LEGISLACAO01
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LEGISLACAO01
AULA 1
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1.1 Principais tragédias ambientais
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extensa área, causando a morte de dez mil pessoas e afetando 600 mil
trabalhadores (BARREIRA, 2007; LIMA et al., 2020).
No Brasil, na cidade de Goiânia, em 1987, aconteceu um acidente com o
composto radioativo Césio 137. Dois catadores de materiais recicláveis
encontraram um equipamento em um prédio abandonado, que costumava ser
uma clínica de radioterapia. Os catadores removeram a proteção de chumbo do
equipamento e liberaram o Césio 137, que chamou a atenção por sua luz azul
brilhante. Cerca de 250 pessoas foram contaminadas e quatro morreram
(CHAVES, 2007; BARREIRA, 2007). Esse acidente demonstra o quão grave
podem ser as consequências do abandono de resíduos perigosos por
empreendimentos que encerram suas atividades.
Existem ainda acidentes significativos envolvendo o derramamento de
petróleo, que de acordo com Barreira (2007) geravam as “marés negras” que
atingiam a costa dos países e matavam aves e outros animais do ecossistema.
O primeiro derramamento de grande repercussão aconteceu no Alasca, em
1989, em que foram derramados quarenta e três mil metros cúbicos de óleo cru
no mar. Em 2019, o Brasil registrou quatro vazamentos de óleo, sendo um no
Rio de Janeiro, com a liberação de 4.900 litros de óleo no mar. Outro ocorreu no
Espírito Santo, com o maior vazamento, de 260 mil litros de óleo. Aconteceram
ainda vazamentos nas cidades de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio e Campos
dos Goytacazes. Ainda, no ano de 2020, um oleoduto se rompeu na Baía de
Guanabara e liberou 1.300 metros cúbicos de óleo (EUZEBIO et al., 2019).
Infelizmente a lista de tragédias ambientais segue crescendo. Dois
acidentes envolvendo a mineração no Brasil ocorreram nos últimos anos. Em
2015, uma barragem de rejeitos da mineração se rompeu, na cidade de Mariana,
em Minas Gerais. Foram lançados 45 milhões de metros cúbicos de rejeitos,
matando dezenove pessoas e causando enorme destruição. A enxurrada de
rejeitos percorreu mais de 660 quilômetros do rio Doce atingindo até o litoral do
Espírito Santo, contaminando também a área costeira do mar (SILVA et al., 2020;
SARTI, 2021). Um retrato do acidente é apresentado na Figura 1.
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Figura 1 - Rio Doce, rio de lama em Minas Gerais, Brasil, desastre Mariana.
No ano de 2019, o estado de Minas Gerais foi mais uma vez atingido por
um grave acidente ambiental, desta vez ocorrido na cidade de Brumadinho. Este,
de acordo com Silva et al. (2020, p.21), “é considerado um dos maiores acidentes
de trabalho ampliado da indústria minerária brasileira”. Uma barragem de rejeitos
de minério de ferro se rompeu provocando a morte de 270 pessoas, sendo que
cinco ainda estão desaparecidas (PORTAL G1, 2022). Os rejeitos atingiram o
Córrego do Feijão e o rio Paraopeba afetando cerca de dezoito municípios,
causando impactos ambientais, socioeconômicos e na saúde (SILVA et al.,
2020).
1.2 Conferências e marcos ambientais
Previamente a realização das conferências, alguns acontecimentos
podem ser considerados marcos para a questão ambiental, como o lançamento
do livro “Primavera Silenciosa” por Rachel Carson, em 1962. O livro abordava a
questão da utilização de pesticidas e agrotóxicos e seus impactos no meio
ambiente e na saúde. Também na década de 60, surgiu o conceito do limite do
crescimento econômico, pelo chamado Clube de Roma, para evitar que os
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recursos naturais se esgotassem. No entanto, esta ideia não teve muitos adeptos
(BARREIRA, 2007; WATANABE, 2011).
A partir dos diversos acontecimentos, discussões e da percepção dos
problemas ambientais, a comunidade internacional reagiu e foi organizada a
primeira conferência para o meio ambiente denominada Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada pela Organização Mundial
das Nações Unidas (ONU), que convocou diversos países a participarem, no ano
de 1972, em Estocolmo, na Suécia (BARREIRA, 2007).
Esta primeira conferência foi muito relevante para a questão ambiental,
pois auxiliou no desenvolvimento da consciência ambiental da sociedade e dos
governantes. Foi estabelecido o dia 5 de junho como o Dia Mundial do Meio
Ambiente, e também foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, o PNUMA (BARREIRA, 2007; BRASIL, 2012).
Em 1983, foi criada a Comissão Mundial de Desenvolvimento e Meio
Ambiente, presidida pela médica Gro Harlem Brundtland, ficando a comissão
conhecida como Comissão Brundtland, que emitiu o relatório “Nosso Futuro
Comum” em 1987, no qual apareceu pela primeira vez o conceito do
desenvolvimento sustentável (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2020). De acordo
com o relatório, o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que supre
as necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras
gerações de suprirem as suas próprias necessidades (WORLD COMMISSION
ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT, 1987). Um conceito de extrema
importância para a questão ambiental e para a legislação.
A segunda conferência ocorreu 20 anos após a primeira e foi realizada no
Rio de Janeiro, no Brasil, sendo então chamada de Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da
Terra. A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento reuniu 172 países, dez mil jornalistas e representantes de
1.400 ONGs e auxiliou na consolidação do conceito do desenvolvimento
sustentável. Esta conferência teve diversos desdobramentos, como a instituição
da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a
Convenção da Diversidade Biológica, a Declaração de Princípios sobre
Florestas, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a
Convenção das Nações Unidas sobre Combate à Desertificação e a Agenda 21
(BRASIL, 2012).
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Foi chamada de Rio+10 ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável a conferência que aconteceu 10 anos após a Rio-92, realizada no
ano de 2002 em Johanesburgo, na África do Sul. Foram analisados os resultados
alcançados até então e discutidos novos caminhos. Foram destacados os
problemas da globalização e buscou-se obter um plano de ação global (DINIZ,
2002).
Vinte anos após a Rio-92, a conferência da ONU para o meio ambiente
volta a ocorrer no Brasil, e é então denominada de Rio+20. O objetivo desta
conferência foi renovar o compromisso com o desenvolvimento sustentável,
avaliando a evolução e as necessidades. Os temas principais abordados foram
“a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação
da pobreza” e a “estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”
(BRASIL, 2012). Além disso, foi decidido iniciar um processo para lançar os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ou “Sustainable Development Goals”,
que acabaram sendo lançados em 2015, como a Agenda 2030, a qual contém
17 objetivos e 169 metas a serem alcançadas até o ano de 2030. Os objetivos
são apresentados na Figura 2.
Crédito: Helen18255/Shutterstock.
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comprometimento com o meio ambiente, mesmo frente aos efeitos já
observados da degradação ambiental (GUIMARÃES e FONTOURA, 2012), é
importante que continuem acontecendo, para que os assuntos tão relevantes se
mantenham em pauta e se aprofundem as discussões.
A mais recente conferência aconteceu em 2022, e o encontro retornou a
cidade de Estocolmo, na Suécia, onde foi realizada a primeira conferência,
cinquenta anos atrás. Por isso, foi denominada de Estocolmo +50. O tema foi
“um planeta saudável para a prosperidade de todos e todas – nossa
responsabilidade, nossa oportunidade”. Os palestrantes reivindicaram um
compromisso real para solucionar as preocupações ambientais de maneira
urgente, buscando uma economia sustentável. Além disso, foram feitos pedidos
para que se acelere a implantação da Agenda 2030 (UNEP, 2022).
2.1 Conceitos
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De acordo com Barreira (2007), este princípio diz que o homem tem direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e que todos os outros princípios
derivam deste. Ele se originou na declaração de Estocolmo, da conferência de
1972 e foi reafirmado na Rio-92. Sirvinskas (2010) reforça que o meio ambiente
deve ser ecologicamente equilibrado para todas as formas de vida.
• Princípio do Desenvolvimento Sustentável
Este princípio teve origem no Relatório de Brundtland quando foi definido
o conceito do desenvolvimento sustentável e portanto, tem um alcance mundial.
Este princípio diz que o desenvolvimento econômico deve ser conciliado com as
questões sociais e ambientais, que o desenvolvimento não deve comprometer o
meio ambiente e que os recursos devem ser usados de forma racional
(BARREIRA, 2007; SIRVINSKAS, 2010).
• Princípio Democrático
O surgimento deste princípio está associado a Declaração de Estocolmo
e dá o direito ao cidadão de participar das políticas públicas ambientais por meio
de plebiscitos, referendos, iniciativa popular, direito de informação e petição,
ação civil pública, ação popular, entre outros (BARREIRA, 2007; SIRVINSKAS,
2010).
• Princípio da Precaução
Este princípio proíbe intervenções no meio ambiente cujas consequências
não sejam completamente conhecidas. Caso não exista certeza absoluta, ou
evidência científica das consequências, a decisão deve ser tomada em favor da
proteção ao meio ambiente (BARREIRA, 2007; CERUTI, 2010).
• Princípio da Prevenção
O princípio da prevenção é muito similar ao da precaução, mas a diferença
ocorre, de acordo com Ceruti (2010), pois neste caso os impactos ambientais já
são conhecidos. Segundo Barreira (2007) quando houver perigo comprovado,
utiliza-se a prevenção para eliminar o risco. Como exemplos, tem-se o processo
de licenciamento e os estudos ambientais exigidos para atividades
potencialmente poluidoras.
• Princípio da Responsabilidade
Este princípio pode ser entendido como a responsabilidade pelas ações
ou omissões que venham a prejudicar o meio ambiente, sendo submetido às
sanções cabíveis (CERUTI, 2010). Ou ainda, pode ser entendido conforme a
responsabilidade social, que tem sido exigida em instituições, empresas e
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projetos dos mais diversos tipos, que devem demonstrar sua responsabilidade
ambiental e sua política ecológica, até mesmo para conseguir financiamentos
(SIRVINSKAS, 2010).
• Princípios do Poluidor Pagador e Usuário Pagador
Basicamente, o princípio do poluidor pagador exige que quem poluiu terá
que pagar pela recuperação da poluição ou dano causado. De acordo com
Sirvinskas (2010), esse princípio se originou do documento da Eco-92, que dizia
que as vítimas de poluição ou os danos materiais devem ser indenizados. No
caso do usuário pagador, fica estabelecido que quem utiliza um determinado
recurso, deve pagar por ele, devido as condições de escassez dos recursos
naturais (BARREIRA, 2007; CERUTI, 2010).
• Princípio do Equilíbrio
Este princípio diz que todas as consequências de uma intervenção ao
meio ambiente devem ser analisadas e a análise sempre deve favorecer o meio
ambiente, ou seja “pender para o lado ambiental” (SIRVINSKAS, 2010).
• Princípio do Limite
De acordo com o princípio do limite, a administração pública deve fixar
parâmetros e estipular padrões e limites de qualidade ambiental do ar, da água,
dos ruídos entre outros, sendo que normalmente os limites seguem padrões
internacionais (SIRVINSKAS, 2010; CERUTI, 2010).
• Princípio do Não Retrocesso
Esse princípio é bastante relevante, pois ele impede que novas leis ou
atos que sejam criadas venham a desconstituir conquistas ambientais, ou seja,
não pode acontecer o retrocesso, não podem ser perdidas conquistas que
levaram tempo para serem alcançadas (GUIMARÃES FILHO, 2005).
A partir da análise dos princípios do direito ambiental expostos, pode-se
entender que todos eles são voltados para a proteção de qualquer espécie de
vida no planeta, contribuindo com uma qualidade de vida satisfatória para as
pessoas das gerações atuais e futuras (SIRVINSKAS, 2010).
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Inicialmente, apresenta-se uma análise tendo como base a lei da
biodiversidade. Epígrafe: “LEI Nº 13.123, DE 20 DE MAIO DE 2015”. Na
sequência, tem-se a ementa:
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tradicionais associados ao patrimônio genético do País, nos termos
desta Lei e do seu regulamento.
§ 2º O conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético de
que trata esta Lei integra o patrimônio cultural brasileiro e poderá ser
depositado em banco de dados, conforme dispuser o CGen ou
legislação específica.
§ 3º São formas de reconhecimento dos conhecimentos tradicionais
associados, entre outras:
I - publicações científicas
II - registros em cadastros ou bancos de dados; ou
III - inventários culturais.
A partir disso, fica facilitada a leitura e entendimento das leis e como elas
são apresentadas, já que os textos na maioria das vezes seguem essa estrutura
básica, havendo variações apenas na ordenação, leis mais longas apresentarão
mais de um capítulo ou títulos, com diversos artigos que dependendo da
complexidade, se dividirão em parágrafos, incisos, alíneas e itens, assim como
demonstrado.
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começam a surgir normas para moderar as atitudes humanas (BORGES;
REZENDE e PEREIRA, 2009).
Sendo assim, no Brasil, as primeiras normas relacionadas ao meio
ambiente surgiram há muito tempo atrás, em datas próximas ainda ao
descobrimento do país, pois de acordo com Borges, Rezende e Pereira (2009),
tais normas foram importadas de Portugal.
Com certeza as normas antigas eram muito diferentes das leis que
conhecemos hoje, tanto em questão de formato quanto em questão de conteúdo.
Porém, a legislação evoluiu e permanece em constante evolução, conforme
veremos nesta disciplina.
Inicialmente, tem-se que no período do descobrimento existiam as
ordenações Afonsinas, de Dom Afonso IV, que proibiam o corte de árvores
frutíferas, por exemplo. Existiram também as ordenações Manuelinas, na época
de 1521, que adicionam à proibição do corte das árvores, a proibição da caça
aos animais, como lebres e coelhos, causando-lhes dor, e também, o comércio
de abelhas sem a preservação das colmeias. E ainda, as ordenações Filipinas,
que proibiam que se jogassem materiais que pudessem contaminar peixes e
sujar rios e lagoas e proibiam a pesca em determinados locais, períodos ou
usando certos instrumentos (BARREIRA, 2007).
De acordo com Resende (2006), ainda em 1605 foi editado o “Regimento
do Pau Brasil” para limitar a exploração desta espécie em 600 toneladas ao ano,
a fim de manter os preços elevados na Europa. No entanto, foram criadas
também reservas a fim de preservar algumas árvores para a propriedade real.
De qualquer forma, relata-se que foi a primeira lei de proteção das florestas.
É importante lembrarmos que o Pau Brasil foi uma árvore muito importante
para economia e para a cultura do Brasil, inclusive foi a árvore que deu nome ao
nosso país e que atualmente se encontra ameaçada de extinção. Foi
considerada árvore nacional pela Lei nº 6.607/1978 (MACEDO et al., 2018). Uma
imagem desta importante espécie é apresentada na Figura 3.
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Figura 3 – Pau Brasil, árvore símbolo brasileira
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reservas legais das propriedades, assunto que será abordado mais à frente
(BORGES, REZENDE e PEREIRA, 2009).
Até esse período relatado, é possível perceber que a maioria das
iniciativas de proteção ao meio ambiente talvez fossem mascaradas nos
interesses de exploração e obtenção de lucros por meio dos recursos naturais,
pois não se tinha ainda uma consciência ambiental tão forte para a preservação.
No ano de 1916, foi promulgado então o Código Civil Brasileiro, que tinha
por objetivo resolver conflitos de vizinhança, mas trouxe várias normas com uma
visão um pouco mais ecológica, destacando-se o artigo 584 que proibia
construções que pudessem poluir ou inutilizar a água de poço ou outras fontes,
reconhecendo a importância da água (BARREIRA, 2007; FREIRIA, 2015).
Segundo Freiria (2015) após o Código Civil ter sido promulgado, no início
do século XX, é que a sociedade começa a desenvolver lentamente a
consciência de que os recursos não são inesgotáveis, e então surgem algumas
leis para proteção de bens ambientais como a água e a madeira, por exemplo.
Como primeiro exemplo dessa época, pode ser citado o Regulamento da
Saúde Pública, lançado em 1923, pelo Decreto nº 16.300/23. De maneira geral,
esse decreto tinha como objetivo impedir que as indústrias prejudicassem a
saúde dos moradores de sua vizinhança, promovendo um afastamento de
indústrias que causassem incômodos ou fossem nocivas (BARREIRA, 2007).
Alguns anos após, na década de 30, diversas leis foram lançadas, como
o primeiro Código Florestal, de 1934, pelo Decreto 23.793, o Regulamento da
Defesa Sanitária Vegetal, com o Decreto 24.114/1934, o primeiro Código das
Águas, pelo Decreto 24.643/1934, o Decreto-Lei nº 25/1937 que organizou a
proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, o Decreto-Lei nº 794/1938
que instituiu o primeiro Código da Pesca e, finalizando a década, o Decreto-Lei
nº 2.848/1940 que instituiu o Código Penal (BARREIRA, 2007).
Porém, por mais que essas novas leis e decretos tenham representado
avanços, de acordo com Freiria (2015) os textos ainda estavam mais focados na
exploração de tais recursos. O autor cita que um dos capítulos do código florestal
de 1934, por exemplo, era denominado “Exploração de Florestas”, conceituando
como produtos florestais a lenha, as raízes, as cascas, os frutos, etc. Eram
apresentados também critérios para explorar florestas que fossem de domínio
público. Por outro lado, exigia-se a reserva de um quarto da propriedade com
florestas.
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De maneira similar, o Código das Águas regulamentava o aproveitamento
industrial da água e o aproveitamento hidráulico, com a exploração para a
geração de energia elétrica. O Código da Pesca seguia na mesma conduta,
regulamentando a indústria da pesca, as empresas pesqueiras, os pescadores
profissionais e amadores, as permissões, concessões, proibições e infrações
(FREIRIA, 2015).
Em 1937, foi criado ainda, o primeiro parque nacional do Brasil, em
Itatiaia, no Rio de Janeiro. Entre 1938 e 1965 foram criados quatorze parques
nacionais e uma reserva florestal na Amazônia. Após alguns anos, porém, na
década de 60 foram criadas legislações ainda mais importantes abordando as
questões ambientais (BORGES, REZENDE e PEREIRA, 2009). Algumas delas
serão apresentadas na sequência.
Em 1964, a Lei nº 4.504 lançou o Estatuto da Terra apresentando direitos
e obrigações relacionados aos imóveis rurais, com o objetivo de executar a
reforma agrária e promover uma política agrícola. O Estatuto pretendia ainda
orientar as atividades agropecuárias, promover uma melhor distribuição de terra.
A lei destaca ainda que nas terras devem ser adotadas práticas adequadas
segundo as condições ecológicas e recuperar áreas degradadas protegendo os
recursos naturais (BRASIL, 1964), o que já demonstra uma maior preocupação
ambiental.
Em 1965 foi lançado o segundo Código Florestal, que revogou na íntegra
o Código Florestal anterior, de 1934 (FREIRIA, 2015) e será abordado com
detalhes mais adiante.
No ano de 1967 foi publicado o Decreto-Lei nº 227, com o Código de
Mineração, no qual foi definido que a União, ou seja, o Governo Federal é o
responsável por administrar os recursos minerais, a indústria, a distribuição, o
comércio e o consumo (FREIRIA, 2015).
Ainda em 1967 foi publicada a Lei nº 5.197, denominada Lei de Proteção
a Fauna, que instituiu o Conselho Nacional de Proteção a Fauna e aborda a
necessidade de proteger os animais silvestres, como relatado no artigo 1º:
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A Lei nº 5.197/67 proibia ainda as atividades de caça profissional e o
comércio de espécies silvestres. Ainda em 1967, foram publicados os Decretos
nº 248 e nº 303, que criaram a primeira Política Nacional de Saneamento Básico
e o Conselho Nacional de Controle da Poluição Nacional. No entanto, ambos os
decretos foram revogados no mesmo ano, com o lançamento da Lei nº
5.318/1967 (FREIRIA, 2015).
A Lei nº 5.318/1967, diz respeito à Lei do Saneamento Básico, que
instituiu a Política Nacional de Saneamento Básico e o Conselho Nacional de
Saneamento. De acordo com Freiria (2015), essa lei foi uma resposta ao
crescimento populacional e ocupação das cidades, sendo necessária uma maior
organização dos sistemas de água e esgoto. Esse tema também será abordado
mais detalhadamente adiante.
Como pode-se observar a década de 60 trouxe muitas informações e
avanços com relação a legislação ambiental. Nos anos subsequentes, novos
marcos importantes também ocorreram e a partir deste momento, as principais
leis brasileiras serão apresentadas separadamente ou agrupadas por temas.
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causadores de infrações ao meio ambiente a repararem os danos, além de se
sujeitarem às sanções penais e administrativas (BRASIL, 1988).
Nos parágrafos quarto e quinto, define-se que a floresta amazônica, a
mata atlântica, a serra do mar, o pantanal mato-grossense e zona costeira são
patrimônios nacionais, devendo ser preservados. E que as terras pertencentes
aos Estados, necessárias a proteção dos ecossistemas são indisponíveis. E por
fim, no sexto parágrafo exige-se que a localização de usinas nucleares deve ser
definida por lei federal (BRASIL, 1988).
Como pode-se perceber, o Capítulo VI não é extenso, porém é de
fundamental importância, uma vez que a Constituição Federal é a lei máxima de
um país, e portanto, todas as outras leis estão abaixo dela, hierarquicamente.
Ainda, de acordo com Sirvinskas (2010), o Artigo 225 está relacionado com os
princípios apresentados pela Declaração de Estocolmo de 1972, escrita na
Conferência de Estocolmo, primeira conferência da ONU para o meio ambiente.
E o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado pode ser considerado
um direito fundamental e de todos, por isso também chamado de direito difuso.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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VISSER, W.; BRUNDTLAND, G. H. Our Common Future (‘The Brundtland
Report’): World Commission on Environment and Development. United
Nations, 1987.
WATANABE, C. B. Fundamentos Teóricos e Prática da Educação
Ambiental. Instituto Federal do Paraná - Escola Técnica Aberta do Brasil,
2011.
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