ATIVIDADE 15_08_2024

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ATIVIDADE EVOLUÇÃO

PROFª ANGELA

1. Faça uma leitura do texto abaixo.

2. Descreva brevemente o que você entendeu sobre os tópicos


abordados.

Mudanças climáticas e El Niño aumentaram


frequência e intensidade da chuva que caiu
no Sul
Aquecimento global dobrou a chance de episódios de precipitação extrema como o de

abril/maio e elevou de 6% a 9% o volume de pluviosidade no Rio Grande do Sul

Pelotas (RS) em maio: mudanças climáticas amplificam o impacto do El Niño no Sul do país,
segundo relatório
Michel Corvello / Prefeitura de Pelotas / Wikimedia Commons

Marcos Pivetta - Edição 341 - jul 2024

Um estudo coordenado por pesquisadores do Imperial College de Londres, no Reino

Unido, com a coautoria de dois brasileiros, concluiu que as mudanças climáticas

induzidas por atividades humanas e o fenômeno natural El Niño (aquecimento

excessivo das águas do centro-leste do Pacífico equatorial) tornaram as chuvas


extremas que caíram no Rio Grande do Sul entre o final de abril e o início de maio mais

intensas e frequentes.

Segundo o trabalho, divulgado hoje (3/6) na forma de um relatório científico de 56

páginas, somente o aquecimento global fez com que a precipitação acumulada no

estado nesse período fosse de 6% a 9% maior do que teria sido sem o aumento da

temperatura do planeta. “O principal resultado do estudo foi que as mudanças

climáticas dobraram a chance de eventos como esse de maio de 2024 no Rio Grande do

Sul”, comenta a oceanógrafa Regina Rodrigues, da Universidade Federal de Santa

Catarina (UFSC), uma das autoras da análise.

Nas condições atuais, em que o clima do planeta aqueceu, em média, cerca de 1,2 grau

Celsius (ºC) em relação à temperatura do período pré-industrial (de meados do século

XIX), as chuvas extremas que caíram ao longo de 10 dias em boa parte do Rio Grande

do Sul são um evento previsto para se repetir a cada 100-250 anos. Se o aquecimento

global atingir 2 ºC, o tempo de retorno para um episódio semelhante de pluviosidade

acentuada será de apenas 20-30 anos, de acordo com o estudo.

Entre 24 de abril e 4 de maio, choveu, em média, mais de 420 milímetros (mm) em boa

parte do estado, o equivalente a três meses de precipitação. Porto Alegre e várias

cidades gaúchas foram inundadas pelas águas de rios que transbordaram. Além de

prejuízos materiais bilionários, até o dia 1º de junho, os alagamentos prolongados

tinham provocado a morte de 171 pessoas e o desaparecimento de 43 indivíduos, além

de terem produzido 580 mil desabrigados e levado quase 40 mil pessoas a viverem em

abrigos provisórios.

O peso do El Niño, um fenômeno que ocorre a intervalos irregulares de dois a sete anos

com implicações no clima de várias partes do planeta, foi levemente maior do que o das

mudanças climáticas nas chuvas extremas em território gaúcho. Segundo o relatório, o

aquecimento excessivo das águas do Pacífico equatorial fez com que a pluviosidade

exacerbada no Rio Grande do Sul fosse de 3% a 10% mais intensa e aumentou de duas a

cinco vezes a probabilidade de esse tipo de evento extremo ocorrer. “As mudanças

climáticas estão amplificando o impacto do El Niño no Sul do Brasil e tornando um

evento que era extremamente raro mais frequente e intenso”, comenta Rodrigues.
O trabalho do grupo do Imperial College, coordenado pela climatologista alemã

Friederike Otto, faz parte de uma nova linhagem de estudos que tentam identificar se

um evento extremo recém-ocorrido, como uma onda de calor severa ou uma chuva

exagerada, foi amplificado pelo aquecimento global ou representa apenas uma

variabilidade natural do clima. São os chamados estudos de atribuição climática, que

passaram a ser feitos no início da década passada. Otto é a principal expoente da área.

Esse tipo de análise é feito logo em seguida à ocorrência de eventos extremos, quando a

opinião pública ainda está focada nas consequências de um desastre climático, e não

costuma ser publicado em periódicos com revisão por pares. “Já existe toda uma

metodologia pronta, publicada em revistas científicas e validada por seus pares, para a

realização dos estudos de atribuição”, explica o climatologista Lincoln Muniz Alves, do

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também coautor do novo trabalho

sobre as chuvas extremas no Rio Grande do Sul.

Grosso modo, os estudos de atribuição chegam às suas conclusões por meio da análise

dos resultados obtidos por vários modelos climáticos computacionais. Esses sistemas,

que tentam reproduzir a dinâmica do clima na Terra, estimam a intensidade e a

probabilidade de um evento extremo ocorrer em duas condições distintas: no cenário

atual, com emissões de gases de efeito estufa que levaram ao nível atual de

aquecimento global, e no período pré-industrial, antes do aparecimento das mudanças

climáticas induzidas pelo homem. Dessa forma, é possível identificar e até quantificar o

peso da mão humana em eventos extremos.

No caso específico do estudo sobre as chuvas de abril/maio no Sul, também foi

simulada a influência da presença e da ausência do El Niño sobre a intensidade e a

frequência da pluviosidade. “O destaque deste trabalho, como nos demais de

atribuição, é a comprovação do sinal da mudança do clima no evento”, diz Muniz Alves.

“Nem todo evento extremo, seja na sua magnitude ou frequência, pode ser atribuído à

mudança do clima. Por isso, é importante fazer esse tipo de análise.”

O estudo ainda destaca que as chuvas no território gaúcho produziram um grande

desastre porque os sistemas de barragem e contenção das águas no estado falharam em

seu objetivo. O desflorestamento e a urbanização rápida de certas áreas, como no

entorno de Porto Alegre, também aumentaram o impacto das chuvas.

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