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GESTÃO E LEGISLAÇÃO EM

RADIOLOGIA
AULA 6

Prof. Marlos João Mazur


CONVERSA INICIAL

Nesta etapa, faremos uma reflexão sobre os direitos inerentes à profissão


do Tecnólogo em Radiologia. Abordaremos a importância desses direitos para a
valorização do profissional e para a construção de uma prática radiológica digna,
segura e alinhada aos princípios éticos que regem a profissão.
Prosseguiremos explorando o papel do Conselho Nacional de Técnicos
em Radiologia (CONTER). Analisaremos sua função regulatória, as normativas
que ele estabelece e a contribuição do CONTER para a padronização e a
integridade da atuação dos Tecnólogos em Radiologia no cenário nacional.
Aprofundaremos nosso entendimento sobre a representação coletiva por
meio de sindicatos e a formação de cooperativas na área da Radiologia.
Examinaremos como essas entidades impactam as condições de trabalho, os
direitos dos profissionais e a promoção de um ambiente colaborativo.
Vamos buscar compreender a interação entre a profissão e os órgãos
reguladores de saúde. Investigaremos as diretrizes do Ministério da Saúde e da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), observando como essas
normativas influenciam a qualidade e a segurança dos serviços radiológicos.
Encerraremos nossa exploração com uma análise minuciosa da
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 330 da ANVISA, que trata do
gerenciamento de resíduos radioativos. Conheceremos as implicações práticas
dessas diretrizes para uma prática radiológica segura, ética e alinhada às
normativas ambientais.
Com esses conhecimentos, estaremos mais bem equipados para
enfrentar os desafios da prática profissional, guiados por uma compreensão
sólida dos princípios éticos, direitos e normativas que moldam a atuação do
Tecnólogo em Radiologia.
Que esta jornada seja enriquecedora e nos proporcione as bases
essenciais para uma carreira promissora e ética na área radiológica.

TEMA 1 – DIREITOS DO TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA

O estabelecimento e reconhecimento dos direitos dos profissionais na


área radiológica são fundamentais para a preservação da integridade desses
trabalhadores e para a eficiência e qualidade dos serviços prestados. Nesse
contexto, diversos aspectos legais respaldam tais direitos, conferindo proteções

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específicas aos profissionais que desempenham suas funções em ambientes
que envolvem exposição a radiações ionizantes.
A legislação trabalhista brasileira, em consonância com normas
específicas para a área da saúde e segurança do trabalho, estabelece a
obrigatoriedade do fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)
adequados.
A atuação do tecnólogo em radiologia envolve exposição constante a
radiações ionizantes, demandando a utilização adequada de Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) como salvaguarda essencial. Estes EPIs são cruciais
para a preservação da saúde e segurança do profissional, sendo imperativo
compreender esses equipamentos e os riscos inerentes a sua não utilização.
Os EPIs destinados a um tecnólogo em radiologia incluem, mas não se
limitam a:

• Avental plumbífero: Projetado com material plumbífero, esse avental é


essencial para proteger a região do tronco contra a radiação direta
durante a realização de exames radiológicos.
• Protetor de tireoide: Reduz a exposição da tireoide à radiação, uma vez
que essa glândula é particularmente sensível a essas emissões.
• Luvas plumbíferas: Protegem as mãos contra radiações durante
procedimentos que envolvem manipulação direta de fontes radiológicas.
• Óculos plumbíferos: Salvaguardam os olhos contra a radiação,
minimizando os riscos de danos oculares.
• Dosímetro: Equipamento de monitoramento individual que registra a
quantidade de radiação à qual o tecnólogo é exposto, permitindo o
acompanhamento e controle da exposição acumulada.

As inspeções dos EPIs, incluindo aqueles utilizados por profissionais em


radiologia, devem ser realizadas de acordo com as diretrizes regulatórias e as
melhores práticas de segurança ocupacional. A responsabilidade pela realização
dessas inspeções geralmente recai sobre a empresa ou instituição
empregadora, e é importante que os próprios profissionais estejam cientes dos
procedimentos de inspeção e relatem qualquer problema identificado.

• Avental plumbífero: A inspeção deve ser realizada regularmente, pelo


menos anualmente, para verificar a integridade do material e garantir que

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não haja desgastes significativos. Caso haja uso intenso ou suspeita de
danos, inspeções mais frequentes podem ser necessárias.
• Protetor de tireoide, luvas plumbíferas e óculos plumbíferos: Esses
itens devem ser inspecionados também anualmente, com atenção
especial para qualquer sinal de desgaste, rasgos, ou danos que possam
comprometer sua eficácia.

A empresa é geralmente responsável por estabelecer procedimentos


formais de inspeção e garantir que esses procedimentos sejam seguidos. Isso
inclui designar profissionais capacitados para realizar inspeções regulares,
documentar os resultados e tomar medidas corretivas quando necessário.
Os próprios Tecnólogos em Radiologia têm a responsabilidade de
inspecionar seus EPIs regularmente e antes de cada uso, para garantir que
estejam em boas condições. Se notarem qualquer sinal de desgaste ou dano,
devem relatar imediatamente à equipe responsável pela segurança no local de
trabalho.
No Brasil, as inspeções devem seguir as diretrizes estabelecidas por
órgãos reguladores locais, como a Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN), que define normas de segurança em radiologia.
É fundamental que os profissionais recebam treinamento adequado sobre
a importância da inspeção dos EPIs, como conduzi-las e relatar quaisquer
problemas identificados. Essas inspeções são essenciais para garantir a eficácia
contínua dos EPIs na proteção contra a radiação, assegurando a segurança e
saúde dos trabalhadores nesse ambiente específico.
É crucial destacar que o dosímetro não se configura como um EPI, mas é
indispensável na salvaguarda dos profissionais que operam em ambientes
radiológicos. O dosímetro é um instrumento de monitoramento individual,
projetado para medir e registrar a exposição à radiação ionizante ao longo do
tempo. Sua utilização efetiva depende da observação cuidadosa de
determinados princípios e da adoção de medidas específicas de atenção:

• Posicionamento adequado: O dosímetro deve ser posicionado de


acordo com as orientações específicas da regulamentação e das normas
internas da instituição. Geralmente, ele é utilizado próximo ao tronco, em
uma posição que representa a exposição mais representativa do
profissional.

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Figura 1 – Posicionamento do dosímetro no jaleco

Crédito: Dario Lo Presti/Shutterstock.

• Uso contínuo: O dosímetro deve ser utilizado de forma contínua durante


todo o período de exposição à radiação. Removê-lo desnecessariamente
pode comprometer a precisão na medição da exposição acumulada.
• Não substituição por EPI: O dosímetro não substitui a necessidade de
outros EPIs, como aventais plumbíferos e óculos plumbíferos. Ele
complementa esses dispositivos, fornecendo uma avaliação
individualizada da exposição.
• Evitar danos físicos: O dosímetro é um dispositivo sensível e qualquer
dano físico pode afetar sua precisão. Evitar quedas, impactos ou
exposição a condições ambientais adversas é essencial.
• Devolução oportuna: Ao término do período de exposição, o dosímetro
deve ser devolvido imediatamente para leitura e avaliação dos dados. A
demora na devolução pode resultar em falta de informações críticas sobre
a exposição individual.

Os profissionais devem ser educados sobre a importância do dosímetro e


compreender que seu uso é vital para a monitorização individualizada da
exposição à radiação.

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A perda do dosímetro, ou qualquer irregularidade ou dano neste deve ser
comunicada imediatamente ao responsável pela radioproteção na instituição. A
comunicação eficiente é essencial para a tomada rápida de medidas corretivas.
O Tecnólogo em Radiologia deve acompanhar regularmente os
resultados fornecidos pelo dosímetro. Isso permite uma avaliação contínua da
exposição e a identificação de padrões que possam indicar a necessidade de
ajustes nas práticas de segurança.
O dosímetro é uma ferramenta valiosa na gestão da exposição à radiação
em ambientes radiológicos. Seu uso adequado, aliado a cuidados específicos e
atenção aos princípios estabelecidos, contribui significativamente para a
segurança e saúde dos profissionais que desempenham atividades nesses
ambientes especializados.
A não utilização adequada desses EPIs pode acarretar sérios riscos para
a saúde do Tecnólogo em Radiologia. A exposição contínua e desprotegida à
radiação ionizante pode resultar em danos irreversíveis aos tecidos e órgãos do
corpo, aumentando o risco de câncer, lesões na medula óssea e outros
problemas de saúde.
Além disso, a ausência de dosimetria individual, como a fornecida pelo
dosímetro, impossibilita a monitorização precisa da exposição acumulada do
profissional. Isso pode levar a uma falta de consciência sobre os limites de
exposição e a adoção de medidas corretivas oportunas, aumentando os riscos
de efeitos adversos à saúde.
Em conformidade com as normativas regulatórias e em respeito aos
princípios éticos da prática radiológica, a oferta adequada e a utilização correta
dos EPIs são imperativas para assegurar a segurança e bem-estar do Tecnólogo
em Radiologia. A negligência nesse aspecto não apenas coloca em risco a saúde
do profissional, mas também compromete a qualidade e integridade dos serviços
prestados, reforçando a importância intrínseca desses equipamentos na prática
diária. Portanto, em ambientes radiológicos, o dosímetro é obrigatório, e sua
ausência ou a negligência no seu fornecimento configura violação legal e expõe
a empresa a sanções.
O direito ao treinamento anual de proteção radiológica é respaldado por
normativas específicas do setor. A Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN), por exemplo, estabelece diretrizes e requisitos para a segurança
radiológica, incluindo a formação e treinamento de profissionais. Portanto, a

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negligência na oferta de treinamento configura violação dos direitos do
profissional e potencial contravenção às normativas regulatórias.
O adicional de insalubridade, previsto na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), reconhece a natureza especial e prejudicial ao trabalhador do
ambiente radiológico. Este adicional, geralmente fixado em 40%, busca
compensar as condições insalubres a que esses profissionais estão expostos,
garantindo uma remuneração justa em consonância com a peculiaridade do
trabalho.
O ambiente radiológico, por sua natureza, expõe os profissionais a
agentes físicos, como radiações ionizantes que, embora essenciais para
procedimentos diagnósticos e terapêuticos, apresentam riscos à saúde. O
adicional de insalubridade reconhece que a exposição contínua a esses agentes
representa um ônus adicional, requerendo compensações proporcionais à
dedicação e ao risco inerentes ao trabalho.
A fixação do adicional em 40% demonstra uma abordagem ponderada
para equilibrar as demandas do setor com a necessidade de remuneração justa.
Esse percentual reconhece a complexidade e os desafios associados ao
trabalho radiológico, e busca mitigar os potenciais impactos adversos à saúde
dos profissionais.
Compensar as condições insalubres vai além da mera questão financeira:
é um reconhecimento formal da importância desses profissionais para o sistema
de saúde. Garantir uma remuneração condizente é uma forma tangível de
reconhecer o comprometimento desses trabalhadores com a precisão
diagnóstica, o cuidado com o paciente e a segurança radiológica.
Ademais, o adicional de insalubridade serve como um incentivo para que
as instituições adotem medidas preventivas e investimentos em tecnologias e
práticas que minimizem a exposição desnecessária e promovam um ambiente
mais seguro.
Em síntese, o adicional de insalubridade é mais do que um componente
da legislação trabalhista; é um instrumento que reflete o compromisso do sistema
legal em reconhecer, valorizar e proteger os profissionais que, diariamente,
contribuem para a saúde e o bem-estar da sociedade por meio de sua atuação
nos desafios singulares do ambiente radiológico.
A adoção do regime semanal de 24 horas na área radiológica, desde que
ajustado de acordo com as regulamentações trabalhistas vigentes, se conforma

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aos preceitos legais e se alinha à natureza peculiar da prestação de serviços
nesse campo. Esse regime, que frequentemente envolve plantões e prontidão
contínua, demanda uma análise cuidadosa, que leve em consideração a
legislação em vigor e as características intrínsecas da atividade radiológica.
A legislação trabalhista, ao permitir a implementação do regime semanal
de 24 horas, estabelece parâmetros que visam equilibrar a necessidade de
continuidade nos serviços radiológicos com a proteção dos direitos e condições
de trabalho dos profissionais envolvidos. Quando aplicado corretamente, esse
regime oferece flexibilidade horária, possibilitando a cobertura de demandas
ininterruptas, típicas do ambiente radiológico, sem desconsiderar os limites e
direitos laborais.
A natureza específica da radiologia muitas vezes implica em operações
que extrapolam os limites tradicionais de jornadas de trabalho convencionais.
Procedimentos emergenciais, exames fora do horário comercial e a necessidade
de prontidão constante são elementos inerentes a esse setor. Nesse contexto, o
regime de 24 horas semanais atende a essas demandas e se revela um
mecanismo adaptável para garantir a disponibilidade contínua de profissionais
qualificados.
Entretanto, é imperativo salientar que a implementação desse regime
deve ser conduzida com estrita observância às normativas trabalhistas e de
saúde ocupacional. A definição adequada de escalas, pausas regulamentares e
garantia de condições laborais dignas são aspectos cruciais para evitar a
exaustão profissional e assegurar um ambiente de trabalho seguro e saudável.
No contexto da atividade radiológica, a legislação previdenciária
estabelece disposições específicas em relação à aposentadoria, reconhecendo-
a como uma modalidade especial quando atingidos 25 anos de serviço. Este
reconhecimento reflete uma consideração sensata e cuidadosa da exposição a
agentes nocivos, notadamente radiações ionizantes, como um fator
preponderante para a concessão desse benefício diferenciado.
A aposentadoria especial se fundamenta na compreensão de que a
exposição prolongada a agentes nocivos pode acarretar impactos significativos
na saúde do trabalhador.
Em síntese, a legislação brasileira oferece respaldo substancial aos
direitos dos profissionais na área radiológica. O cumprimento dessas normativas
não apenas assegura a observância dos direitos dos trabalhadores, mas

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também contribui para a construção de ambientes laborais seguros, éticos e
legalmente conformes, promovendo, assim, a integridade e bem-estar desses
profissionais essenciais à sociedade.

TEMA 2 – CONTER, CRTRS E REGISTRO PROFISSIONAL NA


REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE RADIOLÓGICA

A profissão de Técnico em Radiologia foi instituída no Brasil com a


publicação da Lei n. 7.394/1985, que regulamentou a profissão e estabeleceu as
diretrizes para o exercício das atividades relacionadas à radiologia. O Decreto n.
92.790/1986 complementou a regulamentação, detalhando as atribuições dos
profissionais técnicos em radiologia. Já a profissão de Tecnólogo em Radiologia
foi reconhecida posteriormente, com a publicação da Lei n. 10.826/2003, que
criou o Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER) e definiu as
competências dos profissionais tecnólogos em radiologia. Essa legislação
ampliou o escopo da atuação na área radiológica, contemplando profissionais
com nível superior específico na área.
O CONTER foi criado em 1987, e é um órgão de caráter normativo e
fiscalizador, responsável pela regulamentação e orientação da profissão em
nível nacional. Já os Conselhos Regionais de Técnicos em Radiologia (CRTRs)
são órgãos descentralizados que atuam em âmbito regional, com a finalidade de
fiscalizar e orientar o exercício profissional nos estados brasileiros.

Figura 2 – Logo do CONTER

Fonte: CONTER, 2024.

A compreensão das funções e atribuições CONTER, dos CRTRs e do


registro profissional é essencial para a efetiva regulamentação da atividade
radiológica no país. Cada entidade desempenha um papel distintivo,
contribuindo para a organização, fiscalização e aprimoramento da atuação dos
profissionais dessa área.

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O CONTER, como órgão central, exerce o papel de normatizar e
coordenar as diretrizes nacionais para os CRTRs. É responsável por estabelecer
padrões éticos, técnicos e legais que orientam a prática dos profissionais de
radiologia em todo o país. Suas atribuições incluem a formulação de normativas,
a defesa dos interesses da categoria e a promoção da valorização profissional.
Os CRTRs, por sua vez, atuam em âmbito regional, exercendo a
fiscalização e regulamentação das atividades dos técnicos em radiologia em
suas respectivas jurisdições. Sua função primordial é assegurar que os
profissionais atuem em conformidade com as normas estabelecidas,
promovendo a ética e a qualidade nos serviços radiológicos. Além disso, os
CRTRs são responsáveis pela concessão e fiscalização do registro profissional,
conferindo legitimidade à atuação dos técnicos e tecnólogos em radiologia.
O registro profissional, por sua vez, é um documento que formaliza a
habilitação do técnico em radiologia para o exercício da profissão. Emitido pelos
CRTRs, ele atesta a regularidade do profissional perante a legislação vigente,
conferindo-lhe o direito legal de atuar na área radiológica. É um elemento central
na garantia da qualificação e conformidade ética dos profissionais, contribuindo
para a segurança e confiança da sociedade nos serviços prestados.

Figura 3 – Cédula de Identidade Profissional

Fonte: CONTER, 2024.

A compreensão articulada dessas instâncias – CONTER, CRTRs e o


registro profissional – é crucial para o pleno funcionamento e regulamentação da
atividade radiológica no país. Ao estabelecer padrões, normas e procedimentos,
essas entidades fortalecem a categoria dos técnicos em radiologia e asseguram

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a proteção da sociedade ao garantir que os serviços radiológicos sejam
conduzidos com competência, ética e em conformidade com as
regulamentações pertinentes. O entendimento e a adesão a esses mecanismos
regulatórios são, portanto, imperativos para o fortalecimento e reconhecimento
da profissão de técnicos e tecnólogos em radiologia.

TEMA 3 – SINDICATOS E COOPERATIVAS DE RADIOLOGIA

A capacitação profissional na área da radiologia não se limita ao domínio


técnico-científico; ela também engloba uma compreensão profunda do contexto
profissional, incluindo a apreciação do papel e da importância de entidades como
sindicatos e cooperativas. Essas organizações desempenham funções cruciais,
oferecendo benefícios, delineando direitos e deveres, e fortalecendo a coesão
profissional.

Figura 4 – Diferenças entre algumas entidades de classe

Fonte: CONTER, 2024.

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Os sindicatos na radiologia são pilares fundamentais na representação
dos interesses coletivos dos profissionais. Ao fornecer uma voz unificada, essas
entidades buscam negociar condições laborais mais justas, salários adequados
e melhorias nas condições de trabalho. Compreender o papel dos sindicatos é
estar capacitado para participar ativamente na defesa de seus direitos,
contribuindo para a construção de uma classe profissional mais robusta e
equitativa.
Além disso, a adesão a sindicatos proporciona benefícios tangíveis, como
assistência jurídica, planos de saúde coletivos e suporte em situações de conflito
trabalhista. Estar ciente desses benefícios é muito importante para os
profissionais que buscam aprimorar sua prática e garantir condições laborais
justas e dignas.
As cooperativas, por sua vez, emergem como modelos colaborativos que
capacitam os profissionais a atuarem de forma autônoma, compartilhando
recursos e expertise. Compreender a atuação das cooperativas na radiologia
abrange a noção de associação para benefício mútuo e a apreciação de como
essas organizações podem ser instrumentos de empreendedorismo e
desenvolvimento profissional conjunto.
Direitos e deveres ganham contornos específicos em um contexto
cooperativo. Discernir essas responsabilidades é possuir uma visão holística da
gestão coletiva de modo a ter uma participação ativa e consciente. A
cooperação, quando bem compreendida, pode promover o compartilhamento de
conhecimento, redução de custos operacionais e fortalecimento da capacidade
empreendedora dos profissionais.

TEMA 4 – MINISTÉRIO DA SAÚDE E ANVISA

O Ministério da Saúde (MS) foi instituído no Brasil em 1953, com o objetivo


principal de formular e executar políticas de saúde no país. Sua criação buscava
coordenar ações e programas que visem à promoção, prevenção e recuperação
da saúde da população brasileira, além de regulamentar e fiscalizar serviços e
produtos relacionados à saúde.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi criada em 1999,
pela Lei n. 9.782, como uma autarquia vinculada ao Ministério da Saúde. A
principal finalidade da ANVISA é regular e fiscalizar os produtos e serviços que
tenham impacto direto ou indireto na saúde da população. Isso inclui

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medicamentos, alimentos, produtos químicos, cosméticos, serviços de saúde,
entre outros. A agência atua para garantir a segurança, eficácia e qualidade
desses produtos e serviços, contribuindo para a proteção da saúde pública no
Brasil.
A compreensão da relação entre o Ministério da Saúde e a ANVISA no
contexto da radiologia e nos ambientes hospitalares é de suma importância para
o entendimento abrangente das políticas de saúde e normativas regulatórias que
regem práticas e procedimentos nesta área específica.
No contexto da radiologia e nos ambientes hospitalares, o Ministério da
Saúde desempenha um papel preponderante na definição de diretrizes,
normativas e estratégias para garantir a segurança e eficácia dos serviços de
saúde prestados. Quanto à ANVISA, ela exerce sua competência normativa,
estabelecendo requisitos técnicos e padrões de qualidade para equipamentos,
insumos e procedimentos, a fim de assegurar a segurança dos pacientes,
profissionais de saúde e da população em geral.
No âmbito radiológico, a ANVISA é vital na regulamentação de
equipamentos, materiais radioativos e procedimentos diagnósticos, promovendo
a segurança radiológica e a qualidade dos exames. Em ambientes hospitalares,
ambas as entidades colaboram para estabelecer normativas que visam a
segurança do paciente, a prevenção de infecções hospitalares e a gestão
adequada de resíduos de serviços de saúde.

TEMA 5 – ANÁLISE DA RDC 330 DA ANVISA

A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n. 330, emitida pela ANVISA,


emerge como um significativo marco regulatório na esfera da saúde no Brasil.
Publicada em 2019, essa normativa estabelece requisitos e diretrizes que
impactam diretamente o cenário da vigilância sanitária e a qualidade dos
serviços de saúde no país.
A RDC n. 330 abrange diversas áreas, proporcionando orientações
específicas e critérios técnicos em consonância com os avanços científicos e
tecnológicos. Seu escopo se estende desde a regulamentação de equipamentos
médicos até a gestão segura de resíduos de serviços de saúde, evidenciando
sua abrangência e relevância multifacetada.
Um dos aspectos notáveis da RDC n. 330 é sua contribuição para a
segurança sanitária em procedimentos que envolvem radiações ionizantes. A

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normativa estabelece parâmetros técnicos e diretrizes para a garantia da
proteção radiológica. Ao fazer isso, a RDC n. 330 se alinha com as diretrizes
internacionais e nacionais, consolidando um padrão de excelência na prática
radiológica.
A gestão de resíduos de serviços de saúde também é contemplada pela
RDC n. 330, fornecendo diretrizes específicas para o manejo seguro desses
materiais, de modo a promover a sustentabilidade ambiental e reduzir potenciais
riscos à saúde pública, demonstrando a preocupação da ANVISA com as
questões sanitárias de maneira abrangente.
A normativa, ao ser um instrumento regulador, atua como catalisadora
para a evolução constante dos padrões sanitários no Brasil. A implementação e
cumprimento da RDC n. 330 elevam a qualidade dos serviços de saúde e
fortalecem a confiança da população nas práticas sanitárias adotadas no país.
A RDC n. 330 abrange uma ampla gama de áreas, em uma abordagem
holística para a vigilância sanitária.
A implementação eficaz da RDC n. 330 não apenas eleva os padrões
sanitários no Brasil, mas também fortalece a credibilidade da ANVISA como
órgão regulador. Sua abordagem abrangente e seu impacto multifacetado
destacam essa normativa como um pilar na construção de um sistema de saúde
robusto e alinhado aos mais elevados padrões de qualidade.
Em síntese, a RDC n. 330 da ANVISA representa um marco regulatório
relevante, cujas diretrizes e requisitos refletem a busca contínua pela excelência
e segurança nos serviços de saúde no Brasil.

NA PRÁTICA

Abordaremos um exemplo relacionado ao que estudamos nesta etapa.


Para isso, trataremos de temas relacionados aos direitos dos Tecnólogos
em Radiologia, a atuação do CONTER, a presença de sindicatos e cooperativas,
a interação com o Ministério da Saúde e a ANVISA, além da análise da RDC n.
330, dentro de uma clínica veterinária fictícia, a Nick Veterinária.

Tatiane (Tecnóloga em Radiologia):

Profissional comprometida com o bem-estar dos animais, Tatiane exige


seus direitos na Nick Veterinária. Ela participa ativamente de treinamentos de

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proteção radiológica e utiliza EPIs durante os procedimentos, garantindo sua
segurança.

Carlos (gerente administrativo):

Responsável pela gestão interna, Carlos mantém os registros


profissionais atualizados, seguindo as diretrizes do CONTER. Ele promove a
ética e a conformidade, incentivando a equipe a respeitar o Código de Ética da
profissão.

Sandra (representante do sindicato):

Atua como intermediária entre os profissionais e a gestão. Ela promove a


participação coletiva para garantir condições justas de trabalho e colabora com
a resolução de conflitos.

Cooperativa de Tecnólogos em Radiologia:

Um grupo de Tecnólogos em Radiologia decide formar uma cooperativa


para compartilhar experiências e recursos. Eles colaboram na realização de
treinamentos internos, fortalecendo a equipe da Nick Veterinária.

Dr. Roberto (veterinário e gestor da Nick Veterinária):

Dr. Roberto, além de ser um renomado veterinário, reconhece a


importância da conformidade com as normativas do Ministério da Saúde e da
ANVISA. Ele lidera a implementação das diretrizes da RDC n. 330 para o
gerenciamento seguro de resíduos radiológicos.
Em um dia movimentado na Nick Veterinária, Tatiane, a Tecnóloga em
Radiologia, percebe a necessidade de fortalecer os direitos da equipe. Ela
propõe a criação de um comitê interno para discutir e implementar as diretrizes
do CONTER, garantindo que todos estejam cientes de seus direitos e deveres.
Ao mesmo tempo, Sandra, representante do sindicato, visita a clínica para
discutir as demandas da equipe. Carlos, o gerente administrativo, vê na
colaboração com o sindicato uma oportunidade de fortalecer as relações
trabalhistas e as condições de trabalho.
Inspirados pela cooperação, um grupo de tecnólogos decide formar uma
cooperativa dentro da clínica. Eles compartilham conhecimentos, promovem
treinamentos e fortalecem o senso de comunidade, contribuindo para um
ambiente de trabalho mais unido.

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Dr. Roberto, reconhecendo a importância de manter altos padrões éticos
e de segurança na clínica, lidera a implementação das diretrizes da RDC n. 330
da ANVISA. Ele investe em treinamentos regulares, garantindo que a equipe
esteja atualizada sobre as práticas seguras de radiologia e o gerenciamento
adequado de resíduos.
Ao final da história, a Nick Veterinária se destaca não apenas pela
excelência em diagnóstico por imagem, mas também pelo ambiente de trabalho
ético, seguro e colaborativo que proporciona aos seus profissionais. A união
entre tecnólogos, gestão e entidades regulatórias contribui para o sucesso da
clínica e para o cuidado compassivo com os animais atendidos.

FINALIZANDO

Ao concluir nossa jornada de aprendizado sobre os temas essenciais


relacionados à prática do Tecnólogo em Radiologia, é evidente que cada tópico
é crucial na construção de uma profissão ética, responsável e alinhada com as
normativas vigentes. Vamos refletir brevemente sobre cada um desses temas.
Explorar os direitos do Tecnólogo em Radiologia revelou-se uma imersão
profunda nos alicerces que sustentam uma prática profissional digna. Conhecer
e reivindicar esses direitos fortalece o profissional individualmente e eleva a
qualidade do serviço radiológico prestado, contribuindo para um ambiente de
trabalho respeitoso e seguro.
Aprofundar-se no papel do CONTER é essencial para compreender a
estrutura regulatória que guia essa profissão. O respeito às normativas e
princípios éticos estabelecidos pelo conselho é uma responsabilidade e uma
garantia de que estamos atuando em conformidade com padrões elevados,
consolidando a integridade da profissão.
A análise do papel de sindicatos e cooperativas proporcionou uma visão
clara da importância da união e da colaboração entre os profissionais. Engajar-
se nessas entidades fortalece a voz da categoria e fomenta a criação de
condições laborais mais justas, incentivando a busca por melhorias coletivas.
A interação com o Ministério da Saúde e com a ANVISA é fundamental
para entendermos o intricado cenário regulatório da saúde. A conformidade com
suas diretrizes não é apenas um requisito legal, mas uma afirmação do
compromisso com a qualidade dos serviços radiológicos, garantindo a
segurança e a saúde pública.

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Aprofundar-se na análise da RDC n. 330 nos permitiu compreender os
protocolos essenciais para o gerenciamento de resíduos radioativos.
Implementar essas diretrizes é uma obrigação e um compromisso ativo com a
segurança ocupacional e ambiental, refletindo a responsabilidade inerente à
prática radiológica.
Nossa jornada de aprendizado não termina aqui; ela nos equipou com
conhecimentos teóricos sólidos e habilidades práticas essenciais. Estamos
agora preparados para enfrentar os desafios dinâmicos do ambiente profissional
da radiologia, conscientes de nossa responsabilidade ética e compromisso com
a excelência. Que os aprendizados adquiridos sejam alicerces sólidos para uma
carreira promissora e enriquecedora.

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REFERÊNCIAS

ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Disponível em:


http://www.anvisa.gov.br/. Acesso em: 30 jan. 2024.

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Roteiro para elaboração


de projetos de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília,
DF, 2001.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria


Colegiada – RDC nº 330, de 20 de dezembro de 2019. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, ano 157, nº 246, Seção 1, p. 76-80, 23 dez. 2019.

BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.

BRASIL. Lei n. 7.394, de 29 de outubro de 1985. Diário Oficial da União,


Brasília, DF, 29 out. 1985.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS/GM n. 453, de 1º de junho de 1998.


Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 jun. 1998.

CFT – Conselho Federal de Técnicos em Radiologia. Código de Ética


Profissional dos Técnicos em Radiologia. Brasília, DF, 2011.

CONTER – CONSELHO NACIONAL DE TÉCNICOS EM RADIOLOGIA.


Disponível em: https://conter.gov.br/. Acesso em: 30 jan. 2024.

CONTER – Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia. Resolução CONTER


nº 1, de 8 de junho de 2020. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jun. 2020.

CONTER – Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia. Resolução


CONTER n. 10, de 22 de novembro de 2016. Disponível em:
https://conter.gov.br/uploads/legislativo/resconter102020.pdf. Acesso em: 30
jan. 2024.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: http://www.saude.gov.br/. Acesso em:


30 jan. 2024.

SOUZA, M. L. Sindicalismo na saúde: o papel dos sindicatos na valorização


profissional. Goiânia: Saúde, 2018.

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