (ou staccato simples) um ponto colocado acima ou abaixo da nota (prximo cabea da nota) que divide o valor em duas metades, sendo a primeira de som e a segunda de silncio. notao execuo
Ponto seco ou alongado (ou staccato secco, staccatissimo, staccato grande, staccato martelado) um sinal em forma de tringulo (um acento alongado), apontado para a cabea da nota, que divide o valor em quatro partes, sendo o primeiro quarto de som e os trs quartos restantes de silncio. notao execuo
Ponto ligado ou brando (ou staccato dolce, staccato misto, meio staccato) um sinal composto de ponto e trao (o ponto mais prximo cabea da nota), que divide o valor em quatro partes, sendo as primeiras trs partes de som e a ltima quarta parte de silncio. notao execuo
Ponto ligado tambm chamado de portato. A emisso das notas feita de uma maneira intermediria entre o legato e o staccato (por isso a combinao do ponto e ligadura). Na prtica, a diminuio da durao do som no exata, matemtica, mas apenas aproximada e varia conforme o estilo, o andamento e as exigncias da interpretao.
TEORIA DA MSICA 18
CAPTULO IX: LEGATO Legato uma palavra italiana usada para indicar que a passagem de um som para outro deve ser feita sem interrupo. Ligadura uma linha curva grafada sobre ou sob as figuras.
Articulao: diferentes formas de emisso e ataque dos sons (ligados, destacados). A articulao pertence tcnica do instrumento. No confundir com fraseamento, que um captulo da esttica.
Ligadura de prolongamento a ligadura colocada entre sons de mesma altura, somando-lhes a durao. Podem suceder duas ou mais ligaduras. S a primeira nota. Ou seja, aquela de onde parte a ligadura, articulada. As seguintes constituem uma prolongao da primeira.
Ligando mais de duas notas de mesma altura, grafam-se tantas ligaduras quanto forem necessrias para que todas as notas sejam ligadas nota seguinte. A ligadura une a cabea das notas e no as hastes. A ligadura prolonga o efeito do acidente. Ateno: ligadura entre pausas no faz sentido!
sol sustenido Ligadura de expresso a ligadura colocada sobre ou sob figuras de alturas diferentes, as quais devem ser executadas unidamente, sem nenhuma interrupo. s vezes tambm chamada de ligadura de portamento. O sinal grfico ligadura pode ser substitudo pela palavra legato.
TEORIA DA MSICA 19
CAPTULO X: INTERVALOS JUSTOS, MAIORES E MENORES Intervalo: a diferena de altura entre dois sons. a relao existente entre duas alturas. o espao que separa um som do outro. A medida fsica de intervalo, criada pelo fsico francs Flix Savart, se chama Savart. Altura absoluta do som a altura exata, correspondente a um determinado nmero de vibraes. Altura relativa do som o resultado da comparao entre sons (no mnimo dois). MELDICO
HARMNICO
Formado por notas simultneas.
ASCENDENTE
DESCENDENTE
CONJUNTO
Formado por notas consecutivas.
DISJUNTO
SIMPLES
Formado por notas que esto dentro de uma oitava.
COMPOSTO
Os intervalos so medidos de duas maneiras: Numericamente; Qualitativamente. A classificao de intervalos feita segundo o nmero de notas contidas no intervalo. As notas que formam o intervalo tambm so contadas. A classificao numrica dos intervalos no leva em considerao nem os acidentes nem as claves.
TEORIA DA MSICA 20
O intervalo simples de: Primeira (1) contm uma nota; Segunda (2) contm duas notas; Tera (3) contm trs notas; Quarta (4) contm quatro notas; Quinta (5) contm cinco notas; Sexta (6) contm seis notas; Stima (7) contm sete notas; Oitava (8) contm oito notas.
O intervalo composto de: Nona (9) contm nove notas; Dcima (10) contm dez notas; Dcima primeira (11) contm onze notas; Dcima segunda (12) contm doze notas.
INTERVAL OS A qualificao de intervalos feita segundo o nmero de tons e semitons contidos num determinado intervalo. H dois tipos de intervalos os justos (puros ou perfeitos) e os maiores ou menores. JUSTOS: 1; 4; 5; 8. MAIORES ou MENORES: 2; 3; 6; 7. Intervalos justos: Primeira justa (1 j): tambm chamada de unssono. Compreende dois sons do mesmo nome e de mesma altura. Quarta justa (4 j): formada por dois tons e um semitom. Quinta justa (5 j): formada por trs tons e um semitom. Oitava justa (8 j): formada por cinco tons e dois semitons. D-se tambm o nome de oitava ao conjunto de notas existentes entre uma nota qualquer e sua primeira repetio no grave ou no agudo. Ateno: seis tons no formam uma oitava!
TEORIA DA MSICA 21 Intervalos maiores e menores: Segunda maior (2 M): formada por um tom. Segunda menor (2 m): formada por um semitom. Tera maior (3 M): formada por dois tons. Diton (do grego) o intervalo formado por dois tons. Tera menor (3 m): formada por um tom e um semitom. Sexta maior (6 M): formada por quatro tons e um semitom. Sexta menor (6 m): formada por trs tons e dois semitons. Ateno: quatro tons no formam uma sexta menor! Stima maior (7 M): formada por cinco tons e um semitom. Stima menor (7 m): formada por quatro tons e dois semitons. Ateno: cinco tons no formam uma stima menor!
Para facilitar a grafia dos nomes dos intervalos, so abreviados os intervalos maiores com letra maiscula (segunda maior = 2 M) e os menores com letra minscula (segunda menor = 2 m). Procedimentos prticos para identificar os intervalos: Classifica-se numericamente o intervalo. Qualifica-se o intervalo formado pelas notas naturais (sem acidentes). Qualifica-se o mesmo intervalo com os acidentes, comparando-o com aquele sem acidentes. Quando ambas as notas do intervalo tm acidentes iguais, a qualificao idntica a do intervalo sem acidentes.
TEORIA DA MSICA 22
CAPTULO XI: INTERVALOS AUMENTADOS E DIMINUTOS Intervalos aumentados (A) so os que tm um semitom cromtico a mais que os justos ou maiores. Intervalos diminutos (D) so os que tm um semitom cromtico a menos que os justos ou menores.
Ateno: no existe o intervalo primeira diminuta! Intervalos superaumentados (SA ou 2xA) so os que tm um semitom a mais que os aumentados. Intervalos superdiminutos (SD ou 2xD) so os que tm um semitom a menos que os diminutos. O intervalo superaumentado tambm chamado de excedente e o superdiminuto de deficiente. Teoricamente possvel formar intervalos trs, quatro e cinco vezes aumentados e diminutos. CAPTULO XII: INTERVALOS COMPOSTOS Intervalos compostos so aqueles que ultrapassam o limite da oitava. Intervalo composto um intervalo simples acrescido de uma ou mais oitavas.
Para formar um intervalo correspondente composto, adiciona-se ao intervalo simples uma ou mais oitavas. Para reduzir um intervalo composto ao seu correspondente simples, subtraem-se as oitavas. Classifica-se o intervalo composto como se fosse intervalo simples e adiciona-se o nmero sete para cada oitava.
TEORIA DA MSICA 23
TEORIA DA MSICA 24
CAPTULO XIII: INVERSO DE INTERVALOS Inverter um intervalo consiste em trocar a posio das notas, isto , transportar a nota inferior uma oitava acima ou a nota superior uma oitava abaixo.
Na inverso do intervalo meldico, a seqncia das notas no se altera (continua a mesma). A primeira nota do intervalo original continua sendo a primeira nota do intervalo invertido. Se a ordem das notas for alterada, encontra-se o intervalo complementar da oitava e no o invertido. A inverso muda a classificao de intervalos. A soma do intervalo original e do invertido nove. 1 2 3 4 8 7 6 5
= 9
descendente menor diminuto superdiminu to JUSTO
A inverso muda a qualificao de intervalos. Os intervalos justos, quando invertidos, no mudam sua qualificao (continuam justos). ascendente maior aumentado superaumenta do JUSTO CAPTULO XIV: ENARMONIA Enarmonia a substituio de uma ou mais notas por outras que, muito embora de nome diferentes, representam os mesmos sons. Notas enarmnicas so notas de nomes e grafia diferentes, porm com o mesmo resultado auditivo. No piano, as notas enarmnicas so tocadas na mesma tecla. Nos instrumentos de afinao natural (no fixa) duas notas enarmnicas no tm rigorosamente a mesma altura. A enarmonia surgiu como conseqncia do sistema temperado que iguala os semitons cromticos e diatnicos.
TEORIA DA MSICA 25
CAPTULO XV: ESCALA GRAU Escala uma sucesso ascendente ou descendente de notas diferentes consecutivas. o conjunto de notas disponveis num determinado sistema musical. uma sucesso ordenada de sons, compreendidos no limite de uma oitava. A palavra escala tem sua origem no latim scala, que significa gama ou escada. As escalas so classificadas: Quanto ao nmero de notas: Pentatnica (cinco notas); Hexacordal (seis notas); Heptatnica (sete notas); Artificial ou cromtica (doze notas).
Quanto utilizao: Escalas naturais ou diatnicas; Escalas artificiais ou cromticas; Escalas exticas e outras; Escala natural ou diatnica uma seqncia de sete notas diferentes consecutivas (a oitava nota repetio da primeira) guardando entre si, geralmente, o intervalo de um tom ou semitom. A palavra dia (do grego) significa atravs, entre. A palavra diatnico (do grego) significa atravs da sucesso de tons. Diaton (do grego) o intervalo que separa duas notas conjuntas no cromticas. Escalas antigas (modos), por exemplo, modo drico:
Escala artificial ou cromtica uma seqncia de doze semitons consecutivos (oitava dividida em doze semitons).
TEORIA DA MSICA 26
Escalas exticas e outras tm a formao singular. Graus: nome dado s notas que formam a escala. Numeram-se por algarismos romanos. A primeira nota da escala considerada o grau I, a segunda II, etc. A escala diatnica tem sete graus. O oitavo a repetio do primeiro grau. Na escala descendente, os graus conservam os mesmos graus da ascendente.
Cada grau da escala recebe um nome especial, conforme a funo que exerce.
Sensvel / Subtnica
Superdominante
Dominante
Subdominante
Mediante
Supertnica
Tnica
TEORIA DA MSICA 27
TEORIA DA MSICA 28
O primeiro grau, tnica, d o nome escala e ao tom. o grau principal da escala. O segundo grau, supertnica ou sobretnica, encontra-se um grau acima ou sobre a tnica. O terceiro grau, mediante, encontra-se nomeio dos dois graus mais importantes, I e V. O quarto grau, subdominante, est um grau abaixo ou sob a dominante e desempenha um papel um pouco menos importante que a dominante. O quinto grau, dominante, o grau mais importante depois da tnica. o grau que domina os outros graus, tanto na melodia quanto na harmonia. O sexto grau, superdominante, est um grau acima ou sobre a dominante. Encontra-se no meio dos graus importantes I IV (na direo descendente). O stimo grau chamado de sensvel quando est meio tom abaixo da tnica. H uma grande atrao da sensvel em relao tnica. O stimo grau chamado de subtnica quando est um tom abaixo da tnica. Graus tonais I, IV e V: com seus respectivos acordes caracterizam o tom. Os graus tonais formam com a tnica os intervalos justos.
Modo o carter de uma escala. Ele varia de acordo com a posio de tons e semitons e suas relaes com a tnica. Maior (escala tipo maior); Menor (escala tipo menor). Graus modais III, VI e VII: so os que diferem, comparando duas escalas com a mesma tnica, uma maior e a outra menor.
Tonalidade: a interdependncia em que se encontram os diferentes graus da escala relativamente tnica, centro de todos os movimentos. o complexo de sons e acordes relacionados com um centro tonal principal, tnica. o conjunto de funes dos graus da escala e dos acordes sobre eles
TEORIA DA MSICA 29 formados. o sistema que rege as escalas ou tons, segundo o princpio de que os seus diferentes graus esto na dependncia da nota principal. Tonalidade maior o conjunto de todas as escalas maiores. Tonalidade menor, de todas as escalas menores. Tom a altura em que se realiza a tonalidade. O tom exprime o mesmo conjunto de notas que a escala, as notas podendo, entretanto, sucederem-se alternadamente. A msica tonal aquela em que existe uma hierarquia de sons, distinguindo-se, entre os mesmos, o centro de atrao. Exemplo de uma tonalidade Tom de D maior
Bitonalidade um processo harmnico que consiste na sobreposio ou simultaneidade de melodias ou acorde pertencentes a tons diferentes. Politonalidade a simultaneidade de vrios tons diferentes. Atonalidade a negao de tonalidade. Adota o sistema cromtico temperado que no se relaciona com centros tonais e rejeita os conceitos de consonncia e dissonancia. CAPTULO XVI: CONSONNCIA E DISSONNCIA DE INTERVALOS Dois ou mais sons simultneos produzem o efeito de consonncia ou dissonncia. A consonncia proporciona uma sensao de repouso ou estabilidade. A dissonncia proporciona uma sensao de movimento e tenso. Intervalo consonante aquele cujas notas se completam. Tem o carter estvel, conclusivo, passivo e de repouso. Intervalo dissonante aquele cujas notas no se completam. Tem o carter ativo, dinmico, transitivo, instvel e de movimento. Consonncia e dissonncia so os dois elementos principais da harmonia clssica. Consonan tes Dissonant es CAPTULO XVII: ESCALAS MAIORES Escala maior uma escala diatnica que tem dois semitons, entre os graus III IV e VII I. Entre os outros h intervalo de tom. Escala D maior (escala modelo): Perfeito: 1 j, 4 j, 5 j e 8 j. Imperfeito: 3 M, 3 m, 6 M e 6 m. Neutro: 4 A e 5 D. Suave: 7 m e 2 M. Forte: 7 M e 2 m.
TEORIA DA MSICA 30 A escala maior composta de dois tetracordes consecutivos. A formao do primeiro tetracorde idntica a do segundo: um tom, um tom e um semitom. O primeiro tetracorde separado do segundo por um intervalo de um tom.
Tetracorde: sucesso de quatro notas diferentes consecutivas. A palavra tetracorde vem do grego (tetrakhordon): tetra = quatro, khordon = corda. Tetracrdio denominava uma lira antiga de quatro cordas. O primeiro tetracorde chamado de tetracorde inferior, por ser o mais grave, e o segundo de superior, por ser o mais agudo. Diazeuxis o nome dado pelos gregos ao intervalo entre um tetracorde e outro. Denominao da escala: a escala toma o nome do seu primeiro grau e da tonalidade que lhe prpria. Exemplo: D maior = D o nome do primeiro grau. Maior indica que a tonalidade maior. As demais escalas maiores tm, na distribuio dos tons e semitons, uma formao idntica a do modelo (D maior).
FORMAO DAS ESCALAS MAIORES COM SUSTENIDOS Considerando que a formao de dois tetracordes de uma escala maior idntica, o primeiro tetracorde de uma escala pode se tornar o segundo de uma oitava pode se tornar o segundo de outra escala e o segundo tetracorde pode se tornar o primeiro de outra escala. Tomando o segundo tetracorde da escala modelo D maior como tetracorde inicial de uma nova escala, forma-se a escala de Sol maior. O primeiro tetracorde da nova escala j se apresenta completo. Para completar a escala, acrescenta-se a segundo tetracorde. Nesse segundo tetracorde a disposio de tons j no igual a do primeiro. Para formar a seqncia de tons e semitons caracterstica de uma escala maior, ser necessrio elevar o stimo grau maio tom. Poe este processo podem ser formados todas as escalas maiores sustenizadas.
D maior
TEORIA DA MSICA 31
Sol maior
R maior
As escalas sustenizadas se sucedem por quintas justas ascendentes. Os nomes das escalas maiores sustenizadas: Sol R L Mi Si F # D # FORMAO DAS ESCALAS MAIORES COM BEMIS Tomando-se o primeiro tetracorde da escala modelo D maior como tetracorde final de uma nova escala, forma-se a escala de F maior. O segundo tetracorde da nova escala j se apresenta completo. Para concluir a escala, acrescenta-se o primeiro tetracorde. Nesse primeiro tetracorde a disposio de tons no igual a do segundo. Para formar a seqncia caracterstica de uma escala maior, ser necessrio abaixar o quarto grau meio tom. Por este processo podem ser formadas todas as escalas maiores bemolizadas.
D maior
F maior
Si b maior
As escalas bemolizadas se sucedem por quintas justas decendentes. Os nomes das escalas bemolizadas: F Si b Mi b L b R b Sol b D b Armadura de escala um