África

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Antes da chegada dos europeus, a África teve reinos ricos e fabulosos.

Na Antiguidade, temos o império de Cartago e do Egito; e na Idade Média, a


constituição do Império de Mali e da Etiópia.

Através das cidades do norte da África se estabeleceu o contato e trocas comerciais


com os países europeus.

Reinos Africanos
Antes da ocupação europeia já havia um intenso comércio entre a África do Norte e a
África subsaariana.

Estas transições comerciais eram realizadas através das caravanas promovidas por
povos que habitavam a porção sul do deserto do Saara.

Mais tarde, outras expedições atravessariam o deserto e levariam esses produtos


para a Europa.

África do Norte
Egito Antigo - ao norte da África foi criada uma das civilizações mais fascinantes
do mundo: a egípcia. Com mais de três mil anos de duração, os egípcios construíram
cidades impressionantes e deixaram um legado nas ciências, astronomia e
arquitetura.
Império Cartaginês – se constituiu na união de várias cidades do norte da África
que faziam sombra ao Império Romano. As Guerras Púnicas, como são chamadas as
disputas entre as duas potências, é um dos acontecimentos mais marcantes da
Antiguidade.
África Oriental
Império de Gana – séc. XVIII ao XI – baseava-se no comércio de ouro com os reinos
africanos e cidades mediterrâneas cujos mercadores levavam para a Europa. A
prosperidade termina devido ao esgotamento das minas e dos constantes assaltos às
caravanas.
Império do Mali – séc. XIII ao XVIII – era um cruzamento de caravanas que vinham do
sul e traziam sal, ouro, especiarias e couro. O império era imensamente rico e o
imperador Mansa Musa, um devoto muçulmano, quando fez sua peregrinação a Meca, foi
acompanhado de mais de seis mil pessoas e incontáveis somas de prata.

África Ocidental
Império da Etiópia – 1270 -1975 – ocupou os territórios da Etiópia e da Eritreia.
Conhecido também como Abssínia, conseguiu afastar os invasores árabes e turcos e
foi o único império africano a resistir ao colonizador europeu. Mesmo os italianos
jamais conseguiram dominá-lo totalmente.

Sul da África
Reino do Congo – 1390 – 1914 - constituía o local onde hoje é o norte de Angola, o
atual Congo e uma parte do Gabão. Liderado pelo macongo, o reino do Congo foi
independente até o século XVIII quando passou a condição de vassalo de Portugal.
Sultanato de Kilwa – séc. X - XIII – o território era habitado por bantos,
conquistados por muçulmanos. Dominou a costa do sudoeste africano e suas principais
cidades incluíam Mogadíscio, Mombassa e as ilhas de Pemba e Zamzibar, entre outras.
Zulus – 1740 – 1879. O reino zulu estava localizado nas terras onde estão África do
Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue e Moçambique. Foram os primeiros a perceber o
perigo da permanência do colonizador branco e lutaram contra os britânicos, mas
foram derrotados.

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África pré-colonial: sociedades tribais
Pouco se fala da História da África pré-colonial, ou seja, antes da colonização dos
europeus. Por isso, a importância dessa abordagem que procura mostrar que o
continente africano mesmo antes da chegada dos colonizadores possuía sua própria
história.

Texto 1: Estrutura Tribal “No Continente Africano, os reinos nascidos de algumas


comunidades tribais eram bastante efêmeros e muitas das tribos jamais se
institucionalizaram sob a forma dum estado. No entanto as comunidades tribais têm
mantido a sua coesão como forma de se defenderem do meio envolvente e dos povos
vizinhos. Na África Oriental, no século VII, uma nova elite composta de indivíduos
influentes graças à riqueza obtida através do tráfico comercial deu origem ao
declínio e ao isolamento de muitos chefes tribais. Os povos do Centro Africano ao
adquirirem os seus conhecimentos de mineração, fundição e trabalho do ferro,
iniciaram uma lenta evolução que os levaria do tribalismo a novas formas de
organização social. Grandes concentrações de poder acompanharam a idade do ferro,
com a chegada da tecnologia dos metais, a ocorrência dos inerentes conflitos
sociais, das ambições e das ideologias que a nova tecnologia ajudou a promover.”
(Disponível em: http://www.eumed.net/libros-gratis/2008a/372/ESTRUTURA
%20TRIBAL.htm)

Texto 2 : África e africanos: mosaico de culturas Depois de estudarmos a formação


do feudalismo na Europa Ocidental do século V até o século X, nos perguntamos: o
que ocorria na Ásia, na África e na América neste mesmo período? Havia ligação
entre essas regiões do globo? Se houve algum contato, sob que circunstância teria
ocorrido: respeito, tolerância, competição e/ ou hostilidade? Que impactos o
contato entre culturas tão diferentes traria ao chamado “mundo medieval”?
Responderemos estas e outras perguntas iniciando pela história do continente
africano. Já é senso comum imaginar a África apenas como um conglomerado de países
cobertos por vastas áreas abrigando animais selvagens, populações que sofrem com a
miséria, economias falidas e governos corruptos. De fato, isso tudo ainda existe
por lá, mas não pode representar o retrato de um continente tão grande e variado.
De acordo com o que já estudamos na 5.º série, achados e pesquisas comprovam que os
primeiros ancestrais dos seres humanos teriam vivido no Vale do Rift, na África,
entre 3 e 4 milhões de anos atrás. Sendo assim a África, constitui-se continente
berço do conhecimento e da humanidade, possui hoje uma população de 850 milhões de
habitantes, 53 países e são faladas 2019 línguas. Antes de os europeus escravizarem
os africanos, a partir do século XV, e colonizarem a África, no século XIX,
diversas sociedades autônomas já existiam nesse continente. Cada uma contava com
sua própria organização econômica, política e cultural. Portanto, a história da
África não pode ser pensada a partir do contato com o mundo ocidental. Antes da
chegada dos europeus, as sociedades africanas já tinham a sua própria história. A
fase da história africana anterior à chegada dos europeus e depois marcada pelas
relações entre eles os africanos foi convencionalmente chamada de África pré-
colonial e durou aproximadamente do século IX ao XIX. No ano 1000, havia na África
povos nômades e povos sedentários. Alguns deles possuíam governos centralizados;
outros estavam organizados em aldeias, formadas por conjuntos de famílias que
viviam sob o comando de conselhos de anciãos e de chefes de clãs
(Texto disponível na integra no blog : Ensinando História

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HISTÓRIA IDADE ANTIGA IDADE MÉDIA IDADE MODERNA CONTEMPORÂNEA BRASIL COLÔNIA BRASIL
IMPÉRIO BRASIL REPÚBLICA AMÉRICA ÁFRICA Grandes Sociedades da África pré-colonial 9
de junho de 2023 13619 VISITAS 17 COMPARTILHAMENTOS COMPARTILHE Imprima este artigo
BNCC EF06HI05EF06HI16EF07HI14 A história da África é marcada por uma enorme
variedade de sistemas políticos e formações sociais. Um dos primeiros exemplos de
formação de Estado na história da humanidade foi o Egito, no IV milênio a.C. O
Egito, contudo, não serve de referência para a maior parte da história pré-colonial
da África. Nas sociedades africanas, questões como Estado, o exercício do poder, a
natureza dos regimes políticos, a relação entre governantes e governados não
correspondem aos modelos conceituais adotados no ocidente pelos pesquisadores.
Organização política e social da África pré-colonial Grande parte do povo africano
viveu em sociedades sem organização estatal, nas quais as pessoas estavam unidas
por laços de parentesco e onde a autoridade do chefe era exercida por uma família
de prestígio. Em outras sociedades, porém, o governo era mais uma questão de
consenso entre toda a população adulta do que o governo de uma pequena elite.
Alberto da Costa e Silva cita alguns exemplos: “Havia povos, como os ibos (ou
igbos) que não possuíam reis, nem chefes permanentes, nem o que chamamos de
estados. A unidade social era a aldeia ou um pequeno agrupamento de aldeias, onde
as decisões eram tomadas por um conselho dos chefes de famílias que ali viviam. (…)
A maioria das sociedades africanas era altamente hierarquizada. Nobres, plebeus,
estrangeiros, escravos, homens e mulheres, cada qual conhecia o seu lugar – nele
ficavam desde o nascimento e, em muitos povos, até após a morte, pois de acordo com
suas crenças, o morto, se era aristocrata, continuava, no além, aristocrata, e o
escravo, escravo. Mas havia também sociedades que se regiam pelo mérito, nas quais
o poder do sangue se restringia às estirpes reais, e tanto um plebeu quanto um
escravo podiam ascender às mais altas funções do estado, à fama e à opulência. Em
outras, era a riqueza que determinava a posição social de cada indvíduo. Em outras,
ainda, não havia diferença, só se distinguindo dos demais os idosos que formavam o
conselho dos anciãos e, em caso de guerra, momentaneamente, nomeavam aqueles tidos
por mais capazes para conduzir a luta” (COSTA E SILVA, 2008). Existiram, também,
sociedades em que determinados fatores – produção de excedente, ameaças externas,
pressão demográfica, organização do comércio em escala – estimularam a fomação de
um Estado mantido com recurso à coerção, poder centralizado, exército organizado e
território delimitado. O historiador José Rivair Macedo, resume a questão apontando
os seguintes elementos constitutivos dos estados africanos: Eram Estados sem
unidade territorial, de modo que poder e influência dependiam da extensão da
autoridade pessoal dos governantes, mediante alianças, negociações e conquistas
militares. Eram Estados de tipo monárquico, governados por linhagens cuja forma de
sucessão oscilava entre o princípio matrilinear e patrilinear. Eram Estados
tributários, com servidores palacianos e exércitos mantidos com recursos
provenientes de impostos cobrados aos povos conquistados Eram Estados multiétnicos
e multiculturais, influenciados pelo modelo social islâmico, mas estruturados nos
costumes e rituais tradicioanais. Selecionamos 15 grandes sociedades africanas
incluindo o ainda desconhecido País de Punte. Essas sociedades se organizaram de
diferentes maneiras: impérios, reinos, cidades-estados, chefaturas etc. Seguimos a
denominação usada pelos autores consultados. CONTEÚDO Antigo Egito (3200 a.C.- 30
d.C.) Reino de Punte Reino de Kush /Cuxe (2000 a.C.-350 d.C.) Cartago (814 a.C.-146
a.C.) Cultura Nok (900 a.C.-200 d.C.) Império Axum / Aksum (séc. I d.C-VIII)
Império de Gana (séc. IV-XIII) Império Mali (séc. XIII-XVI) Império Songhai (séc.
XV-XVI) Benim (séc. XII- XIX) Confederação Axante / Ashanti (séc. XVII-XIX) Reino
de Daomé / Abomé (séc. XVII-XIX) Reino do Congo (séc. XV-XVII) Grande Zimbábue
(séc. IX-XV) Reino de Monomopata (séc. XV-XVIII) Linha do tempo das Grandes
Sociedades da África pré-colonial 1. Antigo Egito (3200 a.C.-30 d.C) O Egito Antigo
é mais conhecida e longeva civilização africana. Prosperou às margens do rio Nilo
onde, por volta de 3200 a.C. as inúmeras comunidades aldeãs foram unificadas e
controladas por um Estado de caráter teocrático centralizado na figura do faraó. O
faraó era considerado a personificação viva de Rá, o deus-Sol sendo, portanto,
divinizado. Os principais testemunhos da grandeza egípcia são as pirâmides, os
templos, os obeliscos, as estátuas colossais de deuses e faraós, as pinturas e
relevos. Mas, outras criações também foram importantes como os conhecimentos
astronômicos, médicos e matemáticos, os sistemas de escrita (hieroglífica,
demótica e hierática), os canais de irrigados pelo shaduf, a produção do papiro
para escrita etc. Conquistou outros povos e, mesmo sob domínio estrangeiro
(assírios, macedônios e romanos), o Egito manteve sua identidade cultural que
chegou a ser absorvida pelos conquistadores. É a única civilização antiga africana
que levou ao desenvolvimento de seu próprio campo de estudo: a Egiptologia 2. Reino
de Punte Os egípcios consideravam Punte a “Terra dos Deuses” e realizaram muitas
expedições até esse país, porém, nunca registraram a sua localização. Reino de
Punte ou País de Punte era o nome que os antigos egípcios davam a uma região na
África Oriental cuja localização não foi até hoje identificada. Segundo os
pesquisadores, poderia estar situado em algum lugar ao longo do Mar Vermelho, em
território das atuais Somália, Etiópia ou Eritreia. Punte era considerada pelos
egípcios a “Terra dos Deuses” (Ta Netjer). Desde o III Milênio, os faraós
realizaram expedições comerciais a Punte para importar marfim, ouro, mirra, ébano,
prata, resinas aromáticas, plumas e animais exóticos como leopardos e macacos
babuínos. Os egípcios, porém, nunca registraram exatamente onde Punte estava
localizado e nenhum vestígio arqueológico foi identificado até hoje. A expedição
mais famosa foi empreendida pela rainha Hatshepsut (século XV a.C.), sob a
liderança de Nehesis, o tesoureiro real, para adquirir mirra, cedro e outros
produtos. Um relato desta jornada foi preservado nos relevos esculpidos no templo
funerário de Hatshepsut. Neles pode-se ver as casas sobre palafitas da terra de
Punte, babuínos e navios. 3. Reino de Kush /Cuxe (2000 a.C.- 350 d.C.) Quase tudo o
que se sabe sobre Kush vem de registros egípcios onde a palavra Kush aparece, pela
primeira vez, em 2000 a.C. para chamar um reino ao sul, em território do atual
Sudão. O esplendor Cuxe teria sido alcançado no século XVIII a.C. A riqueza de Cuxe
vinha de seu lucrativo comércio de marfim, incenso, ferro e ouro realizado com o
Egito. A elite cuxita adotou a escrita hieroglífica, a construção de pirâmides, a
religião egípcia e os cultos a Ísis, Osíris e Amon. Por volta de 1550 a.C., Tutmés
III conquistou Kush e o reino foi mantido incorporado ao Império egípcio por cinco
séculos. Aprofundou-se ainda mais o processo de assimilação cultural. O Egito, por
sua vez, beneficiou-se com grande quantidade de ouro, cornalina, cobre, obsidiana,
turquesa, ametista entre outros produtos provenientes de Kush. Recebeu também um
contingente de homens como trabalhadores braçais, funcionários e soldados a serviço
do faraó. Governantes de Kush adotaram a religião, a escrita e os costumes
egípcios. Reconstituição artística de Gregory Manchess. Entre 750 a.C. e 660 a.C.,
Kush governou o Egito: foi a dinastia dos “faraós negros” (25ª Dinastia). Após essa
data, os cuxitas retornaram para o sul, instalando a sede do governo inicialmente
na cidade de Napata e depois em Méroe (500 a.C. a 350 d.C.) O período meroíta foi
de esplendor e prosperidade. Méroe tornou-se um centro comercial onde circulavam
mercadores gregos, romanos, egípcios, persas, indianos, sírios e árabes. Rotas
comerciais ligavam o oceano Índico ao mar Vermelho e o rio Nilo ao mar
Mediterrâneo. O governo de Méroe era exercido pelo casal real. A esposa do
governante meroíta, chamada kdke – traduzido por kandake ou candace – exercia forte
liderança no governo. Muitas governaram sozinhas e comandaram exércitos. A candace
Amanirena é a rainha meroíta mais famosa por sua liderança do exército cuxita
contra os romanos, em uma guerra que durou três anos (25-22 a.C.). A vitória
meroíta interrompeu a expansão de Roma para o sul da África. As pirâmides de Méroe,
no atual Sudão, são testemunhos do Reino de Kush. 4. Cartago (814 a.C.-146 a.C.)
Cartago foi fundada pelos fenícios em 814 a.C., no norte da África, onde hoje é a
Tunísia. Foi o centro comercial mais importante do Mediterrâneo antigo e, nos
séculos IV e III a.C., uma das cidades mais ricas do mundo clássico. Com uma
população de quase 500.000 habitantes, Cartago foi a capital de uma república
marítima muito poderosa. No século IV a.C. tornou-se potência dominante no
Mediterrâneo ocidental. Criou colônias na Sicília, Sardenha, Córsega e na Península
Ibérica, além de controlar territórios no norte da África (Mauritânia e Numídia).
Enviou navegadores ao Atlântico Norte em busca de matérias-primas, em especial
minérios (prata, estanho, cobre e ouro). Comercializava têxteis, minérios e a
famosa púrpura extraída de um molusco. Seus tecidos tingidos com púrpura eram
objetos de luxo e sinal de requinte entre a aristocracia romana e grega. Segundo
Heródoto, os cartagineses também buscaram ouro na costa da África Ocidental. Em
uma estela votiva, ficou registrada a expedição do navegador cartaginês Hannon à
costa atlântica
da África e a descrição das selvas tropicais, de grandes rios, elefantes,
crocodilos, hipopótamos e de africanos negros que ele chamou de etíopes. Itinerário
do Périplo de Hannon, navegador cartaginês que explorou a costa ocidental da África
no século V a.C. O império marítimo cartaginês só foi possível graças à frota
numerosa, construção naval superior e marinheiros bem treinados. A cidade possuía
dois grandes portos artificiais, protegidos por muralhas e torres: um para abrigar
a enorme frota de 220 navios de guerra da cidade e o outro para o comércio
mercantil que podia comportar 300 trirremes. Reconstituição artística de Cartago. O
porto circular na frente era destinado aos navios de guerra cartagineses. A faixa
litorânea da cidade era rodeada por muralhas. Extensão do império marítimo
cartaginês (em azul escuro) no século IV a.C. Cartago possuía um sistema de governo
centrado em duas pessoas chamadas sufetes eleitos anualmente. O poder dos sufetes
não era absoluto, eles atuavam como juízes compartilhando suas decisões com o
Senado e outras instituições reservadas às famílias ricas mais influentes. Os
cartagineses lutaram contra a República Romana em guerras frequentes conhecidas
como Guerras Púnicas que se estenderam por mais de 120 anos. A última delas, a
Terceira Guerra Púnica, em 146 a.C., foram derrotados. Os romanos destruíram
Cartago e proibiram que o local fosse habitado. Somente cem anos depois, Júlio
César ao visitar o local, decidiu que ali deveria ser construída uma cidade devido
à sua excelente posição estratégica. 5. Cultura Nok (900 a.C.-200 d.C.) A cultura
Nok floresceu no território da atual Nigéria por volta de 900 a.C. É a sociedade
mais antiga conhecida da África Ocidental. Recebeu esse nome pois os primeiros
sítios arqueológicos foram escavados na moderna cidade nigeriana de Nok. A cultura
se destaca por suas esculturas únicas e o trabalho em ferro. A cultura Nok
floresceu no território da atual Nigéria por volta de 900 a.C. As esculturas em
terracota são de cabeças humanas, figuras humanas sentadas e animais. As figuras
humanas caracterizam-se por olhos ovais ou triangulares, pupilas, narinas e boca
marcadas por um furo e cabelos presos em um coque. Esculturas Nok foram encontradas
em uma área de mais de 78.000 km2, mas toda argila veio de uma mesma fonte o que
sugere que a cultura tinha uma organização centralizada e estava em expansão. Nok
mantinha ligações comerciais com Cartago, através do Saara e também com Méroe na
África oriental. As esculturas Nok de figuras humanas caracterizam-se por olhos
ovais ou triangulares, pupilas, narinas e boca marcadas por um furo e cabelos
presos em um coque. O povo de Nok conhecia a tecnologia do ferro e foram
encontrados em uma única região 13 fornos de fundição de ferro. Fabricavam pontas
de lanças, flechas, ferramentas agrícolas, pulseiras para braços e tornozelos. É
uma das poucas sociedades do mundo que fizeram a transição de ferramentas de pedra
diretamente para ferramentas de ferro sem primeiro aprender a metalurgia do cobre
ou bronze. A cultura Nok foi responsável pela difusão do ferro para o leste e o sul
da África. Para alguns pesquisadores, Nok teria sido o centro de origem dos iorubás
que, mais tarde, fundaram as cidades de Ifé, Oyó e Benim. Os estudos sobre a
cultura Nok têm sido prejudicados pelas frequentes escavações ilegais para o
contrabando de peças destinado a colecionadores particulares na Europa e nos
Estados Unidos. 7. Império Axum / Aksum (séc. I d.C.-VIII d.C.) A cidade de Axum
foi fundada por volta de 100 d.C. ao norte da atual Etiópia por sabeus vindos do
sul da Arábia. Expandiu-se desde então e, no século IV, atingiu seu apogeu
tornando-se um dos estados mais poderosos da região entre o Império Romano do
Oriente e a Pérsia. Controlava o sul do Egito e parte da Arábia até o Iêmen. Quando
Axum surgiu, no século I d.C., o Egito estava sob domínio do Império Romano, e Kush
havia detido a expansão romana e consolidava-se como um grande centro comercial.
Logo Axum assumiu essa posição tornando-se centro do comércio marítimo para o
Oriente (via oceano Índico) e para o Mediterrâneo (via mar Vermelho e rio Nilo).
Seu porto de Adúlis era um dos mais importantes portos do mar Vermelho, centro de
um comércio marítimo intenso com rotas que chegavam até a Índia e o Ceilão. Em
Adúlis chegavam algodão e linho do Egito, musseline da Índia, vidros, barras de
cobre, machados, adagas, copos de bronze, objetos de ouro e prata, azeite, vinho da
Síria e da Itália. Dai saíam marfim, carapaças de tartaruga, chifres de
rinoceronte. Os axumitas desenvolveram sua própria escrita conhecida como Ge’ez
(ainda hoje usada pela Igreja Ortodoxa Etíope). Cunhavam sua própria moeda (de
ouro, prata e bronze), que circulou entre os séculos III e VII. Em honra aos seus
soberanos, os axumistas ergueram enormes obeliscos de pedra. Essa prática durou até
cerca de 330 d.C. e terminou na época do rei Ezana, que se converteu ao
cristianismo por um monge sírio. Sob o rei Ezana, Axum foi o segundo estado, depois
da Armênia, a adotar o cristianismo como religião oficial, e o primeiro a usar a
imagem da cruz em suas moedas. A partir dessa época, os reis cristãos de Axum
construíram palácios e igrejas. As estelas ou obeliscos de Axum foram erguidas para
glorificar os reis axumitas. O costume cessou quando o reino adotou o cristianismo.
Segundo a tradição religiosa da Igreja Ortodoxa Etíope, foi de Axum que partiu
Maqueda, a rainha de Sabá, para visitar o rei Salomão em Jerusalém. Da união entre
ambos nasceu Menelique I, que após visitar o pai trouxe à Etiópia a Arca da
Aliança, que até hoje estaria numa capela da Igreja de Santa Maria de Sião, em
Axum. 7. Império de Gana (séc. IV a XIII) Gana, fundada pelo povo soninquê, foi o
primeiro grande reino do Sahel (região africana entre o deserto e as savanas).
Ocupava partes dos atuais territórios de Mali e Mauritânia, no oeste da África. O
nome vem de ghana, como era chamado seu governante. Gana foi o primeiro grande
reino do Sahel (região africana entre o deserto e as savanas). Ocupava partes dos
atuais territórios de Mali e Mauritânia, no oeste da África. Sua capital era Cumbi-
Salé. A soberania do ghana exercia-se sobre os homens e não sobre a terra. Seu
título não se fundava na soberania territorial e é possível que o estado nem
tivesse nome, sendo conhecido como os “domínios do ghana”. O monarca não estava
interessado em ampliar seu poder conquistando novos territórios, mas em submeter
número crescente de cidades e aldeias que lhes pagassem tributo e pudessem fornecer
soldados para a guerra, servidores para a corte, lavradores para os campos reais.
Gana ficou conhecido como “o país do ouro” que era extraído das ricas jazidas do
reino. Al-Bakri e Al-Idrisi, viajantes e geógrafos hispano-muçulmanos que
estiveram em Gana, respectivamente nos séculos X e XII, deixaram relatos sobre o
fausto e esplendor dos governantes de Gana. Afirmam que no palácio havia um bloco
de ouro que pesava 30 libras, isto é, o equivalente a cerca de 13,5 quilos! O ouro
em pó e em pepita, juntamente com o marfim e os escravos, eram negociados com os
nômades das rotas transaarianas em troca de ferro, cobre, tecidos, cavalos, sal e
artigos de luxo. Entre os séculos VII e XI, Gana foi a maior potência econômica e
militar da África ocidental. Uma de suas cidades, Audagoste, já foi a maior cidade
ao sul de Saara, com cerca de 20.000 habitantes. *O atual país Gana não tem
nenhuma relação geográfica nem étnica com o antigo reino de Gana. O antigo reino
ficava a mais de 600 km a noroeste da atual Ganam na área que hoje compreende o
Mali e a Mauritânia. 8. Império Mali (séc. XIII-XVI) O Império Mali foi fundado por
Sundiata Keita, “o príncipe leão”, herói do povo mandinga. Liderando numerosos
guerreiros, ele submeteu diversos povos além dos mandingas, como os soniquês,
fulas, dogons, sossos e bozos. A Batalha de Quirina (1235) marcou a fundação do
Estado unificado de Mali formado por diversos povos aparentados que viviam na
região entre o rio Senegal e o rio Níger e sob a predominância dos mandingas (ou
malinquês ou mandes). Sundiata Keita foi o primeiro mansa (soberano) do Império
Mali. O mansa era o líder supremo, o executor das decisões coletivas, o aplicador
da justiça e o representante máximo dos costumes ancestrais. Apesar da conversão ao
Islã, os ritos e cultos tradicionais politeístas foram mantidos no Mali. Na corte
malinense havia espaço para os eruditos muçulmanos e os estudos do Alcorão, e
espaço para os griôs, os conhecedores e transmissores dos costumes seculares. Isso
pode ter contribuído para a consolidação do império. Segundo Macedo, outros fatores
da hegemonia do Mali foram: Militar: controle de um poderoso exército composto por
arqueiros, lanceiros e cavaleiros. Econômico: controle das áreas de extração do
ouro o que garantiu ao Mali a posição de destaque na circulação das caravanas
transaarianas. Político: criação e manutenção de uma estrutura administrativa
eficiente, com funcionários e homens da lei nas áreas de domínio mandinga. O
império abrangia os antigos domínios de Gana, estendendo-se até o litoral africano.
Tinha poderosas cidades como Tombuctu, Djené e Gao. O império abrangia os antigos
domínios de Gana, estendendo-se até o litoral africano. Tinha poderosas cidades
como Tombuctu, Djené e Gao. A universidade Sankoré de Tombuctu tinha uma
biblioteca com mais de 700.000 manuscritos. A riqueza de Mali vinha do controle do
comércio de sal, cobre e noz-de-cola, e principalmetne das fabulosas minas de ouro.
Mantinha laços econômicos com a Tripolitânia (região da Líbia) e com o Egito).
Exemplo da riqueza do império ficou registrada quando da viagem do mansa Kanku
Mussa (1307-1332) a Meca, cidade sagrada do Islã e obrigação de todo muçulmano
visitar. Conta-se que Kanku Mussa (ou Mansa Musa, Kankou Musa, Kankan Musa) viajou
com mais
de 60 mil homens entre civis, soldados e escravos, levando 10 a 12 toneladas de
ouro. Ao parar no Cairo, ele decidiu fazer uma doação em ouro à cidade. A
quantidade foi tamanha que provocou uma crise inflacionária no Egito que levou 12
anos para ser contida. Kanku Musa, imperador do Mali segurando uma bola de ouro.
Sua viagem a Meca marcou, por anos, a imaginação dos povos muçulmanos e também dos
europeus como mostra esse detalhe do Atlas Catalão, de Abraão Cresques, 1375. 9.
Império Songhai (séc. XV-XVI) Segundo narram os griôs, os songhais estavam sob o
domínio de Mali quando o chefe songhai Ali Ber (1464-1493) rebelou-se, libertou seu
povo e liderou-o para tomar Tombuctu e Djené – importantes cidades muçulmanas e
portas de entrada do comércio transaariano. Ali tomou para si o título de soni ,
fundou uma nova dinastia e o Império Songhai. Soni Ali conquistou parte do antigo
Império do Mali e outros povos estendendo os domínios songhai a um vasto território
que correspondia aos atuais Mali, Níger, Senegal, Guiné, Gâmbia e Burkina Faso.
Soni Ali, o chefe songhai, destacou-se como um dos grandes reis guerreiros da
História. Desenho de Leo Dillon. O Império Songhai ocupava um vasto território de
1,4 milhão de km² que correspondia aos atuais Mali, Níger, Senegal, Guiné, Gâmbia e
Burkina Faso. O Império Songhai ganhou sua riqueza através do comércio de ouro,
noz-de-cola, sal e escravos. O mercado de Gao era famoso e ali se vendiam escravos
para os canaviais do Marrocos, para as lavouras da Sicília e para o serviço
doméstico no Egito, Turquia e nas cidades italianas de Gênova, Veneza e Nápoles. Em
1493, Askia Mohammed, o Grande, fundou a dinastia Askia (1493-1591) e expandiu
ainda mais o império Songhai. Ocorreu uma grande prosperidade cultural e o império
se tornou um centro de pesquisa e comércio especialmente em Tombuctu, a mais
brilhante cidade do Império Songhai. 10. Benim (séc. XII-XIX) Benin foi um cidade-
estado de população edo, povo aparentado dos iorubás, estabelecida em uma área que
hoje faz parte da Nigéria. É chamada, também, de Reino Edo. A cidade foi fundada no
século XII por um príncipe iorubá vindo de Ifé, a cidade sagrada, que pôs fim ao
estado de anarquia em que os edos se encontravam. Nos séculos seguintes, Benim
destacou-se como um dos maiores centros mercantis da região do Golfo da Guiné e
importante centro fornecedor de escravos para a América. O Estado monárquico de
Benim era governado pelo oba, chefe militar e religioso considerado com poderes
divinos. Vivia em um enorme palácio decorado com imponentes esculturas de bronze.
Os chamados “bronzes de Benim” – cabeças de reis e rainhas, relevos de guerreiros
etc. – são, hoje, as peças mais conhecidas e admiradas dessa sociedade. Benim
possuía ruas espaçosas, com cerca de 37 metros de largura, que irradiavam a partir
do centro onde ficava o palácio do oba. Um sistema de drenagem subterrânea
canalizava as águas pluviais para longe da cidade. A cidade formava um mosaico
geométrico com áreas contendo, cada uma , casas, oficinas, pátios e edifícios
públicos. Os europeus que chegaram a Benim deixaram relatos sobre a cidade, sempre
com expressões de surpresa e admiração. “O grande Benin, onde reside o rei, é maior
que Lisboa; todas as ruas correm retas e a perder de vista”, escreveu o capitão de
navio português Lourenço Pinto em 1691. Ele acrescentou: “As casas são grandes,
especialmente a do rei, ricamente decorada e com belas colunas. A cidade é rica e
trabalhadora. É tão bem governado que o roubo é desconhecido e as pessoas vivem com
tanta segurança que não têm portas em suas casas”. Situada em um planície, Benim
era protegida por valas profundas e possantes muralhas. A terra retirada na
escavação do fosso foi usada para formar a muralha externa. De acordo com o
Guinness Book of Records (edição de 1974) as muralhas de Benin foram as “maiores
obras de terraplanagem do mundo realizadas antes da era industrial”. Estendiam-se
por cerca de 16.000 km ao todo, em um mosaico de mais de 500 assentamentos
interconectados. Reconstituição artística do fosso e muralha que protegia a cidade
de Benim. Reconstituição artística mostrando o oba de Benim e, ao fundo, a cidade
de Benim. Os primeiros portugueses chegaram a Benim entre 1471 e 1475 quando Benim
estava no auge de seu poder. A relação entre Portugal e Benin era tão cordial que
oba Esigie teria enviado embaixadores a Portugal, um intercâmbio que resultou em
influências europeias na arte e cultura do Benim. Vieram depois, mercadores
holandeses e no século XVII, comerciantes da Inglaterra, França, Alemanha e
Espanha. Em 1897, os ingleses invadiram Benim, prenderam o oba, saquearam seus
bronzes e incendiaram a cidade. *Não confundir o reino do Benim com a atual
República do Benin. O antigo Benim era Estado pré-colonial da moderna Nigéria. A
nome do país atual foi uma homenagem ao Reino do Benim. 11. Confederação Axante /
Ashanti (séc. XVII-XIX) Por volta de 1690, os axantes fundaram a cidade de Kumasi,
ainda hoje existente, na região da atual Gana. A região era ponto de encontro das
rotas de comércio de ouro e noz-de-cola. O chefe de Kumasi foi reconhecido como
chefe dos axantes e assumiu o título de asanteene. Ele deu início a uma política de
aliança com os povos vizinhos, unindo estados autônomos que continuaram mantendo um
amplo grau de independência. Formou-se, então, a Confederação Axante. Por volta de
1820, a confederação dominava 40 povos entre o interior (floresta) e a costa. Os
povos confederados pagavam tributos ao rei e forneciam homens para o exército
axante que chegou a ter 80 mil soldados. Sociedades da África ocidental, porém de
tempos históricos diferentes. No século XVIII, a Confederação Axante era a maior
potência militar e comercial da costa ocidental africana. Controlava as rotas
comerciais que ligavam a costa atlântica e as regiões setentrionais. Exerceu um
forte domínio sobre o lucrativo comércio de escravos afetando os interesses
econômicos dos traficantes holandeses e ingleses que atuavam na região interferindo
nos preços das mercadorias e cativos. Em meados do século XIX, Kumasi, a capital
axante, era uma metrópole cosmopolita, por onde circulavam altos dignatários,
mercadores muçulmanos e negociantes cristãos de várias partes da Europa, além de
autoridades e chefes de diversos reinos circunvizinhos aliados ou dependentes. (…)
Uma rede de estradas partindo de Kumasi articulava as diversas áreas do reino e
servia de acesso à principais rotas de comércio entre o litoral e as comunidades o
interior (MACEDO, 2015). 12. Reino de Daomé / Abomé (séc. XVII – XIX) O Reino do
Daomé, berço da atual República do Benim, foi estabelecido no território da atual
República do Benim, por volta de 1600, por povos fons e ajás (conhecidos no Brasil
como jejes ou mina-jeje) vindos de um dos reinos iorubás vizinhos. Agadja (1708-
1740), o quinto rei do Daomé, iniciou uma significativa expansão territorial do
reino conquistando os reinos vizinhos de Aladá, Ajudá (ou Ouidah) e Popó.
Explorando o tráfico de escravizados, o Daomé tornou-se uma potência regional
tornando-se, no século XVIII, o grande fornecedor de africanos cativos para os
holandeses, franceses e ingleses na costa ocidental da África que ficou conhecida
como “Costa dos Escravos”. O Reino de Daomé (no Benim atual) foi fundado por volta
de 1600 e durou a´te 1904 quando foi conquistado pelos franceses. Trocava
prisioneiros capturados em guerras ou ataques por mercadorias como facas, rifles,
tecidos e bebidas alcoólicas. Os cativos aguardavam o embarque para a América na
fortaleza de São João Batista de Ajudá, erguida pelos portugueses. O Daomé manteve
relações diplomáticas com o Brasil desde meados do século XVIII. Foi o primeiro
Estado a reconhecer a independência do Brasil em 1822, enviando representantes
diplomáticos ao país. Era forte a presença brasileira na vida política, econômica e
cultural do reino. O brasileiro Francisco Félix de Souza, poderoso traficante de
escravizados, tornou-se vice-rei do Daomé, com o título de Chachá. Ele recebeu os
escravizados participantes da Revolta dos Malês (Bahia, 1835) que foram enviados de
volta para a África. Uma peculariedade do Daomé era sua guarda feminina, mulheres
guerreiras chamadas Ahosi ou Mino. Muito bem treinadas, as ahosi eram equipadas com
rifles e facões. Cabia-lhes o policiamento do palácio real e da guarda pessoal do
soberano, além de participarem das guerras em que o reino se envolvia. A guarda
pessoal do rei daomeano era composta por mulheres guerreiras – as “ahosi” ou
“mino” – que os europeus chamavam de “amazonas negras”. Ilustração do Le Petit
Journal, 29 de abril de 1892. 13. Reino do Congo (séc. XV – XVII) O reino do Congo
foi fundado pelos bantos onde hoje é Angola, parte da República do Congo, da
Repúblia Democrática do Congo e do Gabão. Na segunda metade do século XV, o Congo
era o maior Estado do oeste da África central com um exército numeroso e uma rede
de estados menores tributários. Era governado pelo manicongo, o Senhor do Congo.
Era uma monarquia que ao longo de sua história alternou entre hereditária e
eletiva. O reino consistia em nove províncias e três reinos (Ngoy, Kakongo e
Loango), mas a sua área de influência estendia-se também aos estados limítrofes,
tais como Ndongo, Matamba, Kassanje e Kissama – onde predominava povos bantos.
Apesar do manicongo exercer certa preponderância sobre os demais chefes locais, seu
poder efetivo era bastante limitado restringindo-se basicamente à área de M’Banza
Congo (cidade do Congo), a capital do reino. Os chefes de linhagens e clãs exerciam
forte influência nas decisões políticas e na sucessão do poder do manicongo. A
linhagem era o principal pilar de sustentação da sociedade congolesa pois
representava a perpetuação dos ancestrais. A chegada dos portugueses no final do
século XV marcou uma profunda mudança na história do reino.
O manicongo Nzinga Nkuwu converteu-se ao catolicismo e foi batizado com o nome de
D. João I (1470-1509. A capital M’Banza Congo foi rebatizada de São Salvador do
Congo. Para o manicongo, a conversão tinha um caráter mais político-diplomático do
que de fé, com o objetivo de facilitar a aliança com os portugueses. Interessava ao
manicongo contar com a ajuda portuguesa para modernizar o país importando novas
técnicas, alterando os processos produtivos e inserindo o Congo na economia do
Atlântico (COSTA E SILVA, 2002). Jovens de famílias congolesas importantes foram
enviados a Portugal para estudar ciências médicas e farmacêuticas, religião, arte
náutica e botânica. Na troca de cativos, os congoleses obtinham armas de fogo,
pólvora, ferramentas, cavalos e artigos de luxo (tecidos de lã, algodão e seda,
bordados e rendas, contas de vidro, porcelanas etc.). 14. Grande Zimbábue (séc. IX
– XV) Grande Zimbábue é o nome de uma enorme cidade de pedra construída nas colinas
do sudeste do atual Zimbábue, possivelmente pelos shonas (ou xonas). Acredita-se
que tenha sido capital de um grande reino durante o final da Idade do Ferro, sobre
o qual pouco se sabe. A construção da cidade começou no século IX e continuou até
ser abandonada no século XV. A cidade de pedra abrange uma área de 7,22 km
quadrados e poderia ter abrigado até 18 mil pessoas. Sua muralha foi erguida com
blocos de pedra sem argamassa e chega a 11 metros de altura. No interior da
muralha, tem um torre cônica, construída de pedra, com 5,5 metros de diâmetro e 9
metros de altura. A palavra “grande” distingue o local das muitas ruínas menores,
também chamadas “zimbabues”. O Grande Zimbábue era um centro de comércio de ouro e
marfim ligado a Quíloa, uma ilha no litoral da atual Tanzânia, e estendendo-se até
a China. A descoberta de peças de cerâmica chinesa, vidro árabe e tecidos europeus
são evidências desse rede comercial. A influência do Grande Zimbábue foi
transferida para o reino de Monomopata. Ruínas do Grande Zimbábue. Reconstituição
artística do Grande Zimbábue. 15. Reino de Monomopata (séc. XV – XVIII) O Império
Monomopata ou Mutapa estendia-se desde os rios Limpopo e Zambeze, até à costa do
Oceano Índico ocupando parte dos atuais Zimbábue e Moçambique. Este Estado africano
possuía ricas minas de ouro e controlava a metalurgia do ferro e ouro. Seu rei era
chamado muene, que significa príncipe ou senhor. A aglutinação do título muene
mutapa, “senhor das minas”, deu nome ao reino de Monomopata. O império conseguiu
unir povos diferentes do sul da África e atingiu sua maior extensão em 1480. Quando
os portugueses chegaram à costa do Moçambique, por volta de 1504, o reino de
Monomopata era o principal Estado da região. Era tamanha a sua riqueza que os
portugueses acreditavam que as lendárias minas do rei Salomão estavam escondidas em
Monomopata. O muene usou os marinheiros portugueses para transportar bens de luxo
entre Monomopata e a Índia, conseguindo também impor uma taxa de 50% sobre todos os
bens comerciais importados. 16. Linha do tempo Baixe esse material na loja do Stud
História.CLIQUE AQUI. Fonte COSTA E SILVA, Alberto da. A enxada e a lança. A
África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. __________. A
manilha e o libambo. A África e a escravidão, de 1500 a 1700. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2002. GIORDANI, Mário Curtis. História da África anterior aos
descobrimentos. Petrópolis: Vozes, 1985. MACEDO, José Rivair. História da África.
São Paulo: Contexto, 2015. MAESTRI, Mário. História da África Negra pré-colonial.
Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. História Geral da África. Brasília: MEC-Unesco,
UFSC, 2010. MBOKOLO, Elikia. África negra: história e civilizações. Salvador; São
Pulo: UFBA, Casa das Áfricas, 2009-2011, 2 t. Story of cities: Benin city, the
mighty medieval capital now lost without trace. The Guardian, 18 mar 2016. Saiba
mais Bronzes de Benin: arte africana com domínio da tecnologia África: uma babel
que desafia os especialistas Francisco Félix de Souza: brasileiro, mestiço e
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