livro Musculatura Lisa e Estriada
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FISIOLOGIA
Camilla Lazzaretti
Musculatura lisa e estriada
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os músculos são considerados “motores” que transformam a energia da
molécula de adenosina trifosfato (ATP) em atividade mecânica. Temos
três tipos básicos de tecido muscular: cardíaco, esquelético e liso. A mus-
culatura lisa está contida nos órgãos viscerais como estômago, intestino
e vasos sanguíneos — o que quer dizer que as contrações musculares
dos movimentos digestórios do seu café da manhã são realizados por
ele. Já o músculo esquelético, como o próprio nome diz, está aderido
aos ossos e executa os movimentos voluntários do corpo. Se você estiver
fazendo anotações em seu caderno neste momento, está, essencialmente,
produzindo contrações esqueléticas.
Neste capítulo, você vai conhecer as peculiaridades dos tecidos
musculares liso e esquelético. Vamos estudar juntos os aspectos
funcionais, anatômicos e sinápticos envolvidos na contração e na
geração de movimento por esses dois componentes importantes
do nosso corpo.
2 Musculatura lisa e estriada
Figura 3. (a) Sarcômero. (b) Filamentos de actina. Note, nos filamentos de actina, a troponina
e a tropomiosina. (c) Filamentos de miosina.
Fonte: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 271).
Músculo liso
O músculo liso é denominado assim pela ausência de estriações em sua es-
trutura, diferentemente dos músculos esquelético e cardíaco. Ele se encontra
disposto em uma ampla extensão do corpo, em estruturas das paredes de
órgãos ocos como útero, intestinos, estômago e bexiga. É considerado invo-
luntário, ou seja, não há necessidade de um pensamento consciente para a
sua contração. Sua funcionalidade se reflete no transporte de substâncias e
líquidos no organismo, como o transporte de sangue pelos vasos sanguíneos e
de alimentos pelo trato digestivo e a liberação de urina pela bexiga, de maneira
lenta e sustentada (VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016; MARIEB; HOEHN,
2008; TORTORA; DERRICKSON, 2017).
Figura 7. (a) Fibra muscular relaxada. Note sua estrutura alongada. (b) Fibra muscular
lisa contraída. Observe seu encurtamento e o aspecto “inflado”, principalmente
pelos filamentos intermediários unidos aos corpos densos.
Fonte: Marieb e Hoehn (2008, p. 277).
Lembre-se que, apesar de o coração ser um órgão oco, nele possuímos músculo
estriado cardíaco.
O músculo liso está presente nas paredes de vasos sanguíneos, com isso, a inervação
do SNA pode provocar sua constrição ou relaxamento, modificando a pressão arterial.
Acompanhe o caso clínico a seguir.
Uma menina deu entrada em um serviço médico com infecção bacteriana do trato
respiratório superior. O médico prescreveu o antibiótico penicilina. Entretanto, um
processo alérgico grave, denominado choque anafilático, iniciou-se, e, entre os sintomas
ocorridos, houve queda da pressão arterial e broncoconstrição. Com isso, a conduta
médica foi a administração de adrenalina endovenosa — mas você sabe por que esse
fármaco pode melhorar esse quadro? A adrenalina atua nos receptores adrenérgicos
α1 no músculo liso dos vasos, β1 no coração e β2 nos brônquios, promovendo aumento
da pressão arterial, força de contração cardíaca e broncodilatação.
Fonte: Toy et al. (2015, p. 11).
Figura 8. Liberação de ACh pelo terminal do neurônio motor e entrada de Na+ na fibra.
Fonte: Vanputte, Regan e Russo (2016, p. 280).
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As intoxicações por agrotóxicos são muito comuns no meio rural. Os inseticidas or-
ganofosforados e carbamatos são inibidores da enzima AChE e, com isso, promovem
o aumento da ACh nas fendas sinápticas, resultando em uma síndrome colinérgica
aguda, que afeta o sistema respiratório, gastrointestinal e músculos esqueléticos.
Leia o artigo disponível no link a seguir e entenda mais sobre esse assunto.
https://qrgo.page.link/SG1Gh
Musculatura lisa e estriada 23
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2017.
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Anatomia e fisiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
TOY, E. C. et al. Casos clínicos em farmacologia. 3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. (Série
Lange).
VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2016.