Boletim Da PGJ - 5ª Edição
Boletim Da PGJ - 5ª Edição
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SUBJUR INFORMA
Contato - [email protected]
1https://mpspbr.sharepoint.com/sites/g_comunicacao/Shared
Tribunais Superiores
2mailto:[email protected]
3https://mpspbr.sharepoint.com/:b:/s/g_subjur/EcpzBXx_dmRCncarcFuc67QBiLqx4xhpBjtx2eRLlqpMvg?e=N15
7Z8
O Procurador-Geral de Justiça, atuando como custos iuris, interpôs recurso extraordinário
contrariando essa conclusão, mas o relator no Supremo Tribunal Federal, Ministro André
Mendonça, negou seguimento ao recurso, o que levou o Procurador-Geral de Justiça à
interposição de agravo, acolhido por maioria de votos, pelo Plenário da Suprema Corte, em
julgamento realizado em 23 de setembro de 2009.
Súmulas do PGJ
4https://mpspbr.sharepoint.com/:b:/s/g_subjur/ES4Se2Kg9kJOuA17DL6guTsBiUNXf_G1yz5gbYOwh6254w?e=p
Sjq6z
5https://biblioteca.mpsp.mp.br/PHL_IMG/PGJ/SUMULAS/673-Aviso 2024-198.pdf
Tema 1.087 do STF - Possibilidade de Tribunal de 2º grau, diante da soberania dos
veredictos do Tribunal do Júri, determinar a realização de novo júri em julgamento de
recurso interposto contra absolvição assentada
No julgamento do leading case ARE 1.225.185, o Supremo Tribunal Federal (STF) apreciou
recurso extraordinário em que se discutia se a realização de novo júri, determinada por
Tribunal de 2º grau em julgamento de recurso interposto contra absolvição assentada no
quesito genérico (art. 483, III, c/c §2º, CPP), ante suposta contrariedade à prova dos autos
(art. 593, III, d, CPP), violaria, ou não, a soberania dos veredictos (art. 5º, XXXVIII, c, CF).
Foi dado parcial provimento ao recurso, sendo fixada a seguinte tese de repercussão geral:
“1. É cabível recurso de apelação com base no artigo 593, III, d, do Código de Processo Penal,
nas hipóteses em que a decisão do Tribunal do Júri, amparada em quesito genérico, for
considerada pela acusação como manifestamente contrária à prova dos autos.
2. O Tribunal de Apelação não determinará novo Júri quando tiver ocorrido a apresentação,
constante em Ata, de tese conducente à clemência ao acusado, e esta for acolhida pelos
jurados, desde que seja compatível com a Constituição, os precedentes vinculantes do
Supremo Tribunal Federal e com as circunstâncias fáticas apresentadas nos autos”.
SubInova informa
6https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=5745131&numero
(SEI 29.0001.0180349.2024-64)
7mailto:[email protected]
RESOLVE expedir a seguinte PORTARIA:
§1º. O Grupo de Trabalho, presidido pelo Procurador-Geral de Justiça, será integrado por:
§2º - Participarão, também, membros e servidores convidados que poderão expor suas
experiências e apresentar sugestões para implementação.
Art. 2º. Compete ao Grupo de Trabalho, dentre outras atividades compatíveis com sua
finalidade, realizar estudos e apresentar sugestões acerca da implantação de ferramentas de
Inteligência Artificial no âmbito do Ministério Público de São Paulo.
Tutela Coletiva
PGJ cria Grupo de Trabalho para estudos no âmbito do MPSP sobre destinação de bens e
recursos decorrentes de decisões judiciais e TACs
8https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/CAOTutela-
Certides/Ensor32eJa9IgAS1ThEemcsBhQYqTwHnXmbhpSZZ0gh5Ig?e=fyAvvi
Conjunta nº 10, de 29 de maio de 2024, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Habitação e Urbanismo
A medida visa reforçar a tutela do urbanismo e garantir maior clareza nas competências do
Ministério Público sobre temas de interesse coletivo e urbano.
2. Governo de São Paulo lança iniciativa para transformar cidades de forma sustentável
O Governo do Estado de São Paulo anunciou o programa "Bairro Paulista", uma nova
iniciativa que busca acelerar a transformação sustentável das cidades paulistas. O projeto
visa fomentar práticas urbanísticas inovadoras, promover soluções ecológicas e integrar a
sustentabilidade ao planejamento urbano, beneficiando comunidades e melhorando a
qualidade de vida dos cidadãos.
9https://www.mpsp.mp.br/w/do-27-11-2024
10https://biblioteca.mpsp.mp.br/PHL_IMG/AVISOS/768-Aviso
2024.pdf
11https://biblioteca.mpsp.mp.br/PHL_IMG/PGJ/SUMULAS/768-Aviso 2024-199.pdf
12https://biblioteca.mpsp.mp.br/PHL_IMG/PGJ/SUMULAS/768-Aviso 2024-199.pdf
Meio Ambiente e Mudanças Climáticas │ GAEMA
Notícias
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que estados e municípios
podem editar normas para complementar a lista de atividades que exigem licenciamento
ambiental. A decisão unânime foi tomada em 12/11/2024, no julgamento do Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE) 151466915.
O caso envolve uma denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul
(MPRS) contra os donos de uma oficina mecânica que não teria licença ambiental para
funcionar. A denúncia se baseou numa resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente
(Consema-RS) que inclui as oficinas mecânicas entre as atividades que exigem o
licenciamento. O funcionamento sem licença ambiental das autoridades competentes é
considerado crime ambiental, de acordo com o artigo 60 da Lei de Crimes Ambientais (Lei
9.605/1998).
13https://www.habitacao.sp.gov.br/habitacao/noticias/bairro-paulista-governo-de-sao-paulo-cria-iniciativa-
para-acelerar-a-transformacao-sustentavel-das-cidades-do-estado
14https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/estados-e-municipios-podem-estabelecer-atividades-que-exigem-
licenciamento-ambiental/
15https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=7033625
16https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/estados-e-municipios-podem-estabelecer-atividades-que-exigem-
licenciamento-ambiental/
17https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/tribunais-de-todo-o-pais-aderem-ao-projeto-justica-carbono-zero/
18https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/5845
e a compensação das emissões de GEE que não possam ser reduzidas. Tudo deverá constar
de um plano de descarbonização a ser elaborado por cada tribunal.
Sobre a temática vide a Proposta do CNMP de recomendação que visa instituir Programa
Ministério Público Carbono Zero20
4. STJ - É possível alterar o polo passivo após saneamento do processo, desde que mantidos
o pedido e a causa de pedir24
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que é possível modificar o
polo passivo de uma demanda judicial mesmo após o saneamento do processo e sem a
autorização do réu, desde que não haja alteração do pedido ou da causa de pedir. Com esse
entendimento, o colegiado aceitou o pedido de uma associação de moradores para incluir os
vendedores de um lote do condomínio no polo passivo de uma execução de dívida.
19https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/tribunais-de-todo-o-pais-aderem-ao-projeto-justica-carbono-zero/
20https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18122-proposta-de-recomendacao-visa-instituir-
programa-ministerio-publico-carbono-zero
21https://www.cnmp.mp.br/portal/images/noticias/2024/novembro/Novembro_2/Recomendacao_Programa_
MP_Carbono_Zero_1.pdf
22https://scon.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp?b=ACOR&O=RR&preConsultaPP=000008857%2F0&thesaurus=JUR
IDICO&p=true&tp=T
23https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2024/12112024-Responsabilidade-
administrativa-por-dano-ambiental-e-destaque-da-nova-Pesquisa-Pronta-.aspx
24https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2024/05112024-E-possivel-alterar-o-
polo-passivo-apos-saneamento-do-processo--desde-que-mantidos-o-pedido-e-a-causa-de-pedir.aspx
25https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2024/05112024-E-possivel-alterar-o-
polo-passivo-apos-saneamento-do-processo--desde-que-mantidos-o-pedido-e-a-causa-de-pedir.aspx
5. TSJP – Mantida proibição de queima de fogos de artifício ruidosos em Leme - ACP
proposta pelo MPSP 26
A 13ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve decisão da 2ª
Vara Cível de Leme, proferida pela juíza Melissa Bethel Molina, que proibiu que o Município
queime fogos de artifício de estampido e/ou qualquer artefato pirotécnico de efeito sonoro
ruidoso. A ação foi ajuizada após as festividades de final de ano, quando a Prefeitura
promoveu queima de fogos com elevada emissão de ruídos.
Segundo os autos, os danos foram causados por proprietário de imóvel durante construção
de lava-rápido sem autorização dos órgãos competentes. Para o relator do recurso,
desembargador Paulo Ayrosa, não há como afastar a responsabilidade do Município no caso,
como pleiteou a defesa.
7. CNMP, MPs e outras instituições assinam o Pacto Nacional para Cidades Sustentáveis e
Resilientes a Desastres30
26https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=105205&pagina=6
27https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=105205&pagina=6
28https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=105207&pagina=8
29https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=105207&pagina=8
30https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18106-cnmp-mps-e-outras-instituicoes-assinam-o-pacto-
nacional-para-cidades-sustentaveis-e-resilientes-a-desastres
Leia a notícia na íntegra.31
Em 26/11/2024, a Comissão do Meio Ambiente (CMA), presidida pela conselheira Ivana Cei,
lançou o “Manual de combate ao tráfico de animais da fauna silvestre brasileira”33. O
anúncio ocorreu durante a 18ª Sessão Ordinária do Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP).
31https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18106-cnmp-mps-e-outras-instituicoes-assinam-o-pacto-
nacional-para-cidades-sustentaveis-e-resilientes-a-desastres
32https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18114-comissao-do-meio-ambiente-lanca-manual-de-
combate-ao-trafico-de-animais-da-fauna-silvestre-brasileira
33https://www.cnmp.mp.br/portal/publicacoes/18000-combate-trafico-animais
34https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18114-comissao-do-meio-ambiente-lanca-manual-de-
combate-ao-trafico-de-animais-da-fauna-silvestre-brasileira
35https://semil.sp.gov.br/mudancas-climaticas-e-sustentabilidade/plano-estadual-de-adaptacao-e-resiliencia-
climatica-pearc/
36https://semil.sp.gov.br/mudancas-climaticas-e-sustentabilidade/
37https://semil.sp.gov.br/mudancas-climaticas-e-sustentabilidade/plano-estadual-de-adaptacao-e-resiliencia-
climatica-pearc/
38https://semil.sp.gov.br/2024/11/governo-de-sp-lanca-na-cop29-plataforma-avancada-de-estimulo-a-
restauracao-de-areas-protegidas/
39https://www.saopaulo.sp.gov.br/
40https://fflorestal.sp.gov.br/
Clima da Organização das Nações Unidas41 (ONU), a Plataforma de Restauração das Áreas
Protegidas do Estado de São Paulo (https://plataforma.fflorestal.sp.gov.br/). A ferramenta
oferece informações detalhadas sobre áreas potencialmente restauráveis dentro das
unidades de conservação paulistas, oferecendo os subsídios necessários para impulsionar
programas de restauração florestal no estado.
O Governo de São Paulo, por meio do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA)44, vinculado
à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado (Semil)45, inaugurou em
31/10/2024 a Plataforma de Gestão de Riscos de Desastres Naturais, um espaço dedicado à
análise e monitoramento para prevenção, gerenciamento e mitigação de riscos e desastres
que dependem de informações geológicas. O ambiente conta com múltiplos telões que
exibem dados detalhados, apoiando os órgãos do governo na tomada de decisões
estratégicas nas áreas de proteção e defesa civil, planejamento ambiental e territorial,
habitação e transportes, entre outros. A iniciativa faz parte do programa São Paulo Sempre
Alerta46, que foca na prevenção de desastres e na resposta a eventos climáticos extremos.
12. CETESB lança Procedimentos Técnicos para padronizar a produção de energia limpa em
Aterros Sanitários no Estado de São Paulo48
No estado de São Paulo, há um total de 645 municípios, dos quais a maioria faz uso de
aterros sanitários adequados para a destinação de resíduos sólidos urbanos. De acordo com
dados recentes, cerca de 95,6% do lixo produzido no estado é destinado a aterros que
cumprem as normas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB).
41https://brasil.un.org/pt-br
42https://semil.sp.gov.br/2024/11/governo-de-sp-lanca-na-cop29-plataforma-avancada-de-estimulo-a-
restauracao-de-areas-protegidas/
43https://semil.sp.gov.br/2024/10/nova-plataforma-de-monitoramento-reforca-a-gestao-de-riscos-de-
desastres-naturais-no-governo-de-sp/
44https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/ipa/
45https://semil.sp.gov.br/
46https://www.spalerta.sp.gov.br/
47https://semil.sp.gov.br/2024/10/nova-plataforma-de-monitoramento-reforca-a-gestao-de-riscos-de-
desastres-naturais-no-governo-de-sp/
48https://cetesb.sp.gov.br/blog/2024/11/07/cetesb-lanca-procedimentos-tecnicos-para-padronizar-a-
producao-de-energia-limpa-em-aterros-sanitarios-no-estado-de-sao-paulo/
49https://cetesb.sp.gov.br/licenciamentoambiental/atividade-de-geracao-de-biogas-e-ou-biometano/
Leia a notícia na íntegra.50
13. Revista do CNMP: 12ª edição destaca artigos inéditos sobre temas relacionados à
atuação do Ministério Público51
A revista conta com 14 artigos e traz análises sobre temas jurídicos, dentre elas, artigo
intitulado “Valoração do Dano Animal: uma nova Metodologia de cálculo52”, de autoria de
Gustavo de Morais Donancio Rodrigues Xaulim e Luciana Imaculada de Paula.
...
Legislação
Altera a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 55, para conferir publicidade a documentos
referentes à regulação e à fiscalização dos serviços públicos de saneamento básico, bem
como aos direitos e deveres dos usuários e prestadores, e para instituir como direito da
população o acesso a relatórios periódicos sobre o nível dos reservatórios de água para
abastecimento público e a outros dados relativos à segurança hídrica
50https://cetesb.sp.gov.br/blog/2024/11/07/cetesb-lanca-procedimentos-tecnicos-para-padronizar-a-
producao-de-energia-limpa-em-aterros-sanitarios-no-estado-de-sao-paulo/
51https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18115-revista-do-cnmp-12-edicao-destaca-artigos-
ineditos-sobre-temas-relacionados-a-atuacao-do-ministerio-publico
52https://www.cnmp.mp.br/portal/images/Publicacoes/documentos/2024/REVISTA-CNMP-12-
EDICAO_vWEBv3.pdf
53https://www.cnmp.mp.br/portal/publicacoes/18001-revista-cnmp-2024
54http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/L15012.htm
55https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445compilado.htm
56http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/L15021.htm
57https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6446.htm
3. Lei Federal nº 15.022, de 13 de novembro de 202458
Educação
58http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/L15022.htm
59https://www.ibama.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&legislacao=139440
60https://arquivos.ana.gov.br/_viewpdf/web/?file=https://arquivos.ana.gov.br/resolucoes/2024/0221-
2024_Ato_Normativo_4112024_20241112091708.pdf?13:25:37
61https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/5845
62https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3986
63https://www.al.sp.gov.br/norma/210265
CAO Educação representa MPSP em reunião nacional de Direitos Humanos
O encontro, que ocorreu em Natal/RN, foi palco de reuniões temáticas, debates, discutiu
encaminhamentos e participou da construção de enunciados junto a outros integrantes do
MP brasileiro versando sobre o direito fundamental à educação.
Práticas Autocompositivas
Com apoio da Escola Superior do Ministério Público (ESMP), o seminário será transmitido ao
vivo pelo YouTube, oferecendo ao público a oportunidade de acompanhar debates sobre
práticas autocompositivas no contexto penal. O evento integra a programação do NUIPA e
do GECRADI, reforçando a importância de soluções consensuais em casos de alta
complexidade.
64https://mpspbr.sharepoint.com/:b:/s/caoeducacao/EbCbR0zPlJ1OsrOT50GAgkUBsiL-
5mRXqZsJrLqyFoPmoA?e=BlHHUZ
65https://esmp.mpsp.mp.br/w/anpp_intolerancia
Inscreva-se até 02/12, às 15h00.66
Além da apresentação do projeto e do Grupo Gestor, o juiz de Direito de Tatuí, Dr. Marcelo
Nalesso Salmaso, palestrou sobre a Justiça Restaurativa como estratégia para obter a
reparação do dano e a reconciliação entre as partes em conflitos, promovendo diálogo e
responsabilização.
66https://www.mpsp.mp.br/documents/37527364/0/03+e+04.12.24+-+PROGRAMAÇÃO+-
Seminário+“A+possibilidade+de+concessão+do+Acordo+de+Não+Persecução+Penal+pelo+MP+em+casos+de+c
rimes+de+intolerâ.pdf/daf7677a-b58c-1f08-16a9-df0f634a5bf1?t=1732218374613
67https://www.mpsp.mp.br/w/evento-sobre-aplicacao-da-justica-restaurativa-em-jundiai-tem-participacao-do-
nuipa
68https://www.youtube.com/watch?v=flY-lrxjDjo
palestra sobre Justiça Restaurativa, voltada aos cerca de 50 agentes públicos presentes no
evento, apresentando alguns fundamentos das práticas restaurativas e o Programa
Institucional do MPSP na área.
4. No dia 22/11 foi realizado o bate-papo sobre “A contribuição das práticas restaurativas
para a melhoria do ambiente escolar, prevenção ao bullying e fortalecimento da Cultura de
Paz”. O evento foi organizado pelo NUIPA, em parceria com o CAO Educação e o CAO
Infância e Juventude, sendo mediado pela Promotora de Justiça, e coordenadora do CAO,
Dra. Elisa De Divitiis Camuzzo e pela Dra. Bruna Varejão, coordenadora do NUIPA.
NUIPA Cível
69https://mpspbr.sharepoint.com/:v:/r/sites/nuipacoord/Documentos
CNMP lança publicação sobre práticas autocompositivas com destaque para iniciativas do
NUIPA
70https://www.cnmp.mp.br/portal/images/Publicacoes/documentos/2024/boas_praticas_autocomposicao.pdf
71https://www.cnmp.mp.br/portal/publicacoes/17946-boas-praticas-de-autocomposicao-no-ministerio-publico
Está disponível a nova edição do Informativo Criminal – Comentado, elaborado pelo Centro
de Apoio Operacional Criminal (CAOCrim).
Avisos
1. Tema: Caocrim promove debate sobre provas digitais das Big Techs
No dia 2 de, às 10h, o CAOCrim em conjunto com o CAEx realiza debate que terá como pauta
as provas digitais das Big Techs (Google, Facebook, Whatsapp e Instagram). Haverá
discussão de casos concretos aplicando os artigos de lei relevantes a diferentes crimes
cibernéticos.
72https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/g_caocrim/EqtR8OEPZAxBi5fWyRF0DNABxs-
iEWW14L52oS5f96Mz9g?e=tRqcy1
73https://nam02.safelinks.protection.outlook.com/?url=https%3A%2F%2Fbit.ly%2F4g3A3tN&data=05|02|caoc
rim%40mpsp.mp.br|b717b353cb204306e0cf08dd0e4462c7|2dbd8499508d4b76a31dca39cb3d8f1d|0|0|638
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Xtvd8No%3D&reserved=0
haviam sido comunicados de que o condutor teria ameaçado a esposa instantes antes e teria
passado a dirigir o automóvel portando consigo uma espingarda, que acabou apreendida na
diligência). A votação foi no plenário virtual e os acórdãos podem ser acessados por meio
dos links abaixo.
RE-149986274
RE-150016575
RE 150311576
Estudos CAOCrim
74https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/g_caocrim/EnbAZe5vm-dHpu13gIPOuRgBsV7rgW-
A_Ek9dvI2TbOkXg?e=6Ven0V
75https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/g_caocrim/EoBD83sTyvdHtgM4lOef7pYBNR6y2pYopjab-
1dOcmX0uA?e=9Medap
76https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/g_caocrim/Ens7WQh7MllInFAbwXtdV2YBmTR_rFzWjXD2LbKuGPc1aw?e
=D5wsV0
com argumento de que isso demandaria vedada reavaliação de conteúdo fático-probatório
(e os trazemos logo abaixo).
Para os que, convencidos da razão lógica e dogmática da tese do concurso formal impróprio
nos casos de roubos múltiplos em mesmo contexto fático, pretenderem defender tal tese,
trazemos logo adiante um levantamento dos precedentes mais recentes do STJ na matéria,
com invocação do trecho nuclear da fundamentação do acórdão, quando pertinente.
No corpo do acórdão:
O primeiro, do STF, reflete uma reiteração de posição da Min. Carmen Lúcia sobre o tema:
Do corpo do venerando acórdão extrai-se a fundamentação desenvolvida pelo TJPB, que não
foi tomada como ilegal ou teratológica e, portanto, acabou mantida no STF:
“12. Sem ingressar no mérito da causa, mas apenas para afastar eventual alegação de
possibilidade de concessão da ordem de ofício, é de se registrar que a incidência do
concurso formal impróprio de crimes foi afirmada pelo juízo sentenciante à luz das
circunstâncias específicas do caso e das provas dos autos, concluindo-se que “os réus,
naquela oportunidade, atingiram patrimônios autônomos, querendo dolosamente praticar o
roubo em face de cada vítima individualmente”. Concluiu o magistrado que “as ações foram
dolosamente direcionadas a lesar bens jurídicos de titularidade diversa (patrimônios
distintos), operando o concurso formal impróprio ou imperfeito - art. 70, parte final, do CP”
(fl. 15, e-doc. 4). 13. O Tribunal de Justiça da Paraíba manteve esse entendimento ao
examinar os apelos defensivos. Extrai-se do acórdão do Tribunal estadual: (…) “3.4 Do
concurso formal impróprio - Os recorrentes pleiteiam a reforma da pena para que seja
reconhecido o concurso formal próprio, sustentando terem sido os crimes praticados
mediante uma só ação e desígnio único, devendo, por esta razão, ser aplicada a pena mais
grave ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade (art. 70, 1ª parte, do Código Penal). Da leitura da sentença, verifica-se que o Juiz de
piso reconheceu o concurso formal impróprio entre as infrações, sob o fundamento de
terem sido cometidas com desígnios autônomos, procedendo ao somatório das penas.
Como se vê, a questão impugnada cinge-se a definir se os crimes de roubo praticados, na
espécie, devem ser considerados em concurso formal próprio ou impróprio. Por concurso
formal próprio, entende-se a situação em que, mediante uma única ação, são praticados
vários delitos, os quais devem ser penalizados de forma unitária, com aumento de pena
previsto no art. 70, caput, 1ª parte, do CP. Já o chamado concurso formal impróprio
acontece quando de uma ação decorre mais de um crime, porém praticados com desígnios
autônomos, motivo pelo qual o legislador impôs penalidade mais severa, devendo as penas
referentes a cada uma das infrações cometidas ser somadas, na forma da parte final do
caput do art. 70 do CP. Quando o agente pratica vários crimes patrimoniais contra vítimas
diversas dentro de um mesmo contexto fático, lesionando patrimônios distintos mediante
desígnios autônomos, resta configurado o concurso formal impróprio, que adota a teoria do
cúmulo material de penas. Contudo, se o agente dirige sua conduta contra todas elas,
indiscriminadamente, sem a demonstração da autonomia volitiva em relação a cada qual
das subtrações exercidas, deve então ser reconhecido o concurso formal próprio, que se
utiliza da teoria da exasperação das penas. Conforme se dessume dos autos, a intenção dos
apelantes era a subtração do dinheiro apurado na procissão de Nossa Senhora da Penha.
Ocorre que, no mesmo contexto fático, foram também subtraídos bens do padre (carteira,
vinho e dvd) e de um terceiro que estava trabalhando na paróquia (celular). Restou,
portanto, comprovada a existência de desígnios distintos, ou seja, que o agente tinha
consciência de que estava subtraindo bens de ofendidos diversos. Configurar-se-ia, no
entanto, concurso formal próprio se tivesse sido verificada a intenção única dos réus de,
mediante uma única ação delituosa, subtrair o patrimônio alheio das vítimas, as quais
estavam no local na ocasião do fato. Não é o caso dos presentes autos. Nesse sentido,
posiciona-se a jurisprudência: (…) Assim, mantenho a aplicação do concurso formal
impróprio, conforme aplicado pelo magistrado a quo na sentença objurgada.´ 14. Na decisão
questionada, o Ministro Antonio Saldanha Palheiro, do Superior Tribunal de Justiça, assentou
a inviabilidade da revisão do entendimento das instâncias ordinárias, por demandar uma
“incursão no conjunto fático-probatório dos autos, providência vedada na angusta via do
remédio heroico”. 15. Para afastar as premissas das instâncias antecedentes e reconhecer a
alegada unidade de desígnios na prática delitiva, de forma a caracterizar o concurso formal
próprio de crimes, seria imprescindível o reexame dos fatos e das provas dos autos, ao que
não se presta o habeas corpus.”
O segundo, em caso de roubo múltiplo em que aplicado o concurso formal impróprio, revela
uma passagem em que o STJ reconheceu que “desígnios autônomos”, para os fins do art. 70,
caput, in fine, do Código Penal, consistiriam em dolo direto (exatamente como sustentamos
linhas acima):
Do corpo do v. acórdão:
O terceiro é recentíssimo e traz um caso em que o STJ, pela segunda vez (a vez anterior havia
sido no HC n. 191.490/RJ, um caso de homicídio doloso de vítima grávida – reconheceu-se
dolo direto de homicídio e dolo eventual do aborto, com afirmação de que havia desígnios
autônomos quanto a ambas as infrações), admitiu que a expressão ‘desígnios autônomos’
abrangeria até mesmo o dolo eventual e em que se sustentou explicitamente que ‘nesta
Corte Superior o entendimento é de que o concurso formal próprio ou perfeito somente é
possível se os crimes forem todos culposos, ou se um for doloso e o outro culposo’:
Do acórdão:
“Não se ignora que parte da doutrina defende ser possível o concurso formal próprio
mesmo entre crimes dolosos caso pelo menos um deles tenha sido praticado com dolo
eventual, ao argumento de que somente há desígnio autônomo no dolo direto e de que
somente este é capaz de traduzir a necessidade de tratamento equivalente ao concurso
material, com o cúmulo de penas (nesse sentido: FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de
Direito Penal: parte geral. 16ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 349; e TELES, Nei Moura.
Direito Penal. Parte Geral. São Paulo: Atlas. 2004. v.1, p. 443). No entanto, em linha com o
julgado anteriormente mencionado, prevalece nesta Corte Superior o entendimento, ao
qual adiro, de que o concurso formal próprio ou perfeito somente é possível se os crimes
forem todos culposos, ou se um for doloso e o outro culposo. Assim, se o agente pretende
alcançar mais de um resultado ou anui com tal possibilidade, como no caso dos autos,
configura-se o concurso formal impróprio ou imperfeito, pois caracterizados os desígnios
autônomos. Quanto ao tema, destaco a doutrina de Paulo César Busato (Direito Penal: parte
geral. São Paulo: Atlas. 2017. v.1., p. 895-896): "(...) a vontade ou o desígnio, está associada
unicamente à ação, pois só ela pode ser movida por tais impulsos. Ao contrário, a autonomia
de tal vontade ou desígnio diz respeito à abrangência dos resultados. Vale dizer: cada
resultado precisa estar coberto por uma vontade de agir que traduza um desígnio do autor
que não dependa do outro resultado para ser reconhecido. Ou seja, há um propósito de
atuar que inclui, individualmente, cada um dos resultados afinal produzido, já seja sob a
forma de desprezo para a sua produção, anuência para com ela ou até mesmo desejo de que
ocorra. Na fórmula adotada no presente trabalho, reconhece-se o dolo como normativo,
como escala mais grave de desvaloração da conduta, cujo significado é identificado através
de indicadores objetivos externos. Não se trata, portanto, de um dolo ontológico, associado
a uma vontade real, psicológica, mas sim como uma atribuição jurídica de desvalor da
conduta associado aos dados probatórios circunstanciais denotativos da existência de um
compromisso para com a produção do resultado. O termo desígnios autônomos deve ser
entendido, nesse contexto, como planos independentes de vinculação do compromisso
para com cada resultado, de modo independente do outro. Assim, o que se pode exigir é
que cada resultado, independentemente do outro, esteja coberto pelo compromisso para
com a produção do resultado. Ora, se há uma antevisão do resultado plúrimo como
possível, ainda que também possível a ocorrência de um resultado único ou de nenhum
resultado, e o agente insiste em atuar, verifica-se claramente um desígnio de atuar, a
despeito de que o resultado - único ou múltiplo - se produza. Por exemplo, se o controlador
dos trilhos do trem não tem certeza se determinada modificação de uma conexão se
realizará a tempo de desviar com segurança o curso de uma locomotiva com vagões de
passageiros, ou se sua iniciativa poderá provocar um acidente, e age mesmo assim, assume
o risco da produção de um resultado múltiplo de lesões e mortes. Nesse caso, é induvidosa a
autonomia em face de cada resultado como coberta pelo fenômeno da eventualidade do
dolo, quer dizer, o sujeito tinha plena ciência de que, falhando na mudança de conexão de
trilhos, alcançaria não a produção de um único, mas de muitos resultados. Não é possível
que tal leviandade possa ser tratada com pena menor do que o dolo direto dirigido a dois
resultados apenas, quando perpetrado por ações independentes. Evidentemente, se na
fórmula aqui adotada, admite-se o dolo eventual como guia do concurso formal impróprio,
igualmente será admissível o dolo direto de segundo grau. Afinal, não se pode negar estar
coberta por desígnios autônomos a conduta de quem coloca uma bomba em um automóvel
de um político que é conduzido por um chofer, ainda que o propósito abrangido pelo dolo
direto de primeiro grau seja apenas o de promover a morte do político." Nessa linha de
intelecção, como bem destacou o Ministério Público Federal (eSTJ fl. 3242): "Se verificada
ação única e desígnios autônomos, estando as vítimas, inclusive, em veículos distintos, resta
configurado o concurso formal impróprio, nos termos do disposto na segunda parte do art.
70 do CP, com cumulação material das penas impostas por cada um dos crimes, tal como
aplicado no acórdão recorrido".
Este caso, da comarca de Sorocaba/SP, foi de homicídio doloso por dolo eventual por
condução extremamente anormal e perigosa de veículo, que deu causa a uma colisão –
provocou-se a morte do condutor de outro veículo (homicídio consumado) e ferimentos
severos na passageira do veículo do próprio causador do acidente (homicídio tentado).
Ou seja, havendo dois resultados causados com dolo eventual, o STJ entendeu que havia
concurso formal impróprio/imperfeito, porque o dolo eventual em relação a ambos os
resultados aperfeiçoaria o que a lei (art. 70, caput, última parte, do Código Penal) denomina
desígnios autônomos.
Então, com muito mais razão caberia reconhecer concurso formal impróprio no roubo
múltiplo, em que o agente atua com inequívoco dolo direto em relação a cada patrimônio
atingido.
Sobre este último julgado, houve comentários no recente boletim CAO-CRIM n. 289.
No julgamento pelo júri, após a formulação do primeiro quesito, sobre a materialidade (se as
vítimas foram atingidas por disparos de arma de fogo), para o qual os jurados responderam
positivamente, formulou-se quesito sobre o local do fato, uma vez que a divergência entre
as teses defensiva e acusatória envolvia a delimitação do lugar dos disparos da arma de fogo,
deixando-se de formular o quesito relativo à autoria.
No caso, segundo a denúncia teria havido a execução das vítimas sem que estas tenham
oferecido resistência no bairro Atuba. A tese da defesa, por sua vez, alegou confronto
armado entre os agentes policiais e as vítimas, após a perseguição, no bairro Alto da Glória.
Dessa forma, o segundo quesito questionado aos jurados, na hipótese em análise, refere-se
ao próprio acolhimento ou não de tese absolutória de excludente de ilicitude (art. 23, inciso
II, do Código Penal), a qual não se confunde com a materialidade do crime.
Verifica-se, assim, que os acusados foram absolvidos mesmo antes da formulação do quesito
quanto à autoria, de modo que não foi respeitada a ordem de quesitação prevista no art.
483 do CPP. Obtida a resposta positiva quando à materialidade (inciso I), o juiz presidente
deveria ter perguntado sobre a autoria (inciso II), para então questionar sobre a absolvição
dos acusados (art. 483, § 3º).
Note-se que a resposta negativa quanto ao local do crime - entendido como aspecto da
materialidade do delito pelas instâncias ordinárias - acarretou a absolvição dos
pronunciados, sem que os jurados respondessem quanto à autoria do crime nem tampouco
quanto à absolvição propriamente dita. Não se trata, assim, de mera inversão da ordem de
quesitação, mas, sim, da ausência de quesitos obrigatórios. Nessa linha, a Súmula n. 156, STF,
orienta que "é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório".
Por fim, ressalte-se que, no caso, a ausência de registro em ata da nulidade pela acusação
não convalida o vício do procedimento, porquanto este evidentemente atingiu a ordem
pública e usurpou a competência constitucional do Tribunal do Júri. Em tal circunstância, a
discussão quanto à preclusão e eventual nulidade de algibeira é superada, conforme a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
Processo: AgRg no AREsp 1.668.151-PR77, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma,
por unanimidade, julgado em 12/11/2024, DJe 19/11/2024.
Comentários do CAO-CRIM
77https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?num_processo=AREsp1668151
Feitas tais anotações, parece claro que, em um procedimento do júri, a elaboração dos
quesitos e suas respectivas respostas seja mesmo obrigatória. Lembre-se que a Súmula 156
do STF, é enfática ao afirmar que “é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de
quesito obrigatório”.
Sem embargo disso por vezes são detectados quesitos formulados de forma errônea ou
mesmo a omissão de um quesito obrigatório, a fulminar de nulidade o feito. E a nulidade é
absoluta, não sujeita a preclusão.
Direito Penal
1. Tema: Sonegação fiscal. Ato administrativo que majora o valor mínimo de cobrança do
tributo. Irretroatividade. Princípio da insignificância. Não incidência.
A retroatividade de ato administrativo que majora o valor mínimo para execução fiscal não
se aplica em benefício do réu, para fins de incidência do princípio da insignificância, pois não
se trata de norma penal mais benéfica.
Diante disso, andou em sentido contrário à jurisprudência desta corte o Tribunal de origem
ao afirmar que "Portanto, não há como manter a decisão sob o fundamento de que 'se uma
dívida tributária inferior a R$ 50.000,00 não justifica deflagrar uma cobrança judicial, é
forçoso reconhecer que também não justifica uma punição criminal ao agente devedor',
porque o Estado não abriu mão da dívida e, sim, promoveu uma alocação mais eficiente de
seus modelos de cobrança".
Contudo, alinha-se ao entendimento firmado nesta corte o que sustentado pela sentença de
origem, no sentido de que "Ao tempo dos fatos [...], a Procuradoria-Geral do Estado estava
dispensada de ajuizar execução fiscal de montante que não excedesse à quantia de
R$ 20.000,00 - redação dada pelo art. 35 da Lei n. 17.427/2017, vigente de 29/12/17 a
19/7/21".
Desse modo, a retroatividade benéfica do ato administrativo que majorou o valor mínimo
para execução fiscal não se aplica, uma vez que tal ato não se equipara a uma lei penal em
sentido estrito, conforme disposto no art. 2º, parágrafo único, do Código Penal.
Processo: AgRg no HC 920.735-SC78, Rel. Ministra Daniela Teixeira, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 24/9/2024, DJe 27/9/2024.
Comentários do CAO-CRIM
A questão trazida parte da adoção do parâmetro estabelecido (por lei ou ato normativo do
Executivo) para dispensa de execuções fiscais pela Procuradoria da Fazenda Pública credora
como critério de balizamento da significância penal da redução ou supressão tributária
78https://processo.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=((AGRHC.clas.+ou+"AgRg+no+HC".clap.)+e+%4
0num%3D"920735")+ou+((AGRHC+ou+"AgRg+no+HC")+adj+"920735").suce.
(posição consolidada no STJ sob o Tema 157 – "Incide o princípio da insignificância aos
crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não
ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n.
10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério
da Fazenda." (REsp 1709029 / MG, RELATOR Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA
SEÇÃO, DATA DO JULGAMENTO 28/02/2018 DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE DJe 04/04/2018.).
Esse entendimento foi estendido aos crimes tributários contra os estados (Terceira Seção, HC
n. 535.063/SP), condicionado, porém, à existência de norma do ente competente no sentido
da dispensa da execução fiscal até certo montante de valor da dívida tributária (HC
480.916/SP).
Com isso estabelecido, a Defesa buscou sustentar que o montante a se levar em conta seria
o previsto na legislação (lei ou ato normativo do Executivo do ente tributante) do tempo da
propositura da ação penal ou do julgamento.
Mas o STJ aplicou o entendimento de que o critério quantitativo a ser tomado para balizar a
significância penal da conduta de redução ou supressão de tributo é aquele estabelecido
pelo titular do crédito tributário ao tempo do crime (no caso, o momento da ação
fraudulenta supressiva ou redutora do tributo) e não o montante (eventualmente maior)
previsto e vigente ao tempo do oferecimento da denúncia ou do julgamento do caso.
O raciocínio explicitado foi o de que essa norma do ente tributante tem natureza de política
administrativo-fiscal, movida por interesses estatais conectados à conveniência, à
economicidade e à eficiência administrativas. Logo, não sendo norma penal, não teria
capacidade retroativa em favor do réu.
Mas, mesmo partindo da compreensão de que se trataria de uma espécie de norma penal
em branco, porque, segundo a jurisprudência do STF e do STJ, cuida-se da baliza da
tipicidade material dos casos de redução e supressão tributária, ainda seria possível
desenvolver outro fundamento pela irretroatividade.
É que, nesse caso, embora se pudesse admitir sua natureza penal (como complemento da
norma penal principal), sua natureza seria evidentemente de norma excepcional ou
temporária, visto que destinada à atualização corrigida de valores ditados pela renovação
dos cálculos atuariais que levam o Fisco a concluir pelo piso que justifica (por
economicidade) movimentar a estrutura da Procuradoria e a máquina Judiciária, algo muito
semelhante ao exemplo doutrinário das tabelas de preços da época da superinflação, que se
alteravam com frequência, mas que não retroagiam para afastar a tipicidade dos crimes
contra as relações de consumo e a economia popular, precisamente pela natureza
excepcional ou temporária (art. 3º do CP).
Último ponto, e de relevo. No RHC 106210/CE, RELATOR Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, DATA DO JULGAMENTO 06/08/2019, DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE DJe 13/08/2019,
ficou estabelecido o valor a ser tomado como referencial para verificação da tipicidade
material do crime tributário: “(...)para verificar a insignificância da conduta, o valor do
crédito tributário objeto do crime tributário material é aquele apurado originalmente no
procedimento de lançamento, não sendo possível o acréscimo de juros e correção
monetária para aferição do valor.” Logo, vale o valor do tributo reduzido ou suprimido e o
valor da multa correspondente; compara-se esse total com o valor paradigma estabelecido
na norma do ente para dispensa de execução fiscal ao tempo do crime (tempo da ação).
Conforme o art. 304 do CP, apenas a ação do agente que deliberadamente utiliza de
documento falso é apta a caracterizar o tipo penal em referência.
Sobre o tema, a jurisprudência desta Corte já se manifestou no sentido de que "A simples
posse de documento falso não basta à caracterização do delito previsto no art. 304 do
Código Penal, sendo necessária sua utilização visando atingir efeitos jurídicos. O fato de ter
consigo documento falso não é o mesmo que fazer uso deste" (REsp 256.181/SP, Ministro
Felix Fischer, Quinta Turma, DJ de 1º/4/2002).
Processo: REsp 2.175.887-GO79, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 12/11/2024.
Comentários do CAO-CRIM
O tema é polêmico.
Com efeito, no caso, o parecer do Ministério Público Federal ponderava: “(...). CRIME DE
USO DE DOCUMENTO FALSO. ARTIGO 304 DO CP. FALSICAÇÃO DE DOCUMENTO DE PORTE
OBRIGATÓRIO. CONSUMAÇÃO PERFECTIBILIZADA COM O MERO ATO DE CONDUZIR CONSIGO
O DOCUMENTO FALSIFICADO. (...). 3. Hipótese em que a parte agravada foi absolvida pelo
crime de uso de documento falso, ao fundamento de que, "para a perfectibilização do delito
tipificado no artigo 304 do Código Penal, 'é indispensável a utilização efetiva do documento
falso, sendo insuficiente a simples alusão'" (fl. 677). 4. Em verdade, para a consumação do
crime descrito no artigo 304 do Código Penal - quando se tratar de documento cujo porte
seja obrigatório por força de determinação legal - é despiciendo que o agente apresente, por
vontade própria ou mediante requisição de autoridade pública, o documento falsificado,
bastando, para tal, que o indivíduo esteja conduzindo consigo o aludido documento na
ocasião da abordagem, o que se entende pela expressão "fazer uso" descrita no caput do
referido dispositivo. 5. Manifestação do Ministério Público Federal pelo conhecimento do
presente agravo e, quanto ao mérito, pelo seu provimento, para que seja conhecido e
provido o recurso especial.”
79https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre='202200918357'.REG.
No entanto, contraria jurisprudência da mesma Casa e parece criticável à luz da dogmática.
Este julgado sinaliza como pode ter ocorrido uma aparente leitura equivocada da doutrina:
O Prof. C. Masson aponta que o simples portar ou possuir não são bastantes a aperfeiçoar a
tipicidade do art. 304 do CP porque a lei não contempla os verbos ‘portar’ e ‘possuir’. Pois é.
Só que a lei também não prevê – assim escritos – os verbos “mostrar”, “ostentar”,
“apresentar”, “exibir”, “lançar mão de”... A lei usa o verbo mais genérico: usar, ou, mais
genericamente ainda, ‘fazer uso’. Quando o documento destina-se à identificação do agente,
somente ao ser usado para isso se tem o efetivo fazer uso juridicamente relevante. Aí o foco
da lição. Simples assim.
Só que, se a destinação própria do documento é outra (ser portado por quem conduz um
automóvel para pronta fiscalização pelos órgãos próprios em abordagens de rotina e em
eventuais sinistros, visto que se trata de uma atividade submetida a peculiares meios de
controle institucional – como é exatamente o caso da CNH do condutor e do CRLV do
veículo), então o verbo que revela a relevância jurídica do fazer uso tem de ser outro,
obviamente.
A questão objetiva é: o tipo penal do art. 304 do Código Penal tem como conduta nuclear o
verbo usar. Quando, por exigência administrativa ou legal (como, no caso, por imposição
expressa do CTB, que estabelece a obrigatoriedade do porte do documento a todo
condutor), o indivíduo deva portar determinado documento durante a prática de certo tipo
de atividade especialmente regulamentada (como, no caso, a condução de veículo
automotor em vias públicas), é mais do que óbvio que o simples portar já aperfeiçoa o
núcleo típico usar, porque o uso é precisamente o porte. Aliás, esse documento só existe
para ser portado com o veículo quando em trânsito; se fosse o documento de venda, então
se poderia considerar que seu uso somente se configuraria quando ostentado ou
apresentado em meio a uma negociação de alienação do automóvel.
Mas aqui, insiste-se, trata-se de documento cujo uso imposto por lei é justa e exatamente
seu porte. Logo, quem porta está a usar. E, sendo falso o documento, está a usar documento
falso.
A negativa do dolo em tal hipótese causa espécie. É que o dolo é a vontade de praticar o fato
típico. O agente está na condução do veículo e porta consigo, no interior do auto, um
documento de porte obrigatório, documento este que é falso. O dolo – a vontade de portar
(usar) – de usar o documento falso é gritante e evidente demais para ter de ser debatido.
Mas chegou a ser negado no caso, o que realmente gera perplexidade.
A questão parece ter sido apurada de forma judiciosa e dogmaticamente impecável pela
pena brilhante do então Min. Assis Toledo no início do funcionamento do STJ:
Esse raciocínio precioso foi reproduzido novamente no REsp n. 63.370/SP, relator Ministro
Assis Toledo, Quinta Turma, julgado em 14/5/1996, DJ de 17/6/1996, p. 21501.
"Habeas Corpus". Crime de uso de documento falso (carta de habilitação para dirigir veículo
motorizado) (art. 304 do Código Penal). 1. Se o motorista, abordado por agente da
autoridade, exibe carta de habilitação para dirigir veículo motorizado, que sabe falsificada,
incide na pratica de crime de uso de documento falso (art. 304 do Código Penal). 2. Não se
caracterizando constrangimento criminal, na sentença condenatória e nos acórdãos que a
mantiveram, diante dos fatos, que consideraram provados, e não se podendo, no âmbito
estreito do "habeas corpus" reinterpretar, aprofundadamente, tais provas, e de se denegar a
ordem impetrada. "Habeas Corpus" indeferido. (HC 70512, Órgão julgador: Primeira Turma,
Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Julgamento: 17/08/1993, Publicação: 24/09/1993) – na
mesma linha, HC 103313.
Esse entendimento superior foi invocado e citado no próprio STJ diversas vezes (HC n.
185.219/SC, relatora Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 21/6/2012, DJe de
28/6/2012; HC n. 240.201/SP, relatora Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em
25/3/2014, DJe de 31/3/2014).
Enfim, espera-se que o entendimento tomado no julgado objeto deste comentário não se
consolide sem um debate mais aprofundado, em contraditório com as relevantes
considerações da jurisprudência oposta acima apontada.
O Tribunal de origem não destoou do entendimento desta Corte Superior, uma vez que, na
unificação das penas, a condição de reincidente configurada na condenação posterior, deve
ser levada em conta na integralidade dos feitos em execução, aplicando-se fração única,
inclusive na primeira condenação quando o réu ainda ostentava a condição de primário.
Por fim, na linha das alterações promovidas pela Lei n. 13.964/2019, a reincidência somente
atingirá delitos da mesma natureza, diferenciando-se entre delitos comuns (cometidos com
ou sem violência) e hediondos ou equiparados (com ou sem resultado morte).
Núcleo de Gênero
§ 1º82 O sistema de consulta processual tornará de acesso público o nome completo do réu,
seu número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e a tipificação penal do fato a
partir da condenação em primeira instância pelos crimes tipificados nos arts. 213, 216-B,
217-A, 218-B, 227, 228, 229 e 230 deste Código, inclusive com os dados da pena ou da
medida de segurança imposta, ressalvada a possibilidade de o juiz fundamentadamente
determinar a manutenção do sigilo.
§ 2º Caso o réu seja absolvido em grau recursal, será restabelecido o sigilo sobre as
informações a que se refere o § 1º deste artigo.
80https://processo.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=((AGRHC.clas.+ou+"AgRg+no+HC".clap.)+e+%4
0num%3D"904095")+ou+((AGRHC+ou+"AgRg+no+HC")+adj+"904095").suce.
81https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
82https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art234b§1
Art. 2º A Lei nº 14.069, de 1º de outubro de 2020,83 passa a vigorar acrescida do seguinte art.
2º-A:
1.Tema: Divergência sobre o enquadramento típico dos fatos, com reflexo na atribuição
funcional
Assunto: divergência sobre o enquadramento típico dos fatos, com reflexo na atribuição
funcional
83https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14069.htm
84https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14069.htm#art2a
85https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/l15035.htm
Trata-se de inquérito policial instaurado por meio de auto de prisão em flagrante de A..... em
razão da prática do crime de importunação sexual (CP, art. 215-A) praticado em desfavor de
M....., supostamente ocorrido na noite do dia 11 de fevereiro de 2021, no interior da Estação
Santo Amaro da CPTM, nesta Capital (cf. boletim de ocorrência de fls. 16/19).
Consta, em suma, que A... e M..... se encontravam na plataforma da Estação Santo Amaro do
Metrô, ocasião em que o investigado posicionou seu celular a fim de gravar suas partes
íntimas por debaixo de seu vestido.
Ocorre que a ação criminosa foi notada por um vigilante que estava na plataforma. A... foi,
então, abordado e confirmou a prática do delito. Na ocasião, pediu perdão e alegou que era
“doente”.
Após, discordou da remessa dos autos e suscitou o presente conflito de atribuição (fls.
179/183).
Consignou que a vítima fotografada não se encontrava nua ou em ato de caráter libidinoso;
apenas aguardava a chegada do trem à Estação de forma cotidiana, não havendo razão para
se enquadrar a conduta no art. 216-B, do Código Penal.
Destacou, ainda, que os fatos se amoldam à prática de upskirting, que consiste na conduta
de fotografar as partes íntimas da vítima sem seu consentimento por baixo de sua saia ou
vestido, a fim de satisfazer a lascívia própria ou alheia.
Vieram, então, os autos a esta Procuradoria-Geral de Justiça para resolução do impasse (fls.
185).
É o relato do necessário.
Como destaca HUGO NIGRO MAZZILLI, tal incidente tem lugar quando o membro do
Ministério Público nega a própria atribuição funcional e a atribui a outro, que já a tenha
recusado (conflito negativo), ou quando dois ou mais deles manifestam, simultaneamente,
atos que importem a afirmação das próprias atribuições, em exclusão às de outros membros
(conflito positivo).
Pois bem.
Assim, evidente que o autor não externou o propósito de realizar atos libidinosos específicos
contra pessoa certa e determinada, como exige o delito de importunação sexual, descrito no
art. 215-A, do Código Penal, mas, sim, externou o fim de registrar ou filmar, por meio do
telefone celular, a nudez da vítima, consoante descrito no art. 216-B, caput, do Código Penal,
que assim prevê:
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena
de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos
participantes:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo,
áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
O crime em questão foi introduzido no Código Penal pela Lei n. 13.772/2018, visando
resguardar a dignidade sexual, mais especificamente a intimidade sexual do ser humano,
assegurada pelo art. 5º, X, da Constituição Federal.
Ademais, o referido tipo penal não exige que a nudez da vítima seja completa para que fique
caracterizado o crime, sendo desnecessário, portanto, que o sujeito passivo não esteja
vestido com nenhuma peça de roupa.
“O crime tipificado no art. 216-B do Código Penal destina-se a tutelar a intimidade sexual
de qualquer pessoa, independentemente do sexo e da orientação sexual. (...).
A conduta de produzir, fotografar, filmar, ou registrar, por qualquer meio, tem como alvo o
conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem
autorização dos participantes. A nudez pode ser total ou parcial (exemplo: fotografia
indevida dos seios de uma mulher).”
Cumpre, ainda, consignar que, no que tange à previsão contida no art. 241-E, do ECA, o STJ
já tem interpretado que a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” não se
restringe apenas às imagens em que a genitália de crianças e adolescentes esteja totalmente
desnuda (STJ. 6ª Turma. REsp 1.899.266/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, j. em 15/03/2022; No
mesmo sentido: 6ª Turma, REsp 1543267 / SC RECURSO ESPECIAL 2015/0169043-1, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, j. em 03/02/2015).
“(...) o artigo 241-E traz uma norma penal explicativa, que não incrimina condutas ou
determina a sua impunidade, mas, sim, procura aclarar o conteúdo dos tipos penais. No
dispositivo em questão, o legislador define o que se compreende pela expressão "cena de
sexo explícito ou pornográfica": qualquer situação que envolva criança ou adolescente em
atividades sexuais explícitas (visíveis), reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. A definição não é completa,
pois não abarca todas as situações de encenação que ensejam representação de pornografia
infanto-juvenil, necessitando de uma valoração cultural pelo intérprete, o que caracteriza
os novos tipos penais como abertos.” (CAMPANA, Eduardo Luiz Michelan. Estatuto da
Criança e do Adolescente Comentado. 11ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 1099)
A criança ou adolescente não precisa só estar nua, mas pode estar, p. ex com as vestes
íntimas. (...)” (ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: doutrina e
jurisprudência. 16ª ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 622-623).
Portanto, consoante tal entendimento, os crimes previstos nos arts. 240 e 241-B do ECA
podem restar configurados quando estiver clara a finalidade sexual e libidinosa de
fotografias produzidas e armazenadas pelo agente, com enfoque nos órgãos genitais de
criança e/ou adolescente, ainda que cobertos por peças de roupas, e de poses nitidamente
sensuais, em que explorada sua sexualidade com conotação obscena e pornográfica.
A interpretação mais adequada parece ser aquela que prestigia a maior amplitude e alcance
da proteção à intimidade sexual, para se evitar a proteção deficiente do bem jurídico
tutelado.
No mais, o delito do art. 216-B do CP tem pena máxima de 01 ano de detenção e se insere,
portanto, no conceito de infração de menor potencial ofensivo.
Ante o exposto, conhece-se do presente conflito para declarar que a atribuição para oficiar
nestes autos de inquérito policial cabe a Douta Suscitante, Promotora de Justiça oficiante
na Xª Vara Criminal do Foro Regional II/Santo Amaro (Comarca da Capital).
Para que não haja menoscabo à sua independência funcional, dada a diversa tipificação legal
efetuada, caso a subscritora da manifestação de fls. 179/183 ainda esteja em exercício no
cargo, designa-se, se necessário, outro membro ministerial para prosseguir no feito em seus
ulteriores termos, facultada a observação do disposto no art. 4-A da Resolução n.º 302
(PGJ/CSMP/CGMP), de 07 de janeiro de 2003, com redação dada pela Resolução n.º 488
(PGJ/CSMP/CGMP), de 27 de outubro de 2006.
Procurador-Geral de Justiça
Equipe
Procurador-Geral de Justiça
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Bruna Ribeiro Dourado Varejão | CAO Inclusão Social, CAO PCD e NUIPA
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