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ORIXÁ EGUNGUN
No símbolo “Egungun” está expresso todo o mistério da transformação de
um ser deste mundo num ser do além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto. A palavra Egúngún designa, ao mesmo tempo, um orixá, o conjunto dos ancestrais masculinos da humanidade e o conjunto dos ancestrais masculinos de uma família; é derivada de egún, que significa osso ou esqueleto. No entanto, enquanto por egún se entende um ancestral em particular, um antepassado já-ido, habitante do orun, que pode se manifestar no aiye, e que pode não ser venerável, Egúngún ou Babá-Égún designa toda uma coletividade de seres veneráveis. Os seres veneráveis incluem divindades, que personificam fenômenos da natureza, e ancestrais, associados a elementos estruturantes da sociedade. O princípio de senioridade, um dos mais estimados na África, determina que os mais velhos ocupem postos hierárquicos superiores e que os mais jovens os respeitem por sua experiência e sabedoria, desde que a idade traga valores como um grande número de descendentes e condições materiais satisfatórias de vida e virtudes como paciência. Na religião dos orixás qualquer indivíduo notável, dotado de uma existência plena e de uma morte suave em idade avançada, pode integrar o corpo dos ancestrais veneráveis da humanidade, desde que seus rituais fúnebres sejam realizados. Os ancestrais masculinos têm sua instituição em diversas sociedades, como Egúngún, Ìgunnukó, Oro e Agemo. Os ancestrais femininos, as Ìyá-Agbà (Mães Anciãs ou Veneráveis Mães Anciãs), também têm sua instituição em diversas sociedades, entre as quais Gèlèdé. Culto ao ancestral feminino, força também manipulada por homens. As mulheres só veneram as geledes. Existe grande ligação com as Iya Mi Osoronga onde as anciãs são profundas conhecedoras e na maioria das vezes iniciadas nessa sociedade. Os nagôs, cultuam os espíritos dos mais velhos de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em pról da preservação e da transmissão dos valores culturais. E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial. Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência). Segundo os nagôs, o homem que deixa o corpo terrestre para se reunir a seu Ipori no Orum, abandonando seu rosto humano, conservando sua família, sua linhagem, seu clã e o povo, no qual o Orixá colocou no momento de sua criação. Nos terreiros de candomblé, os mortos são chamados de Eguns e fazem circular as suas mensagens, ao mesmo tempo em que criam canais de comunicação com os vivos, seja por meio dos “eventos de possessão” nos médiuns, pelo oráculo, ou pela materialização sob a forma humana sob vários tecidos e tiras (os Baba Eguns). Segundo a tradição do culto dos eguns, é originário da África, mais precisamente da região de Oió. O culto de Egungum é exclusivo de homens, sendo Alapini o cargo mais elevado dentro do culto, tendo, como auxiliares, os ojés. Todo integrante do culto de egungum é chamado de mariuô. Na África, Xangô é considerado a encarnação do deus primordial do sol, raios e tempestades. Xangô seria a encarnação de Jacutá, que é considerado a mão de Olorum que pune, o caráter punitivo de Olorum, ele representa o poder de Olorum, tanto que fora enviado ao mundo em criação para estabelecer a ordem entre Oxalá e Odudua, que são as duas divindades que foram encarregadas por Olorum da criação. Desta forma, Xangô é cultuado como um orixá egungum, orixá por ele ser nada mais nada menos que o orixá da execução, da punição divina e egungum por ele ter tido sua passagem pela terra como homem e ter se iniciado. Xangô foi o criador do culto de egungum; foi o primeiro ojé (sacerdote do culto aos mortos); e também foi o primeiro Alapini (sumo-sacerdote do culto aos mortos). Para poder ser evocado como Babá-Egún, o ancestre também passa por rituais e processos de “feitura” após o axexê, que se diferenciam daqueles realizados nos processos de “desfeitura” no axexê dos cultos aos orixás. Como todo iniciado, o falecido toma a obrigação de 1 ano, denominada aku. Na obrigação de três anos o ancestre (egún) torna-se aparaká, espécie de guardião do culto, representação não individualizada que ainda está em processo de formação, possuem roupas totalmente diferentes dos opás utilizado pelos Babá e são mudos, não emitem nenhum tipo de som. E só após a obrigação de sete, o ancestre poderá finalmente abrir a fala, ganhar o opá e tornar-se um Babá-egun e, a partir disso, estará apto para aparecer em público e se comunicar com seus descendentes. o morto, depois de automaticamente se transformar em ancestral, cumprindo os rituais e o tempo necessário, poderá ser invocado como Egum (o espírito do morto).