Eletroquimica

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

DEPARTAMENTO DAS ENGENHARIAS E COMPUTAÇÃO - DEC

ELETROQUÍMICA - ENGENHARIA QUÍMICA

PERDA DE MASSA E DUPLA CAMADA ELÉTRICA

VINYCIUS REIS COSTA

JOÃO FAUSTO

ILHÉUS – BAHIA
2023
PERDA DE MASSA E DUPLA CAMADA ELÉTRICA

Relatório apresentado à Universidade Estadual


de Santa Cruz como parte dos critérios de
avaliação da disciplina CET992 –
ELETROQUÍMICA.

Dia de execução do experimento: 08/05/2023.

Professora: Dra. Vera Rosa Capelossi

ILHÉUS – BAHIA
2023
1 INTRODUÇÃO

A corrosão pode ser definida como o desgaste de um material em razão


do meio ao qual ele está exposto propiciar ações químicas ou eletroquímicas,
bem como esforços mecânicos, que podem proporcionar este desgaste. De
certa forma, ela é vista como um aspecto negativo, afinal a deterioração do
material ocasiona perdas que podem impactar na eficiência dos processos aos
quais este material está relacionado. Assim, é necessário ter um controle do
processo de corrosão com o objetivo de prever a deterioração de determinado
material. Deste modo, utiliza-se os cálculos da velocidade de corrosão, da
perda de espessura e da densidade de corrente de corrosão como controle
desse processo corrosivo. À vista disso, tem-se que a velocidade de corrosão é
dada por a equação:

𝑣𝑐𝑜𝑟𝑟𝑜𝑠ã𝑜 = ∆𝑚/ 𝐴𝑡 (1)

Sendo Δm sendo a perda de massa, A a área exposta ao meio corrosivo


e t o tempo de imersão. Além disso, a perda de massa é a diferença entre a
massa inicial e a massa final do material. Tal qual, a perda de espessura (PE)
pode ser obtida pela equação:

𝑃𝐸 = 𝑣𝑐𝑜𝑟𝑟𝑜𝑠ã𝑜/ 𝜌 (2)

Com 𝜌 sendo a densidade do material. E a densidade de corrente de


corrosão é determinada por a equação:

𝑖𝑐𝑜𝑟𝑟𝑜𝑠ã𝑜 = 𝑣𝑐𝑜𝑟𝑟𝑜𝑠ã𝑜 × 96500 (3)

Sendo 96500 sendo a constante de Faraday dada em Coulomb (1 Coulomb = 1


A.s) e 𝐸𝑞, o equivalente grama do metal dado em grama.

Outrossim, a lei de Faraday determina que quando uma corrente


elétrica passa por uma interface eletrodo/eletrólito, ela proporciona que reações
eletroquímicas, reação de oxidação e redução, aconteçam. Desta maneira, de
acordo com Gouy-Chapman, a aproximação das cargas elétricas na interface
eletrodo/eletrólito acontece por meio de um processo difusivo. Tal qual,
conforme o modelo de Stern existe o plano interno de Helmholtz, o qual estão
os íons que interagem fortemente com o eletrodo e onde ocorre a adsorção
específica, isto é, quando os íons entram em contato com o eletrodo e
acontece uma reação de transferência de carga. Mas também, há o plano
externo de Helmholtz, cujos íons interagem fracamente com o eletrodo e
acontece uma aproximação por processo difusivo.

Ademais, um sistema em equilíbrio, de acordo com as condições


termodinâmicas, no qual o eletrodo imerso em um eletrólito possui um
determinado potencial de equilíbrio, considera-se que não há passagem de
corrente elétrica neste sistema. Todavia, caso uma corrente elétrica passar por
esse sistema, o potencial vai ser mudado, de modo que o novo potencial
dependerá da corrente que está passando. Como o potencial foi alterado, o
eletrodo sofreu polarização e a diferença desses potenciais, o de equilíbrio e o
em função da corrente, é conhecida por sobretensão. Isto posto, a polarização
é subdividida em polarização por concentração, polarização por ativação e
polarização por queda ôhmica.

No caso da polarização por ativação, é necessário superar a energia de


ativação que acontece por causa da reação de transferência de carga na
interface eletrodo/eletrólito e limita a velocidade da reação. Sendo a reação de
transferência de carga, a transferência de elétrons que acontece na superfície
do eletrodo. Então, pode-se relacionar a densidade de corrente (𝑖0) com a
sobretensão aplicada (𝜂) por meio da equação de Butler-Volmer:

𝑖 = 𝑖0 [𝑒𝑥𝑝 𝛼𝑧/𝐹𝜂 𝑅𝑇 – (𝑒𝑥𝑝 −(1−𝛼)𝑧𝐹𝜂 /𝑅𝑇)) ] (4)

com α sendo o coeficiente de transferência ou de simetria.

Entretanto, quando a sobretensão tem valor maior que 0,03 V e dependendo


de ela ser positiva ou negativa, um dos termos exponencial da equação (4)
será cancelado. Por exemplo, caso ela seja positiva, o segundo termo
exponencial da equação será cancelado, pois o primeiro termo será muito
maior que ele. Portanto, ao rearranjar estas equações é encontrada a equação
de Tafel:

𝜂 = 𝑎 + 𝑏 ∙ 𝑙𝑜𝑔|𝑖| (5)
com 𝑎 = 2,303𝑅𝑇/𝛼𝑧𝐹 ∙ 𝑙𝑜𝑔(𝑖0) e 𝑏 = 2,303𝑅𝑇/𝛼𝑧𝐹 , sendo a e b os
coeficientes de Tafel.

Logo, quando a sobretensão é positiva, tem-se um processo anódico e


quando ela é negativa, um processo catódico. Além disso, o método da
extrapolação de retas de Tafel é um dos métodos que podem calcular a
densidade de corrente de corrosão.

2. RESULTADOS E ANÁLISES

2.1 PERDA DE MASSA

A Tabela 1 apresenta as medidas obtidas pelo paquímetro e pela balança


analítica para cada uma das placas de metais utilizados.

Tabela 1: Medidas da altura, largura, espessura, massa inicial e massa final para cada
uma das amostras.

Aço carbono Aço


Cobre Latão
1020 galvanizado
Altura (mm) 21,42 20,44 22,63 26,81
Largura
24,94 20,07 21,55 26,34
(mm)
Espessura
1,94 0,83 0,59 2,25
(mm)
Massa
inicial (Mi) 7,6941 2,2978 2,2571 12,0292
(g)
Massa final
7,6859 2,2150 2,2561 12,0266
(Mf) (g)
Densidade
7,5 7,86 8,85 8,5
(g/cm3)
Tempo
submerso 1 1 1 1
(h)
Na Tabela 2 é apresentado a perda de massa, a qual é a diferença das
massas inicial e final. Essa perda de massa representa o desgaste que ocorreu
na placa devido a corrosão. Tal qual há também nesta tabela a velocidade de
corrosão, a perda de espessura e a densidade de corrente de corrosão
calculadas, respectivamente.

Tabela 2 - Medidas da perda de massa, velocidade de corrosão, perda de espessura e


densidade de corrente de corrosão

Aço carbono Aço


Cobre Latão
1020 galvanizado
Perda de
0,0082 0,0828 0,001 0,0026
massa(g)
Velocidade
de corrosão 20,18
1,535 0,205 0,368
(mg.cm-2 .h-
1
)
perda de
22,49
espessura 1,793 0,2029 0,3792
(mm/ano)
Densidade
de corrente
1,48 19,4 0,197 0,355
de corrosão
(mA.cm-2 )

Conforme a equação (1), tem-se que a velocidade de corrosão é


inversamente proporcional a área exposta ao meio corrosivo, assim, quanto
maior for a área de exposição, menor será a velocidade de corrosão. Logo, é
possível observar que a maior área de exposição é no cobre,
consequentemente, ele tem a menor velocidade de corrosão, enquanto a
menor área exposta é a do aço galvanizado e ele possui a maior velocidade de
corrosão.

Aliás, pode-se verificar que a velocidade de corrosão é diretamente


proporcional a densidade de corrente de corrosão, assim como apresenta a
equação (3), pois quanto maior é a velocidade corrosão, maior é a densidade
de corrente de corrosão.

2.2 POLARIZAÇÃO DO ELETRODO

A Figura 1 apresenta este método de extrapolação de retas de Tafel, o


qual pode determinar as grandezas apresentadas pela equação (8). Deste
modo, considera-se que a reta amarela define o potencial de equilíbrio, ou seja,
o potencial de circuito aberto (OCP), o qual também é conhecido como
potencial de corrosão (Ecorr).

Sendo assim, designa-se, visualmente, o valor de E corr igual a –0,51V.


Ademais, o potencial aplicado pelo potenciostato foi de -0,34V, que é o
potencial em função da corrente aplicada. Admite-se que a curva de Tafel é
válida apenas para valores superiores de 0,03V de sobretensão. Assim, por
meio do valor da sobretensão é viável conseguir a variação da sobretensão em
relação ao potencial de equilíbrio, a qual é apresentada pelas retas vermelhas
e estabelece os sobrepotenciais anódico e catódico, respectivamente, -0,48V e
- 0,54V, que foram calculados por:

𝜂𝑎 = −0,51𝑉 + 0,03𝑉 = −0,48𝑉

𝜂𝐶 = −0,51𝑉 − 0,03𝑉 = −0,54𝑉

Consequentemente, os pontos onde as retas roxa e vermelha se


encontram, indicados pelas retas pontilhadas laranjas, podem ser considerados
as densidades de correntes anódica (ia) e catódica (i c), uma vez que a região
anódica se encontra acima da reta do potencial de equilíbrio e a região
catódica abaixo dessa reta.

Além disso, no ponto em que as retas tangentes, vermelhas, se cruzam


junto com a reta rosa, indica-se a densidade de corrente de corrosão (𝑖0),
mostrada pela reta pontilhada verde. Este gráfico da curva de Tafel apresenta
também os respectivos declives de Tafel anódico e catódico, b a e bc, os quais
podem ser obtidos pelas tangentes dos ângulos θ e ᵞ.
Figura 1: Gráfico da curva de Tafel.

Portanto, para determinar a densidade de corrente de corrosão (𝑖0 𝑜𝑢


𝑖𝑐𝑜𝑟𝑟), utiliza-se a reta pontilhada verde, considerando visualmente

𝑙𝑜𝑔𝑖0 ≅ 9 ∙ 10−4

De maneira que, a densidade de corrente de corrosão é igual a 1,0021


Acm-2. Todavia, para determinar a densidade de corrente catódica (𝑖𝑐) usa a
reta pontilhada laranja relacionada com o ângulo ᵞ, assim, estima-se que:

𝑙𝑜𝑔𝑖𝑐 ≅ 0,1∙ 10−3

Com a densidade de corrente catódica igual a 1,00023Acm-2 .

Já para a densidade de corrente anódica (𝑖𝑎) aplica a reta cinza pontilha


relacionada como ângulo θ, então, considera que:

𝑙𝑜𝑔𝑖𝑎 ≅ 1 ∙ 10−3

sendo a densidade de corrente anódica igual a 1,0023 Acm-2 .


Logo, para descobrir os valores dos ângulos θ e ᵞ foi usado um
transferidor online, assim, estabeleceu-se θ=50⁰ e ᵞ=142⁰.

Desta forma, a partir da tangente desses ângulos é possível encontrar


os valores para os declives de Tafel anódico (b a) e catódico (bc). Sendo que, o
declive de Tafel anódico é determinado por meio da tangente do ângulo θ, isto
posto:

𝑏𝑎 = tan 50° = 1,192 V

Entretanto, o declive de Tafel catódico é indicado pela tangente do ângulo ᵞ,

𝑏𝑐 = tan 142° = −0,781 V

A densidade de corrente com as sobretensões e os declives dos


processos anódicos e catódicos. Porém, neste caso, utiliza-se para a
sobretensão anódica e catódica os respectivos valores 0,03V e -0,03V, já que é
na região desses sobrepotenciais que a equação de Butler-Volmer pode ser
aplicada.

𝑖 = 𝑖0 [(𝑒𝑥𝑝 (2,303𝜂𝑎/𝑏𝑎)) – (𝑒𝑥𝑝 ( −2,303𝜂𝑐/𝑏𝑐)) ]

𝑖 = (1,0021𝐴.𝑐𝑚−2) [𝑒𝑥𝑝(2,303(0,03𝑉)/ 1,192 𝑉) – (𝑒𝑥𝑝 ( −2,303(−0,03𝑉)


−0,781 )) ]

𝑖 = 0,1446 𝐴.𝑐𝑚−2

Conforme é observado na figura 1 temos que quando o sistema está em


equilíbrio, ou seja, quando as reações de oxidação e redução possuem a
mesma velocidade e, consequentemente, as densidades de correntes dessas
reações são iguais a densidade corrente de troca, que é igual a zero. Porém,
isto não significa que não está passando corrente no sistema, afinal existe uma
corrente passando pela reação de oxidação, bem como pela reação de
redução.

Entretanto, pela a velocidade desses dois processos serem iguais e pela


densidade de corrente ser proporcional a velocidade, tem-se que no equilíbrio a
densidade de corrente de troca é igual as densidades de correntes anódica e
catódica.
Logo, esta região de equilíbrio é apresentada no gráfico pelo E corr, no
caso a reta amarela. Sendo que, no processo catódico ocorre uma reação de
redução e no processo anódico ocorre uma reação de oxidação. Além disso, a
densidade de corrente de corrosão (i0) determina se o eletrodo pode realizar a
transferência de elétrons, isto é, se aquele determinado material é capaz de
fornecer uma corrente elétrica em sobretensões baixas, observa-se que, neste
material, isto acontece.

Ademais, por causa das cargas negativas se acumularem na região


catódica, por ela sofrer a reação de redução, nota-se uma declinação na reta
do gráfico, enquanto o acúmulo de cargas positivas na região anódica
proporciona uma elevação na reta do gráfico, visto que esta região sofre a
reação de oxidação. Esta declinação é exemplificada pela declividade negativa
encontrada para a região catódica, já a declividade positiva da região anódica
exemplifica também a elevação da reta nessa região.

Outrossim, é possível calcular também o coeficiente de simetria (α)


definido como a distância entre a superfície do eletrodo e a espécie reagente,
além de ser a fração de energia necessária ao sistema para superar a energia
de ativação. Considerando z, que é a quantidade de elétrons envolvidos na
reação, igual a 2; F, sendo a constante de Faraday, igual a 96500 C.mol -1 ; a
temperatura, T, estabelece-se igual a temperatura ambiente, 298,15K; a
constante, R, igual a 8,314 J.mol-1.K-1 ; e a declive da região anódica, b a, igual a
1,192V.

1,192 𝑉 = 2,303(8,314 𝐽.𝑚𝑜𝑙−1.𝐾 −1 )(298,15𝐾) / 𝛼(2)(96500 𝐶.𝑚𝑜𝑙−1)

𝛼 = 0,0248
3. CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a prática foi bem sucedida, pois cumpriu o objetivo
de estudar os efeitos da corrosão em diferentes metais e ao mesmo as suas
curvas de tafel.

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