DSS e Sofrimento Psiquico

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DOI 10.21727/rs.v12i3.

2781

O sofrimento psíquico na sociedade capitalista e neoliberal sob a


ótica da determinação social do processo saúde-doença
Psychic suffering in capitalist and neoliberal society from the perspective of social determination of
the health-disease process
Giovanna Innocencio
Como citar esse artigo. INNOCENCIO,
G. O sofrimento psíquico na sociedade
Resumo
capitalista e neoliberal sob a ótica
da determinação social do processo O presente artigo tem como objetivo sistematizar, através de uma revisão narrativa da literatura, as diferentes teorias que
saúde-doença. Mosaico - Revista surgiram na tentativa de explicação do processo saúde-doença, e tomar como base os determinantes sociais da saúde, cujo
Multidisciplinar de Humanidades, referencial teórico reconhece a existência de um nexo biopsíquico constituidor dos indivíduos e estabelecido em sociedade, para
Vassouras, v. 12, n. 3, p. 16-22, set./ analisar a epidemiologia do sofrimento psíquico na sociedade contemporânea. Será destacado como o processo de exploração
dez. 2021. advindo do modo de produção capitalista e neoliberal, correlacionando com as diferenças sociais de classe, gênero e raça, tem
tamanha responsabilidade na alta prevalência dos transtornos mentais na sociedade. Mostra-se, dessa forma, como é inegável

Mosaico - Revista Multidisciplinar de Humanidades, Vassouras, v. 12, n. 3, p. 16-22, set./dez. 2021.


conceber a dialética entre as ciências médicas e ciências humanas para o adequado desenvolvimento da saúde mental.
Palavras-chave: sofrimento psíquico; determinantes sociais da saúde; transtornos mentais; capitalismo.

Nota da Editora. Os artigos


publicados na Revista Mosaico são de
responsabilidade de seus autores. As
informações neles contidas, bem como
as opiniões emitidas, não representam
pontos de vista da Universidade de
Vassouras ou de suas Revistas.
Abstract
This article aims to systematize, through a narrative review of literature, the different theories that emerged in an attempt
to explain the health-disease process, and to take as a basis the social determinants of health, whose theoretical framework
recognizes the existence of a biopsychic nexus constituting individuals and established in society, to analyze the epidemiology
of psychological suffering in contemporary society. It will be highlighted how the process of exploitation arising from the
capitalist and neoliberal mode of production, correlating with the social differences of class, gender and race, has such a
responsibility in the high prevalence of mental disorders in society. In this way, it is shown how undeniable it is to conceive the
dialectic between the medical sciences and the human sciences for the adequate development of mental health.
Keywords: psychological distress; social determinants of health; mental disorders; capitalism.

Introdução da medicina social latino-americana, a produção de


doenças ocorre no plano coletivo e, portanto, não se
Ao longo da história, diversas teorias explicativas pode desvincular o estudo do processo saúde-doença do
surgiram na tentativa de construir significados sobre a contexto social em que está inserido. Nesse sentido, a fim
relação da estrutura e das funções do corpo com o meio de entender os processos pelos quais as relações sociais,
ambiente, o que possibilitou a eclosão de diferentes a história e a cultura subordinam o biológico, é essencial
narrativas do processo saúde-doença. Nesse sentido, investigar os sistemas estruturais de cada sociedade, cujas
numerosos projetos de intervenção foram criados distintas formações sociais apresentam arranjos próprios
de acordo com as necessidades coletivas de cada e características particulares e, consequentemente,
sociedade. determinados perfis epidemiológicos.
A fim de compreender as formas particulares de Seguindo essa lógica, é possível correlacionar a
sofrimento psíquico na sociedade contemporânea, este alta prevalência dos transtornos mentais na atualidade
estudo tomou a teoria da determinação social como com o aumento da exploração e opressão advindas do
base para tal análise. Para Breilh (2013), representante capitalismo, sistema que produz desigualdade e impede

Afiliação dos autores:

Universidade de Vassouras, Vassouras. RJ, Brasil

* Email de correspondência: : [email protected]

Recebido em: 02/04/21. Aceito em: 19/10/21.

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um objetivo maior de emancipação e qualidade de vida, PEREIRA JUNIOR; OLIVEIRA, 2010). A partir dessa
e com o modo de produção neoliberal, cuja psicologia lógica unicausal, a saúde passou a ser definida como
moral de produtividade e do ideal empresarial do sujeito a ausência de doença, fazendo com que esse modelo
produz e gerencia o sofrimento (SAFATLE; SILVA se concretizasse de modo predominante na história da
JUNIOR; DUNKER, 2020). Como analisado por Bauman Medicina. A busca por novos paradigmas em saúde com
(1999), o desenvolvimento do capitalismo e a égide da base na crítica de que os fenômenos epidemiológicos
ordem e do controle geraram a construção de um modo tinham relação com a organização político-social
de vida atravessado por diferentes instituições sociais da sociedade fez com que a Saúde Coletiva criasse
que regulam as formas de existência dos indivíduos. um modelo contra-hegemônico (SOUSA; MACIEL;
Para tanto, torna-se fundamental compreender como MEDEIROS, 2018; TESSER, 2006).
as condições impostas aos indivíduos interferem em A criação da Organização Mundial da Saúde
seus meios de vivência e atentar para que não haja (OMS), no contexto do pós-2ª Guerra Mundial, permitiu
culpabilidade do sujeito quanto ao sofrimento que o surgimento do conceito de saúde como um “estado de
lhe é causado devido a falha do sistema em promover completo bem-estar físico, mental e social e não a mera
dignidade humana. De forma isolada, a área da saúde ausência de moléstia ou enfermidade” (OMS, 1946).
não consegue proporcionar vitalidade física e psíquica Leavell e Clark (1976) apresentam o modelo da História
aos indivíduos – é necessário o empenho de parte Natural da Doença a partir da lógica multicausal com
significativa da sociedade para que seja assegurada a um esquema de tríade ecológica – agente, hospedeiro
qualidade de vida ideal aos sujeitos. e meio ambiente. Emerge, então, um novo método de
A consideração dos processos históricos como promoção da saúde, a partir da prevenção e controle das
um dos geradores das problemáticas existentes acerca doenças. Apesar de reconhecer múltiplas determinações,
da saúde coletiva, formalizando a existência da interface esse modelo ainda recebeu forte influência do modelo
entre as ciências naturais e as ciências humanas, biomédico, o que levou a um reducionismo da prática
é de extrema importância para o estabelecimento médica dentro da visão preventivista e ao vácuo da
adequado da saúde mental. À vista disso, partimos do pergunta que surgia: como utilizar única e exclusivamente
pressuposto de que o reducionismo científico dificulta o modelo multicausal para o planejamento em saúde
tal dialética, o que torna necessário discutir os possíveis sem se erradicar a pobreza e dirimir a exclusão social,
fatores do adoecimento psíquico a partir da análise ou sem cair na ideologia da medicalização da sociedade
dos determinantes sociais e, assim, possibilitar uma (TESSER, 2006)?
apreensão sistemática do sofrimento mental. Foi durante a década de 1960 que, em paralelo
ao progresso tecnológico da ciência médica, a
O processo saúde-doença e sua Medicina Social se manifesta contrapondo a hegemonia
biomédica a partir das críticas apresentadas por
determinação sócio-histórica
diversos intelectuais latino-americanos (PUTTINI;
PEREIRA JUNIOR; OLIVEIRA, 2010; VIAPIANA;
A medicina de Hipócrates, iniciada nos séculos GOMES; ALBUQUERQUE, 2018). A visão de que
V e IV a.C, valorizava a observação da natureza e a epidemiologia clássica era insuficiente em abordar
explicava a origem das doenças a partir do desequilíbrio a saúde como um fenômeno que apresenta raízes na
entre as forças naturais presentes no interior e no exterior organização social dirigiu o olhar para a necessidade
dos indivíduos (GAMBA; TADINE, 2010; PUTTINI; de um novo modelo explicativo a partir da vertente
PEREIRA JUNIOR; OLIVEIRA, 2010). Para o pai da marxista, direcionando a uma práxis emancipadora.
Medicina moderna, o conceito de saúde era definido Isso, pois, o raciocínio epidemiológico tradicional do
como a expressão de um equilíbrio completo do corpo processo saúde-doença era baseado na ideia de que
humano. Com o avanço tecnológico da Medicina e, as enfermidades físicas e psíquicas existentes eram
consequentemente, a evolução da complexidade das derivadas das respectivas características individuais,
noções de causalidade, urge a necessidade de novas adotando perfis e padrões típicos de saúde (VIAPIANA;
concepções teóricas acerca do tema. GOMES; ALBUQUERQUE, 2018).
Influenciada pelos paradigmas cartesianos, a Para a superação desse cenário, a criação de
ciência médica obteve considerável progresso a partir alternativas que abordassem as dimensões do indivíduo e
dos conhecimentos oriundos da Anatomia Humana. do coletivo no processo saúde-doença viu-se necessária.
Nesse contexto, a partir do século XIX, o modelo No Brasil, durante a VII Conferência Nacional de
biomédico apresentou-se na tentativa de compreender Saúde, que ocorreu em 1986, foram discutidos os temas
os fenômenos da saúde e da doença com bases nas de reformulação do Sistema Único de Saúde (SUS),
ciências biológicas, adotando a ideia de que sempre financiamento setorial e a saúde como direito. Foi
existe um mecanismo etiopatogênico causador das adotado, então, o seguinte conceito de saúde:
enfermidades (GAMBA; TADINE, 2010; PUTTINI;

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“Em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das pelos indivíduos como obstruções aos seus modos de
condições de alimentação, habitação, educação, renda, viver a vida, tais quais são determinados pela necessidade
meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso
e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim,
de corresponder a certas exigências e critérios impostos
antes de tudo, o resultado das formas de organização pela sociedade.
social da produção, as quais podem gerar grandes Tais modos de vida são, portanto, dados pela
desigualdades nos níveis de vida” (BRASIL, 1986). inserção de cada indivíduo nas classes e grupos sociais
em que cada um tem uma capacidade de se apropriar
Portanto, parte-se do princípio de que o processo de objetivações humanas para seu desenvolvimento.
saúde-doença não é aleatório e arbitrariamente explicado O sofrimento psíquico é vivido como uma estagnação
apenas pela dimensão individual. A radicalidade de sua no desenvolvimento dessas pessoas, bem como
explicação se apresenta nas próprias relações sociais uma iminência de decomposição, que concorre com
que se organizam de forma a permitir determinados processos que englobam relações de exploração,
modos de vida e, a depender de como esses diferentes opressão e alienação.
modos de vida se articulam, são produzidos diferentes De forma equivalente, Zygmunt Bauman
perfis epidemiológicos que se alteram no decorrer da lança um olhar crítico para as transformações sociais

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história e nas diferentes sociedades e grupos sociais. e econômicas trazidas pelo capitalismo globalizado
Logo, a teoria da determinação social apresenta a (BAUMAN, 1999). Para ele, a quebra do paradigma
urgência de entender o processo saúde-doença como um capitalista industrial para o financeiro, mais maleável,
processo dinâmico, determinado pela sociedade e pela levou o ser humano a tecer relações também maleáveis
organização da produção social da vida em cada momento e líquidas. A liquefação das formas sociais de trabalho,
histórico (DIMENSTEIN et. al., 2017; NOGUEIRA, família, engajamento político, amor, amizade e
2010). Apesar disso, é importante observar que esse identidade, produz angústia, ansiedade e medo – temor
processo também é sempre um processo biopsíquico do desemprego, da violência, da não-produtividade.
– compreende-se que a sua determinação é social, mas É fato que a vida produz uma série de processos
que ela se concretiza nos próprios indivíduos ao se que afetam a nossa existência, mas é qualitativamente
expressar no corpo e no psiquismo. diferente do sofrimento psíquico, que é produzido por
Isso posto, deve-se destacar o contraponto da uma privação imposta por determinadas relações sociais
teoria da determinação social à visão individualista do de produção que impedem o desenvolvimento adequado
processo saúde-doença, ao mesmo tempo que considera dos indivíduos.
a unidade biopsicossocial como sua base. Conclui-se que
o social é, portanto, determinante do processo saúde- O capitalismo e a alta prevalência
doença, uma vez que a existência do indivíduo depende
das suas interrelações pessoais e para com a sociedade, dos transtornos mentais na sociedade
onde a forma como esse processo se dá no indivíduo moderna
singular é dependente dos nexos entre a sua consciência
produzidos a partir de sua ocupação no mundo. Previamente à industrialização mecanizada
e fabril, o homem já dominava formas de laboração
Saúde Mental e Sofrimento Psíquico praticadas na produção feudal, onde o processo produtivo
estava sob o controle dos trabalhadores enquanto
possuíam o poder de organização e comercialização
Ao entender o processo saúde-doença como (ROCHA; MARQUES 2018). A partir do surgimento de
determinado socialmente, cabe retomar à ideia de uma complexa divisão social do trabalho, foi introduzido
Georges Canguilhem e Caponi (2011), que propõe a o capital na tentativa de resolução das problemáticas de
relação de limite entre o normal e o patológico. Para ele, planejamento. Ao adentrar no processo de produção
o reducionismo positivista advém da necessidade de um capitalista, as relações sociais começaram a se alterar à
desejo de intervenção que, em sua essência, se baseia medida que o detentor do poder econômico e financeiro
em restaurar o organismo às normas estabelecidas pela empreende na busca de acumulação e aumento contínuo
cultura. Nesse sentido, esse limite é relativo a uma de riqueza. Determina-se, então, uma trajetória de
determinada sociedade e, portanto, depende do seu diferentes modelos de gestão do capital.
modo de organização e das normas subliminares que a A sucessão dos regimes de acumulação capitalista
influenciam (CANGUILHEM; CAPONI, 2011). contribuiu para um seguimento das dinâmicas dos
Nesse contexto, a saúde seria dada a partir processos de trabalho, das formas de regulação e do tipo
da capacidade de se adaptar às exigências do meio e de organização produtiva. O modelo fordista, prevalente
seguir novas normas de vida. De modo geral, segundo a partir do início do século XX, era caracterizado
Canguilhem e Caponi (2011), o sofrimento psíquico é pela produção e pelo consumo em massa, em que as
compreendido como uma expressão particular vivida principais formas de incapacidade no trabalho estavam

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relacionadas aos acidentes; nesse contexto, na sociedade, produtivo.


as doenças infectocontagiosas eram as mais prevalentes Acompanhando a ascensão neoliberal, a
(MERLO; LAPIS 2007). A partir do surgimento de reformulação da terceira edição do Manual Diagnóstico
políticas públicas para o controle dessas epidemias Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III), publicada
como uma forma de responder às necessidades do em 1987, iniciou-se um processo de patologização
próprio capital de manutenção da força de trabalho e medicalização da vida, em que houve uma grande
saudável, e também como uma resposta à organização ampliação dos critérios diagnósticos, o que enquadrou
dos trabalhadores e às suas reivindicações por melhores muitas pessoas como portadoras de transtornos
condições de vida e de trabalho, essas doenças passam a mentais (AMARANTE, 2015). Isso fez com que os
não ser tão expressivas. indivíduos se transformassem em clientes da indústria
O fordismo encontrou-se em profunda crise farmacêutica que, consequentemente, está inserida
e em processo de dissolução e aniquilamento a partir na lógica capitalista. Cabe analisar que o próprio
da década de 1970, contexto de globalização em que capitalismo precisa patologizar processos que antes não
surge o modelo de acumulação flexível (TEIXEIRA; eram patologizados, uma vez que esse sistema necessita
SOUZA, 1985; GOERCK, 2009). À essa nova fase de pessoas cada vez mais resistentes às suas demandas.
de acumulação do capital foram concebidas práticas Como Karl Marx (2013, p. 164) afirma, “o processo
de expropriação do trabalhador por meio da procura capitalista de produção não é simplesmente produção
por crescimento do lucro e acumulação de riqueza. de mercadorias. É processo que absorve trabalho não
Baseado na flexibilidade do mercado e do processo de pago, que transforma os meios de produção em meios
trabalho, esse modelo é favorável ao capitalista, uma de extorsão de trabalho não pago”.
vez que a desarticulação dos sindicatos, o aumento Além da base econômica desse sistema funcionar
do desemprego estrutural, o aumento da competição a partir da exploração da força de trabalho, ela também
e a grande quantidade de mão-de-obra excedente são funciona a partir da opressão de classe, raça e gênero.
fatores que deixam os trabalhadores com uma menor Ao se tratar da distribuição de renda entre os habitantes,
capacidade de reação. Essa situação acaba permitindo o Brasil permanece o nono país mais desigual do mundo
a flexibilização de acordos trabalhistas e ataque aos (ALMEIDA, 2020). Ao analisar a desigualdade de
direitos sociais e do trabalho. rendimentos, a população preta e parda permaneceu
A partir da mudança no processo produtivo, as com metade do rendimento per capta observado para
formas de adoecimento no trabalho também passaram a população branca (MADEIRO, 2019). Ao se tratar
a se transformar. Nesse momento, prevaleciam as de informalidade, a população preta ou parda está mais
doenças crônicas: lesões por esforço repetitivo (LER) inserida em ocupações informais em todos os estados ao
e transtornos mentais pelo aumento da pressão imposta ser comparada à população branca (CAMPOS, 2020).
pela lógica do trabalho toyotista (MERLO; LAPIS, 2007; Em relação aos homens, as mulheres estavam em maior
FRANCO; DRUCK; SELIGMANN-SILVA, 2010). proporção no trabalho auxiliar familiar, além de compor
Diante da impossibilidade de atender às exigências, quase que integralmente o trabalho doméstico sem
cada vez maiores, dos processos de aceleração e pressão carteira (FILIZZOLA, 2020).
do capitalismo, ocorre a produção de um maior desgaste À vista disso, é importante destacar que, segundo
de disposição e energia biopsíquica dos indivíduos. a OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de
O neoliberalismo surge, aqui, como um ansiedade no mundo e o quinto mais depressivo,
ideário capaz de oxigenar as formas de acumulação sendo o segundo mais depressivo nas Américas
do capitalismo. A hegemonia dos ideais neoliberais (MORAES, 2020). Ao realizar um recorte, encontra-
ocorre a partir dos anos 1970, com a globalização se uma prevalência dos transtornos ansiosos de
sendo entendida como um processo contemporâneo duas a três vezes maior nas mulheres em relação aos
ancorado nas novas formas de tecnologia e rapidez de homens (ALMEIDA et al., 2019; ARAÚJO; PINHO;
informações. Assiste-se a um cenário de concentração ALMEIDA, 2005), o que se pode relacionar com as
e internacionalização do capital, de reestruturação e formas de exploração capitalista e opressão de gênero
racionalização empresarial, de ataques às conquistas que o próprio patriarcado impõe – duplas e triplas
dos trabalhadores e de mudanças importantes na jornadas de trabalho e altos índices de violência
estrutura da cadeia produtiva. Porém, como pontua doméstica, por exemplo. Sintomas de depressão foram
Safatle, Júnior e Dunker (2020), além de atuar como vistos mais em mulheres negras (52,8%) do que em
um modelo socioeconômico, o neoliberalismo atua mulheres brancas (42,3%) (SMOLEN; ARAÚJO 2017),
como psicologia moral do sofrimento, internalizando o que retrata a opressão racial existente no sistema, onde
nos sujeitos práticas de gerenciamento do mal-estar, o racismo subalterniza e invisibiliza pessoas e povos
como individualização da culpa, repúdio ao fracasso não brancos intensificando a produção de sofrimento
depressivo, meritocracia, estados de anomia e mudanças psíquico ao negar suas subjetividades. Os transtornos
permanentes e estruturação do sujeito empresarial do humor em geral aparecem com expressiva presença

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nas notificações de faxineiras, operárias e professoras tem como base teórica o conceito de territorialidade
(ALMEIDA et al., 2019), configurando as baixas (AMARANTE, 2007). Nesse sentido, os cuidados em
condições de trabalho como psicoestressores. Pessoas saúde mental passaram a ser organizados considerando
com baixa renda estão entre as maiores portadoras dos a perspectiva de território em rede, com os Centros de
transtornos mentais (SILVA; SANTANA, 2012), sendo Atenção Psicossocial (CAPS) se mostrando à frente
possível relacionar o sofrimento psíquico às péssimas desse novo modelo. Tais centros são considerados
condições de habitação, ao desemprego e à fome, excepcionais na organização da rede de assistência em
bem como às poucas formas de acesso ao cuidado em saúde e na reinserção dos indivíduos em sofrimento
saúde. psíquico na sociedade.
Enquanto menos de 1% se beneficia das injustiças No entanto, essas políticas públicas que
do sistema capitalista, os 99% restantes tentam vinham propondo formas de cuidado e estratégias de
acompanhar o ritmo para que consigam permanecer enfrentamento individuais e coletivas ao seu processo
no mercado, estando sujeitos à exploração. Constata- de sofrimento vêm sofrendo um sucateamento ao longo
se, pois, que o sofrimento psíquico está em crescente dos últimos anos (CRUZ; GONÇALVES; DELGADO,
aumento, não apenas por conta do aumento dos critérios 2020). Por trás disso, é possível analisar que há o objetivo

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diagnósticos, mas sim pois a vida continua a piorar. de financiar os grupos que se beneficiam dessa política.
Quanto mais se intensifica os processos de exploração, Ao final de 2020, mudanças na Política Nacional de Saúde
mais a classe trabalhadora adoece. Isso nos permite Mental e na Política Nacional de Álcool e outras Drogas
analisar que as diferentes formas de adoecimento se foram apresentadas por integrantes do Governo Federal
dão a partir das diferenças entre os padrões de vida de e, com o apoio do Ministério da Saúde, os representantes
cada grupo social, a depender do ritmo e da forma de defenderam medidas drásticas, como a revogação de
execução do próprio trabalho, o que nos retoma à teoria mais de cem atos normativos que regulam a Saúde
de determinação social do processo saúde-doença. Mental desde a década de 1990 em consonância com
a Reforma Psiquiátrica (AMADO, 2020). É importante
Atual cenário da Saúde Mental destacar que todas essas propostas convergem com um
documento orientativo da Associação Brasileira de
brasileira
Psiquiatria e outras entidades médicas.
A centralidade biomédica sobre os demais setores
Historicamente, as áreas profissionais da científicos e profissionais é um exemplo de políticas
Saúde Mental, principalmente a Psiquiatria, sempre antiquadas que estão sendo defendidas atualmente.
estiveram ligadas aos interesses da classe dominante Enquanto os brasileiros mais necessitam e demandam
e, portanto, buscavam uma forma de tornar as pessoas do SUS, em meio a uma das piores crises sanitárias
mais “dóceis” e suscetíveis a exploração (FOUCAULT, da história — a pandemia do novo Coronavírus — e
2014). Frantz Fanon (2008), psiquiatra e militante ao incremento da prevalência dos transtornos mentais
martinicano, enfatizava que a saúde mental deve ser no país, o Governo Federal organiza um desmonte dos
contra os processos ideológicos dominantes e ser, direitos da população.
primordialmente, um instrumento de desalienação. Hoje, o Brasil enfrenta a urgente necessidade
A partir da redemocratização da sociedade de fortalecimento das políticas públicas assistenciais,
brasileira durante a década de 1970, as políticas de Saúde e não a descontinuação desses serviços. Tudo isso é
Mental começaram a ser revistas no país, principalmente preocupante tanto do ponto de vista do sofrimento
pela influência do processo da Reforma Psiquiátrica que individual, uma vez que as pessoas se encontram cada
ocorria no mundo (AMARANTE, 2007). A experiência vez mais sem perspectivas de vida e de cuidado em
basagliana1 colocou a enfermidade entre parênteses, saúde, quanto do ponto de vista coletivo, em que há um
e passou a introduzir o sujeito e seu contexto de vida desânimo ao engajamento em projetos de resistência
como ponto central. Tais perspectivas convergem e transformação do próprio sistema que produz esse
e se materializam no próprio conceito ampliado de adoecimento.
saúde, reforçado pela Constituição Federal de 1988 e Para Foucault (2006), o despertar ético a partir do
perpetuado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em cuidado de si, para consigo e para com os outros, resulta
que os determinantes sociais do processo saúde-doença em um sujeito ético-político de postura ativa capaz
passam a ganhar destaque (COMISSÃO NACIONAL de resistir ao biopoder em prol de uma coletividade.
SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE, Nesse sentido, Franco Basaglia (2005) enfatizou que
2008). os técnicos da saúde mental devem estar aliados aos
Emerge, então, a atenção comunitária, projetos de transformação da classe trabalhadora, pois
apresentando a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é nessa aliança que nossas ações se potencializam,
inserida no Sistema Único de Saúde (SUS), que uma vez que toda dedicação que a gente dê ainda vai
ser insuficiente para transformar as condições que

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produziram seu adoecimento.


AMADO, G. Governo Bolsonaro revogará portarias e encerrará programas
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1
Franco Basaglia, psiquiatra italiano, é referência mundial na busca pela em: <https://oglobo.globo.com/epoca/guilherme-amado/governo-bolsonaro-
transformação do modelo de assistência à saúde mental. Sua incansável luta revogara-portarias-encerrara-programas-de-saude-mental-no-sus-1-
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2019).
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desconectando-o do seu meio sociopolítico, o que
reforça a ideia do corpo doente que deve ser objeto de BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório final da VIII Conferência
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controle e intervenção. publicacoes/8_conferencia_nacional_saude_relatorio_final.pdf. Acesso em:
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em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-
vigente impõe enorme influência no sofrimento pessoal 386X2013000400002. Acesso em: 22 mar. 2021.
e coletivo, dada a crescente desigualdade de gênero,
CAMPOS, A.C. IBGE: informalidade atinge 41,6% dos trabalhadores
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trabalhadores-negros-do-brasil-diz-ibge-766e>. Acesso em: 20 mar. 2021.
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vida alienada e sem significado. CANGUILHEM, G.O; CAPONI, S. O normal e o patológico. 7ª ed., São
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É importante, então, que se desnaturalize o
cuidado do corpo como objeto privado das ciências da COMISSÃO NACIONAL SOBRE DETERMINANTES SOCIAIS DA
SAÚDE. As causas sociais das iniquidades em saúde no Brasil. Relatório
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para que se crie políticas efetivas de cuidado em saúde. 2021.
Ao mesmo tempo que isso ocorre, muitos profissionais
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