Boletim Da PGJ - 5ª Edição

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Boletim da PGJ - 5ª edição

São Paulo, 02 de dezembro de 2024 - edição 05

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SUBJUR INFORMA

A Subprocuradoria-Geral de Justiça Jurídica publica nova edição do Boletim Informativo para


noticiar sua atuação no controle de constitucionalidade, nos Tribunais Superiores (inclusive
nos litígios estratégicos), na resolução de conflitos de atribuição cíveis e recusas de
intervenção, na edição de súmulas da Procuradoria-Geral de Justiça, além de julgados de
interesse institucional.

Para acessar as demais edições Boletim SUBJUR Informa clique aqui 1

Contato - [email protected]

1https://mpspbr.sharepoint.com/sites/g_comunicacao/Shared

Documents/Forms/AllItems.aspx?id=%2Fsites%2Fg_comunicacao%2FShared Documents%2FBoletim Subjur


Informa&p=true&ga=1
Controle de Constitucionalidade

Derrubada lei que permitia poluição sonora

O PGJ ajuizou ação direta de inconstitucionalidade em face de dispositivos lei do Município


de Tatuí que autorizavam a produção de ruído ultrapassando os limites máximos
estabelecidos pelo CONAMA no controle da poluição sonora, alegando invasão da
competência normativa da União e consequente incompetência municipal.

O Órgão Especial do TJSP, em sessão realizada em 25 de setembro de 2024, julgou


procedentes os pedidos, reconhecendo a inconstitucionalidade das normas municipais
menos favoráveis à tutela ambiental, acolhendo os fundamentados apresentados pelo PGJ,
destacando o acórdão que “é vedado ao Município prever em sua legislação local níveis de
tolerância a fontes de degradação ambiental maiores do que aqueles delimitados em
eventuais normas estaduais e/ou federais”. (ADI 2136896-79.2024.8.26.0000)

(clique aqui para acessar o Acórdão3)

Tribunais Superiores

É legítima a distribuição gratuita de absorventes higiênicos

Recurso extraordinário interposto pelo Procurador-Geral de Justiça assegura a


constitucionalidade da Lei n. 9.956/23, do Município de Piracicaba, que instituiu programa
de fornecimento gratuito de absorventes higiênicos nas unidades de saúde.

O Prefeito desse Município ajuizou ação direta de inconstitucionalidade no Órgão Especial


do Tribunal de Justiça de São Paulo que foi julgada parcialmente procedente sob o
fundamento de que a indicação das unidades de saúde violava a separação de poderes.

2mailto:[email protected]
3https://mpspbr.sharepoint.com/:b:/s/g_subjur/EcpzBXx_dmRCncarcFuc67QBiLqx4xhpBjtx2eRLlqpMvg?e=N15

7Z8
O Procurador-Geral de Justiça, atuando como custos iuris, interpôs recurso extraordinário
contrariando essa conclusão, mas o relator no Supremo Tribunal Federal, Ministro André
Mendonça, negou seguimento ao recurso, o que levou o Procurador-Geral de Justiça à
interposição de agravo, acolhido por maioria de votos, pelo Plenário da Suprema Corte, em
julgamento realizado em 23 de setembro de 2009.

Segundo o acórdão, redigido pelo Ministro Alexandre de Moraes, o Procurador-Geral de


Justiça tinha razão, pois, as unidades de saúde “já são estruturadas para os cuidados com a
saúde da população” e a lei municipal “apenas direcionou o fornecimento dos absorventes
para unidades preexistentes”, sem alterar o organograma da Administração Pública,
concluindo “o aproveitamento de estruturas já criadas, nas quais se agregará a distribuição
de absorventes para pessoas pobres, atende ao postulado da eficiência na atividade
administrativa, merecendo encômios” (RE 1.497.273 AgR/SP)

(clique aqui para acessar o Acórdão) 4

Súmulas do PGJ

Súmula 198 - PGJ

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. POLUIÇÃO SONORA. NORMAS AMBIENTAIS.


COMPETÊNCIAS NORMATIVA CONCORRENTE E SUPLEMENTAR. Não é o Município
autorizado à edição de normas menos restritivas que as federais ou estaduais sobre poluição
sonora, no exercício de sua competência suplementar.

(clique aqui para acessar a Súmula5)

Repercussão geral e Repetitivos

4https://mpspbr.sharepoint.com/:b:/s/g_subjur/ES4Se2Kg9kJOuA17DL6guTsBiUNXf_G1yz5gbYOwh6254w?e=p

Sjq6z
5https://biblioteca.mpsp.mp.br/PHL_IMG/PGJ/SUMULAS/673-Aviso 2024-198.pdf
Tema 1.087 do STF - Possibilidade de Tribunal de 2º grau, diante da soberania dos
veredictos do Tribunal do Júri, determinar a realização de novo júri em julgamento de
recurso interposto contra absolvição assentada

No julgamento do leading case ARE 1.225.185, o Supremo Tribunal Federal (STF) apreciou
recurso extraordinário em que se discutia se a realização de novo júri, determinada por
Tribunal de 2º grau em julgamento de recurso interposto contra absolvição assentada no
quesito genérico (art. 483, III, c/c §2º, CPP), ante suposta contrariedade à prova dos autos
(art. 593, III, d, CPP), violaria, ou não, a soberania dos veredictos (art. 5º, XXXVIII, c, CF).

Foi dado parcial provimento ao recurso, sendo fixada a seguinte tese de repercussão geral:

“1. É cabível recurso de apelação com base no artigo 593, III, d, do Código de Processo Penal,
nas hipóteses em que a decisão do Tribunal do Júri, amparada em quesito genérico, for
considerada pela acusação como manifestamente contrária à prova dos autos.

2. O Tribunal de Apelação não determinará novo Júri quando tiver ocorrido a apresentação,
constante em Ata, de tese conducente à clemência ao acusado, e esta for acolhida pelos
jurados, desde que seja compatível com a Constituição, os precedentes vinculantes do
Supremo Tribunal Federal e com as circunstâncias fáticas apresentadas nos autos”.

(clique aqui para acessar o Tema6)

SubInova informa

A Subprocuradoria-Geral de Justiça de Estratégia e Inovação, com suporte do Centro de


Gestão Estratégica, é responsável pela elaboração, coordenação e implementação de
iniciativas voltadas ao planejamento estratégico e à inovação, como produção de
diagnósticos, estudos e avaliação de gestão para modernização, desburocratização e
aumento da eficiência. Também se encarrega da elaboração, coordenação e aplicação de
ferramentas tecnológicas e de gestão, bem como da implementação e manutenção de
banco de projetos. Adicionalmente, é responsável pela captação de recursos para financiar
as ferramentas de estratégia e inovação e pela supervisão do Núcleo de Projetos
Institucionais da PGJ.

6https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=5745131&numero

Processo=1225185&classeProcesso=ARE&numeroTema=1087#:~:text=Tema 1087 - Possibilidade de


Tribunal,contrariedade à prova dos autos.
Contato - [email protected]

Grupo de Trabalho - Inteligência Artificial no Ministério Público

A portaria a seguir, publicada no DO dia 21 de novembro de 2024, cria Grupo de Trabalho


no Gabinete do Procurador-Geral de Justiça com o objetivo de estudar e propor a
implantação e regulamentação de ferramentas de Inteligência Artificial no âmbito do
Ministério Público de São Paulo.

Portaria nº 15219/2024-PGJ, de 21 de novembro de 2024

(SEI 29.0001.0180349.2024-64)

Cria Grupo de Trabalho, no Gabinete do Procurador-Geral de Justiça, com o objetivo de


realizar estudos e elaborar propostas voltadas a implantação e a regulamentação de
ferramentas de Inteligência Artificial no âmbito do Ministério Público de São Paulo.

O PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais,

CONSIDERANDO a necessidade de acompanhamento das tecnologias emergentes, em


particular as soluções de Inteligência Artificial;

CONSIDERANDO a crescente relevância da Inteligência Artificial em diversas áreas do


conhecimento, tornando necessário entender o cenário atual, identificar necessidades,
explorar oportunidades e antecipar desafios futuros;

CONSIDERANDO a necessidade de identificar, diante das várias opções disponíveis, aquelas


que melhor se adequem à realidade institucional;

CONSIDERANDO que a colaboração entre integrantes de diferentes unidades proporciona


uma visão mais ampla das experiências, desafios e necessidades decorrentes de seu
entendimento;

7mailto:[email protected]
RESOLVE expedir a seguinte PORTARIA:

Art.1º. Fica criado, no âmbito do Gabinete do Procurador-Geral de Justiça, Grupo de


Trabalho com o objetivo de realizar estudos e elaborar propostas voltadas a implantação de
ferramentas de Inteligência Artificial no âmbito do Ministério Público de São Paulo.

§1º. O Grupo de Trabalho, presidido pelo Procurador-Geral de Justiça, será integrado por:

I – Subprocurador-Geral de Justiça de Estratégia e Inovação ou representante por ele


indicado, que coordenará os trabalhos;

II - Subprocurador-Geral de Justiça Jurídico ou representante por ele indicado;

III – Chefe de Gabinete Institucional da Procuradoria-Geral de Justiça;

IV - Corregedor-Geral ou representante por ele indicado;

V - Coordenador do Centro de Apoio à Execução ou representante por ele indicado;

VI – 01 (um) Promotor de Justiça Assessor do Centro de Apoio Operacional Cível;

VII – 01 (um) Promotor de Justiça Assessor do Centro de Apoio Operacional Criminal;

VIII - pelo Coordenador do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação;

IX – integrantes do Centro de Gestão Estratégica.

§2º - Participarão, também, membros e servidores convidados que poderão expor suas
experiências e apresentar sugestões para implementação.

Art. 2º. Compete ao Grupo de Trabalho, dentre outras atividades compatíveis com sua
finalidade, realizar estudos e apresentar sugestões acerca da implantação de ferramentas de
Inteligência Artificial no âmbito do Ministério Público de São Paulo.

Art. 3°. O Grupo de Trabalho se reunirá na forma e na frequência estabelecidas pelo


Procurador-Geral de Justiça.
Art. 4°. O prazo para conclusão será de 120 dias a partir de sua publicação, sendo possível a
prorrogação por mais 120 dias.

Art. 5º. A participação no Grupo de Trabalho não importará no recebimento de qualquer


remuneração ou gratificação.

Art. 6°. Esta portaria entrará em vigor na data da sua publicação.

CAO CÍVEL INFORMA

Está no ar o boletim informativo do Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva, dedicado a


manter os integrantes do MPSP atualizados sobre as principais novidades e debates em
nossas áreas de atuação. Com foco em alterações legislativas, temas de interesse e eventos
relevantes, o boletim é uma fonte de conhecimento e apoio direto à atividade-fim.

Confira as edições anteriores.8

Tutela Coletiva

PGJ cria Grupo de Trabalho para estudos no âmbito do MPSP sobre destinação de bens e
recursos decorrentes de decisões judiciais e TACs

No Diário Oficial do Estado de 27 de novembro, foi publicada a Portaria nº 15.290/2024-PGJ,


que institui um Grupo de Trabalho no Gabinete do Procurador-Geral de Justiça. O objetivo
do grupo é realizar estudos no âmbito do Ministério Público do Estado de São Paulo sobre a
regulamentação da destinação de bens e recursos provenientes de instrumentos negociais
de autocomposição em ações de tutela coletiva.

Além disso, o Grupo de Trabalho analisará medidas relacionadas à transparência,


impessoalidade e fiscalização na prestação de contas, em consonância com a Resolução

8https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/CAOTutela-

Certides/Ensor32eJa9IgAS1ThEemcsBhQYqTwHnXmbhpSZZ0gh5Ig?e=fyAvvi
Conjunta nº 10, de 29 de maio de 2024, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do
Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

A iniciativa visa aprimorar práticas institucionais e garantir maior eficiência e integridade na


aplicação dos recursos destinados ao interesse coletivo.

Leia a portaria na íntegra.9

Habitação e Urbanismo

1. PGJ publica nova súmula sobre conflitos de atribuições

O Procurador-Geral de Justiça publicou o Aviso nº 768/202410, em 6 de novembro de 2024,


aprovando a Súmula nº 199-PGJ11 (SIS 0722.0001670/2024), que trata de conflitos de
atribuições relacionados a danos na pavimentação asfáltica.

A súmula estabelece que compete ao Promotor de Justiça da Habitação e Urbanismo


conduzir investigações sobre esse tipo de dano, considerando que as vias públicas
constituem infraestruturas de mobilidade urbana. A interpretação baseia-se na Política
Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/2012) e no princípio da preponderância do
interesse, previsto no artigo 182 da Constituição Federal.

A medida visa reforçar a tutela do urbanismo e garantir maior clareza nas competências do
Ministério Público sobre temas de interesse coletivo e urbano.

Acesse a Súmula nº 199-PGJ na íntegra12.

2. Governo de São Paulo lança iniciativa para transformar cidades de forma sustentável

O Governo do Estado de São Paulo anunciou o programa "Bairro Paulista", uma nova
iniciativa que busca acelerar a transformação sustentável das cidades paulistas. O projeto
visa fomentar práticas urbanísticas inovadoras, promover soluções ecológicas e integrar a
sustentabilidade ao planejamento urbano, beneficiando comunidades e melhorando a
qualidade de vida dos cidadãos.

A ação reflete o compromisso estadual com a modernização urbana, alinhada a objetivos


ambientais e sociais.

Leia a notícia na íntegra.13

9https://www.mpsp.mp.br/w/do-27-11-2024
10https://biblioteca.mpsp.mp.br/PHL_IMG/AVISOS/768-Aviso
2024.pdf
11https://biblioteca.mpsp.mp.br/PHL_IMG/PGJ/SUMULAS/768-Aviso 2024-199.pdf
12https://biblioteca.mpsp.mp.br/PHL_IMG/PGJ/SUMULAS/768-Aviso 2024-199.pdf
Meio Ambiente e Mudanças Climáticas │ GAEMA

Notícias

1. STF - Estados e municípios podem estabelecer atividades que exigem licenciamento


ambiental14

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que estados e municípios
podem editar normas para complementar a lista de atividades que exigem licenciamento
ambiental. A decisão unânime foi tomada em 12/11/2024, no julgamento do Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE) 151466915.

O caso envolve uma denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul
(MPRS) contra os donos de uma oficina mecânica que não teria licença ambiental para
funcionar. A denúncia se baseou numa resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente
(Consema-RS) que inclui as oficinas mecânicas entre as atividades que exigem o
licenciamento. O funcionamento sem licença ambiental das autoridades competentes é
considerado crime ambiental, de acordo com o artigo 60 da Lei de Crimes Ambientais (Lei
9.605/1998).

Leia a notícia na íntegra.16

2. STF - Tribunais de todo o país aderem ao projeto “Justiça Carbono Zero”17

Na abertura da sessão plenária de 06/11/2024, o presidente do Supremo Tribunal Federal


(STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso apresentou
detalhes do Programa Justiça Carbono Zero, aprovado esta semana por Resolução do CNJ nº
594/2418 e dirigido aos 91 tribunais do país sob sua jurisdição.

O programa será implementado em três etapas: a elaboração de inventário de emissão de


gases de efeito estufa (GEE), a implementação de medidas de redução das emissões de GEE

13https://www.habitacao.sp.gov.br/habitacao/noticias/bairro-paulista-governo-de-sao-paulo-cria-iniciativa-

para-acelerar-a-transformacao-sustentavel-das-cidades-do-estado
14https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/estados-e-municipios-podem-estabelecer-atividades-que-exigem-

licenciamento-ambiental/
15https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=7033625
16https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/estados-e-municipios-podem-estabelecer-atividades-que-exigem-

licenciamento-ambiental/
17https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/tribunais-de-todo-o-pais-aderem-ao-projeto-justica-carbono-zero/
18https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/5845
e a compensação das emissões de GEE que não possam ser reduzidas. Tudo deverá constar
de um plano de descarbonização a ser elaborado por cada tribunal.

Leia a notícia na íntegra.19

Sobre a temática vide a Proposta do CNMP de recomendação que visa instituir Programa
Ministério Público Carbono Zero20

Veja aqui a íntegra da proposta do CNMP. 21

3. Natureza da responsabilidade administrativa por danos causados ao meio ambiente. 22

"O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do EREsp 1.318.051/51 (relator ministro


Mauro Campbell Marques, DJe de 12/6/2019) passou a entender que a aplicação de
penalidades administrativas não obedece à lógica da responsabilidade objetiva da esfera
cível (para reparação dos danos causados), devendo obedecer à sistemática da teoria da
culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida, pelo alegado transgressor, com
demonstração do elemento subjetivo, e com demonstração do nexo causal entre a conduta
e o dano."

AgInt no AREsp 2.292.437/ES, relatora ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma,


julgado em 18/12/2023, DJe de 20/12/2023.

Leia a notícia na íntegra.23

4. STJ - É possível alterar o polo passivo após saneamento do processo, desde que mantidos
o pedido e a causa de pedir24

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que é possível modificar o
polo passivo de uma demanda judicial mesmo após o saneamento do processo e sem a
autorização do réu, desde que não haja alteração do pedido ou da causa de pedir. Com esse
entendimento, o colegiado aceitou o pedido de uma associação de moradores para incluir os
vendedores de um lote do condomínio no polo passivo de uma execução de dívida.

Leia a notícia na íntegra.25

19https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/tribunais-de-todo-o-pais-aderem-ao-projeto-justica-carbono-zero/
20https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18122-proposta-de-recomendacao-visa-instituir-

programa-ministerio-publico-carbono-zero
21https://www.cnmp.mp.br/portal/images/noticias/2024/novembro/Novembro_2/Recomendacao_Programa_

MP_Carbono_Zero_1.pdf
22https://scon.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp?b=ACOR&O=RR&preConsultaPP=000008857%2F0&thesaurus=JUR

IDICO&p=true&tp=T
23https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2024/12112024-Responsabilidade-

administrativa-por-dano-ambiental-e-destaque-da-nova-Pesquisa-Pronta-.aspx
24https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2024/05112024-E-possivel-alterar-o-

polo-passivo-apos-saneamento-do-processo--desde-que-mantidos-o-pedido-e-a-causa-de-pedir.aspx
25https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2024/05112024-E-possivel-alterar-o-

polo-passivo-apos-saneamento-do-processo--desde-que-mantidos-o-pedido-e-a-causa-de-pedir.aspx
5. TSJP – Mantida proibição de queima de fogos de artifício ruidosos em Leme - ACP
proposta pelo MPSP 26

A 13ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve decisão da 2ª
Vara Cível de Leme, proferida pela juíza Melissa Bethel Molina, que proibiu que o Município
queime fogos de artifício de estampido e/ou qualquer artefato pirotécnico de efeito sonoro
ruidoso. A ação foi ajuizada após as festividades de final de ano, quando a Prefeitura
promoveu queima de fogos com elevada emissão de ruídos.

Leia a notícia na íntegra.27

6. TSJP - Mantida responsabilidade do Município de Ubatuba por degradação ambiental em


APP – ACP proposta pelo MPSP28

A 2ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve


decisão da 1ª Vara de Ubatuba, proferida pela juíza Marta Andréa Matos Marinho, que
determinou que proprietário de imóvel e Município cessem atividade degradadora do meio
ambiente e recuperem Área de Preservação Permanente (APP), mediante a execução das
seguintes medidas: remoção dos fatores de degradação, descompactação do solo e plantio e
manutenção de espécies arbóreas no local.

Segundo os autos, os danos foram causados por proprietário de imóvel durante construção
de lava-rápido sem autorização dos órgãos competentes. Para o relator do recurso,
desembargador Paulo Ayrosa, não há como afastar a responsabilidade do Município no caso,
como pleiteou a defesa.

Leia a notícia na íntegra.29

7. CNMP, MPs e outras instituições assinam o Pacto Nacional para Cidades Sustentáveis e
Resilientes a Desastres30

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), por iniciativa da Comissão de Meio


Ambiente (CMA), e o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), juntamente com
14 instituições, assinaram o Pacto Nacional para Cidades Sustentáveis e Resilientes a
Desastres. A assinatura ocorreu em 22/11/2024, em Porto Alegre, durante o seminário
"Mudanças climáticas: as três fases do desastre", promovido pelo MPRS.

Na ocasião, o CNMP foi representado pela presidente da Comissão do Meio Ambiente e


ouvidora nacional do Ministério Público, conselheira Ivana Cei, e pela promotora de Justiça
do Ministério Público do Estado de Goiás e membra auxiliar da CMA, Tarcila Gomes.

26https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=105205&pagina=6
27https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=105205&pagina=6
28https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=105207&pagina=8
29https://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=105207&pagina=8
30https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18106-cnmp-mps-e-outras-instituicoes-assinam-o-pacto-

nacional-para-cidades-sustentaveis-e-resilientes-a-desastres
Leia a notícia na íntegra.31

8. CNMP - Comissão do Meio Ambiente lança “Manual de combate ao tráfico de animais


da fauna silvestre brasileira”32

Em 26/11/2024, a Comissão do Meio Ambiente (CMA), presidida pela conselheira Ivana Cei,
lançou o “Manual de combate ao tráfico de animais da fauna silvestre brasileira”33. O
anúncio ocorreu durante a 18ª Sessão Ordinária do Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP).

A iniciativa é da CMA em parceira com a Associação Brasileira dos Membros do Ministério


Público de Meio Ambiente (Abrampa). Membros do Ministério Público e especialistas
nacionais e internacionais se reuniram, na obra, para consolidar o compromisso com a
defesa e proteção do meio ambiente.

Leia a notícia na íntegra.34

9. SEMIL - Consulta Pública do Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (PEARC-


SP) - contribuições podem ser enviadas até 20/12/202435

O Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (PEARC) integra a Estratégia Climática


do Estado de São Paulo36 e é o instrumento que organiza e orienta as medidas e ações de
adaptação aos efeitos das mudanças climáticas no estado de São Paulo, a fim de contribuir
para a promoção da justiça climática e para implementação de infraestruturas mais
resilientes e menos impactantes para o enfrentamento aos desafios atuais e futuros.

Leia a notícia na íntegra.37

10. SEMIL – Governo de SP lança, na COP29, plataforma de estímulo à restauração de áreas


protegidas38

O Governo de SP39, por meio da Fundação Florestal40, vinculada à Secretaria de Meio


Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), lançou em 19/11/2024, na 29ª Conferência do

31https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18106-cnmp-mps-e-outras-instituicoes-assinam-o-pacto-

nacional-para-cidades-sustentaveis-e-resilientes-a-desastres
32https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18114-comissao-do-meio-ambiente-lanca-manual-de-

combate-ao-trafico-de-animais-da-fauna-silvestre-brasileira
33https://www.cnmp.mp.br/portal/publicacoes/18000-combate-trafico-animais
34https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18114-comissao-do-meio-ambiente-lanca-manual-de-

combate-ao-trafico-de-animais-da-fauna-silvestre-brasileira
35https://semil.sp.gov.br/mudancas-climaticas-e-sustentabilidade/plano-estadual-de-adaptacao-e-resiliencia-

climatica-pearc/
36https://semil.sp.gov.br/mudancas-climaticas-e-sustentabilidade/
37https://semil.sp.gov.br/mudancas-climaticas-e-sustentabilidade/plano-estadual-de-adaptacao-e-resiliencia-

climatica-pearc/
38https://semil.sp.gov.br/2024/11/governo-de-sp-lanca-na-cop29-plataforma-avancada-de-estimulo-a-

restauracao-de-areas-protegidas/
39https://www.saopaulo.sp.gov.br/
40https://fflorestal.sp.gov.br/
Clima da Organização das Nações Unidas41 (ONU), a Plataforma de Restauração das Áreas
Protegidas do Estado de São Paulo (https://plataforma.fflorestal.sp.gov.br/). A ferramenta
oferece informações detalhadas sobre áreas potencialmente restauráveis dentro das
unidades de conservação paulistas, oferecendo os subsídios necessários para impulsionar
programas de restauração florestal no estado.

Leia a notícia na íntegra.42

11. SEMIL - Nova plataforma de monitoramento reforça a gestão de riscos de desastres


naturais43

O Governo de São Paulo, por meio do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA)44, vinculado
à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado (Semil)45, inaugurou em
31/10/2024 a Plataforma de Gestão de Riscos de Desastres Naturais, um espaço dedicado à
análise e monitoramento para prevenção, gerenciamento e mitigação de riscos e desastres
que dependem de informações geológicas. O ambiente conta com múltiplos telões que
exibem dados detalhados, apoiando os órgãos do governo na tomada de decisões
estratégicas nas áreas de proteção e defesa civil, planejamento ambiental e territorial,
habitação e transportes, entre outros. A iniciativa faz parte do programa São Paulo Sempre
Alerta46, que foca na prevenção de desastres e na resposta a eventos climáticos extremos.

Leia a notícia na íntegra.47

12. CETESB lança Procedimentos Técnicos para padronizar a produção de energia limpa em
Aterros Sanitários no Estado de São Paulo48

A CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) apresentou o rol de


procedimentos técnicos para licenciamento49 de operações de produção de energia a partir
dos gases gerados na decomposição do resíduo destinado aos aterros sanitários no estado.

No estado de São Paulo, há um total de 645 municípios, dos quais a maioria faz uso de
aterros sanitários adequados para a destinação de resíduos sólidos urbanos. De acordo com
dados recentes, cerca de 95,6% do lixo produzido no estado é destinado a aterros que
cumprem as normas da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB).

41https://brasil.un.org/pt-br
42https://semil.sp.gov.br/2024/11/governo-de-sp-lanca-na-cop29-plataforma-avancada-de-estimulo-a-

restauracao-de-areas-protegidas/
43https://semil.sp.gov.br/2024/10/nova-plataforma-de-monitoramento-reforca-a-gestao-de-riscos-de-

desastres-naturais-no-governo-de-sp/
44https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/ipa/
45https://semil.sp.gov.br/
46https://www.spalerta.sp.gov.br/
47https://semil.sp.gov.br/2024/10/nova-plataforma-de-monitoramento-reforca-a-gestao-de-riscos-de-

desastres-naturais-no-governo-de-sp/
48https://cetesb.sp.gov.br/blog/2024/11/07/cetesb-lanca-procedimentos-tecnicos-para-padronizar-a-

producao-de-energia-limpa-em-aterros-sanitarios-no-estado-de-sao-paulo/
49https://cetesb.sp.gov.br/licenciamentoambiental/atividade-de-geracao-de-biogas-e-ou-biometano/
Leia a notícia na íntegra.50

13. Revista do CNMP: 12ª edição destaca artigos inéditos sobre temas relacionados à
atuação do Ministério Público51

O presidente da Comissão de Acompanhamento Legislativo e Jurisprudência (Calj) do


Conselho Nacional do Ministério Público, Edvaldo Nilo, representado pelo conselheiro
Moacyr Rey, lançou a 12ª edição da Revista do CNMP. O anúncio ocorreu em 26/11/2024,
durante a 18ª Sessão Ordinária de 2024.

A revista conta com 14 artigos e traz análises sobre temas jurídicos, dentre elas, artigo
intitulado “Valoração do Dano Animal: uma nova Metodologia de cálculo52”, de autoria de
Gustavo de Morais Donancio Rodrigues Xaulim e Luciana Imaculada de Paula.

...

Veja aqui a íntegra da Revista do CNMP53.

Legislação

1. Lei Federal nº 15.012, de 04 de novembro de 202454

Altera a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007 55, para conferir publicidade a documentos
referentes à regulação e à fiscalização dos serviços públicos de saneamento básico, bem
como aos direitos e deveres dos usuários e prestadores, e para instituir como direito da
população o acesso a relatórios periódicos sobre o nível dos reservatórios de água para
abastecimento público e a outros dados relativos à segurança hídrica

2. Lei Federal nº 15.021, de 12 de novembro de 202456

Dispõe sobre o controle de material genético animal e sobre a obtenção e o fornecimento de


clones de animais domésticos destinados à produção de animais domésticos de interesse
zootécnico e dá outras providências. – (OBS.: Revoga-se a Lei nº 6.446, de 5 de outubro de
197757.)

50https://cetesb.sp.gov.br/blog/2024/11/07/cetesb-lanca-procedimentos-tecnicos-para-padronizar-a-

producao-de-energia-limpa-em-aterros-sanitarios-no-estado-de-sao-paulo/
51https://www.cnmp.mp.br/portal/todas-as-noticias/18115-revista-do-cnmp-12-edicao-destaca-artigos-

ineditos-sobre-temas-relacionados-a-atuacao-do-ministerio-publico
52https://www.cnmp.mp.br/portal/images/Publicacoes/documentos/2024/REVISTA-CNMP-12-

EDICAO_vWEBv3.pdf
53https://www.cnmp.mp.br/portal/publicacoes/18001-revista-cnmp-2024
54http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/L15012.htm
55https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11445compilado.htm
56http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/L15021.htm
57https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L6446.htm
3. Lei Federal nº 15.022, de 13 de novembro de 202458

Estabelece o Inventário Nacional de Substâncias Químicas e a avaliação e o controle de risco


das substâncias químicas utilizadas, produzidas ou importadas, no território nacional, com o
objetivo de minimizar os impactos adversos à saúde e ao meio ambiente; e dá outras
providências

4. Instrução Normativa IBAMA nº 23, de 14 de novembro de 202459

Altera o Anexo I da Instrução Normativa Ibama nº 13, de 23 de agosto de 2021, que


regulamenta a obrigação de inscrição no Cadastro Técnico Federal de Atividades
Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais. - (Silvicultura )

5. Resolução ANA nº 221, de 04 novembro de 202460 – Agência Nacional de Água e


Saneamento Básico

Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos internos para análise e definição de classe


transitória de qualidade da água, em trechos ainda não enquadrados de corpos d'água
superficiais de domínio da União, em cumprimento ao artigo15 da Resolução nº 91/2008 do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, nos casos de solicitações de outorga para
lançamento de efluentes de Estações de Tratamento de Esgotos - ETEs oriundas de Serviço
de Esgotamento Sanitário Institucionalizado.

6. Resolução CNJ nº 594 de 08 de novembro de 202461

Institui o Programa Justiça Carbono Zero e altera a Resolução CNJ nº 400/202162

7. Decreto Estadual nº 69.089, de 26 de novembro de 202463

Institui o Programa Bairro Paulista, no âmbito da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e


Habitação, e dá providências correlatas. – (OBS.: Referido Programa abrangerá a elaboração
e a execução de projetos, obras e serviços, visando à construção de cidades inclusivas,
saudáveis, acessíveis, inteligentes e resilientes às mudanças climáticas)

Educação

58http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/L15022.htm
59https://www.ibama.gov.br/component/legislacao/?view=legislacao&legislacao=139440
60https://arquivos.ana.gov.br/_viewpdf/web/?file=https://arquivos.ana.gov.br/resolucoes/2024/0221-

2024_Ato_Normativo_4112024_20241112091708.pdf?13:25:37
61https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/5845
62https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3986
63https://www.al.sp.gov.br/norma/210265
CAO Educação representa MPSP em reunião nacional de Direitos Humanos

A coordenação do Centro de Apoio Operacional da Educação foi designada para representar


o Ministério Público do Estado de São Paulo entre os dias 27 e 29 de novembro, na III
Reunião Ordinária do Grupo Nacional dos Direitos Humanos (GNDH), espaço colegiado para
promover, proteger e defender os Direitos Humanos vinculado ao Conselho Nacional de
Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG).

O encontro, que ocorreu em Natal/RN, foi palco de reuniões temáticas, debates, discutiu
encaminhamentos e participou da construção de enunciados junto a outros integrantes do
MP brasileiro versando sobre o direito fundamental à educação.

Confira os temas pautados neste link 64.

Práticas Autocompositivas

NUIPA GECRADI: Seminário on-line debate práticas autocompositivas em casos de


intolerância

Nos dias 3 e 4 de dezembro, o Ministério Público promove o seminário on-line “A


possibilidade de concessão do Acordo de Não Persecução Penal pelo Ministério Público
em casos de crimes de intolerância”65. O evento reunirá especialistas de diferentes estados
e instituições, incluindo os Promotores de Justiça Dr. Ricardo Ferracini Neto, Dr. Rogério
Sanches Cunha e Dr. Ricardo José Gasques de Almeida Silvares, do MPSP, o Dr. Sammy
Barbosa Lopes, do MPAC, e o Dr. Antônio Henrique Graciano Suxberger, do MPDFT, além do
Juiz Auxiliar do STJ, Dr. Leonardo Issa Halah.

Com apoio da Escola Superior do Ministério Público (ESMP), o seminário será transmitido ao
vivo pelo YouTube, oferecendo ao público a oportunidade de acompanhar debates sobre
práticas autocompositivas no contexto penal. O evento integra a programação do NUIPA e
do GECRADI, reforçando a importância de soluções consensuais em casos de alta
complexidade.

64https://mpspbr.sharepoint.com/:b:/s/caoeducacao/EbCbR0zPlJ1OsrOT50GAgkUBsiL-

5mRXqZsJrLqyFoPmoA?e=BlHHUZ
65https://esmp.mpsp.mp.br/w/anpp_intolerancia
Inscreva-se até 02/12, às 15h00.66

NUIPA Infância e Juventude

1. No dia 21 de novembro foi realizado, em Jundiaí, o evento “Transformando Conflitos -


Caminhos para a Justiça Restaurativa”, para apresentação do Grupo Gestor
Interinstitucional fundado a partir da adesão da Promotoria de Justiça da Infância e
Juventude de Jundiaí ao Programa de Justiça Restaurativa do MPSP. O evento, organizado
pela Promotora de Justiça, Dra. Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira, contou com a participação
da Promotora de Justiça Dra. Bruna Varejão, Coordenadora do NUIPA e da assessora do
órgão, Juliana Silva Pasqua.

Além da apresentação do projeto e do Grupo Gestor, o juiz de Direito de Tatuí, Dr. Marcelo
Nalesso Salmaso, palestrou sobre a Justiça Restaurativa como estratégia para obter a
reparação do dano e a reconciliação entre as partes em conflitos, promovendo diálogo e
responsabilização.

Além do MPSP, apoiaram a atividade o Poder Judiciário, o Conselho Municipal da Criança e


do Adolescente e o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente de Jundiaí.

Clique aqui para visualizar a notícia67

2. "Práticas Restaurativas para soluções de conflitos escolares" foi o tema do evento


realizado em 21 de novembro, de forma on-line, em parceria com a ESMPSP, mediado pela
Promotora de Justiça Dra. Bruna Varejão, Coordenadora do NUIPA, com participação das
palestrantes Dra. Katia Herminia Roncada, Juíza Federal do TRF3, Andrea Svicero, assistente
social Coordenadora do Comitê Gestor de Justiça Restaurativa do TJSP, Dra. Samanta Cristina
Lopez de Souza, Defensora Pública do Estado de São Paulo e Juliana Silva Pasqua, assessora
do NUIPA e especialista em práticas restaurativas de soluções de conflitos. Além das
palestras, o evento contou com rodada de perguntas do público e debate. A transmissão
ocorreu via Youtube da ESMP e contou com mais de 800 visualizações ao vivo. O vídeo
continua disponível: Desatando nós: práticas restaurativas na promoção de soluções efetivas
para os conflitos escolares68

3. No dia 22 de novembro, o NUIPA participou de seminário realizado pelo Centro de


Referência de Promoção da Igualdade Racial na Fábrica de Cultura Brasilândia. O evento
contou com a participação da Promotora de Justiça Dra. Bruna Varejão, que realizou uma

66https://www.mpsp.mp.br/documents/37527364/0/03+e+04.12.24+-+PROGRAMAÇÃO+-

Seminário+“A+possibilidade+de+concessão+do+Acordo+de+Não+Persecução+Penal+pelo+MP+em+casos+de+c
rimes+de+intolerâ.pdf/daf7677a-b58c-1f08-16a9-df0f634a5bf1?t=1732218374613
67https://www.mpsp.mp.br/w/evento-sobre-aplicacao-da-justica-restaurativa-em-jundiai-tem-participacao-do-

nuipa
68https://www.youtube.com/watch?v=flY-lrxjDjo
palestra sobre Justiça Restaurativa, voltada aos cerca de 50 agentes públicos presentes no
evento, apresentando alguns fundamentos das práticas restaurativas e o Programa
Institucional do MPSP na área.

4. No dia 22/11 foi realizado o bate-papo sobre “A contribuição das práticas restaurativas
para a melhoria do ambiente escolar, prevenção ao bullying e fortalecimento da Cultura de
Paz”. O evento foi organizado pelo NUIPA, em parceria com o CAO Educação e o CAO
Infância e Juventude, sendo mediado pela Promotora de Justiça, e coordenadora do CAO,
Dra. Elisa De Divitiis Camuzzo e pela Dra. Bruna Varejão, coordenadora do NUIPA.

O bate-papo destacou a experiência da comarca de Campinas com a Justiça Restaurativa e


contou com a participação do Dr. Rodrigo Augusto de Oliveira, Promotor de Justiça da
Infância e Juventude de Campinas, de Mário Marcelo Nicomedes Ramos, Coordenador de
Prevenção e Combate ao Bullying e facilitador de processos circulares de Cultura de Paz da
Secretaria Municipal de Educação de Campinas, de Christiane Patrícia de Oliveira Mendes,
Supervisora de Ensino da Secretaria Municipal de Educação de Campinas e de Manoel
Francisco do Amaral, Supervisor de Ensino em Campinas e professor na UNICAMP. O vídeo
do evento está disponível: Evento NUIPA, CAO Educação e CAO Infância e Juventude-
2024.11.22-Gravação de Reunião.mp469

5. No dia 27 de novembro foi realizado, em Ribeirão Preto, o evento “Diálogo restaurativo:


construindo pontes”, organizado pelo NUIPA em parceria com o Núcleo de Justiça
Restaurativa do Tribunal de Justiça de SP em Ribeirão Preto.

O evento contou com a palestra "A Justiça Restaurativa como Ferramenta de


Transformação Social", da advogada e facilitadora de círculos Dra. Silvia Ribeiro, além de um
painel de debates sobre "O Papel do Ministério Público e do Tribunal de Justiça na Justiça
Restaurativa", composto pelos Promotores de Justiça, Dra. Fernanda Gomez Damico, de
Pontal, e Dr. Anderson de Castro Ogrizio, de Franca, e pelas juízas Dra. Daniele Regina de
Souza Duarte, de Sertãozinho, e Dra. Carolina Moreira Gama, de Ribeirão Preto.

O evento foi encerrado com o bate-papo: "Vozes da Comunidade: Como a Justiça


Restaurativa Pode Impactar Vidas", que trouxe profissionais da rede protetiva para dividir
suas experiências com a Justiça Restaurativa. O evento fortalece a cooperação entre os
NUIPAs Infância e Juventude da região e as iniciativas do TJSP.

NUIPA Cível

69https://mpspbr.sharepoint.com/:v:/r/sites/nuipacoord/Documentos

Compartilhados/EVENTOS/Externos/novembro/Evento NUIPA, CAO Educação e CAO Infância e Juventude-


2024.11.22-Gravação de
Reunião.mp4?csf=1&web=1&e=273Gxg&nav=eyJyZWZlcnJhbEluZm8iOnsicmVmZXJyYWxBcHAiOiJTdHJlYW1XZ
WJBcHAiLCJyZWZlcnJhbFZpZXciOiJTaGFyZURpYWxvZy1MaW5rIiwicmVmZXJyYWxBcHBQbGF0Zm9ybSI6IldlYiIsIn
JlZmVycmFsTW9kZSI6InZpZXcifX0%3D
No dia 13 de novembro, foi realizado o “Seminário Comemorativo da Semana NUIPA –
MPSP de Mediação” que discutiu o emprego da mediação em casos envolvendo pessoas
idosas e pessoas com deficiência e conflitos familiares. O evento contou com as falas de
mediadores que atuam nos NUIPAs Cíveis: Heloisa Maria Desgualdo, Antonieta Porto, Silvia
Hidal, Maria da Luz Lyra e Pedro Emerson, além da mediação do assessor do NUIPA, Adolfo
Braga. O seminário foi um importante momento para troca de experiências e fortalecimento
das equipes dos NUIPAs.

CNMP lança publicação sobre práticas autocompositivas com destaque para iniciativas do
NUIPA

No dia 12 de novembro, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) lançou a


publicação “Boas Práticas de Autocomposição no Ministério Público70”, que reúne artigos
sobre iniciativas de MPs de todo o Brasil no campo das práticas autocompositivas.

Dentre os textos selecionados, três destacam ações do Núcleo de Incentivo em Práticas


Autocompositivas (NUIPA), do Ministério Público de São Paulo:

1. “Núcleo de Incentivo em Práticas Autocompositivas da Infância e Juventude e o


Programa de Práticas Restaurativas no Ministério Público de São Paulo” – sobre
práticas restaurativas aplicadas à infância e juventude.

2. “NUIPA contra os crimes de ódio” – detalha experiências autocompositivas no


enfrentamento a crimes de discriminação e intolerância.

3. “Papel das redes de assistência à saúde na mediação de conflitos no MPSP” –


aborda a colaboração entre redes de saúde e mediação de conflitos no NUIPA 3, em
Santo Amaro.

A publicação reforça a relevância de soluções consensuais e colaborativas no âmbito do


Ministério Público, evidenciando o compromisso com a resolução pacífica de conflitos e a
promoção de justiça social.

Confira a publicação na íntegra.71

INFORMATIVO CRIMINAL - COMENTADO

70https://www.cnmp.mp.br/portal/images/Publicacoes/documentos/2024/boas_praticas_autocomposicao.pdf
71https://www.cnmp.mp.br/portal/publicacoes/17946-boas-praticas-de-autocomposicao-no-ministerio-publico
Está disponível a nova edição do Informativo Criminal – Comentado, elaborado pelo Centro
de Apoio Operacional Criminal (CAOCrim).

O documento disponibiliza atualizações sobre Direito Penal, Processo Penal, Legislação


Especial Penal e notícias de interesse do Ministério Público na esfera criminal.

Confira aqui as edições anteriores.72

Avisos

1. Tema: Caocrim promove debate sobre provas digitais das Big Techs

No dia 2 de, às 10h, o CAOCrim em conjunto com o CAEx realiza debate que terá como pauta
as provas digitais das Big Techs (Google, Facebook, Whatsapp e Instagram). Haverá
discussão de casos concretos aplicando os artigos de lei relevantes a diferentes crimes
cibernéticos.

Para participar da reunião via Teams, basta acessar o link: https://bit.ly/4g3A3tN73

2. Tema: Acórdãos recentíssimos do Supremo Tribunal Federal com confirmação da


legitimidade da busca pessoal, da busca domiciliar e do ingresso em residência sem
mandado judicial por guardas municipais.

Jurisprudência sólida para embasamento de manifestações do Ministério Público (RE


1499862 – fundada suspeita pela fuga do agente para a própria casa, com uma mochila,
diante da aproximação da viatura; captura já na residência; drogas encontradas na mochila
legitimaram a busca na casa, onde muito mais droga foi encontrada; Min. Zanin ressalvou
entendimento pessoal e deixou claro que a legalidade da ação da GCM é entendimento
consolidado no Supremo; RE 1500165 – caso de fuga diante da aproximação da viatura da
GCM; drogas localizadas em busca pessoal; RE 1503115 – busca veicular por GCMs que

72https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/g_caocrim/EqtR8OEPZAxBi5fWyRF0DNABxs-

iEWW14L52oS5f96Mz9g?e=tRqcy1
73https://nam02.safelinks.protection.outlook.com/?url=https%3A%2F%2Fbit.ly%2F4g3A3tN&data=05|02|caoc

rim%40mpsp.mp.br|b717b353cb204306e0cf08dd0e4462c7|2dbd8499508d4b76a31dca39cb3d8f1d|0|0|638
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Xtvd8No%3D&reserved=0
haviam sido comunicados de que o condutor teria ameaçado a esposa instantes antes e teria
passado a dirigir o automóvel portando consigo uma espingarda, que acabou apreendida na
diligência). A votação foi no plenário virtual e os acórdãos podem ser acessados por meio
dos links abaixo.

RE-149986274

RE-150016575

RE 150311576

Estudos CAOCrim

1. Tema: O panorama atual da jurisprudência superior sobre a questão da modalidade de


concurso formal nos casos de roubo múltiplo

Segue oscilante a jurisprudência do STJ a respeito dos roubos múltiplos em unidade de


contexto fático, mas o panorama parece ser o seguinte em linhas gerais: a) absolutamente
rejeitada a tese de crime único (salvo quando, embora várias as vítimas da violência ou da
grave ameaça, apenas um patrimônio é desfalcado; casos assim são pacificamente
reconhecidos como de roubo único); b) há uma maioria de julgados que mantém o
reconhecimento – feito pelas cortes regionais – do concurso formal próprio, em sinalização
de que é a compreensão prevalente e majoritária na jurisprudência dos TJs e do TRFs; c) há
alguns julgados do STJ que afastam o concurso formal impróprio para aplicar o concurso
formal próprio, sob o fundamento de que o tribunal local não teria esclarecido o substrato
empírico em que baseada a constatação dos desígnios autônomos (embora esses julgados
não esclareçam o que se deveria entender por desígnios autônomos, senão o próprio dolo
direto como se indica com abundância na doutrina); d) em casos de concurso entre
latrocínio e roubo, há uma significativa predominância da tese de concurso formal impróprio
(julgados abaixo apontam isso); e) ainda há julgados que reconhecem o concurso formal
impróprio ou, ao menos, recusam o conhecimento da pretensão defensiva de afastamento,

74https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/g_caocrim/EnbAZe5vm-dHpu13gIPOuRgBsV7rgW-

A_Ek9dvI2TbOkXg?e=6Ven0V
75https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/g_caocrim/EoBD83sTyvdHtgM4lOef7pYBNR6y2pYopjab-

1dOcmX0uA?e=9Medap
76https://mpspbr.sharepoint.com/:f:/s/g_caocrim/Ens7WQh7MllInFAbwXtdV2YBmTR_rFzWjXD2LbKuGPc1aw?e

=D5wsV0
com argumento de que isso demandaria vedada reavaliação de conteúdo fático-probatório
(e os trazemos logo abaixo).

Para os que, convencidos da razão lógica e dogmática da tese do concurso formal impróprio
nos casos de roubos múltiplos em mesmo contexto fático, pretenderem defender tal tese,
trazemos logo adiante um levantamento dos precedentes mais recentes do STJ na matéria,
com invocação do trecho nuclear da fundamentação do acórdão, quando pertinente.

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO TENTADO E ROUBO MAJORADO.


CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. CONFIGURAÇÃO. ÚNICO EVENTO. VÍTIMAS DISTINTAS.
DESÍGNIOS AUTÔNOMOS. (...). 1. "Não obstante configurado concurso formal impróprio, e
não concurso material, quando praticado os crimes de roubo e latrocínio tentado em um
mesmo contexto fático, mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, inexiste reflexo na
dosimetria da pena, por ser idêntica à regra do concurso material, nos termos do art. 70,
segunda parte, do CP" (AgRg no AREsp n. 1.395.908/MG, relator Ministro Nefi Cordeiro,
Sexta Turma, julgado em 5/9/2019, DJe de 12/9/2019). 2. Alterar a conclusão do Tribunal de
origem acerca da existência de desígnios autônomos entre os crimes de roubo demandaria
reexame de fatos e provas, providência não admitida em habeas corpus. (...). (AgRg no HC n.
861.994/PR, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 12/8/2024, DJe
de 15/8/2024.).

No corpo do acórdão:

“I. Concurso formal impróprio

O Tribunal de origem assim resolveu a controvérsia: “Como já explanado na fundamentação,


foram praticados quatro crimes de roubo, contra quatro vítimas distintas, vez que foram
atingidos patrimônios distintos. Contudo, referidos crimes foram praticados mediante
apenas uma conduta, razão pela qual deve ser reconhecido o concurso formal e, portanto,
aplicada a regra prevista no artigo 70 do Código Penal. Contudo, é certo que os crimes foram
praticados com desígnios autônomos, razão pela qual as penas devem ser somadas. Nota-se,
nesse ponto, que o próprio local escolhido indica que o réu pretendia subtrair diversos
telefones celulares, pois tinha ciência da presença de diversas pessoas no local”. O
entendimento firmado no acórdão está em harmonia com a jurisprudência desta Corte, a
saber: Não obstante configurado concurso formal impróprio, e não concurso material,
quando praticado os crimes de roubo e latrocínio tentado em um mesmo contexto fático,
mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, inexiste reflexo na dosimetria da pena, por
ser idêntica à regra do concurso material, nos termos do art. 70, segunda parte, do CP (AgRg
no AREsp n. 1.395.908/MG, relator Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, julgado em
5/9/2019, DJe de 12/9/2019).”

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ROUBOS


MAJORADOS E ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA ARMADA. (...). CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO.
AFASTAMENTO. REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
PROVIDO. (...). 12. Verifica-se que o acusado, mediante uma só conduta, terminou por
atingir o patrimônio de vítimas distintas, o que denota a ocorrência de concurso formal.
Porém, para que seja reconhecido o cúmulo formal impróprio, mister se faz a
comprovação dos desígnios distintos, ou seja, que o agente tivesse consciência de que
estava subtraindo bens de ofendidos diversos, exatamente como ocorrido na espécie, em
que roubaram as residências dos trabalhadores e do proprietário da Fazenda. Desse modo,
houve a ocorrência de desígnios autônomos aptos a justificar a caracterização do concurso
formal imperfeito. Assim, aferir a alegada inexistência de desígnios autônomos contra cada
uma das vítimas (a fim de afastar a regra do cúmulo material e fazer incidir o concurso
formal próprio) é vedado pela Súmula 7/STJ. 13. Agravo regimental não provido. (AgRg no
REsp n. 1.984.392/SP, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado
em 24/5/2022, DJe de 30/5/2022.);

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. DOIS


DELITOS DE ROUBO EM CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. DOSIMETRIA DA PENA.
PRETENDIDO RECONHECIMENTO DE CRIME ÚNICO OU DE CONCURSO FORMAL PERFEITO.
INVIABILIDADE. DESÍGNIOS AUTÔNOMOS. (...). Nucci leciona que "no concurso formal
imperfeito: as penas devem ser aplicadas cumulativamente se a conduta única é dolosa e os
delitos concorrentes resultam de desígnios autônomos. A intenção do legislador, nessa
hipótese, é retirar o benefício daquele que, tendo por fim deliberado e direto atingir dois ou
mais bens jurídicos, cometer os crimes com uma só ação ou omissão" (in Código Penal
Comentado, 6ª ed., São Paulo, RT, p. 398). Na hipótese dos autos, o paciente, mediante
uma só conduta, terminou por atingir o patrimônio de duas vítimas distintas, o que
denota a ocorrência de concurso formal. Porém, para que seja reconhecido o cúmulo
formal impróprio, mister se faz a comprovação dos desígnios distintos, ou seja, que o
agente tivesse consciência de que estava subtraindo bens de ofendidos diversos,
exatamente como ocorrido na espécie e confirmado pelo próprio impetrante ao relatar
que o acusado foi condenado por ser autor de um suposto roubo, tendo subtraído, para si,
mediante violência e grave ameaça, bens pertencentes às vítimas Leonardo e Luana (que
estavam sentados em um banco), subtraindo seus celulares (e-STJ, fls. 5 e 7), e
expressamente reconhecido pela Corte paulista. Desse modo, houve a ocorrência de
desígnios autônomos aptos a justificar a caracterização do concurso formal imperfeito.
Entendimento em sentido contrário, como pretendido, demandaria a imersão vertical na
moldura fática e probatória delineada nos autos, procedimento incompatível com a via
mandamental eleita. Precedentes. Agravo regimental não provido. (AgRg no HC n.
651.158/SP, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em
23/3/2021, DJe de 29/3/2021.);

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.


ROUBOS CIRCUNSTANCIADOS PELO CONCURSO DE AGENTES. COMETIMENTO EM FACE DE
VÍTIMAS E PATRIMÔNIOS DISTINTOS EM UMA MESMA OPORTUNIDADE, MEDIANTE UMA
SÓ AÇÃO. CONCURSO FORMAL IMPERFEITO CONFIGURADO. (...). 2. Uma vez assentado
pelas instâncias ordinárias que os delitos foram cometidos em uma mesma oportunidade,
mediante uma só ação, não há falar em crime continuado, que pressupõe a ocorrência de
crimes cometidos em momentos diversos por meio de mais de uma ação ou omissão. 3. Nos
termos da jurisprudência desta Corte, em se tratando de crime cometido mediante uma só
ação, contra vítimas diferentes, resta configurada hipótese de concurso formal imperfeito.
Precedentes. 4. Habeas corpus não conhecido. (HC n. 179.676/SP, relator Ministro Nefi
Cordeiro, Sexta Turma, julgado em 22/9/2015, DJe de 19/10/2015.);

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. (...). CONCURSO


FORMAL IMPRÓPRIO. DESÍGNIOS AUTÔNOMOS. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ.
RECURSOS A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. (...). 3. As instâncias ordinárias, analisando as
circunstâncias do caso concreto, decidiram que os resultados criminosos resultam de
desígnios autônomos, restando caracterizado o concurso formal impróprio, para se chegar
a solução diversa reconhecendo-se a unidade de desígnios para fins de caracterização do
concurso formal próprio ou eventual absorção de um delito por outro, seria inevitável o
revolvimento do arcabouço probatório carreado aos autos, o que é inviável nos termos do
que preceitua o enunciado 7 da Súmula desta Corte. 4. Agravo regimental a que se nega
provimento. (AgRg no REsp 1171947/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, julgado em 18/12/2012, DJe 01/02/2013. (destacamos em todos)

Em arremate a essa primeira abordagem, trazem-se três outros julgados de interesse.

O primeiro, do STF, reflete uma reiteração de posição da Min. Carmen Lúcia sobre o tema:

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL (...). TRÊS CRIMES DE


ROUBO MAJORADO. ALEGAÇÃO DE CONCURSO FORMAL PRÓPRIO DE CRIMES. PREMISSAS
FIXADAS PELAS INSTÂNCIAS ANTECEDENTES. REEXAME DE PROVA INCABÍVEL EM HABEAS
CORPUS. INEXISTÊNCIA DE FLAGRANTE ILEGALIDADE OU TERATOLOGIA NA ESPÉCIE. (...). (HC
200.344 AgR, Órgão julgador: Segunda Turma, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Julgamento:
14/06/2021, Publicação: 16/06/2021).

Do corpo do venerando acórdão extrai-se a fundamentação desenvolvida pelo TJPB, que não
foi tomada como ilegal ou teratológica e, portanto, acabou mantida no STF:

“12. Sem ingressar no mérito da causa, mas apenas para afastar eventual alegação de
possibilidade de concessão da ordem de ofício, é de se registrar que a incidência do
concurso formal impróprio de crimes foi afirmada pelo juízo sentenciante à luz das
circunstâncias específicas do caso e das provas dos autos, concluindo-se que “os réus,
naquela oportunidade, atingiram patrimônios autônomos, querendo dolosamente praticar o
roubo em face de cada vítima individualmente”. Concluiu o magistrado que “as ações foram
dolosamente direcionadas a lesar bens jurídicos de titularidade diversa (patrimônios
distintos), operando o concurso formal impróprio ou imperfeito - art. 70, parte final, do CP”
(fl. 15, e-doc. 4). 13. O Tribunal de Justiça da Paraíba manteve esse entendimento ao
examinar os apelos defensivos. Extrai-se do acórdão do Tribunal estadual: (…) “3.4 Do
concurso formal impróprio - Os recorrentes pleiteiam a reforma da pena para que seja
reconhecido o concurso formal próprio, sustentando terem sido os crimes praticados
mediante uma só ação e desígnio único, devendo, por esta razão, ser aplicada a pena mais
grave ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade (art. 70, 1ª parte, do Código Penal). Da leitura da sentença, verifica-se que o Juiz de
piso reconheceu o concurso formal impróprio entre as infrações, sob o fundamento de
terem sido cometidas com desígnios autônomos, procedendo ao somatório das penas.
Como se vê, a questão impugnada cinge-se a definir se os crimes de roubo praticados, na
espécie, devem ser considerados em concurso formal próprio ou impróprio. Por concurso
formal próprio, entende-se a situação em que, mediante uma única ação, são praticados
vários delitos, os quais devem ser penalizados de forma unitária, com aumento de pena
previsto no art. 70, caput, 1ª parte, do CP. Já o chamado concurso formal impróprio
acontece quando de uma ação decorre mais de um crime, porém praticados com desígnios
autônomos, motivo pelo qual o legislador impôs penalidade mais severa, devendo as penas
referentes a cada uma das infrações cometidas ser somadas, na forma da parte final do
caput do art. 70 do CP. Quando o agente pratica vários crimes patrimoniais contra vítimas
diversas dentro de um mesmo contexto fático, lesionando patrimônios distintos mediante
desígnios autônomos, resta configurado o concurso formal impróprio, que adota a teoria do
cúmulo material de penas. Contudo, se o agente dirige sua conduta contra todas elas,
indiscriminadamente, sem a demonstração da autonomia volitiva em relação a cada qual
das subtrações exercidas, deve então ser reconhecido o concurso formal próprio, que se
utiliza da teoria da exasperação das penas. Conforme se dessume dos autos, a intenção dos
apelantes era a subtração do dinheiro apurado na procissão de Nossa Senhora da Penha.
Ocorre que, no mesmo contexto fático, foram também subtraídos bens do padre (carteira,
vinho e dvd) e de um terceiro que estava trabalhando na paróquia (celular). Restou,
portanto, comprovada a existência de desígnios distintos, ou seja, que o agente tinha
consciência de que estava subtraindo bens de ofendidos diversos. Configurar-se-ia, no
entanto, concurso formal próprio se tivesse sido verificada a intenção única dos réus de,
mediante uma única ação delituosa, subtrair o patrimônio alheio das vítimas, as quais
estavam no local na ocasião do fato. Não é o caso dos presentes autos. Nesse sentido,
posiciona-se a jurisprudência: (…) Assim, mantenho a aplicação do concurso formal
impróprio, conforme aplicado pelo magistrado a quo na sentença objurgada.´ 14. Na decisão
questionada, o Ministro Antonio Saldanha Palheiro, do Superior Tribunal de Justiça, assentou
a inviabilidade da revisão do entendimento das instâncias ordinárias, por demandar uma
“incursão no conjunto fático-probatório dos autos, providência vedada na angusta via do
remédio heroico”. 15. Para afastar as premissas das instâncias antecedentes e reconhecer a
alegada unidade de desígnios na prática delitiva, de forma a caracterizar o concurso formal
próprio de crimes, seria imprescindível o reexame dos fatos e das provas dos autos, ao que
não se presta o habeas corpus.”
O segundo, em caso de roubo múltiplo em que aplicado o concurso formal impróprio, revela
uma passagem em que o STJ reconheceu que “desígnios autônomos”, para os fins do art. 70,
caput, in fine, do Código Penal, consistiriam em dolo direto (exatamente como sustentamos
linhas acima):

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ROUBOS


MAJORADOS EM CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. (...). 9. Nos termos da jurisprudência
desta Corte Superior, o concurso formal perfeito caracteriza-se quando o agente pratica duas
ou mais infrações penais mediante uma única ação ou omissão; já o concurso formal
imperfeito evidencia-se quando a conduta única (ação ou omissão) é dolosa e os delitos
concorrentes resultam de desígnios autônomos. Ou seja, a distinção fundamental entre os
dois tipos de concurso formal varia de acordo com o elemento subjetivo que animou o
agente a iniciar a sua conduta (HC 191.490/RJ, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Sexta
Turma, julgado em 27/9/2012, DJe 9/10/2012). 10. A reforma do juízo de fato firmado na
origem de que houve desígnios autônomos (dolos diretos distintos), demandaria
aprofundado reexame probatório, impróprio nesta via recursal. (...). (AgRg no REsp n.
2.026.295/SP, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em
18/10/2022, DJe de 24/10/2022.) – destacamos.

Do corpo do v. acórdão:

“Do concurso formal impróprio

A defesa pretende que se reconheça a ocorrência de concurso formal próprio entre os


crimes de roubo. A matéria ficou posta, na origem, nos seguintes termos: “Sob outro ângulo,
nítido o concurso formal entre os roubos perpetrados contra as vítimas Marlucy, Vinicius,
Carlos Eduardo e José Carlos, porquanto os assaltantes, mediante única ação, subtraíram a
arma de fogo do último ofendido para, em seguida, tomar os aparelhos celulares dos
demais sujeitos passivos, claramente cientes da pluralidade de patrimônios vulnerados.
Em que pese a argumentação da Defensoria Pública, não se cogita de eventual “confusão”
sobre o patrimônio das vítimas, ainda que integrantes da mesma família, aqui reiterada a
subtração de itens de uso pessoal (telefones celulares) e, ainda, do artefato pertencente à
vítima acamada, bombeiro 'aposentado', algo reportado pelos próprios ofendidos aos
roubadores durante a execução do delito. [...] Ainda a respeito, convém acolher o pedido
da Justiça Pública para se reconhecer o concurso formal impróprio, porquanto evidente a
existência de desígnios autônomos resultando no ataque a patrimônios distintos (cientes
os agentes da situação), a exigir solução mais rigorosa.” (STJ fls. 607-608, grifei). Com efeito,
nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, "o concurso formal perfeito caracteriza-
se quando o agente pratica duas ou mais infrações penais mediante uma única ação ou
omissão; já o concurso formal imperfeito evidencia-se quando a conduta única (ação ou
omissão) é dolosa e os delitos concorrentes resultam de desígnios autônomos. Ou seja, a
distinção fundamental entre os dois tipos de concurso formal varia de acordo com o
elemento subjetivo que animou o agente a iniciar a sua conduta" (HC 191.490/RJ, Rel.
Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Sexta Turma, julgado em 27/9/2012, DJe 9/10/2012). Por
sua vez, [a] expressão 'desígnios autônomos' refere-se a qualquer forma de dolo, seja ele
direto ou eventual (HC 191.490/RJ, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Sexta Turma,
julgado em 27/9/2012, DJe 9/10/2012). A reforma do juízo de fato firmado na origem de
que houve desígnios autônomos (dolos diretos distintos), demandaria aprofundado
reexame probatório, impróprio nesta via recursal. O caso trata, assim, de concurso formal
impróprio, caracterizado por haver desígnios autônomos dos agentes para a prática de
cada um dos atos que compõem a conduta, motivo pelo qual deve ser aplicada a regra do
cúmulo material, nos moldes do concurso material de crimes, consoante informa o art. 70,
in fine, do Código Penal (HC 381.617/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma,
julgado em 20/6/2017, DJe 28/6/2017).”

O terceiro é recentíssimo e traz um caso em que o STJ, pela segunda vez (a vez anterior havia
sido no HC n. 191.490/RJ, um caso de homicídio doloso de vítima grávida – reconheceu-se
dolo direto de homicídio e dolo eventual do aborto, com afirmação de que havia desígnios
autônomos quanto a ambas as infrações), admitiu que a expressão ‘desígnios autônomos’
abrangeria até mesmo o dolo eventual e em que se sustentou explicitamente que ‘nesta
Corte Superior o entendimento é de que o concurso formal próprio ou perfeito somente é
possível se os crimes forem todos culposos, ou se um for doloso e o outro culposo’:

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


HOMICÍDIO SIMPLES CONSUMADO EM CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO COM HOMICÍDIO
SIMPLES TENTADO. (...). CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE
DESÍGNIOS AUTÔNOMOS. AGENTE QUE ASSUMIU O RISCO DE PRODUÇÃO DO RESULTADO
MORTE EM RELAÇÃO ÀS DUAS VÍTIMAS. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. (...). 3. Embora caracterizado o dolo eventual quanto a ambas as vítimas, uma
delas estava no veículo conduzido pelo acusado, havendo, relativamente a esta, desígnio
autônomo em relação à vítima que transitava no outro automóvel. É dizer, o acusado
assumiu o risco de ocasionar a morte ou lesão grave de sua passageira e, ciente da
possibilidade do segundo resultado em relação a terceiros, aceitou-o. 4. "A expressão
'desígnios autônomos" refere-se a qualquer forma de dolo, seja ele direto ou eventual. Vale
dizer, o dolo eventual também representa o endereçamento da vontade do agente, pois ele,
embora vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo resultado, não o
desejando diretamente, mas admitindo-o, aceita-o" (HC n. 191.490/RJ, relator Ministro
Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 27/9/2012, DJe de 9/10/2012). 5. Agravo
regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp n. 2.521.343/SP, relator Ministro
Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 17/9/2024, DJe de 24/9/2024.).

Do acórdão:

“Não se ignora que parte da doutrina defende ser possível o concurso formal próprio
mesmo entre crimes dolosos caso pelo menos um deles tenha sido praticado com dolo
eventual, ao argumento de que somente há desígnio autônomo no dolo direto e de que
somente este é capaz de traduzir a necessidade de tratamento equivalente ao concurso
material, com o cúmulo de penas (nesse sentido: FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de
Direito Penal: parte geral. 16ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 349; e TELES, Nei Moura.
Direito Penal. Parte Geral. São Paulo: Atlas. 2004. v.1, p. 443). No entanto, em linha com o
julgado anteriormente mencionado, prevalece nesta Corte Superior o entendimento, ao
qual adiro, de que o concurso formal próprio ou perfeito somente é possível se os crimes
forem todos culposos, ou se um for doloso e o outro culposo. Assim, se o agente pretende
alcançar mais de um resultado ou anui com tal possibilidade, como no caso dos autos,
configura-se o concurso formal impróprio ou imperfeito, pois caracterizados os desígnios
autônomos. Quanto ao tema, destaco a doutrina de Paulo César Busato (Direito Penal: parte
geral. São Paulo: Atlas. 2017. v.1., p. 895-896): "(...) a vontade ou o desígnio, está associada
unicamente à ação, pois só ela pode ser movida por tais impulsos. Ao contrário, a autonomia
de tal vontade ou desígnio diz respeito à abrangência dos resultados. Vale dizer: cada
resultado precisa estar coberto por uma vontade de agir que traduza um desígnio do autor
que não dependa do outro resultado para ser reconhecido. Ou seja, há um propósito de
atuar que inclui, individualmente, cada um dos resultados afinal produzido, já seja sob a
forma de desprezo para a sua produção, anuência para com ela ou até mesmo desejo de que
ocorra. Na fórmula adotada no presente trabalho, reconhece-se o dolo como normativo,
como escala mais grave de desvaloração da conduta, cujo significado é identificado através
de indicadores objetivos externos. Não se trata, portanto, de um dolo ontológico, associado
a uma vontade real, psicológica, mas sim como uma atribuição jurídica de desvalor da
conduta associado aos dados probatórios circunstanciais denotativos da existência de um
compromisso para com a produção do resultado. O termo desígnios autônomos deve ser
entendido, nesse contexto, como planos independentes de vinculação do compromisso
para com cada resultado, de modo independente do outro. Assim, o que se pode exigir é
que cada resultado, independentemente do outro, esteja coberto pelo compromisso para
com a produção do resultado. Ora, se há uma antevisão do resultado plúrimo como
possível, ainda que também possível a ocorrência de um resultado único ou de nenhum
resultado, e o agente insiste em atuar, verifica-se claramente um desígnio de atuar, a
despeito de que o resultado - único ou múltiplo - se produza. Por exemplo, se o controlador
dos trilhos do trem não tem certeza se determinada modificação de uma conexão se
realizará a tempo de desviar com segurança o curso de uma locomotiva com vagões de
passageiros, ou se sua iniciativa poderá provocar um acidente, e age mesmo assim, assume
o risco da produção de um resultado múltiplo de lesões e mortes. Nesse caso, é induvidosa a
autonomia em face de cada resultado como coberta pelo fenômeno da eventualidade do
dolo, quer dizer, o sujeito tinha plena ciência de que, falhando na mudança de conexão de
trilhos, alcançaria não a produção de um único, mas de muitos resultados. Não é possível
que tal leviandade possa ser tratada com pena menor do que o dolo direto dirigido a dois
resultados apenas, quando perpetrado por ações independentes. Evidentemente, se na
fórmula aqui adotada, admite-se o dolo eventual como guia do concurso formal impróprio,
igualmente será admissível o dolo direto de segundo grau. Afinal, não se pode negar estar
coberta por desígnios autônomos a conduta de quem coloca uma bomba em um automóvel
de um político que é conduzido por um chofer, ainda que o propósito abrangido pelo dolo
direto de primeiro grau seja apenas o de promover a morte do político." Nessa linha de
intelecção, como bem destacou o Ministério Público Federal (eSTJ fl. 3242): "Se verificada
ação única e desígnios autônomos, estando as vítimas, inclusive, em veículos distintos, resta
configurado o concurso formal impróprio, nos termos do disposto na segunda parte do art.
70 do CP, com cumulação material das penas impostas por cada um dos crimes, tal como
aplicado no acórdão recorrido".

Este caso, da comarca de Sorocaba/SP, foi de homicídio doloso por dolo eventual por
condução extremamente anormal e perigosa de veículo, que deu causa a uma colisão –
provocou-se a morte do condutor de outro veículo (homicídio consumado) e ferimentos
severos na passageira do veículo do próprio causador do acidente (homicídio tentado).

Ou seja, havendo dois resultados causados com dolo eventual, o STJ entendeu que havia
concurso formal impróprio/imperfeito, porque o dolo eventual em relação a ambos os
resultados aperfeiçoaria o que a lei (art. 70, caput, última parte, do Código Penal) denomina
desígnios autônomos.

Então, com muito mais razão caberia reconhecer concurso formal impróprio no roubo
múltiplo, em que o agente atua com inequívoco dolo direto em relação a cada patrimônio
atingido.

Sobre este último julgado, houve comentários no recente boletim CAO-CRIM n. 289.

Embora não diga respeito exatamente à questão da modalidade de concurso formal


incidente nos casos de roubo múltiplo, trazemos ainda a informação de que está afetado
para julgamento como repetitivo, sob o Tema 1.192:

PROPOSTA DE AFETAÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ROUBO


MAJORADO. CONCURSO FORMAL DE CRIMES. CRIME ÚNICO. PRÁTICA DO CRIME DE
ROUBO MEDIANTE UMA SÓ AÇÃO, MAS CONTRA VÍTIMAS DISTINTAS DA MESMA FAMÍLIA.
ADMISSÃO DO MPMG COMO AMICUS CURIAE. 1. Ministério Público do Estado de Minas
Gerais admitido como amicus curiae, nos termos do art. 138 e 1.038, I, do CPC, e do art.
256-J, Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. 2. Delimitação da controvérsia: "A
prática do crime de roubo mediante uma só ação, mas contra vítimas distintas da mesma
família, enseja o reconhecimento do concurso formal e não de crime único". 3. Afetação do
recurso especial ao rito dos arts. 1.036 e 1.037 do Código de Processo Civil, e arts. 256 ao
256-D do RISTJ, c/c o inciso I do art. 2º da Portaria STJ/GP n. 98, de 22 de março de 2021
(republicada no DJe em 24/03/2021), sem a suspensão do trâmite dos processos pendentes.
(ProAfR no REsp n. 1.960.300/GO, relator Ministro Jesuíno Rissato (Desembargador
Convocado do Tjdft), Terceira Seção, julgado em 28/2/2023, DJe de 28/4/2023.).
(destacamos)
Todos os precedentes apontam no sentido de que, se demonstrada a consciência e vontade
dos agentes na subtração de bens de uso pessoal dos integrantes da família, afasta-se a tese
do crime único e configura-se o concurso formal. É o que esperamos seja decidido de forma
estabilizadora pelo STJ.

Direito Processual Penal

1.Tema: Tribunal do Júri. Ausência de quesito obrigatório. Nulidade absoluta. Preclusão.


Não ocorrência.

Informativo 834- STJ

A ausência de formulação de quesito obrigatório no Tribunal do Júri acarreta nulidade


absoluta do julgamento, a qual não se submete aos efeitos da preclusão, mesmo que não
tenha sido suscitada na ata de julgamento.

Informações do Inteiro Teor

No julgamento pelo júri, após a formulação do primeiro quesito, sobre a materialidade (se as
vítimas foram atingidas por disparos de arma de fogo), para o qual os jurados responderam
positivamente, formulou-se quesito sobre o local do fato, uma vez que a divergência entre
as teses defensiva e acusatória envolvia a delimitação do lugar dos disparos da arma de fogo,
deixando-se de formular o quesito relativo à autoria.

No caso, segundo a denúncia teria havido a execução das vítimas sem que estas tenham
oferecido resistência no bairro Atuba. A tese da defesa, por sua vez, alegou confronto
armado entre os agentes policiais e as vítimas, após a perseguição, no bairro Alto da Glória.

Assim, o juiz-presidente entendeu que a resposta quanto ao local seria pertinente à


materialidade e, portanto, prejudicial aos demais quesitos, que não foram formulados. Os
jurados responderam que o crime não teria ocorrido no bairro Atuba (tese da acusação). O
magistrado concluiu que a resposta negativa a esse quesito resultaria na negativa de
materialidade e no acolhimento da tese defensiva de que os agentes policiais teriam agido
em legítima defesa. Então, encerrou o julgamento e decretou a absolvição dos acusados.

Com efeito, a despeito de as instâncias ordinárias fundamentarem que houve o


desmembramento do quesito da materialidade, a segunda pergunta formulada aos jurados
não trata do tema. Na hipótese de homicídio, a materialidade do crime versa sobre a morte
em si, a causa da morte - no caso, perfuração por projétil de arma de fogo (respondido na
primeira pergunta). A segunda pergunta formulada, no caso - local onde ocorreu o fato - diz
respeito à maneira como os fatos se desenrolaram.

Dessa forma, o segundo quesito questionado aos jurados, na hipótese em análise, refere-se
ao próprio acolhimento ou não de tese absolutória de excludente de ilicitude (art. 23, inciso
II, do Código Penal), a qual não se confunde com a materialidade do crime.

Verifica-se, assim, que os acusados foram absolvidos mesmo antes da formulação do quesito
quanto à autoria, de modo que não foi respeitada a ordem de quesitação prevista no art.
483 do CPP. Obtida a resposta positiva quando à materialidade (inciso I), o juiz presidente
deveria ter perguntado sobre a autoria (inciso II), para então questionar sobre a absolvição
dos acusados (art. 483, § 3º).

A inobservância do procedimento legal do júri, com a ausência de quesito obrigatório,


acarreta nulidade absoluta, nos termos do art. 564, inciso III, k, do Código de Processo Penal,
uma vez que causou prejuízo à deliberação do plenário. Isso porque, os jurados foram
impedidos de votar sobre a autoria.

Note-se que a resposta negativa quanto ao local do crime - entendido como aspecto da
materialidade do delito pelas instâncias ordinárias - acarretou a absolvição dos
pronunciados, sem que os jurados respondessem quanto à autoria do crime nem tampouco
quanto à absolvição propriamente dita. Não se trata, assim, de mera inversão da ordem de
quesitação, mas, sim, da ausência de quesitos obrigatórios. Nessa linha, a Súmula n. 156, STF,
orienta que "é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório".

Por fim, ressalte-se que, no caso, a ausência de registro em ata da nulidade pela acusação
não convalida o vício do procedimento, porquanto este evidentemente atingiu a ordem
pública e usurpou a competência constitucional do Tribunal do Júri. Em tal circunstância, a
discussão quanto à preclusão e eventual nulidade de algibeira é superada, conforme a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

Processo: AgRg no AREsp 1.668.151-PR77, Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma,
por unanimidade, julgado em 12/11/2024, DJe 19/11/2024.

Comentários do CAO-CRIM

Ao contrário do sistema americano, onde os jurados respondem a única indagação (guilty or


not guilty), o júri brasileiro adotou o sistema francês, onde a decisão é tomada por maioria
de votos, a partir da formulação de quesitos que são respondidos pelos jurados. Curioso que,
a partir da reforma do júri, de 2008, o art. 483, § 2º, passou a prever um quesito único e
obrigatório, formulado em uma proposição direta e objetiva, no sentido de que “o jurado
absolve o acusado?” Nesse aspecto, embora ainda prevalecendo o sistema francês, é
possível se afirmar que algo do sistema americano foi incorporado entre nós.

77https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?num_processo=AREsp1668151
Feitas tais anotações, parece claro que, em um procedimento do júri, a elaboração dos
quesitos e suas respectivas respostas seja mesmo obrigatória. Lembre-se que a Súmula 156
do STF, é enfática ao afirmar que “é absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de
quesito obrigatório”.

O quesito referente à absolvição é obrigatório, devendo ser elaborado mesmo quando a


defesa se limite a negar a autoria ou a participação do acusado nos fatos narrados na
denúncia.

Sem embargo disso por vezes são detectados quesitos formulados de forma errônea ou
mesmo a omissão de um quesito obrigatório, a fulminar de nulidade o feito. E a nulidade é
absoluta, não sujeita a preclusão.

Direito Penal

1. Tema: Sonegação fiscal. Ato administrativo que majora o valor mínimo de cobrança do
tributo. Irretroatividade. Princípio da insignificância. Não incidência.

Informativo 834- STJ

A retroatividade de ato administrativo que majora o valor mínimo para execução fiscal não
se aplica em benefício do réu, para fins de incidência do princípio da insignificância, pois não
se trata de norma penal mais benéfica.

Informações do Inteiro Teor

Cinge-se a controvérsia a definir se o ato administrativo que majora o parâmetro para


execução fiscal pode retroagir em benefício do réu.

Quanto à atipicidade material da conduta, sabe-se que "Incide o princípio da insignificância


aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não
ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n.
10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério
da Fazenda" (REsp 1.709.029-MG, Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, DJe
4/4/2018. Tema Repetitivo 157).

Contudo, em se tratando de supressão de tributo estadual, esta corte já firmou


entendimento no sentido de que "Ainda que a incidência do princípio da insignificância aos
crimes tributários federais e de descaminho, quando o débito tributário verificado não
ultrapassar o limite de R$ 20.000,00, tenha aplicação somente aos tributos de competência
da União, à luz das Portarias n. 75/2012 e n. 130/2012 do Ministério da Fazenda, parece-me
encontrar amparo legal a tese da defesa quanto à possibilidade de aplicação do mesmo
raciocínio ao tributo estadual, especialmente porque no Estado de São Paulo vige a Lei
Estadual n. 14.272/2010, que prevê hipótese de inexigibilidade de execução fiscal para
débitos que não ultrapassem 600 (seiscentas) Unidades Fiscais do Estado de São Paulo -
UFESPs, podendo-se admitir a utilização de tal parâmetro para fins de insignificância" (HC
535.063 SP, Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, DJe 25/8/2020)" (AgRg no REsp
1.995.766-SP, Ministro Jesuíno Rissato, Desembargador convocado do TJDFT, Sexta Turma,
DJe 17/8/2023).

Ou seja, considerando a fundamentação que levou à conclusão firmada no Tema Repetitivo


157, esta corte tem procurado distinguir as hipóteses julgadas a partir do tributo a cuja
supressão se afirma ocorrida.

Diante disso, andou em sentido contrário à jurisprudência desta corte o Tribunal de origem
ao afirmar que "Portanto, não há como manter a decisão sob o fundamento de que 'se uma
dívida tributária inferior a R$ 50.000,00 não justifica deflagrar uma cobrança judicial, é
forçoso reconhecer que também não justifica uma punição criminal ao agente devedor',
porque o Estado não abriu mão da dívida e, sim, promoveu uma alocação mais eficiente de
seus modelos de cobrança".

Contudo, alinha-se ao entendimento firmado nesta corte o que sustentado pela sentença de
origem, no sentido de que "Ao tempo dos fatos [...], a Procuradoria-Geral do Estado estava
dispensada de ajuizar execução fiscal de montante que não excedesse à quantia de
R$ 20.000,00 - redação dada pelo art. 35 da Lei n. 17.427/2017, vigente de 29/12/17 a
19/7/21".

Efetivamente, não há de se falar em retroatividade em benefício do réu da Portaria GAB/PGE


n. 58/2021, na medida em que "não é esta equiparada a lei penal, em sentido estrito, que
pudesse, sob tal natureza, reclamar a retroatividade benéfica, conforme disposto no art. 2º,
parágrafo único, do CPP" (AgRg no REsp 1.496.129-RS, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta
Turma, DJe de 13/5/2015).

Desse modo, a retroatividade benéfica do ato administrativo que majorou o valor mínimo
para execução fiscal não se aplica, uma vez que tal ato não se equipara a uma lei penal em
sentido estrito, conforme disposto no art. 2º, parágrafo único, do Código Penal.

Processo: AgRg no HC 920.735-SC78, Rel. Ministra Daniela Teixeira, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 24/9/2024, DJe 27/9/2024.

Comentários do CAO-CRIM

A questão trazida parte da adoção do parâmetro estabelecido (por lei ou ato normativo do
Executivo) para dispensa de execuções fiscais pela Procuradoria da Fazenda Pública credora
como critério de balizamento da significância penal da redução ou supressão tributária

78https://processo.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=((AGRHC.clas.+ou+"AgRg+no+HC".clap.)+e+%4

0num%3D"920735")+ou+((AGRHC+ou+"AgRg+no+HC")+adj+"920735").suce.
(posição consolidada no STJ sob o Tema 157 – "Incide o princípio da insignificância aos
crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não
ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n.
10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério
da Fazenda." (REsp 1709029 / MG, RELATOR Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA
SEÇÃO, DATA DO JULGAMENTO 28/02/2018 DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE DJe 04/04/2018.).
Esse entendimento foi estendido aos crimes tributários contra os estados (Terceira Seção, HC
n. 535.063/SP), condicionado, porém, à existência de norma do ente competente no sentido
da dispensa da execução fiscal até certo montante de valor da dívida tributária (HC
480.916/SP).

Com isso estabelecido, a Defesa buscou sustentar que o montante a se levar em conta seria
o previsto na legislação (lei ou ato normativo do Executivo do ente tributante) do tempo da
propositura da ação penal ou do julgamento.

Mas o STJ aplicou o entendimento de que o critério quantitativo a ser tomado para balizar a
significância penal da conduta de redução ou supressão de tributo é aquele estabelecido
pelo titular do crédito tributário ao tempo do crime (no caso, o momento da ação
fraudulenta supressiva ou redutora do tributo) e não o montante (eventualmente maior)
previsto e vigente ao tempo do oferecimento da denúncia ou do julgamento do caso.

Era o entendimento já consagrado no AgRg no REsp 1.496.129.

Em suma, a tese estabelecida é: A retroatividade de ato administrativo que majorou o


valor mínimo para execução fiscal não se aplica em benefício do réu, pois não se trata de
norma penal mais benéfica.

O raciocínio explicitado foi o de que essa norma do ente tributante tem natureza de política
administrativo-fiscal, movida por interesses estatais conectados à conveniência, à
economicidade e à eficiência administrativas. Logo, não sendo norma penal, não teria
capacidade retroativa em favor do réu.

Mas, mesmo partindo da compreensão de que se trataria de uma espécie de norma penal
em branco, porque, segundo a jurisprudência do STF e do STJ, cuida-se da baliza da
tipicidade material dos casos de redução e supressão tributária, ainda seria possível
desenvolver outro fundamento pela irretroatividade.

É que, nesse caso, embora se pudesse admitir sua natureza penal (como complemento da
norma penal principal), sua natureza seria evidentemente de norma excepcional ou
temporária, visto que destinada à atualização corrigida de valores ditados pela renovação
dos cálculos atuariais que levam o Fisco a concluir pelo piso que justifica (por
economicidade) movimentar a estrutura da Procuradoria e a máquina Judiciária, algo muito
semelhante ao exemplo doutrinário das tabelas de preços da época da superinflação, que se
alteravam com frequência, mas que não retroagiam para afastar a tipicidade dos crimes
contra as relações de consumo e a economia popular, precisamente pela natureza
excepcional ou temporária (art. 3º do CP).

Último ponto, e de relevo. No RHC 106210/CE, RELATOR Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, DATA DO JULGAMENTO 06/08/2019, DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE DJe 13/08/2019,
ficou estabelecido o valor a ser tomado como referencial para verificação da tipicidade
material do crime tributário: “(...)para verificar a insignificância da conduta, o valor do
crédito tributário objeto do crime tributário material é aquele apurado originalmente no
procedimento de lançamento, não sendo possível o acréscimo de juros e correção
monetária para aferição do valor.” Logo, vale o valor do tributo reduzido ou suprimido e o
valor da multa correspondente; compara-se esse total com o valor paradigma estabelecido
na norma do ente para dispensa de execução fiscal ao tempo do crime (tempo da ação).

2.Tema: Porte de Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) falso. Não


apresentação pelo condutor no momento da abordagem. Crime de uso de documento
falso. Não ocorrência. Atipicidade. Princípio da legalidade. Incidência.

Informativo 834- STJ

O mero porte de CRLV falsificada na condução de veículo automotor, sem a apresentação


pelo condutor no momento da abordagem, não tipifica o crime de uso de documento falso,
previsto no art. 304 do Código Penal.

Informações do Inteiro Teor

Cinge-se a controvérsia em definir se, em razão da obrigatoriedade do porte de Certificado


de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) - estabelecida no art. 133 do CTB -, é típica a
conduta de conduzir veículo na posse de CRLV falso, ainda que não tenha sido apresentando
pelo condutor quando da abordagem por agente público.

Conforme o art. 304 do CP, apenas a ação do agente que deliberadamente utiliza de
documento falso é apta a caracterizar o tipo penal em referência.

Sobre o tema, a jurisprudência desta Corte já se manifestou no sentido de que "A simples
posse de documento falso não basta à caracterização do delito previsto no art. 304 do
Código Penal, sendo necessária sua utilização visando atingir efeitos jurídicos. O fato de ter
consigo documento falso não é o mesmo que fazer uso deste" (REsp 256.181/SP, Ministro
Felix Fischer, Quinta Turma, DJ de 1º/4/2002).

Com efeito, em observância ao princípio da legalidade (art. 1º do CP) é vedada ampliação do


tipo penal, de modo a contemplar verbo ou conduta não elencada na norma penal, sendo
certo que a previsão contida no art. 133 do Código de Trânsito Brasileiro - no sentido da
obrigatoriedade do porte de Certificado de Licenciamento Anual - consubstancia norma de
índole administrativa, inapta a alterar o tipo penal em referência, providência que
dependeria do advento de norma penal em sentido estrito.

A adoção de interpretação em sentido contrário, além de violar o princípio da legalidade,


também vulneraria o princípio da ofensividade, pois o mero porte de documento falso, sem
dolo de uso, não ofende o bem jurídico tutelado pela norma penal (fé pública) nem mesmo
remotamente.

Processo: REsp 2.175.887-GO79, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por
unanimidade, julgado em 12/11/2024.

Comentários do CAO-CRIM

O tema é polêmico.

Com efeito, no caso, o parecer do Ministério Público Federal ponderava: “(...). CRIME DE
USO DE DOCUMENTO FALSO. ARTIGO 304 DO CP. FALSICAÇÃO DE DOCUMENTO DE PORTE
OBRIGATÓRIO. CONSUMAÇÃO PERFECTIBILIZADA COM O MERO ATO DE CONDUZIR CONSIGO
O DOCUMENTO FALSIFICADO. (...). 3. Hipótese em que a parte agravada foi absolvida pelo
crime de uso de documento falso, ao fundamento de que, "para a perfectibilização do delito
tipificado no artigo 304 do Código Penal, 'é indispensável a utilização efetiva do documento
falso, sendo insuficiente a simples alusão'" (fl. 677). 4. Em verdade, para a consumação do
crime descrito no artigo 304 do Código Penal - quando se tratar de documento cujo porte
seja obrigatório por força de determinação legal - é despiciendo que o agente apresente, por
vontade própria ou mediante requisição de autoridade pública, o documento falsificado,
bastando, para tal, que o indivíduo esteja conduzindo consigo o aludido documento na
ocasião da abordagem, o que se entende pela expressão "fazer uso" descrita no caput do
referido dispositivo. 5. Manifestação do Ministério Público Federal pelo conhecimento do
presente agravo e, quanto ao mérito, pelo seu provimento, para que seja conhecido e
provido o recurso especial.”

A 6ª Turma entendeu de forma diversa. A decisão encontra respaldo em alguns precedentes,


além daquele REsp 256.181 já invocado: HC n. 145.500/RS, relator Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Quinta Turma, julgado em 1/12/2011, DJe de 19/12/2011; CC n. 148.592/RJ, relator
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira Seção, julgado em 8/2/2017, DJe de
13/2/2017 – caso peculiar, em que o agente negou ter CNH consigo, mas o policial acabou
por encontrar o documento na carteira dele, e era um documento falso; AgRg no HC n.
832.197/SP, relator Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, julgado em 18/12/2023,
DJe de 20/12/2023, referente a RG falsificado que estaria com o agente mas não teria sido
apresentado aos policiais da abordagem; no STF, Ext 1183 – negou-se tipicidade à conduta
de apenas manter em casa um passaporte diplomático falso que acabou apreendido em
diligência policial antes de qualquer uso).

79https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre='202200918357'.REG.
No entanto, contraria jurisprudência da mesma Casa e parece criticável à luz da dogmática.

Este julgado sinaliza como pode ter ocorrido uma aparente leitura equivocada da doutrina:

(...). USO DE DOCUMENTO FALSO. PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO QUANTO AO DELITO DO ART.


304 DO CP. UTILIZAÇÃO DE CARTEIRAS DE IDENTIDADE FALSAS RECONHECIDO. (...). 3.
Conforme a lição de Cleber Masson, no tocante ao delito do art. 304 do CP, "é
imprescindível a efetiva utilização do documento para o fim a que se destina, judicial ou
extrajudicialmente, não bastando seu porte ou a simples posse, pois a lei não contempla
os verbos 'portar' e 'possuir'" (MASSON, Cleber, Direito Penal Esquematizado, vol. 3, 5ª
edição, São Paulo: Método, 2015, pág. 304). 4. No caso, os pacientes foram presos em
flagrante enquanto aguardavam o embarque em um vôo para São Paulo no Aeroporto de
Teresina/PI, depois de terem utilizado carteiras de identidade falsas no "check in", o que
terminou por frustrar a tentativa de fuga dos réus após a prática do crime de roubo
triplamente majorado perpetrado contra a agência da Caixa Econômica do Município de
Bacabal/MA, não se cogitando a atipicidade das condutas, porquanto restou reconhecido
o efetivo uso dos documentos falsos. (...) (HC n. 417.179/MA, relator Ministro Ribeiro
Dantas, Quinta Turma, julgado em 2/8/2018, DJe de 15/8/2018.).

O Prof. C. Masson aponta que o simples portar ou possuir não são bastantes a aperfeiçoar a
tipicidade do art. 304 do CP porque a lei não contempla os verbos ‘portar’ e ‘possuir’. Pois é.
Só que a lei também não prevê – assim escritos – os verbos “mostrar”, “ostentar”,
“apresentar”, “exibir”, “lançar mão de”... A lei usa o verbo mais genérico: usar, ou, mais
genericamente ainda, ‘fazer uso’. Quando o documento destina-se à identificação do agente,
somente ao ser usado para isso se tem o efetivo fazer uso juridicamente relevante. Aí o foco
da lição. Simples assim.

Só que, se a destinação própria do documento é outra (ser portado por quem conduz um
automóvel para pronta fiscalização pelos órgãos próprios em abordagens de rotina e em
eventuais sinistros, visto que se trata de uma atividade submetida a peculiares meios de
controle institucional – como é exatamente o caso da CNH do condutor e do CRLV do
veículo), então o verbo que revela a relevância jurídica do fazer uso tem de ser outro,
obviamente.

A questão objetiva é: o tipo penal do art. 304 do Código Penal tem como conduta nuclear o
verbo usar. Quando, por exigência administrativa ou legal (como, no caso, por imposição
expressa do CTB, que estabelece a obrigatoriedade do porte do documento a todo
condutor), o indivíduo deva portar determinado documento durante a prática de certo tipo
de atividade especialmente regulamentada (como, no caso, a condução de veículo
automotor em vias públicas), é mais do que óbvio que o simples portar já aperfeiçoa o
núcleo típico usar, porque o uso é precisamente o porte. Aliás, esse documento só existe
para ser portado com o veículo quando em trânsito; se fosse o documento de venda, então
se poderia considerar que seu uso somente se configuraria quando ostentado ou
apresentado em meio a uma negociação de alienação do automóvel.

Mas aqui, insiste-se, trata-se de documento cujo uso imposto por lei é justa e exatamente
seu porte. Logo, quem porta está a usar. E, sendo falso o documento, está a usar documento
falso.

A negativa do dolo em tal hipótese causa espécie. É que o dolo é a vontade de praticar o fato
típico. O agente está na condução do veículo e porta consigo, no interior do auto, um
documento de porte obrigatório, documento este que é falso. O dolo – a vontade de portar
(usar) – de usar o documento falso é gritante e evidente demais para ter de ser debatido.
Mas chegou a ser negado no caso, o que realmente gera perplexidade.

A questão parece ter sido apurada de forma judiciosa e dogmaticamente impecável pela
pena brilhante do então Min. Assis Toledo no início do funcionamento do STJ:

PENAL. USO DE DOCUMENTO FALSO (ART. 304). CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO


FALSIFICADA APREENDIDA EM PODER DE MOTORISTA DIRIGINDO VEICULO. O CRIME DE USO
DE DOCUMENTO FALSO DEPENDE, PARA SUA CONSUMAÇÃO, DA FORMA CORRENTE DE
UTILIZAÇÃO DE CADA DOCUMENTO. EXIGINDO O CODIGO NACIONAL DE TRANSITO QUE O
MOTORISTA ''PORTE'' A CARTEIRA DE HABILITAÇÃO E A EXIBA QUANDO SOLICITADO,
PORTAR A CARTEIRA PARA DIRIGIR E UMA DAS MODALIDADES DE USO DESSE
DOCUMENTO. SE A CARTEIRA E FALSA, O CRIME DO ART. 304 DO CP SE CONFIGURA AINDA
QUE A EXIBIÇÃO DO DOCUMENTO DECORRA DE EXIGÊNCIA DA AUTORIDADE POLICIAL.
RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO PARA RESTABELECER A SENTENÇA
CONDENATORIA DE PRIMEIRA INSTANCIA. (REsp n. 606/SP, relator Ministro Assis Toledo,
Quinta Turma, julgado em 6/11/1989, DJ de 4/12/1989, p. 17887.). (destacamos)

Esse raciocínio precioso foi reproduzido novamente no REsp n. 63.370/SP, relator Ministro
Assis Toledo, Quinta Turma, julgado em 14/5/1996, DJ de 17/6/1996, p. 21501.

E, por outra relatoria, com explicação clara que tal:

PENAL. USO DE DOCUMENTO FALSO. PRATICA O CRIME DE USO DE DOCUMENTO FALSO O


MOTORISTA DE AUTOMÓVEL QUE, AO SER ABORDADO POR PATRULHEIROS RODOVIÁRIOS,
EXIBE-LHES CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO FALSA, QUE COMPRARA DE TERCEIRO.
PARA A CONFIGURAÇÃO DO DELITO É INDIFERENTE QUE O DOCUMENTO FALSO SAIA DA
ESFERA DO AGENTE POR INICIATIVA DELE PRÓPRIO OU POR EXIGÊNCIA DA AUTORIDADE,
POR QUE O CRIME SE TIPIFICA SE O DOCUMENTO FALSO FOR EMPREGADO EM SUA
ESPECÍFICA DESTINAÇÃO PROBATÓRIA, COMO EVIDÊNCIA DOS FATOS JURIDICAMENTE
RELEVANTES A QUE SEU CONTEÚDO SE REFERE, FAZENDO-O PASSAR POR AUTÊNTICO OU
VERÍDICO. RECURSO PROVIDO. (REsp n. 1.334/SP, relator Ministro Carlos Thibau, Sexta
Turma, julgado em 5/6/1990, DJ de 6/8/1990, p. 7352.) (destacamos; o trecho em destaque
é da doutrina de Heleno Fragoso, Lições, Parte Especial, 2ª ed., 4º vol., página 1.036; o
acórdão ainda aponta que Hungria e Magalhães Noronha seguiam aquele entendimento).

Já antiga a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no mesmo sentido (construída no


debate sobre se haveria ou não tipicidade na conduta de apresentar o documento falso
apenas quando solicitado e não de forma espontânea, mas com o fundamento de que a
tipicidade não depende da ação sponte propria de exibição da cártula forjada, senão que à
tipicidade do uso basta já a ter consigo para o fim a que normal ou legalmente se destina):

CRIMINAL. USO DE DOCUMENTO FALSO. CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO


ADQUIRIDA SEM PRESTAÇÃO DOS EXAMES NECESSARIOS E COM ASSINATURA FALSA.
IRRECUSAVEL O DOLO GENERICO, NÃO SENDO ACEITAVEL A ESCUSA DE QUE O DESVIO DOS
AGENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA EXPEDIÇÃO DE CARTEIRAS DE HABILITAÇÃO
FALSAS DA MARGEM A QUE SE TENHA COMO VERDADEIRAS AS CARTEIRAS ADQUIRIDAS
SEM O ATENDIMENTO DAS EXIGENCIAS LEGAIS. O FATO DE PORTAR O DOCUMENTO, PARA
DIRIGIR O VEÍCULO, IMPORTA SEM USO, POIS SÓ COM ELE ESTA O MOTORISTA
AUTORIZADO A DIRIGIR. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (RE 117810, Órgão julgador:
Segunda Turma, Relator(a): Min. CARLOS MADEIRA, Julgamento: 28/02/1989, Publicação:
31/03/1989) (destacamos);

I. Sentença: fundamentação: não e omissa a sentença que explicita as premissas de fato e de


direito da decisão e, ao fazê-lo, afirma tese jurídica contrária à aventada pela parte, ainda
que não o mencione. II. Uso de documento falso (C.Pen., art. 304): não o descaracterizam
nem o fato de a exibição de cédula de identidade e de carteira de habilitação terem sido
exibidas ao policial por exigência deste e não por iniciativa do agente - pois essa e a forma
normal de utilização de tais documentos -, nem a de, com a exibição, pretender-se inculcar
falsa identidade, dado o art. 307 C. Pen. e um tipo subsidiário. (HC 70179, Órgão julgador:
Primeira Turma, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Julgamento: 01/03/1994,
Publicação: 24/06/1994); (destacamos)

"Habeas Corpus". Crime de uso de documento falso (carta de habilitação para dirigir veículo
motorizado) (art. 304 do Código Penal). 1. Se o motorista, abordado por agente da
autoridade, exibe carta de habilitação para dirigir veículo motorizado, que sabe falsificada,
incide na pratica de crime de uso de documento falso (art. 304 do Código Penal). 2. Não se
caracterizando constrangimento criminal, na sentença condenatória e nos acórdãos que a
mantiveram, diante dos fatos, que consideraram provados, e não se podendo, no âmbito
estreito do "habeas corpus" reinterpretar, aprofundadamente, tais provas, e de se denegar a
ordem impetrada. "Habeas Corpus" indeferido. (HC 70512, Órgão julgador: Primeira Turma,
Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Julgamento: 17/08/1993, Publicação: 24/09/1993) – na
mesma linha, HC 103313.

Esse entendimento superior foi invocado e citado no próprio STJ diversas vezes (HC n.
185.219/SC, relatora Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 21/6/2012, DJe de
28/6/2012; HC n. 240.201/SP, relatora Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em
25/3/2014, DJe de 31/3/2014).

Enfim, espera-se que o entendimento tomado no julgado objeto deste comentário não se
consolide sem um debate mais aprofundado, em contraditório com as relevantes
considerações da jurisprudência oposta acima apontada.

Núcleo de Execuções Criminais

1.Tema: Execução penal. Frações de cumprimento de pena necessárias para progressão de


regime. Reincidência. Condição pessoal que se estende sobre a totalidade das penas
executadas de mesma natureza.

Informativo 834- STJ

Com as alterações promovidas pela Lei n. 13.964/2019, a reincidência somente atingirá


delitos da mesma natureza, diferenciando-se entre delitos comuns (cometidos com ou sem
violência) e hediondos ou equiparado (com ou sem resultado morte).

Informações do Inteiro Teor

A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp 1.738.968/MG, de relatoria da


Ministra Laurita Vaz, DJe 17/12/2019, estabeleceu que a intangibilidade da sentença penal
condenatória transitada em julgado não retira do Juízo das Execuções Penais o dever de
adequar o cumprimento da sanção penal às condições pessoais do réu.

Ademais, o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de que "a reincidência


consiste em condição pessoal, relacionando-se, portanto, à pessoa do condenado e não às
suas condenações individualmente consideradas. Como tal, a reincidência deve segui-lo
durante toda a execução penal, não havendo falar, sequer, em ofensa aos limites da coisa
julgada, quando não constatada pelo Juízo que prolatou a sentença condenatória, mas
reconhecida pelo Juízo executório" (AgRg no HC 711.428/SC, Min. Ribeiro Dantas, Quinta
Turma, DJe 14/6/2022).

O Tribunal de origem não destoou do entendimento desta Corte Superior, uma vez que, na
unificação das penas, a condição de reincidente configurada na condenação posterior, deve
ser levada em conta na integralidade dos feitos em execução, aplicando-se fração única,
inclusive na primeira condenação quando o réu ainda ostentava a condição de primário.
Por fim, na linha das alterações promovidas pela Lei n. 13.964/2019, a reincidência somente
atingirá delitos da mesma natureza, diferenciando-se entre delitos comuns (cometidos com
ou sem violência) e hediondos ou equiparados (com ou sem resultado morte).

Processo: AgRg no HC 904.095-SP80, Rel. Ministro Otávio de Almeida Toledo (Desembargador


convocado do TJSP), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 9/9/2024, DJe 11/9/2024.

Núcleo de Gênero

1. Tema: Lei nº 15.035, de 27 de novembro de 2024

Altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para permitir a


consulta pública do nome completo e do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF) das pessoas condenadas por crimes contra a dignidade sexual, garantido o sigilo do
processo e das informações relativas à vítima, e a Lei nº 14.069, de 1º de outubro de 2020,
para determinar a criação do Cadastro Nacional de Pedófilos e Predadores Sexuais.

Art. 1º O art. 234-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 194081 (Código Penal),


passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 1º, 2º e 3º:

“Art. 234-B ......................................................................................

§ 1º82 O sistema de consulta processual tornará de acesso público o nome completo do réu,
seu número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e a tipificação penal do fato a
partir da condenação em primeira instância pelos crimes tipificados nos arts. 213, 216-B,
217-A, 218-B, 227, 228, 229 e 230 deste Código, inclusive com os dados da pena ou da
medida de segurança imposta, ressalvada a possibilidade de o juiz fundamentadamente
determinar a manutenção do sigilo.

§ 2º Caso o réu seja absolvido em grau recursal, será restabelecido o sigilo sobre as
informações a que se refere o § 1º deste artigo.

§ 3º O réu condenado passará a ser monitorado por dispositivo eletrônico.” (NR)

80https://processo.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=((AGRHC.clas.+ou+"AgRg+no+HC".clap.)+e+%4

0num%3D"904095")+ou+((AGRHC+ou+"AgRg+no+HC")+adj+"904095").suce.
81https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
82https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art234b§1
Art. 2º A Lei nº 14.069, de 1º de outubro de 2020,83 passa a vigorar acrescida do seguinte art.
2º-A:

“Art. 2º-A.84 É determinada a criação do Cadastro Nacional de Pedófilos e Predadores


Sexuais, sistema desenvolvido a partir dos dados constantes do Cadastro Nacional de
Pessoas Condenadas por Crime de Estupro, que permitirá a consulta pública do nome
completo e do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) das pessoas
condenadas por esse crime.

Parágrafo único. (VETADO).”

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Clique aqui85 para ter acesso

Decisões do setor do art. 28 CPP

1.Tema: Divergência sobre o enquadramento típico dos fatos, com reflexo na atribuição
funcional

CONFLITO NEGATIVO DE ATRIBUIÇÃO

Autos n.º xxxxxxx-17.2021.8.26.xxxx - Juízo da Xª Vara Criminal do Foro Regional II/Santo


Amaro (Comarca da Capital)

Suscitante: Promotora de Justiça oficiante na Xª Vara Criminal do Foro Regional II/Santo


Amaro (Comarca da Capital)

Suscitada: Promotora de Justiça oficiante no DIPO xx/Seção.... do Foro Central Criminal da


Barra Funda (Comarca da Capital)

Assunto: divergência sobre o enquadramento típico dos fatos, com reflexo na atribuição
funcional

83https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14069.htm
84https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14069.htm#art2a
85https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/l15035.htm
Trata-se de inquérito policial instaurado por meio de auto de prisão em flagrante de A..... em
razão da prática do crime de importunação sexual (CP, art. 215-A) praticado em desfavor de
M....., supostamente ocorrido na noite do dia 11 de fevereiro de 2021, no interior da Estação
Santo Amaro da CPTM, nesta Capital (cf. boletim de ocorrência de fls. 16/19).

Consta, em suma, que A... e M..... se encontravam na plataforma da Estação Santo Amaro do
Metrô, ocasião em que o investigado posicionou seu celular a fim de gravar suas partes
íntimas por debaixo de seu vestido.

Ocorre que a ação criminosa foi notada por um vigilante que estava na plataforma. A... foi,
então, abordado e confirmou a prática do delito. Na ocasião, pediu perdão e alegou que era
“doente”.

Ao ser formalmente interrogado, porém, o investigado permaneceu em silêncio (fls. 06).

Relatado o feito (fls. 58/60), a Douta Promotora de Justiça oficiante no DIPOx/Seção... do


Foro Central Criminal da Barra Funda requereu a realização de diligências (fls. 63). Foram
juntados os laudos periciais de fls. 135/136 e 144/145 e os documentos de fls. 86/109.

Após, a i. representante do Parquet, entendendo que os fatos melhor se amoldam ao tipo


penal previsto no art. 216-B, do Código Penal, requereu a remessa dos autos ao JECRIM,
tendo em vista tratar-se de infração de menor potencial ofensivo (fls. 148), o que foi
acolhido pelo MM. Juiz (fls. 150).

A nobre Promotora de Justiça recipiente, oficiante na Xª Vara Criminal do Foro Regional


II/Santo Amaro insistiu na realização de diligências (fls. 154/155), culminando com a juntada
do laudo pericial de fls. 165/175.

Após, discordou da remessa dos autos e suscitou o presente conflito de atribuição (fls.
179/183).

Ponderou, em suma, que os fatos se amoldam ao crime de importunação sexual, previsto no


art. 215-A, do Código Penal. Fundamentou que o crime em tela independe do toque físico,
bastando a prática de ato libidinoso sem anuência e com intuito de satisfazer a própria
lascívia.

Consignou que a vítima fotografada não se encontrava nua ou em ato de caráter libidinoso;
apenas aguardava a chegada do trem à Estação de forma cotidiana, não havendo razão para
se enquadrar a conduta no art. 216-B, do Código Penal.

Destacou, ainda, que os fatos se amoldam à prática de upskirting, que consiste na conduta
de fotografar as partes íntimas da vítima sem seu consentimento por baixo de sua saia ou
vestido, a fim de satisfazer a lascívia própria ou alheia.

Vieram, então, os autos a esta Procuradoria-Geral de Justiça para resolução do impasse (fls.
185).
É o relato do necessário.

A remessa se fundamenta no art. 115 da Lei Complementar Estadual no. 734/93,


encontrando-se configurado o incidente supramencionado entre promotores de justiça.

Como destaca HUGO NIGRO MAZZILLI, tal incidente tem lugar quando o membro do
Ministério Público nega a própria atribuição funcional e a atribui a outro, que já a tenha
recusado (conflito negativo), ou quando dois ou mais deles manifestam, simultaneamente,
atos que importem a afirmação das próprias atribuições, em exclusão às de outros membros
(conflito positivo).

Considere-se, outrossim, que em semelhantes situações o Procurador-Geral de Justiça não


se converte no promotor natural do caso; assim, que não lhe cumpre determinar qual a
providência a ser adotada (oferecimento de denúncia, pedido de arquivamento ou
complementação de diligências), devendo tão somente dirimir o conflito para estabelecer a
quem incumbe oficiar nos autos.

Pois bem.

Assiste razão a Douta Suscitada, com a devida vênia da Ilustre Suscitante.

Inicialmente, convém notar que a controvérsia estabelecida no feito em testilha reside em


definir qual o tipo penal aperfeiçoado no caso concreto, se aquele previsto no art. 216-B ou
no art. 215-A, ambos do Código Penal.

Como já explicitado, segundo os elementos coligidos nos autos, o investigado se aproximou


da ofendida no interior da plataforma do metrô e posicionou seu aparelho celular de forma
a realizar o registro de imagens da vítima por debaixo de seu vestido.

Assim, evidente que o autor não externou o propósito de realizar atos libidinosos específicos
contra pessoa certa e determinada, como exige o delito de importunação sexual, descrito no
art. 215-A, do Código Penal, mas, sim, externou o fim de registrar ou filmar, por meio do
telefone celular, a nudez da vítima, consoante descrito no art. 216-B, caput, do Código Penal,
que assim prevê:

Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena
de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização dos
participantes:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem realiza montagem em fotografia, vídeo,
áudio ou qualquer outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo.
O crime em questão foi introduzido no Código Penal pela Lei n. 13.772/2018, visando
resguardar a dignidade sexual, mais especificamente a intimidade sexual do ser humano,
assegurada pelo art. 5º, X, da Constituição Federal.

Ademais, o referido tipo penal não exige que a nudez da vítima seja completa para que fique
caracterizado o crime, sendo desnecessário, portanto, que o sujeito passivo não esteja
vestido com nenhuma peça de roupa.

Comentando o delito em análise, CLEBER MASSON destaca:

“O crime tipificado no art. 216-B do Código Penal destina-se a tutelar a intimidade sexual
de qualquer pessoa, independentemente do sexo e da orientação sexual. (...).

A conduta de produzir, fotografar, filmar, ou registrar, por qualquer meio, tem como alvo o
conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem
autorização dos participantes. A nudez pode ser total ou parcial (exemplo: fotografia
indevida dos seios de uma mulher).”

Cumpre, ainda, consignar que, no que tange à previsão contida no art. 241-E, do ECA, o STJ
já tem interpretado que a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” não se
restringe apenas às imagens em que a genitália de crianças e adolescentes esteja totalmente
desnuda (STJ. 6ª Turma. REsp 1.899.266/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, j. em 15/03/2022; No
mesmo sentido: 6ª Turma, REsp 1543267 / SC RECURSO ESPECIAL 2015/0169043-1, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, j. em 03/02/2015).

Há doutrinadores que defendem idêntica posição. Vejamos:

“(...) o artigo 241-E traz uma norma penal explicativa, que não incrimina condutas ou
determina a sua impunidade, mas, sim, procura aclarar o conteúdo dos tipos penais. No
dispositivo em questão, o legislador define o que se compreende pela expressão "cena de
sexo explícito ou pornográfica": qualquer situação que envolva criança ou adolescente em
atividades sexuais explícitas (visíveis), reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. A definição não é completa,
pois não abarca todas as situações de encenação que ensejam representação de pornografia
infanto-juvenil, necessitando de uma valoração cultural pelo intérprete, o que caracteriza
os novos tipos penais como abertos.” (CAMPANA, Eduardo Luiz Michelan. Estatuto da
Criança e do Adolescente Comentado. 11ª ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 1099)

A criança ou adolescente não precisa só estar nua, mas pode estar, p. ex com as vestes
íntimas. (...)” (ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: doutrina e
jurisprudência. 16ª ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 622-623).
Portanto, consoante tal entendimento, os crimes previstos nos arts. 240 e 241-B do ECA
podem restar configurados quando estiver clara a finalidade sexual e libidinosa de
fotografias produzidas e armazenadas pelo agente, com enfoque nos órgãos genitais de
criança e/ou adolescente, ainda que cobertos por peças de roupas, e de poses nitidamente
sensuais, em que explorada sua sexualidade com conotação obscena e pornográfica.

Por conseguinte, por interpretação sistemática do nosso ordenamento jurídico, o mesmo


entendimento pode ser aplicado ao tipo penal previsto no art. 216-B, do Código Penal, nos
casos de registro de nudez parcial e upskirting.

A interpretação mais adequada parece ser aquela que prestigia a maior amplitude e alcance
da proteção à intimidade sexual, para se evitar a proteção deficiente do bem jurídico
tutelado.

Patente, portanto, a caracterização do crime de registro não autorizado da intimidade


sexual, nada impedindo, por óbvio, que durante a instrução criminal a questão seja melhor
avaliada no que tange à tipificação dos fatos.

No mais, o delito do art. 216-B do CP tem pena máxima de 01 ano de detenção e se insere,
portanto, no conceito de infração de menor potencial ofensivo.

Ante o exposto, conhece-se do presente conflito para declarar que a atribuição para oficiar
nestes autos de inquérito policial cabe a Douta Suscitante, Promotora de Justiça oficiante
na Xª Vara Criminal do Foro Regional II/Santo Amaro (Comarca da Capital).

Para que não haja menoscabo à sua independência funcional, dada a diversa tipificação legal
efetuada, caso a subscritora da manifestação de fls. 179/183 ainda esteja em exercício no
cargo, designa-se, se necessário, outro membro ministerial para prosseguir no feito em seus
ulteriores termos, facultada a observação do disposto no art. 4-A da Resolução n.º 302
(PGJ/CSMP/CGMP), de 07 de janeiro de 2003, com redação dada pela Resolução n.º 488
(PGJ/CSMP/CGMP), de 27 de outubro de 2006.

Expeça-se portaria designando o substituto automático, se necessário.

São Paulo, 06 de novembro de 2024.

Paulo Sérgio de Oliveira e Costa

Procurador-Geral de Justiça

Equipe
Procurador-Geral de Justiça

Paulo Sérgio de Oliveira e Costa

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