Manual de Bpa Nacional

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 74

Boas Prticas Agropecurias

DE CORTE
2 edio revista e ampliada
a

BOVINOS
Manual de Orientaes
Ezequiel Rodrigues do Valle Editor Tcnico

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria Embrapa Gado de Corte Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

Boas Prticas Agropecurias

DE CORTE
2a edio revista e ampliada

BOVINOS
Manual de Orientaes
Ezequiel Rodrigues do Valle Editor Tcnico

Embrapa Gado de Corte Campo Grande, MS 2011

Embrapa Gado de Corte Rodovia BR 262 Km 4, CEP 79002-970 Campo Grande, MS Caixa Postal 154 Fone: (67) 3368 2064 Fax: (67) 3368 2180 www.cnpgc.embrapa.br [email protected] Comit de Publicaes da Unidade Presidente: Cleber Oliveira Soares Secretrio-Executivo: Grcia Maria Soares Rosinha Membros: Ecila Carolina Nunes Zampieri Lima, Elane de Souza Salles, Fabiane Siqueira, Grcia Maria Soares Rosinha, Jaqueline Rosemeire Verzignassi, Lucimara Chiari, Roberto Giolo de Almeida, Paulo Henrique Nogueira Biscola, Websten Cesrio da Silva Supervisor editorial: Ezequiel Rodrigues do Valle Revisor de texto: Lcia Helena Paula do Canto, Rodrigo Carvalho Alva Normalizao bibliogrfica: Elane de Souza Salles Editorao eletrnica: Tiago Jos Leo Rossi Foto da capa: Ezequiel Rodrigues do Valle Bolsista: Karen Carla da Silva Martins 1a 1a a 2 2a 1a edio impresso (2006): 1.000 exemplares impresso (2007): 6.000 exemplares edio impresso (2011): 2.000 exemplares

Todos os direitos reservados A reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei no 9.610). Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) Embrapa Gado de Corte Boas prticas agropecurias: bovinos de corte: manual de orientaes / editor tcnico Ezequiel Rodrigues do Valle. 2. ed. rev. ampl. Campo Grande, MS : Embrapa Gado de Corte, 2011. 69 p. ; 27,5 cm. ISBN 978-85-297-0252-0 1. Bovino de corte - Produo. 2. Bovino de corte - Manejo. 3. Administrao rural. I. Valle, E. R. do, ed. II. Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS). III. Cmara Setorial Consultiva da Bovinocultura e Bubalinocultura do Estado de Mato Grosso do Sul. CDD 636.213 (21. ed.)

Embrapa Gado de Corte 2011

APRESENTAO

Quem observa o vigoroso movimento de modernizao tecnolgica, que reestruturou a explorao agrcola brasileira no que hoje conhecemos por Agricultura Tropical, h de perceber na pecuria de corte, como em todos os demais segmentos, que essa modernizao se manifesta, concomitantemente, em dois fluxos transformadores. O primeiro fluxo mais bvio e com alguma precedncia histrica o quantitativo, consubstanciado no aumento da oferta de carne, a partir do crescimento superlativo dos rebanhos, sustentado pela melhoria de indicadores, tais como as taxas de desfrute e de ganho de peso dos animais e de suporte das pastagens, alm de outros, visveis desde o primeiro momento dessa transformao. O segundo o fluxo qualitativo, menos aparente pois est embutido em muitos dos esforos por ganhos quantitativos, mas que , desde os primeiros momentos, determinante para isso. Estabelece-se a partir de fatores como a gentica superior, presente tanto nos animais, quanto nas pastagens e gros usados nos confinamentos, ou como o zelo sanitrio, os quais se expressam em atributos, tais como a maciez e higidez da carne e a quase ausncia de defeitos no couro. Nas ltimas dcadas, o fluxo qualitativo foi redefinido para no apenas melhorar o como fazer, mas tambm minorar os impactos desse fazer: incorporou no seu receiturio preocupaes sociais, como acesso melhor educao para filhos dos vaqueiros, e ambientais, como a reduo das emisses dos gases de efeito estufa. O fluxo quantitativo continua focado nos mesmos propsitos: crescer a oferta para atender ao crescimento dos mercados. Contudo, ilusrio pensar que um fluxo tenha substitudo o outro. Ambos continuam plenamente operantes, pois ainda h muito o que se avanar tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Um dos ltimos refinamentos tecnolgicos, a integrao lavoura-pecuria-floresta, mostra que perfeitamente factvel multiplicar por seis a produo de carcaa, reduzir a emisso mdia de gases de efeito estufa por rea e constituir expressiva reserva de carbono sequestrado da atmosfera em cada hectare explorado dessa maneira. So nada menos do que estas as ambies e os sonhos contidos nesse conjunto de boas prticas agrcolas para a pecuria de corte que a Embrapa Gado de Corte e seus parceiros pblicos e privados reuniram nesta publicao e entregam aos criadores brasileiros, na expectativa de que a sua plena adoo fortalea ainda mais a presena e a liderana brasileira no mercado mundial de carne bovina. Boa leitura!

Pedro Arraes Diretor Presidente da Embrapa

Foto: Antnio Jos de Oliveira

PREFCIO

O Brasil, como maior exportador de carne bovina do mundo, atinge mercados importantes e estratgicos que exigem alimentos seguros, de qualidade reconhecida e proveniente de sistemas de produo sustentveis. Para fazer frente a tais requisitos, apresentamos o Programa de Boas Prticas Agropecurias para Bovinos de Corte. Trata-se de uma parceria indita entre produtores rurais, entidades de representao do setor e rgos do governo. O sistema consiste em um manual de procedimentos em boas prticas que orienta o produtor rural na utilizao adequada das tecnologias sustentveis disponveis a cada regio produtora, em consonncia com os requisitos econmicos, sociais e ambientais que devem ser seguidos, de modo a permitir a habilitao (certificao) das propriedades rurais, dos processos de produo e dos produtos obtidos. Trata-se de um programa de adeso voluntria para assegurar ao mercado consumidor que os produtos ofertados atendem aos padres mnimos de qualidade, alm de permitir a rastreabilidade total do processo. O Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa), por meio de seus programas, fomenta a implantao de tecnologias que permitam a aplicao de Boas Prticas Agropecurias (BPA) e o controle efetivo de todo o processo produtivo, visando obteno de alimentos seguros (isento de resduos fsicos, qumicos e biolgicos), com alta qualidade, produzidos em sistemas economicamente rentveis, socialmente justos e que respeitam o meio ambiente e o bem-estar animal. Essas aes contribuem para sua insero no Sistema Agropecurio de Produo Integrada (SAPI), o qual um sistema moderno de produo pecuria e agrcola, baseado nas boas prticas agropecurias. Diante disso, o BPA torna-se a ferramenta de gesto de relevada importncia para atender crescente demanda por alimentos seguros e consolidar o Brasil como grande produtor mundial de carne bovina procedente de sistemas produtivos sustentveis. um projeto pioneiro desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte e apoiado pelo Mapa, Ministrio do Meio Ambiente e Ministrio do Trabalho e Emprego, o que lhe confere reconhecimento oficial.

Mrcio Portocarrero Secretrio de Desenvolvimento Agropecurio e Cooperativismo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa)

Foto: Antnio Jos de Oliveira

HISTRICO

O primeiro Manual de Boas Prticas Agropecurias Bovinos de Corte foi editado pela Cmara Setorial da Bovinocultura e Bubalinocultura de Mato Grosso do Sul, em fevereiro de 2005, tendo como referncia o documento Boas Prticas na Produo de Bovinos de Corte, editado pela Embrapa Gado de Corte em 2002. Participaram da elaborao deste Manual todas as entidades membros desta Cmara Setorial, ligadas cadeia produtiva da carne bovina e bubalina. Em 30 de maio de 2005 foi lanado, oficialmente em Mato Grosso do Sul, o Programa de Boas Prticas Agropecurias Bovinos de Corte pela Embrapa Gado de Corte e a Cmara Setorial, em conjunto com o Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa), Secretaria de Estado da Produo e Turismo (Seprotur), Superintendncia Federal da Agricultura (SFA/MS), Agncia Estadual de Vigilncia Sanitria Animal e Vegetal (Iagro), Federao de Agricultura e Pecuria (Famasul), Servio Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e as demais entidades da iniciativa privada que apoiaram o programa. A primeira edio do Manual de Boas Prticas Agropecurias Bovinos de Corte, editado pela Embrapa Gado de Corte e pela Cmara Setorial da Bovinocultura e Bubalinocultura de Mato Grosso do Sul, incorporou as sugestes recebidas durante os cursos j realizados, bem como as contribuies do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa-OPAS/OMS) e o Programa Produo de Alimentos Seguros Campo (PASCampo). Para auxiliar no processo de transferncia de informaes e na avaliao da implantao das normas e dos procedimentos em boas prticas, essa verso inclui tambm uma lista de verificao anexa. Nesta edio, foram incorporadas as sugestes apresentadas pelo Ministrio do Meio Ambiente e Ministrio do Trabalho e Emprego, de modo a garantir a sustentabilidade ambiental e social dos processos produtivos. Essas sugestes foram encaminhadas para anlise e discusso Comisso Tcnica instituda pelo Mapa (Portarias N 384, de 20 de dezembro de 2007 e N 609, de 18 de agosto de 2009) com a finalidade de propor uma norma tcnica de Boas Prticas Agropecurias para bovinos e bubalinos de corte. As informaes aqui contidas visam melhoria da rentabilidade e da competitividade dos sistemas produtivos mediante a garantia da oferta de alimentos isentos de quaisquer resduos que possam comprometer a sade dos consumidores e provenientes de sistemas de produo sustentveis.

Ezequiel Rodrigues do Valle Editor Tcnico

Foto: Antnio Jos de Oliveira

CORPO TCNICO

Editor tcnico
Ezequiel Rodrigues do Valle, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Coordenador do Projeto Boas Prticas Agropecurias - Bovinos de Corte e Coordenador da Comisso Tcnica do BPA no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

Autores
Anderson Orlando Cesconetto, Engenheiro Agrnomo Eneida Maria de Rosa Silva Dacal, Mdica-Veterinria, Iagro/ MS Ezequiel Rodrigues do Valle, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Fernando Paim Costa, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Humberto Jos dos Santos, Engenheiro Florestal, Incra/ MS Orasil Bandini, Mdico-Veterinrio, Superintendncia Federal de Agricultura / MS Vanessa Felipe de Souza, Mdica-Veterinria, Embrapa Gado de Corte

Revisores tcnicos desta edio


Cleber Oliveira Soares, Mdico-Veterinrio, Embrapa Gado de Corte Fernando Paim Costa, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Fernando Nunes Alves, Secretaria Executiva, Ministrio do Trabalho e Emprego Gelson Luis Dias Feij, Mdico-Veterinrio, Embrapa Gado de Corte Jlio Csar Augusto Pompei, Mdico-Veterinrio, Centro Pan-Americano de Febre Aftosa Mauricio Sarto, Engenheiro Agrnomo e Advogado, Sindicato Rural de Rio Verde / MS Pedro Paulo Pires, Mdico-Veterinrio, Embrapa Gado de Corte Rodrigo Amorim Barbosa, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Srgio Raposo de Medeiros, Engenheiro Agrnomo, Embrapa Gado de Corte Thas Basso Amaral, Mdica-Veterinria, Embrapa Gado de Corte Vanessa Felipe de Souza, Mdica-Veterinria, Embrapa Gado de Corte

Foto: Antnio Jos de Oliveira

SUMRIO

Introduo............................................................................................................. Gesto da propriedade............................................................................................. Funo social do imvel rural................................................................................... Gesto dos recursos humanos.................................................................................. Gesto ambiental..................................................................................................... Instalaes rurais..................................................................................................... Manejo pr-abate..................................................................................................... Bem-estar animal..................................................................................................... Manejo das pastagens.............................................................................................. Suplementao alimentar.......................................................................................... Identificao animal e rastreamento............................................................................ Controle sanitrio.................................................................................................... Manejo reprodutivo.................................................................................................. Fontes consultadas.................................................................................................. Anexo 1. Exemplo de clculo do GUT e GEE para o Estado de Mato Grosso do Sul............ Anexo 2. Normas para trnsito de animais vivos suscetveis febre aftosa entre os diferentes Estados da Federao............................................................................... Anexo 3. Legislaes mais importantes relacionadas produo agropecuria........................

13 15 17 19 23 29 35 37 39 43 45 47 55 59 61

65 67

Foto: Antnio Jos de Oliveira

Introduo

Foto: Ezequiel Rodrigues do Valle

A bovinocultura de corte tem se destacado na economia nacional e vem assumindo posio de liderana no mercado mundial de carnes. O Brasil possui hoje o maior rebanho comercial do mundo; o segundo maior produtor mundial de carne bovina; e, a partir de 2003, passou a ser o primeiro exportador mundial, com destaque tanto no comrcio de carnes frescas como industrializadas. Diversos fatores foram determinantes para a conquista da liderana brasileira no comrcio internacional da carne bovina. Em primeiro lugar, so destacadas as aes desenvolvidas em prol da erradicao da febre aftosa, que resultaram na melhoria da percepo de qualidade do produto pelos pases importadores. Outra caracterstica adicional de valorizao foi a constatao da produo de alimento seguro, uma vez que a maior parte do rebanho brasileiro alimentada em pasto. Outros fatores, como solo, clima e recursos humanos, passaram a constituir vantagens comparativas que, somadas extenso territorial, tm permitido ao pas oferecer, aos mercados nacional e internacional, carne bovina de alta qualidade em volumes crescentes e a preos competitivos. Alm desses fatores, as iniciativas de rastreamento da carne bovina destinada exportao, especialmente para a Unio Europeia, tm contribudo de maneira significativa para o atendimento das expectativas dos consumidores internacionais quanto segurana dos alimentos. Para assegurar a qualidade e a segurana dos alimentos, grupos de consumidores, organizaes no governamentais e redes de supermercados, ligadas ao comrcio nacional e internacional de carnes, tm exigido dos seus fornecedores a implantao de processos de controle de qualidade, certificando que os produtos ofertados estejam de acordo com as normas e exigncias do mercado. Destes, destaca-se o sistema Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle (APPCC). Os princpios desse sistema, alm de garantir a produo de alimentos seguros sade do consumidor, so tambm utilizados nos processos de melhoria da qualidade do produto final em vrios pases. Ele tem como pr-requisito a implantao das boas prticas no campo, como tambm na indstria e nos demais elos da cadeia produtiva da carne bovina. Outra exigncia de mercado refere-se sustentabilidade dos sistemas produtivos, ou seja, aqueles que respeitam as legislaes ambientais, so economicamente viveis e tambm garantem o bem-estar dos animais. Um dos principais objetivos desta publicao conscientizar os produtores rurais sobre a necessidade de disponibilizar, para o mercado consumidor, alimentos seguros, com atributos de qualidade de interesse do consumidor e com preos acessveis. O atendimento desses requisitos ir facilitar a insero e a manuteno do Brasil no mercado mundial de carnes. A implantao voluntria das Boas Prticas Agropecurias (BPA) ir, tambm, possibilitar a identificao e o controle dos diversos fatores que influenciam o processo produtivo, tornando-o mais rentvel e competitivo. A insero definitiva das carnes brasileiras na economia mundial e seu fortalecimento no mercado interno

13

Introduo

vo depender da assimilao desses conceitos pelos diferentes elos da cadeia produtiva e da sua agilidade em atender, em tempo hbil, a essas novas demandas. Se aplicadas corretamente, as BPA, alm de teis, devero representar um passo importante para se obter o controle efetivo da qualidade para a certificao do produto final. As informaes contidas neste manual atendem, de maneira geral, s principais demandas para a produo sustentvel de um alimento seguro, visando tanto ao mercado internacional quanto ao nacional. No entanto, para contemplar demandas especficas de outros pases devem ser consultadas as certificadoras credenciadas para esses mercados.

14

Gesto da propriedade

Foto: Josimar Lima Nascimento

Trata das quatro funes que compem a administrao da propriedade rural: planejamento, organizao, direo e controle. Uma gesto adequada exige que todas essas funes sejam exercitadas em um nvel mnimo, aplicadas s diversas reas funcionais da empresa.

Importncia As grandes transformaes socioeconmicas, polticas, culturais e tecnolgicas ocorrentes em escala mundial aumentaram a complexidade da atividade agropecuria e, por conseguinte, dos processos de tomada de deciso nesse setor. Esse ambiente passou a exigir habilidades gerenciais que permitam assegurar maior acerto nas decises e melhor desempenho econmico e financeiro do negcio.

Diretrizes relacionadas com as funes administrativas


Para que uma fazenda atenda aos requisitos mnimos de gesto, as seguintes aes devem ser desenvolvidas: a) Planejamento: compreende a definio de objetivos, metas e aes voltadas para sua consecuo. No incio de cada ano: - Revisar metas, objetivos e aes propostas para o ano; - Prever receitas e despesas; - Programar investimentos e seu cronograma; - Estabelecer calendrios de manejo sanitrio, reprodutivo e alimentar. b) Organizao: corresponde ao estabelecimento das relaes entre funes, pessoal e fatores fsicos. Nesta diretriz: - Definir a distribuio dos recursos (fsicos, humanos e financeiros) usados na produo; - Organizar os diversos processos necessrios produo e administrao. c) Direo: trata de garantir a execuo do planejado de forma eficiente: - Delegar responsabilidades, definindo atribuies e recompensas (estratgias de motivao); - Dirigir e supervisionar as atividades, emitindo ordens e verificando sua execuo; - Preparar e expor, com clareza e visibilidade, quadros, murais e cronogramas de execuo das tarefas relativas ao manejo reprodutivo e sanitrio do rebanho e ao manejo das pastagens;

15

Gesto da propriedade

- Atender a todas as exigncias legais de ordem social, trabalhista, fiscal, sanitria e ambiental, conforme descritas nos respectivos captulos deste manual. d) Controle: corresponde ao acompanhamento das atividades, confrontando-as com os planos desenvolvidos e corrigindo as falhas identificadas: - Registrar e manter atualizadas as fichas zootcnicas (controle do rebanho e controle sanitrio); - Manter o registro de todos os insumos utilizados na propriedade, tais como vacinas, medicamentos, defensivos agrcolas, fertilizantes e suplementos alimentares, anotando data de aquisio, fabricante e validade; - Registrar as receitas e as despesas (caderno ou planilha eletrnica); - Consolidar receitas, despesas e resultados para os meses e o ano.

Recomendaes
- Ter um planejamento formal contendo objetivos, meios para alcan-los, responsabilidades e cronograma de execuo; - Selecionar e treinar empregados para que estes reconheam com clareza suas funes, responsabilidades e recompensas; - Possuir instalaes e equipamentos adequados escala e tecnologia do sistema de produo; - Dispor de instrumentos de controle, como fichas zootcnicas e livro-caixa, que podem ou no ser informatizados; - Apurar o custo de produo e as margens (margem bruta e margem operacional, entre outras), avaliando o desempenho econmico da atividade; - Calcular indicadores financeiros, com base no balano anual, o que d uma ideia da "sade" do negcio; - A informatizao da fazenda desejvel e pode ser implantada gradualmente, a partir de processos manuais consolidados.

16

Funo social do imvel rural

Foto: Josimar Lima Nascimento

Trata do atendimento a critrios e exigncias estabelecidas em lei nas reas social, ambiental e de produtividade do imvel rural. Importncia O no cumprimento da funo social do imvel rural poder torn-lo vulnervel desapropriao para fins de reforma agrria, segundo o Art. 184 da Constituio Federal de 1988 e a Lei n 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. A funo social cumprida quando a propriedade rural possui ndices de produtividade compatveis com a regio e infraestrutura, utiliza adequadamente os recursos naturais disponveis, respeita o meio ambiente e atende s legislaes sociais e trabalhistas.

Cumprimento da funo social do imvel rural


1) ndices de produtividade compatveis com a regio O ndice de produtividade avaliado mediante o clculo do Grau de Utilizao da Terra (GUT) e do Grau de Eficincia na Explorao (GEE). Para cumprir a sua funo social, o imvel rural ter que ter GUT e GEE iguais ou superiores a 80% e 100%, respectivamente. Grau de Utilizao da Terra refere-se utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e conservao do meio ambiente, ou seja, da rea aproveitvel do imvel pelo menos 80% devem estar cultivados com lavouras, pastagens, explorao florestal ou extrativista, para que a propriedade seja considerada produtiva. Grau de Eficincia na Explorao refere-se mnima produtividade agrcola e mnima lotao de unidades animais por hectare, conforme a Zona Pecuria (ZP) do pas. O Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (Incra) possui uma tabela que indica a produtividade mnima, para cada tipo de explorao agrcola, extrativista, ou florestal, e o nmero de animais por hectare, conforme a ZP do pas. No Anexo 1, apresentado um exemplo de clculo do GUT e GEE para o Estado de Mato Grosso do Sul. Para obter a produtividade mnima e os ndices de lotao e de converso por categoria animal, para as microrregies e municpios das ZPs dos demais estados, consultar o Sistema Nacional de Cadastro Rural do Incra (www.incra.gov.br). 2) Utilizao adequada dos recursos naturais A propriedade rural tem que estar em conformidade com as recomendaes da rea ambiental, descritas no captulo Gesto ambiental.

17

Funo social do imvel rural

3) Atendimento s legislaes sociais e trabalhistas O terceiro requisito sobre a funo social do imvel rural refere-se ao atendimento a essas legislaes, que so descritas no captulo Gesto dos recursos humanos Para obter os ndices de lotao e converso em Unidade Animal (UA) conforme a categoria, para as demais ZPs, por microrregio e municpios de outros estados, consultar o Sistema Nacional de Cadastro Rural do Incra (www.incra.gov.br).

18

Gesto dos recursos humanos

Foto: Antonio Jos de Oliveira

Trata das relaes sociais e trabalhistas que regulamentam a participao do trabalhador rural nos sistemas produtivos, tendo a tica como base e, como parceiros, a cultura e os valores morais, que so inseparveis.

Importncia As propriedades rurais so partes da sociedade em que esto inseridas. Por isso, tm como responsabilidade atender s obrigaes sociais e trabalhistas e observar o impacto que produzem sobre o bem-estar humano, o meio ambiente e a sociedade. Dessa forma, iro gerar recursos financeiros, sero provedoras de benefcios ao seu meio e atendero s demandas de mercados que buscam um produto final com qualidade e segurana, resultante de cadeias produtivas competitivas, ambientalmente corretas e socialmente justas.

Diretrizes relacionadas com a rea social e trabalhista


! Contrato de trabalho
Todos os funcionrios devem estar registrados e nos respectivos contratos devem estar especificados todos os acordos pactuados entre as partes. Quando ocorrer a resciso do contrato de trabalho, para aqueles com prazos superiores a doze meses, h obrigatoriedade da sua homologao no sindicato laboral, sob pena de nulidade.

! Exame admissional, peridico e demissional


O exame admissional uma avaliao mdica feita para verificar se o trabalhador est em condies fsicas e psquicas para desenvolver a atividade para a qual est sendo contratado. O exame peridico uma ao preventiva, em que a eterna vigilncia o fator preponderante para uma boa qualidade da sade do trabalhador, obedecendo aos intervalos previstos pela Norma Regulamentadora N 7 (NR 7) do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) que recomenda ser anual, quando menores de 18 anos e maiores de 45 anos de idade, e a cada dois anos, para trabalhadores entre 18 e 45 anos de idade. O exame demissional deve ser realizado obrigatoriamente dentro dos 15 dias que antecedem o desligamento definitivo do trabalhador. Sem esses exames, a empresa poder ser considerada culpada por todas as doenas contradas pelo trabalhador durante o contrato de trabalho, respondendo inclusive por eventuais aes indenizatrias por acidente ou doena de trabalho.

! Previdncia social
O recolhimento da contribuio previdenciria da parte patronal e do empregado de responsabilidade do empregador e deve ser feito mensalmente.

! Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS)


O recolhimento de responsabilidade do empregador e deve ser feito mensalmente.
19

Gesto dos recursos humanos

! Contribuio sindical
O recolhimento ao sindicato laboral da categoria efetuado pelo empregador e descontado do empregado. Este deve ser efetuado no ms de maro de cada ano e o valor da contribuio corresponde a um dia de salrio do empregado.

! Sade e higiene
O empregado e sua famlia devem ser orientados sobre noes bsicas de higiene e sade, alm de proporcionar condies para o acesso sade pblica preventiva.

! Educao
O empregador deve facilitar o acesso das crianas escola.

! Descanso semanal
O empregador deve garantir o descanso semanal ao funcionrio.

! Capacitao e treinamento
Os funcionrios devem receber treinamentos peridicos para capacit-los no desempenho de suas funes e seu desenvolvimento pessoal. Devem ser mantidos registros de todos os funcionrios capacitados para a comprovao dos treinamentos realizados.

! Segurana no trabalho rural


A legislao trabalhista estabelece a obrigao de cumprimento, por todos os empregadores rurais, da Norma Regulamentadora N 31 (NR 31) do Ministrio do Trabalho e Emprego. Essa norma prev um conjunto de medidas de proteo da sade e da integridade fsica dos trabalhadores, e seu cumprimento ajuda a prevenir acidentes e doenas relacionadas ao trabalho.

! Moradia
Disponibilizar aos funcionrios moradias em boas condies de habitao. Observar o disposto em lei, no que se refere a descontos salariais pela moradia disponibilizada. Caso no haja desconto, segundo a conveno coletiva do trabalho, esse valor no poder ser incorporado ao salrio, mas dever constar no contrato de trabalho.

! Alimentao
Se o funcionrio receber alimentao, esta poder ser descontada do salrio em at 25% do salrio mnimo nacional. Caso no seja descontado, segundo a conveno coletiva do trabalho, esse valor no poder ser incorporado ao salrio, mas dever constar no contrato.

! Trabalho escravo e infantil


So proibidos pela legislao trabalhista.
20

Gesto dos recursos humanos

! Trabalho escravo
A norma busca proteger o trabalho decente. Assim, comete o ilcito aquele que: submete algum a trabalho forado, jornada exaustiva ou condies degradantes de trabalho (por exemplo, no fornecendo instalaes sanitrias adequadas, gua potvel e fresca, expe os obreiros a riscos graves, etc.); cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de ret-lo no local de trabalho; mantm vigilncia ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de ret-lo no local de trabalho.

! Trabalho infantil
Segundo o Art. 7, inciso XXXIII, da Constituio Federal, proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre, para menores de 18 e de qualquer trabalho para menores de 16 anos, salvo na condio de aprendiz, a partir de 14 anos. Uma importante normativa, sobre o trabalho infantil a ser mencionado, o Decreto N 6.481, de 12 de junho de 2008. Este descreve as atividades e as ocupaes que so prejudiciais sade, segurana e moralidade. Estas so proibidas de serem exercidas por menores de dezoito anos. Como exemplo, destaca-se a atividade exercida na agricultura, por ser passvel de expor os adolescentes a riscos de acidentes com mquinas, com graves e irrecuperveis leses sua sade.

21

Foto: Antnio Jos de Oliveira

Gesto ambiental

Foto: Maria Luiza Nicodemo

Trata do manejo adequado dos recursos naturais existentes na propriedade rural, em conformidade com as leis ambientais e com as tcnicas recomendadas para a conservao do solo, da biodiversidade, dos recursos hdricos e da paisagem.

Importncia Alm de ser uma exigncia de mercado, uma questo de bom-senso e conscincia mundial. As leis ambientais podem assegurar a persistncia e a economicidade dos sistemas produtivos, e aqueles que a cumprem conferem a si e aos seus produtos uma distino de imagem, perante os consumidores. O Brasil tem uma legislao ambiental muito ampla e rigorosa, com inmeras restries a aes desenvolvidas no campo. Os infratores ficam sujeitos a multas, perda de benefcios fiscais ou de direito a financiamentos pblicos e, at mesmo, priso, conforme a Lei N 9.605, de 12 fevereiro de 1998, chamada Lei de Crimes Ambientais. Obs.: Ver no Anexo 3 as leis ambientais mais importantes ligadas produo pecuria.

Diretrizes relacionadas com a rea ambiental


! reas de preservao permanente
So aquelas protegidas por lei. A supresso total ou parcial de florestas e as demais formas de vegetao natural nessas reas s sero admitidas com prvia autorizao do Poder Executivo Federal, quando necessrias execuo de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pblica ou interesse social, definidos por ato declaratrio da autoridade governamental. Devem ser preservadas as florestas e vegetaes naturais nas seguintes condies: - Ao longo dos rios ou de qualquer curso d'gua desde o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja largura mnima ser:
30 m 50 m 100 m 200 m 500 m Para cursos dgua com, at, 10 metros de largura Para cursos dgua entre 10 e 50 metros de largura Para cursos dgua entre 50 e 200 metros de largura Para cursos dgua entre 200 e 600 metros de largura Para cursos dgua com largura superior a 600 metros de largura

23

Gesto ambiental

- Ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios d'gua naturais ou artificiais; - Nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos-d'gua", qualquer que seja a sua situao topogrfica, em um raio mnimo de 50 metros de largura; - No topo de morros, montes, montanhas e serras; - Nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100% na linha de maior declive; - Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; - Nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 metros em projees horizontais; - Em altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetao.

Obs.: Quando no especificados no prprio Cdigo Florestal, os limites de rea preservada esto dispostos na Resoluo CONAMA n 302, de 20 de maro de 2002.

! Reserva legal obrigatria


a rea de floresta ou demais formas de vegetao nativa com importncia ecolgica reconhecida, cujo Cdigo Florestal Brasileiro obriga a preservar no interior da propriedade rural, excetuada a de preservao permanente. Ela tem a finalidade de conservar a biodiversidade e proporcionar abrigo e condies de sobrevivncia para as espcies locais da fauna e da flora. A vegetao da reserva legal no pode ser suprimida, podendo apenas ser explorada sob regime de manejo florestal sustentvel, de acordo com princpios e critrios tcnicos e cientficos estabelecidos em regulamentos. A explorao sustentvel pode ser efetuada mediante apresentao de projeto de manejo, sob a superviso de engenheiros florestais e com a prvia autorizao do rgo de controle ambiental. Deve ser mantido o percentual mnimo de 80% de reserva legal para as propriedades rurais localizadas em reas de florestas na Amaznia Legal. Esse percentual pode ser reduzido para at 50% quando existir zoneamento ecolgico econmico e agrcola. Para as propriedades rurais localizadas em reas de cerrado da Amaznia Legal, o percentual de reserva legal de 35%. Nos demais ecossistemas (Cerrados, Mata Atlntica, Caatinga e Campos Sulinos) e regies do pas, o percentual de reserva legal de 20% do total da propriedade. A reserva legal deve ser averbada margem das inscries das matrculas, e sua destinao no pode ser alterada, mesmo em casos de transmisso a qualquer ttulo.

24

Gesto ambiental

Os proprietrios de imveis sem a cota mnima de reserva legal devem procurar auxlio de consultores ambientais para a elaborao de projetos tcnicos de recomposio, os chamados Projetos de Recuperao de reas Degradadas (PRADEs).

! reas com inclinao entre 25 e 45 graus


No permitida a derrubada de florestas situadas em reas de inclinao entre 25 e 45 graus, sendo somente nelas tolerada a extrao de toras, quando em regime de utilizao racional.

! Licenciamento ambiental
A Lei N 6.938/1981, que instituiu a Poltica Nacional de Meio Ambiente, determina a obrigatoriedade de licenciamento ambiental nas seguintes situaes: - Antes da construo, instalao, ampliao e funcionamento de estabelecimentos e atividades consideradas efetiva e potencialmente poluidoras, bem como as capazes, sob qualquer forma, de causar degradao ambiental; - Apesar de o Licenciamento Ambiental ser regido por legislaes federais, estaduais e municipais especficas, as atividades do setor rural devem ser licenciadas no rgo ambiental estadual.

! Autorizaes ambientais
Determinadas atividades comuns em propriedades rurais so regulamentadas por normas especficas de carter administrativo. Os rgos ambientais as elaboram para orientar a concesso de autorizaes ambientais para atividades no contnuas e que no se enquadrem entre aquelas obrigadas ao licenciamento. As atividades que requerem autorizao ambiental so: - Corte avulso de rvores; - Limpeza de pastos; - Aproveitamento de material lenhoso seco; - Queima de leiras; - Queimadas; - Poda de rvores e arbustos; - Colheita de folhas, ramos ou frutos de espcies da flora nativa; - Transporte, comercializao e depsito de matrias-primas exploradas diretamente da natureza;

25

Gesto ambiental

! Outras autorizaes
Algumas atividades, apesar de comuns, tm normas legais prprias cuja infrao constitui crime ambiental. So exemplos: - Transporte, depsito e aplicao de pesticidas; - Criao de animais silvestres; - Construo de benfeitorias em reas de preservao permanente e reserva legal; - Utilizao de recursos hdricos para irrigao e fornecimento aos animais; - Gerao de resduos e efluentes a partir de atividades de fabricao e manipulao de produtos.

Obs.: Nesses casos recomenda-se consultar o rgo ambiental responsvel.

Recomendaes
! Conservao do solo
Para evitar o assoreamento dos rios, a desvalorizao da propriedade e no comprometer a fertilidade e a capacidade de suporte das pastagens, as principais causas de eroso devem ser combatidas. Por exemplo: - Evitar, sempre que possvel, o acesso do gado s margens dos cursos d'gua; - Apesar de ser passvel de autorizao, as queimadas devem ser evitadas, pois o fogo elimina toda a forma de vida do solo, prejudicando sua fertilidade. Alm disso, elas comprometem a qualidade do ar e podem causar prejuzos econmicos, tais como queima de cercas e de rede de energia eltrica.

! Educao ambiental
Conscientizao dos funcionrios e seus familiares da importncia da conservao e preservao do ambiente. So hbitos simples e eficazes, como a separao do lixo, o destino correto de frascos de medicamentos e agroqumicos, a no manuteno de animais silvestres em cativeiro e outros.

! Descarte de resduos
Algumas precaues devem ser observadas para evitar a contaminao do solo, da gua e dos alimentos por resduos de qualquer natureza provenientes de defensivos agrcolas, produtos veterinrios e lixo domstico, tais como:

26

Gesto ambiental

- Realizar a coleta seletiva do lixo domstico e consultar o rgo competente do municpio para determinar o destino final; - Armazenar temporariamente as embalagens com suas respectivas tampas e rtulos e, preferencialmente, acondicionadas na caixa de papelo original, em local coberto, ao abrigo de chuva e ventilado; - Efetuar a trplice lavagem das embalagens rgidas vazias e perfurar o fundo para evitar a sua reutilizao, sem danificar o rtulo; - As embalagens flexveis vazias devem ser guardadas dentro de uma embalagem de resgate (adquirida no revendedor) devidamente fechada e identificada; - As embalagens vazias de produtos veterinrios devem ser recolhidas em tambores dispostos em local coberto no curral, para armazenamento provisrio; - Entregar as embalagens vazias ou com prazo de validade vencido na unidade de recebimento indicado no corpo da nota fiscal ou consultar o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) (http://www.inpev.org.br/) e os rgos estaduais de defesa sanitria e ambiental sobre o destino final dessas embalagens.

27

Foto: Antnio Jos de Oliveira

Instalaes rurais

Foto: Josimar Lima Nascimento

Trata da adequao das instalaes agropecurias de modo a no causar danos ao animal (couro e carcaa) e garantir a segurana do pessoal responsvel pelo manejo dos animais.

Importncia As instalaes para a produo de bovinos de corte devem se caracterizar pelos aspectos relacionados com a funcionalidade, resistncia, economia, segurana e que visem a atender aos princpios de bem-estar animal. Instalaes inadequadas podem comprometer a qualidade do produto final, por causa da ocorrncia de hematomas e feridas na carcaa e de furos, cortes e riscos profundos no couro bovino, alm de provocar desconforto e submeter os animais a condies dolorosas desnecessrias e frequentemente evitveis. Esses danos depreciam seu valor comercial, reduzindo, assim, a rentabilidade do produtor.

Diretrizes relacionadas com as instalaes rurais


Em casos de novas construes, as instalaes devem ser planejadas para atender ao fluxo de trabalho, considerando a frequncia de manejo, bem como o nmero e o tamanho dos animais, pois isso evitar gastos posteriores com adaptaes. Tambm so recomendados manuteno e reparos peridicos, assim como higienizao das instalaes para manter condies adequadas de manejo.

! Cercas
- Devem ser, preferencialmente, de arame liso com balancins, pois as de arame farpado podem provocar riscos e furos no couro do animal. - Lascas e moires no devem possuir salincias, farpas, pregos ou parafusos que possam ferir os animais. - As cercas eletrificadas devem possuir voltagem adequada, aterramento e isolamento seguros a fim de evitar descargas eltricas.

! Corredores
Para facilitar a conduo dos animais, a propriedade deve possuir corredores para conduo ao curral ou mudana de pasto. preciso tomar precaues quanto s cercas dos corredores, conforme recomendaes anteriores.

! Curral
Deve ser construdo de forma a permitir a realizao, com eficincia, segurana e conforto, de todas as prticas necessrias ao trato do gado, tais como: apartao, marcao e identificao, castrao, vacinao, descorna, inseminao, pesagem, controle de ecto e endoparasitos, exames ginecolgico e androlgico, embarque e desembarque de animais. importante considerar:

29

Instalaes rurais

Localizao: - Deve ser localizado de preferncia em terreno elevado, firme e seco, situado em local estratgico de modo a facilitar o manejo dos animais ou o seu embarque nos caminhes. Paredes internas: - No curral, no brete, no tronco de conteno e nas rampas de acesso do embarcadouro, estas devem ser lisas e livres de salincias como pontas de pregos, parafusos ou ferragens que possam provocar leses nos animais. Pisos: - Devem ser regulares e antiderrapantes para prevenir a queda dos animais; - A utilizao de balana eletrnica ou mecnica necessria para monitoramento do desenvolvimento ponderal dos animais; - A construo do embarcadouro deve ser planejada de forma a facilitar a entrada dos animais no caminho; - A rampa de acesso deve ter inclinao suave e o ltimo lance deve ser construdo, com aproximadamente 2,20 m na horizontal; - As paredes da rampa de acesso e do embarcadouro devem ser vedadas nas laterais para facilitar o embarque e reduzir o estresse dos animais; - O nivelamento do piso de sada do embarcadouro deve ser o mesmo do piso da carroceria do caminho; - A seringa do embarcadouro deve ser afunilada e, preferencialmente, vedada nas laterais. Instalaes: - A limpeza peridica das instalaes, principalmente brete, tronco e balana, deve ser feita para evitar o acmulo de terra e esterco; - A disponibilidade de pontos de gua (torneira e bebedouros) e energia eltrica importante; - A disponibilidade, no curral ou nas suas proximidades, de um banheiro para uso dos funcionrios necessria; - A disponibilidade de recipiente adequado para coleta do lixo produzido durante os trabalhos de manejo (exemplo: frascos vazios de vacinas e medicamentos) tambm recomendada.

! Reservatrios de gua Para o atendimento adequado das necessidades do rebanho, devem ser observadas as seguintes recomendaes:
- Os reservatrios devem estar, preferencialmente, localizados nos pontos altos, de forma a permitir a distribuio de gua por gravidade;
30

Instalaes rurais

- Em reas planas ou com pequena declividade, recomenda-se elevar o local de instalao dos reservatrios, por meio de aterro nivelado e compactado; - Os reservatrios podem ser construdos de alvenaria ou chapa metlica; - Calcular a capacidade do reservatrio, em funo do nmero de bebedouros que sero abastecidos, prevendo-se, inclusive, uma margem de segurana para casos de reparos no sistema de captao e elevao de gua; - Monitorar, periodicamente, a qualidade da gua.

! Bebedouros
Dar preferncia a bebedouros artificiais que possam ser higienizados e constantemente vistoriados para oferecer gua de boa qualidade: - Localizar estrategicamente os bebedouros e dimension-los em funo do nmero de animais a serem atendidos, considerando o consumo de 50 a 60 litros por animal adulto por dia; - Monitorar, periodicamente, a qualidade da gua; - Evitar o uso de audes, pois a gua parada pode ser fonte de contaminao pelo agente da leptospirose e toxina botulnica.

! Cochos para fornecimento de minerais, concentrados e volumosos


Para garantir o acesso dos animais e evitar perdas pela ao das chuvas ou ventos durante todo o ano, considerar os seguintes aspectos: - Os cochos para minerais devem ser cobertos e posicionados na pastagem, de forma a permitir a visita diria dos animais, pelo menos uma vez ao dia; - Devem ser construdos de forma a disponibilizar espao suficiente para que todos os animais tenham acesso livre e sem competio; - Podem ser construdos de diferentes materiais, tais como madeira serrada, concreto pr-moldado ou tambores de plstico, cortados longitudinalmente; - Os cochos para suplementao de volumosos e concentrados devem ser mais largos que os de minerais; - No caso de suplementao em pasto, recomendvel que eles sejam leves para facilitar as mudanas de locais.

! Instalaes para confinamento


Para a obteno de resultados promissores e garantir o suprimento dos concentrados e volumosos de forma adequada, devem ser observados os seguintes procedimentos:

31

Instalaes rurais

- Consultar o rgo local responsvel pelo meio ambiente antes da construo das instalaes e implantao da atividade; - O confinamento deve estar localizado em rea elevada da propriedade, levemente inclinada, prxima do centro de manejo e das reas de produo (milho, cana, capineira e outros), de preparo (misturador, moedor, picador e balana) e de armazenamento e conservao dos alimentos (sacaria, silos e outros); - Os cochos de alimentao devem ficar na parte frontal do piquete, para facilitar o fornecimento, e o piso prximo aos cochos deve ter boa drenagem (quando os animais so confinados durante todo o ano recomenda-se que os cochos sejam cobertos); - Disponibilizar sombreamento, sempre que possvel, para proporcionar conforto trmico e reduo de estresse aos animais, estimulando maior rendimento e ganho de peso dos mesmos; - Os bebedouros podem ser construdos com material de fcil limpeza e higienizao e possuir piso com boa drenagem ao seu redor; - Promover o tratamento dos dejetos, que podero ser utilizados como adubo orgnico ou biogs. ! Instalaes para suplementao de bezerros (creep-feeding) Para facilitar o acesso dos bezerros e atender adequadamente ao sistema de alimentao, importante respeitar os seguintes pontos: - A rea de suplementao deve estar localizada junto s reas de descanso das vacas, dos bebedouros ou nas proximidades do cocho de sal; - Possuir rea de 1,5 m/cria, deixando espao para circulao de dois metros entre o cocho e a cerca; - O tamanho de cada rea de suplementao depender do nmero de animais a serem suplementados; - O cercado pode ser construdo de estrutura metlica e mvel ou com postes de madeira, com espao de dois metros entre eles e com seis a oito fios de arame liso esticados com catracas; - O acesso de entrada, exclusivo aos bezerros, deve ter abertura de 0,40 m x 1,20 m; - Disponibilizar aproximadamente dez centmetros lineares de cocho por animal, sendo um de cada lado, por animal.

! Armazenamento de insumos
Estes devem ser armazenados em locais apropriados de modo a evitar o acesso de animais e a deteriorao dos produtos, bem como reduzir as possibilidades de contaminao de alimentos, sementes, raes, pessoas e animais.

32

Instalaes rurais

Para tal, as seguintes recomendaes devem ser seguidas: a) Localizao dos depsitos ou galpes: serem distantes de residncias, fontes de gua e abrigos para animais. b) Para a segurana dos galpes, considerar: - Proteger aberturas existentes para evitar a entrada de pssaros e outros animais no interior do depsito; - Proteger contra a entrada de umidade proveniente das paredes, portas, janelas e telhado; - Identificar e sinalizar produtos armazenados; - Proibir fumar, comer, beber ou acender fogo no interior do depsito; - Manter as portas de acesso trancadas com cadeado; - No permitir acesso de crianas ou pessoas estranhas; - Manter em local visvel os equipamentos de emergncia e equipamentos de proteo individual. c) Estocagem. Para a manuteno da integridade dos insumos, considerar: - Manter adubos e agroqumicos em depsitos separados dos galpes de raes, suplementos alimentares e medicamentos; - Armazenar agroqumicos em ambiente ventilado e com a sinalizao correta, para o fcil acesso aos equipamentos de proteo individual (EPI); - Manter sacaria sobre estrados de madeira e afastados das paredes para evitar umidade e corroso das embalagens; - Manter o depsito seco e bem ventilado; - Sacarias e outras formas de embalagens devem conter rtulos bem visveis; - Manter a identificao visual de cada grupo de insumos localizados sobre os estrados, nas prateleiras ou em outras formas de armazenamento; - Respeitar a altura de empilhamento das embalagens e a distncia entre as pilhas e as paredes do depsito; - Embalagens de lquidos devem estar com as tampas fechadas e as bocas voltadas para cima; - Manter vacinas e medicamentos nas embalagens originais e nas condies recomendadas pelo fabricante observar a temperatura de armazenamento, o prazo de validade e o uso ao qual se destina; - Manter controle de entrada e sada dos insumos, data de utilizao e destino.

33

Foto: Antnio Jos de Oliveira

Manejo pr-abate

Foto: Josimar Lima Nascimento

Trata do conhecimento e aplicao de operaes que envolvem manejo, instalaes e condies de transporte visando reduo da incidncia de leses que podem comprometer o rendimento e a qualidade da carcaa e do couro bovino. Importncia J foi demonstrado em diversos estudos que o manejo pr-abate influencia significativamente a qualidade da carne e do couro, bem como o aproveitamento da carcaa. Alm das perdas decorrentes de contuses e hematomas, o estresse vivenciado por esses animais durante o manejo, na propriedade ou em abatedouros malplanejados, eleva o pH da carne, diminuindo, assim, sua qualidade e vida til. No manejo pr-abate, as etapas mais crticas so as relacionadas com o embarque e desembarque dos animais. Rotinas e procedimentos inadequados aumentam a frequncia de contuses na carcaa e de cortes escuros na carne, resultando em prejuzos financeiros para o produtor. Tais prejuzos podem ocorrer por ao direta do homem, ao bater ou acuar os animais contra cercas, porteiras e outros; ou indireta, com a formao de novos lotes nessa etapa final da produo, desrespeitando seus padres de organizao social e aumentando as interaes agressivas entre eles. Com relao ao couro, sua qualidade diminuda por cortes e riscos profundos causados pelo manejo inadequado.

Diretrizes relacionadas com manejo pr-abate


Alguns procedimentos de rotina podem ser utilizados durante a vida do animal e, principalmente, por ocasio do manejo pr-abate, mediante a aplicao de prticas adequadas de bons tratos para preservar a qualidade da carcaa e do couro bovino, tais como:
! Antes do embarque, agrupar os animais no curral com antecedncia, em lotes uniformes, de acordo com o sexo, a faixa de idade e o peso. ! Movimentar os animais de forma silenciosa e evitar apartaes e correria no momento de embarque. ! Evitar, sempre que possvel, o uso do choque eltrico. ! Evitar o uso de ces, paus e objetos pontiagudos no manejo e conduo dos animais, para no provocar hematomas, traumatismos e estresse. ! No embarcar animais doentes. Caso seja necessrio, deve-se embarc-los em caminho separado e o produtor deve assinar o termo (minuta de embarque) responsabilizando-se pelo animal. ! Verificar se o embarcadouro atende s recomendaes tcnicas para o embarque dos animais, de modo a no causar danos carcaa e reduzir o estresse. ! Embarcar os animais no horrio previamente combinado com a transportadora. ! Verificar a documentao, condio dos veculos e certificar-se de que os motoristas so devidamente habilitados para o transporte de animais vivos.

35

Manejo pr-abate

! Dar preferncia para que o transporte dos animais seja efetuado no horrio mais fresco do dia. ! Respeitar a lotao mxima do caminho, de acordo com a categoria animal a ser transportada. ! Aguardar cerca de 20 minutos aps o embarque, para iniciar a viagem, para que os animais se adaptem gaiola. ! Exigir que os caminhoneiros faam paradas regulares, conforme legislao vigente, para que os animais descansem em sombra.

36

Bem-estar animal

Foto: Josimar Lima Nascimento

Trata do conhecimento sobre o comportamento animal e a aplicao de estratgias de manejo que levam em considerao as necessidades fisiolgicas e comportamentais dos bovinos, com ganhos diretos e indiretos na produo de carne e couro de qualidade. Importncia do bem-estar animal As demandas de mercado priorizam sistemas de produo que respeitam o bem-estar animal, do nascimento ao abate. primeira vista, pode parecer ao produtor ou ao tcnico uma preocupao excessiva e dispendiosa, mas certamente eles se surpreendero com os benefcios que essa mudana de atitude trar rotina de trabalho. Existe uma relao muito estreita entre bem-estar animal, sade animal e desempenho produtivo. Assim, o conhecimento e o respeito biologia dos animais de produo proporcionam melhores resultados econmicos, mediante o aumento da eficincia do sistema produtivo e da melhoria da qualidade do produto final. A Organizao Mundial de Sade Animal (OIE) preconiza cinco princpios bsicos a serem atendidos em relao ao bem-estar animal: 1. Garantir condies que evitem fome, sede e desnutrio; 2. Garantir condies que evitem medo e angstia; 3. Garantir condies que evitem desconforto fsico e trmico; 4. Garantir condies que evitem dor, injrias e doenas; 5. Garantir condies que permitam as expresses normais de comportamento. O tema bem-estar animal estabelece uma interface com as mais diversas etapas da produo animal, destacando-se a influncia do ambiente, das instalaes, do manejo do nascimento ao abate, dos cuidados de sade, da oferta de alimento e gua e do transporte. Com base nos princpios recomendados pela OIE, em consonncia com a Instruo Normativa N 56 do Mapa, de 6 de novembro de 2008, foram listados alguns pontos importantes na produo racional de bovinos de corte.

Diretrizes relacionadas com o bem-estar animal


! Garantir o fornecimento de gua limpa e suplementos nutricionais de boa qualidade, durante todo o ano, e que sejam suficientes para atender s necessidades de crescimento, mantena e produo. No deixar os animais passarem fome ou sede e evitar a m nutrio. ! Distribuir fontes de gua na pastagem para facilitar o acesso dos animais evitando, assim, longas caminhadas em reas de manejo extensivo e formao de trilhas no solo, que podem favorecer o aparecimento de eroso.

37

Bem-estar animal

! Disponibilizar espao suficiente para que os animais possam manter suas atividades em um contexto social equilibrado, assegurando condies que evitem sofrimento fsico e mental, como dor, desconforto, medo e angstia, e que lhes permitam expressar seu comportamento normal dentro do grupo. ! Oferecer cuidados de sade, sob responsabilidade de mdico-veterinrio, para preveno,
diagnstico e tratamento de doenas, utilizando procedimentos e drogas que visem a eliminar ou reduzir o sofrimento dos animais.

! Disponibilizar sombra para bovinos manejados em sistemas de produo extensivos e intensivos,


em quantidade suficiente para proteg-los do excesso de calor durante as horas mais quentes do dia. Todo bovino necessita de sombra, no importa raa, origem, cor da pelagem, idade ou condio fisiolgica. O ambiente deve dispor de vegetao composta de espcies arbreas para fornecer abrigos naturais.

! Instruir e capacitar as pessoas que lidem com os animais sobre as maneiras adequadas de manejlos, do nascimento ao abate, recomendando procedimentos organizados e silenciosos. Essas medidas visam a minimizar os estresses agudos ou crnicos que podero resultar na reduo da qualidade do produto final. ! No utilizar ferro ou outros objetos pontiagudos para o manejo e, sempre que possvel, evitar o
uso de basto de choque eltrico. recomendado o uso de bandeirolas para conduzir os animais.

! Respeitar a biologia do animal principalmente durante o manejo pr-abate, no misturando indivduos que no se conheam ou ainda animais de chifres com animais mochos em currais, confinamentos ou caminhes de transporte. recomendvel que os lotes sejam formados com antecedncia, os caminhes sejam adequados para a atividade e os motoristas treinados para desempenhar a funo.

38

Manejo das pastagens

Foto: Ezequiel Rodrigues do Valle

Trata dos cuidados que devem ser observados na formao, recuperao e utilizao das pastagens. Por serem o principal componente da alimentao dos bovinos, a oferta e o valor nutritivo das forrageiras afetam diretamente a produtividade do rebanho, e o manejo adequado destas pode prolongar sua vida produtiva, reduzindo os custos de reforma ou recuperao. Importncia Os pastos devem possuir um equilbrio entre quantidade e valor nutritivo suficientes para atender s demandas nutricionais das diversas categorias animais durante todo o ano. Portanto, na formao de uma pastagem, a escolha de espcies forrageiras adaptadas ao tipo de explorao, solo e clima da regio o primeiro fator a ser considerado.

Diretrizes relacionadas com a formao e recuperao da pastagem


Um pasto de qualidade aquele formado com sementes de boa qualidade provenientes de espcies forrageiras adaptadas ao solo e ao clima da regio. Para a adequada formao dessas pastagens importante considerar os seguintes pontos:
! Consultar a legislao ambiental antes de iniciar o desmatamento, em reas com vegetao

nativa, para implantao de pastagens.


! Selecionar espcies forrageiras reconhecidamente bem adaptadas ao solo e ao clima da regio e

de acordo com a sua qualidade nutricional, produtividade, resistncia e tolerncia a pragas e doenas e nvel tecnolgico a ser adotado.
! Utilizar apenas os insumos aprovados pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

(Mapa).
! Utilizar apenas sementes fiscalizadas, adquiridas de fontes idneas e usadas nas quantidades

recomendadas, de acordo com seu valor cultural.


! Adquirir insumos somente de empresas idneas, cujos produtos, quando utilizados conforme as recomendaes tcnicas, no ofeream riscos sade animal e do consumidor. ! Utilizar corretivos e fertilizantes de acordo com a anlise fsica e qumica do solo e conforme as recomendaes tcnicas. ! Efetuar o plantio das forrageiras nas pocas apropriadas e de acordo com o sistema de produo e recomendaes tcnicas. ! Empregar prticas de conservao do solo, sempre que necessrio, como forma de controle da

eroso.

39

Manejo das pastagens

! Quando da utilizao de herbicidas e produtos qumicos, observar as recomendaes do fabricante e a legislao em vigor. ! Promover a diversificao das pastagens, de modo a conter a expanso dos danos causados pelo monocultivo. ! Utilizar consorciao de gramneas com leguminosas, quando possvel, ou formao de bancos de protena (plantio isolado da leguminosa) para reduo de custos de adubao e garantir a produo de alimento de qualidade. Atentar para a compatibilidade ao consorciar espcies, pois pode haver competio entre elas. ! Seguir a Instruo Normativa N25 do Mapa, de 23 de julho de 2009, quando utilizar cama de frango ou outro subproduto de origem animal como adubo orgnico nas pastagens e capineiras. Neste caso, o pastoreio somente permitido 40 dias aps a incorporao do fertilizante ao solo. ! Disponibilizar abrigos naturais para os bovinos durante os perodos de temperaturas extremas, chuvas e ventanias. ! Procurar a orientao de um tcnico especializado para otimizar a utilizao dos insumos e o emprego das tcnicas que oferecem melhores resultados. ! Utilizar, sempre que possvel, sistemas integrados, tais como integrao lavoura-pecuria, sistemas silvipastoris e integrao lavoura-pecuria-floresta de forma a diversificar renda e o sistema produtivo, garantindo sustentabilidade econmica e ambiental.

Diretrizes relacionadas com o manejo das pastagens


O manejo adequado das pastagens, alm de garantir a qualidade e a oferta regular de forragens, permite, ainda, prolongar a sua vida produtiva, reduzindo os custos de produo. Para que isso ocorra, necessrio observar alguns pontos:
! Adequar a taxa de lotao capacidade de suporte, tanto no pastejo contnuo como no rotacionado, para garantir produes adequadas, evitar o aparecimento de ervas daninhas e o desenvolvimento de eroso superficial do solo. ! Adotar o oramento forrageiro, que consiste em um planejamento estratgico que visa a assegurar a utilizao adequada dos pastos e a manuteno de condies favorveis sua produtividade e ao desempenho animal. ! No utilizar a queima como prtica de manejo da pastagem, pois, alm de comprometer a

qualidade do ar, essa prtica reduz a fertilidade do solo e favorece o aparecimento de eroso.

40

Manejo das pastagens

! A queima controlada somente poder ser realizada quando autorizada pelo rgo ambiental competente. ! Efetuar a reposio peridica de nutrientes, de acordo com as anlises do solo. ! Controlar, quando necessrio, as plantas invasoras. ! Utilizar equipamentos de proteo individual e capacitar os funcionrios para o uso correto

destes, seguindo as recomendaes do fabricante e legislao em vigor, quando da utilizao de defensivos agrcolas.

41

Foto: Antnio Jos de Oliveira

Suplementao alimentar

Foto: Antonio Jos de Oliveira

Trata da qualidade dos insumos e aditivos utilizados na suplementao animal, de forma a garantir a produo de alimentos economicamente viveis e isentos de resduos que possam prejudicar a sade humana.

Importncia A suplementao alimentar para animais em pastagem possibilita um melhor uso da forragem, aumentando a eficincia de todo o sistema e contribuindo para a produo de carne de melhor qualidade, pois permite o abate de animais mais jovens e com melhor acabamento. Por resultar em maior produtividade (kg de carne/ha), a suplementao pode reduzir a necessidade de rea para a mesma produo, auxiliando na reduo do impacto ambiental da atividade e no aumento da competitividade. No entanto, para a garantia da produo de um alimento de boa qualidade, os insumos no podem conter componentes ou resduos que possam acarretar problemas sade animal e humana.

Diretrizes relacionadas com a suplementao alimentar


! Utilizar na suplementao alimentar apenas produtos aprovados pelo Ministrio da Agricultura,

Pecuria e Abastecimento (Mapa), observando-se os tpicos a seguir: - Os insumos devem ser comprovadamente livres de resduos de natureza qumica (agroqumicos e produtos veterinrios), fsica (corpos estranhos), biolgica (organismos patognicos) ou qualquer outra substncia que possa comprometer a qualidade do produto final e/ou a sade do consumidor; - Adquirir insumos de empresas idneas e que adotem programas de garantia de qualidade de seus produtos; - proibida a utilizao de suplementos que contenham protenas ou gorduras de origem animal, tais como: farinha de carne, farinha de ossos, farinha de penas, cama de frango, sebo bovino e outros, conforme a Instruo Normativa N08 do Mapa, de 25 de maro de 2004; - proibido o uso de antibiticos como aditivo alimentar. Alguns ionforos (promotores de crescimento base de antibiticos) so permitidos e regulamentados pelo rgo federal competente. No entanto, alguns pases importadores probem o uso desses promotores; - proibido o uso de hormnios ou promotores de crescimento de efeito anablico.

! Registrar e manter atualizado o cadastro de todos os insumos utilizados na alimentao do rebanho, para efeitos de rastreamento, quando solicitado. ! Estocar os suplementos em locais protegidos de umidade, roedores, animais domsticos e
eventuais contaminantes.

43

Suplementao alimentar

! Verificar o estado de conservao da rao antes de fornecer aos animais, observando alteraes como mudana de cor, odor, esfacelamento, grumos, compactao e mofo. ! Manter reservas de suplemento volumoso (capineira, silagem, feno, pasto diferido, cana e outros) para atender possveis dficits nutricionais em perodos crticos do ano. ! Disponibilizar, durante todo o ano, gua limpa e vontade para o rebanho. ! Disponibilizar, durante todo o ano, pastagem, suplementos minerais, energticos e proteicos em quanti-dade e qualidade suficientes para otimizar o desempenho produtivo do rebanho. ! Proporcionar, a cada animal, espao de cocho adequado forma de suplementao utilizada. ! Procurar a orientao de um tcnico especializado para formular a suplementao apropriada e
econo-micamente vivel.

44

Identificao animal e rastreamento

Foto: Josimar Lima Nascimento

Trata das formas de identificao individual e o registro de ocorrncias que contribuem, de maneira significativa, na avaliao do desempenho individual e do rebanho e no rastreamento das informaes obtidas ao longo da vida do animal.

Importncia A identificao individual e o registro de todas as ocorrncias e das prticas de manejo utilizadas, durante a vida do animal, so procedimentos essenciais para possibilitar a avaliao do desempenho do rebanho, bem como a tomada de decises administrativas. Outro aspecto de extrema relevncia a associao desses procedimentos com a adoo de normas e procedimentos em Boas Prticas Agropecurias, de forma a garantir ao mercado consumidor a oferta de alimentos livres de resduos e contaminantes de qualquer natureza, que possam comprometer a sade do consumidor.

Diretrizes relacionadas com a identificao animal


! Proceder identificao de todos os animais ao nascimento ou, no mximo, desmama. ! Utilizar um sistema de identificao que garanta a verificao e a comprovao, ao longo do
tempo, do conjunto de informaes numricas e descritivas, relacionadas com o histrico do animal ou do grupo de animais manejados.

! Utilizar formas de identificao que garantam a individualidade e a fixao no animal de forma perma-nente e inviolvel. Os tipos usuais de identificao so os brincos auriculares, tatuagem na orelha, marca a ferro quente e identificadores eletrnicos. ! No caso de marca a ferro quente, utilizar apenas nos locais permitidos pela legislao em vigor (Lei N 4.714, de 29 de junho de 1965), ou seja:
- O gado bovino s poder ser marcado a ferro candente na cara, no pescoo e nas regies situadas abaixo de uma linha imaginria, ligando as articulaes fmuro-rtulo-tibial e mero-rdio-cubital, de sorte a preservar de defeitos a parte do couro de maior utilidade, denominada grupon; - proibido o uso de marca cujo tamanho no possa caber em crculo de onze centmetros de dimetro; - proibido o emprego de marca a ferro candente, por parte dos estabelecimentos de abate de gado bovino, para identificao de couros.

! Na necessidade de atender mercados especficos, observar as normas do sistema de


identificao, rastreamento e certificao estabelecidas pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa).

45

Identificao animal e rastreamento

Diretrizes relacionadas com o rastreamento


! Manter atualizado o registro individual de ocorrncias de todos os animais, como: nascimentos;
mortes; controle sanitrio; desempenhos reprodutivo e produtivo; fornecimento de suplementos energticos, proteicos e minerais utilizados na suplementao do rebanho.

! Manter atualizados os arquivos e as fichas de controle sanitrio preventivo ou curativo, sejam eles individuais ou por lote, anotando a data de ocorrncia e os dados do medicamento utilizado, como nome, dose, nmero da partida e/ou lote, laboratrio e data de validade do produto. ! Exigir a Guia de Trnsito Animal (GTA) no ingresso de animais na propriedade e na sada destes. Respeitar a quarentena quando da aquisio de animais. ! Disponibilizar as fichas e arquivos de controle sanitrio aos fiscais dos rgos de defesa sanitria animal e aos auditores do sistema de rastreamento ligados ao Mapa, responsvel pelo Sistema Brasileiro de Identificao e Certificao. ! Comunicar certificadora responsvel todas as movimentaes (transferncias entre
propriedades, venda para terceiros, venda para frigorficos e compras), sendo necessrio o nmero individual dos animais e cpia das GTAs.

46

Controle sanitrio

Foto: Josimar Lima Nascimento

Trata das medidas preventivas e curativas de controle sanitrio recomendadas para o bom desempenho do rebanho, assegurando a produo de alimento seguro e saudvel. Importncia do controle sanitrio A ocorrncia de doenas e de parasitas, quando no controlada, prejudica o desempenho do rebanho e compromete a qualidade da carne e do couro produzidos, alm do risco de transmisso de determinadas enfermidades ao homem (zoonoses). Esses fatores podem dificultar a comercializao dos produtos e favorecer a imposio de barreiras sanitrias pelos mercados consumidores.

Diretrizes relacionadas com o controle sanitrio


! Adotar medidas preventivas de controle das enfermidades, estabelecendo, com orientao de
um mdico-veterinrio, um calendrio anual de controle sanitrio e reprodutivo.

! Atender s instrues dos programas oficiais de Sanidade Animal, que visam a proteger a sade pblica e promover o controle e a erradicao de enfermidades, como brucelose, tuberculose, raiva e febre aftosa. ! Cumprir o calendrio de imunizao obrigatria do rebanho, conforme recomendao oficial dos rgos estaduais de defesa sanitria animal. ! Promover capacitao dos responsveis pelo manejo sanitrio, para que estejam capacitados a reco-nhecer anormalidades na sade dos animais e aplicar corretamente vacinas e medicamentos. ! Em caso de observao de alteraes no comportamento e estado sanitrio dos animais,
comunicar ao responsvel tcnico o mais breve possvel, isolando-os se suspeitar de doenas transmissveis.

! Comunicar imediatamente ao rgo de defesa sanitria animal qualquer suspeita de doena de


noti-ficao obrigatria (doenas vesiculares e sndromes nervosas), de acordo com a legislao vigente.

! Aderir, se possvel, ao programa para certificao de propriedades livres ou monitoradas para brucelose e tuberculose. ! Toda movimentao e transporte de animais, independente da finalidade (venda, transferncia entre propriedades, participao em feiras, exposies, leiles, abate, entre outras), deve estar acompanhada da Guia de Trnsito Animal (GTA), documento oficial que deve ser obtido nas unidades locais dos rgos estaduais de defesa sanitria animal. ! Manter atualizadas as fichas de controle sanitrio preventivo e curativo, sejam estas individuais ou por lote, anotando a data da ocorrncia, bem como a dose e o lote do medicamento aplicado.

47

Controle sanitrio

! Disponibilizar as fichas de controle sanitrio aos profissionais dos rgos de defesa sanitria animal e aos auditores do sistema de rastreamento e certificao ligados ao Mapa, quando solicitadas. ! Utilizar apenas vacinas e medicamentos aprovados pelo Mapa. ! Observar as recomendaes tcnicas para aplicao, conservao e armazenamento de vacinas e medicamentos. ! Observar os prazos de carncia dos medicamentos veterinrios, antes do envio dos animais para
abate.

Medidas preventivas de controle sanitrio


Febre aftosa Importncia A febre aftosa causa prejuzos diretos ao desempenho produtivo dos rebanhos e afeta o comrcio nacional e internacional de produtos de origem animal. O sucesso do controle da doena depende do envolvimento permanente de todos os setores da cadeia produtiva, em esforo conjunto entre os rgos de defesa sanitria animal, produtores, responsveis tcnicos, trabalhadores rurais, empresas produtoras de vacinas, transportadores, frigorficos e estabelecimentos comerciais. Conforme o Programa Nacional de Erradicao e Preveno da Febre Aftosa (PNEFA), do Mapa: 1 Nos Estados com status sanitrio livre de febre aftosa com vacinao e Estados no livres:

! Os bovinos e os bubalinos devero ser vacinados durante as etapas de vacinao determinadas pelo Mapa para cada Estado e as comprovaes dos fatos entregues aos rgos locais de vigilncia sanitria. ! responsabilidade do produtor a participao nas campanhas de vacinao, respondendo por isso em caso de omisso. ! Qualquer suspeita de doena vesicular, que se assemelhe clinicamente com febre aftosa, por exemplo,
animais babando e mancando, dever ser comunicada imediatamente ao rgo de defesa sanitria animal local.

! Todo trnsito de animais suscetveis febre aftosa, alm da exigncia da GTA, dever tambm atender
s normas estabelecidas pelo Mapa (ver anexo 2).

! proibida a aplicao de vacina contra a febre aftosa em caprinos, ovinos e sunos.


2 Nos Estados com status sanitrio livre de febre aftosa sem vacinao:

! proibida a aplicao de vacina contra a febre aftosa em qualquer animal.

48

Controle sanitrio

Raiva Importncia A raiva considerada uma das principais zoonoses, pois os casos em humanos normalmente so fatais. O principal prejuzo causado pela doena aos animais de produo na zona rural a morte aps a contaminao pelo vrus rbico. Alm disso, a ao dos morcegos hematfagos, principais transmissores da raiva dos herbvoros, est associada a perdas de produtividade por depreciao do couro, miases, infeco bacteriana secundria no local da mordedura e espoliao do animal. Conforme o Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbvoros e outras Encefalopatias (PNCRH), coordenado pelo Mapa:

! Todo proprietrio rural dever notificar ao Servio Veterinrio Oficial a presena de animais de sua
propriedade que estejam sendo atacados por morcegos hematfagos, assim como a existncia de abrigos com colnia de morcegos dessas espcies. As aes de controle da populao desses morcegos so de responsabilidade do servio oficial de defesa.

! A ocorrncia ou suspeita de casos de raiva em rebanhos dever ser comunicada imediatamente ao


servio oficial de defesa.

! Os proprietrios devero vacinar anualmente os bovinos e equinos contra a raiva nas regies onde ocorre
a doena. Todos os animais, quando vacinados pela primeira vez, devero ser revacinados aps quatro semanas e, depois disso, anualmente.

! A vacinao dos animais dever ser notificada aos rgos de defesa sanitria animal e o proprietrio
dever apresentar a nota fiscal de compra da vacina, data da vacinao e informar o nmero e espcie de animais vacinados. Brucelose Importncia A brucelose uma doena que prejudica a produo, principalmente por perdas reprodutivas, como o aborto. Alm disso, tem forte impacto sade pblica, uma vez que essa doena pode ser transmitida ao homem e acarretar graves problemas infecciosos. Conforme o Programa Nacional de Controle e Erradicao da Brucelose e da Tuberculose (PNCEBT), coordenado pelo Mapa:

! As fmeas bovinas e bubalinas devem ser vacinadas entre trs e oito meses de idade, em dose nica,
com vacina preparada a partir da amostra B19. A vacinao dever ser realizada sob responsabilidade de mdico-veterinrio cadastrado no Servio Estadual de Defesa Sanitria Animal, o qual emitir o atestado de vacinao.

! A identificao das fmeas vacinadas dever ser realizada por marcao a ferro quente, no lado esquerdo
da cara, com a letra V, acompanhada do nmero final do ano da vacinao. Ficam excludas da identificao com marca de ferro quente as fmeas destinadas ao registro genealgico, quando devidamente identificadas, ou aquelas identificadas individualmente por sistema aprovado pelo Mapa.
49

Controle sanitrio

! permitida a vacinao de fmeas bovinas e bubalinas com idade superior a oito meses e fmeas adultas
no reagentes, com a vacina RB51 (vacina contra brucelose no indutora da formao de anticorpos aglutinantes) executada por mdico-veterinrio credenciado.

! proibida a vacinao de bovinos e bubalinos machos de qualquer idade, fmeas com idade at oito
meses, e fmeas gestantes com a vacina RB51.

! A vacinao contra a brucelose dever ser comprovada no Servio Estadual de Defesa Sanitria Animal,
e a comprovao da vacinao necessria em algumas situaes para a emisso da GTA para bovinos ou bubalinos, dependendo da finalidade da movimentao/transporte.

! Deve-se ter cuidado ao manipular a vacina, pois ela pode contaminar o homem em caso de inoculao
acidental.

! O produtor dever contratar um mdico-veterinrio habilitado pelo Mapa ou Servio Estadual de Defesa
Sanitria Animal para a realizao dos testes diagnsticos para brucelose e emisso dos laudos sanitrios dos animais testados.

! recomendado ao pecuarista no introduzir animais oriundos de outras propriedades em seu rebanho


sem a exigncia de laudos sanitrios negativos para brucelose emitidos por mdico-veterinrio habilitado.

! Qualquer produtor pode aderir voluntariamente ao programa de certificao de propriedades livres ou


monitoradas para brucelose e tuberculose, certificao essa que trar benefcios ao pecuarista. Mais informaes sobre o programa podem ser obtidas no Mapa ou no Servio Estadual de Defesa Sanitria Animal. Tuberculose Importncia O controle da tuberculose animal desempenha um papel significativo para sade pblica, pois o consumo de carne, leite e derivados crus oriundos de animais infectados podem contaminar o homem. Ainda nesse sentido, os tratadores de rebanhos infectados e os trabalhadores da indstria de carnes constituem os grupos ocupacionais mais expostos doena. Ainda no existe vacina disponvel no mercado para essa enfermidade. Os animais devero ser controlados conforme determina o Programa Nacional de Controle e Erradicao da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT):

! Os mdicos-veterinrios devero estar habilitados pelo Mapa para execuo dos testes de tuberculina e
emisso dos laudos sanitrios dos animais testados.

! Os produtores podero realizar o controle e a posterior erradicao da tuberculose de seus rebanhos com
a execuo de testes realizados por mdico-veterinrio habilitado pelo Mapa, seguido de sacrifcio ou abate sanitrio dos animais reagentes. Alm disso, no devero introduzir em seus rebanhos animais oriundos de outras propriedades sem a exigncia de laudos sanitrios negativos para tuberculose.

50

Controle sanitrio

Clostridioses (botulismo, carbnculo sintomtico, gangrena gasosa, ttano, enterotoxemia e hemoglobinria bacilar dos bovinos) Importncia As clostridioses, doenas dos animais provocadas por bactrias do gnero Clostridium, apresentam uma distribuio bastante varivel, tanto geogrfica quanto estacional, alm de abrangerem diferentes manifestaes patolgicas. A vacinao, associada a outras prticas de manejo, a forma mais eficaz para o produtor controlar os surtos que podem provocar perdas econmicas significativas na produo de bovinos e outros herbvoros criados em campo ou confinados.

! Existe uma grande variedade de vacinas polivalentes contra clostridioses disponveis no mercado. Assim
deve ser observada a recomendao do produto sobre contra quais doenas estas protegem.

! Como medida preventiva, recomendado vacinar os bezerros a partir dos trs meses de idade. O reforo
vacinal deve ser realizado em torno de quatro semanas aps a primeira dose, seguido de revacinao anualmente.

! As vacinas podem ter um perodo negativo (sem proteo vacinal efetiva) de aproximadamente duas a
trs semanas, no qual os animais podem estar suscetveis s doenas e no devem ser colocados em pastagens contaminadas.

! O produtor deve disponibilizar uma correta suplementao mineral ao seu rebanho, especialmente de
fsforo, para reduzir a osteofagia (ingesto de ossos) e, consequentemente, a ingesto de toxinas causadoras do botulismo.

! A correta eliminao das carcaas por enterramento e cremao contribui de forma significativa para o
controle do botulismo e outras clostridioses. Leptospirose Importncia A leptospirose est relacionada a perdas por infertilidade, abortamento e queda na produo de carne e leite, e tambm despesas com medicamentos e assistncia veterinria. Alm dos prejuzos econmicos, a enfermidade est associada a impactos sociais, pois uma zoonose capaz de provocar quadros graves e at mesmo a morte de pessoas infectadas.

! A vacinao eficaz na preveno da infeco nos rebanhos. O reforo vacinal tambm deve ser
realizado em torno de quatro semanas aps a primeira dose. A revacinao dever ser anual, antes da estao de monta, ou entre esta e o quarto ms de prenhez. A critrio do mdico-veterinrio pode ser indicada vacinao semestral.

! Em propriedades rurais, todos os ces tambm devem ser vacinados anualmente contra a leptospirose. ! O combate aos roedores nos depsitos de alimentos e outras instalaes da propriedade de extrema
importncia para o controle dessa enfermidade.

51

Controle sanitrio

! recomendado limpar e desinfetar periodicamente os bebedouros, bem como evitar o uso de audes,
pois a gua parada pode ser fonte de contaminao de leptospirose. Tenase ou cisticercose Importncia O complexo tenase-cisticercose causado pelo parasito Taenia spp. e est entre as principais doenas parasitrias de interesse veterinrio pela importncia que assume em sade pblica. Quando os bovinos ou sunos ingerem alimentos ou gua contaminados pelas fezes de humanos que tenham a solitria (tnia adulta no intestino), ocorre a forma larvria da doena, chamada cisticercose ou canjiquinha, uma importante causa de condenao de carcaas em frigorficos. Isso refora o cuidado especial em evitar a contaminao das pastagens e aguadas por fezes humanas. No homem, a doena se manifesta na forma de tenase (solitria), quando este ingere a forma larvria (cisticercos ou canjiquinha) contida em carne malcozida de bovino ou suno contaminada. Tambm pode ocorrer na forma de cisticercose (cistos nos tecidos do corpo humano), que causada pela ingesto de ovos de Taenia solium (parasito do suno) presentes na gua ou nos alimentos contaminados por fezes humanas. Os cistos podem se desenvolver nos msculos, ou mesmo no crebro, causando a neurocisticercose, um quadro grave associado a convulses, distrbios psiquitricos e, at mesmo, morte.

! Os bovinos e sunos de rebanhos com histrico de cisticercose devem receber o tratamento de acordo
com as recomendaes tcnicas.

! proibido o abate clandestino. ! Instalar banheiros em pontos estratgicos nas propriedades evitando que as pessoas defequem em locais
imprprios.

! Utilizar fossas higinicas e tratamento de esgoto, para evitar que fezes humanas contaminem guas,
pastagens, lavouras e outras culturas irrigadas, diminuindo assim o risco de incidncia da doena.

! Instruir todos os funcionrios rurais e seus familiares para que sejam vermifugados, de acordo com
orientaes mdicas.

! Evitar que os animais tomem gua de fontes que recebem esgoto humano no tratado, de cidades ou de
outras propriedades. Cuidados com a vacinao Importncia As vacinaes nos bovinos tm como objetivo principal prevenir a ocorrncia e a disseminao de doenas, alm de promover o bem-estar animal e minimizar os prejuzos econmicos
52

Controle sanitrio

associados. Os benefcios que vacinaes corretas proporcionam acabam revertendo em lucro para o produtor, tais como a reduo de perdas de doses do produto, gastos por danificao de equipamentos (seringas e agulhas), ocorrncias de acidentes de trabalho e leses nos animais.

! Vacinar somente os animais que estejam sadios. ! Verificar as instrues de uso e data de validade das vacinas. ! Aplicar as vacinas nos locais recomendados pelos fabricantes, pois a aplicao em locais inadequados
pode provocar leses, reduo do rendimento da carcaa e depreciao do seu valor comercial, quando localizada em regies nobres.

! Aplicar as vacinas nas doses recomendadas pelo fabricante. ! Conservar as vacinas em ambiente refrigerado, de +2C a +8C. ! Nunca congelar as vacinas. ! Agitar o frasco de vacina sempre antes de preencher a seringa ou pistola, bem como nas recargas. ! Desinfetar sempre seringas e agulhas em gua fervente, por, pelo menos, 15 minutos (colocar os
materiais aps o incio da fervura) e mant-las em local limpo durante os trabalhos.

! Lavar, desinfetar e secar agulhas, seringas ou pistolas ao final dos trabalhos. ! Nunca utilizar agulhas tortas, enferrujadas e com pontas rombudas. ! No vacinar animais debilitados ou submetidos a atividades desgastantes, como longas caminhadas ou
viagens. Deve-se, portanto, aguardar que os animais descansem, ou se recuperem, antes de manej-los.

! Conter os animais para a aplicao da vacina, diminuindo o risco de quebra de agulhas, refluxo, perda de
doses e acidentes com trabalhadores e animais. Descarte de carcaas e outros resduos de origem animal Importncia O correto destino dos resduos de origem animal, sejam estes provenientes de animais sadios ou doentes, contribui no somente para preservao ambiental, mas tambm evita problemas de sade pblica. Algumas medidas preventivas devem ser adotadas para evitar a contaminao do solo, da gua, dos seres humanos e dos animais em se tratando de descartes de cadveres de animais, peas destes ou mesmo secrees ou excrees suspeitas de contaminao por agentes infectocontagiosos, tais como:

! As carcaas no devem ser deixadas a cu aberto, mas sim menos enterradas a uma profundidade que
permita uma cobertura de terra de aproximadamente 1,5 m sobre elas. Essa medida evita tambm o acesso de moscas e outros animais (carnvoros, roedores e outros) aos descartes.
53

Controle sanitrio

! Preferencialmente recomendvel que as carcaas e/ou partes sejam totalmente queimadas dentro da prpria cova, na qual podem ser utilizados materiais combustveis, como leo diesel e madeira seca, e a seguir cobertas com terra conforme o item anterior. ! As carcaas no devem ser arrastadas para evitar contaminao da rea, especialmente em caso de morte/abate por doenas infectocontagiosas, como brucelose, tuberculose, raiva, leptospirose e clostridioses em geral, como botulismo, carbnculo sintomtico, gangrena gasosa, ttano, enterotoxemia e hemoglobinria bacilar dos bovinos. recomendvel colocar a carcaa sobre um veculo, que posteriormente dever ser lavado e desinfetado, e transport-la at o local onde ser enterrada. ! recomendado que o produtor use luvas e botas de borracha para proteo pessoal, as quais devero ser
desinfetadas com produtos apropriados aps o uso, ao manipular e descartar resduos de origem animal suspeitos de doenas transmissveis ao homem ou aos animais.

! recomendvel que o local destinado para enterro seja distante de cursos de gua superficiais, alm de serem evitadas reas com inclinao acentuada do terreno. Essa medida reduz o risco de drenagem de matria orgnica e micro-organismos patognicos capazes de contaminar lenis freticos que abastecem fontes de gua de uso humano ou animal.

54

Manejo reprodutivo

Foto: Josimar Lima Nascimento

Trata das principais prticas de manejo que visam a otimizar o desempenho reprodutivo e produtivo do rebanho de cria, de forma racional, econmica e sem promover a degradao ambiental.

Importncia do controle reprodutivo Para o criador, a explorao comercial do sistema de cria tem por objetivo principal otimizar a produo de bezerros desmamados. Portanto, a viabilidade do sistema vai depender da maneira como so utilizados os meios disponveis para melhoria da produtividade.

Diretrizes relacionadas com o controle reprodutivo


! Estabelecer um perodo de monta Esta uma das decises mais importantes do manejo reprodutivo e de maior impacto na fertilidade do rebanho. Alm de disciplinar as demais atividades de manejo (controle sanitrio, alimentar, desmama, castrao e outras), ele permite tambm o ajuste do perodo de maior demanda nutricional (lactao) com o de maior oferta de alimentos de qualidade, resultando em lotes mais homogneos e de maior valor comercial. ! Considerar:
- A durao do perodo de monta deve ser a mais curta possvel, ou seja, ao redor de trs meses, podendo comear ao redor de um ms aps o incio das chuvas; - As vacas devem ser identificadas e separadas em lotes por categoria: novilhas, vacas primparas e vacas multparas. Desta forma, possvel adotar prticas de manejo diferenciado em funo das necessidades de cada categoria.

! Escolher o sistema de acasalamento importante capacitar as pessoas responsveis pelo manejo reprodutivo e adequar as instalaes de acordo com o sistema de acasalamento a ser utilizado, ou seja, monta natural, monta controlada ou inseminao artificial. ! Adequar a relao touro/vaca ao sistema de produo A escolha inadequada dessa relao tem srias implicaes econmicas. Os principais fatores que podem influir nessa relao so: idade, capacidade de monta, estado sanitrio e nutricional dos touros, condio corporal das vacas, tamanho e topografia das pastagens. ! Efetuar o diagnstico de gestao e descartes de grande importncia para a melhoria da eficincia reprodutiva, pois possibilita a identificao precoce e o descarte de fmeas que no ficaram prenhes durante a estao de monta. Deve ser efetuado por um mdico-veterinrio experiente, podendo ser iniciado a partir dos 45 dias aps o fim da estao de monta. ! Realizar o exame androlgico dos touros Touros de baixa fertilidade, que permanecem longo perodo no rebanho, causam grandes prejuzos na produtividade do sistema, quando no diagnosticados em tempo hbil. Esse exame deve ser realizado aproximadamente 60 dias antes da monta, descartando aqueles de baixa fertilidade.

55

Manejo reprodutivo

! Utilizar touros geneticamente melhoradores De um modo geral, em sistemas de monta natural em gado de corte, tendo em vista a relao touro/vaca, o componente touro pode representar cerca de 85% da gentica do rebanho. Portanto, o retorno econmico, obtido pelo valor de comercializao dos produtos, sejam bezerros ou animais de recria ou engorde, depende de caractersticas ligadas conformao frigorfica (valor gentico) e da adaptabilidade (adequao do animal ao sistema de produo no qual est inserido). ! Adotar prticas de desmama Alm da desmama tradicional, efetuada entre seis e oito meses de idade, existem outros mtodos de desmama que podem ser utilizados em situaes extremas (por exemplo, escassez de alimentos), com a finalidade nica de garantir o desempenho reprodutivo das fmeas, sem prejudicar o desenvolvimento dos bezerros. Destas, podem-se destacar a desmama precoce ou antecipada, a interrompida ou temporria e a amamentao controlada. ! Reduzir o estresse dos bezerros desmama Para amenizar o estresse causado pela desmama, recomenda-se colocar algumas vacas no lote dos bezerros, as chamadas madrinhas, como tambm mant-los em pastagem de alto valor nutricional. ! Controlar as doenas da esfera reprodutiva Doenas como brucelose, tricomonose, campilobacteriose, leptospirose, rinotraquete infecciosa bovina (IBR) e diarreia viral bovina (BVD) podem comprometer o desempenho reprodutivo do rebanho impedindo a fecundao, causando abortos ou produzindo bezerros com peso inferior mdia. Portanto, com a orientao de um mdico-veterinrio experiente, deve-se elaborar um programa preventivo de controle sanitrio. ! Avaliar a condio corporal das vacas ao parto Vacas com boa condio corporal ao parto retornam ao cio mais cedo e apresentam maiores ndices de concepo. A avaliao da condio corporal das fmeas durante o tero final de gestao, que coincide com o perodo da seca, uma ferramenta extremamente til no manejo reprodutivo. Esse procedimento permite que correes no manejo alimentar possam ser efetuadas a tempo, de modo a garantir uma boa condio corporal ao parto e elevados ndices de concepo. ! Preparar as novilhas para reposio O manejo desses animais, da desmama ao incio da estao de monta, de extrema importncia na produtividade e lucratividade do rebanho de cria. Elas devem ser selecionadas e manejadas para atingirem a maturidade sexual mais cedo, reduzindo-se a idade primeira cria e elevando-se a vida reprodutiva das fmeas. Recomenda-se que as novilhas estejam com peso em torno de 65% do peso adulto no incio da estao de monta. ! Organizar o manejo dos animais para reproduo Fundamentado em estudos de comportamento social e sexual possvel estabelecer algumas regras bsicas do manejo dos animais em perodo de acasalamento, tais como:
- No misturar fmeas de categorias diferentes, tanto na estao de reproduo como no perodo de pario; - Formar lotes homogneos e com antecedncia, para diminuir o efeito da dominncia social sobre a fertilidade;

56

Manejo reprodutivo

- recomendvel que os touros, colocados no mesmo lote, tenham idade e peso semelhantes; - Alm disso, deve ser evitada a utilizao de touros aspados e no aspados no mesmo lote.

! Utilizar pasto-maternidade Ao se aproximar poca de nascimentos, as vacas prenhes devem ser separadas das demais categorias animais e conduzidas a um pasto-maternidade. Esse pasto deve estar localizado prximo sede para facilitar os atendimentos dirios, tais como auxiliar no fornecimento de colostro e em casos de ocorrncia de partos distcicos (bezerro trancado), bem como atuar na imediata cura do umbigo, pesagem, identificao e proteo contra predadores. ! Efetuar a castrao dos machos A castrao tem como objetivo principal, facilitar o manejo, j que torna os animais mais dceis, permite a mistura de bois e vacas e elimina distrbios da conduta sexual. Entretanto, a castrao de animais acima de dois anos pode ser recomendada para atender demandas e exigncias de mercado.
Nota: No existe recomendao de castrao para bovinos machos quando estes so oriundos de sistemas mais intensivos de produo. possvel produzir carne de qualidade a partir de animais inteiros e essa uma prtica vantajosa. Entretanto, ela s deve ser utilizada em sistemas de produo nos quais a idade ao abate seja, no mximo, dois anos de idade. Como a mdia da idade ao abate brasileira de mais de trs anos e um dos objetivos do programa BPA melhorar a qualidade da carne brasileira, a castrao pode ser recomendada nesses casos.

Observaes: - A castrao no perodo seco do ano diminui a incidncia de miases (bicheira). - Evitar a castrao no perodo da desmama. Desmamar e castrar so prticas estressantes e que, quando associadas, prejudicam o desempenho dos animais.

57

Foto: Antnio Jos de Oliveira

FONTES CONSULTADAS

ELEMENTOS de apoio para as boas prticas agrcolas e o sistema APPCC. 2. ed. Braslia, DF: Embrapa Informao Tecnolgica, 2006. 204 p. (Srie Qualidade e Segurana dos Alimentos). Convnio PAS Campo: SENAI, SEBRAE, EMBRAPA.

EUCLIDES FILHO, K.; EUCLIDES, V. P. B.; CORRA, E. S. Boas prticas na produo de bovinos de corte. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2002. 25p. (Embrapa Gado de Corte. Documentos, 129).

EUREPGAP. Regulamento geral Eurepgap - IFA, pontos de controle e critrios de cumprimento Eurepgap IFA, check list Eurepgap - IFA. Verso 2.0. [S.l.]: Planejar Brasil, [2005]. 1 CD-ROM.

VALLE, E. R. do; ANDREOTTI R.; THIAGO L. R. L. de S. Tcnicas de manejo reprodutivo em bovinos de corte. Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2000. 61p. (Embrapa Gado de Corte. Documentos, 93).

59

Foto: Antnio Jos de Oliveira

ANEXO 1

Exemplo de clculo do GUT e GEE para o Estado de Mato Grosso do Sul Obs.: Para os demais Estados consultar o Sistema Nacional de Cadastro Rural do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria (Incra) (www.incra.gov.br) para obter a classificao das zonas pecurias (ZPs) por microrregio e municpio de seu Estado.

! Grau de Utilizao da Terra (GUT)


Tanto para clculo do GUT como para o clculo do Grau de Eficincia de Explorao (GEE) necessrio o conhecimento total da parte ambiental da propriedade, isto , saber a rea de Reserva Legal, de Preservao Permanente, de Interesse Ecolgico, rea em reforma (devidamente comprovada com a Anotao de Responsabilidade Tcnica - ART, projeto tcnico na fase de execuo fsica, notas fiscais de sementes, adubos, insumos e outros, e autorizao para reforma) e rea com benfeitorias, de forma a possibilitar o clculo da rea aproveitvel da propriedade (rea total - rea no aproveitvel). De posse da rea aproveitvel e da rea com pastagens naturais e artificiais e com agricultura, o GUT pode ser calculado, aplicando-se a seguinte frmula: GUT =
rea utilizada rea aproveitvel

x 100

Obs.: Para cumprir a funo social, a propriedade precisa ter o GUT igual ou superior a 80%.

! Grau de Eficincia de Explorao (GEE) setor pecurio


O clculo do GEE efetuado a partir dos dados constantes na Ficha Sanitria do rgo Estadual de Defesa Sanitria Animal (base de clculo utilizada pelo Incra). Esses valores representam os estoques mensais de bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e equinos existentes na propriedade, conforme classificao demonstrada no Quadro 1. Quadro 1. Classificao das categorias animais por faixa de idade e espcie.
Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Novilhos(as) precoces Novilhos(as) precoces Bubalinos Ovinos e caprinos Equinos, asininos e muares At 1 ano De 1 a 2 anos De 2 a 3 anos Mais de 3 anos At 2 anos Mais de 2 anos Todos Todos Todos

61

ANEXO 1

De posse desses dados, calculam-se as mdias mensais de cada categoria, que seriam a somatria dos estoques mensais at o ms calculado, dividido pelo nmero de meses ocorridos at ento (o perodo compreendido para anlise dos ltimos 12 meses). Por exemplo, para um perodo analisado de janeiro a dezembro, a mdia de maro seria a somatria dos estoques de janeiro a maro dividida por 3. O clculo do GEE referente aos 12 meses anteriores data em que est sendo realizado o clculo. De posse dessas mdias mensais, o prximo passo multiplic-las pelos ndices constantes no Quadro 2, para a obteno das mdias em unidade animal (UA) de cada categoria, conforme Instruo Normativa N 11 do Incra, de 4 de abril de 2003. Quadro 2. ndices de converso conforme categoria animal e faixa de idade, para Mato Grosso do Sul.
ndice de converso
Categoria Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Bovinos machos e fmeas Novilhos(as) precoces Novilhos(as) precoces Bubalinos Ovinos e caprinos Equinos, asininos e muares

Idade Planalto At 1 ano De 1 a 2 anos De 2 a 3 anos Mais de 3 anos At 2 anos Mais de 2 anos Todos Todos Todos 0,31 0,50 0,75 1,00 0,87 1,00 1,25 0,25 1,00 Pantanal 0,26 0,42 0,63 0,83 0,72 0,83 1,05 0,19 0,83

UA= unidade animal, aproximadamente 450 kg de peso vivo.

A mdia mensal total de UA corresponde soma das unidades animais de todas as categorias. Para clculo mensal do GEE em pecuria, divide-se o total de UA do ms pelo ndice de lotao pecuria da propriedade e, depois, pela rea ocupada com pecuria (pastagens, reas aproveitveis e no utilizadas). Verificar a Zona de Pecuria por municpio do seu Estado. Para exemplificar, no Quadro 3 so apresentados os ndices de lotao para as cinco zonas pecurias do Estado de Mato Grosso do Sul (ndices Bsicos do Sistema Nacional de Cadastro Rural, Incra).

62

ANEXO 1

Quadro 3. ndices de lotao (em UA) para Mato Grosso do Sul, de acordo com a zona pecuria (ZP) na qual se localiza a propriedade.
ZP 1 2 3 4 5 Regio No tem em Mato Grosso do Sul Nova Andradina, Dourados e Iguatemi Alto Taquari, Campo Grande, Cassilndia, Bodoquena e Outros No tem em Mato Grosso do Sul Baixo Pantanal, Aquidauana e Miranda Unidade Animal 1,20 0,80 0,46 0,23 0,13

! Grau de Eficincia de Explorao (GEE), setor agrcola


Para clculo do GEE do setor agrcola, divide-se a quantidade colhida (comprovada por notas fiscais e/ou comprovantes de depsito em armazns oficiais) pelo ndice de produtividade da regio, obtendo-se a rea equivalente em agricultura que, dividida pela rea cultivada, resulta no GEE do setor agrcola, conforme Instruo Normativa do Incra N 11/2004.

! Grau de Eficincia Total (GEE total)


Para o clculo do GEE total, divide-se a mdia de UA dos 12 meses pelo ndice de lotao, resultando na rea equivalente em pecuria; soma-se a rea equivalente em agricultura (explicado no item anterior), obtendo-se a rea equivalente explorada na propriedade. Esta, dividida pela rea aproveitvel, resulta no GEE.
(rea equivalente em pecuria + rea equivalente em agricultura) rea aproveitvel

GEE =

x 100

Obs.: Para cumprir a funo social, a propriedade tem que possuir um GEE total igual ou superior a 100%.

63

Foto: Antnio Jos de Oliveira

ANEXO 2

Normas para trnsito de animais vivos suscetveis febre aftosa entre os diferentes estados da Federao O Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa) o rgo responsvel pela emisso de normas para trnsito interestadual de animais, seus produtos e subprodutos. Com relao febre aftosa, atualmente o Brasil possui quatro diferentes status, a saber: - rea livre de febre aftosa sem vacinao; - rea livre de febre aftosa com vacinao; - Zona tampo ou unidades da federao classificadas como risco mdio; - rea infectada. Obs.: Atualmente, apenas o Estado de Santa Catarina considerado zona livre de febre aftosa sem vacinao, j reconhecido internacionalmente pela Organizao Mundial de Sade Animal (OIE). Assim, para o trnsito de animais suscetveis febre aftosa entre essas diferentes reas, alm da exigncia da Guia de Trnsito Animal (GTA), devero ser obedecidas as seguintes regras especficas:
! Animais oriundos de uma zona livre de febre aftosa sem vacinao e destinados a qualquer outra zona, de qualquer status: trnsito permitido, desde que no destino os animais sejam imediatamente revacinados contra febre aftosa. Fica proibido o trnsito de bovinos e bubalinos de qualquer outra regio do pas destinados zona livre de febre aftosa sem vacinao. ! Animais oriundos de zona tampo ou de estados classificados como risco mdio para febre aftosa e destinados a uma zona livre de febre aftosa com vacinao: os animais devero ser quarentenados na origem por, no mnimo, 30 dias, em local previamente aprovado pelo Servio Oficial, com realizao de sorologia para febre aftosa. Se todos os animais forem negativos ao teste, estaro aptos a transitar, desde que seja feita uma autorizao pelo rgo de Defesa Sanitria do destino dos animais. No destino, novo isolamento dever ser realizado, por, no mnimo, 14 dias, em local previamente aprovado e sob superviso veterinria oficial. ! Animais oriundos de rea infectada e destinados a outra zona, de qualquer status: proibido. ! No existe qualquer restrio para o trnsito de animais entre Estados que pertencem a um mesmo status sanitrio.

Essa classificao de status dos diferentes estados dinmica, pois feita principalmente em funo da ocorrncia de focos de febre aftosa, implantao do programa de erradicao da febre aftosa, presena de um sistema de ateno veterinria e de vigilncia e do ndice de cobertura vacinal. Para saber qual a exigncia para trnsito e o status do estado de destino ou de origem dos animais, contate previamente o Mapa ou o rgo de Defesa Sanitria Animal Estadual.

65

Foto: Antnio Jos de Oliveira

ANEXO 3

Legislaes mais importantes relacionadas produo agropecuria

! Lei n 4.714 do Mapa, de 29 de junho de 1965: Modifica legislao anterior sobre o uso da marca a fogo
no gado bovino. (http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=89) em 30 junho 2010.

! Cdigo Florestal - Lei n 4.771, de 15 de setembro de 1965, e MP n 2.166-67, de 24 de agosto de


2001: Regulamenta as aes relacionadas com a flora nativa, principalmente as atividades de manejo, explorao, comercializao dos recursos dela provenientes. O Cdigo Florestal tambm limita o uso de algumas partes da propriedade: como as reas de preservao permanente e a reserva legal (alguns artigos que tratam de reserva legal foram alterados pela Medida Provisria 2.166-67 / 2001 - o produtor deve ficar atento). (http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L4771.htm e http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/MPV/2166-67.htm) em 30 junho 2010.

! Poltica Nacional do Meio Ambiente Lei n 6.938, de 17 de janeiro de 1981: A mais importante lei
ambiental. Define que o poluidor obrigado a indenizar danos ambientais que causar, independentemente de culpa. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm) em 30 junho 2010.

! Lei dos Agrotxicos Lei n 7.802, de 11 de julho de 1989: Regulamenta desde a pesquisa e fabricao
dos agrotxicos at sua comercializao, aplicao, controle, fiscalizao e tambm o destino da embalagem. (http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L7802.htm) em 30 junho 2010.

! Poltica Agrcola Lei n 8.171, de 17 de janeiro de 1991: Esta lei, que dispe sobre Poltica Agrcola,
coloca a proteo do meio ambiente entre seus objetivos e como um de seus instrumentos. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8171.htm) em 30 junho 2010.

! Recursos Hdricos Lei n 9.433, de 8 de janeiro de 1997: A lei que institui a Poltica Nacional de
Recursos Hdricos e cria o Sistema Nacional de Recursos Hdricos define a gua como recurso natural limitado dotado de valor econmico, que pode ter usos mltiplos (por exemplo: consumo humano, produo de energia, transporte aquavirio, lanamento de esgotos). (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm) em 30 junho 2010.

! Lei n 9.605, de 12 de fevereiro de 1998: Dispe sobre as sanes penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e (http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L9605.htm) em 30 junho 2010. d outras providncias.

! Resoluo n 302 do Conama, de 20 de maro de 2002: Dispe sobre os parmetros, definies e limites
de reas de Preservao Permanente de reservatrios artificiais e o regime de uso do entorno. (http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30202.html) em 30 junho 2010.

67

ANEXO 3

! Instruo Normativa n 11 do Incra, de 4 de abril de 2003: Estabelece diretrizes para fixao do Mdulo
Fiscal de cada municpio, bem como os procedimentos para clculo dos Graus de Utilizao da Terra (GUT) e d e E f i c i n c i a n a E x p l o r a o ( G E E ) . (http://www.incra.gov.br/portal/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=297&Itemid= 136&limitstart=7) em 30 junho 2010.

! Instruo Normativa n 8 do Mapa, de 25 de maro de 2004: Probe em todo o territrio nacional a


produo, a comercializao e a utilizao de produtos destinados alimentao de ruminantes que contenham em sua composio protenas e gorduras de origem animal. ( h t t p : / / e x t r a n e t . a g r i c u l t u r a . g o v . b r / s i s l e g i s consulta/consultarLegislacao.do;jsessionid=407086d1313978e99cf9fca6bc7b876830189ce88d991 15262ee844e541190dc.e3uQb3aPbNeQe3mOa3mOb3aRc40?operacao=visualizar&id=6476) em 30 junho 2010.

! Decreto n 6.481, de 12 de junho de 2008: Regulamenta os artigos da Conveno n 182 da


Organizao Internacional do Trabalho (OIT) que trata da proibio das piores formas de trabalho infantil e ao imediata para sua eliminao. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/2008/Decreto/D6481.htm) em 30 junho 2010.

! Instruo Normativa n 56 do Mapa, de 6 de novembro de 2008: Estabelece os procedimentos gerais de


Recomendaes de Boas Prticas de Bem-Estar para Animais de Produo e de Interesse Econmico (REBEM), abrangendo os sistemas de produo e o transporte. (http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/consultarLegislacao.do;jsessionid=6a5d7977621735d31b88e0e7af6dfc842fd0e78df7d674 7eec53a1532a19b3ed.e3uQb3aPbNeQe3mOa3mOb3aRc40?operacao=visualizar&id=19205) em 30 junho 2010.

! Instruo Normativa n 25 (Anexos) do Mapa, de 23 de julho de 2009: Aprova as normas sobre as


especificaes e as garantias, as tolerncias, o registro, a embalagem e a rotulagem dos fertilizantes orgnicos simples, mistos, compostos, organominerais e biofertilizantes destinados agricultura. ( h t t p : / / e x t r a n e t . a g r i c u l t u r a . g o v . b r / s i s l e g i s consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=20542) em 30 junho 2010.

! Norma Regulamentadora n 7 do MTE, de 6 de julho de 1978: Estabelece a obrigatoriedade de


elaborao e implementao, por parte de todos os empregadores e instituies que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional (PCMSO), com o objetivo de promoo e preservao da sade do conjunto dos seus trabalhadores. (http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentaDORAS/nr_07_at.pdf) em 30 junho 2010.

! Norma Regulamentadora n 31 do MTE, de 4 de maro de 2005: Estabelece os preceitos a serem


observados na organizao e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatvel o planejamento e o

68

ANEXO 3

desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuria, silvicultura, explorao florestal e aquicultura com a segurana e sade e meio ambiente do trabalho. (http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentaDORAS/nr_31.pdf) em 30 junho 2010.

69

Impresso e acabamento Embrapa Informao Tecnolgica


O papel utilizado nesta publicao foi produzido conforme a certificao da Bureau Veritas Quality International (BVQI) de Manejo Florestal.

Foto: Antnio Jos de Oliveira

CNA

Brasil

ISBN 978- 85-297-0252-0

9 788529 702520

Você também pode gostar