Curso Uniasselvi - Etapa 2
Curso Uniasselvi - Etapa 2
Curso Uniasselvi - Etapa 2
DIDÁTICO DA UNIASSELVI
ETAPA 2
REFERENCIAIS E RECURSOS PARA
ELABORAÇÃO
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
Organização
NEAD/UNIASSELVI
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Renan Willian Pacheco
Revisão
José Roberto Rodrigues
ELABORAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO DA UNIASSELVI 1
Às vezes, temos a sensação de que quem os elaborou está ao nosso lado, calcu-
lando cada ação, prevendo cada pergunta, enfim, dialogando e nos estimulando
a prosseguir. Infelizmente, em outras, parece que o material foi feito para ser
engavetado, já que nem de longe o leitor foi previsto ou pelo menos essa abor-
dagem não foi evidenciada no texto (TAFNER, 2010, p. D9-34).
Esta reflexão procura mostrar que elaborar um livro didático para a EAD é uma
tarefa delicada, pois constantemente você precisa prever, convidar, incitar, aproximar,
cativar, provocar, dialogar com o leitor, o que é um desafio, especialmente para quem
tem o hábito de escrever textos acadêmicos, dentro do rigor científico, em linguagem
neutra. De fato, a alternância de estilo interfere muito na hora de produzir um material
autoinstrutivo. Encontramo-nos diante de um dilema: se escrevemos numa linguagem
muito informal, caímos no ridículo; se escrevemos numa linguagem muito rígida,
nosso estudante se perde. Por isso, este capítulo traz algumas orientações em termos de
características, organização e estilo da linguagem para a elaboração do livro didático, cujo
público-alvo pressupomos autônomo, disciplinado, mas que precisa de um texto que
favoreça a leitura e potencialize a aprendizagem (TAFNER, 2010).
A análise atenta do quadro anterior evidencia que a escrita na EAD deve convidar
o leitor a participar do texto, a partir dos seus conhecimentos e experiências.
Assim, para reforçar que o acadêmico deve ser foco de todo o planejamento do
material, transcrevemos as características desejáveis que os textos educativos escritos
devem contemplar, apontadas, agora, por Fiorentini (2003, p. 17):
A pergunta é, neste caso, para quem escreve o autor: para seus colegas, a fim de
aumentar seu prestígio? Para demonstrar alguma tese importante? Para apoiar
um processo de autoaprendizagem em que passe a primeiro plano o estudante
como sujeito? Poderíamos dar muitos outros exemplos de autores que partem
da obsessão pelo julgamento dos colegas e todo seu esforço orienta-se nessa
direção. Por isso não é possível avançar numa proposta de educação alternativa
sem ter presente a regra de ouro mencionada (GUTIERREZ; PRIETO, 1994, p. 65).
Quem vai ler seu texto não são outros mestres e doutores (também podem o
ser, eventualmente, mas não em sua maioria); seu texto terá estudantes como leitores,
cuja formação está em processo e, por isso, precisa ser aproveitada, resgatada ao longo
do texto, daí a constante lembrança de que precisamos escrever para um sujeito “[...]
compreendendo-o quanto [sic] ser indiviso que constrói o conhecimento usando
sensações, emoções, razão e intuição” (FIORENTINI, 2003, p. 34).
Não é possível que o leitor, nosso aprendiz, continue a ler nosso texto, quando
não consideramos suas hipóteses, suas dúvidas, suas leituras anteriores. Ora, na EAD
é essencial prepararmos o texto para um leitor que é diferente de você, professor, cuja
biblioteca não armazena os mesmos saberes, como bem nos explica Goulemot (2001).
O autor se refere ao leitor como fora-do-texto e retrata sua relação com a situação de
leitura. Vamos conhecer um pouco mais essa relação, tão importante para os objetivos
deste capítulo.
Descrevendo o leitor:
O leitor, nessa relação com o texto, define-se por uma fisiologia, uma história
e uma biblioteca.
b) Fisiologia
- posição (atitude do corpo): sentado, solitário...
- rito: bocejamos, experimentamos dores...
- atitudes de leitor: leituras profundas, sonhadoras...
A possibilidade de construir sentido se dá por meio dessas atitudes de leitor.
O livro (gênero) indica o lugar de sua leitura. Nosso corpo lê. O corpo do leitor é uma
livre escolha e uma imposição.
d) Biblioteca
- Há dialogismo e intertextualidade da prática da própria leitura.
- Ler será, portanto, fazer emergir a biblioteca vivida. É raro que leiamos o
desconhecido.
- Também é verdadeiro que a cultura institucional nos predispõe a uma recepção
particular do texto. Goulemot também sugere que não existe compreensão
autônoma, mas articulação em torno de uma biblioteca do texto lido
(intertextualidade). Assim, o sentido seria a soma do exterior cultural + próprio
texto.
Esperamos até aqui ter sensibilizado você para a delicada tarefa que o aguarda,
escrever para o aprender de outro, o que nos parece bem delineado nas palavras de
Freire (1998, p. 47): “Conhecimento não se transfere, conhecimento se discute. Implica
uma curiosidade que me abre, sempre fazendo perguntas ao mundo. Nunca
demasiado satisfeito, ou em paz com a própria certeza”. É certo que o pensamento de
Freire tinha outro contexto, contudo é nossa responsabilidade, ao aceitarmos elaborar
materiais para a educação a distância, estimular a curiosidade do estudante, sua busca
por novas perspectivas para que conquiste as habilidades e competências previstas nas
disciplinas.
Então, como fazer o recorte dos conteúdos? Uma alternativa seria pensar no
perfil de egresso esperado e como a disciplina, cujo material você está elaborando,
ATENCAO
Cada disciplina deve ser desenvolvida a partir de unidades, as quais, por sua
vez, serão organizadas em estruturas menores, os tópicos, a fim de tratar o conteúdo de
maneira objetiva e sistemática. A organização do texto em tópicos deve atender a uma
estrutura lógica bem sequenciada, que garanta uma percepção clara da continuidade e
gradualidade do conteúdo. Nesta orientação, talvez um tanto quanto óbvia para alguns
leitores, queremos evidenciar uma das características sugeridas: a divisão de conteúdos
em pequenas partes, o que facilita o estudo do conteúdo, que pode ser melhor explorado
e aproximado do estudante. Contudo, é necessária a preocupação com o diálogo entre
essas unidades, para que se perceba a ideia de complementaridade entre uma e outra,
inclusive explicitando as relações que uma unidade mantém com a outra. Desta forma,
salientamos aqui outras duas características do Quadro 1: a necessidade de apresentar
a estrutura ao acadêmico e guiá-lo ao longo do material.
2 IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE
A identificação de cada unidade (assim como os títulos de cada tópico) deve ser
coerente com o conteúdo abordado. A escolha adequada do título já se configura como
uma postura cooperativa e facilitadora em relação à autoaprendizagem do estudante,
visto que, se este for um leitor experiente, reconhecerá o valor antecipatório dos títulos
e assim elaborará as primeiras hipóteses quanto ao conteúdo. O título deve representar,
de forma clara e objetiva, o assunto a ser trabalhado na unidade.
3 I N T R O D U ÇÃO D A U N I D A D E
ATENCAO
UNI
DICAS
de
autoativida
R.: A resposta deve prever que os diferentes enfoques (autor a, b ou c) permitirão ao estudante
envolver-se no processo e ligar a informação de um tema com outros aspectos de sua vida
em particular e da sociedade em geral. Para apresentar essa diversidade no material impresso,
você pode: apresentar uma seção descrevendo cada enfoque, priorizar um e deixar os outros
contemplados no Uni (adiante você entenderá melhor como fazer isso). Pode também sugerir
(via Uni) o aprofundamento dos enfoques em outras obras, sites. O importante é que o estudante
perceba que o material de estudos não esgota o assunto em questão.
de
autoativida
Tendo em vista que você aceitou o convite para escrever um livro para a EAD,
que tal você parar por alguns momentos para pensar como poderia determinar, a partir de um
mapa conceitual, as etapas para elaborar seu material para a EAD?
• propor ao estudante que determinados conteúdos podem ser encontrados com outra
abordagem;
• esclarecer que determinado conceito pode ter outro significado, se aparecer em outro
contexto;
• recomendar a leitura de outras obras (teses, dissertações, artigos, resenhas) para
aprofundar o conhecimento acerca do conteúdo;
• sugerir filmes, programas para ilustrar algum conceito (entre outras possibilidades).
UNI
ATENCAO
Após cumprir a etapa anterior, você deve resgatar os objetivos propostos da sua
produção. Releia o texto, procure analisar se realmente o texto produzido permite aos
estudantes atingi-los. Finalizadas estas análises e seus ajustes, podemos pensar no que
escrever ao concluir a unidade.
AUTOATIVIDADE
2 O autor não acompanha o seu texto em todos os lugares por onde ele circula, da
mesma forma não está presente sempre que alguma dúvida surgir para o leitor. Na
modalidade a distância, no intuito de dirimir as dúvidas e ampliar as portas para
que os estudantes busquem ampliar seu conhecimento, quais características podem
ser contempladas na elaboração do texto? Assinale a alternativa CORRETA.
(1) Livros-texto
(2) Material desenvolvido para EAD
( ) Texto dialógico.
( ) Linguagem impessoal.
( ) Pouca aplicação de conhecimentos e competências.
( ) Prioriza a interação.
( ) Serve como um guia para o aluno.
( ) Sem atividades, somente ao final do capítulo.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Novos tempos, velhos problemas. In: SERBINO, Raquel Volpato et al.
Formação de professores. São Paulo: Ed. Unesp, 1998.
VAL, Maria da Graça Costa. Texto, textualidade e textualização. In: FERRARO, Maria
Luiza et al. Experiência e prática de redação. Florianópolis: Ed. UFSC, 2008.p. 63-86.