Estrategias e Orientacoes Em Linguagem
Estrategias e Orientacoes Em Linguagem
Estrategias e Orientacoes Em Linguagem
Capa e arte de abertura das partes: Grace Cristina Ferreira-Donati e Carlos André Marques
Ilustrações: Grace Cristina Ferreira-Donati e Carlos André Marques
Editoração Eletrônica: Giovani Pozza Azoni
Revisão ABNT: Karen Lorrany Leite Marano e Michelle Christina Pimenta Lopes
Conselho Editorial: Ana Luiza Pereira Gomes Pinto Navas, Cíntia Alves Salgado Azoni, Juliana
Onofre de Lira
Revisores Científicos: Ana Cristina de Albuquerque Montenegro, Ana Paula Blanco Dutra, Aveliny
Mantovan Lima, Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter, Cristiane Moço Canhetti de Oliveira, Débora
Vasconcelos Correia, Guadalupe Marcondes de Moura, Isabella Monteiro de Castro Silva,
Letícia Correa Celeste, Luciana Mendonça Alves, Maria de Jesus Gonçalves, Maria Lúcia Gurgel da
Costa, Renata Mousinho, Simone dos Santos Barreto
CDU 612.78
RN/UF/BCZM
Gestão 2020-2022
Diretoria Executiva da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (Gestão 2020-2022)
Comitê de Fluência
Coordenadora: Dra. Débora Vasconcelos Correia
Vice-coordenadora: Dra. Astrid Mühler M Ferreira
Cíntia Alves Salgado Azoni. Fonoaudióloga. Pós-Doutora em Ciências Médicas pela Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade de Campinas - UNICAMP. Docente do Departamento de
Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Professora Permanente
dos Programas de Pós Graduação em Fonoaudiologia e Psicologia da UFRN. Membro da
Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins - ABENEPI. Vice-líder
do CNPq Laboratório de Extensão e Pesquisa em Neuropsicologia, UFRN. Líder do Grupo de
pesquisa CNPq LEIA - Linguagem Escrita, interdisciplinaridade e Aprendizagem. Coordenadora
do Departamento de Linguagem da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia – SBFa (2020-2022).
Ivonaldo Leidson Barbosa Lima. Fonoaudiólogo. Doutor em Linguística pela Universidade Federal
da Paraíba - UFPB. Professor Assistente do Curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário de
João Pessoa - UNIPÊ.
Juliana Perina Gândara. Fonoaudióloga. Doutora em Linguística pela Universidade de São Paulo
- USP.
1 FILHO, J.A.C.; PEQUENO, M.C.; SOUZA, C.F.; JÚNIOR, G.S.V.; MESQUITA, A.O.; DAVID, P.B. Linguagens
midiáticas e comunicação em EaD. Em Aberto, 22 (79): 9-13, 2009.
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
SUMÁRIO
COMITÊ DE FLUÊNCIA
Capítulo 8. Orientação a pais de crianças com gagueira e fonoaudiólogos que atendem a
pessoa que gagueja
Astrid Mühle Moreira Ferreira & Anelise Junqueira Bohnen
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Dicas gerais
- Sempre que oferecer algum brinquedo a criança, faça na linha central do corpo. Algumas
crianças já desenvolvem desde cedo seu lado predominante (destro ou canhoto), porém é
importante estimular com a mesma intensidade os dois lados do corpo.
- Para as crianças com maior autonomia motora (sentar, marchar), recomenda-se atividades
que sejam realizadas no chão, para que a criança possa explorar todo o ambiente. Junto com
a exploração motora, incentive a comunicação da criança. Converse e espere a resposta da
criança (verbal e/ou gestual). Nomeie e solicite a nomeação dos objetos. Incentive brincadeiras
de repetição, ação com objetos e de atenção conjunta.
- Atividades de contação de histórias ou leituras podem ser realizadas com frequência,
independentemente da idade das crianças, pois estas estimulam as habilidades auditivas,
comunicativas, atencionais e de contato visual.
- Nesta faixa etária as cores são grandes aliados do desenvolvimento, utilize objetos
com cores, sons e texturas diferentes para chamar atenção da criança. Deixe que ela manipule
e explore da sua maneira tudo o que lhe é ofertado. Ressalta-se que ao longo do primeiro
ano de vida, a criança irá passar pela fase oral (momento em que ela adquire conhecimento e
experiência, levando os objetos à boca).
- O sorriso é um comportamento comunicativo, por isso valorize os sorrisos emitidos,
sorria em resposta, bata palma, mostre o seu contentamento com essa expressão.
- Ao longo do primeiro ano de vida a criança irá desenvolver a atenção conjunta e
compartilhada, ou seja, durante a brincadeira vai conseguir prestar atenção no brinquedo e no
adulto. Prepare atividades que possam favorecer ações da criança em habilidades atencionais.
- A posição/postura dos pais na hora da brincadeira é muito importante. Posicione-se de
tal modo que vocês mantenham o contato visual e que a criança possa enxergar o movimento
dos seus lábios. Nunca se posicione atrás da criança, pois ela precisa de modelos adequados de
produção de fala.
- Para a produção dos primeiros sons, existe uma sequência com grau de dificuldade
distinta. A produção das sílabas “ma”, “ba” e “da” são mais fáceis. Comece estimulando esses
sons.
- Utilize vários momentos da rotina da criança para estimular o vocabulário expressivo
e receptivo. Por exemplo, enquanto dá banho na criança, nomeie as partes do corpo; no
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momento que realiza a troca de fraldas - cante uma música; durante a alimentação, nomeie os
alimentos presentes, enfatizando o uso de onomatopeias “hum que gostoso”; relacione sons
aos significados.
- Ensine a criança fazer gestos como mandar beijo, dar tchau, bater palma – lembrando
sempre de associar os gestos com os sons e fala.
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REFERÊNCIAS
FUERTES, M. et al. Maternal perinatal representations and their associations with mother-infant
interaction and attachment: A longitudinal comparison of Portuguese and Brazilian dyads.
International Journal of Psychology, v.55, n. 2, p.224-233, 2020.
LIPKIN, P. H.; MACIAS, M. M. Promoting optimal development: identifying infants and young
children with developmental disorders through developmental surveillance and screening.
Pediatrics, v. 125, n. 1, p. e20193449, 2020.
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Definição
O transtorno fonológico, atualmente conhecido como transtorno dos sons da fala (TSF),
conforme o DSM-5 (American Psychiatric Association - APA, 2013), é uma alteração observada
principalmente em crianças entre quatro e oito anos de idade. Porém, as alterações podem
permanecer após os oito anos de idade e serem observadas em adolescentes e adultos
(SHRIBERG, 2013; WREN, et al, 2016). Os sons da fala são adquiridos gradativamente durante o
período de desenvolvimento e, aos quatro anos, em geral, as crianças já têm uma fala inteligível
(WERTZNER, 2008). Aos sete anos praticamente já têm todas as regras fonológicas da língua,
mas ainda estão aprimorando os movimentos motores da fala até o final da adolescência. A
principal característica do TSF é a ininteligibilidade de fala de grau variável com a observação de
alterações nos sons da fala seja por omissão, substituição ou distorção que estão associadas à
dificuldade no uso das regras fonológicas da língua (ASHA, 2018). Essas alterações comprometem
a comunicação e a criança poderá ter dificuldades na aprendizagem de leitura e escrita.
1. É recomendável utilizar jogos que os pais tenham em casa. De forma geral, a orientação é
que a criança deverá jogar depois que ouvir o estímulo (som ou palavra), seja para identificar
ou discriminar os sons, ou para nomear a figura com o som alvo. É importante ressaltar que
os estímulos, tanto os auditivos, como as figuras para nomeação (treino articulatório) devem
ser previamente selecionados pelo fonoaudiólogo juntamente com os pais (Figura 1).
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Fonte: internet
2. Os pais podem também contribuir com atividades que envolvem a separação de palavras em
sílabas. A seleção das palavras, que são representadas por figuras, é realizada pelos pais em
conjunto com o fonoaudiólogo. Para desenvolver a atividade, inicialmente, os pais solicitam à
criança que nomeie as figuras. Em seguida, pede para ela marcar quantas sílabas ou pedaços
tem a palavra, por exemplo, batendo palmas para cada sílaba. Como alternativa a criança
pode indicar o número de sílabas pulando, mostrando com feijões ou grãos de milho.
3. Com as mesmas palavras, representadas por figuras, sorteamos uma delas e pedimos para
que a criança fale outra palavra que comece com a mesma sílaba. Também, podemos sortear
outra palavra e pedir às crianças que digam outra que termina com a mesma sílaba.
Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.abilio.gamefono&hl=pt_BR;
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.fofuuu.apps.therapist&hl=pt_BR;
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.appsbergman.silabando&hl=pt_BR
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Sugestões de estratégias
Fonte: https://apptopia.com/google-play/app/com.profono.jms/intelligence
https://www.afinandocerebro.com.br/
https://appadvice.com/app/treinamento-de-mem-c3-b3ria-auditiva/893248484
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Instagram @tsfala
Fonte: https://www.instagram.com/tsfala/
REFERÊNCIAS
SHRIBERG, L. D. State of the Art in CAS Diagnostic Marker Research. Review paper presented
at the Childhood Apraxia of Speech Association of North America Speech Research Symposium.
February; Atlanta, GA. 2013.
WREN, Y. et al. Prevalence and predictors of persistent speech sound disorder at eight years old:
findings from a population cohort study. Journal of Speech, Language, and Hearing Research,
v. 59, p. 647–673, 2016.
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Marina Leite Puglisi, Heloisa Gonçalves Silveira & Juliana Perina Gândara
Definição
O Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) caracteriza-se por uma dificuldade
primária e persistente para desenvolver linguagem na ausência de outros diagnósticos, como
transtorno do espectro autista, deficiência auditiva, deficiência intelectual, alterações neurológicas
ou síndromes (BISHOP et al. 2016, 2017). O TDL tem impacto significativo na comunicação e
na aprendizagem, e afeta aproximadamente 7% das crianças em idade escolar (TOMBLIN et
al., 1997, NORBURY et al., 2016), ficando entre os quadros mais prevalentes dos transtornos do
neurodesenvolvimento.
As crianças com TDL podem ter dificuldades heterogêneas nas diferentes áreas da
linguagem (e.g. semântica, fonologia, morfossintaxe, pragmática), com implicações sociais
e acadêmicas que podem variar de acordo com o grau e a natureza dessas dificuldades. A
intervenção fonoaudiológica efetiva é essencial para potencializar o desenvolvimento da criança
e reduzir o impacto das alterações. A terapia tradicional – presencial, direta e individual – é
considerada o padrão de intervenção efetiva com enfoque em fala e linguagem. Entretanto,
a efetividade de formas de intervenção indireta – que incluem variadas modalidades, desde o
teleatendimento até a execução de programas de intervenção por pais e cuidadores – têm sido
estudada desde os anos 80 (LAW et al., 2003, TOSH et al., 2017). Tais estudos, de maneira geral,
demonstram que as estratégias indiretas também podem ser efetivas quando administradas por
pais ou professores bem treinados e orientados. Essas possibilidades despontam como uma
ótima alternativa nos tempos atuais, diante da pandemia de COVID-19, uma vez que se torna
necessário adaptar e reinventar a nossa prática clínica para que a intervenção à distância tenha
a mesma efetividade da intervenção presencial e direta.
O primeiro passo para que a intervenção seja efetiva é estabelecer os objetivos em
conjunto com a família. Esses objetivos devem ser claros para todos os envolvidos, pois vão
orientar as estratégias de intervenção. É papel do fonoaudiólogo avaliar e adaptar a intervenção
de acordo com a realidade e as possibilidades de cada família, orientar e treinar pais e familiares,
monitorar a execução das atividades propostas e esclarecer as dúvidas.
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é possível copiar o link para que a criança realize tarefas durante a semana, de modo que o
profissional consiga assisti-las. Estes recursos têm se mostrado de grande utilidade para engajar
crianças pequenas com TDL na teleconsulta.
Animal Puzzle*
Vocabulário 4+ Pais & Fonoaudiólogos
Ler e Contar*
Vocabulário 4+ Pais & Fonoaudiólogos
Sons de Animais*
Até 5 (Google
Vocabulário Play) e 4+ (App Pais & Fonoaudiólogos
Store)
PlayKids*
Até 8 (Google
Vocabulário Play) e +4 (App Pais & Fonoaudiólogos
Store)
Afinando o cérebro*
Expressões idiomáticas 5+ Pais & Fonoaudiólogos
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Rimas e Sons
Iniciais* Consciência Fonológica Fonoaudiólogos
(nível da sílaba, rima e 4+ preferencialmente, mas
fonema) pode ser usado por pais
Lele
Fonoaudiólogos
Consciência Fonológica
Até 8 anos preferencialmente, mas
(nível silábico)
pode ser usado por pais
Conclusões
O atendimento remoto dos pacientes com TDL traz uma série de desafios para o
fonoaudiólogo que ainda está se ambientando com a possibilidade de realizar terapia a distância.
No entanto, esta modalidade de atendimento também levanta benefícios ao engajar plenamente
pais e cuidadores no tratamento das crianças, o que certamente tem muitas vantagens se bem
explorado.
REFERÊNCIAS
LAW, J.; GARRETT, Z.; NYE, C. Speech and language therapy interventions for children with
primary speech and language delay or disorder. Cochrane Database of Systematic Reviews. v.
3, n. CD004110, 2003.
NORBURY, C. F. et al. The impact of NVIQ on prevalence and clinical presentation of language
disorder: evidence from a population study. Journal Child Psychology and Psychiatry, v. 57, n.
11, p. 1247-57, 2016.
TOSH, R.; ARNOTT, W.; SCARINCI N. Parent-implemented home therapy programmes for speech
and language: a systematic review. International Journal of Language and Communication
Disorders, v. 52, n. 3, p. 253-69, 2017
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7. Princípios de aprendizagem motora, devem ser aplicados nos treinos de acordo com a etapa
em que a criança se encontra:
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2 No caso da AFI, a Associação Brasileira de Apraxia de Fala na Infância – ABRAPRAXIA, disponibiliza materiais em
português (cards e aplicativo) para treino e informativos (www.apraxiabrasil.org), bem como a Associação Norte Americana de
Apraxia de Fala na Infância - APRAXIA-KIDS (https://www.apraxia-kids.org).
3 Dentre os programas com base científica disponíveis para tratamento de AFI há o PROMPT, que disponibilizou um
webinar “Implementando PROMPT por teleterapia” (https://promptinstitute.com); o Rapid Syllable Transition - ReST (https://
rest.sydney.edu.au/) e Dynamic Temporal and Tactile Cueing - DTTC (https://www.childapraxiatreatment.org/).
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No Quadro 1 são apresentadas algumas sugestões de objetivos a serem atingidos com suas
possíveis estratégias (HAMMER e EBERT, 2018).
Objetivos Estratégias sugeridas
Ao interagir com a criança, procurar chamar atenção para seu rosto e boca. Segurar os
objetos perto da boca ao nomeá-los; sentar-se de frente para ela permitindo que os rostos
1. Prestar atenção de vocês fiquem na mesma altura durante as atividades; caprichar nas expressões faciais e
à face do falante variar a inflexão vocal; estabelecer jogos que envolvam a necessidade da criança olhar para
você para continuar jogando; e evitar pressioná-la a repetir se já estiver cansada, pois ela
pode diminuir seu contato visual.
Ao imitar uma ação a criança aprende como coordenar movimentos e essa prática pode ser
2. Estimular muito prazerosa em situações diárias. Em diversos momentos (como numa brincadeira de faz
habilidades de de conta ou na leitura compartilhada de um livro) é possível incentivá-la a imitar o adulto e
coordenação propor um revezamento, inclusive solicitando verbalmente “eu imito você e você me imita”;
motora ouvir músicas e utilizar gestos representativos da letra e até mesmo associar sons a estes
gestos (como abrir os braços como se fosse um avião e fazer seu som).
Desenvolver consciência sobre os órgãos envolvidos na produção de sons é essencial para
a criança, porém não basta dizer isso para ela, mas sim favorecer que ela experimente
sensações. Durante uma brincadeira com animais ou a leitura de um livro, por exemplo,
3. Aprimorar a ela pode ser solicitada a fazer movimentos com a boca e o rosto como se fosse um animal
consciência dos (colocar a língua para fora como um cachorro, fazer boca de peixe) ou representar as emoções
articuladores e ações de um personagem (cara de susto ou de tristeza, fingir que está mastigando ou
bebendo); além de passar protetor labial para melhorar a percepção dos lábios. Neste caso
até o uso de aplicativos no celular que tenham filtros de animais pode ser interessante para
a criança experimentar movimentos diferentes e ver o resultado.
Ainda que não sejam palavras é um avanço que a criança produza sons, principalmente se
forem associados a contextos de comunicação. Assim, vale reforçar os sons produzidos por
4. Aumentar as
ela; estabelecer jogos vocais incentivando que ela produza sons variando duração, ritmo e
vocalizações
intensidade (como cantarolar ou “um, dois, três e já”); além de limitar o acesso a recursos
eletrônicos que não demandem da criança trocas comunicativas.
Quando a criança já consegue fazer alguns sons e movimentos é importante variá-los, inclusive
usando recursos para amplificação (microfone, tubo em U, rolo de papel toalha). Durante a
5. Variar sons e rotina ou em brincadeiras é possível criar oportunidades para produzir sons simples, como
movimentos orais dos animais, veículos (buzina, barulho do motor ou do trem), relacionados com comidas
(pipoca estourando, água escorrendo, vento assobiando), além de exclamações associadas
a ações (susto, alegria).
Podemos incentivar a criança a realizar diferentes movimentos e perceber o resultado (por
exemplo, abertura da boca na vogal A, protrusão dos lábios para O e U, retração para E
6. Diferenciar as
e I). Ainda é possível prolongar as vogais em contextos funcionais e de brincadeira, além
vogais
de inseri-las em músicas de forma isolada ou em sílabas simples (parear consoantes que a
criança já produz).
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Para a comunicação ser funcional devemos evitar focar em sons isolados, mais sim em
7. Expandir
alvos que expressem desejos e necessidades (transições entre consoantes e vogais). Com a
o repertório
evolução em seu desempenho é possível aumentar gradativamente a complexidade silábica
fonético e
dos alvos, partindo das sílabas que ela já produz ou pelas estruturas CV contendo os fonemas
as estruturas
inicialmente adquiridos de acordo com a ordem típica de aquisição (papa – mama – bibi –
silábicas
tata).
Para que a criança possa se comunicar pela fala devemos estabelecer um vocabulário-alvo
funcional (core vocabulary), com palavras relevantes à criança: seu nome, nome de familiares,
pets, amigos, lugares, alimentos preferidos, brinquedos, jogos, nome de personagens. É
vital, porém que ele seja expandido aos poucos e respeite as possibilidades e limitações da
8. Estabelecer
criança, então prefira palavras mais curtas e simples, aceite apelidos ou abreviações, e evite
um vocabulário
letras, números, formas e cores (que não permitem expressar desejos ou necessidades). O
funcional
treino destes itens em casa deve manter o cuidado com velocidade de fala, entonação e
feedback (auditivo, visual, tátil e proprioceptivo) para que a criança processe as informações
articulatórias envolvidas nos movimentos. As fonoaudiólogas podem selecionar até 05 alvos
para a família focar a cada semana em casa.
Quadro 1. Objetivos e estratégias para telemonitoramento com pais de crianças pequenas ou minimamente
verbais
Com crianças verbais e que estão aptas a treinos motores direcionados é viável realizar
teleconsulta utilizando plataformas digitais que garantam a segurança das informações, mas
mesmo nestes casos o contato com os pais é fundamental. O Quadro 2 apresenta uma proposta
de roteiro mínimo para organização das sessões:
É importante chamar a atenção para o foco da sessão. Por exemplo, “Hoje vamos trabalhar no
Pré-prática som /m/. Para o som /m/, nossos lábios se juntam e o ar sai pelo nariz”; “é para você aprender
a falar mmmammãe!”
Considerar os movimentos envolvidos na produção dos sons, sílabas, palavras (extensão,
complexidade silábica e nas transições coarticulatórias demandadas) e/ou frases (tipos e
Seleção dos exigência de desenvolvimento gramatical). Organizá-los de acordo com o tipo de prática
alvos de acordo com o estágio em que a criança está. Organizar o treino de forma bloqueada ou
aleatória, manejando os feedbacks, os aspectos prosódicos, introduzindo e retirando as pistas
multissensoriais.
Ajustar
Atentar para os aspectos temporais do modelo oferecido à criança: imitação simultânea,
aspectos
direta, atrasada ou emissão espontânea.
temporais
Por se tratar de uma marca importante neste diagnóstico é importante usar estresse lexical e
frasal (modelar as características acústicas que distinguem as sílabas, sinalizar as sílabas que
devem ser enfatizadas com apoio concreto) e estresse contrastivo (em atividades como a
Enfatizar a leitura de um livro brincar de adivinhar o que irá aparecer na próxima página, por exemplo,
prosódia “EU acho que é um GATO”. “NÃO é um gato, é um PATO”!), explorar diferentes padrões de
entonação (treinar frases afirmativas, imperativas, interrogativas, exclamativas), experimentar
diferenças no tom de voz (facilitar o reconhecimento e o uso de vários tons de voz em
atividades com personagens, como a leitura de livros).
Quadro 2. Objetivos e estratégias para teleconsulta com crianças verbais e que estão aptas a treinos motores
direcionados
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deve se tornar uma grande sessão de terapia, mas a possibilidade de estar mais próximo à criança
deve permitir à família vivenciar momentos em que é possível estimular seu desenvolvimento
comunicativo de forma contextualizada e natural.
REFERÊNCIAS
FISH, M. Here’s how to treat Childhood Apraxia of Speech: Como tratar a Apraxia de Fala na
Infância. (2016). Plural Publishing – Edição para o Português Brasileiro. Barueri: Pró-Fono –
Abrapraxia, 2019.
HAMMER, D.; EBERT, C. The SLP’s Guide to Treating Childhood Apraxia of Speech. Chandler,
AZ: Speech Corner. 2018.
MAAS, E.; ROBIN, D. Principles of motor learning in treatment of motor speech disorders.
American Journal of Speech Language Pathology, v.17, p. 277-298, 2008.
STRAND, E.; CARUSO, A. J. Clinical Management of Motor Speech Disorders in Children. New
York: Thieme, 1999.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Isabelle Cahino Delgado, Gabriela Regina Gonzaga Rabelo, Talita Maria Monteiro Farias
Barbosa & Ivonaldo Leidson Barbosa Lima
Definição
A síndrome de Down (SD) - ou Trissomia do 21 como tem sido descrita - é uma desordem
cromossômica que se caracteriza pela existência de um cromossomo extra ou parte de um,
causando uma triplicação no material genético referente ao par cromossômico 21 (ALVES, 2011).
O desequilíbrio originado da carga genética extra irá imprimir diferenças que serão reconhecidas
como típicas da síndrome e outras de caráter individual, de acordo com as interações específicas
de cada indivíduo com o ambiente ao longo de toda sua vida (FLÓREZ, 2000).
Mesmo considerando as especificidades que são próprias da síndrome de Down,
entendemos que estas pessoas podem desenvolver vários potenciais e habilidades, e inclusive
superar limitações previamente estabelecidas. O avanço que cada criança ou jovem pode revelar
justifica-se, muitas vezes, pelo apoio e estimulação familiar que ocorre em paralelo às intervenções
multidisciplinares as quais esse sujeito realiza. Por este motivo, ter uma família integrada ao
processo terapêutico tem trazido respostas grandiosas ao longo do desenvolvimento deste
sujeito.
1. Estabelecer uma rotina para a estimulação da pessoa com síndrome de Down, conciliando com as demais
atividades familiares que devem ser desenvolvidas, assim como as intervenções por meio da teleconsulta e
Telemonitoramento, conforme prevê a resolução nº 427/2013 do Conselho Federal de Fonoaudiologia,
por meio dos métodos síncrono ou assíncrono. Esta rotina pode englobar um intervalo amplo de tempo ou
momentos mais curtos ao longo do dia, a depender do grau de atenção e das respostas fornecidas pelo
indivíduo. Importante garantir não apenas a duração da estimulação, mas a qualidade das respostas;
2. A família deve ter atenção à preparação do ambiente para a estimulação, isto é, eleger um espaço físico
apropriado, capaz de direcionar a atenção e garantir a participação efetiva do sujeito ao longo do período
de estimulação. Isso implica em desligar os artefatos que não estejam envolvidos na estimulação e que sejam
capazes de desviar a atenção da pessoa com síndrome de Down. Ambientes silenciosos, ventilados e claros
tendem a ser positivos para os instantes da estimulação;
3. É importante que o fonoaudiólogo que acompanha a criança tenha um contato direto com um ou mais
membros da família (aspecto que deve ser avaliado pelo profissional), de tal maneira a orientar e a treinar este(s)
familiar(es) na condução dos objetivos e práticas propostas em âmbito domiciliar. Esta conduta fará com que a
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pessoa com síndrome de Down tenha uma referência em casa a respeito daquele que lhe auxiliará diretamente a
alcançar os objetivos e as metas traçadas;
4. O(s) familiar(es) deve(m) estabelecer uma relação de confiança, incentivo, respeito e escuta perante as
fragilidades da criança ou jovem com síndrome de Down, assim como deve(m) impulsionar a novas conquistas,
com vistas à independência, ganho de habilidades e empoderamento do sujeito. Nesse sentido, é válido o uso
de uma linguagem clara, com articulação precisa e olhar atento a todo tipo de resposta evidenciada, quer seja
ela no âmbito verbal ou não-verbal;
5. Sugere-se a gravação dos momentos de estimulação junto à pessoa com síndrome de Down, as quais deverão
ser apresentadas e discutidas com o profissional responsável pela teleconsulta ou telemonitoramento, sempre
que necessário. Este contato deve ser realizado por meio de equipamentos e plataformas seguras dispostos
de acordo com a regulamentação vigente e respeitando os princípios éticos da profissão, estabelecidos em
legislações brasileiras;
6. Por fim, um aspecto que pode favorecer a eleição das estratégias e procedimentos por parte deste profissional
destinados ao seu paciente é o registro, por meio de imagens, dos brinquedos e jogos que a pessoa com síndrome
de Down tem em sua residência. Um familiar pode fazer este registro e direcionar ao fonoaudiólogo para que,
dessa forma, de posse dessas informações, o profissional possa concretizar as estratégias a serem direcionadas.
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a criança na presença do familiar como mediador. Além disso, o profissional pode realizar o
telemonitoramento.
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REFERÊNCIAS
ALVES, F. Para entender Síndrome de Down. 2° ed. Rio de Janeiro: Wak editora, p. 112, 2011.
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Definição
Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) são uma condição neurobiológica
caracterizada por prejuízos severos e invasivos nas áreas de interação e comunicação social e
por um repertório restrito e estereotipado de atividades e interesses. Estudos epidemiológicos
estimam prevalência de 1% na população, com predomínio no sexo masculino, numa proporção
de 4:1 (APA, 2014).
Há déficits na reciprocidade socioemocional com prejuízos em compartilhar interesses,
emoções e interação social. Há falhas em todos os comportamentos que regulam a
comunicação social: ausência de contato visual, reduzida atenção compartilhada; déficits na
compreensão e uso de gestos (sejam indicativos, imitativos ou antecipatórios), expressões
faciais e corporais; respostas atípicas e inconsistentes aos estímulos ambientais; prejuízo em
compartilhar brincadeiras simbólicas e imaginativas (APA, 2014). Há também um padrão restrito
e repetitivo de comportamentos, interesses e atividades. Nota-se presença de movimentos
motores (estereotipias manuais) ou de fala (ecolalia, frases idiossincráticas), estereotipados e/
ou repetitivos; adesão a rotinas ou a padrões ritualizados de comportamentos verbais e não
verbais; preocupação anormal em intensidade e foco com objetos incomuns e ainda hiper ou
hiporreatividade a estímulos sensoriais (reação a sons, texturas; indiferença aparente a dor ou à
temperatura) (APA, 2014).
Por se tratar de uma condição com uma grande variabilidade de sintomas e diferentes
graus de severidade, é consenso que o planejamento terapêutico fonoaudiológico deve ser
cuidadosamente delineado para o perfil e necessidades de cada criança, além de envolver a
família, a escola e os núcleos sociais ampliados.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Para as crianças maiores, a sessão síncrona tem sido recomendada. E, embora nesta
situação a criança tenha mais autonomia, é importante que o fonoaudiólogo mantenha o
engajamento e participação ativa dos pais, uma vez que eles também precisarão de suporte e
acolhimento neste momento de ajustes de rotina diária (Quadro 1).
OBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Utilize pistas visuais para garantir a compreensão da Use fotos ou imagens que representem ações ou
informação atividades para organizar a rotina diária e antecipar
informações novas para que a criança se adapte melhor.
Incentive o compartilhamento de brincadeiras e Use músicas, livros infantis e jogos com regras simples
atividades que envolvam parceria
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Promova a ampliação do vocabulário Use livros infantis, cenas de desenhos animados, jogos
que envolvam atributos perceptuais, verbos de ação,
uso de preposições, tempos verbais
Amplie a autonomia da linguagem verbal Incentive a criança a dar recados, narrar episódios
cotidianos; comentar cenas de filmes e livros.
Incentive a reciprocidade social e emocional Use cenas cotidianas, de desenhos animados ou de livros
infantis para exemplificar situações de reciprocidade
social ou emocional e criar desfechos diferentes.
Propicie a diminuição da hiper ou hipossensibilidade Observe situações ou sons que incomodam
auditiva demasiadamente a criança, mostre-lhe a fonte ou
localização do som, cuide para a exposição ser gradativa.
Antecipe a informação sempre que a criança for ser
exposta a ambientes ou ruídos intensos.
Estimule a interpretação de inferências Utilize cenas de filmes, trechos de livros ou jogos que
envolvem a interpretação de figuras de linguagem e de
contextos e desfechos diversos.
Na ausência de comunicação verbal, incentive o uso Considere o uso de sistemas alternativos de comunicação
de sistemas de comunicação alternativa tais como o PECS, ou outros sistemas mais robustos
como uma forma de ampliação das oportunidades
de comunicação e ampliação do repertório lexical e
gramatical da criança.
Quadro 1. Objetivos e estratégias
Play Kids YouTube Kids Banca da Mônica Banca do Bem Hey Kids
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Sago Mini Pepi Bath Tiny Hands My First App Primeiras Palavras
Fonte: https://play.google.com/store
Fonte: https://play.google.com/store
Outros recursos:
»» E-Book: Brincadeira de Criança - brinquedos e brincadeiras para crianças pequenas.
UNICEF, 2020.
»» E-Book: Brincar junto: guia de brincadeiras para crianças e adultos. Fundação
Abrinq, 2020.
»» Árvore de livros - Plataforma de leitura digital. Árvore Educação, 2019 (www.
arvoredelivros.com.br)
»» WordWall - Site que permite a construção de jogos e atividades terapêuticas e
educacionais. www.wordwall.net
Canais no Youtube Infantil:
»» Cordel Animado: mistura cordel com contação de estórias e música.
»» Palavra Cantada: dupla musical, com shows e muito mais
»» Telmo e Tula: juntos os personagens ensinam receitas
»» Varal de Histórias: todo sábado às 11h tem contação de estórias
Para estratégias envolvendo tarefas de leitura e escrita sugerimos dar uma olhadinha no
capítulo sobre Dislexia.
Para as crianças com verbalização mínima ou não-verbais sugerimos a manutenção do
uso rotineiro e constante de sistemas de comunicação alternativa tanto de baixa quanto de alta
tecnologia. Um dos sistemas de baixa tecnologia mais utilizado mundialmente para pessoas com
TEA é o PECS (BONDY, FROST, 2009). Outros sistemas considerados de padrão mais robusto
têm sido implementados recentemente. São exemplos:
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Fonte: https://play.google.com/store
REFERÊNCIAS
BONDY, A.; FROST, L. Manual de Treinamento do Sistema de Comunicação por Troca de Figuras.
Newark. Pyramid, 2009.
ROGERS, S. J.; DAWSON, G.; VISMARA, L. A. Autismo: compreender e agir em família. Lisboa,
2015.
SUSSMAN F. Mais do que palavras: um guia para pais de crianças com Transtorno do Espectro
do Autismo. São Paulo: Pró-Fono, 2018.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Cíntia Alves Salgado Azoni, Tais Ferreira Lima Mattar, Patrícia Abreu Pinheiro Crenitte, Ana
Luiza Gomes Pinto Navas
Introdução
Este capítulo tem como objetivo auxiliar fonoaudiólogos na sua prática clínica quanto ao
atendimento a crianças e adolescentes com dislexia do desenvolvimento (DD) e orientação aos
seus pais. Neste contexto, o auxílio se dá em função de adversidades vividas pela sociedade em
função da Doença de Coronavírus - COVID-19, mas vamos além, nos comprometendo a oferecer
estratégias tanto em situação de telefonoaudiologia, como em situação presencial, quando o
profissional estiver diante de seu paciente. Assim, abordaremos possibilidades práticas com
embasamento teórico.
Compreendemos que, em situações adversas, muitas dúvidas e angústias permeiam
tanto os profissionais quanto familiares e professores destas crianças e adolescentes. Alguns
questionamentos comuns aos profissionais e que discorreremos abaixo são importantes: 1)
Como eu, fonoaudiólogo, posso oferecer meus serviços com qualidade para estas famílias?; 2)
Como orientar os pais a manter uma rotina de estimulação das habilidades linguístico-cognitivas
em casa?; 3) Como os pais podem compartilhar e estruturar atividades com seus filhos?
Neste capítulo, nos deteremos ao atendimento em telessaúde síncrono, com o objetivo
de auxiliar os profissionais da Fonoaudiologia a estruturarem da melhor forma o atendimento
fonoaudiológico de crianças com Dislexia do Desenvolvimento ou com dificuldades de
aprendizagem, estimulando a interatividade, a associação de ideias e a manutenção do
interesse do paciente com o uso de recursos terapêuticos eficientes e individualizados. No
entanto, considerando a qualidade do atendimento, independentemente da forma (a distância
ou presencial), as estratégias aqui presentes valem para qualquer situação.
Além da compreensão das características clínicas do paciente com DD, faz-se necessário
o entendimento da relação destas com o desenvolvimento da linguagem oral, metacognição,
compreensão do princípio alfabético e processamento fonológico para que a elaboração de um
plano terapêutico seja eficaz. Vale lembrar que o objetivo da intervenção é minimizar os prejuízos
e maximizar as habilidades que serão trabalhadas direta ou indiretamente, tanto em pessoas
com dislexia, como naquelas que ainda não tem diagnóstico, mas estão com dificuldades na
aprendizagem da leitura.
De acordo com o National Reading Panel (NICHD, 2000) a leitura é resultado do
desenvolvimento de cinco habilidades que estão organizadas hierarquicamente, sendo:
processamento fonológico, compreensão do princípio alfabético, fluência, vocabulário e
compreensão leitora. Nos deteremos a sugerir as atividades mais descritas na literatura no
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
processo de intervenção na dislexia, a saber: (1) processamento fonológico, (2) fluência e (3)
compreensão leitora.
»» Intervenção na Dislexia
Em situação de telefonoaudiologia, a estrutura ou organização da terapia fonoaudiológica
por meio de plataformas de comunicação requer a reflexão dos profissionais sobre os objetivos,
possibilidades e viabilidade de estratégias que forem oferecidas, não perdendo de vista que o
objetivo no cenário atual é garantir ao paciente ganhos terapêuticos seguindo as orientações do
Código de Ética da Fonoaudiologia.
Com infinitas possibilidades de características da DD em cada indivíduo, alguns
pontos devem ser pensados pelos profissionais ao estruturar a terapia virtual, bem como no
estabelecimento de critérios de seleção de quais pacientes efetivamente irão se beneficiar com
a telefonoaudiologia (Quadro 1).
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
1. Processamento Fonológico
O processamento fonológico é a habilidade inicial a ser trabalhada em crianças com dislexia.
Assim, se a criança com dislexia tem prejuízos nestas habilidades ou se as mesmas se mantém
por longo período, essas devem ser sistematicamente trabalhadas, com controle da evolução ao
longo das sessões. Abaixo destacamos quatro links de materiais disponíveis gratuitamente, fruto
de trabalhos com embasamento científico que respaldam a prática fonoaudiológica na área de
linguagem escrita no Brasil, bem como aplicativos e materiais/jogos para download (em anexo),
tanto para a situação de teleatendimento como presencialmente. É válido também relatar que
não somente crianças com dislexia se beneficiam desses materiais, mas outras com problemas
de leitura e escrita com sinais sugestivos do quadro ou decorrentes de diferentes etiologias.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
»» Conte com a Fono: histórias e atividades para crianças em fase de alfabetização (COSTA
et al., 2018): contém atividades que estimulam as habilidades básicas subjacentes
à aquisição da linguagem escrita e ao mesmo tempo previne alterações ou atrasos.
É destinado a crianças em fase de alfabetização, podendo ser utilizado para crianças
menores com adaptações que o profissional julgar necessário diante do perfil de seu
paciente. http://petfonoaudiologia.fob.usp.br/conte-com-a-fono/ (acesso gratuito).
2. Fluência de leitura
A fluência de leitura depende das seguintes condições: (a) acurácia do reconhecimento
de palavras; (b) automaticidade do reconhecimento de palavras, e (c) uso apropriado da prosódia
(entonação, acento e ritmo) (CELESTE et al. 2018). Portanto, é possível entender que alcançar
uma fluência de leitura adequada é um grande desafio para as crianças e jovens com DD. A
intervenção para a adequação da fluência leitora depende de muitas habilidades para chegar ao
domínio da expressividade durante a leitura, ritmo e de uma leitura estratégica para finalmente
compreender o texto.
Vários estudos de revisão no Brasil e no mundo apontam que a Leitura Repetida é uma
boa estratégia para estimular a fluência (ALVES, CELESTE, 2013). Não devemos esquecer que
a leitura de palavras isoladas ou listas de palavras é importante, mas o treino da fluência deve
necessariamente envolver a leitura de frases e textos (ALTANI, PROTOPAPAS, KATOPODI,
GEORGIOU, 2020). Neste sentido, atividades que proponham a gravação da leitura, possibilidade
de a criança escutar tanto a sua própria leitura, como modelos de outras leituras seja de adultos ou
crianças são interessantes. Os Audiolivros com narração e possibilidade de acompanhar o texto
escrito são ideais para estimular a velocidade, pausas e entonação durante a leitura. Com auxílio
do próprio gravador de voz ou câmera para filmagem do celular é possível propor estratégias de
adequação da prosódia da leitura. Sabe-se que há evidências de bons resultados na intervenção
com a estimulação da percepção e produção de variação da velocidade da leitura de uma
mesma frase, variação do ponto de acento frasal ou padrão entonacional (NAVAS, PINTO, 2011).
3. Compreensão leitora
O programa de intervenção em compreensão leitora STRUCTURE (Structure Your
Reading – “Estruture sua leitura”) foi proposto por Eheren (2008) e adaptado para o Brasil por
Gonçalves-Guedim e Crenitte (2017). Este programa apresenta dois protocolos de instruções
que pode ser utilizado tanto pelo fonoaudiólogo no contexto clínico como pelo paciente em sua
própria residência, auxiliando o automonitoramento das diversas etapas da leitura. O material é
dividido em etapas que englobam o antes, durante e após a leitura e, em cada etapa, constam
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
cérebro em preparação antes da leitura fazendo várias coisas: estabelecer um objetivo para a
leitura, ativar o conhecimento prévio, prever o conteúdo e o formato do material. O material
encontra no anexo 2 para utilização do fonoaudiólogo.
»» Como orientar os pais a manter uma rotina de estimulação das habilidades linguístico-
cognitivas em casa?
Quanto às orientações que o fonoaudiólogo pode oferecer aos pais durante as sessões a
distância, uma delas é oferecer um checklist rápido aos pais para analisarem, junto a seus filhos,
o que foi possível fazer durante este período de distanciamento físico das terapias (Quadro 2).
A ideia é otimizar o tempo da criança/ adolescente com as atividades escolares (caso ela esteja
em homeschooling) e aprimorar as habilidades necessárias ao seu desenvolvimento.
Alguns aplicativos que são usados pelos profissionais podem ser realizados com o
monitoramento direto dos pais. O profissional deve e pode orientar quais são estes. No anexo 1
está a lista de aplicativos que demonstra quais são aqueles viáveis para estas situações.
Considerações finais
As adversidades vividas por crianças e adolescentes com dislexia e dificuldades de
aprendizagem devem ser consideradas neste período crítico de pandemia, visto que não
somente a terapia fonoaudiológica, mas as demais terapias e a escola estão enfrentando novos
desafios com as famílias de seus pacientes/alunos. Assim, é importante fortalecer o estímulo
que devem receber para que não haja uma regressão no processo de desenvolvimento das
habilidades e competências já adquiridas inerentes à leitura e escrita.
A participação das famílias é extremamente importante, porém é preciso cautela para
que os pais não se tornem terapeutas, sobrecarregando-os neste momento difícil. Por fim,
reconhecer que as atividades e estratégias que serão desenvolvidas a distância podem ser
aliadas essenciais, mantendo a qualidade da terapia presencial.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
REFERÊNCIAS
ALTANI, A. el at. From individual word recognition to word list and text reading fluency. J. of
Educational Psychology.
COSTA, A. et al. Conte com a fono!: histórias e atividades para crianças em fase de alfabetização
[recurso eletrônico]. Bauru: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo.
2018.
EHREN, BJ. STRUCTURE Your Reading. Winter Springs, FL: Student Success Initiatives, 2008.
MOUSINHO, R.; CORREA, J.; Oliveira, R. Brincando com a linguagem: da língua oral à língua
escrita. E-book. 2019a. Disponível em: https://www.institutoabcd.org.br/brincando-com-a-
linguagem/>. Acesso em:2020-04-28.
NATIONAL INSTITUTE OF CHILD HEALTH AND HUMAN DEVELOPMENT. Report of the National
Reading Panel. Teaching children to read: An evidence-based assessment of the scientific research
literature on reading and its implications for reading instruction (NIH Publication No. 00-4769).
Washington, DC: U.S. Government Printing Office, 2000.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Anexo 1
Quadro 2. Lista de apps disponíveis para pais e fonoaudiólogos
Estimula as habilidades de
alfabetização inicial e identifica
EDU EDU as dificuldades do aluno. A partir
deste perfil sugere atividades
específicas.
Estimula a habilidade de
consciência fonêmica, permitindo
a discriminação de grafemas e
ALIMENTE O
fonemas. Apresenta evolução
MONSTRO
na complexidade dos níveis de
acordo com o desempenho da
criança.
Destinado a crianças de 6 a 8
DOMLEXIA anos. Estimula a consciência
fonológica por meio de jogos.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
PAGOS
Destinado a crianças de 2 a 6
anos. Possui diversas atividades
PAPUMBA que estimulam a relação
grafofonêmica e consciência
fonológica
GRATUITOS
http://paulamourafono.com.br/leitura-e-escrita/
https://www.carolfonoterapia.com/materiais-para-download
http://www.fonologica.com.br/blog/tag/consciencia-fonologica/
https://renatafono.com/gratis/consciencia-fonologica/
http://www.escolagames.com.br/
https://www.digipuzzle.net/pt/jogoseducativos/
PAGOS
https://psicosol.com/
https://www.afinandoocerebro.com.br/jogos
https://www.picuki.com/profile/materiaisadaptados
janainaspolidorio.com.br
51
Anexo 2
Nome:_______________________________________________ Data:_____________________
1.Estabeleça um propósito para a leitura. Por que estou lendo isto? (2) 2.Suponha coisas sobre o tópico. O que eu sei sobre o tópico?(4)
Tarefa:
P Outra razão:
R
E 3.Tento estabelecer previsões. O que está por vir?
Anexo 2
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Nome:_______________________________________________ Data:_____________________
Folha de exercícios ESTRUTURE Sua Leitura
R
Anexo 3
V 7.Uso estratégias para esclarecer conteúdo crítico. (15) (2) 8.Revejo as reações dos outros. O que os outros pensam e sentem?(2)
Quais são as ideias chaves? O que mais eu quero saber?
E Tarefa
Completa
R
9. Explique seu sucesso. Como as estratégias me ajudaram? (1)
Pontuação: /50
ESTRUTURE Sua Leitura
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Autoquestionamento
Pense no que você está lendo, faça perguntas sobre o que você quer saber e preveja as
respostas.
Parafraseando
Coloque as ideias principais e os detalhes do que você está lendo em suas próprias palavras.
Resumindo
Pegue todas as ideias principais lidas em uma seção e coloque a ideia maior ou o ponto
central em suas próprias palavras.
Questionando o autor
Faça de conta que a pessoa que escreveu as palavras está presente e crie perguntas sobre as
informações que ele não dá no texto.
Fazendo conexões
»» Pense no que você está lendo e em como as informações se relacionam com aquilo que
você já sabe
»» Una todas as partes do que você está lendo
Relendo
Volte ao que você já leu e leia novamente (normalmente mais devagar e prestando mais
atenção).
Sublinhando/destacando
Use uma caneta, lápis ou destaca texto para marcar as informações importantes.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Introdução
O momento de confinamento que vivemos em casa implica em insegurança e mudanças
de rotina (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020). Estamos sendo levados a ter experiências
intensas e inusitadas de comunicação, que se aplicam tanto para a pessoa que gagueja (PQG)
e sua família, quanto para o terapeuta. Mesclam-se sensações de férias, com situações de
intensidade de rotina e de trabalho duplicado.
O objetivo deste capítulo é prover orientações aos fonoaudiólogos que trabalham com
crianças que gaguejam e aos pais que serão coparticipantes destas tarefas. Estas orientações
podem colaborar tanto para a manutenção de índices de fluência já conquistados, como para a
estimulação de uma fala mais suave e com menos rupturas. Ressaltamos que o trabalho feito por
teleconferência requer um planejamento distinto daquele que se usa em processos terapêuticos
presenciais.
IMPORTANTE: Como em qualquer área de atuação específica, ter conhecimentos sobre
distúrbios de fluência é fundamental para o sucesso do processo terapêutico e do trabalho
de teleatendimento. Seguem alguns links sobre o que é gagueira para o fonoaudiólogo
que lida com distúrbios de fluência.
1. Neurociências e o fonoaudiólogo especialista em gagueira:
http://gagueira.org.br/gagueira-neurociencias/neurociencias-e-o-fonoaudiologo-
especialista-em-gagueira
2. Vídeo com neurologista e pessoa que gagueja:
https://www.youtube.com/watch?v=E8rtsTaGe0Y
3. Um novo referencial para compreender a gagueira: o modelo pré-motor duplo de
Per Alm: http://gagueira.org.br/gagueira-neurociencias/um-novo-referencial-para-
compreender-a-gagueira-o-modelo-pre-motor-duplo
4. Gagueira do desenvolvimento persistente (capítulo 2.1) e Controle motor da fala
(capítulo 2.2): https://tede.pucsp.br/handle/handle/22679
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
1 . h t t p s : / / w w w. s l i d e s h a r e . n e t / A s t r i d M h l e M o r e i r a F e r r e i r a / f o n o t e r a p i a - o n -
linepreescolar-232424667
2.https://www.slideshare.net/AstridMhleMoreiraFerreira/fonoterapia-on-lineescolares
Uma outra forma simples, mas não menos enriquecedora, de interação visual durante as
estratégias terapêuticas, é o uso de materiais concretos. Estes podem ser figuras ou cartas de
jogos de linguagem, ou mesmo objetos selecionados previamente que podemos ter perto de
nós no momento das sessões e que deverão estar de fácil alcance às mãos. Neste caso, podemos
simplesmente levantar o objeto em frente à câmera e realizamos alguma estratégia terapêutica
com o paciente. Por exemplo: selecionamos objetos (que comecem todos com um som específico;
ou que tenham um número de sílabas específico; ou objetos aleatórios) determinamos uma
estratégia (suavização; prática negativa; fala semiespontânea; etc.) e escolhemos uma dentre as
várias formas de condução, dependendo do objetivo e complexidade (nomeamos previamente
e a criança segue o modelo; fazemos o jogo do “o que é o que é “ e a criança evoca com a
estratégia pedida; a criança apenas nomeia utilizando a estratégia; a criança fala uma frase ou
conta algo à respeito). Trocar os papéis é um recurso que pode envolver a criança no processo
terapêutico. Instigar que mostre alguns objetos que goste muito ou que selecione alguns para
sessão seguinte, são algumas das opções.
Como estamos realizando o atendimento dentro da casa dos nossos pacientes, podemos
também utilizar o recurso de atuar durante situações comunicativas familiares ou interação com
os objetos pessoais do próprio paciente. Para tanto, a sugestão seria a utilização de dispositivos
móveis (tablet ou celular).
Durante a sessão também podem ser utilizados jogos que o profissional já possua em
seu computador (que estimulem a comunicação, linguagem e fala) e alguns aplicativos mais
específicos. Por exemplo:
Para pré-escolares e crianças até 10 anos: Ernesto, Jogos para Gagueira. A forma
contextualizada da narrativa torna a interface agradável e amigável aos usuários.
Os exercícios podem ser utilizados em sessão ou em casa, como estímulos de
modelagem de fluência e abordagem dos aspectos subjetivos da gagueira. https://
play.google.com/store/apps/details?id=toymobi.ernesto&hl=pt_BR
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Diante das mudanças na rotina que esta fase de isolamento social tem proporcionado,
especialmente para as crianças que gaguejam, os Fonoaudiólogos devem reforçar junto aos pais
a necessidade de manutenção de rotinas diárias (preexistentes ou adaptadas ao momento) como,
por exemplo, definir os horários para dormir, para os momentos de refeição, de brincadeiras e
os de realizar as tarefas solicitadas. Na medida do possível, os pais terão que reorganizar suas
rotinas para desempenharem tanto as suas tarefas profissionais quanto apoiarem os seus filhos
nas tarefas escolares, e em todas as demais atividades que os envolvem. Estas atividades e
responsabilidades demandam planejamento, tempo e paciência.
O confinamento em casa também poderá ter um efeito interessante na compreensão dos
pais sobre o significado da fonoterapia para melhorar a fluência. Eles poderão observar:
• as reações de suas crianças às propostas terapêuticas;
• as formas de manejo nas condutas de comunicação;
• como estabelecer e cumprir os acordos;
• como a sequência ou o aumento gradativo dos níveis de complexidade das propostas
é importante para o estabelecimento de novas memórias e de novos padrões de falas
(ver abaixo sugestões de níveis de complexidade);
• como é preciso estar sempre atento às produções verbais da criança e de outras
competências necessárias para adquirir uma fala mais fluente sem, no entanto, ficar
“reclamando” do que é produzido.
• como é importante demonstrar, ao invés de mandar a criança fazer sozinha.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
aumentado, o que pode implicar em ir dormir mais tarde. As crianças passam a acompanhar
mais o horário de dormir dos pais que, normalmente, não é o mais adequado para a sua faixa
etária.
Segundo um estudo italiano sobre este confinamento em casa, o tempo de sono mudou
acentuadamente. Os resultados apontaram que as pessoas estão passando mais tempo na cama,
assim como estão dormindo e acordando mais tarde, mas, paradoxalmente, também relatando
uma menor qualidade do sono (CELLINI et al., 2020).
Recomendações durante o confinamento em casa da Academia Europeia para Terapia
Cognitiva Comportamental para Insônia (European CBT-I), aos pais e crianças são (ALTENA et
al., 2020; tradução: autoras):
Mantenha horários regulares de sono para seus filhos; selecione o melhor horário para
eles e mantenha-os em um mesmo padrão;
Faça dos últimos 30 minutos antes de dormir uma rotina regular que inclua atividades
tranquilas. Escolha atividades que não só a criança goste, mas que o cuidador ou os
pais também gostem. Um pai feliz por estar com ela é o que a criança mais gosta.
Caso o espaço da sua casa permitir, tente evitar que as crianças usem a cama para
outras atividades além de dormir (por exemplo, comer, brincar, fazer lição de casa)
ou faça uma distinção clara entre o uso diurno da cama e o uso noturno da cama (por
exemplo, trocando uma capa, o lençol para dormir e colocar travesseiros;
Caso a criança possa sair, é melhor sair de manhã e tomar o café da manhã em um local
com luz brilhante, se possível em um jardim ou varanda;
Caso não possa sair, o cuidador/pais deve(m) zelar pela atividade física da criança.
Programas on-line para esportes em casa com crianças foram criados em muitos países
e poderão ser muito úteis;
Não durma na mesma cama que a criança, mas garanta que estará por perto.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Temos também que atentar para dados de rotina atual e aspectos da fluência. Os pais
estão mais próximos nesta fase, pelo menos em quantidade de horas. Isto irá interferir na
percepção da gagueira de seus filhos. Alguns, no entanto, passaram a estar mais atribulados e
mais tensos nesta fase, o que pode interferir na interação comunicativa com seus filhos.
Nos tempos de confinamento em casa, as crianças estão com seu espaço e opções de
lazer reduzidos. Desta forma, o tempo de exposição a telas e jogos eletrônicos é bem mais alto.
As formas de interação no ambiente virtual e o tempo de resposta, não correspondem ao mundo
real, são bem mais imediatas. Vale dar um destaque para os jogos on-line que os adolescentes
e jovens estão atualmente envolvidos, que implicam em uma fala acelerada. Ou seja, a taxa de
elocução e de articulação são mais aceleradas do que a habitual na comunicação.
Como consequência do uso excessivo de telas estão a diminuição de habilidade de
funções executivas, tais como controle de impulsos, autorregulação, flexibilidade mental. O
aumento da ansiedade, dos transtornos de sono e de alimentação também são observados
(CHASSIAKOS, et al., 2016).
A Academia Americana de Pediatria (AAP) fez algumas revisões sobre o tempo de
exposição a telas por faixa etária, mas neste tempo de confinamento em casa cabe relativizar
estas diretrizes (ORZECH, et al., 2016). É importante a manutenção do contato social para o
equilíbrio mental durante o confinamento em casa (ALTENA et al., 2020), que passa a ocorrer
especialmente pela mídia social. O “tempo de tela” é encarado pela APP como o período
que a criança usa os eletrônicos para entretenimento. Por isso, o tempo de tarefas e pesquisas
escolares não entra nessa conta (ORZECH, et al., 2016). No entanto, esta relativização precisa
incluir uma outra necessidade do confinamento social e equilíbrio da saúde: a necessidade de
movimentação física por pelo menos 1 hora/dia (ALTENA et al., 2020).
Sugestões de exercícios físicos em casa:
1 2
1.https://revistacrescer.globo.com/Brincar-e-preciso/fotos/2015/10/5-brincadeiras-para-fazer-
com-os-filhos.html#foto-1
2.https://passeioskids.com/5-brincadeiras-para-fazer-em-casa-passeios-kids/
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
atividades de fala mais lenta: brincar com parlendas; contar uma história para dormir; cantar
enquanto eles fazem as atividades de vida diárias (tomar banho, escovar dentes, lavar as mãos
etc.).
Principalmente, pense na oportunidade rara que você e sua criança têm, neste momento,
de usufruírem a diminuição da agitação da escola ou da creche, e da grande quantidade de
estímulos simultâneos a que ela está sempre submetida, indo de uma atividade para outra. Mais
importante ainda, quando a criança está envolvida em várias atividades com ritmos diferentes,
é a forma COMO sua boca anda dando conta das tarefas de melhorar a fluência, muitas vezes
nem lhe passa pela lembrança.
Por isso, um momento tão atípico como o que estamos vivenciando pode ser aproveitado
para que a criança que gagueja tenha mais oportunidades de diminuir um pouco a velocidade
de fala, aumentar o tempo de contato visual, melhorar o respeito aos turnos de conversa.
Oportunidade de:
• jogar com você jogos que permitem a troca de turnos (um de cada vez, no jogo e na
fala);
• aumentar a atenção da criança para os movimentos articulatórios que a boca do
adulto faz quando fala um pouco mais devagar;
• conversar sobre assuntos que não estão relacionados com a rotina diária e que sejam
prazerosos;
• inventar histórias;
• até de brincar de ficar sem falar por uns segundos e quando recomeçar, fazê-lo de
forma suave...
É mesmo uma oportunidade única, não?
É um momento especial que você tem de poder colaborar para sistematizar a fala mais
fluente de sua criança, seguindo as orientações recebidas. Isto porque agora há tempo para
estas tarefas de automatização de uma fala melhor, com menos rupturas.
Pois então, vamos lá!
Algumas atividades:
A. Fala automática
A fala automática significa uma sequência de palavras que podemos dizer sem nos
preocupar muito com o texto. O objetivo desta tarefa é que quando falamos informações que
estão automatizadas, não necessitamos de muito esforço mental nem de muito esforço físico.
Isso permite que a criança (ou mesmo adolescentes e adultos que gaguejam) não precise se
preocupar com a elaboração de uma ideia, de procurar palavras que sejam adequadas ao que
deseja falar, de se preocupar com a reação dos outros à sua gagueira. É uma base segura, na
qual o trabalho cognitivo fica centrado na mecânica, na forma da fala e não no seu conteúdo.
Por exemplo:
1. Contar de 1-10.
2. Dizer os dias da semana.
3. Dizer versinhos
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
4. Rezar
5. Fazer jogos rítmicos como “Escravos de Jó”
6. Jogos de tabuleiros
B. Repetição de frase:
Nos níveis de complexidade, acima das falas automáticas está a repetição de frases.
Iniciar com frases curtas e garantir a repetição sem esforço, de modo que gradativamente
ocorra o aumento do número de palavras. Aproveite frases que sejam do cotidiano e que a
criança usa com frequência. Dê preferência a palavras curtas, que iniciem com sons que possam
ser alongados. Vogais iniciais são ótimas para isso, assim como sons como [f], [v], [s], [z], [ch], [j],
[m] e [n] (WEBSTER, 1974).
Atenção: Prolongamentos são um dos tipos de gagueira, além de repetições e bloqueios.
Os “alongamentos” sugeridos e mostrados abaixo são diferentes. São uma forma de dizer
esses sons intencionalmente lentos e sem esforço. Bohnen (2009), analisando uma amostra de
1.326 palavras gaguejadas, extraídas de um corpo de 12.000 palavras faladas, verificou que
97% das rupturas ocorrem nos primeiros sons ou nas primeiras sílabas das palavras. Por isso,
ao entender este fato, fonoaudiólogos, pais e professores podem cuidar de sua própria fala e
organizar tarefas terapêuticas ou educativas que privilegiem palavras que iniciem com fonemas
alongados e facilitem os inícios suaves. E não se preocupe, as chances desses alongamentos
desencadearem uma instância de gagueira são bem baixas. A gagueira é involuntária e aqui
usaremos uma fala controlada de forma intencional.
Exemplos:
Reparar que o alongamento é no primeiro fonema, não no segundo. É /vvveja/ e não
/veeeeja/.
1. Éééé um dia legal.
2. Vvvvejo um cachorro e um gato.
3. Jjjjjoão e Maria compraram roupas novas para seus aniversários.
C. Descrição de Fotos:
Ver/mostrar imagens que representem ações e solicitar que descreva o que acontece,
usando inícios suaves e cuidando a velocidade de fala. Aqui você segue as instruções
acima. Manter a velocidade mais baixa do que o seu normal.
D. Sequência de imagens:
Ver/mostrar uma série de fotografias que narram uma história.
Contar e pedir para repetir.
Não há necessidade da repetição ser literal.
Importante é que os inícios das frases sejam suaves e com movimentos encadeados.
Contar e pedir para montar a sequência e repetir verbalmente o que fez.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
CONCLUSÃO
Antes de planejar técnicas específicas que integrem fluência, fala e linguagem,
precisamos considerar os fatores que ajudam a manter as dificuldades que a criança apresenta,
como problemas de saúde, padrões de interação difíceis, ambientes pouco propícios para a
intervenção, padrões de atenção, entre outros. Outra consideração envolve o que se espera
que a criança produza nas circunstâncias dentro de casa, que são distintas das de um consultório
ou da escola. Modelo de fala correto e afetuoso, imitação de falas mais lentificadas, reforços
positivos em produções não tão fluentes (sempre tem alguma coisa que fica bem numa fala
gaguejada…), lembrar que a compreensão da tarefa precede a produção de uma fala mais
fluente. Aprendemos a falar através de momentos de comunicação com outras pessoas. Por
isso, a atuação do fonoaudiólogo e dos pais junto à criança será fundamental para que a
linguagem, num contexto mais amplo, e a fluência da fala, num contexto mais restrito, ocorram
com participação, interesse e com uma variedade de demonstrações não linguísticas (afetos,
olhares, abraços) que marcam os momentos de progresso e aumento de fluência.
REFERÊNCIAS
ALTENA, E. et al. Dealing with sleep problems during home confinement due to the COVID‐19
outbreak: practical recommendations from a task force of the European CBT‐I Academy. Journal
of Sleep Research, 2020.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
______. Avaliando Crianças com Gagueira. In: RIBEIRO, I. M. (Org.) Conhecimentos Essenciais
para Atender Bem a Pessoa com Gagueira. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2005. p. 41-
52.
BOHNEN, A. J.; RIBEIRO, I. M. Atualidades sobre gagueira. In: CESAR, A. M. A.; MAKSUD, SS.
Fundamentos e práticas em Fonoaudiologia. São Paulo: Ed. Revinter, 2016. p.67-86.
CELLINI, N.; CANALE, N.; MIONI, G.; COSTA, S. Changes in sleep pattern, sense of time, and
digital media use during COVID-19 lockdown in Italy. Journal of Sleep Research, 2020. Disponível
em: <https://www.researchgate.net/profile/Nicola_Cellini/publication/340580075_Changes_
in_sleep_pattern_sense_of_time_and_digital_media_use_during_COVID-19_lockdown_in_Italy/
links/5e91e7e14585150839d2b7b2/Changes-in-sleep-pattern-sense-of-time-and-digital-
media-use-during-COVID-19-lockdown-in-Italy.pdf> Acesso em: 20 abr. 2020.
CHASSIAKOS, Y. L. R. et al. Children and adolescents and digital media. Pediatrics, v. 138,
n. 5, p. e20162593, 2016. <https://pediatrics.aappublications.org/content/pediatrics/138/5/
e20162593.full.pdf> Acesso em: 20 abr. 2020.
FURINI, J. et al. O papel das pistas temporais auditivas na fluência de adultos com gagueira.
Revista CEFAC, São Paulo, v.19, n. 5, p. 611-619, 2017.
LEAL, G. et al. On-line stuttering treatment: international partnership. In: IFA Proceedings of the
2015 International Fluency Congress. Lisbon, jul. 2015. Disponível em: <http://www.theifa.org/
pdf/IFA2015P009.pdf> Acesso em: jul. 2019.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
LEAL, G.; GUITAR, B., BOHNEN, A. J. Fundamentos Teóricos Evaluación Clínica de la Tartamudez
en Niños, Adolescentes Y Adultos. In: Susanibar, F et al. Trastornos del habla - de los fundamentos
a la evaluación, Editorial EOS: Madrid, 2016. p. 211-281.
MERLO, S; BRILEY, P. M. Sleep problems in children who stutter: Evidence from population data.
Journal of communication disorders, v. 82, p. 105935, 2019.
ORZECH, K. M. et al. Digital media use in the 2 h before bedtime is associated with sleep
variables in university students. Computers in human behavior, v. 55, p. 43-50, 2016. Disponível
em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5279707/> Acesso em: 04 dez. 2018.
PARUTHI, S. et al. Recommended amount of sleep for pediatric populations: a consensus statement
of the American Academy of Sleep Medicine. J Clin Sleep Med, Darien, v. 12, n. 6, p.785–786,
2016. Disponível em: <https://aasm.org/resources/pdf/pediatricsleepdurationconsensus.pdf>
Acesso em: 21 abr. 2020.
SIMON, E. B. et al. Losing Neutrality: The Neural Basis of Impaired Emotional Control without
Sleep. J Neurosci, Washington DC, v. 35, n. 38, p. 13194-205, 2015. Disponível em: <https://
www.jneurosci.org/content/35/38/13194.full> Acesso em: 20 abr. 2020.
WEBSTER, R. L. The Precision Fluency Shaping Program: Speech Reconstruction for Stutterers
(Clinician’s Program Guide). Roanoke, VA: Communications Development Corporation, 1974.
68
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Maria Cecília de Moura, Desirée De Vit Begrow & Adriana Di Donato Chaves
Introdução
Neste momento em que se faz necessário, o distanciamento social provocou também
o cancelamento de diversas atividades, inclusive as terapêuticas e educacionais, requerendo
atenção especial a toda população e nas diferentes faixas etárias. Por isso, é importante a atenção
à fidelidade e à qualidade das informações acessíveis às pessoas surdas (CHAVES, 2018).
Quando nos referimos aos surdos, é relevante pensar também nos familiares, pois são estes
que normalmente demandam orientações (LIMA, BEGROW e MOURA, 2016) uma vez que, em
sua maioria, são pessoas ouvintes. O estabelecimento das relações linguísticas e afetivas estão
em constante construção e, para tal, a comunicação pode ser mais complexa pela ausência ou
pouco domínio de uma língua em comum.
Com as determinações de distanciamento social e manutenção da quarentena, crianças
surdas estão em casa junto a seus familiares ouvintes que muitas vezes ainda não dominam
a modalidade de comunicação visual adequada ao filho. Nos referimos aos casos de uso da
modalidade gestual-visual na interação com a criança surda o que pode gerar maior silenciamento
nas relações desconsiderando sua singularidade. Desejamos aqui esclarecer sobre a efetivação
da comunicação em ambiente doméstico, especialmente no que diz respeito ao uso da língua
de sinais (LS). Bisol e Sperb (2010, p. 10) afirmam que a “[...] a ausência de voz, para a criança
surda, seria a não presença de olhos que lhe falem ou a não presença de mãos que conversem”.
Neste sentido, ressaltamos que há que se preocupar em manter um ambiente linguístico rico
evitando um isolamento comunicativo pela falta de interlocutores eficientes na LS e pela falta de
atividades e entretenimento acessível para a criança.
Voltamo-nos também para os adolescentes e adultos surdos usuários da língua de sinais
que desejam ter informações sobre este momento tão difícil e que se veem, muitas vezes,
alijados do que acontece à sua volta, com explicações reduzidas e simplificadas sobre os vários
aspectos que envolvem a pandemia do COVID-19, especialmente pela pouca acessibilidade nos
meios de comunicação.
Considerar a singularidade linguística da pessoa surda (MOURA, 2000; BEGROW,
2006) implica em dar-lhe poder para o cuidado pessoal e de terceiros e assim as orientações
fornecidas pelo fonoaudiólogo, além do uso da LS em todas as circunstâncias, também auxilia
na minimização de danos diretos de saúde, bem como, os efeitos emocionais decorrentes do
momento.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
71
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
- Meu filho está triste e quer sair para brincar ou ir à escola - isso é bastante aceitável,
afinal, a criança teve que mudar sua rotina de forma radical e deixar de interagir com
outras crianças com quem podia brincar e comunicar-se livremente pode afetar bastante
o estado anímico de crianças e também de adultos. Ação possível: é importante que as
famílias estejam atentas ao comportamento da criança, se elas têm se isolado dos demais
membros da família, evitado compartilhar brinquedos ou situações, buscado ficar muito
tempo em atividades individuais como celular, tablet, computador.
- Alternativas que podem minimizar esta situação de tristeza da criança é tentar estabelecer
uma rotina no ambiente doméstico e buscar ofertar diferentes atividades, além das
tarefas da escola, que ela possa realizar com ou sem a supervisão de um adulto. Reserve
um tempo para a criança fazer o que quiser, livremente, e, também, proponha outras
atividades.
- Além disso, experimentar ir para a cozinha com a criança pode ser uma atividade
prazerosa e muito desafiadora.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
às crianças” (com legenda em português, destinada aos pais). Este vídeo é bastante útil
para saber quais informações podem ser relevantes para a criança e como abordá-las
(https://www.youtube.com/watch?v=6dXd2ArSn1k&feature=youtu.be). Mais que nunca,
sua relação comunicativa com seu filho deve ser próxima e sempre em Libras, sendo este
seu meio principal de expressão. Caso você tenha dúvidas ou dificuldades, converse com
a(o) sua(seu) fonoaudióloga(o), certamente ela(e) poderá lhe ajudar a explicar a situação
para a criança. (Veja adiante: Esclarecimentos sobre COVID-19 para crianças surdas)
- Ainda, sugerimos promover atividades físicas em casa para a criança, desde incentivar
pequenas contribuições nas atividades domésticas (a depender da idade da criança)
até promover brincadeiras em que ela possa movimentar-se. Exemplos de atividades e
bastante atraentes para a criança, é criar percursos com obstáculos utilizando os móveis
de casa e com diferentes níveis de dificuldades. Pode ser também bastante atrativo,
usar tintas, papel metro, esponjas de diferentes texturas, caixas de papelão, massa de
modelar, jornais e revistas, folhas e sementes de plantas.
- Evitar deixar a criança só assistindo televisão, contudo, há diversos programas, filmes, livros
que podem entreter a criança de forma adequada e contribuir com o desenvolvimento.
Neste E-book, você encontrará diversas atividades e sites que podem ajudar a entreter a
criança, sendo todas acessíveis em Libras. (Veja adiante: Atividades e links para crianças)
- Caso a família precise sair de casa e levar a criança junto ou mesmo que ela precise
de atendimento em unidades de saúde, clínicas e hospitais, recomendamos fortemente
que se explique detalhadamente o que vai acontecer, deixando a criança ciente do
passeio e dos cuidados que deve ter ou dos procedimentos ao qual será submetida.
Ressaltamos ainda que nestes tempos, a recomendação é de uso de máscaras caseiras
sempre que sair de casa e como sabemos, a leitura orofacial (LOF) para a pessoa surda
é importante, assim como a expressão facial. Assim, recomendamos que procure em sua
região máscaras que sejam acessíveis de forma que a LOF e as expressões faciais sejam
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
também perceptíveis pela criança (ou adulto) surda também. Segue um modelo para
tomar como referência (Ashley estuda educação para surdos em Kentucky, nos Estados
Lembre-se que o mais importante é você se disponibilizar ao seu filho de forma a que
o ambiente doméstico seja realmente um espaço acessível e interessante para a criança.
Acompanhe este link: https://www.youtube.com/channel/UC9g1xELVb53CLrS53UF4kuw. Esta é
a página do “Diário da Fiorella”, que mostra uma família surda, suas descobertas, dificuldades e
situações quotidianas, sempre ricas para que a criança surda se sinta à vontade e possa vivenciar
de forma saudável o que é ser surda e identificando-se como tal. Assistir este canal com seu filho
pode ser muito proveitoso também.
A seguir, listamos uma criteriosa pesquisa sobre informações confiáveis e acessíveis em
Libras destinadas a crianças, adolescentes e adultos surdos, além de orientações aos próprios
familiares. Esperamos que possa auxiliá-los.
Acreditamos que a informação é a chave para a saúde, assim famílias e pessoas surdas
devem estar adequadamente informados sobre a pandemia que assolou o mundo.
Este é o site do Ministério da Saúde (MS) com esclarecimentos gerais sobre a COVID-19
(acessível em Libras através de “Avatar”): https://coronavirus.saude.gov.br/. Pode ajudar
especialmente aos pais na busca de informações confiáveis. Conte também com o aplicativo
lançado pelo MS e disponível na sua loja de apps para smartphone o “CORONAVÍRUS-SUS”.
Selecionamos também, diversos endereços eletrônicos em que você pode encontrar
orientações e esclarecimentos que são acessíveis às crianças surdas de diferentes idades.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Esperamos que esta seleção que foi cuidadosamente pesquisada, possa ajudar em meio
a tantas informações que circulam, principalmente, em redes sociais.
Esclarecimentos sobre COVID-19 para crianças surdas
»» Vídeo de animação explicativo sobre COVID-19 e com tradução em Libras para crianças
pequenas https://youtu.be/fvlt7uvMu0E
»» Live no YouTube discutindo sobre a “Falta de informação e o risco à saúde dos surdos”
- ocorrida em 21/04/2020 https://www.youtube.com/watch?v=b5n9x5vkQgM
◊ TV CES - Canal do Centro de Educação para surdos Rio Branco - temas variados para
as famílias, crianças e adultos surdos: https://www.youtube.com/user/TVCESRioBranco/
featured
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
◊ Canal no YouTube destinado a crianças surdas pequenas com episódios de animação em Libras
https://www.youtube.com/channel/UCJtOTvG4EvBGkvtTVVv8Lpg/videos
◊ Canal no YouTube com Contação de Histórias narradas em Libras para crianças e adolescentes
surdos https://www.youtube.com/playlist?list=PLk2FNFfBhQljjfx8jvpDIpx5Wd9uL3OOu
◊ Filme da Turma da Mônica - Laços - usando o aplicativo Movie Reading Brasil você consegue
acessibilidade para o filme “Turma da Mônica - Laços”. É possível escolher entre legenda, Libras
(feita por uma intérprete surda) ou audiodescrição (para cegos e pessoas com baixa visão). Para
isso, basta baixar o aplicativo no seu celular e coloque o filme no computador ou na televisão a
partir de um site de streaming de filmes.
◊ Jogos para a família brincar com a criança. Basta imprimir, recortar e brincar.
◊ Jogo 1 - https://drive.google.com/open?id=1lsiE0Kx_VISAJr2OURPH5Ioy_gaQCFcr
◊ Jogo 2 - https://drive.google.com/open?id=1hc8awVpqHiJELwss7LjbEnaoMSqkVGrQ
◊ Histórias divertidas para crianças - “As chaves de Mardum” (10 episódios): https://www.youtube.
com/watch?v=PVp4mwoHghg&list=PLk2FNFfBhQlhx7yOwt1yFycQue9FU1oH5
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
◊ TV INES - “O que me faz bem” - depoimentos de pessoas surdas sobre suas vidas e
coisas que gostam de fazer. https://www.youtube.com/playlist?list=PLk2FNFfBhQlgWUP
f3rnKZOr-tYPZ4aVSm
◊ Para todas as idades - História narrada em Libras “História da criação da noite” por
Thalita Passos: https://www.youtube.com/watch?v=oUuV9cu7gAE&feature=youtu.be
◊ Página de Prof. Surdo orientando atividades físicas para fazer em casa e em Libras:
https://instagram.com/felipemtp?igshid=1520brcj53jxl
Considerações Finais
E é com um grande e afetuoso abraço sinalizado que nos despedimos de vocês, sabendo
que a Fonoaudiologia acolhe todas as diferentes formas de comunicação. Falar é usar uma língua,
já nos ensinou o Saussure, o pai da Linguística. Então vamos falar muito em português, em Libras
e em tantas outras línguas quanto for possível! A bela complexidade da nossa comunicação é o
elemento que nos faz humanos.
Nossos agradecimentos a todos que contribuíram de alguma forma na busca pela
informação para o surdo de todas as idades e, em especial, à Sabine Antonialli Arena Vergamini
– Diretora de unidade do Centro de Educação para Surdos Rio Branco.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
REFERÊNCIAS
BISOL, C.; SPERB, T.M. Discursos sobre a surdez: Deficiência, diferença, singularidade e
construção de sentido. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília. Jan-Mar 2010, Vol. 26 n. 1, pp.
7-13.
CHAVES, A.D.D.; FARIA, E. M. B. Cantiga de Ninar em Mulheres OuvinteS e Surdas. In: FARIA,
E.M.B.; CAVALCANTE, M.C.B.. (Org.). Desafios para uma Nova Escola. 1ed. João Pessoa: Ed.
Universitária UFPB, 2011, v. 16, p. 109-149.
LIMA, C.; BEGROW, D., MOURA, J. PAIS – Projeto para acolhimento, informação e suporte a
familiares de crianças surdas. In: CONGRESSO INTERNACIONAL (1.: 2016: SALVADOR, BA)
IV SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS: PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO
BILÍNGUE PARA O SÉCULO XXI, 2016, Salvador. Anais eletrônicos. Salvador: UNEB, 2016.
Disponível em: https://visebparasurdos.wordpress.com/. Acesso em: 24 abril 2020. ISSN: 2526-
6195.
MOURA, M. C. de. O surdo: caminhos para uma nova identidade. Rio de Janeiro: Revinter. Rio
de Janeiro. 2000.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Introdução
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
• 1.º passo: certifique-se de que você tenha o software JAVA em seu computador. Caso
não o possua, você pode fazer o download gratuito no site: https://www.java.com/pt_BR/
download/. O pacote de símbolos ARASAAC precisa deste software para ser instalado e
funcionar corretamente.
• 2.º passo: acesse o site www.arasaac.org
Português Brasileiro.
Fonte: site www.arasaac.org
• 5.º passo: clique sobre “Pictogramas Coloridos” para baixar este pacote de símbolos e
sobre “Pictogramas PeB” para fazer o download dos símbolos em preto e branco. Os
símbolos coloridos ocupam pouco mais de 700 megabytes e os símbolos PeB ocupam
mais de 550 megabytes. A velocidade de download depende da velocidade da conexão
• 6.º passo5: é possível que apareça um alerta de segurança sobre o pacote de arquivos
e questione se é sua intenção mantê-lo ou descartá-lo, como demonstrado abaixo. Isso
ocorre porque o programa não está cadastrado na base de segurança do sistema ou do
navegador. Clique em “Manter”. Para ter mais segurança, você pode escanear a pasta de
arquivos com seu antivírus, caso julgue necessário.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
• 7.º passo:6é provável que o pacote de símbolos tenha sido transferido para a pasta
“Downloads” do seu computador ou que apareça próximo à barra de tarefas. Abra este
local de arquivo e localize a pasta com o pacote de símbolos. Ao realizar duplo clique, a
• 8.º passo: clique em “Próximo” e siga as instruções de instalação que forem aparecendo
na tela do seu computador. O pacote de símbolos será instalado.
• 3.º passo: role a página até encontrar “AraWord”. Clique sobre o nome.
6 Imagem capturada do software Araword de autoria de Departamento de Informática e Ingeniería de
Sistemas del CPS de Zaragoza; CPEE Alborada, CATEDU, Joaquín Pérez Marco, Joaquin Ezpeleta, José Manuel
Marcos Rodrigo, César Canalis Casasús, David Romero Corral.
82
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
• 5.º passo: ao clicar no link, o site do SourceForge, onde fica hospedado o software
AraWord será aberto, e então, clique no botão “Download” e siga os passos de instalação
que forem aparecendo na tela do seu computador.
Fonte: site www.arasaac.org
• 6.º passo: após a instalação, dê duplo clique no ícone do AraWord para abrir o programa.
Você verá essa tela inicial, conforme a ilustração seguinte:
Fonte: site www.arasaac.org
• 7.º passo: no primeiro acesso, o AraWord estará configurado para o Castelhano. Clique
83
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
• 8.º passo: clique em Ferramentas => Gestor de recursos => Verificar atualizações. Assim,
o AraWord fará as atualizações necessárias para ter um bom funcionamento.
Para eliminar quaisquer dúvidas e ter clareza de como vincular os símbolos Arasaac ao
software AraWord recomendamos firmemente o download do Manual do AraWord em português
disponível no site do Portal Arasaac: http://www.arasaac.org/software.php?id_software=2.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
SPE@K Android
SymboTalk Android e iOS
TOBII COMUNICA-
TOR 5 Para pessoas com Windows
Esclerose Lateral Amiotrófi-
ca (ELA)
VOX4ALL Android e iOS
Fonte: elaboração das autoras.
Últimas considerações
REFERÊNCIAS
DOWNING, J.E. Teaching a wide range of communication skills. In: J. E. Downing (Ed.), Teaching
communication skills to students with severe disabilities. 2 ed. Baltimore: Paul H. Brookes
Publishing Co, 2005. p. 147-174.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
A narração de histórias faz parte de nossas vidas. Como é gostoso sentar-se numa roda de
conversa e relembrar fatos vividos e compartilhados por pessoas que fizeram ou fazem parte das
nossas vidas. As fotos podem ajudar a lembrar momentos de muita felicidade, como nascimento
de um filho, comemorações de aniversários, passeios nos parques, zoológicos, shopping, praias,
feiras e o gostoso passeio na casa da vovó.
A família e mesmo o fonoaudiólogo podem perceber que muitas atividades envolvendo
histórias podem e devem fazer parte da vida. Relatar fatos vividos pode favorecer o engajamento
nas narrativas mais complexas. As pesquisas têm discutido a importância de se promover às
crianças, desde muito cedo, vivências em família que incluam relatos de experiências e narrativas
de ficção e, depois na rotina escolar, em continuidade, discursos narrativos mais complexos
(PERRONI, 1992; DADALTO & GOLDFELD, 2009; OLIVEIRA & JUNIOR SCHERER, 2019; SMITH,
2015).
As crianças que apresentam alguma deficiência e/ou transtorno do desenvolvimento
podem ter algum tipo de necessidade complexa de comunicação, por não conseguirem utilizar
a fala. O fato de não falar não significa que essas crianças não possam ou não queiram participar
da narração de histórias ou relatar algo que tenham vivenciado.
A área da Comunicação Suplementar e Alternativa vem contribuindo com o fonoaudiólogo
e com as famílias na organização e no planejamento de ações inclusivas para crianças e jovens
com deficiência ou transtorno de desenvolvimento, como no caso do Transtorno do Espectro
Autista (TEA). As crianças falantes e/ou não falantes têm o direito à comunicação e podem
participar de todas as tarefas da rotina em diferentes ambientes (von TETZCHNER; GROVE,
2003; von TETZCHNER et al, 2018; DELIBERATO et al, 2018).
O uso precoce dos sistemas suplementares e alternativos de comunicação pode favorecer
o acesso à informação e colabora com a aquisição e o desenvolvimento da linguagem. Oferecer
objetos (sistemas tangíveis), fotos, figuras ou imagens sistematizadas às crianças pequenas e às
crianças com deficiência em atividades de ensino e brincadeiras auxilia no apoio à compreensão
de novos conceitos.
Murray et al (2018) destacaram a narração de histórias como uma atividade que pode
auxiliar a criança com deficiência e/ou TEA com necessidade complexa de comunicação na
aquisição e desenvolvimento de conceitos e nas várias habilidades acadêmicas. O acesso à
história permite que a criança construa a sua narrativa, aprenda estruturas gramaticais diversas,
noção temporal dos acontecimentos, entre outros aspectos.
A criança com deficiência e/ou TEA pode apresentar interesse na atividade de conto e
reconto de histórias desde que o mediador, no caso, a família, o fonoaudiólogo e/ou professor
selecionem adequadamente o tema e utilizem o livro, aplicando as adequações necessárias, para
as diferentes crianças, incluindo as que têm apraxia, paralisia cerebral ou deficiências múltiplas
(PONSONI, 2010; MANZINI; DELIBERATO, 2004, 2007).
A família, o fonoaudiólogo e o professor podem atuar como construtor no desenvolvimento
das narrativas das crianças com deficiência e necessidades complexas de comunicação, sendo
facilitador para que todas as crianças desenvolvam competências linguísticas e comunicativas
(LIGHT; MCNAUGHTON, 2013, 2014; DELIBERATO, 2017). Os pesquisadores ainda discutiram
que os adultos mediadores destas crianças podem utilizar estratégias de construção que inclui
elucidação, perguntas, elogios, repetições e suporte de vocabulário e sintaxe.
Este capítulo tem como objetivo descrever recursos e estratégias para a família,
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
8 Neste E-book, há um capítulo que descreve as funcionalidades da plataforma Arasaac, bem como apre-
senta o passo a passo de download das imagens.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
As fotos ilustram o adulto dando suporte físico para auxiliar a criança com paralisia cerebral
a direcionar o olhar para as imagens e manuseá-las. Por fim, na última foto, vê-se a criança
explorando por si só a imagem. É necessário auxiliar em vários momentos. Cada criança tem seu
tempo e algumas precisam de apoio constante.
Muitas vezes a família precisa alterar o formato do recurso para que seu filho ou filha
possa manuseá-lo com independência, o que pode ocorrer com a criança com paralisia cerebral
ou mesmo quando a criança é pequena. O material precisa ser engrossado com EVA (a figura ou
foto pode ser colada numa base de EVA e, em seguida, plastificada com papel contact), papel
cartão, isopor, madeira (placas de MDF), toquinhos de madeira, caixa de fósforo, entre outros. O
recurso pode ser feito com outros tipos de materiais, como tecido, conforme ilustrado nas fotos
do “Livro da borboleta” e do “Chapeuzinho Vermelho”:
Na primeira foto, o “Livro da borboleta” foi feito com imagens coladas (símbolos do
sistema Picture Communication Symbols) numa base grossa de EVA e plastificadas com papel
contact transparente. Na foto à direita os personagens do livro “Chapeuzinho Vermelho” foram
feitos de tecido. Percebam que em cada página do livro da “Chapeuzinho Vermelho” há viradores
de página feitos com palitos de sorvete para facilitar o manuseio do livro pela criança.
A criança com deficiência intelectual pode necessitar do uso frequente de objetos a
respeito do que o adulto está elaborando e contando, sendo necessário a montagem da cena
com objetos, como pode ser visualizado na figura 3:
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Quando a família não tem os objetos, sempre é possível construí-los, como por exemplo,
os personagens de uma história. Fazer os personagens com massa de farinha de trigo pode
favorecer a participação da criança na atividade, além de proporcionar outras vivências motoras
e sensoriais. Muitas vezes os personagens podem ser os membros da família: mamãe, papai, tio,
tia, primos, avós etc.
Na história dos Três Porquinhos é bem bacana montar as três casas com diferentes materiais
ou tamanhos. Assim, seria possível envolver a criança com conceitos relacionados à quantidade,
tamanho, cor, forma, textura. Ainda pensando na mesma história, seria possível montar uma
floresta com galhos, matos, pedras e demais sucatas e materiais orgânicos. Importante é envolver
as crianças no contexto da história. Assim, a vivência permite maior participação e entendimento
do conteúdo desenvolvido. Os três porquinhos poderiam ser feitos de massa de modelar ou
de farinha de trigo ou, ainda, serem construídos com sucatas e tecidos. A figura 5 ilustra uma
criança participando com o adulto na construção das casas dos Três porquinhos:
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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manipulação de objetos e cenários construídos, desenhar o que foi construído e ler o livro são
diferentes estratégias que permitem à criança vivenciar o vocabulário e as estruturas frasais.
O modelo do adulto é importante. Você pode contar e recontar um mesmo livro de
diferentes maneiras. A criatividade empregada na contação de histórias envolve a criança na
atividade, como, por exemplo, alterar o narrador da história: um irmão ou irmã, o pai ou outras
pessoas que vivem na casa. Não esquecer que o uso da entonação durante o modelo oferecido
nas histórias pode oferecer à criança maior envolvimento e atenção na atividade que está sendo
realizada.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
A primeira foto ilustra a seleção de imagens ou desenhos, bem como colagem e adaptação,
se for preciso. A segunda foto demonstra o reconto de história por meio de figuras impressas e
imagens apresentadas no computador por meio do Power Point® (Microsot Office®). Também
é possível utilizar outro software de criação e edição de apresentações gráficas. Na terceira foto,
vemos o uso do livro, confeccionado com tecido e figuras impressas e plastificadas.
Dando-se a previsão de como será feita a atividade de conto e reconto da história, a
criança consegue prever o que vai fazer e consegue organizar com o adulto o material necessário,
assim como a rotina de atividades no dia e na semana. É importante estabelecer o tempo que
será dedicado às histórias para evitar o cansaço da criança. Cada criança tem um tempo de
atenção. Sabemos que pode variar de acordo com o interesse, mas o adulto deve estabelecer
até onde vai ser desenvolvida a tarefa, quando a história for mais longa e envolver a construção
de cenários.
Outro aspecto importante é a repetição da história. A mesma história pode ser recontada
por meio de diferentes recursos. Por exemplo, a história dos Três Porquinhos pode ser construída
com a criança a partir do livro selecionado e, por fim, adulto e criança poderiam elaborar ou
construir novo livro por meio de desenhos ou imagens selecionadas. A história poderia ser
recontada somente por figuras como um texto único ou ser recontada por texto escrito. A
figura 7 ilustra momentos diferentes da criança ao participar na narração da história “Os três
porquinhos”:
Sempre que possível o modelo da escrita deve ser oferecido. Quando a criança é
alfabetizada a escrita deve fazer parte da história ou do relato de experiência, como pode ser
visualizado nos exemplos seguintes:
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Figura 8: Exemplo de partes de uma história da “Dona Aranha”, utilizando símbolos Arasaac.9
Caso a criança necessite de apoio tátil, como no caso das crianças pequenas, ou ainda
de uma criança com baixa visão ou deficiência múltipla, sugere-se elaborar imagens oferecendo
pistas, como ilustra as imagens a seguir:
Figura 9: Texto com apoio de imagens táteis para história da “Dona Aranha”, com símbolos
Arasaac.
A foto da direita apresenta um corpo de aranha feito com EVA tátil e as 8 pernas com EVA
e lã grossa. Os olhos também foram colados para permitir maior sensação ao serem tocados.
Cada perna, assim como o corpo pode ser retirado e inserido novamente, porque foram colados
com velcro autocolante. O acesso ao material tangível, como a aranha que foi confeccionada
para esta história, dá à criança mais informações senso-perceptivas para adentrar o contexto da
história e construir os conceitos relacionados ao tema.
O registro de cada etapa da construção da história é muito importante. Tire fotos do
processo de contação de histórias e mostre a sequência da atividade feita para a criança. Recrie
outra história a partir do que foi vivido. Há também a possibilidade de se anotar em um quadro
o que foi feito e como a criança participou. Veja o modelo descrito na figura 10:
9 Os símbolos pictográficos utilizados são propriedade do Governo de Aragón e foram criados por Sergio
Palao para ARASAAC (http://arasaac.org), que os distribui sob licença CC (BY-NC-SA).
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Após a adaptação do texto, foi confeccionado o livro e as figuras utilizando o sistema de símbolos
Picture Communication Symbols (PCS), disponível no software Boardmaker (MAYER-JOHNSON, 2004).
Cada página do livro continha uma frase simples, como ilustra a figura 13:
Figura 13: Conteúdo adaptado da história Cachinhos de ouro por meio do sistema PCS
O “Livro da Família” foi elaborado a partir do projeto intitulado “Família”, trabalhado na escola da
criança. O conteúdo foi inserido em conjunto com a música do “Seu Lobato” exemplificado na figura 14:
10 Prancha fácil foi elaborada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro: https://sites.google.com/a/nce.
ufrj.br/prancha-facil/download
11 Prancha livre é um projeto da AmpliSoft: https://amplisoft.azurewebsites.net/
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A narração de histórias é uma atividade de suma importância para todas as crianças. Todas
devem vivenciar a construção de narrativas com os relatos de experiências e as histórias de
ficção. A construção do discurso narrativo é feita por meio da mediação do adulto. No ambiente
familiar estão os primeiros interlocutores das crianças e o contexto escolar deve propiciar a
continuidade do aprendizado de novos conceitos e estruturas textuais.
A criança vai assumindo, aos poucos, o papel de narrador se o adulto lhe oferecer o
modelo. A recomendação é começar com as situações mais simples: construir histórias sobre
o que vivemos no dia a dia para depois incluir as situações mais complexas, com vocabulário
mais difícil e novo para a realidade das crianças. A criança com deficiência e/ou TEA e que
têm necessidades complexas de comunicação (não falantes) têm os mesmos direitos a estas
experiências. Cabe a todos, família, escola e profissionais garantir as condições de acesso à
informação e à criação de histórias.
REFERÊNCIAS
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
LIGHT, J.; McNAUGHTON, D. Putting first: re-thinking the role of technology in augmentative
and alternative communication intervention. Augmentative and Alternative Communication, v.
29, n. 4, p. 299-309, 2013.
MURRAY, J. et al. Communicating the unknown: descriptions of pictured scenes and event
presented on video by children and adolescents using aided communication and their peers
using natural speech. Augmentative Alternative Communication, v. 34, n. 1, p. 30-39, 2018.
Von TETZCHNER, S.; GROVE, N. The development of alternative languages forms. In: ______.
(Ed.). Augmentative and alternative communication: developmental issues. London: Whurr,
2003. p. 1-27.
Von TETZCHNER, S. Introduction to the special issue on aided language processes, development,
and use: An international perspective. Augmentative and Alternative Communication, 14(1),
1-15, 2018.
99
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Introdução
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
relatos de pais, cujos filhos eram atendidos por serviços de educação especial. Os participantes do
estudo contextualizaram o acesso à informação como uma condição crítica ao empoderamento.
O mesmo sentimento ou percepção podem ser identificados em participantes de programas de
capacitação familiar conduzidos em outros estudos (FERREIRA, 2006; DELIBERATO et al, 2013).
É pensando nisso que muitos estudiosos têm se dedicado a desenvolver programas de
capacitação familiar e buscado sistematizar orientações que indicam comportamentos adequados
de interlocução, tendo por base as evidências científicas de pesquisas da área (KENT-WALSH;
MCNAUGHTON, 2005; MOTTI, 2005; FERREIRA, 2006; SUSSMAN, 2012; GOLDONI, 2014;
DELIBERATO et al., 2013; DONATI, 2016; WEITZMAN, 2017; BROWN, M. I. et al., 2018).
Neste capítulo, apresentaremos o Programa de Educação Continuada em Linguagem,
ou simplesmente PEC Linguagem, que foi desenvolvido na pesquisa de mestrado de Ferreira
(2006) e que, por trabalhar essencialmente com orientações escritas e ilustradas, podem servir
de auxílio ao trabalho fonoaudiológico clínico, junto às famílias de crianças com diferentes
condições de fragilidade na linguagem. As orientações buscam auxiliar o leitor a compreender
que todas as pessoas em torno de uma criança devem interagir com ela oferecendo modelo de
como é possível trocar informações de modo significativo, pois têm um papel muito relevante
no desenvolvimento de sua comunicação.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
de decisões para a elaboração de cada novo fascículo, buscando-se chegar a um formato ótimo
de diagramação, layout, linguagem, do conteúdo textual e imagético.
Na parte final da pesquisa, os sete fascículos desenvolvidos foram avaliados por mães
e pais que receberam e leram todos os números e que não haviam participado da adequação
processual.
Os fascículos apresentados nas sete últimas páginas deste capítulo, têm o mesmo conteúdo
da elaboração original e neles aplicamos as características de layout, ilustração e diagramação
que tiveram a melhor avaliação dos pais. Disponibilizamos nesta oportunidade, todos os sete
fascículos do PEC Linguagem, que podem ser impressos para uso do fonoaudiólogo em atuação
clínica e em pesquisa ou podem ser compartilhados digitalmente. O uso direto por familiares e
outros profissionais dedicados ao público infantil, também fica recomendado.
Os fascículos de orientações escritas e ilustradas do PEC Linguagem têm recomendações
sobre comportamentos adequados de interlocução, bem como respostas a perguntas básicas e
frequentes relacionadas à linguagem infantil. Destinam-se principalmente, mas não somente, a
familiares de crianças que apresentam alguma condição de fragilidade do desenvolvimento da
linguagem.
Nos fascículos, as orientações são apresentadas em dois formatos: como pergunta e
resposta e como sugestões curtas. A forma “pergunta e resposta”, colocada na metade superior
dos fascículos, busca responder a dúvidas simples e frequentes relacionadas ao desenvolvimento
da linguagem, tendo por base o contato frequente com as famílias, o modelo seguido por muitos
guias e manuais e princípios teóricos básicos. As sugestões curtas, nomeadas como “Dicas
de linguagem”, ficam localizadas na metade inferior dos fascículos e oferecem orientações de
ordem prática, mais relacionadas ao “como fazer” e objetivam operacionalizar o suporte ao
desenvolvimento de habilidades comunicativas, tanto receptivas quanto expressivas.
O estilo de linguagem utilizado na redação dos fascículos pretende convidar os pais à
ação, colocando-os prontos para exercer um papel ativo como mediadores de linguagem.
Na sequência, no Quadro 1 apresentamos a temática abordada em cada fascículo de
orientação:
102
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
A parte das Dicas de Linguagem têm sempre uma ou duas ilustrações que buscam
traduzir, de uma forma amigável, as recomendações ali listadas e acabam por oferecer ao leitor
um modelo de posicionamento e manejo.
Ao final, há uma curta mensagem com o intento de finalizar o contato com o leitor, muitas
vezes agradecendo a parceria e estimulando-o a continuar lendo os fascículos seguintes.
Inovação no Programa
Como uma inovação do programa, disponibilizamos um modelo de fascículo no formato
de arquivo “formulário em pdf” que poderá ser preenchido com texto livre pelo profissional
fonoaudiólogo, quantas vezes ele o desejar. O profissional pode ter acesso a este arquivo, assim
103
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
como aos arquivos individuais dos sete fascículos em tamanho A4, em extensão “.pdf”, na seguinte
pasta hospedada no Google Drive: https://drive.google.com/open?id=1C2BZiQB9gjUE_
QkP6FgYERViGO3pHA99.
No formulário foram criados campos de preenchimento não obrigatório, mas recomendável
(da parte superior para a inferior), conforme demonstrado na Figura 1:
Figura 1. Fascículo modelo em padrão “Formulário em extensão .pdf” para gerar novos fascículos
de orientação.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
1.º passo – abrindo o arquivo: após fazer o download do arquivo no seu computador, você
poderá abrir o arquivo automaticamente com o duplo clique do mouse sobre ele. O arquivo
será aberto no Adobe Reader (Adobe Acrobat Reader DC). Caso você não tenha este programa
no seu computador, você pode baixá-lo gratuitamente a partir do site da Adobe®: https://
get.adobe.com/br/reader/. Siga as orientações de instalação que forem aparecendo na tela do
computador.
2.º passo – incluindo texto: uma vez aberto o arquivo no Adobe Reader, os campos de
preenchimento nos quais você incluirá texto e imagem, aparecerão como áreas em azul claro,
contendo indicações escritas curtas sobre qual tipo de conteúdo deve ser incluído. Apague
o texto que está em cada campo e preencha com o conteúdo que você escolher. Você pode
digitar um texto original ou incluir texto a partir de outros arquivos, usando as ferramentas copiar
e colar, respeitando, obviamente, citações de autoria de terceiros.
3.º passo – incluindo ilustração: Os campos de imagem/ilustração são identificados com este
ícone: Para incluir uma ilustração, você deve clicar sobre o ícone, o que fará abrir uma janela
intitulada “Selecionar imagem”. Ao clicar no botão “Procurar”, seu computador abrirá sua pasta
de arquivos de acesso mais frequente. Navegue pelas suas pastas até o local onde se encontra
a imagem que você deseja incluir. Clique na imagem para selecioná-la e, em seguida, clique
em “Abrir”. A imagem aparecerá na janela de seleção (Figura 2) e, para confirmar a inclusão no
fascículo, clique em OK. Clique em “Cancelar”, caso queira trocar de imagem. Você também
pode optar por “Limpar imagem” e reiniciar a seleção de outra imagem, que melhor atenda
seus objetivos.
Figura 2. Janela de seleção de imagem do fascículo-modelo em pdf.
Fonte: tela captada pelas autoras do programa Adobe Acrobat Reader. Imagem de propriedade de Grace Cristina
Ferreira-Donati, criada por André Marques.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
4.º passo – salvando seu novo fascículo: quando finalizar a edição de conteúdo do seu fascículo,
você deve clicar em Arquivo => Imprimir => AdobePDF. Você verá abrir uma janela intitulada
“Salvar arquivo PDF como”. Nomeie o arquivo como desejar e salve-o na pasta de sua preferência.
Atente-se para escolher a opção IMPRIMIR e não a opção “salvar”. Assim, você pode construir
um banco de fascículos de orientação de sua própria autoria.
Recomendações importantes:
• A cada edição do formulário, salve o arquivo com um nome diferente, caso você deseje
arquivar suas orientações e utilizá-las em oportunidade futura. Crie uma pasta específica
para armazená-los e um método de organização por assunto ou tema, facilitando o seu
acesso.
• Para reduzir o custo de impressão, o layout deste modelo foi produzido em escala de
cinza, mas recomendamos fortemente que no caso de se optar pela entrega do material
físico, o profissional imprima cada fascículo em uma cor diferente de sulfite. Isso facilita ao
leitor identificar os diferentes fascículos e torna o material de orientação mais amigável.
• Caso opte enviar o fascículo por meio digital, recomendamos a utilização de ilustrações
coloridas originais e/ou disponíveis em bancos de imagens de acesso e uso gratuito.
Certifique-se de ter a autorização devida para o uso de imagens protegidas por direitos
autorais.
• No que se refere ao estilo de redação do conteúdo escrito, esperamos que os sete fascículos
iniciais do programa lhe sirvam de inspiração e modelo e auxiliem na sua própria busca por
um texto autoral. Sugerimos que dê preferência por frases curtas, diretas, que descrevam
ações e expliquem brevemente a relevância do uso das estratégias recomendadas.
• Procure ajustar a linguagem do seu texto aos leitores a quem destinará os fascículos. É
muito importante que as pessoas sintam proximidade e empatia, e que percebam que
sua própria cultura e perspectiva estão sendo respeitadas.
• Tente criar orientações que sejam compatíveis com os recursos das famílias que auxilia,
valorizando situações simples e materiais que elas têm em casa. Assim, é mais provável
que os familiares se sintam seguros para colocar em prática as orientações.
• Você pode definir pela homogeneidade nos temas utilizados na “Pergunta x resposta”
e nas “Dicas de linguagem”, como pode variar e mesclar orientações, prestigiando
diferentes temas. O mais importante é que o profissional imprima, o quanto possível, sua
própria identidade nos fascículos de orientação.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Últimas considerações
Esperamos que os fascículos do PEC Linguagem possam significar a ampliação do
repertório de instrumentos de orientação familiar do profissional da Fonoaudiologia.
Nosso mais genuíno desejo é que a parceria família-profissional seja uma meta constante
no plano terapêutico da Linguagem e promova conquistas valiosas no desenvolvimento das
crianças que necessitam de suporte especializado para se comunicar.
REFERÊNCIAS
KAISER, A. et al. Rejoinder: toward a contemporary vision of parent education. Topics in early
childhood special education, v. 19, n. 3, p. 173-6, 1999.
107
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
2005.
PINKUS, S. Bridging the gap between policy and practice: adopting a strategic vision for
partnership working in special education. British Journal of Special Education, v. 32, n. 4, p. 184-
187, 2005.
PLUIJM, M.; GELDEREN, A.; KESSELS, J. Activities and strategies for parents with less education
to promote the oral language development of their children: a review of empirical interventions.
School Community Journal, v. 29, n. 1, p. 317-362, 2019. Disponível em: <http://www.
schoolcommunitynetwork.org/SCJ.aspx>. Acesso em: 15 abr. 2020.
SUSSMAN, F. More Than Words®: a parent’s guide to building interaction and language skills
for children with Autism Spectrum Disorder or Social Communication Difficulties. 2. ed. Canadá:
The Hanen Centre, 2012. p. 424.
WEITZMAN, E. It takes two to talk®: a practical guide for parents of children with language
delays. 5. ed. Canadá: The Hanen Centre, 2017. p. 171.
108
ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Marcela Lima Silagi, Maria Isabel D´Ávila Freitas, Juliana Onofre de Lira, Grace Cristina Ferreira-
Donati, Debora Deliberato
Sabe-se que as atividades cotidianas podem atuar como um fator de proteção para a
cognição. Quanto mais “exercitamos” nosso cérebro, menos propensos estamos a dificuldades
cognitivas. Os desafios intelectuais ao longo da vida, incluindo-se a estimulação de linguagem,
contribuem para o aumento da reserva cognitiva. A importância da reserva cognitiva justifica-
se por ser um fator de proteção cerebral, capaz de minimizar as manifestações clínicas de um
processo neurodegenerativo, como as demências (STERN, 2013).
Mesmo diante de doenças que acometam a linguagem após um dano cerebral,
a capacidade de reorganização neuronal ainda é possível devido à plasticidade cerebral
(SQUIRRE; KANDEL, 2003), que pode ser observada ao longo da vida (e não apenas na infância e
adolescência). Este é o maior argumento para a importância da estimulação cognitiva (MANSUR;
RADANOVIC, 2004).
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Processamento
Relativamente preservado; trocas na fala não são comuns.
fonológico
Processamento Preservado para materiais mais simples e pode estar prejudicado para a
morfossintático produção de sentenças mais longas e com maior complexidade sintática.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Referências: MANSUR; RADANOVIC, 2004; ORTIZ, 2010; BRANDÃO et al., 2017; FREITAS et al., 2018.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
disponíveis, sejam textos, imagens ou vídeos. Por exemplo, caso o paciente deva apon-
tar algum estímulo solicitado na tela, é importante que o terapeuta consiga visualizar ou
ouvir a resposta ao mesmo tempo em que o paciente esteja respondendo, como ocorre
no compartilhamento de tela.
• As tarefas solicitadas devem ser adaptadas à capacidade de resposta do paciente à dis-
tância, seja por emissões orais, toque na tela ou escrita. Os arquivos a serem utilizados
na sessão devem ser acessíveis e de fácil utilização do paciente.
• Deve-se ter atenção à interação entre os participantes do teleatendimento, consideran-
do a atenção do paciente, o tempo de resposta, e a expressão facial e gestual deste e
do terapeuta.
◊ Processamento fonológico:
• Atividades de rima e aliteração
• Pareamento de figuras de palavras cujos nomes iniciam com o mesmo
fonema
• Nomeação de objetos a partir de pistas fonêmicas
◊ Processamento morfossintático
• Associação de palavras com mesmo radical
• Complementação de sentenças
• Transformar frases de voz ativa para voz passiva
Expressão Oral
• Corrigir palavras e frases com erros morfossintáticos
◊ Processamento semântico:
• Classificar objetos por categoria semântica
• Antes de nomear um objeto, listar todas as suas características físico-
perceptuais: cor, tamanho, textura, formato, temperatura, função etc
• Listar objetos com semelhança físico-perceptual
• Nomeação de objetos a partir de pistas semânticas
• Associação de verbos a palavras semanticamente relacionadas
• Nomeação de palavras a partir de pantomima
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Nos casos em que, além das alterações de linguagem, os indivíduos também apresentem
alterações em outras funções cognitivas (especialmente memória), algumas técnicas podem ser
utilizadas em conjunto com as atividades linguísticas, como exemplificado no quadro 4.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Oriente o paciente para o que vai ser falado, repetindo várias vezes as palavras
do tópico, bem como, as frases e fornecendo tempo para ele processar e
ORIENTAÇÃO
compreender o que você disse. Isto não significa que você deva falar mais
devagar.
Continue o mesmo tópico de conversação pelo maior tempo possível e introduza
CONTINUIDADE
mudanças no tópico para preparar o paciente para a troca.
Sugira a palavra correta quando o paciente nomear erroneamente algum objeto.
UNSTICKING
Utilize a palavra pretendida e repita a frase com a palavra correta. Pergunte
(Descolar) “Você quer dizer ...?”.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Intervenções indiretas
O cuidador/familiar pode ser considerado como um membro integrante da equipe da
reabilitação da linguagem/comunicação de um indivíduo com distúrbio de linguagem, deve
entender a natureza do problema e estar comprometido a resolver dilemas existentes. O
fonoaudiólogo pode realizar orientações e treinar o cuidador/familiar a estimular a comunicação
do cliente e fazer modificações no ambiente para facilitar a rotina comunicativa.
Ripich et al. (1995) propuseram um método para facilitar a comunicação do cuidador/
familiar ou mesmo de outros profissionais com o paciente diagnosticado com demência, que
utiliza acrônimo com a palavra em inglês “FOCUSED”. Tais orientações podem ser utilizadas
também em outras patologias que acometem a linguagem, como quadros de afasias graves, por
exemplo. A seguir, o acrônimo é apresentado com as orientações correspondentes:
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Figura 1. Exemplos de recursos de baixa e alta tecnologia: da esquerda para direita: fotos A e B (baixa tecnologia); C
e D (vocalizadores); E e F (smatphone e tablet/ipad). Fonte: Laboratório de Tecnologia de Comunicação Alternativa
(LabTeCa) - UNESP/Marília.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
Figura 2: Música “Primavera” (Sérgio Cassiano/Sílvio Rochael) e “Fuscão Preto” (Almir Rogério) elaborada por meio
de fotos e Sistema PCS. Fonte: Laboratório de Tecnologia de Comunicação Alternativa (LabTeCa) - UNESP/Marília.
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
estimular, o quanto possível, o uso de movimentos corporais e materiais tangíveis, como objetos
e miniaturas, e fotos e figuras com menor complexidade gráfica.
As atividades selecionadas devem partir da rotina da pessoa, como, por exemplo:
selecionar uma cena ou uma foto da situação de um café da manhã. Imagens do ARASAAC ou
do software Boardmaker podem auxiliar a pessoa no momento de descrever ou recontar uma
cena selecionada. Quando a família não tem computador ou acesso à internet, seria importante
buscar imagens em revistas, livros ou desenhar.
A visão, quando preservada, é uma importante via de entrada de estímulo para a
compreensão, assim como para as habilidades expressivas. O uso de rotinas com imagens,
representando as atividades em domicílio é uma estratégia importante não apenas para o adulto
ou idoso que delas se beneficia diretamente, mas para todos que compartilham o cotidiano
com ele. Da mesma forma, recomendamos dispor imagens que possam facilitar a participação
do adulto/idoso na rotina, como: afixar nas gavetas e/ou porta do guarda-roupa as fotos ou
figuras das roupas que possam ser selecionadas, afixar na porta da geladeira ou nos armários da
cozinha, figuras de alimentos ou outros itens que podem ser solicitados ou sobre os quais pode-
se desejar comentar. As mesmas imagens devem ser inseridas em uma prancha de comunicação,
acompanhando o deslocamento do indivíduo pela casa, de modo que ele possa selecioná-las
quando desejar, mesmo distante do ambiente onde os itens permanecem.
Quando o adulto/idoso tem alteração motora associada, há necessidade de adequar
os recursos às suas possibilidades motoras, principalmente quando há prejuízo de membros
superiores. No capítulo 10 deste E-Book, há uma lista de sites, softwares e aplicativos que podem
auxiliar a seleção dos sistemas da Comunicação Alternativa e da Tecnologia Assistiva.
Cabe destacar que a área da Comunicação Alternativa não pode e não deve ser reduzida
aos recursos de baixa ou alta tecnologia, propriamente ditos. Os recursos ou instrumentos
utilizados auxiliam no processo de interação e comunicação, mas é a mediação e/ou o modelo
do interlocutor utilizando os sistemas suplementares e alternativos de comunicação que favorece
a ampliação das habilidades de comunicação e interação das pessoas com necessidades
complexas de comunicação.
REFERÊNCIAS
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ESTRATÉGIAS E ORIENTAÇÕES EM LINGUAGEM - Um guia em tempos de COVID-19
BRANDÃO, L.; et al. Afasias Progressivas Primárias. In: Miotto EC, de Lucia MCS, Scaff M. (Org.).
Neuropsicologia Clínica. 2. ed. São Paulo: Gen/Roca, 2017.
MANSUR, L. L., RADANOVIC, M. Neurolinguística: princípios para a prática clínica. São Paulo:
Edições Inteligentes, 2004.
ORTIZ, K. Z.; LIRA, J. O.; DE LUCCIA, G.P. PTF para Afasia. In: Pró-Fono. (Org.). Planos terapêuticos
fonoaudiológicos. 1ed. Barueri: Pró-Fono, 2012, p. 251-264.
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