Ecletismo Filosófico

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INSTITUTO DE FILOSOFIA SANTO TOMÁS DE AQUINO – INFISTA

Disciplina: História da Filosofia Antiga


Discente: Flávio Morais de Assis, Luiz Felipe Delesposti de Oliveira
Docente: Pe. Marcos Ghidelli
Atividade: Correntes de pensamento da era helenística - Ecletismo

ECLETISMO

Quando se fala de Ecletismo na Idade Antiga, trata-se de uma corrente de pensamento


que se instaurou na Academia criada por Platão muitos anos depois de sua morte, a partir do
século II a.C. O termo vem do grego ekléghein que significa escolher e reunir, o qual traduz
bem o ideal desta corrente: reunir o que era considerado o melhor das várias Escolas
Filosóficas. Segundo Reale e Antiseri (2003, p.306), “as causas que produziram esse
fenômeno foram: a exaustão da vitalidade das Escolas singulares, o difundido probabilismo da
Academia, a influência do espírito prático romano e a vitalização do senso comum”.
Seu primeiro expoente foi Fílon de Larissa, chefe da Academia por volta de 110 a.C.
Um importante problema filosófico da época dizia respeito ao critério de verdade. As
correntes mais tradicionais, sobretudo provenientes do mestre Platão, sustentavam que a
verdade é objetivamente existente e compreensível; outras correntes como a do Ceticismo,
diziam que não existe um critério para discernir a verdade e ela sequer existe, sendo que no
máximo seria possível caracterizar as coisas como prováveis. Fílon, por sua vez, busca colher
algumas ideias destas correntes e produz uma intermediária, segundo a qual a verdade existe,
porém não somos capazes de discerni-la com certeza. Em outras palavras:

“[...] é necessário admitir a distinção entre verdadeiro e falso; todavia, não temos um
critério que nos leve a esta verdade e, portanto, à certeza, mas temos somente
aparências, que conduzem à probabilidade. Não chegamos à proposição certa da
verdade objetiva, mas nos avizinhamos dela com a evidência do provável”. (Reale e
Antiseri, 2003, p. 307)

Contudo, a consolidação do Ecletismo se deu com um discípulo de Fílon: Antíoco de


Ascalon. Por um lado, no problema do critério da verdade, ele se alinhou com a visão
platônica, afirmando que a verdade é existente, cognoscível, e em vez de provável, é certa.
Por outro lado, porém, seu pensamento como um todo era um amontoado de doutrinas. Ele
afirmava que a filosofia de Platão, Aristóteles, e dos Estoicos eram substancialmente
idênticas, diferindo apenas na forma.
Enquanto Fílon e Antíoco foram os maiores representantes do Ecletismo na Grécia,
pode-se dizer o mesmo de Cícero em Roma. Ele nasceu em 106 a.C. e morreu em 43 a.C,
tendo escrito inúmeras obras. Embora tenha sido considerado de pobre filosofia por buscar
migalhas de verdade em diversas Escolas, Cícero é a mais importante ponte entre a filosofia
grega e a cultura romana, que deixou significativo legado no pensamento do mundo ocidental
(Reale e Antiseri, 2003, p.308).
Nota-se, portanto, que o Ecletismo tem como principal característica escolher entre as
doutrinas de diferentes pensadores as teses mais apreciadas, sem se preocupar em demasia
com a coerência destas entre si (Abbagnano, 2007, p. 298). Por isso, ora trabalhava com
ideias intermediárias, ora com uma mistura de ideias; ora com caráter cético, ora com certeza,
ora com probabilidades. No entanto, sem dúvida, esta corrente de pensamento teve papel
importante na união das culturas grega e romana, deixando importante legado para todo o
mundo ocidental.

ECLETISMO
Fílon de Larissa: Antíoco de Ascalon: Cícero:
A verdade existe, mas o A verdade existe, é Ecletismo em Roma.
homem não a conhece e, cognoscível e certa.
portanto, deve contentar- Platão = Aristóteles = Ponto entre a filosofia
se com o provável Estoicismo grega e a cultura romana.

REFERÊNCIAS

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

REALE G.; ANTISERI D. História da Filosfia: Filosofia pagã antiga, v. 1. São Paulo:
Paulus, 2003.

São Carlos
2024

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