Cap. 4 Literatura e Cultura Indigena Afro-brasileira
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OBJETIVOS
..E dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete
ou oito, segundo disseram os navios pequenos, por chegarem
primeiro.
Ali lançamos os batéis e esquifes ao mar, e vieram logo todos os
capitães das naus a esta nau do Capitão-mor, onde conversaram.
E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho
para ver aquele rio. E logo que ele começou de ir para lá,
acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três,
de maneira que, ao chegando o batel à boca do rio, eram ali
dezoito ou vinte homens. pardos, todos nus, sem coisa alguma
que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos com
suas setas. Vinham todos rijos para o batel; e Nicolau Coelho
lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram.
(CAMINHA,1997,p.17)
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I – Juca-Pirama
Canto V
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(DIAS,1982, p.50 )
.
“Só a antropofagia nos une. Economicamente. Fisicamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos,
de todos os coletivos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi or not tupy, that’s the question.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.”
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tema universal, a morte por amor. O triângulo amoroso formado por Diogo,
Paraguaçu e Moema tem solução na bela passagem em que esta última se
atira ao mar numa tentativa desesperada de alcançar o navio que levava
Diogo e Paraguaçu para a Europa.
Vejamos a seguir fragmentos dos poemas Uraguai, de Basílio da
Gama, e Caramuru, de Santa Rita Durão.
[...]
Começava a bordar nos horizontes Caramuru segue rigidamente
O céu de brancas nuvens povoado o modelo épico de Camões.
Quando, abertas as portas se descobrem Constituído de dez cantos, em
Em trajes de caminho ambos os padres, versos decassílabos e estro-
Que mansamente do lugar fugiam, fes em oitava-rima, o poema
Desamparando os miseráveis índios acompanha a estrutura da
Depois de expostos ao furor das armas. epopeia clássica, trazendo a
Lobo voraz que vai na sombra escura mitologia cristã e pagã, ape-
Meditando traições ao manso gado nas substitui os deuses greco-
Perseguido dos cães, e descoberto romanos por deuses indígenas
Não arde em tanta cólera, como ardem
Balda e Tedeu. A soldadesca alegre
Cerca em roda o fleumático Patusca,
Que próvido de longe acompanha
E mal se move no jumento tardo.”
(Basílio da Gama. O Uraguai. Rio de Janeiro:
Record, 2006, p.98)
[...]
Enfim, tens coração de ver-me aflita,
Flutuar moribunda, entre estas ondas;
Nem o passado amor teu peito incita
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SABER MAIS
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De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
[...]
(DIAS, Gonçalves. 1982, p.56-57)
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[...]
“O cajueiro floresceu quatro vezes depois Martim partiu das
praias do Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão fiel. A
jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e
senhora.
O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra pátria.
Havia aí a predestinação de uma raça?” [...]
(ALENCAR, José de. 1955, p.158)
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Macunaíma
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para matar as onças da região. Ele mata muitos desses animais, contudo,
com o tempo, começa a se identificar com as onças, se arrepende e passa
a protegê-las.
O meu tio o Iauaretê,
Mecê tá ouvindo, nhem? Tá aperceiando... Eu sou onça, não falei? Axi.
Não falei – eu viro onça? Onça grande, tubixaba. Ói unha minha: mecê olha
– unhão preto, unha dura... Cê vem, me cheira: tenho catinga de onça?
Preto Tiodoro falou eu tenho, ei, ei... Todo dia eu lavo corpo no poço... Mas
mecê pode dormir, hum, hum, vai ficar esperando camarada não. Mecê
tá doente, carece de deitar no jirau. Onça vem cá não, cê pode guardar
revólver...
Aaã! Mecê já matou gente com ele? Matou, a’pois, matou? Por quê que não
falou logo? Ã-hã, matou, mesmo. Matou quantos? Matou muito? Hã-hã,
mecê homem valente, meu amigo... Eh, vamos beber cachaça, até a língua
da gente picar de areia... Tou imaginando coisa, boa, bonita: a gente vamos
matar camarada, ’manhã? A gente mata camarada, camarada ruim, presta
não, deixou cavalo fugir p’los matos... Vamos matar?! Uh, uh, atimbora, fica
quieto no lugar! Mecê tá muito sopitado... Ói: mecê não viu Maria-Maria, ah,
pois não viu. Carece de ver. Daqui a pouco ela vem, se eu quero ela vem,
vem munguitar mecê...
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cãimbra toda... Eh, eu sou magro, travesso em qualquer parte, o preto era
meio gordo... Eu vim andando, mão no chão... Preto Tiodoro com os olhos
doidos de medo, ih, olho enorme de ver... Ô urro!...
(ROSA, Guimarães. In: Estas Histórias, Rio, José Olympio, 1962)
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Quarup
[...]
Anta sorriu de novo, o rosto largo iluminado, e foi seguindo Sônia que
se diluía no mato noturno. Foi ela quem estendeu a mão. E seguiu na frente,
para a maloca do Anta. Um índio descansava na rede, outro se enfeitava
para o quarup. Os tipitis pingavam mandioca esprimida, havia cuias com
restos de caxiri. Uma índia se recostava na rede, curumim dormindo a seu
lado, peito da mãe na boca. Sônia tirou o vestido pelos ombros, depois o
resto da roupa e sentiu um gostoso arrepio pela incuriosidade que sua nudez
despertava.será que os índios não iam falar naquilo? Mulher branca em
rede de índio devera valer pelo menos uma fofoca xinguana. Mas ali estava
ela nua em pelo no meio da maloca diante de homens e mulheres e todo
mundo continuava balouçando em rede de buriti, dormitando, esfregando
tinta no corpo. Sônia entrou na rede do Anta feito fêmea índia e deixou ele
deitar em cima e pensou que só queria estar ali na maloca com um homem
desencrencado por cima e pensou que só queria estar ali na maloca com
um homem desencrencado por cima e que era só isso, mas então viu em
cima da rede do Anta pendurado do poste central da maloca um espelho
redondo de barba que algum caraíba tinha dão em troca do arco ou flauta
e que aumentava a gente e pelo espelho viu as costas castanho-vermelhas
do Anta enterrado nela e viu a rede e o fogo no chão tudo muito maior e
cheio por dentro feito bola de soprar e coisa que vai estourar virando outra
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sei lá e entendeu que tinha mesmo querido não apenas passar o tempo
mas vir trepar ali na maloca diante dos outros.
(CALLADO, Antonio. Quarup. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1967,
p.244)
Maíra
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onde quiser. Mas eu, índio mairum posso ser sacerdote deles? Nunca! No
Brasil também não me tomarão por índio o tempo todo? Não. Lá é diferente.
Muita gente tem cara de índio e anda lampeiro por todo lado, sem ninguém
ligar. Muitos até proclamam que a avó foi pegada no laço. Sobretudo se são
escuros. Mas comigo é diferente. Nenhuma avó minha foi pegada no laço.
O selvagem sou eu mesmo. Minha avó sou eu.
(RIBEIRO, Darcy. Maíra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978, p.29-
30)
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GLOSSÁRIO
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ATIVIDADES
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