LISTA 1, 2 e 3

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Resposta dos Exercícios

Lista 1

Responsabilidade penal

Ilicitude e antijuridicidade: é a contrariedade ao direito, gerando lesão ou perigo de


lesão a perigo

Imputabilidade: capacidade de imputabilidade, pessoa maior de 18 anos, com plena


capacidade cognitiva.

Culpabilidade: dolo, culpa, imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e


inexigibilidade de conduta diversa.

Responsabilidade civil

Culpabilidade: não precisa ter dolo ou culpa.

Ilicitude: art. 186, CC. Não existem conduta tipificadas em lei.

Antijuridicidade: tudo que é contrário ao ordenamento jurídico, mas nem tudo que é
contrário é um ilícito.

Capacidade: maior de 18 anos (capaz), entre 16 e 18 anos (relativamente capaz), menor


de 16 anos (incapaz), curatelado (relativamente incapaz).

Imputabilidade: atribuir a alguém um fato a todos os que são capazes.

Bibliografia: FLÁVIO TARTUCE.

1) Explicite e correlacione os conceitos de antijuridicidade, ilicitude, imputabilidade,


culpabilidade e capacidade nos contextos da responsabilidade civil e da
responsabilidade penal. (consultar e-books recomendados no plano de curso, sobretudo
TEPEDINO, Gustavo, Fundamentos do direito civil, v. 4)

No Direito Civil, a antijuridicidade é um conceito mais amplo que a ilicitude. A


antijuridicidade se verifica quando da lesão de um interesse juridicamente protegido. A
ilicitude, por sua vez, refere-se aos atos ilícitos dos artigos 186 e 187 do Código Civil,
que são espécies de fatos antijurídicos.
No Direito Penal, ilicitude e antijuridicidade são quase sinônimos, remetendo-se ao ato
típico e ilícito de um indivíduo previsto expressamente numa norma penal, em razão do
princípio da taxatividade da lei penal.

No Direito Civil, a imputabilidade, ainda que por ato ilícito culposa, tem caráter mais
objetivo que a imputabilidade penal. Tanto na responsabilidade civil quanto na
responsabilidade penal é necessário demonstrar o nexo causal entre a conduta do agente
e o resultado que ofende a ordem jurídica, isto é, a imputabilidade objetiva. Contudo,
em relação à imputação subjetiva, a responsabilidade penal e civil se diferenciam, uma
vez que na primeira é necessário comprovar que o agente, atuando de forma negligente,
imperita ou imprudente, possuía ao menos previsibilidade do resultado danoso. Já na
responsabilidade civil existe imputabilidade somente objetiva, algo impensável no
Direito Penal, em razão da vedação à responsabilidade penal objetiva. Ademais, no
direito civil, a imputabilidade por culpa tem caráter mais objetivo que a imputabilidade
penal por culpa, uma vez que aquela se fundamenta no desvio de conduta do agente, ou
seja, compara-se in abstrato a conduta do indivíduo no caso concreto com o padrão de
conduta geralmente desenvolvido naquele caso e verifica-se se houve desvio da conduta
do agente em relação ao standard de conduta.

A culpabilidade de um ponto de vista subjetivo não possui tanta relevância para a


responsabilidade civil, visto que seu foco está na reparação dos danos causados à vítima
e não no grau de reprovação da conduta do réu. Tanto que a noção de culpa da
responsabilidade civil é objetiva, tratando-se de um desvio de conduta. Por outro lado, a
culpabilidade na responsabilidade penal tem elemento subjetivo, vide a falta de
culpabilidade dos inimputáveis, além de ser requisito da responsabilidade penal, ou seja,
é pressuposto para a aplicação da pena, de modo que nem se pode falar em crime sem a
constatação da culpabilidade do indivíduo. Logo, nem todo ato ilícito culposo na esfera
civil ensejará necessariamente responsabilidade penal, pois a noção de culpabilidade da
responsabilidade civil é diferente da culpabilidade da responsabilidade penal.

A incapacidade exclui a culpabilidade e afasta a responsabilidade penal. Por outro lado,


a incapacidade não necessariamente afasta a responsabilidade civil, visto que um
indivíduo, ainda que incapaz, pode ter o dever subsidiária de indenizar o terceiro ao qual
causou um dano, por meio de seu próprio patrimônio, ou, em primeiro plano, por meio
do patrimônio do seu responsável legal. Além disso, para o direito civil o capaz é o
maior de 18 anos, os incapazes são os menores de 16 anos, os relativamente incapazes
possuem entre 16 e 18 anos, além dos pródigos, os ébrios habituais e os viciados em
tóxicos e aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade. Já para o direito penal, os menores de 18 anos e aqueles que ao tempo do fato
não foram capazes de compreender o caráter ilícito do fato são incapazes. Os demais
maiores de 18 anos são capazes penalmente.

2) Quais os efeitos das sentenças penais na reparação civil e possíveis efeitos da


reparação do dano na responsabilidade penal? (consultar e-book TEPEDINO, Gustavo,
Fundamentos do direito civil, v. 4, cap. XVIII e texto: ROSENVALD, Nelson, O
mínimo compensatório penal: uma inovação brasileira, in Responsabilidade Civil –
Novas Tendências, 2017, compartilhado na Plataforma Google e também disponível em
e-book na base de dados Minha Biblioteca)

A sentença penal, à pedido do ofendido, pode fixar o montante mínimo de indenização


do dano sofrido pela vítima, valendo esta sentença como título executivo líquido, a ser
executado no juízo cível, e não excluindo a possibilidade de liquidação do prejuízo
efetivamente sofrido. A reparação do dano não afeta a responsabilidade penal, pois o
juiz criminal somente poderá passar a fixação do mínimo indenizatório se tiver
condenado o indivíduo penalmente na primeira parte da sentença, ou seja, seguindo os
critérios de imputação penal do fato ao indivíduo acusado. Contudo, a possibilidade do
juiz fixar um mínimo indenizatório traz para a esfera penal, normalmente presa a ideia
de repressão ao autor do crime, a ideia de reparação dos danos sofridos pela vítima.

Lista 2

3) Aponte e explique o fato antijurídico que enseja a responsabilidade civil contratual.

O fato ilícito que enseja a responsabilidade civil contratual está relacionado a


inexecução de um dever anteriormente pactuado em um contrato, ou seja, o
inadimplemento, que pode ser dar tanto pela não entrega da prestação principal quanto
pela violação dos ditames da boa-fé objetiva e seus deveres anexos. Violação esta capaz
de impedir a satisfação do interesse do credor. A responsabilidade contratual está
regulada pelo art. 389, CC.

4) A responsabilidade contratual é subjetiva ou objetiva?

A responsabilidade civil contratual, em regra, é subjetiva, mas baseada na presunção de


culpa do devedor, ou seja, a mera ocorrência de inadimplemento enseja a inversão do
ônus da prova, cabendo ao inadimplente alegar eventual motivo que justifique a
inexecução contratual.

5) Quais são os mecanismos de reparação de danos no âmbito das relações contratuais?

No âmbito das relações contratuais, os mecanismos de reparação de danos no contexto


do inadimplemento relativo, no qual o credor ainda tem interesse na realização da
prestação e o devedor ainda pode realiza-la, são: execução específica da prestação mais
perdas e danos com base no interesse positivo; ou incidência de cláusula penal
moratória se tiver previsão contratual; e juros moratórios.

No caso de inadimplemento absoluto, no qual o credor não tem mais interesse na


realização da prestação ou não é mais possível para o devedor realiza-la, os mecanismos
de reparação dos danos são: arras de efeito de resolução imputável (arras confirmatórias
que posteriormente assumem o papel de mínimo da indenização) cláusula penal
compensatório se tiver previsão contratual; ou caso o credor deseje manter o contrato, o
credor pode pleitear execução pelo equivalente pecuniário da prestação mais perdas e
danos pelo interesse positivo; ou caso o credor opte por resolver a relação obrigacional,
o credor pode pleitear a resolução do contrato, liberando-o de realizar sua prestação
caso ainda não a tenha executado ou caso a tenha realizado pode exigir a sua restituição,
além das perdas e danos pelo interesse negativo.

6) Qual é o papel da cláusula penal e dos juros em face do inadimplemento?

A cláusula penal pode ser compensatória ou moratória. A cláusula penal compensatória


opera em caso de inadimplemento absoluto, a partir da opção do credor pela resolução
do contrato, e tem estabelecido o seu montante indenizatório com base em um
percentual sobre o conteúdo econômico do contrato. Enquanto a cláusula penal
moratória opera em caso de inadimplemento relativo (mora), com a opção do credor
pela execução do contrato, assim, cumulativamente com a prestação existe a cláusula
penal moratória, que incide somente sobre o valor do débito em atraso. A cláusula penal
é uma forma das partes contratantes pré-fixarem o montante de indenização das perdas e
danos, tendo como limite o valor da obrigação principal, em caso de inadimplemento
absoluto, ou valores estabelecidos em lei, a depender da relação contratual, em caso de
inadimplemento relativo. A cláusula penal incide apenas uma vez sobre o valor da
dívida como um todo. Desse modo, a cláusula penal permite que a parte prejudicada
pelo descumprimento do contrato não precise comprovar as perdas e danos (danos
emergentes e lucros cessantes) para obter reparação. Contudo, caso o dano seja superior
ao valor previsto na cláusula penal, o credor somente poderá pleitear indenização
suplementar caso o contrato tenha estabelecido essa faculdade e terá que provar o dano
excedente.

Por sua vez, os juros moratórios são uma sanção pela mora do devedor no cumprimento
da obrigação e possuem como teto os limites previstos no art. 406, do CC, que permite a
utilização ou da taxa Selic ou da taxa de 1% ao mês do art. 161 do Código Tributário
Nacional. Caso a opção seja pela utilização da taxa Selic, não será possível a cumulação
com correção monetária, pois esta consta dentro da própria taxa. Já se a opção for pela
taxa de 1% ao mês do Código Tributário, será possível a cumulação com correção
monetária.

Lista 3

7) Quais foram os fatores determinantes da “crise” da concepção tradicional da


responsabilidade civil e quais são os fundamentos ético-jurídicos do referido instituto na
contemporaneidade? (v. texto: SALLES, Raquel Bellini, A Justiça Social e a
Solidariedade como fundamentos ético-jurídicos da responsabilidade civil, in A
Cláusula Geral de Responsabilidade Civil Objetiva, 2011 - disponibilizado pela
professora na Plataforma Google)

A concepção tradicional de responsabilidade civil, fundada na culpa, entrou em crise


ainda no século XIX. Com a mecanização do trabalho surgiram novas formas de
acidentes no exercício laboral. A teoria subjetiva não era capaz de garantir reparação a
vítima nesses casos, visto que exigia do empregado a obtenção da prova de que o
acidente fora resultado da negligencia do empregador, algo praticamente impossível.
Assim, de modo a assegurar a reparação da vítima, a responsabilidade civil objetiva,
fundada na ideia de risco, tornou possível a imputação do empregador sem a aferição de
sua culpa, bastando que o empregado comprove a relação de causalidade entre o
acidente e o contexto laborativo. Atualmente, após a Constituição de 1988, os
fundamentos ético-jurídicos da responsabilidade civil são as noções de justiça social e
solidariedade social, previstos nos arts. 3° e 170 da Carta Magna. Esses novos
fundamentos permitem afirmar que, hodiernamente, a responsabilidade civil é uma
relação jurídica que estabelece a um sujeito o dever de reparar o dano que causou a um
terceiro, tendo como fontes a culpa e o risco, e que ela visa restaurar o equilíbrio entre
as partes por meio da reparação dos danos da vítima.

8) O que determinou e como ocorreu a “evolução acelerada” da responsabilidade civil,


no sentido de sua objetivização? (v. texto: JOSSERAND, Louis, Evolução da
Responsabilidade Civil, 1941 – disponibilizado pela professora na Plataforma Google)

Os avanços tecnológicos vivenciados pela humanidade no decorrer dos séculos XIX e


XX, como a invenção de carros, aviões, eletricidade, entre outros, trouxeram consigo
uma multiplicidade de novos acidentes. A responsabilidade civil de até então, baseada
no conceito de culpa, não foi capaz de responder satisfatoriamente a essas
transformações, uma vez que colocava um árduo ônus sobre os ombros da vítima ou de
seus familiares. Para ter direito a uma indenização, a vítima precisava provar que sofreu
um dano, que o réu cometera um delito e que o dano decorria do delito cometido pelo
réu. Tarefa essa extremamente complexa em se tratando de acidentes envolvendo
maquinas, visto que era quase impossível imputar aquele fato a conduta delituosa de
outrem.

Portanto, com o fim de garantir a reparação da vítima por um dano o qual não teve culpa
na sua ocorrência, os tribunais e os legisladores desenvolveram técnicas que levaram a
objetivação da responsabilidade civil, sendo elas: admitir facilmente a existência de
culpa; estabelecer ou reconhecer a presunção de culpa; substituir a noção de culpa pelo
conceito de risco; e estender a responsabilidade contratual a casos anteriormente
tratados como responsabilidade delitual, favorecendo a vítima do ponto de vista da
prova.

9) Pode-se dizer que a referida “evolução acelerada” da responsabilidade civil a que


aludiu Josserand, em seu artigo publicado na década de 40, é um fenômeno ainda em
curso? Em caso positivo, com base em que constatações da realidade?

A evolução acelerada da responsabilidade civil é sim um fenômeno ainda em curso,


uma vez que os avanços tecnológicos continuam e favorecem o aparecimento de novos
riscos e novas condutas lesivas que podem não se adequar às formas de
responsabilização, a priori, previstas no ordenamento jurídico, ensejando sempre uma
reavaliação das técnicas de imputação para garantir o fim último da responsabilidade
civil: a reparação da vítima. Um exemplo disso é a responsabilidade civil no mundo
virtual e a necessidade de uma lei especifica para regular a área, o que ocorreu com a
entrada em vigor da recente Lei Geral de Proteção de Dados, ainda em fase de
implementação.

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