Um Curso em Milagres - 10 Perguntas
Um Curso em Milagres - 10 Perguntas
Um Curso em Milagres - 10 Perguntas
Captulo 1 A natureza do Cu
1) Qual a natureza de Deus? 2) Qual a natureza da realidade? 3) Qual a natureza da vida? 4) O Deus de Um curso em milagres o mesmo Deus da Bblia? 5) Se Deus no uma pessoa, por que Jesus O descreve dessa maneira? 6) O que quer dizer Um curso em milagres com criao? 7) O que quer dizer Um curso em milagres com a criao como um processo? 8) Quais so as criaes de que se fala em Um curso em milagres? 9) Se Deus tem um s Filho, porque que Um curso em milagres utiliza o termo Filhos de Deus? 10) Porque que Um curso em milagres utiliza o gnero masculino quando se refere Trindade? Jesus era machista?
N.T.: Quando a vontade de uma criatura e a do Pai so uma s, o acordo perfeito entre elas (o conhecimento) o Cu.
N.T.: Todos os nossos pensamentos so pensamentos de separao porque acreditamos que estamos separados de Deus, o Imutvel e a Realidade. Portanto, todos os nossos pensamentos so mutveis, isto , ocorrem fora da Realidade. Assim sendo, no existem, ou seja, jamais ocorreram... apesar de nos parecer o contrrio pelo simples facto de os termos pensado! por isso que uma das primeiras lies do Livro de Exerccios (n4) diz: Os meus pensamentos no significam nada.
Acaso podes dar vida a um esqueleto pintando-lhe lbios cor-de-rosa, vestindo-o primorosamente, acariciando-o ou dando-lhe mimos? E acaso ficas satisfeito coma ideia de que ests vivo? Fora do Cu no h vida. A vida encontra-se ali (no Cu) onde Deus a criou. Em qualquer outro estado que no seja o Cu (no mundo fsico) a vida no mais do que uma iluso. No melhor dos casos parece vida (quando o corpo est vivo); no pior, parece morte (quando o corpo morre). Ambos so, no obstante, julgamentos acerca do que a vida, idnticos na sua inexactido e falta de significado. Fora do Cu a vida impossvel, e o que no se encontra no Cu no se encontra em nenhum outro lado. Fora do Cu, h somente um conflito de iluses, completamente insensato, impossvel e fora da razo, ainda que se perceba como um eterno impedimento para chegar ao Cu. As iluses no passam de forma. O seu contedo nunca verdade. (T-23.II.18:8 19:9). Muito cuidadosamente, portanto, Jesus explica que a vida Unidade com a nossa Fonte no Cu onde a Mente de Cristo e a Mente de Deus so Uma. Vida, esprito e Mente so termos, basicamente, sinnimos uns dos outros, sendolhes comuns as caractersticas de falta de forma, imutabilidade e vida eterna. Aquilo que ns, neste mundo, temos identificado como vida no corpo, claramente no o que o Curso chama vida. De facto, uma lio do Livro de Exerccios (176) tem por tema: S h uma vida e essa a vida que eu compartilho com Deus. Portanto, o que experimentamos como vida, enquanto organismos fsicos e psicolgicos, uma caricatura ou uma pardia do nosso verdadeiro Ser, o Cristo que Deus criou como verdadeira vida. importante entender qual o conceito de vida em Um curso em Milagres, pois, de contrrio, os estudantes acabariam por se confundir, tanto ao entender os ensinamentos no-dualistas do Curso, quanto ao aplic-las nas suas vidas pessoais.
v so ainda estveis. (...) Mas uma relao santa, que apenas acaba de renascer de uma relao no santa, e que, no entanto, mais antiga que a veja iluso que acaba de substituir, como um beb que tivesse acabado de renascer. Mas este beb que te devolve a viso, pois ir falar-te num idioma que poders entender. (T22.I.6:1-5; 7:2-3. Sublinhado do tradutor). Todos j experimentamos esta mesma necessidade descrita por Jesus. Quando falamos com crianas usamos palavras e conceitos que so apropriados ao seu nvel de entendimento. Ainda que a forma do que dizemos no seja literalmente certa, o contedo o nosso amor e o nosso desejo de sermos teis e genunos. Mais adiante, no Texto, ao falar da Unidade de Cristo, a qual nos ensina que desde o interior das nossas mentes separadas, Jesus volta a colocar a questo. Uma vez que crs estar separado, o Cu apresenta-se perante ti como algo tambm separado. Isto no quer dizer que realmente esteja separado, mas que se apresenta desta forma de forma a que o vnculo que te foi dado, para que te unas verdade, possa chegar a ti numa forma que entendas. (...) Ele (a Unidade) precisa, no entanto, de utilizar o idioma que a dita mente entenda, devido condio em que acredita estar (o estado dualista da separao). E tem de valer-se de tudo o essa mente aprendeu para transformar as iluses em verdade e eliminar todas as tuas falsas ideias acerca do que s, no intuito de te conduzir at verdade que est para alm delas. (T-25.I.5:1-2; 7:4-5.) Uma vez que, como j vimos, no h uma forma de Jesus nos poder comunicar como Deus, nosso Criador e Fonte, verdadeiramente , ele tem de recorrer linguagem do mito e da metfora. Estes so os smbolos que ns - identificados como corpos - podemos entender. E, por isso, atravs de Um curso em Milagres, faz-se referncia a Deus como se fosse um corpo, uma vez que nem sequer podemos pensar Nele sem um (T-18.VIII.1:7). Chama-se-Lhe Pai e descrito com Braos, Mos e uma Voz, com sentimentos de solido e de estar incompleto. Fica at implcito que tem canais lacrimais, dado que chora pelos Seus Filhos, separados Dele. Ora, o Deus no-dualista, que temos vindo a descrever, claramente no pode possuir estes traos ou partes corporais. Mais: o verdadeiro Deus no pensa, tal como ns experimentamos aquilo a que chamamos pensar. E nem sequer pode Ele ter um plano de Expiao como resposta iluso da separao, quando, como descrito no Curso, cria o Esprito Santo. Esta aparente contradio resolve-se quando compreendemos, repito, que Jesus fala-nos no nvel antropomrfico que podemos entender - um maravilhoso exemplo do princpio que, cedo, enuncia no Curso. ... para que um milagre seja o mais eficaz possvel, tem de ser expresso num idioma que aquele que o h de receber possa entender sem medo. (T-2.IV.5:3) Os estudantes de Um curso em Milagres tm de ser cautelosos para no carem na armadilha de interpretar literalmente o que tem um sentido figurado. Um bom mtodo prtico recordar que somente a no-dualidade real. Pelo contrrio, a dualidade a iluso da separao, como se pode ver por esta parfrase de uma orao, retirada do Manual de Professores, na qual utilizamos a palavra dualidade em vez de morte, uma passagem que citaremos mais detalhadamente na resposta a uma pergunta posterior: ... Professor de Deus, a tua nica tarefa pode definir-se da seguinte maneira: no assumas nenhum compromisso em que a morte tenha lugar nele. (MP27.7:1) Qualquer passagem de Um curso em Milagres em que Jesus diga que Deus faz alguma coisa, ou que possui quaisquer caractersticas do homo sapiens antropomorfismos inerentemente dualista e, portanto, trata-se de uma metfora para expressar o Amor abstracto e no-especfico de Deus, que est para alm de qualquer dualismo. Da mesma forma, quaisquer referncias de que o Esprito Santo ou Jesus faz seja o que for, tem o mesmo significado. Estas passagens, claro est, so extremamente significativas para ns, que ainda cremos estar no mundo dualista do tempo e do espao. Mas tomar estas afirmaes como verdades literais apenas garantir que jamais aprenderemos as lies que nos ajudariam a despertar do sonho de que, realmente, h um mundo de individualidade e corpos separados. Frequentemente, os estudantes acabam por reforar o seu prprio especialismo e a identificao com os seus corpos, nunca chegando a ultrapassar a linguagem do Curso que foi tomada emprestada da Bblia a qual, na sua maior parte, consiste de descries metafricas de Deus e do Esprito Santo como corpos e pessoas que interagem com eles. A concentrao no verdadeiro papel do Esprito Santo como um Pensamento nas nossas mentes, que nos convida a escolh-lo a Ele como nosso professor, em vez do ego, manter os estudantes no verdadeiro caminho do perdo.
A tua funo aumentar o tesouro de Deus criando o teu. A Sua Vontade at ti a Sua Vontade para ti. Ele no te negaria a capacidade de criar porque nisso radica a sua alegria. Tu no podes encontrar alegria excepto como Deus o faz. O seu prazer decorre de te ter criado e Ele estende-te a Sua Paternidade para que tu possas estender-te tal como ele o fez. No compreendes isto porque no O compreendes. Ningum que rejeite a funo Dele poder entender qual ela e ningum pode aceitar a Sua funo a menos que saiba o que Ele Mesmo . (T8.VI.6:1-7). O perdo, o qual, sim, podemos entender, a nossa funo enquanto estamos aqui no mundo, sendo o processo atravs do qual aprendemos a aceitar a nossa Identidade como Cristo. esta aceitao, repito, que nos permite, finalmente, entender a realidade e o que significa ser tal como Deus nos criou.
9) Se Deus tem um s Filho, porque que Um curso em milagres utiliza o termo Filhos de Deus?
Muitas vezes Jesus utiliza o plural para se dirigir aos filhos de Deus, aqueles que esto separados e so imensos. Este outro exemplo do uso flexvel que Jesus faz da linguagem para poder aproximar-se dos seus alunos num nvel de separao ou de dualidade que eles possam aceitar e entender. Isto, todavia, no deve ser entendido no sentido em que h individualidade e dualidade no Cu. Na realidade, como Um curso em Milagres afirma repetidamente, s pode haver um Filho, dado que a Unidade s pode criar Unidade, e a multiplicidade no pode originar-se da Unidade. Isto ressaltado nestas importantes passagens do Texto e do Livro de Exerccios: Deve observar-se com especial ateno que Deus s tem um Filho. Se todas as criaes de Deus so os Filhos Seus, cada uma delas tem de ser parte integral de toda a Filiao. A Filiao, na sua unicidade, transcende a soma das partes. (T -2.VII.6:1-3).
Ns, os Filhos de Deus, somos a criao. Parece-nos estar separados e no sermos conscientes da nossa eterna unidade com Ele. No entanto, alm de todas as nossas dvidas e muito para alm de todos os nosso medos, ainda h a certeza, pois o Amor jamais abandona os Seus Pensamentos, e eles compartilham a Sua certeza. A lembrana de Deus encontra-se nas nossas mentes santas, que so conscientes da sua unicidade e da sua unio com o seu Criador. (LE-pIl.ll.4:1-5). Portanto, o termo Filhos de Deus utilizado por convenincia quando Jesus se dirige aos seus alunos tal como eles crem que so. Por outro lado, Filho de Deus, um termo que se utiliza para referir que somos verdadeiramente como Cristo, a Identidade da Unidade para a qual despertaremos depois que o nosso sonho de multiplicidade tiver sido desfeito.
10) Porque que Um curso em milagres utiliza o gnero masculino quando se refere Trindade? Jesus era machista?
No, Jesus no machista, tal como Helen Schucman, a pessoa recebeu o Curso, no atraioou o seu gnero. Com efeito, Um curso em milagres est escrito, linguisticamente, dentro da tradio judaico-crist dominada pelo masculino, e utiliza a linguagem bblica patriarcal na qual se baseia esta tradio. Em consequncia, o Curso molda-se a esta cultura religiosa ao utilizar termos relacionados com a Trindade, os q uais so exclusivamente masculinos. Deve entender-se, no entanto, que a Trindade no masculina nem feminina, e que o Santssimo, dado que no criou corpos, no conhece, obviamente, os gneros. Este ponto um testemunho adicional (os outros esto da pergunta 4) da diferena entre o Deus bblico e o Deus de Um curso em milagres. Jesus fala do uso que ele prprio faz desta linguagem com conotao egosta: Este curso opera dentro do quadro de referncias do ego, pois a que preciso. (...) Serve-se de palavras, as quais so simblicas e no podem expressar o que se encontra para alm de qualquer smbolo. (ET-in.3:1,3). E, deste modo, torna-se evidente que, ao utilizar esta linguagem masculina, o significado do Curso radica noutro lado. Se certo que a forma das palavras do Curso igual da tradio ocidental de h 2.500 anos, o seu contedo exactamente o oposto. Isto um bom exemplo do princpio, enunciado duas vezes no Texto, de que o Esprito Santo no nos tira as nossas relaes especiais (a forma), mas transforma-as ao mudar o seu propsito (o contedo). (T17.IV.2:3-6; T-18.II.6). O leitor tem, portanto, uma excelente oportunidade para praticar o perdo permitindo que, mediante a linguagem sexista do Curso, alguns pensamentos de julgamento inconscientes surjam na sua conscincia de forma a poderem ser encarados distintamente com a ajuda do Esprito Santo. Assim, uma relao de dio especial (ou de amor especial) com as autoridades patriarcais - religiosas ou seculares - pode ser transformada numa relao santa, a partir do momento em que passa a ter como propsito o perdo e a paz, em vez do julgamento e do ataque. O mesmo raciocnio pode ser aplicado ao uso que o Curso faz do termo - Filho de Deus. Durante 2000 anos este termo foi utilizado pela teologia crist para referir unicamente Jesus, o nico Filho engendrado pelo Deus bblico, e a Segunda Pessoa da Trindade. (Acrescente-se que este especialismo de Jesus foi acentuado por S. Paulo ao relegar o resto da humanidade para a posio de filhos adoptivos de Deus (Glatas 4:4).) Todavia, Jesus, em Um curso em milagres, utiliza este mesmo termo - o qual havia excludo, at aos nossos dias, todas as criaturas excepto ele - para afirmar que igual a todos ns. Assim, em Um curso em milagres, o termo refere-se a toda a humanidade: os filhos de Deus que, por ainda crem que so corpos e que esto separados da sua Fonte, acreditam serem diferentes Dele. Mais especificamente, ainda, o termo - Filho de Deus - usado para referir os estudantes que lem e estudam Um curso em milagres, um uso que claramente expressado, independentemente de serem masculinos ou femininos. Este termo , pois, usado deliberadamente para corrigir 2000 daquilo que Um curso em milagres v como uma distoro feita pelo cristianismo da mensagem bsica de Jesus, neste caso a perfeita unidade e igualdade da Filiao de Deus. Neste sentido, Jesus apresenta-se a si mesmo, no Curso, sem qualquer diferena que o distinga de ns, na realidade (na eternidade, em Deus), ainda que certamente, no tempo, ele seja muito diferente. Por conseguinte, o termo Filho de Deus - que se aplicava unicamente a Jesus, passa a ser aplicado a todos ns. Este termo tambm utilizado para referir Cristo, a criao de Deus prvia separao, o Seu nico Filho. Ou seja, vemos o uso da mesma forma usada pelo cristianismo tradicional, mas com um contedo totalmente diferente. Filho de Deus pode ainda ser entendido como sinnimo de criatura, um termo que o Curso tambm utiliza com frequncia.
A reinterpretao de - Filho de Deus , de exclusiva a totalmente inclusiva, essencial no sistema de pensamento do Curso. E, devido funo que Jesus d a este termo, os estudantes - sejam homens ou mulheres - devem precaverse contra a tentao de mudar a linguagem ofensiva do Curso. Se bem que fazer isso seja compreensivo, serve apenas para boicotar um dos princpios pedaggicos de Jesus. De facto, seria mais condicente com os ensinamentos de Um curso em milagres deixarmos a forma nele utilizada tal como est e mudarmos, ns, a nossa forma de pensar em relao a isso. Vem, a propsito, parafrasear uma famosa linha do Texto: No trates, portanto, de alterar o curso; melhor ser alterares a mentalidade acerca dele. (T-21-in.1:7) Assim, posto que a forma do Curso no ser alterada, os estudantes beneficiariam se utilizassem as suas reaces como uma sala de aula na qual pudessem aprender a perdoar, no s a Jesus (por ter utilizado uma linguagem machista), a Helen (por t-la transcrito tal como a recebeu), ou a Um curso em milagres em si mesmo, mas tambm a todos aqueles que, no passado (ou no presente) se deram conta da forma como, eles mesmos, e outros, foram tratados injustamente. Uma nota final sobre a linguagem masculina do Curso: uma vez que o ensinamento central de Um curso em milagres o de que no somos corpos - e, portanto, os membros da Santssima Trindade tambm no so tal - o assunto , simplesmente, uma questo de estilo.