5,1-Larissa Ione - Demoniaca 05 - Sin Undone
5,1-Larissa Ione - Demoniaca 05 - Sin Undone
5,1-Larissa Ione - Demoniaca 05 - Sin Undone
E devo a tantas pessoas apenas por serem legais e me darem apoio, não
só para mim, mas para a comunidade de romance, leitores e autores também.
Assim, uma grande agradecimento para Valentina Paolillo, Larissa Benoliel,
Jodie West, Joely Sue Burkhart, Heather Carleton, Diane Stirling, Ryan
Rohloff, Tigre Éden, Mandi Schreiner, Hasna Saadani, Sarah Gabe e Ericka
Brooks.
01 -Prazer Liberado
02 - Desejo Desencadeado
03 - Paixão Desencadeada
04 - Êxtase Revelado
— Os wargs devem morrer.
Sin andou para frente e para trás na toca de seu assassino, sua mente
trabalhando horas extras para processar as palavras de Baltazar. O mensageiro
da Associação dos Assassinos estava em pé perto do seco buraco de fogo, mão
estendida segurando um rolo de pergaminho. Sin arrebatou o macho Neethul,
que devia ter dois metros de altura mesmo sem a plataforma das botas Goth
que usava. Com elas, pelo menos, ele estava uns sessenta centímetros mais alto
que ela. Ainda assim, o criado da Associação não a intimidava. Ela matou
demônios muito maiores que ele.
— Você sabe que não lhe posso dizer isso. — Os lábios rubis de Baltazar
despiram um lascivo sorriso. — Mas se você usar alguns de seus talentos
súcubus em mim, eu posso deixar escapar alguns nomes em um momento de
paixão.
Por mais triste que fosse, ela estava atualmente tentando apertar o
bastardo para ele buscar a informação que ela precisava. Ela precisava ofertar
neste trabalho, mas precisava garantir que alguém cobriria o lance e ela não
ganharia o contrato. Saber quem mais estava ofertando dar-lhe-ia uma
vantagem.
— Eu diria para você ir para o inferno, Baltazar, mas sem dúvida você
possui um grande pedaço dele — Os Neethul eram ricos comerciantes de
escravos cujas ações incluíam sólidas fatias de Sheoul e, como um assassino
mestre menor, Baltazar estava definitivamente no mesmo caminho.
Ela bufou.
Pelo menos não até ela começar uma praga que estava matando
lobisomens em todo o globo. Algo sobre aquelas ações descartara suas cruas
emoções, revelando uma pepita de remorso que ficava dentro dela como uma
pedra em um sapato.
— Isso foi difícil para você — Lycus disse, depois que a enorme porta se
fechou. Atrás dela, mãos desceram até seus ombros, seus dedos massageando,
mas o toque dele apenas a deixou mais tensa. — Leve-me até minha oferta.
Vincule-se comigo. Governaremos o covil juntos.
Ele queria o trabalho dela, queria-a como sua companheira para que ele
pudesse assumir o controle compartilhado do covil. Mas por melhor que fosse
transferir as decisões difíceis para outra pessoa, ela não poderia dar a Lycus o
que ele queria. Ela nunca poderia, nem mesmo ser companheira de alguém.
Nunca poderia pertencer a alguém.
Então, enquanto ela afastava Lycus, ela fez algo que não fazia desde que
descobriu que era um demônio.
Ela rezou.
“Há noites em que os lobos estão em silêncio e há apenas os uivos da lua."
George Carlin
Con pulou com seus esquis duas vezes para soltar-se da neve nos
congelados picos dos Alpes Suíços e então foi ziguezagueando para baixo da
montanha. O céu estava claro e azul, e aqui, acima das árvores, o silêncio foi
quebrado apenas pelo som das lâminas e o farfalhar de seus Rossignols1,
enquanto cortavam a neve fresca.
O silêncio durou somente até Luc atingir a neve e proferir insultos a Con
novamente. Os sons do helicóptero desapareceram, assim como o piloto que os
chamou de todos os nomes feios, mas aceitou (pelo quádruplo de sua taxa
usual de heli-skiing2) levá-los até a montanha mais alta, transportando-os até
lá. O cara quase pirou quando Con disse para pairar aos 30 metros ao invés
dos centímetros no qual normalmente deixava os praticantes desse tipo de
esqui.
Mas não, Con não faz o caminho mais fácil, ou da mesma maneira duas
vezes. A última vez que ele e Luc esquiaram, a queda foi mais curta. E o risco
de avalanche foi muito, muito menor.
1 Roussignols quer dizer Rouxinol em Francês, mas no caso se refere ao esqui que Con usava
http://www.skiset.com.br/equipamento-esqui/skis-rossignol-2011.html
2 Esqui realizado a partir de um helicóptero e não de um teleférico.
O pó era espesso em cima de uma camada de neve instável, a encosta
íngreme e o esforço que levou para Con atravessar tudo o fez tremer de
exaustão no momento em que atingiu o Harrowgate no vale abaixo.
Ele aterrisou com força e uma explosão de neve quase o levou a cair de
cabeça, mas conteve-se um pouco antes e o vento fez com que batesse em uma
crosta enviando-o ao voo.
Con virou a tempo de ver Luc saltar de uma pedra coberta de neve, mas
por trás dele, uma folha gigante de neve começou a rachar e deslizar, uma
avalanche estava nascendo.
— Cofie em mim, não tenho desejo de ver sua bunda pálida e nua.
Ele pegou o frasco das mãos de Luc e tomou um gole, saboreando o rum
queimar ao descer por sua garganta.
— Sim.
Mas desde que Luc foi colocado em isolamento, ele estava ainda mais
ansioso para fazer merda. Con sempre foi parceiro, mas ele tinha um emprego
e estava trabalhando mais do que nunca para compensar a ausência de Luc.
— Quando foi a última vez que você transou? Quando estava no Egito?
Aquela garota Guardiã? — Con levantou-se. — Você precisa de uma mulher.
Luc bufou.
Foda-se. Mais uma vez, Con pegou o frasco de Luc, colocou-o entre os
lábios e tomou. Em seguida desceu a montanha.
†††††
Ela já dera a ele seu sangue, seu DNA, seu xixi, seu líquido espinhal...
Quaisquer que fossem as amostras que o doutor quisesse para sua pesquisa,
ela entregara. Afinal Sin era a responsável pela doença que estava
exterminando a raça de lobisomens.
Dois dias atrás, ela entrou no Underworld General (UG) para canalizar
seu poder no homem infectado em uma tentativa de matar o vírus, mas ela só
acelerou a propagação.
3 Fuck = Foder, Off = fora. Mas também pode ser traduzido como “vai tomar no cú” que é o que Sin insinuou logo
abaixo.
4 Mary Mallon, também conhecida como Maria Tifóide, nasceu na Irlanda do Norte em 1869 e emigrou sozinha para
os Estados Unidos em 1883, foi o primeiro caso de pessoa aparentemente saudável a ser identificada como portadora
de febre tifóide nos Estados Unidos. Seu organismo conseguiu deter os efeitos nocivos da bactéria que causa a doença,
mas continuou capaz de transmitir a doença para outras pessoas. Maria se tornou famosa por sua obstinação em negar
que ela era a causadora da aparição da enfemidade, negando-se a deixar de trabalhar e com isto continuou a propagar
as bactérias mortais.
Não que a verdade fosse muito melhor.
O comando agradou suas pernas, mas ela enganchou uma cadeira com o
pé, afastou-a o quanto pôde de Conall e plantou sua bunda.
— Olha, você deve saber que a Associação dos Assassinos foi inundada
com pedidos de batidas a Wargs. Eu não sei se o súbito aumento está
relaciona-do, mas eu percebi isso e estou repassando a você.
Então, novamente, UG teve vários laços fortes com o Aegis, uma organi-
zação civil que matava demônios do inferno. Eidolon era ainda acoplado a um
Guardião Aegis e até agora a associação beneficiara tanto o UG quanto o Aegis.
— Você está aqui porque Wargs estão morrendo e é sua culpa — Ele
rosnou, uma pitada de um estranho sotaque britânico aprimorando suas pala-
vras. Isso acontece quando ele fica todo irritado e é estranhamente... quente.
Mas ela ainda não gostava dele e virou a cabeça para encará-lo. O que
poderia ter sido um bom plano se ele não parecesse tão gostoso em seu unifor-
me preto de paramédico, o qual destacava sua pele profundamente bronzeada
pelo sol e seu tão lindo cabelo loiro. Mirou nos olhos prateados brilhantes e
olhou para ele. Apenas admirando.
— Por que mesmo você está aqui? — Ela retrucou, mais irritada com
sua reação para ele do que qualquer outra coisa. — Eu não acho que os
dampiros sejam afetados pela doença.
— Nós tentamos isso antes. Meu dom mata. Ele não cura — Seu dom
era algo que ela realmente gostaria de devolver para seu pai Seminus. Pena que
ele estava morto.
— Sim, bem, tecnicamente, você não deveria existir, então eu não estou
pronto para escrever o impossível.
Ah, ela amava os lembretes sobre como ela era uma aberração da
nature-za, o único demônio Seminus feminino já nascido. A Smurfette5, como
Wraith gostava de chamá-la.
— Você pode usar seu dom para determinar que tipo de doença reside
dentro de um corpo? Se você tocar em alguém que está doente, você pode dizer
qual a doença deles?
Wraith riu. Conall empalideceu. Eidolon olhou para ela como se ela
fosse responsável por cada caso excruciante de doença venérea que ele já
tratara. O cara estava tão tenso que provavelmente engomou a cueca de
pânico.
Houve uma batida na porta e Lore passou por Wraith, que ainda estava
brincando de sentinela no batente. Lore carregava uma pasta em sua mão com
luva de couro e Sin não achou que se acostumaria a ver seu irmão gêmeo em
uniforme.
5 Única Smurf feminina entre seus vários irmãos e seu pai. Saiu no cinema o filme Smurfs; vocês sabem qual é.
6 Algo como “pinto flamejante ou pinto pegando fogo”. Pelo contexto é algum tipo de doença sexualmente
transmissível.
Sin franziu a testa.
— FS?
Apesar do tema sombrio, Sin não poderia deixar de estar feliz por seu
irmão, que como um assassino conhecera apenas morte e solidão até poucas
semanas atrás, agora estar casado, feliz e trabalhando no necrotério do
hospital, onde seu toque de morte não poderia acidentalmente matar ninguém.
— Espere — disse Sin. — Como você pode dizer a diferença entre os que
viraram lobisomens e o que nasceram lobisomens?
— Sobre isso... Veja, foi por isso que chamei Con para esta reunião.
Apoiando seus braços musculosos nos joelhos, Con inclinou-se em sua
cadeira. Quando falou, suas presas brilharam tão ferozmente quanto os olhos.
†††††
— Ele disse que não pode fazê-lo — Lore interrompeu. — Deixe-o ir.
Eidolon bateu um lápis sobre a mesa, o baque surdo da borracha na
madeira pontuando suas palavras.
— Infelizmente, não há esta opção. Esta pode ser nossa única chance de
uma solução imediata.
Em algum ponto, Sin surgiu com uma faca e agora brincava, virando-a
entre os dedos, e Con tinha um sentimento que a velocidade estava
diretamente relacionada a seu nível de agitação. A faca estava girando como
uma lâmina de helicóptero.
— Morda-me.
Eidolon fez um gesto para Conall.
— Não — Con disse severamente. — Não vai. Tem que haver outra ma-
neira.
— O que mais?
Eidolon fez uma pausa, como se seu cérebro procurasse as palavras
certas e o intestino de Con esvaziou.
— É provável que o vírus dentro de você não deseje atacá-lo. Ele quer
sair.
— Saber de quê? — Não diga isso. Não faça isso. Foda-se. Diga.
— Ela pegou o vírus — disse Yas, seu leve sotaque japonês com emoção.
— Ela morreu ontem à noite.
Con nem sequer respondeu. Entorpecido, ele fechou o telefone. Ele
fizera sua parte de matar em seus mil anos de vida, algumas delas justificadas,
outras não. Mas havia algo verdadeiramente obsceno sobre matar alguém com
prazer. Especialmente porque, anos atrás, ele salvou a vida de Nashiki após ela
ser ata-cada por um bando de homens-leões e, embora ele normalmente não
mantives-se contato com seus pacientes, ela era especial, espumante e
brilhante, uma das poucas pessoas que ele conheceu em sua vida que nunca
deixou que nada a levasse para baixo.
Claro, não havia prova que ele dera o vírus para a linda warg de pele cor
de mel, que não merecera ele ter se alimentado dela enquanto fantasiava sobre
Sin, muito menos ele ter dado a ela uma doença que transformou seus órgãos
em mingau. Nenhuma prova, mas o tempo estava certo, dado o tempo
decorrido entre o início e a morte.
Carmesim coloria sua visão tanto como náusea por ele ter matado uma
mulher inocente, quanto como raiva porque a pessoa responsável, em última
análise, estava bem ali na sala com ele. Isso precisava acabar e, neste ponto, os
riscos de alimentar-se novamente de Sin era a menor de suas preocupações.
Especialmente desde que todo o risco seria de Sin.
Sin entendeu que esta podia ser a resposta à epidemia, mas Con não
precisava olhar para ela como se fosse um bife suculento. Ele poderia ao menos
tentar ser tão repulsivo quanto ela.
Oh, o bastardo. Eles não iriam a um quarto de paciente, onde uma cama
tornaria muito fácil fazer mais do que a coisa do sangue, e a observação do
armário era uma sátira ao primeiro (e último) lugar em que estiveram juntos.
— Eu vou ficar.
— Está tudo bem, mano — disse ela. A última coisa que ela precisava
era de Lore. Ele vem fazendo isso há 30 anos e parecia estar tendo dificuldades
para quebrar o hábito. — Isto será estritamente um procedimento clínico.
Eidolon pode fiscalizá-lo.
Clínico? Isso foi uma piada, porque ela sabia que ter as presas de Con
em sua carne seria agradável, não importava o quanto ela quisesse negar.
Sin não estava preocupada em ser drenada, mas ela não estava disposta
a admitir que o medo real fosse que sem um acompanhante, ela acabasse
fazendo muito mais do que brincar de McLanche Feliz.
Felizmente, ela não teve que dizer nada, porque Eidolon, com uma
expressão severa no rosto, fechou a porta e colocou um ombro contra ela,
longas pernas cruzadas casualmente na altura dos tornozelos. Ele não iria
mover-se e aparentemente Con chegou à mesma conclusão, porque ele
murmurou algo em voz baixa e caiu de joelhos ao lado dela.
Com ele de joelhos, eles estavam ao nível dos olhos e ela engoliu seca-
mente quando ele trancou seu olhar ao dela.
— Dê-me o pulso — disse e, quando ela hesitou, seu sorriso frio estava
em desacordo com o bramido de calor que exalava de seu corpo. — Você
prefere a garganta? Ou na virilha? Claro, seria mais rápido dessa maneira, mas
eu não acho que você queira que a intimidade seja muita. — Seus olhos
despertaram com divertimento, zombando dela.
Seu próprio corpo respondeu com uma onda de calor líquido, mas ela
cerrou os dentes e concentrou-se na leitura de seu sangue. Seu poder entrou
em um feixe focalizado e enfiado em suas veias e artérias. Quando ela usava
seu dom para criar uma doença, suas vítimas não sentiam nada, mas nunca
sondou assim antes.
Ele deu um aceno lento e voltou a tomar longos goles de seu pulso. Fe-
chando os olhos, em parte porque o quarto começou a girar, concentrou-se em
torno de sentir Con dentro de suas veias. Sombras preto-e-branco, imagens
for-madas em sua cabeça. Ela podia ver as células sanguíneas individuais
correndo através dos vasos estreitos e, com elas, o vírus. Novas células
juntaram-se à cor-rida; dela, ela tinha certeza. Quase como se a presença de
células frescas cutu-casse as de Con, as células dele atacaram o vírus, como
uma matilha de lobos derrubando um veado ferido.
— Só um pouco mais...
Retornando a si, Con rasgou longe dela. Seus olhos agitados como poças
de metal derretido, com medo de que a fome carnal o tivesse feito ir longe
demais e seu desejo ainda mais longe. Eidolon bateu uma palma em seu pulso
que ainda sangrava mesmo quando ela pulou para frente, desesperada para
fazer Con tomar mais sangue. Ela precisava de mais tempo para estudar como
o vírus sobrevivia, como ele morria...
†††††
O fato era que Con não tinha desculpa. Claro, Sin encorajou-o, dizendo
que estavam quase lá, mas pior do que isso, terrivelmente pior, foi que a fome
por ela substituiu o bom senso e ele alimentou-se por mais tempo do que
devia.
Ele estava apenas feliz por não ter lutado com ela no chão e tentado dar
muito mais do que sangue.
— Então chame Shade — Ele pressionou. Sin não estava em perigo, mas
ele não gostava de como sua vida fora literalmente sugada para fora dela. Mas
era a primeira vez que ela estava calma. Ele deveria ser grato.
— Ele está fora por alguns dias. — E fez um gesto para os armários atrás
de Con. — Traga um soro para mim.
— Bom. — Con odiaria ver alguma coisa acontecer com a fêmea que fez
de Shade uma pessoa muito mais agradável para se trabalhar. E por falar em
trabalho... — Você vai chamar Bastien de volta agora que sabe que o vírus não
está afetando o pricolici? — Bastien, um warg nascido que foi excluído décadas
atrás porque nasceu com um pé torto, dedicou sua vida ao UG, e saber que Con
forçou suas férias matava-o tanto quanto a Luc.
— Eu tenho um trauma entrando. Con, fique com ela até que o soro aca-
be. Quando puder, vá ao laboratório. Eu quero uma amostra de seu sangue.
Quero ver se já há quaisquer anticorpos em seu sistema agora. E você — Ele
apontou o dedo para Sin, — seja boazinha.
Sin revirou os olhos, mas pelo menos ela não retrucou de volta. Em vez
disso, ela esperou até que o médico saísse e então se virou para Con, com furio-
sos olhos cor de ébano.
— Seu idiota!
Ela era sexy quando estava irritada.
— Você deveria ter tomado mais. Você ainda pode ser contagioso.
— Não vale a pena matar você. — Não que matá-la não fosse tentador.
— Sim, teria. — Ele cavou através de uma das gavetas um kit de fleboto-
mia7. — Por que você não entregou seu sangue como E queria?
— Quem é você? Meu pai? Não é assunto seu — Ela mexeu-se na cama,
o raspar sedutor de sua apertada calça de couro contra o lençol fazia seu pau
con-trair. Con podia não gostar dela, mas seu pau não ligava para seu
julgamento.
— Vou ver se consigo acelerar as coisas só para você — disse ela irônica-
mente. — E enquanto isso, tome cuidado para não espalhar a doença por aí.
— Irônica coisa a dizer, vindo de você, você não acha? — Ele bufou. —
Eu acho que posso gerenciar não morder ou foder um warg por alguns dias. E
você realmente se importa?
7A flebotomia é uma incisão praticada na veia, com objetivos diversos. É o método de sangria onde ocorre extração de
sangue através de sistema estéril com agulha, equipo e bolsa de coleta, semelhante ao procedimento para doação de
sangue.
— Filha de uma... — Enrolou um torniquete de borracha em torno de
seus bíceps. — Só uma vez, você pode dar-me uma resposta direta? — Traba-
lhou com raiva e com movimentos bruscos fixou uma extremidade do tubo em
seus dentes e puxou forte.
Jesus Cristo. Ele nunca encontrou uma fêmea (ou macho) com um muro
tão grande ao redor. Jurando para si mesmo, ele inseriu uma agulha na veia
situada na dobra do cotovelo.
— A maioria das pessoas acha que corremos por aí matando tudo, quer
queira quer não.
— Como você.
— Como eu. — Ele olhou para ela, queria que ela parasse de contorcer-
se e fazer sons obscenos ao esfregar-se no lençol. — Mesmo em forma warg,
tenho cuidado com o que eu pego.
Wargs jovens eram os que tendiam a ser presos por Aegis e os que
deram a todos os lobisomens a reputação de serem monstros. Na outra pata,
quanto mais velho um warg era, menos humano ele ficava. Havia
definitivamente uma compensação. O controle enquanto em forma animal
vinha com a perda da conexão com os seres humanos enquanto no corpo
humano.
— O dia que eu cair a seus pés — ela disse com voz arrastada, — será o
dia que eu desistirei de pizza.
— Pizza?
Inferno, sim, ele lembrava-se. Ele trouxe Chase e Sin havia pairado. Ele
deixara o lobisomem morrer em uma sala de trauma e parou fora da porta para
escrever a papelada. Sin estava lá.
— Não é grande.
Ele não esperou que ela terminasse. Fome havia sequestrado seu
corpo, e se ele não se afastasse um pouco da sedutora, ele logo estaria
sentindo os efeitos da magia Haven quando pulasse em cima dela.
Rapidamente, ele entre-gou a área de transferência para uma enfermeira e
dirigiu-se ao estaciona-mento.
— Então — ele disse, — você tentou matar o warg com seu dom e ele
sobreviveu tempo suficiente para infectar outras pessoas.
Sin dobrou os joelhos contra ela e envolveu seu braço marcado pela
dermoire em torno deles, dando a ele uma tentadora visão da redonda bunda
dela. Não que ele estivesse olhando.
— Sim.
— Por que não cortar suas gargantas ou matá-los? Por que seguir a rota
da doença?
— Venha cá — Sua voz era baixa e áspera e Sin virou, seu olhar furioso
queimando um buraco no meio dele.
— Vá se danar.
— Estive lá, fiz isso — ele rosnou. — Agora, venha aqui.
Ela atirou-se como um pássaro e seguiu para a porta.
Quando ela disse a ele que não poderia atingir o clímax até que seu par-
ceiro atingisse primeiro, ele ficou surpreendido. E então ele fez vir. Difícil. Ele
ainda podia ouvir o som de suas respirações ofegantes, ainda podia sentir seu
interior apertado, os músculos apertados ao redor dele.
Ela estendeu a mão, mas antes que o punho pudesse atingir alguns de
seus dentes, ela sussurrou e pegou a cabeça com as duas mãos quando a dor do
encantamento antiviolência que protegia o hospital a atingiu. Ela e seus irmãos
eram imunes, mas somente se eles lutassem um com o outro.
Mais suave do que ela merecia, ele afastou a mão sangrando de sua
cabeça e passou sua língua sobre a punção da agulha. Deus, ela tinha um gosto
decadente, com uma mordida como bom brandy, e ele não podia evitar deixar
sua língua permanecer em sua pele. Ela estava tensa, liberando lentamente a
outra mão da cabeça.
Sob seus dedos, a pulsação batia em seu pulso, combinando sua batida
para uma batida louca. O ar entre eles crepitava com o calor repentino e seus
quadris aumentaram quando ele pressionou a palma da mão à garganta
delicada, querendo absorver a sensação de sua força vital que fluía em ambas
as mãos.
Agora, isso era a última coisa que ele queria fazer, mas ele fez seu ponto.
Ela poderia odiá-lo, mas ela o queria. A cabeça um pouco confusa e ainda sen-
tindo o zumbido de seu sangue dentro de suas veias, ele recuou, mas ela o sur-
preendeu quando pegou seu pulso.
— Basta verificar seus níveis de vírus — disse ela, sua voz grossa com o
mesmo desejo que corria através dele como xarope. — Você realmente deveria
ter bebido mais.
Ele fixou o olhar em sua garganta e só foi meio sério quando ele
murmurou: — Ainda posso.
Mas essa pequena súcubo estava matando seu povo, tinha feito dele um
portador da doença e seus irmãos eram superprotetores filhos de demônios
que colocariam suas bolas num espeto se ele a mordesse e batesse nela aqui,
agora.
9 Ele compara a tentação que Sin representa usando o significado do nome dela. Sin é pecado em inglês.
manter-se com ele mesmo durante o pior da febre da lua, quando
acasalamentos violen-tos podiam matar.
Cai fora... cai fora... Ele respirou de forma irregular, desesperado para
manter o controle, porque, embora a lua cheia fosse daqui a duas semanas, o
sangue de Sin forçou uma maré alta em suas veias e todo desejo primal estava
começando a se enfurecer.
Além disso, não havia uma raça de súcubos lá fora que não roubasse
algo. Se era sua semente, sua alma, sua força vital, ou seu coração, sugavam
algo fora de você e raramente devolviam.
— Circulando o ralo?
Alguns dos caçadores Aegis eram os mesmos com quem ela vinha
trabalhando há anos.
Dor irradiava através de seu ombro direito, onde a bala entrou, e neve
picava seu rosto enquanto ela tropeçava através da densa floresta, deixando
um rastro de sangue que um homem cego poderia seguir. Maldito deserto
canaden-se. Quem vivia aqui?
Ela agora era considerada uma inimiga... e uma traidora, para começar.
A nova postura do Aegis, mais branda com criaturas do submundo, era mais
uma piada do que uma política de sem-perguntas-sem-respostas.
Ela poderia implorar por sua vida, mas não faria nenhum bem. E, na
verdade, ela nunca pediu nada e não estava prestes a começar agora. Além
disso, talvez fosse o melhor.
— Vá para o inferno — A morte dela poderia ser o melhor, mas isso não
queria dizer que ela facilitaria para seu assassino. Wade teria que olhar em
seus olhos quando terminasse com sua vida.
Desta vez, ela ouviu o tiro. Mas não o sentiu. Sangue pulverizou em
todos os lugares, espirrando nas árvores, na neve, no rosto dela. Wade caiu no
chão, o topo de seu crânio desaparecido. E de pé, onde estava o corpo de Wade,
estava agora o lobisomem por quem ela percorreu todo o caminho no meio do
nada.
E apesar de sua visão estar sumindo, ela poderia dizer que ele não
parecia feliz em vê-la.
†††††
Filho da puta.
Luc olhou para a Guardiã do sexo feminino cujos pálidos olhos azuis
estavam vítreos e ele sabia que ela estava prestes a perder a consciência. Tão
certo como ele apontou a coronha de sua espingarda para a neve, ela
contorceu-se como um besouro morrendo, o rosto pálido pela perda de sangue
e pelo frio e ela sangrava um rio quente na neve.
Karlene.
Agora, isso não importa. Ela estava sangrando até a morte, a anormal
nevasca do final da primavera estava piorando e havia, sem dúvida, outro Aegi
aqui em algum lugar. Os caçadores de demônios raramente trabalhavam sozi-
nhos.
Ele pegou uma tesoura para cortar seu casaco, a camisola por baixo e a
camisa térmica de seda. A menina estava definitivamente preparada para o
frio. Pena que ela não estava preparada para as duas balas que dilaceraram seu
ombro e braço.
Se ele não buscasse ajuda médica real, essas feridas iriam matá-la.
Ele desprezara-os por mais de noventa anos, desde o dia que quase o
mataram quando ele mudou para sua forma de lobisomem. Mas seu ódio atin-
giu um novo patamar três anos atrás.
Ula.
10Uma moto de neve, também chamada de motoneve, mota de neve ou snowmobile, é um veículo misto entre uma
motocicleta e um carro desenvolvido para andar em lugares com neve, possui tração traseira por esteira com cravas
para melhor estabilidade e pás na parte dianteira.
Maldição. Ele não teve nem tempo de tentar viver com a mulher que
queria tomar como parceira. De qualquer maneira, ela estava morta e sua
morte nas mãos dos assassinos Aegis tomou muito tempo em seus pesadelos.
A segunda bala estava mais difícil de remover. Ele foi forçado a fazer
uma incisão para alargar a ferida e Kar, embora não tenha acordado, gemeu. A
bala de prata fixou-se em seu úmero e tudo em torno dele estava escurecido
com o veneno.
†††††
Kynan Morgan não podia acreditar que estava fazendo isso. Nenhum ser
humano em sã consciência iria conscientemente andar no prédio que abrigava
o Conselho Warg. Especialmente se você fosse um membro do Aegis.
Muito legal.
Ok, Lore poderia matar Ky, mas eles trabalharam suas diferenças um
tempo atrás. A maioria delas. O demônio ainda gostava de agulhá-lo, mas era
recíproco.
A fêmea parou diante de uma sala que poderia ter sido uma vez uma
grande biblioteca. Ela ainda abrigava livros, mas a maioria deles estavam ama-
relados com a idade e a poeira. Dois homens estavam no centro da sala e
enquanto Kynan entrava na casa, percebeu o movimento atrás dele.
Ele não se precisou virar para saber que acabara de ser cercado e preso.
Os wargs definitivamente não queriam correr nenhum risco.
— Você deve saber que nenhum Guardião nunca pôs os pés na sede do
Conselho Warg. Como você nos encontrou?
Red zombou.
Cara engraçado.
— Eu sou Kynan.
— E por que está aqui, Kynan? — Raynor perguntou. — Você tem infor-
mações sobre a praga que está matando nosso povo?
— Se ele tivesse, você acha que nos diria? — Valko zombou. — O Aegis
não quer nada mais do que nos ver extintos.
— Raça nova?
E então algumas cabeças iam rolar por isso. O pai da Guardiã, ele
mesmo um Aegis, entrou em contato com o Sigil em pânico, temendo que sua
filha estivesse em perigo. Com certeza, depois de um pouco de instrução,
Kynan descobriu que, ao invés de trazer o assunto ao Sigil, a célula da Guardiã
decidiu ignorar as novas políticas e fazer justiça de acordo com as leis antigas.
— Isso não foi o que eu disse — Valko disse em uma agradável voz zom-
beteira. — Vocês varcolac são muito sensíveis. Nem tudo é sobre vocês. — Ele
voltou-se para Kynan. — Não sabemos nada sobre wargs que podem mudar
durante a lua nova. Eu sugiro que você mate a mulher e esqueça isso.
Valko estava mentindo, mas claramente, ele não ia desistir de nada. E já
que ninguém havia falado com ele, nem mesmo Eidolon ou o R-XR ouviu falar
de qualquer tipo de warg que se transformava na lua nova, Kynan estava em
um beco sem saída.
— Nossa espécie enfrenta a extinção.
O Primeiro Executor do Conselho Warg fez seu pronunciamento severo
enquanto se inclinava sobre a mesa onde nove outros membros estavam senta-
dos, seus punhos plantados firmemente no tampo de carvalho manchado.
Como tantos outros wargs nascidos, Ludolf tinha cabelo negro, olhos
castanhos e uma queda pelo drama.
Por alguma razão, um rosnado começou no peito de Con, mas ele conse-
guiu esmagá-lo.
— Sin pode ser uma resposta para a cura — ele atirou de volta. —
Eidolon está fazendo experimentos com as habilidades dela enquanto falamos.
— Porque ele acabou de sair alguns minutos antes de você chegar. Você
contou para ele como nos encontrar?
Con piscou.
Sem exceções.
Con prendeu o olhar com cada membro do Conselho um por um, sete
homens e três mulheres, começando com o warg transformado de mais baixo
escalão até Valko.
Raynor ficou de pé com tamanha violência que a cadeira dele voou para
trás e arrebentou-se contra a parede.
— Acalme-se. Ninguém está feliz sobre esta virada de eventos, mas isso
significa que os wargs não estão fadados à extinção.
— Isso é ridículo.
— O que você acha, Conall? — Valko perguntou. — Já que sua raça não
é afetada por nada disso, qual é sua opinião?
Con eriçou-se.
Valko desprezara Eidolon por anos, desde o dia que o doutor falhou em
salvar o filho de Valko após ele levar um tiro de prata de um Aegi. Eidolon
juntar-se posteriormente com uma Aegi apenas aumentou o ódio de Valko.
Valko amaria ver Eidolon forçado a matar sua própria irmã.
— Você está sugerindo que ela fugirá? — Con perguntou. — Ela não vai
fazer isso. Ela está comprometida a terminar com esta epidemia.
— Você irá grudar nela como cola por uma semana e, depois disso, você
a trará. Se Eidolon ainda estiver procurando uma cura, nós deixaremos o
Conselho Seminus decidir o que fazer com ela. Mas ela irá enfrentar a justiça
por isso.
Xingando, Con seguiu para a porta, recusando-se a ficar naquela sala
por nem mais um minuto. Aquelas duas sociedades eram bombas-relógio. E
com esta doença se espalhando mais rápido do que a Peste Negra fizera, a
última coisa que o mundo necessitaria era uma guerra civil warg.
†††††
— Não brinque dessa forma comigo. Eu conheço você muito bem e você
é muito ardiloso. Quando você ouviu que somente os varcolac eram afetados
pela praga, suas engrenagens começaram a rodar. — Ele colocou seus pés em
cima da mesa. — Então? Eles acreditaram?
— E Sin?
Valko não tinha nada contra Sin. Não no momento, de qualquer forma.
Na verdade, ele gostaria de agradecer a ela por iniciar a epidemia que estava
matando os varcolac. Mas ele tinha um plano para ela.
— Eu posso estar.
— Bom. Diga a ele que se ele enviar a cabeça de Sin para Eidolon sem
ninguém descobrir quem foi responsável pela morte dela, o Conselho Warg irá
perdoar suas transgressões passadas e dar a ele um lugar no conselho. Se Con
for pego no fogo cruzado, ainda melhor.
— Você realmente acredita que os Sems irão para a guerra por causa da
morte de uma fêmea mestiça?
— Claro que não. Mas eles ficarão bravos o bastante para ficarem de
nosso lado quando a guerra começar.
†††††
Quando ele saiu pela parte traseira do edifício do Conselho Warg, Con
sentiu a presença de outro dampiro. O terreno tipo parque espalhava-se por
meio acre, o bosque de árvores próximas da parede mais distante da
propriedade ocultando o único Harrowgate em um raio de três quilômetros. O
cheiro de warg era forte ao redor do portal; qualquer espécie com um decente
senso meia boca de cheiro iria segui-lo de volta para o Harrowate ou para
longe do prédio do Conselho imediatamente.
A menos que eles estivessem lá por uma razão e enquanto Bran emergia
das sombras da floresta, Con sabia que isso não iria ser agradável.
Ele manteve sua longa e prateada juba presa em um rabo de cavalo para
que nada obscurecesse a bagunça que era seu rosto.
— Eu não acho que você veio até Moscou porque a vodka é muito boa.
— Provavelmente não era a maneira mais inteligente de falar com um membro
veterano do Conselho Dampiro, mas Con não se curvava e bajulava ninguém
há um longo tempo.
— Morto.
— Sinto muito sobre a Aisling, mas por que entregar as notícias pessoal-
mente?
— Porque eu queria ser aquele a lhe dizer que você irá ocupar o lugar
dela no Conselho e que você irá participar da próxima época de reprodução.
Por quanto tempo ele quis isso mesmo? Assumir os deveres de seu pai,
guiar o clã para a prosperidade e boas caçadas? Mas não dessa maneira. Não
porque eles tinham um assento para preencher e ele era o último adulto na
linha real de seu pai. Eles deviam pedir a ele para voltar porque queriam a
opinião dele, sua experiência. Não porque precisavam de seus genes.
O estômago dele deu alguns pulos enquanto ele erguia seu olhar para
Bran.
— Não.
O punho de Bran estalou, pegando a mandíbula de Con. Foi um golpe
leve, uma pequena punição para os padrões dos lobos, mas doeu.
Con tinha mais do que experiência suficiente com isso agora para saber.
Bran rosnou e Con preparou-se. A batalha verbal era algo que ele podia
ganhar. Mas se Bran atacasse...
Rolando para evitar outro ataque, ele chutou, pegando a parte de trás
dos joelhos de Bran e derrubando-o ao chão. Enquanto o outro dampiro
atingia o chão, Con deu um soco que mandou Bran derrapando em sua bunda
por vários metros. Con mergulhou, conseguindo outro golpe, o barulho
ressoando pelo ar fresco da noite.
No final, Con teria que perder esta briga. Oh, ele podia derrubar o
dampiro de três mil anos de idade, mas ganhar seria interpretado como
derrotar um alfa e Con teria que se encontrar não somente de volta no clã, mas
no comando dele.
Lentamente, Bran soltou seus dedos e Con puxou uma golfada grata de
ar.
— Você irá retornar e você irá tomar seu lugar no Conselho. Você vem
comigo agora.
— A doença que está matando os wargs é uma ameaça para todos nós —
Con botou para fora. — Você pode ter-me quando a crise acabar.
— Não — Bran disse, com uma risada sádica. — Eu acho que não. —
Ele abaixou sua boca até o pescoço de Con e o coração de Con pulou lá para se
juntar a festa.
— Não. O vírus está em meu sangue.
A respiração quente de Bran sussurrou pela pele de Con.
— Que conveniente.
Muito. Servir de alimento em uma demonstração de dominância nunca
era agradável.
Muito para o silêncio sepulcral. Ela adoraria fazer o corpo dele bater no
chão.
— Não que isto seja de sua conta, mas não — Não recentemente, de
qual-quer maneira.
— Mas você quer. — Quando ela abriu a boca para negar, ele a cortou.
— Você não pode mentir para um incubus sobre sexo. Você devia saber disso.
— Bem, gee12, não é mais esperto do que parece. — Sabendo que a bata-
lha estava perdida, ela desligou o pequeno MP3 player. — Olá, ele é um cara. E
11 Corpos em inglês.
12 Abreviação de geesus, uma forma de falar Jesus.
um vampiro. Ele estava respondendo à alimentação. — E aos feromônios
succubus dela, que tinham uma tendência de atrair a atenção de todos os
homens não incubi, mesmo que apenas subliminarmente. — Qual é seu ponto,
afinal?
Pior, a família tinha o potencial de ferir uma pessoa muito mais do que
um estranho jamais poderia.
— Mas?
Os olhos azuis de Wraith ficaram vidrados enquanto olhavam para o
corredor, indo para algum lugar que ela não podia seguir.
— Ferrar com eles? Talvez você possa ter em mente que eu salvei a vida
de dois dos filhos de Shade. E eu nunca quis conhecer vocês de jeito algum. A
única razão para eu passar tanto tempo com vocês como estou é porque
Eidolon e Shade não me deixam em paz.
Eidolon ligava para ela ir ao hospital sobre as coisas relacionadas à
epidemia e Shade sempre a convidava para jantar com sua família para
agradecer o que ela fizera por seus filhos. E com certeza, os trigêmeos, Rade,
Stryke e Blade eram fofos e tudo, mas lidar com criancinhas babonas estava
muito fora de sua zona de conforto.
— Mas você está aqui agora e está em nossas vidas. Então, o que
acontece quando a praga acabar e você não precisar mais vir ao hospital? —
Wraith se aproximou, usando seu tamanho em uma tentativa de intimidá-la.
— Você vai desaparecer?
Ela torceu o pescoço para olhar para ele, mas de maneira nenhuma ela
recuaria.
— Esse é o plano.
Um rosnado baixo retumbou em seu peito.
— Você não me pode dizer o que fazer — ela cuspiu. — E eu não sou sua
irmãzinha. Eu sou mais velha do que você, idiota.
— Duh, os anos que passou como uma humana sem noção não contam.
Todo mundo sabe disso. — Ele estreitou os olhos para ela. — Basta lembrar-se
do que eu disse. Não tente fugir, porque não há lugar na Terra ou em Sheoul
onde eu não possa encontrá-la. — Sua voz era um murmúrio ressoante e
mortal. — E confie em mim, você não me quer em seus calcanhares. — Ele deu
uma rápida meia-volta próximo a ela e partiu pelo corredor, deixando-a
cuspindo como louca e tentada a ir atrás dele, embora não tivesse ideia do que
faria se o alcançasse.
— Sin! — Eidolon fez um gesto para ela das portas duplas balançando
para o PS13. — Eu preciso de você. Agora.
13No original em inglês, ER (Emergency Room, que significa sala de emergência). Também conhecido como Pronto
Socorro (PS).
Sin mentalmente mostrou o dedo médio para Wraith e correu atrás de
Eidolon, que nem sequer esperou para ver se ela o seguia. Ele cruzou para uma
sala perto das portas do estacionamento e arremessou a cortina pesada para
trás.
— Claro, doutor.
Uma vez que ela se fora, Eidolon agarrou os ombros de Sin.
— Sin — Eidolon disse, seu tom muito mais amável do que ela merecia.
— Eu preciso de sua ajuda. Eu preciso que você canalize seu dom nele e veja se
pode forçar o vírus a uma conformidade.
— Eu sei. E pode não funcionar com este também. Mas você teve uma
chance de ver como o vírus no sangue de Con foi morto. Se você puder causar
uma reação similar no interior deste warg, ele poderia ter uma chance.
— Por que ele não pode beber meu sangue como Con fez? — Ela abriu
os olhos e moveu seu olhar para Eidolon, as paredes, o chão, porque qualquer
coisa era melhor do que observar o garoto morrer. — Quero dizer, eu sei que
wargs normalmente não bebem sangue, mas isto não forneceria algum tipo de
defesa?
Eca.
A doença rolou sobre ela, uma lama suja de informação que deixou seu
braço e mente pesados. Em sua cabeça, o visual rodou, ela podia ver os
torcidos e irregulares tentáculos do vírus envolvidos em torno das células do
sangue, espremendo a vida para fora delas. A forma dos filamentos do vírus
era diferente daqueles em Con, mas ela visualizou o modo como o vírus de Con
fora destruído e então ela inundou o warg com poder. Arrepios ferroantes
formiga-ram de seu ombro para as pontas de seus dedos, enquanto ela
imaginava reverter a doença, levando-o de volta para seus estágios iniciais.
Nada aconteceu.
Ainda nada.
Resposta fluiu de sua dermoire para sua cabeça... Alguma coisa estava
acontecendo. As células do sangue do lobisomem vibraram e tudo à volta
delas, os filamentos do vírus, partiu-se. Primeiro, foram apenas alguns, mas de
repente, eles explodiam como pipocas. Pequenos pedaços de vírus corriam
através dos vasos.
Oh, merda. Sin recolheu seu poder e moveu o visual para a área em
torno do coração dele. De repente, os alarmes sonoros e uma enxurrada de
atividades cercaram-na. Ela pegou um vislumbre do coração do warg
apertando-se, então parando, as veias e artérias em torno dele achatando-se
enquanto ficavam entupidas.
Enjoada e trêmula, Sin não sabia quanto tempo observara, mas quando
Eidolon praguejou violentamente e indicou a hora da morte, ela saiu da sala
como um zumbi, sem saber para onde ia ou o que estava fazendo. Tudo que
sabia era que seu braço direito coçava, um aviso de que ela estava prestes a
sangrar.
Ela não quis salientar que ainda assim era sua culpa.
— Ei. — Eidolon estendeu a mão para ela novamente, mas quando ela
deu um passo atrás, ele desceu a mão. Ainda assim, havia compaixão em seus
olhos, compaixão que ela não queria ou precisava. — O que aconteceu com
você quando criança, o que está acontecendo agora... Sinto muito. Eu fui duro
com você...
Seu irmão era intuitivo o suficiente para saber que ela precisava mudar
de assunto e ele seguia a deixa como se nunca tivesse tentado ficar todo
apologé-tico.
— Talvez. Mas como isso o ajudaria? Não tem como eu curar cada warg
infectado dessa maneira.
— Não, mas poderíamos ser capazes de usar o vírus morto para criar
uma vacina ou uma cura, estudando como o vírus jovem foi realmente
destruído com seu poder.
O interfone grasniu e ela quase pulou para fora de sua pele quando
Eidolon foi chamado para a mesa de triagem.
— Eu vou cuidar disso. Espere no... — Ele parou e ela seguiu seu olhar
para onde uma enfermeira, um slogthu de pelo desigual, observava dois
homens vestindo o macacão preto do uniforme dos Carceris (carcereiros do
submundo que não eram conhecidos por seus métodos gentis). O primeiro, um
vampiro com cabelos castanhos na altura da cintura, moveu-se para encontrar
seu irmão. O outro, humanoide e de espécie desconhecida, olhou em volta com
curiosidade.
— Por quê?
O outro demônio deu um passo à frente, lábios excessivamente grandes
abertos para revelar os dentes afiados e uma língua bifurcada.
— Porque — ele disse, — estamos aqui por ela. Ela está presa.
†††††
Se Sin fosse levada, ela poderia ser mantida assim por anos. O sistema
de justiça demoníaco operava na premissa de que todos eram culpados até que
se provasse inocente, arrastar-se significava anos, até décadas, de tortura atrás
das grades.
— Ainda não — Ele sussurrou em seu ouvido. — Mas não lute. Eles não
são afetados pelo feitiço Haven. Eles vão bater em você como o inferno e não
há nada que possa fazer.
— Ao Conselho Warg.
— Você tem sorte dos wargs não tê-la abatido diretamente — A voz do
drake albino era monótona, entediada e Con suspeitou que ele estivesse
esperando que Sin resistisse à prisão. O cara iria obter seu desejo. E então
desejaria que ele não tivesse.
Con entendia.
— Bom, Sin — Con disse em voz alta, — boa sorte. E, eu estou saindo
para uma corrida. — Ele pegou o olhar sombrio de Eidolon por apenas um
segundo, tempo suficiente para entregar sua mensagem silenciosa, “Eu vou
tirar Sin daqui”.
Con passou por Wraith com um aceno de cabeça, subiu na mais nova
das três ambulâncias pretas e deu a partida. Como se girar a chave fosse um
sinal, Sin explodiu para fora do hospital. Wraith saiu também, seu sobretudo
de couro levantando em torno de seus tornozelos e então os oficiais da Carceris
estavam lá, Eidolon em seus calcanhares. Ele não teria sido capaz de fazer
muito para detê-los dentro do hospital, mas o estacionamento não era
protegido pelo feitiço Haven.
Ele virou-se para Sin, que olhava para trás para ter certeza que os caras
do Carceris não estavam de alguma forma avançando pela barreira.
— Já tive piores.
O coração ainda martelando, ele retirou-se ao tráfego de Manhattan de
início da manhã, seu movimento agressivo causando mais de umas poucas
buzinas.
— Não seja uma idiota teimosa. — Ele bateu o pé no freio para evitar
colidir com um táxi que saiu na frente dele, embora Con deixasse,
intencionalmente, a ambulância trocar tinta com o outro veículo, só para fazer
o motorista mijar nas calças. — Você não pode se dar o luxo de ter uma
infecção neste momento. — Além disso, o cheiro iria enganar seu interruptor
de loucura se eles não cobrissem a ferida dela.
Ela revirou os olhos.
— Eles vão ficar bem. E tem experiência com o sistema e Wraith é... O
Wraith.
— Ah.
Ela deve ter soltado a pressão sobre seu corte, porque um cheiro
particularmente forte de sangue fez suas presas pulsarem. Ele respirou contor-
nando a situação do jeito que sempre fazia quando falhava em alimentar-se e
estava tratando um paciente sangrando. Mas ele alimentou-se, de Sin, apenas
algumas horas atrás e não deveria ter essa reação.
— Terra para Con. — Sin acenou com a mão na frente de seu rosto,
tirando-o tanto do piloto automático quanto dos pensamentos que não queria
pensar. — O que ah significa?
Ela moveu-se, jogando a cabeça para trás contra o banco, o que teve o
efeito infeliz de fazer seus pequenos seios projetarem-se para frente, testando a
elasticidade da regata preta que ela usava por baixo da jaqueta de couro.
— O que você está fazendo? — Ela retrucou. — Oh, meu Deus, você
sabe mesmo como dirigir?
— Eu disse...
— Eu não me importo. — Sua voz era fria, seu corpo quente e a mistura
fazia estragos sua paciência. — Você está em meu território, em meu veículo,
então você seguirá minhas regras.
Ela olhou.
— Vou levá-la para casa — Ele disse finalmente. — Você vai voltar para
casa comigo.
— Eu não vou para casa com você.
Sua perna protestou quando ela fez seu caminho pelo corredor estreito
entre o banco corrido e a maca, mas a ferida não era nem de perto tão ruim
quanto a dor ao longo de seu braço. Ela não teve que olhar para saber que um
grande corte dividira sua dermoire em seu bíceps. A dor atingiu-a
subitamente, mas ela aguentou em silêncio, da maneira como ela sempre fez.
Como uma assassina, ela nunca deu suas vítimas o luxo de um grito, então ela
percebeu que ela não merecia mais do que eles mereciam.
Da mesma forma que ela não merecia que o corte fosse tratado.
Permitiria que Con remendasse seu pé, mas seu braço estava fora dos limites.
Con abaixou as máscaras pretas de borracha dos rolos sobre cada janela.
Não se via uma tira de luz exterior, obviamente uma necessidade ao
transportar vampiros e outros demônios sensíveis à luz durante o dia.
O calor inundou seu rosto. De algum modo, soube a resposta, soube que
nunca teve sexo com preliminares em sua vida. Para ela, o sexo era um lanche
rápido, não uma culinária gourmet.
Oh, apreciou-o com os parceiros adequados, mas o desejo de atrasar-se
na cama, tomando o prazer em um corpo de macho foi tirado dela há muito
tempo. Agora, o sexo era sobre permanecer viva. Nos últimos trinta anos
especialmente, virou rotina escapadelas rápidas com um par de assassinos de
seu antro, com apenas o rolo ocasional no feno com machos como Con para
agitar as coisas.
E agora que era mestre dos assassinos, raramente saía do covil, exceto
para ir às matrizes da sociedade ou ao hospital, de forma que suas escolhas
foram ainda mais severamente limitadas, na maior parte a Lycus. Seria
provavelmente dessa maneira para o resto de sua vida.
— Então você não está fazendo direito. — Con pegou algumas luvas
cirúrgicas, de algum modo fazendo o som e a ação eróticos. — Você teve aman-
tes preguiçosos.
— Você foi um de meus amantes — Indicou, mas ele não mordeu a isca.
— Uma vez. E há algo a ser dito sobre uma foda dura, rápida. — Sua voz
transformou-se num timbre de fascinação. — Mas não há nada como o tempo
gasto para tirar lentamente cada peça de roupa, para beijar cada polegada da
pele de seu amante. Para lamber todos os lugares sensíveis até que fique louca.
Para explorar todas as texturas do corpo de sua companheira, com seus dedos,
sua boca. — Suas presas saíram quando terminou — Seus dentes.
A fome prendeu-a tão ferozmente que teve que se esforçar para respirar.
Contudo, de algum modo, controlou sua fala calma, como se as palavras
gráficas de Con não a afetassem.
Ainda tonta com as imagens que pôs em sua cabeça, agarrou uma toalha
de papel do distribuidor atrás dela e prendeu a ferida sangrando. Um
gotejamento de calor começou abaixo de seu braço e em sua palma, e dobrou
secretamente outra toalha de papel sob a manga de seu casaco. Então, prestou
atenção no traseiro de Con sob as calças pretas de BDU 14. Quando ele girou de
volta para ela, começou a afastar-se e seu olhar foi para suas coxas descobertas
e cueca de seda preta que estava agora umedecida com sua excitação.
Quanto mais olhava, mais rápido seu coração batia, mais sua barriga
vibrava.
— Isto é inútil — disse, mesmo que a toalha sob seus dedos embebesse
completamente. — Eu curo rapidamente.
Inteligente.
Sin tentou ignorar a posição íntima, mas seu corpo não poderia e
enrijeceu, sentindo-se presa, embora fosse ele quem estivesse preso entre suas
pernas.
14 Marca de calças.
— Como eu disse, eu tenho experiência com eles.
Isso foi uma piada. Não tivera uma festa de ação de graças desde que
seus pais estavam vivos. Mas de repente, queria o peru, comer a torta e rolos
caseiros. Nostalgia, algo que proibira há muito tempo, enchendo-a com o
mesmo calor que sentira quando sua família reuniu-se em torno de uma velha
mesa deteriorada no feriado de ação de graças. Como uma criança, previu o
futuro, que envolvia um marido, crianças, tio Loren e sua família, todos
reunidos nos feriados com seus parentes. Agora ela sabia que seria melhor
abandonar esses sonhos infantis e cruelmente flexionou seu braço e permitiu
que a dor a trouxesse de volta ao presente, onde nunca comemoraria feriados
felizes, sentimentais outra vez.
— Eu não quero comer mais após uma grande refeição, mas… Oh, então
você se alimenta bem antes de trabalhar?
Bruto.
— Ou sexo.
Uma perfeita sobrancelha foi levantada.
— Eew.
Olhou-a divertido, com o olhar de “sem chance”, como se ela não tivesse
absolutamente nenhuma palavra em seu futuro.
E ele conseguiu.
— Vulnerável a quê?
— Meus assassinos.
Ele piscou.
Deixou suas mãos onde estavam, envolvendo as coxas dela, e olhou para
cima, seu olhar esterlino encontrando o dela. O ar na ambulância pareceu ficar
mais espesso e quente. Será que mataria Shade instalar ar-condicionado
nessas coisas?
— Eu posso cheirá-lo.
Malditos vampiros.
Não, não se cortava. Mas não iria explicar qualquer coisa a Con.
— Não se meta com isto — disse com voz nivelada. — Eu cuidarei disso,
e nisso, não vou mudar de ideia.
— Eu posso e eu vou.
— Eu estou na borda agora, Sin — Sua voz era gutural, com um tremor
ligeiro que se estendesse à mão não o prenderia.
Uma quente respiração ventilou sobre seu braço e ela abriu seus olhos.
A boca de Con estava próxima, tão próxima… Sim, apenas uma vez…
— Con? — Colocou sua mão em seu braço e, sob sua palma, seus
músculos ondularam e saltaram. Expressou algo em uma língua que não
conhecia, mas estava consideravelmente certa que era uma maldição
desagradável. Abruptamente, pulou para trás e, no mesmo momento, alguém
bateu na porta traseira. Uma voz estrondosa veio do outro lado. — Traga a
súcubo para fora, ou todos no interior morrem.
†††††
— Quem é? — Sussurrou.
— Não poderiam ter nos encontrado tão rapidamente. Não sem um cão
do inferno ou um rastreador de sangue. Deve ser um assassino.
Amaldiçoou.
— Deixe-me levantar.
Não havia bastante espaço no corredor entre o assento do banco e a
maca para deixá-la levantar, mesmo se ele quisesse.
— Seus assassinos?
Pegou suas calças e colocou seus pés nelas.
— Bastardos.
— Armas de fogo?
— Espera...
Muito tarde. Deslizou a porta, abrindo-a, silenciosamente passou por
ela. Lentamente, levantou-se e avançou para a parte traseira da ambulância.
Atrás dele, silenciosa como um sussurro, Sin apareceu, graciosa em seus
músculos flexíveis. Abaixo, Trag golpeou na porta.
— O tempo acabou.
Con abriu a porta, pulando no Ramreel e jogando-o no chão duramente.
Os chifres do demônio causaram uma rachadura satisfatória no pavimento.
Legal. Distante, ouviu o grunhido de dor de Zeph, mas então Con tomou um
soco na cara e a dor trouxe sua atenção inteiramente de volta a seu oponente.
— Sim — Ela chutou o demônio morto nas costelas e fez uma careta
segurando sua coxa.
Con praguejou.
— Eu não tenho.
Ele duvidou disso e agora queria chutar a si mesmo por não considerar
que poderia desejar tanto seu sangue por ela ser um súcubo. Pode não ser
apenas o sangue dela, talvez seus feromônios estivessem conduzindo sua fome,
não um vício iminente.
A menos que…
— Uh… sexo?
Piscou.
E ele sabia malditamente bem que seu sangue corria quente e não frio.
“Você está exposta. O que faz de você um alvo, Sin”. A voz do macho
soou claramente a Con, como se estivesse sentado no assento de passageiro
com Sin.
Okay, amarrado à maca e morto. Con cerrou seus dentes, irritado com
sua própria reação. Não havia nenhuma razão para ser ciumento, não importa
quão desprezível este idiota de Lycus soasse.
Filho de uma... Con mordeu de volta uma maldição enquanto seu corpo
inteiro sacudiu e a ambulância com ele. Os carros buzinaram quando ele
chicoteou a ambulância de volta na pista, ignorando o brilho de Sin. Ele não
dava uma merda para o que Sin fazia, ou com quem ela se “acasalava”, nem o
que ela fazia com seu negócio de assassino. Mas esse merda de Lycus a
chantageava, o que o irritou muito. A repentina imagem dela nua, debaixo de
um corpo bem musculoso não o incomodou. Absolutamente. Em. Nada.
Sin encheu-se de raiva e Con esperou ela cortar o bastardo com sua
habitual língua aguda. Então ele quase caiu quando ela disse cansada: — Eu
disse não.
— Estúpido — murmurou.
Con viu que segurava o volante forte o bastante para por uma curvatura
nele e forçou-se a relaxar.
†††††
— Você está em meu quarto da lua. — Não que o usasse mais. Já não se
importava com o que fazia nas noites de Lua cheia. Ele recusou a acorrentar-
se, preferindo correr livre. Eventualmente o Aegis o mataria, ou talvez um
caçador, ou, mais provável, Wraith. O demônio jurou matá-lo quando o último
pedaço de humanidade saísse dele e, realmente, isto aconteceu quando Ula
morreu. — Do que você lembra?
Já que dever vem primeiro na guerra pendente, seu apetite sexual rugiu
à vida. E ele não era o indivíduo mais agradável no mundo, então ele propôs
um acordo a ela. Dez minutos despidos e ele manteria seu segredo.
Ela xingou e rosnou, mas depois que a Equipe Boa reivindicara a vitória
em Jerusalém, ela dera-lhe meia hora. Seu corpo endureceu-se mesmo agora,
15Pallet é um suporte geralmente de madeira feito para servir para cargas pesadas serem transportadas com mais
facilidade.
apenas pensando sobre como a tomara três vezes naqueles trinta minutos. Ao
lado do edifício. No chão, estilo do missionário. De joelhos, ele atrás dela.
Todos os acoplamentos foram rudes e crus, os wargs faziam dessa maneira,
especialmente após uma batalha incondicional. Ele veio embora cheio de
arranhões e feridas, e mais saciado do que estivera em um longo tempo.
A mão boa dela disparou para capturar seu pulso em um aperto surpre-
endentemente forte.
— Sem medicamentos.
— Sim.
Ela deve ter entrado no cio poucos dias depois que ele estivera com ela.
Graças a Deus que não detectara que se aproximava. Seria compelido a
permanecer e lutar com todos os outros machos que aparecessem para
reivindicá-la. O vencedor acoplar-se-ia com ela os três dias e noites da Lua
cheia, na forma humana e da besta, e se ficasse grávida durante esse período,
sua ligação seria permanente.
— Morto — Os olhos dela ainda estavam fechados e ele desejou que ela
os abrisse, assim poderia tê-la lido.
— O Aegis matou-o?
— Sim.
Ela hesitou e, por um momento, ele pensou que diria sim. Mas então
seus olhos piscaram, o brilho férreo neles sugerindo que tipo de mãe seria.
Feroz. Amorosa.
— Eu protegerei meu bebê com minha vida. É por isso que eu estou
aqui. O vírus…
— Eu estou com medo. Você sabe o que está acontecendo, você tem
acesso...
Ele bufou.
— Eu não tinha nenhum lugar além desse para ir, uma vez que o Aegis
sabe de meu segredo.
— Você não devia ter vindo aqui — Era uma coisa estúpida a dizer, mas
de qualquer forma, ele era um estúpido. Desde o dia que foi atacado por um
lobisomem, tudo era apenas para si mesmo e não se importava com mais
ninguém.
— Claramente, foi um erro — Sua voz era tão suave que quase foi
afogada pelo crepitar do fogo.
— Sim, foi. — Ele atiçou uma seção do fogo com um pouco mais de
força do que era necessário e faíscas voaram, estalando com raiva. — A última
coisa que eu preciso é cuidar de uma fêmea grávida que tem assassinos perse-
guindo-a. Como souberam o que você é de qualquer maneira? — Quando ela
não respondeu, ele virou-se. Os olhos dela estavam fechados, sua respiração
regular. Desmaiara outra vez.
E ele estava errado; ela não estava enfraquecendo. Tão agradável quanto
seria compartilhar das cargas de ser um mestre assassino, não poderia se ligar
a qualquer um, especialmente não um cabeça oca como Lycus.
— Muito egoísta?
Certo, sim, era egoísta. Desde o dia em que ela e Lore atravessaram a
transição que lhe dera tatuagens, necessidades sexuais incontroláveis e
habilida-des para matar, ela fora forçada a deixar o mundo humano para trás.
O que sig-nificou deixar a suavidade, a piedade e o amor em um lugar onde
não a feris-sem. O violento mundo para o qual fora levada por um comerciante
de escravo de demônio após Lore abandoná-la endureceu-a rapidamente.
Mas não ia dizer isso a Con. Dizer isso era pedir para ouvir a piedade e
um convite a frases inúteis como “Eu sinto muito” e “Tudo ficará bem”.
As colisões picavam e formigavam sua pele. Sua avó, que criara Sin e
Lore desde o dia que nasceram, dizia muito isso. “Tudo ficará bem, Sinead.
Sua mãe os ama. Ela é doente, isso é tudo”. E “Tudo bem. Todos podem ser
cruéis, mas você me terá sempre”.
A avó havia mentido. A mãe não a amava, Sin não tivera sua avó
sempre, e definitivamente não estava tudo bem.
Con colocou a ambulância dentro. Era grande e quase não coube, e ela
pensou ouvir o raspar do metal em algum ponto. Shade iria ficar muito irritado
pelos arranhões que o veículo sofreu hoje.
— Próximo ano?
Uma vez que a porta da garagem rolou para baixo, desarmou o sistema
de segurança e a conduziu para casa, a qual era uma verdadeira casa de
solteiro. A mobília era velha, mas bem conservada. Havia roupas jogadas sobre
as cadeiras e sofás, e quis saber se as janelas alguma vez foram limpas. Parecia
com a casa de Lore, somente mais nova. E maior. Definitivamente mais
pessoal.
— Aonde você cai na escala do warg? O que você faz? Sobre a Lua cheia,
eu quero dizer?
Tirou sua camisa de paramédico e a língua dela quase caiu de sua boca
ao ver seus músculos agudamente definidos e afiados, carne dura. Ela foi
usada por machos que se mantiveram em forma (nenhum assassino se deixou
ficar fora de forma), mas Con tinha uma carne sem gordura, corpo de corredor
poderoso, o tipo que foi usado bem e frequentemente. Foi feito para
maratonas.
Ela teve que forçar seus olhos para longe de seu tórax para encontrar os
dele.
— Onde é isso?
— Assim você não se acopla como outros wargs? Eu quero dizer, deixar
uma fêmea grávida durante seu calor não te liga para sempre?
— Não — disse com voz rouca e ela quis saber se o assunto o afetara da
mesma maneira que a afetou. — De fato, os machos muito raramente tomam
companheiros permanentes.
— O que você faz com todo este espaço? Você dá festas e o enche?
Ele, que verificava a secretária eletrônica, olhou para cima.
Seu telefone celular tocou e ele tirou-o da parte inferior do bolso lateral
da perna de suas calças de BDU.
Con fechou a porta, mas não antes de fazer a varredura da área exterior.
— Não boa o bastante. — Shade dobrou seus óculos de sol em seu bolso.
— Disse-me para sair. Disse que eu a deixo louca. Além do mais, eu preciso
comprar alguns mantimentos.
— Você está bem? E disse que você foi ferida por um tiro.
— Revezar?
— Con pode ficar com você. Isso vai lhe dar dois guarda-costas.
Sin afastou-se de Con, fingindo precisar olhar para Shade, mas a
verdade era que Con sem camisa era uma distração que não precisava.
— Nós não estamos nos preocupando com isso — Eidolon disse, mas
Sin agitou sua cabeça.
— Isto não está aberto para o debate — ele rosnou. — Nós cuidamos
um do outro nesta família e não deixaremos você se expor.
Ela ficou nas pontas dos pés, mas ainda alcançou somente seus ombros.
— Eu. Disse. Não. Se eu fosse um irmão em vez de uma irmã, você não
estaria tão louco assim sobre minha proteção e você sabe disso. Eu não vou ser
tratada diferente apenas porque não tenho um pênis.
— Sin...
Ela cortou Eidolon de forma decisiva, batendo bruscamente sua cerveja
e pulverizando espuma por toda parte.
— Eu não vou por você em risco — Ela fez isso aceitando a ajuda de
Lore com seu ex-mestre, Detharu, e custou anos de sofrimento a seu irmão. Ela
não faria isso para um irmão novamente e nem permitiria que ela mesma se
apegasse a eles. Se ela ficasse presa com eles vinte quatro horas por dia…
— Você não tem que fazer isto sozinha. — Os dedos de Shade circunda-
ram seu pulso, seu aperto delicado, mas tão inflexível quanto grilhões. — Você
é nossa...
Vocês são meus. A voz de seu primeiro mestre, aquele que a tirou das
ruas onde ela esteve morrendo de fome, almejando as coisas que não entendia,
veio em sua mente. Ele controla um anel de crime do submundo que operava
principalmente no mundo humano (jogo, prostituição, assassina de aluguel,
drogas e escravo para o tráfico). Ele foi o primeiro mestre dela, mas ele não foi
o último.
Vocês são meus. Vocês pertencem a mim. Vocês são nossos. As palavras
dos mestres do passado ressoaram em sua mente até que sua garganta apertou
e seu coração bateu loucamente contra suas costelas.
— Seus? — Sin quebrou o aperto de Shade e tropeçou para trás até que
colidiu com Con. — Eu não pertenço a ninguém. — Deus, todo seu corpo
tremia e sua respiração ficou presa em seus pulmões enquanto a ansiedade a
inundava.
Tensão saía da pele de Sin como chumbo grosso. Ela abriu a boca para
mandar todos embora, mas Con falou primeiro.
— Eu poderia ter apenas uns dois dias, talvez horas, antes eu preciso
cuidar de alguns negócios do clã, mas vamos fazer o que nós pudermos até
então — Con prometeu.
— Por quê?
— Interessante. — Con disse num ápice, que foi quase como aprovação,
e por algum motivo, ela se sentiu como um feliz filhote de cachorro que foi
elogiado por fazer xixi fora ao invés de no tapete. Chato. — Sim, nós podemos
fazer isso.
— Lore ligou todos os casos em um programa de computador
desenvolvi-do pelo R-XR para controlar surtos e cruzá-los com populações
conhecidas de seres caninos com base no submundo...
— Eu percebi. Olha, por que vocês não vão fazer tudo o que vocês
fazem. Con e eu vamos ficar bem.
Con reconheceu a ameaça não dita com um aceno preguiçoso que trans-
mitiu que ele também não estava preocupado. Mas se isso era porque confiava
em suas habilidades para mantê-la segura ou se era porque não estava com
medo de seus irmãos, ela não sabia.
— Dê-me sua mão. — Shade estendeu para Sin. — Já que Con vai preci-
sar alimentar-se de você, eu irei ajustar seu sistema para aumentar sua produ-
ção de sangue. Depois disso, você precisará se manter hidratada. Beber litros
de água.
Deus, esses caras eram impossíveis. Lore nunca foi tão mau assim, mas
também, ele pisou em ovos a seu redor porque ele se sentia tão culpado pelo
que aconteceu uma noite, há muito tempo.
Ele também percebeu que ela tinha necessidades súcubos, algo que o
trio parecia não entender. Bem, já era hora deles entenderem.
†††††
Vou montar em Con até que ele implore por piedade. Jesus. Foi sorte
Shade e Eidolon não eviscerarem ele lá mesmo. Inferno, apenas suas palavras
fizeram isso. Agora seu sangue bombeava vapor através de suas veias, sua pele
quente e tensa, e seu pau estava tão duro como um tubo de aço.
— Qual é seu problema? — Seu latido deveria fazê-la saltar, mas não, a
senhorita “eu vou conquistar o mundo” estava pronta para a batalha.
— Perdão?
Ele foi em sua direção e, quanto mais perto ele ficava, mais o queixo se
erguia, de forma desafiadora.
Ela empurrou contra seu peito nu, mas ele não se moveu.
— Responda — Ele colocou mais peso sobre ela, o que colocou mais
pele na pele. Ele também colocou seus quadris em contato com seu estômago e
não demoraria muito para ela perceber que ele estava muito feliz em estar
perto dela.
— Eu não sou hostil. — Ela se contorcia, mas assim que percebeu que
tudo o que fazia o aproximava mais e provocava um interessante atrito, ela
parou e disse aborrecida, — Eu simplesmente não os conheço.
— Saber o quê?
— Eu nem estava ciente que Shade, Eidolon e Wraith existiam até algu-
mas semanas. Eles não sabiam sobre mim até o mês passado. — Ela empurrou
de novo, com tudo que podia. Agora que estavam colados um contra o outro,
ela não tinha muita força. — Afaste-se.
Agora por que diabos sua imaginação tem que tomar essas duas
palavras pequenas e fazer um filme erótico delas?
— É uma oferta? Você vai cumprir esse anúncio encantador feito a seus
irmãos? Porque você é aquela que vai implorar por misericórdia.
Literalmente.
— Mas colocar as suas é muito mais divertido — disse ela, com uma
batida de seus cílios. Em seguida, ela franziu as sobrancelhas. Sua dermoire
iluminou e um tremor correu através de seu peito. — Você precisa se
alimentar.
— Eu não.
Mas em vez de terror, ele viu apenas o desafio enquanto ela olhava de
volta: — Faça isso, idiota. Morda-me. Porra, o que você está esperando?
Con bateu-a contra a parede e mordeu seu pescoço. Ela engasgou, mas o
som foi seguido por um gemido baixo. Com seu sangue derramado como mel
em sua garganta, sua libido estava frenética, do jeito que esteve no escritório
de Eidolon, exceto que desta vez estava multiplicada por cem. Talvez fosse
porque estavam sozinhos. Talvez fosse porque tiveram contato físico, sua ira
atirara todo seu bom senso pelo telhado.
Exceto que não havia nada de suave ou doce sobre Sin e por algum
moti-vo, esse fato tinha um efeito muito mais poderoso sobre ele. A luta, a
intensida-de… o abalou como nada (e nenhuma outra pessoa) fez.
Sim. Não. Ah, porra, seu corpo gritava por ela, mas sua mente girava
com dúvidas. Um envolvimento mais profundo com ela seria uma coisa ruim
em muitos níveis. Ele iria mantê-la segura porque ele devia a seus irmãos e
porque ela poderia ser a chave para encontrar uma resposta à epidemia, mas
era o máximo que a relação entre eles poderia chegar.
— Con. — Seus lábios acetinados escovaram sua bochecha e o desejo
cru em sua voz pulverizou sua determinação. — Eu preciso disso.
Ele plantou suas palmas das mãos na parede acima de sua cabeça e ela
se inclinou de volta, apoiando-se em seus braços atrás dela, suas pernas
enroladas firmemente em sua cintura, da forma que todos os machos amavam.
Uma gota de sangue correu para baixo em sua garganta das perfurações em
seu pescoço e ele mergulhou sua cabeça para rolar sua língua sobre ele. Ele
quase gozou só com isso.
Ele bombeou nela, duro e rápido, muito mais selvagem do que foram no
armário do almoxarifado, quando eles eram dois estranhos escondidos em
uma rapidinha antes de seus irmãos os pegarem e chutar seu traseiro.
Seu quadril friccionou em seu coldre da coxa, em uma sensação
estranhamente erótica e quando flexionaram seus músculos, seu núcleo
apertou sua carne, catapultando-o para o clímax. Bateu-o como uma onda
quente de lava, espalhando acima de sua coluna e em cada membro. Gozou
dentro de seu núcleo e ela apertou em torno dele enquanto se juntava em uma
liberação evi-dente, mas silenciosa. Estava retendo, apenas como na primeira
vez.
Ela mexeu-se, sentando-se, e ele deslizou para fora dela. Ela segurou
seu bíceps e por um segundo pensou que o impediria de sair, mas sua
dermoire iluminou e soube que estava verificando para ver se havia o vírus.
Quando amaldiçoou, soube que a notícia não era boa.
— Não — pisou para trás e abaixou para pegar suas calças. — Nós dare-
mos um dia para você se recuperar.
— Em um dia pode fazer com que o vírus retorne para níveis incontrolá-
veis.
Mas então, ela sempre ficou excitada pelo perigo e eles estavam nele até
seu pescoço.
— Sem dúvida.
Ele não disse mais nada enquanto corriam como ratos para o fim do
túnel, que estava habilmente disfarçado por uma grande pedra em um
emaranhado de arbustos e árvores. O som da água corrente ajudou a mascarar
o barulho deles saindo à medida que rastejavam para a beira do mato. Eles
ficaram em silêncio por alguns instantes, sentindo os arredores, ouvindo os
inimigos. Sin sentiu o Harrowgate ao sul, muito próximo.
Uma vez que Con ficou satisfeito que não estavam sendo observados, ele
se arrastou para fora da folhagem e gesticulou para o riacho que serpenteava
através da floresta.
— Não. Eu sou bom com minhas mãos — disse ele e seu corpo se aque-
ceu com uma entusiasmada concordância.
— Deixe-me.
Seu objetivo era mortal e perfeito... Mas seus assassinos eram bem
treinados e Marasco saltou do caminho enquanto a lâmina zumbiu, passando
por seu ouvido.
Sorrindo, o macho agachado virou, puxando sua arma característica, um
dardo paralisante, em sua mão direita e uma pistola em sua esquerda. Ele
carregava a arma de fogo porque andava com gangues humanas, mas poucas
criaturas sobrenaturais realmente as usavam. Elas não poderiam ser usadas no
Sheoul, mas mais do que isso, as armas eram consideradas armas humanas e a
maioria dos demônios as desprezavam.
Além disso, muitos dos demônios não eram tão afetados por uma bala
como a maioria dos seres humanos seriam por picadas de abelhas.
— Nada pessoal, amor. Apesar de sempre ser uma pena quando uma
súcubos morre. Elas são muito raras como você é.
Rindo, ela se aproximou pela direita e ele foi para a esquerda, então
estavam circulando a apertada área entre o rio e o Harrowgate.
Marasco bateu em uma árvore com força suficiente para lascar o tronco,
mas ele caiu de quatro e se recobrou novamente. Sin lançou a adaga que
provara o sangue dele e passaria a procurá-lo, e nunca erraria. Ela atingiu o
centro de seu peito para matar. Choque brilhou nos olhos de Marasco
enquanto ele tropeçava. Ele ficou de pé, ainda se empurrando para frente, mas
perdeu seu ímpeto e, cambaleando, perdeu também seu poder sobre sua forma
de leão.
Ele girou a faca. Marasco gemeu entre os dentes, muito bem treinado e
condicionado para reagir a qualquer tipo de tortura.
— Nós dois precisamos voltar para casa. — Ela tirou a espada dele e a
limpou sobre as calças jeans do metamorfo morto. — Eu quero ver com quem
ele estava trabalhando...
Con amaldiçoou.
— Agora.
Ele a arrastou pelo braço para o Harrowgate. Ela mal teve tempo para se
firmar, antes dele a jogar dentro da sala tipo cápsula e mergulhar atrás dela.
Enquanto se formava a cortina nebulosa para selá-los dentro, uma flecha
perfurou através do véu endurecido, sussurrou perto do rosto de Sin e
perfurou a parede entre Austrália e Nova Zelândia no mapa da Terra.
— Quem diabos fez isso? — Ela gritou, enquanto Con bateu sua palma
no mapa brilhante. Ele explodiu uma dúzia de cores neon em linhas que foram
gravadas em todas as quatro paredes de obsidiana.
— Um “por favor” seria bom. — Pelo seu olhar, ela bufou. — Ótimo. —
Apertou o pulso dele, calibrando seu dom, e sondou seu sangue. — Você
acabou de se alimentar, portanto, os níveis estão muito baixos.
— Você é um novelo de risos, você sabe disso, né? — Ele partiu por uma
longa trilha de gramado desgastado, deixando-a para trás.
— Encantada?
— Claro.
Como muitos seres sobrenaturais que vivem no reino humano, os wargs
enfeitiçaram sua cidade com o mesmo tipo de mágica usada nas ambulâncias
do UG. A maioria dos seres humanos passaria pela cidade sem percebê-las, ou
seriam repelidos por um sentimento de profunda tristeza. Os poucos que
entraram provavelmente não ficaram lá por muito tempo.
— A maior parte. Varcolac podem ir e vir, mas eles não podem viver na
cidade como um pricolici, a menos que sejam companheiros de um membro da
matilha.
— Graças a Deus não — Isso foi uma revelação interessante sobre seus
irmãos de raça pura. Antes de eles terem suas companheiras, eles eram
escravos do desejo sexual em uma escala que fez seus problemas parecem
minúsculos. Como ela, eles precisavam de sexo para sobreviver, mas também
eram obrigados a satisfazer o desejo de uma fêmea, sempre que as sentia, o
que significava que em locais públicos, como pubs, eles poderiam ser presos
por dias.
— Bom. Desta forma fique por perto e não faça contato visual com
ninguém a menos que eu a apresente a eles. Ninguém, entendeu?
— Não há dúvida sobre isso. Mas eu não acho que sozinha você possa
lutar contra um bando de homens excitados, ou as fêmeas que a veriam como
uma ameaça. Uma vez que eles forem capazes de sentir o demônio em você,
você terá um jogo justo.
— Eu disse...
†††††
Ele pegou sua mão e a levou ao longo das vias principais, onde algumas
pessoas estavam nas calçadas e as fachadas de vidro das lojas revelaram
pessoas dentro de pubs, lojas e restaurantes. Estranhamente, Sin percebeu que
passa-ram por apenas um par de veículos. Ainda mais estranho, era que de vez
em quando ela avistava casais se enroscando em becos e em ruas laterais.
Alguns estavam vestidos, alguns nus, outros em vários estágios sem roupas.
E...
— Não.
— Sim.
Enfiaram-se por uma rua lateral e se depararam com três homens lutan-
do. Fascinada e imaginando como isso iria acabar, Sin parou, equilibrando-se
em seus calcanhares, quando Con tentou forçá-la a ir embora. Ela não
conseguiu uma oportunidade de ver como os homens iam resolver a batalha e
o sexo, porque Con agarrou sua cintura e puxou-a para fora de lá. Ela teria
lutado com ele, mas... Sim, sentiu-se muito bem por ter seus braços a seu
redor.
— Por que você está tão fortemente afetado com tudo isso? — Ela agar-
rou seus pulsos, segurando-o lá, desejando que ele chegasse mais perto. —
Você é... velho.
Ele riu, uma nota profunda e clara a tocou como uma onda agradável.
Mais uma vez, ela desacelerou com um som distante e estranho que
chamou sua atenção.
O final da rua era um beco sem saída, com quatro pequenas casas com
telhados de palha, separado por alguns metros de terra e matas espessas de
árvores. Quando se aproximaram, um macho musculoso vestindo nada além
de calça jeans saiu de uma das casas, o olhar fixo em Con. Ao lado dela, o
cheiro de agressão flutuava sobre Con.
Então... Con já havia batido muito nesse cara. Isso deve ter sido interes-
sante.
— Você fez amor selvagem e apaixonado com ele depois que você saiu
vitorioso? — Ela estava parcialmente apenas provocando, imaginando a luta, o
sexo e, novamente, uma resposta primitiva cresceu, e Deus, seus ossos derrete-
riam se ela não tivesse Con entre suas pernas. Em breve.
— Sable está lá dentro. — Ele desviou o olhar para Sin, sua expressão
escureceu. Perigosa. — Quem é a fêmea? Ela não é uma warg.
O riso das crianças veio de algum lugar da casa e uma mulher alta de
cabelos vermelhos vestindo um agasalho verde e uma camiseta veio pelos
cantos, sorrindo quando viu Con.
— Pai! — Ela correu para ele, mas caiu de joelhos aos seus pés. Ele a
levantou em um grande abraço.
— O que traz você aqui? — Sable deu um sorriso caloroso a Sin antes de
abraçar Con novamente, dando a seu pescoço um pouco de carinho e beijo,
muito parecido com a maneira que filhotes cumprimentam os mais velhos. Por
alguma razão, a exibição de afeição colocou um caroço estranho na garganta de
Sin. — Gostaria de ficar para jantar?
— Do que se trata?
— Você já ouviu falar da FS.
— Você precisa levar sua família para outro lugar. Para algum lugar
isolado.
— Oh, deuses.
— Vai ser apenas uma questão de tempo antes que uma guerra civil
entre wargs aconteça — disse ele severamente. — Leve sua família para um
local seguro.
Sua raiva desviou bruscamente para ferir, o que a fez voltar de novo à
ira, por qual motivo de merda ele era capaz de afetá-la desse modo.
— Ah. Então você acha que eu iria usar a informação para prejudicá-los.
Boa. Deve ter sido um inferno você manter seu pau em alguém tão repugnante.
Raiva, palavras guturais caíram de seus lábios. Bom. Ele merecia estar
tão irritado quanto ela. À medida que as maldições cessaram, ele lançou seu
olhar como raio laser sobre ela, sua expressão firme, sombreada com um
inconfundível aviso.
— Então, eu estou supondo que ela pode entrar em uma série de proble-
mas se a criança for descoberta?
— Sob a lei dos wargs tanto ela quanto a criança poderiam ser executa-
das.
Sin fez uma careta, apesar dela não ter se surpreendido. Depois de cem
anos no mundo dos demônios, muito pouco a surpreendia. Mas agora ela
entendia sua relutância em contar o segredo.
— Então, eles precisam levar o garoto para um lugar onde ele não possa
pegar a doença uma vez que a cidade se abra e wargs transformados possam
estar livres para ir e vir.
— Exatamente.
Sin ponderou o que ele disse e depois desabafou: — Onde está sua filha?
Você sabe, sua filha, filha.
— Sim — ele disse, seus olhos tão frios quanto sua voz. — E se você
ferir a criança ou Sable, eu vou pendurar você pelas entranhas e fazer você
sofrer por um mês antes de morrer.
Tremendo com uma emoção tão forte que Sin poderia cheirá-la como
uma fumaça amarga, o macho warg liberou Sable e fechou os olhos. Quando os
abriu, lágrimas de cristal brilhavam em seus cílios.
— Merda — Ele pegou sua mão e forçou-a a correr pelas ruas, usando
as vias principais, tanto quanto possível.
— Eu não me importaria...
Um som áspero irrompeu de sua garganta e muito rápido ele enlaçou
seus pulsos e os manteve longe dele e contra seu próprio peito.
— Foda-se — ela disse, mas até mesmo para suas próprias orelhas soou
mais como uma oferta do que uma rejeição. — Você não sabe de nada.
— Eu não duvido que seja. — Seu tom de voz estava nu, totalmente
desprovido de um tipo de julgamento que deveria ter acompanhado o que
disse. — Mas eu duvido que seja o que você quer.
Maldito seja. Maldito seja ele por de alguma forma olhar para sua alma
e a ler como um maldito livro. Seus olhos arderam quando ela virou e se dirigiu
para o portão da cidade.
Droga, ele estava com medo disso. Sin era um imã para problema. Como
ela conseguiu sobreviver todo esse tempo?
Um dos mais novos avançou. Con bateu, mandando-o para trás com um
poderoso golpe no queixo. Latindo, o garoto rodou de volta para a multidão. A
exibição incutiu um pouco de respeito nos outros e a distância entre Con e Sin
e a multidão aumentou.
— Eu tenho uma ideia. — Sin afastou-se dele antes que ele pudesse
pará-la. Um par de machos começou a persegui-los, seus instintos de caça
ativando com a visão de seu alvo correndo para longe. Con pulou na frente
deles com um rosnado de gelar o sangue que os trouxe para perto. Ele mataria-
os e sabiam disso.
Ele inclinou seu corpo de forma que poderia manter um olho nos
machos com tesão enquanto checava o que Sin estava fazendo e ele estava
malditamente perto de engolir sua língua.
— Deixe-os ir!
Con soltou uma maldição, olhando para cima para ver Valko
caminhando de pé na parede. O líder do Conselho Warg apontou para o grupo
de machos e eles dobraram o rabo e escapuliram como vira-latas repreendidos.
Con poderia estar grato a Valko por salvá-lo, mas ele não precisava do cara
fazendo perguntas sobre porque ele estava lá.
— Pensei que você não podia curar uma doença uma vez que você a dá.
— Legal.
Ele bebeu na visão dela em pé orgulhosa na colina, seu olhar selvagem,
feroz, seu cabelo negro e lustroso pegando vento e rodando em volta de seu
rosto e ombros. Como uma demônio do sexo, ela não foi criada para lutar, mas
havia algo dentro dela que era um guerreiro. Talvez sua descendência humana
desse a ela essa vantagem, ou talvez tenha sido sua vida difícil, mas alguma
coisa chamou o sangue dele de guerreiro e o consumiu de dentro para fora.
Ele olhou de volta para a aldeia, onde o portão foi aberto novamente e a
sentinela estava em pé, do lado de fora, observando-os através da neblina fina.
— Eu não sei o que sou — ela disse, pisando fora de seu alcance.
Ele deixou sua mão cair de volta para seu lado.
— Como você pode ser tão velha quanto é e não saber? — Con sabia
muito bem o que ele era e há muito tempo aceitara isso, mesmo que nem
sempre tenha sido feliz com isso.
Ele não havia pensado nisso dessa forma. Mas então, ele cresceu muito
consciente do que era: um dampiro de uma linha que estava diminuindo da
realeza, que arrogantemente esperou para assumir o clã um dia, até que a
chamada para despertar disse “não, o mundo não gira a seu redor”. Ele poderia
não gostar do papel que nasceu para atuar, mas ao menos soube sobre isso sua
vida toda.
Ele lembrou-se de como ela pirou quando Shade disse que ela pertencia
à eles e ele perguntou-se quão abrangente era sua regra auto-imposta.
— Sobre o que estamos falando, Sin? Você não quer que ninguém lhe
domine... em seu coração?
†††††
Con pendurou sua bolsa sobre o ombro e seguiu Sin para dentro da
gruta do Harrowgate.
Besteira. É certo que ela não parece dar a mínima para ninguém, exceto
para si mesma, e talvez Lore, mas Con testemunhara uma vez a maneira como
ela envolvia seu corpo ao redor das crianças de Shade e Runa para proteger o
garoto de um anjo caído do mal. Ela usou-se como um escudo e a preocupação
com o bebê escureceu sua expressão quando ela viu o sangue na pele dele,
sangue que acabou por ser o dela.
Sim, tudo bem, era por isso. Ele estava facilmente entediado, sempre à
procura de novas aventuras.
Nem sempre foi bem sucedido. Sua busca por emoção quase conseguiu
matá-lo algumas vezes, levou-o para baixo em alguns caminhos escuros e, de
uma maneira indireta, levou-o à situação em que estava atualmente.
— Você quase nos matou — ele disse, sabendo que não era justo culpá-
la, mas a imagem dela beijando aquele bastardo não ia embora.
— Não farei? — Ela cravou os punhos nos quadris. — Não farei? Você
não tem nenhuma palavra em qualquer coisa que eu faça.
Sua mandíbula apertou-se.
Cego pela fúria, ele agarrou-a pelos braços, puxou-a contra ele e tomou
sua boca. Não havia nada gentil no beijo afinal. Tratava-se de limpar o outro
macho para fora da imagem. Era sobre dominação e toda aquela merda de
macho valentão. Tratava-se de garantir que todas suas intimidades com ela
eram sobre raiva ou pura luxúria, porque ele não se podia dar o luxo de
suavizar.
Não que ela tenha permitido que isso acontecesse. Ela gritou de
indignação e pisou no pé dele. Bateu contra seu peito. Então mordeu o lábio
dele com força suficiente para tirar sangue. Quando o sangue bateu em sua
língua, ela estremeceu, mas a dor aguda de prazer deixou-o mais duro e ele
enfiou a língua contra a dela, acariciando, lambendo, forçando-a a prová-lo.
E então ela não estava mais lutando. Ela não precisava. O fio da navalha
de uma espada estava mordendo sua virilha e ele congelou tão solidamente
como uma escultura de gelo.
— Você não vai fazer isso — ele sussurrou de volta. — Você sentiria
muita falta delas.
Muito sangue.
— Não sei.
Um grito rasgou através do ar e eles caíram pelo arbusto, sem se preocu-
par com discrição, nem mesmo quando romperam em uma trilha no meio de
uma matança.
— Oh, Deus — Sin derrapou até parar. Havia duas cabines pequenas
escondidas longe na floresta, mas elas devem ter abrigado várias famílias. Eles
estavam lutando, alguns em forma warg e alguns ainda em forma humana,
usando machados e facas. Um macho estava disparando uma espingarda em
um lobisomem pulando.
— Filho da puta — Con disse asperamente. Seu peito ainda arfando com
o esforço da luta. — Eles fizeram isso. Alguém vazou o fato de que apenas os
varcolac são afetados.
Ele varreu a área com seu olhar prata, seu corpo todo tenso, sua expres-
são ameaçadora.
— Toda essa coisa apenas continua ficando pior — Uma dor súbita
provocada por disparo em seu braço direito. Ela bateu a mão sobre o ombro
onde um de seus glifos, uma marca redonda em forma de um quadrante solar,
tinha se divido em dois. Estranho. Os cortes que geralmente apareciam em sua
dermoire eram linhas retas, mas esse era um zig zag, um Z perfeito que não se
estendia além das linhas negras desbotadas do círculo.
— Não — Ela mentiu, porque a verdade era que ela não se importava.
Sua pequena picada não era nada comparada ao sofrimento que ela causou.
A mão de Con levantou para pegar sua bochecha e a carícia suave dos
dedos dele em sua pele poderia muito bem ter sido uma bola de demolição, do
jeito que rachou seu escudo de entorpecimento. Seu peito apertou e a garganta
fechou como todas as mortes empilhadas em sua conciência. Tudo isso era sua
culpa e ela de repente se sentiu como se estivesse se afogando em sangue.
— Hoje de manhã.
Con encontrou o olhar de Sin e ela assentiu.
— Pamela.
— E você?
— O hospital demônio?
— Sim. — Ele pegou alguns tubos de borracha de sua bolsa. — Você
encontrará o símbolo médico dentro do Harrowgate.
Enquanto Sin observava Con drenar sangue, ela esperou que isso fosse o
começo do fim para essa doença. O pesadelo tinha durado muito tempo, de
ma-neira que muitas pessoas morreram.
— Sin!
Ao grito de Con, ela girou, sentiu o sussurro de uma espada quando
nave-gou ao passar por sua orelha, ouviu um baque e um grito, e Pamela caiu,
um machado arremessado destinado para Sin incorporou entre os olhos de
Pamela. Oh... merda!
Foi muito fácil. Essa fêmea era uma amadora, mas os outros não seriam.
Con deve ter chegado à mesma conclusão porque ele agarrou a mão de
Sin e puxou-a para dentro da floresta.
Manchada não era a palavra que Sin usaria. Estava suja, gasta e escorria
lama negra das rachaduras. Seu cavalo, um enorme animal branco com olhos
carmesim, estava esmagando os assassinos com seus cascos.
O objetivo cavaleiro mortal enviava flechas perfurando gargantas, cabe-
ças e corações.
— Agora nós temos que correr mais rápido — Con latiu e, sim, ela com-
cordava. De todo o coração.
†††††
— Eu não posso garantir nada. Mas verei o que posso fazer. Quanto à
punição que você, Wraith e Conall encaram por interferir com a prisão de Sin,
eu posso fazer um apelo pela suspensão até depois que a epidemia acabar —
Ele saiu sem sequer um adeus, mas ir tentar puxar alguns pauzinhos para tirar
Sin de problemas era o mesmo que alguém invadir uma grande festa e dizer
“eu te amo” e Eidolon desabou em sua cadeira com alívio.
Ele ouviu passos no corredor, rezou para que não fosse seu pai voltando,
e ligou seu computador.
— O que é?
Kynan entrou, sua boca definida em uma linha sombria, seus olhos
azuis piscando.
Kynan afundou em uma cadeira e chutou seus pés com botas na mesa
de Eidolon. Engraçado como o humano estava confortável desde que fora
encanta-do por anjos e estava agora impenetrável para prejudicar. Então de
novo, o cara sempre esteve razoavelmente confortável em sua própria pele.
Sem dúvida ele estava. Eidolon não hesitaria em fazer o mesmo com
Tayla.
— Há mais — Wraith disse, porque sim, claro que havia mais. — Con
não estava respondendo seu celular, então eu fui a sua casa para checar Sin.
— E?
A forma como Wraith mudou seu peso e não encontrou o olhar de
Eidolon enviou um tremor de medo por Eidolon.
— O quê?
Wraith enfiou a mão no bolso da calça de couro, alisando sua arma.
— Foi realmente fodido, E. Parece que a casa foi incendiada. O chão foi
todo rasgado pelos bombeiros, mas eu fiz uma varredura da área. Encontrei
vestígios de pegadas, poderia ser os assassinos atrás de Sin. Também encontrei
rastros de cavalo indo e vindo do Harrowgate.
Desde que a intuição de Wraith estava geralmente certa e era tudo o que
eles tinham para continuar, Eidolon relaxou.
— Lore sabe?
— Não. Eu liguei para ele poucos minutos atrás para ver se ele ouviu
sobre Sin. Ele não ouviu, mas eu não disse a ele sobre a casa. Não vi nenhuma
razão para enlouquecê-lo até que soubéssemos alguma coisa.
Wraith acentiu.
— Há mais uma coisa. Quem quer que seja que incendiou a casa usou
fogo infernal. Eu pude cheirá-lo nas cinzas.
— Tayla não seria Tayla se ela não estivesse sempre no meio de uma
tempestade de merda. — E Eidolon não via nenhuma outra maneira.
— Eu só quero ter a certeza que está seguro. E que isso não irá afetar
seu trabalho.
— Sim.
Por um longo momento, o lobisomem olhou para o chão e, quando ele
finalmente levantou seu olhar, seus olhos castanhos normalmente suaves esta-
vam ferozes.
— Minha lealdade é para com este hospital, Doutor. Eu não vou decep-
cioná-lo.
Arik xingou.
— Eu ia ligar para você para falar sobre isso. Tivemos relatos isolados
de wargs atacando wargs, mas não há confirmação ainda sobre se é ou não
violência de nascidos sobre os transformados.
— Wraith confirmou isso e ele não se engana com merdas como essa.
— Nós vamos ficar de olho nisso — Arik disse. — Tem algo de novo
sobre a FS?
— Você quer levá-la para a sede R-XR? — Eidolon riu. — Boa sorte com
isso. Você vai precisar de uma divisão blindada inteira para afastá-la de Shade.
— Por quê?
Ela pode mudar à vontade por causa do R-XR. Eles a usaram como um
teste para uma cura para a licantropia experimental, o que não funcionou, mas
havia dado a ela a capacidade de se transformar em um lobisomem a qualquer
momento que ela quisesse. Eidolon já tinha considerado seu DNA alterado na
equação da FS, havia realizado testes com seu sangue e com o vírus, mas ainda
não viu resultados encorajadores.
Arik amaldiçoou.
— Não.
Não. Parecia estar em uma espécie de... sotão? Uma masmorra? O fogo
colocado em uma parede deixou-a ver o chão de terra pisada, coberto em
alguns lugares por palha. As paredes eram de troncos e pedras e uma áspera
laje de pedra estava pregada em uns enormes anéis, dos quais pendiam grossos
cadeados. Um gancho para carne pendia do teto.
Isto era um buraco de contenção para lobisomens. Sabia por que tinha
um.
Algo bateu em cima dela, seguido pelo rangido de uma porta se abrindo.
Gemendo, girou sobre suas costas apertando com força seus dentes enquanto a
dor atravessava seu lado direito. Luc, com calças jeans e uma camisa de flanela
azul, descia pelas escadas com uma xícara fumegante, que cheirava a uma rica
e substanciosa sopa em suas mãos.
— Esta grávida?
— Sim.
Oh, meu Deus, eu contei para ele. Suas lembranças agitaram-se e o
mesmo fez seu estômago. Ele perguntou se ela mataria o bebê se nascesse
humano e sua voz foi tão fria como o sopro do vento através de seu rosto. A
coisa era que o bebê provavelmente nasceria humano, não porque o pai fosse
transformado, mas sim porque ela era. Ele acreditava que ela era Varcolac
porque viu a marca que foi tatuada nela por um feiticeiro especializado em
marcas místicas.
Luc afastou seu cabelo preto de seu rosto e ajoelhou-se a seu lado.
— Você precisa comer para que eu possa dar-lhe algum remédio. Não se
preocupe — ele disse quando ela abriu a boca para protestar. — Não
machucará o bebê. — Aproveitou-se de sua boca aberta para enfiar a comida.
— Está bom.
— Agradeço que tenha salvado minha vida, mas não precisava matar o
Guardião e...
— Não sei...
— Por quê?
†††††
Até agora.
Oh, ele sentiu o lobo nela, mas ela escondeu seu segredo especial muito
bem.
Como você.
Ela estava no canto, seu pelo vermelho brilhando sob a luz do fogo.
Ela era enorme, a maior fêmea que já viu, e quando ela se ergueu sobre
suas robustas pernas, elevou-se sobre ele. Raras vezes chegou a ver uma
completa transição warg através de seus olhos humanos, inclusive quando o
fez, teve pouco tempo para admirá-lo já que sua própria transição o pegava
desprevenido.
Mas agora... agora ele podia apreciar a poderosa forma de Kar, sua
estrutura muscular e seu pelo liso e brilhante. Sua enorme cabeça baixa, seu
olhar agudo e inteligente rastreando-o quando ele se jogou para um lado,
procurando o melhor ângulo para conseguir um tiro certeiro. Ele podia ser um
idiota brutal, mas não queria que ela sofresse.
Ela está grávida. Merda. Não tinha nem ideia se a gravidez deixava as
fêmeas mais dóceis. Qual era seu jogo? Ela viera ao Canadá para matá-lo, mas
perdeu sua chance quando ele a prendeu antes que ela pudesse?
Sin estava ainda com a atenção presa no modo assassino, mas, de vez
em quando, seu olhar ficava assustado e sua máscara de não mexa comigo
caía. O assassinato de uma dúzia de wargs abalou-a e Con imaginava a
frequência com que isso acontecia.
— Uma vez.
Rivesta não era sua feiticeira comum. Ela herdara um traço de
crueldade, mas seu lado humano balanceava isso e a deixava frágil o bastante
para saber com quem ela devia e não devia transar.
O que significava que dormir com ela era quase tão perigoso quanto
levar uma Nightlash sangue-puro para a cama.
Droga, ela era incrível e ele encontrou-se olhando para ela, seu coração
mais acelerado do que deveria estar.
— Sin — ele disse cansado. — Pare. Você disse que está drenada.
Precisa descansar.
Ela parou, mas ficou encarando a porta. Em algum momento, ela amar-
rou o cabelo em um nó apertado cuja ponta ficava pendurada sobre uma tatua-
gem tribal pontuda na nuca e ele de repente quis libertar aquelas tranças e en-
terrar o rosto nelas. Nela.
— Você viu aquelas pessoas, Con? — Ela gesticulou para a janela e para
a selva lá fora. — Você está se esquecendo daquela criança assassinada? Quem
se importa comigo? Quem dá a mínima se eu vivo ou morro? São aquelas
pessoas que importam!
Ela olhou para ele, um dedo afagando o punho da lâmina e ele pergun-
tou-se se ela estava considerando a ideia de esfaqueá-lo. Então, como se um
interruptor tivesse sido acionado, ela fez a lâmina e o mapa desaparecerem, e a
raiva sumiu de sua expressão. Ela era a fêmea mais mercurial que ele já conhe-
cera.
— Gostaria de ver você tentar — a voz rouca de Sin disparou direto para
a virilha dele, que estava com todo seu sangue, pois o cérebro estava passando
por vários cenários de espancamento agora.
Apesar de ser a última coisa que ele quisesse fazer, virou-se e começou a
tocar no armário, que estava lotado de enlatados e caixas. O freezer estava
quase tão abarrotado quanto o armário, mas a maior parte com carne crua não
identificável. Com uma careta, ele fechou a porta. Ele já comeu algumas coisas
questionáveis em sua vida, mas nunca se sabe o que os demônios consideram
ser comida.
— Deixe-me em paz.
Ignorando-a, ele pegou o braço dela e pressionou.
— Você tem que parar com isso, Sin. Onde está a faca? — Como ela
ficou quieta, ele gritou. — Cadê a maldita faca?
Antes que ela pudesse detê-lo, ele deslizou a língua sobre a ferida e,
instantaneamente, ela fechou-se.
— Seu idiota! — Sin ficou de pé, olhou para o braço e, logo embaixo de
onde o corte estava, outra começou, crescendo rapidamente de uma linha
pequena de meio centímetro para uma de cinco centímetros em questão de
segundos.
— O que você está fazendo? — Con tentou agarrá-la, mas ela desviou
como uma dançarina.
— Sua o quê?
— É como a maior parte de minha culpa surge — ela olhou de volta para
ele. — Eu me treinei para não sentir isso. Culpa, pesar, arrependimento. Mas
eles precisam ser libertados, então se apresentam na forma de dor.
Con soltou um suspiro cortante. Ele ouviu sobre isso antes
(manifestação de certas emoções em forma de sintomas físicos ao invés de
emoção verdadeira). E se era isso que estava acontecendo, ela estava sentindo
muita culpa. O sangue escorria pelo braço e pingava no chão, mas ela parecia
não notar. Quando ele chegou perto dela, ela o contornou para afastar-se dele.
A fúria passou rasgando por ele. Ele não poderia (não iria) julgá-la por
seu trabalho. Ele também não era nenhum anjo. Mas ela estava se enganando e
enganando todas as vítimas da epidemia que ela começara.
— Então cada um que morreu por causa da doença que você causou não
consegue nada?
— Sério? — Ele olhou para o braço dela, que tinha outro corte aberto. —
Você acha que tem sangue suficiente para cobrir as mortes de todos os wargs
que passaram pelo hospital? E aquela criança que acabamos de ver morta?
— Vá se danar.
— Sinta — ele disse, a voz baixa e mais severa do que ele pretendia. —
Lembre-se de todos que morreram.
— Não.
O braço dela se cortou. Ele lambeu.
— Eu não vou deixar você sangrar. Sinta.
— Fale por você — ela rebateu. — Quão mal você se sente quando você
chuta seus amigos humanos na sarjeta com mentiras.
— Você quer que eu fique infeliz? — Ela gritou. — Você me odeia tanto
assim?
— Seu idiota. Seu idiota mentiroso. Eu entendo que você tem uma
grande dívida com Eidolon, mas eu não sou tão idiota a ponto de cair numa
mentira dessas.
— Jesus. Eu não disse que estava apaixonado por você nem nada disso
— Oh, não mesmo. Nunca. — Mas eu não te odeio mais. — E quando isso
aconte-ceu, ele não tinha certeza.
— Você pode até ter começado a epidemia, mas você não tinha a inten-
ção.
— Então por que você quer que eu sinta toda essa culpa?
Abaixando mais o peso sobre ela para mantê-la contida, ele arrastou a
língua em seu braço.
Ele ficou de pé, agarrou-a, e girou-a para ficar de frente para ele.
— Sem besteira, Sin. Sinta o que você fez — ele pegou a mão dela e a
pressionou contra o peito, onde o coração dela pulsava dolorosamente rápido.
O dele também estava. — Permita-se sentir algo por outra pessoa.
— Eu te odeio — a voz dela estava tão tremida que ele mal conseguia
entendê-la.
— Deixe acontecer.
— Libere.
Por um tempo insuportavelmente longo, ela tremeu. E então ela deu um
gemido agonizante, apavorado, animalesco, que deixou o coração dele
apertado.
Sem pensar, ele beijou seu rosto molhado, primeiro um lado, depois o
outro.
— Não — Ela grunhiu, mas seu corpo caiu contra o dele. E quando ele
pressionou os lábios contra os dela, ela se agarrou a ele como se ele fosse uma
jangada e ela estivesse se afogando.
Ele lambeu os lábios dela, facilitando a entrada, sem querer forçar isso.
Nos braços dele, ela se sentia pequena, frágil, de um jeito que ela nunca se
sentiu, um jeito que ele não acreditava ser possível, e alguns instintos malucos
sobressaíram, fazendo-o querer cuidar dela, mimá-la e deixá-la forte outra vez.
Apesar dela não participar ativamente do beijo, ela também não estava
lutando e ele teve seu momento, mordiscando sua boca, afagando seus lábios,
seus dentes, até finalmente, sua língua. Ele começou com um ritmo suave para
dentro e para fora de sua boca e, devagar, bem devagar, o calor surgiu e ela
começou a responder.
— Mas...
Ele calou-a com outro beijo, esse ainda mais urgente, enquanto a
carrega-va para o chão. Com uma mão, ele segurava as nádegas e a envolvia
embaixo dele, e com a outra, ele segurou a cabeça dela, contendo-a para o
beijo.
A ideia o fez ficar tanto quente quanto frio. Ele queria nada mais que se
preencher com ela enquanto ele a preenchia. Mas, como sempre, no fundo de
sua mente estava o medo do vício, algo que ele sabia estar precariamente
perto.
Ele não podia ser responsável por outra morte causada por sua incauta
fome por sangue feminino.
A língua lisa de Sin passou por uma das presas dele e então subiram e
desceram, afagando, e ele gemeu, esquecendo-se de tudo, exceto dela. Nesse
momento, ele precisava se concentrar em fazê-la se sentir bem. Em fazê-la se
esquecer dos terrores do dia e dos terrores ainda por vir.
A coisa mais difícil que ele já fizera foi evitar arrancar as roupas dela e
mergulhar dentro dela, especialmente quando ela começou a se balançar
contra ele, sua carne magra ondulando em ondas sinuosas. Um “não”
suavemente pronunciado acompanhava cada movimento de seus quadris. O
corpo dela queria, mas a mente ainda não aceitara isso. Se ele fizesse o que o
corpo exigia, uma transa rápida, dura, ela estaria a bordo. Mas a ternura a
assustava.
Ele sabia que não era. Oh, ela estava manifestando as vibrações de
“transe comigo” comuns dos súcubos, mas não em quantidades desesperadas,
no estilo “pegue-me agora”. Mas ela estava nervosa, com medo e precisava de
uma desculpa para fazer isso porque ela queria, não porque ela necessitava.
†††††
Con inclinou-se para trás, só um pouco, para que ele pudesse tirar a
blusinha e o sutiã dela, as finas correias de couro da adaga, e depois as botas,
calças e as bainhas das coxas e dos tornozelos. Ele fez uma pilha bagunçada
com as armas, algo que a deixou nervosa, mas então ele a tocou novamente e
as armas ficaram esquecidas. O coração dela sibilava pela caixa torácica
enquanto ele deslizava seus dedos longos e talentosos por seus seios. Ela
inspirou, inalando os cheiros almiscarados do desejo masculino e da batalha
que ainda ocorria na pele bronzeada de Con. A luxúria agarrou-a, transformou
seus mús-culos em gelatina e deixou sua vagina molhada.
— Pare de provocar — ela foi para as calças dele outra vez, mas ele
impe-diu-a, seu aperto no pulso dela impiedoso, quase ao ponto de doer.
— Vou fazer amor com você, Sin. Não vamos transar. Vamos devagar,
com muitas daquelas preliminares que eu falei para você.
— Por quê?
Ele fez um som que era algo entre uma risada e um ronronar.
Oh, Jesus.
— Eu... não posso — ela não sabia como. Mas, mais que isso, fazer amor
deixá-la-ia aberta, vulnerável. Transar era fácil, dois corpos de chocando para
alcançar um breve momento de prazer. Fazer amor envolvia emoções emara-
nhadas e mentes se encontrando até o orgasmo ser mais que físico... E ela não
era nada boa nisso.
— Você pode e você vai fazer — ele tirou os jeans, deixando o corpo
magro e corado nu, os olhos prateados brilhando à luz da lua que jorrava pelas
janelas, as presas faiscando molhadas. Pequenos músculos se flexionaram em
seu pescoço, braços, abdômen, onde uma linha fina de cabelos loiros atraía o
olhar dela. Seu pau estava tão rígido que se curvava para o estômago, as veias
pulsando com a intensidade de seu desejo. Ele parecia um deus, um demônio,
um animal selvagem que pretendia ter o que queria.
— Por favor, Con — ela implorou, mas não tinha certeza do que estava
suplicando. Ela tentou soltar os pulsos, mas seus quadris levantavam-se de
encontro com os dedos dele enquanto eles a penetravam.
O fato de que ela fizera tanto barulho era um sinal de que estava com
problemas.
Ela sempre foi calada em suas paixões, mas Con tinha um jeito de
persua-di-la, quer ela gostasse ou não... E, oh, sim, ela gostava daquilo...
Ele a controlou com o peso do corpo, suas pernas fortes que prendiam
as dela, e aqueles dedos que começaram um deslizar erótico para dentro e para
fora da vagina dela. Ela não gozaria com o que ele estava fazendo, mas ele
podia deixá-la tão perto que ela poderia explodir no momento em que ele a
penetrasse mesmo se uma gota de lubrificação escorresse da ponta do pau
dele.
Gemendo, ela inclinou a bunda na direção de seu pau, que pendia pesa-
damente na dobra das coxas dela.
— Ainda não — Ele murmurou. — Quase — Sua língua fez um
movimen-to lento e molhado em volta da orelha dela. — Você promete ser
boa? — Ele apertou a mão em volta dos pulsos dela para enfatizar.
— Beijando sua bela bunda — E então sua língua estava entre as pernas
dela e ela gritou com a sensação maravilhosa. A ponta da língua moveu-se
rapidamente sobre o clitóris dela e então escorregou para afundar em um calor
escorregadio.
— Oh, Deus — ela tremeu com a sacudida da língua dele enquanto ele
repetia a sequência. Cada mexida, cada movimento, cada empurrão penetrante
arrancava um som diferente dela e, caramba, por que ela alguma vez pensou
que aquela preliminar era uma ridícula perda de tempo?
— Você gosta assim? — Ele disse contra sua carne íntima, a vibração
rugindo através dela e levando-a tão perto do orgasmo quanto ela poderia
chegar sem sêmen a preenchendo.
A frustração pôs um limite na resposta dela, que era mais que um grito.
— Sim!
De repente, ele girou-a para que ela ficasse de costas no chão, as pernas
abertas e a boca dele entre elas. Um ronronar animal emergiu dele enquanto
ele lambia e chupava, e ela gritou quando ele empurrou dois dedos dentro dela.
— Preliminares antes.
Segurando o olhar dela com o seu, ele pegou a mão dela e substituiu a
dele pela dela.
— Acaricie.
Ela nem considerou a ideia de desobedecer a seu comando gutural. Ela
apertou a carne dura dele desde a base até a ponta enquanto ele empurrava
contra o pulso dela. A respiração dele ficou mais irregular, os movimentos
menos coordenados e ele jogou a cabeça para trás e soltou um rugido que
chaco-alhou a casa. O gozo esguichou na barriga dela, um creme que
formigava. Ele tremeu, teve espasmos, até finalmente ele apertar o pulso dela e
fazê-la parar.
— Não terminei com você, coração — ele grunhiu. — Não. Estou. Nem.
Perto.
Sua alma.
As palavras quebradas e sussurradas de Sin “Eu não posso” quando ele
disse que eles iam fazer amor em vez de ficarem atracados fazendo sexo
violento e sujo esmurraram Con. Ele sabia naquele momento que nunca
ninguém fizera isso com ela, não mostraram para ela qualquer tipo de compai-
xão ou atenção durante o sexo e ela não saberia como lidar com isso, aceitá-lo
ou sentir-se merecedora. Durante muito tempo, ele entendeu que seu duro
exte-rior era uma defesa contra as coisas que ela fez e viu no trabalho, mas
agora ele visualizou algo dentro dela, uma quantia muito baixa de autoestima.
Suas próprias palavras, ditas logo antes da primeira vez que tiveram
sexo, voltaram com força total. Ela perguntou por seus motivos e ele fora bem
claro. Eu não quero conhecer você. Eu quero foder com você.
Quantas vezes ela ouviu isso em sua vida? A resposta ele sabia, muitas,
e ao mesmo tempo que ele não poderia apagar todas elas, ele poderia
compensar sua própria vergonhosa insensibilidade.
Usando sua coxa para separar suas pernas, ele afundou entre elas. Seu
eixo escorregou entre suas dobras inchadas e, instantaneamente, ela trancou
suas pernas em sua cintura, pedindo, tentando-o. Seu picante sangue
misturan-do-se com o sabor de seus orgasmos, alimentando seu desejo.
Seu estômago e nádegas apertados, e ele concentrando-se em manter o
controle, ao deslizar lentamente para dentro dela, em vez de ser rápido,
transando com ela no colchão como o instinto exigia dele. Ele fez as coisas
devagar até este ponto e não ia parar agora.
Ainda não.
Deus, não!
Con rugiu quando ele rasgou sua garganta com as presas. Seu corpo
todo convulsionou e o desejo imediato começou novamente. Ele passou sua
língua sobre os furos, saboreando o gosto, ele jamais teria o suficiente de Sin.
Ela jogou a cabeça para trás, expondo o pescoço longo e gracioso, derra-
mando o cabelo que era como seda preta sobre o edredom de cetim vermelho.
— Con...
Bem, você queria que ela sentisse. Disse que iria fazer acontecer.
Prometeu que iria acontecer.
Pela primeira vez em sua vida, ele desejava ter quebrado uma promessa.
†††††
Con levantou a cabeça e ela viu tristeza em seu olhar, antes dele descan-
sar a testa na dela, de olhos fechados.
— Diga-me.
Ele não precisava dizer qualquer coisa. Ela sabia o que queria. Ela
tremia, e ele simplesmente segurou-a, quebrando-a com a força de sua vontade
e a força de seu abraço.
— Eles... me deixam.
Seus olhos se abriram.
— Oh, isso é uma boa. — Sin olhava para seus peitorais bem
desenvolvi-dos enquanto falava. — Minha mãe era humana. Ela ficou louca.
Ela fodeu um demônio que havia convocado e quando soube que estava
grávida ela tentou abortar. Ela não conseguiu e ela acabou dando a luz a mim e
a Lore.
— Sim. Ela acreditava piamente que ela fodeu Satanás. Todo mundo
achava que ela era louca. Então, depois que ela tentou nos matar,
abandonando-nos na neve ainda recém-nascidos, meus avós nos adotaram,
batizaram-nos de Sinead e Lore, e trancaram-na em um asilo.
Con pressionou um beijo em sua cabeça e era tão carinhoso, tão íntimo,
que ela respirou fortemente. Con pareceu perceber o que havia feito, seu
grande corpo ficou todo tenso, como se ele não acreditasse em suas próprias
ações.
— Sinto muito — disse, mas se ele estava arrependido de beijá-la assim
ou sobre seu passado ela não sabia.
— Está tudo bem, sem problemas. — Mas sua bravata era falsa e ela
per-guntou-se se ele sabia disso. A verdade é que, em todo o tempo, ela foi
devasta-da além do consolo. Ela teve algum tipo de choque que durou
semanas. Se não fosse Lore forçá-la a comer, a viver, ela poderia ter morrido.
— Lore cuidou de mim. Ficamos na casa pouco mais de um ano e depois
descobrimos que tudo que ela dizia sobre nós era verdade.
Ela nunca esqueceria aquela noite. Era lua cheia. Assustador. Seu braço
direito começou a queimar e ela assistiu com horror como os vergões queima-
vam sua pele. Lore viera para casa de seu emprego em uma fábrica e ele apare-
ceu com o rosto contorcido de dor, seu braço queimando como o dela.
Ela foi para a cama e quando ela se levantou na manhã seguinte, Lore
tinha ido embora. A nota sobre a mesa dizia: — Eu não poderia arriscar ferir
você. Eu amo você.
Ela teve que engolir várias vezes antes de sua voz retornar. Finalmente,
ela enfiou o rosto dela contra ele e disse: — Eu te disse... Saí de casa por um
par de dias logo após nossa mudança estranha, logo após Lore me machucar.
Con enrijeceu.
— Ele não...
— Não... Deus, não. Ele ficou furioso, insano, mas não havia nada
sexual. — Com Con relaxado, ela continuou. — Depois disso, eu precisava de
algo, mas eu não sabia o quê. — Ela agarrou-se a Con como se estivesse se
afogando. — Eu era virgem. Eu nunca havia sentido excitação antes. Não
assim, de qualquer maneira. E o sexo não era algo que minha avó já tivesse
discutido comigo. Tudo que eu sabia era que, dentro, eu estava em chamas. Eu
sentia cólicas e dores, e imediatamente me sentia atraída por cada homem que
eu via.
— Deus — Con sussurrou e ela percebeu que falara em voz alta. — Essa
foi sua introdução ao sexo?
— Oh, não foi de todo ruim — disse ela, incapaz de manter o sarcasmo
fora de voz. — Imagina meu choque quando eles atingiram o clímax... e eu
também. — Uma lágrima quente escorreu de seu olho. Ela era nojenta. A
horrível criatura que saía, não importa quem, ou o que, a fodesse e o quanto a
machucassem.
— Você não pode lutar contra sua natureza, Sin. Você é o que é.
— Sim — ele olhou para o chão. — Sim, há. O que aconteceu depois
disso? Você buscou sua própria espécie? Ou tentou?
Ela hesitou, medindo a reação dele, mas tudo o que fez foi acariciá-la em
círculos suaves. Relaxando um pouco, ela continuou.
Con arrastou um dedo sobre o padrão e ela gostou de sentir seu carinho.
— Eu fiquei com ele por 30 anos e então ele vendeu-me para outra
pessoa depois que eu tentei escapar muitas vezes. Meu novo mestre era
desagradável. Ele bloqueou-me totalmente, negando-me sexo.
— Por quê?
Seu estômago se revirou com a memória da impotência e humilhação.
Mas o que a experiência ensinou era que ela nunca mais ficaria a mercê
de qualquer pessoa quando o assunto fosse sexo. Agora que estava livre, ela
nunca mais seria a propriedade, especialmente de alguém que seria o
fornecedor da mesma coisa que ela precisava para sobreviver. Ninguém jamais
teria tanto controle sobre ela novamente.
— Ah, que doce. — Ela aconchegou-se a ele, algo que ela nunca fez
antes com ninguém, mas agora não era o tempo de pensar muito sobre isso. —
Mas ter acabado com ele foi a primeira coisa que fiz ao assumir a associação de
assassinos. — Ela pagou muito bem a Lycus para fazer este trabalho.
Lentamente, a tensão foi drenada para fora dos músculos de Con e ele
soltou um suspiro longo e trêmulo.
— Ele se juntou a Deth 20 anos mais tarde. E foi minha culpa — Ela se
meteu em alguns graves problemas com Deth e ficou desesperada o bastante
para procurar Lore. A amargura foi construída ao longo dos anos, de muitas
maneiras, ela esperava que ele a rejeitasse, apenas para dar a ela mais motivos
para odiá-lo por deixá-la.
Mas ele estava disposto a fazer qualquer coisa para compensar seu
abandono e ele concordou em ajudar a encontrar um caminho para sair de seu
contrato com Deth. Infelizmente, não havia uma maneira e ele entrou como
um assassino, a fim de salvar sua vida.
— Uma o quê? — Con rosnou e ela jurou que ouviu o barulho de suas
presas rasgando sua gengiva.
— Ele se sentia culpado por ter me deixado do jeito que ele fez. E você
sabe o que é a merda sobre a coisa toda? — Ela falou como se tudo isso não
fosse um monte de coisa fedida e gosmenta. — No começo, eu estava apenas
feliz que desde que ele foi amarrado a Deth, ele não poderia me deixar de novo.
— As palavras brotaram de sua garganta como ácido, ela se enrolou em si
mesma, Con iria deixá-la de qualquer maneira. — Eles sempre me deixam,
Con. Sempre.
O maldito Harrowgate não queria abrir. O que significava que um
humano estava próximo e Lore teria que esperar até que o humano (ou
humanos) deixasse a área. Ótimo. Ele atrasar-se-ia para o café da amanhã com
Idess em seu restaurante italiano favorito.
Merda.
Era uma boa coisa que somente um roçar dos dedos pudesse acabar
com o cara (Lore nem mesmo teria que aumentar seu dom de matar, o que era
legal, porque Marcel não merecia a energia que iria precisar para isso).
Ninguém que tocasse a mulher de Lore merecia.
Uma vez dentro do Harrowgate, Lore não permitiu que Idess dissesse
uma única palavra enquanto colocava seus braços ao redor dela e beijava-a
desesperadamente até que ambos estavam sem fôlego.
— Filho da mãe. — Lore colocou sua luva novamente para evitar quais-
quer acidentes no hospital. Idess e seus irmãos eram imunes a seu toque, mas
o resto estava em risco.
Idess curvou sua mão ao redor da cintura dele, seus olhos amendoados
da cor de mel estavam cheios de preocupação enquanto ela olhava para ele.
— Não é incomum não ouvir falar dela por dias, mas com assassinos
atrás dela...
— Ela ficará bem. Ela é durona. Eu sei bem — ela disse ironicamente e
Lore sorriu apesar de sua preocupação. Sin e Idess brigaram e os resultados
não foram bonitos.
— Fique aqui, bebê — ele disse para Idess. — É o lugar mais seguro
para você ficar até que essa coisa toda acabe.
Ela cruzou os braços sobre o peito e seu olhar foi automaticamente para
os seios dela, que estavam bem cheios por seus bíceps. Sim, ele era um
demônio do sexo. Atire nele.
— Tome cuidado.
O corpo inteiro de Kar estava pegando fogo. Não com febre, mas com
necessidade. Cara, ela odiava acordar na manhã depois da transformação da
lua Feast, mas normalmente ela acordava sozinha em sua própria casa. Desta
vez, ela estava no covil de um homem, nua e cercada pelo cheiro dele.
— Por que você não me contou? — Ele falou roucamente contra sua ore-
lha. — Quem te mandou? — Os quadris dele balançaram para trás e, em segui-
da, foram com tudo para frente. Ele entrou nela, enterrando-se o caminho
inteiro até suas bolas e ela gritou com a invasão erótica.
Luc manteve uma mão em seu queixo, mas deslizou a outra pela barriga
dela e entre suas pernas.
— Sua transformação.
Certo. Ele mexeu o dedo sobre o nó apertado de nervos dela e ela
gemeu.
Foi bruto, um beijo para punir e dominar, e funcionou. Ela estava mais
do que pronta para submeter-se a ele contanto que aliviasse sua deliciosa ago-
nia.
Ele mordiscou seu lábio inferior com seus dentes afiados, impulsionan-
do-a até a beira do clímax.
— Eu perguntarei mais uma vez. Você veio até aqui para me matar?
As palavras brutas e guturais a enviaram ao limite.
— Por quê?
— Não realmente. Ela parecia com um lobisomem, mas eu sabia que ela
não poderia ser. Quer dizer, não era lua cheia, certo? E quando nada aconteceu
comigo durante a lua cheia, eu imaginei que estava a salvo. — E aliviada. Ser
mordida por qualquer criatura do submundo, especialmente demônios,
normalmente acabava em resultados desagradáveis.
— Meu pai. — Ela cerrou os punhos no lençol para não ficar mexendo
nele. — Ele é um Guardião. Ele é a razão para eu estar no Egito em primeiro
lugar. Sabe, quando nós nos conhecemos. Nós estivemos lá para treinamento.
— Ela foi criada no Texas, nascida de uma mãe americana e um pai italiano,
mas depois que seus pais se divorciaram quando ela era uma adolescente, seu
pai a levou para Itália com ele. Foi lá que ele contou a verdade para ela do que
ele fazia para viver e ela juntou-se à organização caçadora de demônios logo
que saiu da escola.
— E?
— E ele não sabia o que havia me mordido. Ele pesquisou, mas no meio
tempo, eu transformei-me na noite de lua nova. Eu estava apavorada. Acordei
na Espanha, sem ideia de como cheguei lá. Havia uma mulher comigo... Ela era
um Warg Feast também. Ela explicou o que estava acontecendo... Bem depois
disso, eu fiquei com essa estranha sensação por dentro. Eu podia sentir
dezenas de outros como eu. Ela levou-me para alguém que colocou uma marca
de warg nascido em mim para que ninguém que sentisse o lobisomem em mim
suspei-tasse no que eu me transformara. Ela disse que nós precisávamos
permanecer escondidas e em segredo porque não podíamos deixar o Aegis
saber de nós e os lobisomens normais iriam nos caçar.
— Foi por isso que os Wargs Feast foram feitos para nos matar.
— Os primeiros foram — concordou, um pouco insegura.
— Então você está dizendo que vocês não querem nos matar?
— Nah. Ela caçou-me para matar-me, mas ela já estava vinculada a meu
chefe, Shade.
— Kar?
Ela ensaiara isso, tinha uma história sobre seu parceiro e como eles
ficaram juntos e como ele morreu, mas agora sua mente dera um branco e seu
coração martelava, e a única coisa que ela conseguiu foi deixar escapar “eu não
tive um”.
Luc ficou muito quieto. Até mesmo o ar ao redor dele pareceu morrer.
†††††
Jesus. Luc caiu para trás, quase tropeçando na beirada do tapete. Filha
da mãe! Ele era tão cuidadoso em sua vida, sempre escolhia parceiras que não
estavam nem próximas de sua época. E se a parceira dele fosse de uma espécie
que não possuísse épocas, ele ainda podia sentir a fertilidade delas, podia
notar quando qualquer mulher estava madura para reprodução. Mas por
alguma razão ele não conseguiu saber se Kar estava fértil quando eles foderam
como animais por aquela meia hora.
Não, ela provavelmente não fez. E ele sabia que estava sendo um
bundão, mas ela o cegou com as notícias e, realmente, ele nunca foi nada a não
ser um bundão. Ele ficou de pé e ela encolheu-se para longe dele, como se
estivesse com medo de que ele fosse bater nela e ele percebeu o quão
insanamente furioso ele deveria parecer. Ele cuidadosamente acobertou sua
expressão e concentrou-se em manter sua voz nivelada.
— O bebê é o verdadeiro motivo para você estar aqui, não é? Não tem
nada a ver com a epidemia.
— Não, eu estou aqui por causa da FS. Eu tenho medo pelo meu filho e
você trabalha no Underworld General. — Ela respirou irregularmente e ele
percebeu que ela estava mais pálida do que o normal. — E depois que o Aegis
descobriu sobre mim, eu precisava de ajuda e você era minha maior esperança.
— Foi por isso que você não me atacou quando você se transformou? —
Ele pensou que o comportamento dela foi estranho, mas agora fazia sentido.
Ir embora? Cara, ele poderia não querer que isso acontecesse, mas
aconteceu e de maneira alguma ela iria embora com seu filho.
— Você não irá para lugar nenhum — ele disse, entrando no jeans.
— Como?
— Oh, por favor — ela zombou. — Não faça de conta que você é a parte
ofendida aqui. Você chantageou-me a foder com você e depois você foi embora
sem nem ao menos olhar para trás. Você nem mesmo perguntou meu nome.
Isso foi por que ele ouviu outro Guardião dizer o nome dela, então ele
sabia... Mas sim, ele esteve um pouco no lado silencioso.
— Você nem me deu uma chance! Você estava vestido e tinha ido
embora antes que eu encontrasse minha calcinha. Você certamente não se
incomodou em virar-se e dizer algo como, “Ei, se você acabar grávida, eu
gostaria de saber”.
Casamento? Um berçário? O que ele iria fazer era ficar cheio de urticá-
rias. Ele não se permitiu querer nada assim até Ula e, quando ela foi morta,
também foi morto seu desejo de uma família. Ele tornou-se perverso naquele
dia e nunca cavou seu caminho de volta da espiral de raiva.
— Veja — ela cuspiu. — É exatamente por isso que eu não queria que
acontecesse. Uma criança não é uma propriedade. Só porque é seu não faz de
você um pai. Meu pai me tratava como uma posse, nada a não ser uma
sucesso-ra para ele no Aegis e eu nunca vou permitir que meu filho seja criado
dessa forma. É melhor não ter um pai do que um pai ruim.
Ela falara de seu pai antes, mas não com o mesmo ressentimento e a
sus-peita surgiu.
— Sim. — Ela piscou e Luc pensou que talvez ela estivesse tentando
evitar que as lágrimas caíssem. — Eu realmente acho que ele estava tentando
arrumar ajuda para mim. Ele ouviu que o R-XR estava fazendo experimento
com curas.
— Eu manterei você segura, mas isso significa que você vai ficar comigo.
Sem fugir sozinha.
Um rubor tomou conta dela e ela balançou, mas quando ele a alcançou,
ela saiu de seu alcance.
— Eu sei.
— Mas?
Cristo, o cara não podia conseguiu um momento de paz?
— Bem, que pena. Há algumas coisas de que você não pode fugir.
Fugir? Ele não fugiu de nada desde que se transformou. Antes disso, no
entanto...
A fúria acendeu-o, deixando seu maxilar tão duro que ele pensou ter
ouvido algum barulho de seus molares quebrando.
— Você não sabe nada sobre mim — ele falou entre dentes.
— Eu conheço seu tipo. O Aegis está cheio deles. Então me diga, quão
perto eu estou?
Muito perto. Perto demais. Ele passou uma vida inteira evitando
conexões emocionais. Até mesmo como um paramédico, ele não precisava se
envolver com seus pacientes. Eles eram seus por alguns momentos, mas ele os
deixava e nunca pensava neles novamente.
Até mesmo Ula, a mulher que ele queria que se tornasse sua parceira,
foi mais um escape da solidão do que uma parceria de amor. Ele gostou dela,
acha-va-a desafiadora, mas amor? Nem mesmo perto.
Ela não era uma assassina, porque queria ser. Ela fora vendida para isto.
Ela não era a mestre de seu covil, porque queria ser. Ela fez isso para poupar a
companheira de seu irmão. E porque ela era quem era (durona, forte, determi-
nada) ela fizera o melhor das situações. Instintos de autopreservação não
permitiram que ela sentisse pena de si mesma ou sentisse qualquer coisa, ou,
provavelmente, até mesmo pensar muito sobre o que fizera ou teve que fazer.
E ele fora e derrubara a única defesa que ela possuía para se proteger.
Fodido idiota.
Ele cometeu um erro ao persuadir que ela soltasse qualquer coisa. Ela
precisava de suas paredes e quem diabos ele era para tentar quebrá-las?
Ele teve um amigo humano, uma vez, lá atrás, durante a Guerra Civil.
John cuidou de um coiote ferido até ele recuperar a saúde, ensinou-o a confiar
em humanos apesar da advertência de Con para espantá-lo, jogar pedras nele...
Qualquer coisa que fosse preciso para mantê-lo seguro. E um dia, o coiote se
aproximou do homem errado e foi morto.
— Ah, hey. Sinto muito. — Ele fez um gesto para o fogão. — Eu fiz café
da manhã. — Se ovos e batatas desidratadas podem ser considerados comida.
Sem palavras, ela deslizou por ele e ele sentiu o cheiro fresco de
sabonete de lavanda de seu banho, e por baixo das notas florais estava o
penetrante aroma mundano do amor que fizeram. O sangue dele se agitou e
aqueceu, mas ele manteve seus instintos básicos presos quando Sin pegou os
ovos e batatas em um prato e engoliu de uma vez cada mordida. Quando ele
empilhou mais em seu prato, ela não discutiu.
— Dificilmente.
Ele apoiou um quadril no balcão e cruzou os braços sobre o peito.
— Bem, aqui está a questão. Entendo que eles querem seu anel, mas
isso não explica o cara do cavalo que tentou matá-la e depois a salvou.
Também não explica minha casa.
— Eu sei — ela murmurou. — Alguém que quer meu trabalho não iria
explodir uma casa comigo dentro. Tornaria encontrar o anel quase impossível.
Então, alguém a queria morta e não pelo anel. Mas por quê? A menos
que...
— O líder pricolici?
Ele assentiu.
— Com você morta, ele pode esperar que nenhuma cura surgirá para os
transformados — Raiva o invadiu, tornando-se ainda mais potente pelo fato de
que ele não possuía provas de sua suspeita e pelo fato de que não podia fazer
qualquer coisa sobre isso no momento.
— Obrigada.
Ele enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans.
Coiote.
Sua admissão fez seu coração rachar, totalmente aberto. Ele deve atirar
pedras nela, devia pensar apenas em maneiras de fazê-la levantar suas defesas
novamente, mas em vez disso, ele estava pensando em envolvê-la em seus
braços e nunca deixá-la partir.
Você vai deixá-la partir. Quando o caixão dela for baixado ao chão.
Porra.
— Sin...
Ela levantou uma mão.
— Con?
Um banho vermelho coloriu sua visão, a cor de merlot21. Ou sangue.
21 Tipo de uva escura para vinhos da região Bordeaux (França) ou o vinho tinto feito desse tipo de uva.
— Con! — Ela deu um tapa forte o suficiente para balançar sua cabeça
para trás e limpá-la o suficiente para pensar. — O que está acontecendo? Eu
posso sentir sua fome, mas é estranho.
— Você sabe como eu disse que dampiros não se vinculam uns com os
outros? — Sua voz estava rouca, como se cada palavra estivesse sendo
arrastada de entre seus lábios. — É porque os machos se tornam viciados em
sangue. Se nos alimentamos de um hospedeiro mais do que algumas vezes,
forma raízes.
— Então... Por que isso seria uma coisa ruim se o casal se vinculasse?
— Oh, uau — ela disse, seus olhos escuros se movendo do alvorecer que
se iluminava rapidamente de volta para ele. — O que aconteceu com seu pai?
— A morte da fêmea termina com vício, mas ele não conseguia viver
com o que fizera. Ele se destruiu — Esse foi o eufemismo do século. O pai de
Con se queimou vivo.
— Sim.
— Não — Ele não tivera a chance... Inferno, ele não queria. Ele queria
sangue e sexo dela, mas não um compromisso de vida. E mesmo assim... o
desejo pelo sexo ainda não fora uma fração tão intensa quanto o que ele queria
de Sin.
— Ela morreu?
— Sim.
— Sua culpa?
— Sim.
Ele esperava que ela reagisse com repugnância, mas ela inclinou a
cabeça, olhou para ele e então deu um aceno definitivo.
— Eu matei alguns caras depois que dormi com eles. A maioria foi
porque eles tentaram me matar. — Ela deu de ombros. — Isso acontece. Você
não se deve punir.
Foi sua vez de encará-la. Toda vez que ele pensava que a entendera, ela
girava cento e oitenta graus e reagia da maneira exatamente oposta do que ele
antecipara. Ele adorava isso. Ninguém jamais o manteve na ponta dos pés do
jeito que ela fazia. Mesmo que ela fosse totalmente irritante sobre isso.
— Você está...
— Isso significa que sou subjugado pelo seu sangue. Apenas seu
sangue. Eventualmente, alimentar-me de qualquer outra pessoa vai me deixar
enjoado. Provavelmente já deixe. O vício cresce a cada alimentação. É como
uma droga. Vou precisar de mais e mais, até que eu não possa parar.
— Graças aos deuses. — Ele apontou para a porta dos fundos antes que
se perdesse para a tentação de novo. — É melhor irmos. — Ele fez uma pausa.
— Quanto tempo antes de você precisar de sexo novamente?
— Ah, hey... — ele a olhou com curiosidade, percebendo que o que ele
estava prestes a perguntar a ela provavelmente não a atingiria do modo errado,
mas não tinha certeza se realmente queria saber a resposta. — E quanto a
vampiros? Vamps puros. O... suco deles... funciona para você?
— Curiosidade.
Ela começou a seguir em direção à porta escondida na parte traseira da
casa com um agitar de sua cabeça.
— Claro que sabe — ele murmurou, enquanto abria a porta que estava
escondida do lado de fora por uma grade cruzada coberta por videiras. Quando
eles saíram, ele parou, cheirou o vento, mas não havia nada de anormal no ar
fresco da manhã.
— Não — ela disse, — mas... — Ela cortou com um ops e ele virou-se
para ela, um grito dele passou de alguma forma por seu coração, que havia
atolado na garganta.
Sin cambaleou para trás, seu rosto pálido e torcido pela dor, seu peito
cedeu com o que parecia a bola oito de uma mesa de sinuca (com espinhos).
Era uma arma demônio, projetada para perfurar armaduras e crânios. Uma
vez que a vítima fosse empalada, os pontos seriam adentrar, lentamente, de
modo que a vítima morresse em dor excruciante.
Oh, deuses, ela não podia morrer agora. Ela passara por muito, levara
uma vida miserável e merecia coisa melhor do que isso. Lutando contra o
desejo de entrar em pânico, ele recorreu a todo seu treinamento médico e
alcançou no profundo seu distanciamento clínico, o qual ele sempre teve no
tratamento de pacientes.
Não funcionou. Por dentro, ele estava apavorado. Por fora, ele estava
suando descontroladamente. Mas pelo menos sua voz estava nivelada e espera-
va que Sin estivesse enganada.
— Se eu não for, você vai morrer. — Desta vez, sua voz não estava tão
calma.
†††††
A única coisa boa que acontecera nas últimas horas foi que seu pai
conseguira para Eidolon, Wraith e Con um adiamento da tortura, mexeu uns
pauzinhos e fez os Carceris se afastarem até que os Negociadores da Justiça
pudessem determinar se o Conselho Warg possuía ou não um caso contra Sin.
Não era muito, mas pelo menos ela não precisava correr dos carcereiros demo-
nios por agora.
Tayla respondeu antes que ele o fizesse, mas seu grito o colocou em alta
velocidade e correu pelo corredor, quase tropeçando em Mange quando o cão
correu entre os quartos, perseguindo Mickey, o furão de Tayla. Eidolon
amaldi-çoou quando viu Con de pé no hall de entrada, ensanguentado e
segurando o braço em um ângulo estranho.
— O que aconteceu? Onde está Sin? — Eidolon pegou Con pelo pulso e
alimentou seu dom nele. Con sibilou quando a dor começou.
O desejo de correr para resgatar Sin foi quase esmagador, mas depois de
anos tirando Wraith de situações mortais, ele aprendeu a ficar preparado.
— Conte-me o que aconteceu — ele disse com uma calma que não
sentia, mas Con se agitou para longe.
— Escute-me. Você não será bom para ela se estiver morto. Isto só vai
levar um minuto.
— Ela pode não ter um minuto — Con rangeu, mas não lutou. — Ela foi
atingida por um exomangler. Ele está a rasgando em dois.
— Tive que passar por uma floresta cheia de assassinos, todos alinhados
para matar Sin.
Tay veio pelo corredor, com os cabelos vinho em um rabo de cavalo. Ela
estava vestida para a batalha, incluindo calças de couro vermelho, casaco e
armas escondidas em todos os lugares.
— Wraith está deixando Serena e Stewie com Runa, e Kynan vai ficar na
caverna, também.
Bom. Nada iria passar por Ky. Eidolon consultou o relógio. Gem estava
de plantão no hospital, então sem preocupações, e Idess estava praticamente
vivendo no UG por causa da sobrecarga de almas que precisam de orientação
para fora do hospital e para a luz. Era também o lugar mais seguro para ela
agora que era basicamente humana e os assassinos atrás de Sin tomaram um
novo rumo para buscá-la usando a família.
A última ferida de Con foi selada e eles estavam saindo. Eles encontra-
ram-se com os irmãos de Eidolon no Harrowgate assim que o celular de E
tocou. Gem.
— Rápido.
— O que aconteceu?
Santo inferno.
— Foda-me, eu sei.
— Sim. E uma vez que aconteça, não há nada para impedi-la de atingir
os seres humanos.
Incluindo Sems.
†††††
— Seu... — Os olhos dela se abriram de uma vez, mas quando ela viu o
raro sorriso transformando seus lábios, ela soube que ele a estava provocando.
O que foi estranho, porque ela não o teria tomado como o tipo brincalhão. —
Você deveria sorrir mais vezes.
— Não posso. — Ele resmungou quando abriu a blusa para expor seu
peito. — Meu rosto pode congelar assim.
Ela riu, mas logo gritou com a dor que se torceu através de seu
abdômen.
— Não sinta. — Ela engoliu e fez careta para a dor súbita. — O sexo foi
ótimo. Você foi apenas meu segundo, mas foi tão bom... — Engoliu seco nova-
mente, outra careta. — E o bebê é a melhor coisa e a mais normal que
aconteceu comigo nos últimos anos.
Luc desviou o olhar, por isso era impossível dizer o que ele estava pen-
sando enquanto terminava de desabotoar sua camisa. Ele abriu as abas para
revelar uma estranha contusão em torno de seu umbigo... E a cor fugiu de seu
rosto.
Sin podia somente imaginar. E cara, sua imaginação era muito boa.
Bantazar era realmente um assassino de classe-A e seus assassinos não eram
melhores. Provavelmente ainda estava irritado por ela não ter oferecido a ele a
chance de dizer os nomes dos mestres assassinos que estavam oferecendo o
grande contrato do lobisomem.
Friccionou seu peito, onde recordou ter sido batida por algo que pareceu
como uma bala de canhão. Com exceção de um pouco de ternura, nunca
saberia que teve quase um túnel perfurado através dela.
Con amaldiçoou.
— Okay, então agora que você conservou minha vida e indicou o óbvio,
por que ainda estão aqui?
Todos trocaram olhares que não poderiam ser bons. Finalmente, Shade
limpou sua garganta.
— Então e agora?
— Nós vamos ter que tomar algumas medidas drásticas. Nós não temos
recursos para desperdiçar mais tempo procurando wargs contaminados e está
ficando demasiado perigoso para você. Eu coloquei o Carceris fora de sua
bunda temporariamente, então nós a traremos ao hospital e encontraremos
alguns voluntários para contaminar e curar então, assim posso trabalhar em
como matar o vírus.
— Nós não vamos forçar ninguém. — Sin levantou e fez careta. Alguém
a vestiu com roupas que não eram dela. Que fez sentido, dado que tudo que
possui estava no covil de assassinos. Mas quem teve a brilhante ideia de vesti-
la em uma medonha blusa, cor-de-rosa floral? Com glitter. Pelo menos as
calças de brim serviram. — Eu já fodi os povos o suficiente com isto.
Tayla.
— Eu tive que convencer aqueles dois a ficar. — Tay rolou seus olhos. —
O que era mais fácil do que convencer Con a não vir atrás de você.
Sin bufou.
— E você?
A mão de Tayla deixou cair seu coldre da coxa, onde a empunhadura de
um punhal projetou-se de seu compartimento de couro e Sin enrijeceu instinti-
vamente. Mas os dedos dela jogaram somente com o punho de madeira
lustroso. Ainda, seu olhar era constante, sem medo, focalizado como raios
laser verdes e a maneira que estudava Sin eram quase adversários.
— E você está com medo de que eu possa ferir meus irmãos. Sim, sim,
Wraith já me deu o discurso sobre “feri-los e arrepender-me”, então conserve
seu fôlego.
— Não. Você apenas se odeia. — Antes que Sin pudesse mesmo tentar
negar aquilo, Tay perguntou, — O que você pensa de Lore?
— Quê?
— Lore. Você respeita seus sentimentos? Você acha que ele é um juiz de
mau caráter?
— Eu não preciso...
— Por que todo mundo continua dizendo isso? — Sin bateu seu copo de
água, chapinhando o líquido em toda parte. — Fizeram muito bem sem mim.
— Não. Não fizeram. O irmão deles doente, torto, seu irmão, Roag,
quase destruiu suas vidas. E torturou e matou a irmã de Shade. Mas de certa
forma, trouxe Lore para eles. Se puderem transformar as ações de Roag em
algo positivo… Deixe-me apenas dizer que eles precisam disso. — Fechou seus
olhos e tomou uma respiração áspera. — Meu pai era um monstro. Eu posso
ainda provar o sangue de minha mamãe em minha língua porque é tão grosso
no ar. Mas por causa dele, eu tenho uma irmã. O fato de que algo minúsculo de
bom saiu do horror que impôs em mim e em minha mãe manteve-me sã e
evitou desperdiçar minha vida na amargura.
Talvez Tayla estivesse certa. Talvez fosse hora de aceitar as boas coisas
que entraram em sua vida em vez de deixá-las afastadas. Seus irmãos eram
próximos e, embora as coisas tenham sido ásperas por um tempo, a maneira
que aceitaram Lore era absoluta, como se nunca tivesse faltado. Talvez eles a
aceitassem também.
Uma excitação estranha começou nela, através dela. Não tivera uma
família, uma família real, em mais de cem anos. Então outra vez, a mesma
ideia provocou um suor frio.
E então havia Con. Disse coisas a ele que nunca dissera a ninguém. Fez
coisas com ele que nunca fizera e seu corpo aqueceu-se nas memórias.
Protegeu-a quando poderia ter matado-a. Forçou-a a confrontar coisas que não
quis… E mesmo não sendo absolutamente legal, ninguém mais se incomodou
em ir tão longe com ela. Nem mesmo Lore, que quis se aproximar, mas era
demasiado receoso de empurrá-la até que se afastasse.
— Descobri que era uma pessoa melhor quando estava com ele. Assim
eu disse a ele meus segredos mais escuros. Eu deixei-o ver o pior de mim. E ele
me quis mais do que nunca.
Sin já dissera a Con seus segredos. Viu o mal que havia nela.
†††††
Talvez Tayla tenha alguma sorte. Não conhecia a guardiã bem, mas
soube que era resistente e não teve uma vida fácil. Era possível que se pudesse
relacio-nar com Sin em um nível que ninguém mais poderia.
Todos os irmãos estavam prestando atenção e especulando, mas
ignorou-os.
Lore dobrou seus braços sobre seu peito, que estava entrecruzado por
um chicote de fios carregado das armas. Nem mesmo Wraith andava armado
assim. Naturalmente, Wraith não precisava estar.
— Não. E esta seria uma maneira estúpida para um assassino fazer seu
trabalho. Não muito sutil.
Eidolon inclinou.
— Não está tudo bem com ele — Wraith disse. — Mas eu verei o que eu
posso fazer.
Con olhou de relance entre os outros irmãos, mas tanto quanto podia
dizer, não sabiam, nem tinham o mesmo interesse subjacente de Shade.
— Bom — Shade disse. — Você sabe que eu gosto de você, homem. Mas
você tem… vícios. Se você a ferir…
Shade não precisou terminar sua sentença, porque o aviso nos olhos dos
irmãos deixou bem claro. Con morreria. Dolorosamente.
— Você tem cuidado dela. Obrigado. Mas você deve saber que se você
está procurando qualquer coisa à exceção de sexo com ela, você não
conseguirá.
Por alguma estranha razão, aquilo o irritou. Sin era mais do que um
buraco a perfurar e, embora Con entendesse o que Lore estava tentando dizer,
ele ainda mudou seu temperamento para uma marcha acelerada quando sua
própria vergonha tratou de aquecer seu rosto.
O punho de Lore bateu na mandíbula de Con. Con foi lançado para trás,
conteve-se e revidou com um soco no estômago e um soco curto no queixo. Ele
esquivou-se dos socos de Lore, mas tomou um chute no peito, forte o suficiente
para fazê-lo sugar o ar.
— Apenas uma pequena postura alpha. — Lore disse a Con num clarão
e Con quase partiu para cima dele novamente.
— Basta ter em mente que Lore não é um warg. Ganhar uma luta não
lhe dá privilégios especiais.
Lore limpou o sangue de sua boca com as costas de sua mão nua.
As mulheres ouviram o intruso antes mesmo de Kynan. Não era que ele
não estivesse alerta; foi só porque Serena era um vampiro com um fértil e
afiado senso, e Runa era um lobisomem com uma audição ultra sensível até
mesmo em forma humana.
Seu rosnado ecoou pelas lisas rochas da caverna. Kynan sacou sua Sig,
correu para a cozinha, onde Runa estava parada sob dois pares de fortes e
peludas pernas, dentes à mostra. Atrás dela, Serena, com as presas abaixadas,
bloqueando a porta do quarto, onde os trigêmeos de Runa e Shade e o filho de
Serena e Wraith estavam dormindo.
— Vá com calma. — A voz de Arik estava tranquila, sua fala suave como
se um policial negociador estivesse falando com alguém à beira de um
precipício. Mas Ky conhecia Arik bem o suficiente para reconhecer seu tom de
estresse. — Eu não estou aqui para buscar você Runa.
Kynan angulou seu corpo para que então pudesse encobrir a entrada da
caverna.
Ele ruborizou-se.
A única coisa que poderia salvá-lo era que as pessoas que trabalhavam
no R-XR eram especialistas e valiam seu peso em ouro. E Arik, um ex-membro
da operação da Força Delta que poderia aprender qualquer linguagem dos
demônios depois de ouvir algumas palavras, era impagável.
— Irmão — Kynan falou com lentidão, — não é comigo que você precisa
se preocupar.
— Não.
Ky gesticulou para Arik para segui-lo para a sala. Uma vez lá, Ky
articulou-se, colocando-se na linha para manter um olho na porta.
— Diga-me tudo.
Arik esfregou a mão sobre seu cabelo escuro, cortado baixinho no estilo
militar.
— Val mencionou algo sobre isso. Mas eu não sei por que o Aegis vai ser
a puta do R-XR. Nós não chegamos tão longe nessa conversa.
— Você sabe que os wargs nascidos já estão sendo afetados por FS,
certo?
†††††
— Não responda!
Jesus. Ok... Nunca Ky ficou tão animado assim.
Tayla bufou.
— Besteira.
— Isso foi o que eu disse. Val me disse para entrar na linha e eu disse
para ele ir para o inferno. Logo depois, Arik apareceu.
— É por isso que Richard está ligando? Para eu organizar minha célula
para uma caçada warg? Porque eu não vou fazer isso. — Ky fez uma pausa e
um calafrio deslizou para cima da coluna de Tay. — Ky... o que você não está
dizendo?
— Eles sabem que você não vai cooperar. Richard quer que você volte
para o QG de sua célula.
— E depois o quê?
— Eles pretendem mantê-la até que o massacre acabe. Eles não querem
que você interfira. Tay, espere — ela ficou ali, estufeta, enquanto Ky falou em
voz baixa com outra pessoa. Quando ele voltou à linha, ele parecia que estava
falando entre dentes cerrados. — Arik está com alguma informação
interessante. O R-XR indicou que há uma reunião maciça de wargs no Canadá.
Você sabe alguma coisa sobre isso?
— Kynan? O que tem o Canadá? Não é onde você falou ao Conselho dos
Wargs que havia um Warg Feast? — Con escutou por um momento. — Ela é
uma Guardiã? E espere... o quê? Puta merda. — Con fechou o telefone.
— Cara, eu não posso acreditar que eu não juntei tudo isso antes — Con
disse. — Luc... no Egito. Ele encontrou esta Guardiã que era um lobisomem.
— E pior, os dois lados dos wargs sabem que o outro estará lá. Eles
estão reunindo um exército.
— É onde eles estão indo para lutar sua guerra civil — disse Sin e
pronunciou uma escura maldição. — Um armagedon para os lobisomens.
— Bem?
Luc jogou uma tora no fogo e lançou um olhar para Kar por cima do
ombro, que estava enrolada em um cobertor no sofá. O fogo rugia quente e Luc
havia movido o sofá para perto da lareira, mas ela ainda estava com frio. Era
tudo o que podia fazer para não se deitar com ela e adicionar seu calor a seu
corpo. Ele queria (se ela tivesse FS, ele já fora exposto). Mas ela não o deixava
chegar perto.
O curioso era que ela não estava tão doente como ela deveria estar se
tivesse contraído a doença. Talvez não fosse FS. Ou talvez Wargs Feast se
afetassem de forma diferente. De qualquer maneira, ele precisava entrar em
contato com Eidolon. Ele ligou para o hospital e para o apartamento de E, mas
nada. E ninguém parecia saber onde ele estava.
Inferno, ele não conseguia entrar em contato com nenhum dos irmãos.
Ou Con. Se ele não pudesse contactar Eidolon em breve, ele teria que fazer
uma corrida para o Harrowgate à luz do dia, com assassinos ou não.
— Não me toque — disse ela, mas era tarde demais. Ele ajudou-a a
sentar-se e recuou.
Bem, isso o manteve alerta. Ela queria manter sua mente fora disso
tudo e ele seria um grande bastardo se não permitisse.
— A virada do século não era um tempo bom para ser o oitavo filho de
uma família pobre — Nem um pouco. Ele foi criado em uma fazenda no
Centro-Oeste, foi introduzido ao trabalho árduo, antes que tivesse três anos.
Seus pais eram tão bons quanto eles poderiam ter sido, mas quando cada hora
do dia era usada com o trabalho, quer na fazenda ou na cozinha, não havia
muito tempo para jogos ou carinhos. Aos dezesseis anos, ele saiu de casa,
juntou-se à carreira militar e nunca olhou para trás.
Exceto... que ele tinha. Os soldados com quem ele lutara na França se
tornaram a família unida que ele nunca teve. Pelo menos, até quando eles
começaram a morrer em batalha. Um massacre deixou-o sozinho e ferido,
vagando pela floresta, na tentativa de escapar do inimigo. Ele foi encontrado,
mas não por um inimigo humano.
Doente, assustado e confuso, ele foi dado como desertor. Ele mal se
lembrava de como sobreviveu depois de tudo, agindo apenas por instinto e
pelo desejo de matar o monstro que o infectou. Três anos mais tarde, seu
reprodutor estava morto e Luc retornou aos Estados Unidos.
— Eu sei que você não quer isso. Um bebê também não estava
exatamen-te em minha lista de coisas a fazer. — Ela esfregou sua barriga e um
sorriso minúsculo frisou em sua boca. — Mas eu amo o pequeno guri agora. Eu
quero isso e eu vou fazer de tudo para protegê-lo. Isso significa que eu vou
protegê-lo de você, também.
Foi esse um dos motivos pelo qual aceitara tão bem ter filhotes com Ula,
ela era pricolici, de modo que a prole teria sido levantada ao mundo mais duro
dos wargs, onde os machos existiam para proteger, não criar.
Criar? Ele fechou os olhos, mas eles se abriram quando Kar pegou sua
mão e colocou-a em sua barriga.
— Você não pode senti-lo ainda. Não é nem mesmo uma batida. Mas
está lá. Seu bebê.
Algo dentro dele rachou um pouco. Mas essa fissura minúscula parecia
um terremoto em sua alma. Seu bebê. E se ele não gostasse? E se ele não
pudes-se amá-lo? Ele retirou sua mão para longe como se essa coisa dentro
fosse uma víbora.
— Eu... ah... — ele saltou sobre seus pés, uma perda completa. Então
ele girou para a porta. — Você ouviu isso?
Kar olhou para cima, sua expressão cheia de ceticismo. Sem dúvida, ela
achou que ele estava tentando pular fora da conversa.
— Ouvi o quê?
— Fique abaixada.
Kar afundou-se em seus quadris suavemente, sua formação Aegis e
instintos wargs manifestando-se.
— O que é isso?
— Eu preciso que você desça e fique quieta. Vou ver se eu posso tirá-los
daqui.
— Luc — Kar ofegou e ele virou-se para ela. Ela dobrou-se, apertando
seu estômago. — Eu sinto... uma mudança. É como se eu precisasse... matar.
Quando muitos wargs uniam-se para lutar, todos mudavam, não impor-
tava a época do mês, a hora do dia. Kar definitivamente não precisava estar lá
fora, matando com sua mordida venenosa.
Cambaleando, ele abriu a porta, mesmo com seu corpo cerrado, à beira
de se contorcer em sua forma animal.
†††††
Con lidou com a neve profunda em suas canelas quase correndo, com
Wraith em seus calcanhares. Sin, E, Lore e Shade estavam logo atrás. Tayla
voltou para a UG para encontrar os médicos.
— A batalha dos wargs. Ele está se transformando. Ele vai ficar bem.
Temos que ir. — O som de tiros interrompeu-o e então madeiras em pedaços
pulverizaram ao lado da cabeça de Sin. — Merda! Assassinos.
Ele não sabia quanto tempo a batalha durara quando sentiu uma picada
em seu flanco. Girando, ele virou para sua fonte... Sin?
— Sin — ele chamou por ela. — Tenha cuidado. Você ainda tem assassi-
nos atrás de você.
Ela lhe acenou com uma mão e derrubou um warg com a outra.
— Segura aí, amigo — Con caiu sob seus calcanhares e bateu com a mão
sobre a ferida borbulhando.
— Sob... o tapete.
24Trocadilho. Luc na verdade diz o nome de Kar para Con, mas a sonoridade é a mesma da palavra Car, que significa
carro.
Ele balançou a cabeça.
— Vocês arruínam toda minha diversão — Sin fez uma careta aos seus
irmãos enquanto dobrava e traçava seus dedos ao longo do que Con assumiu
que era a borda da porta escondida. Então ela bateu seu punho em um quadro.
Bateu em outro. E outro. Na terceira vez foi seu encanto e, de repente, a porta
estalou aberta, um quarto de três por três.
— E sim, eu sabia onde todas as portas secretas de Rivesta estavam. Eu
apenas gostava de observar você procurando por elas.
Sin realmente era uma diabinha. Con espiou para baixo no buraco, a
escuridão não combinando com sua visão vampira. Ele não via nada, mas
ouviu uma batida de coração, respirações suaves e cheirou o tempero amargo
de ansiedade. E doença.
— Tome cuidado.
Ela bufou.
— Eu perguntaria quem você é, mas algo me diz que você não responde-
ria e eu acho que sei de qualquer forma. Eu vou liberar você e liderá-la de volta
às escadas, onde Luc está sendo tratado de uma ferida à bala. Se você quer ver
como ele está, você virá e não tentará me fatiar novamente.
— Só zonza da mudança.
Con entendeu isso, ele mesmo ainda estava sofrendo os efeitos. Mas ele
sentiu o que mais estava em jogo ali e o cheiro forte de doença estava no ar. Ele
gesticulou para ela ir primeiro e ele seguiu.
Quando ele emergiu, Luc estava sentando com suas costas apoiadas na
parede e uma intravenosa pregada em seu braço, e Lore, Shade e Wraith
tinham ido. Con deveria ter um olhar de questionamento em seu rosto, porque
Sin disse: — Eles estão despejando os assassinos na cidade mais próxima.
Wraith está indo embaralhar suas memórias então eles não vão lembrar o que
aconte-ceu.
Wargs eram uma das poucas espécies paranormais que não desintegra-
vam quando morriam no reino humano, o que normalmente não era um
problema porque as autópsias não revelavam nada estranho. Mas uma investi-
gação de uma batalha desse tamanho não seria boa, não importa quanto
contro-le de danos os Aegis aplicassem. Luc mudou seu olhar preocupado para
a fêmea, a qual os olhos fundos e a pele lavada eram ainda mais notáveis do
que a luz do dia. Por quanto tempo Con conhecia Luc, o warg era um solitário e
com a exce-ção de uma fêmea pricolici, ele nunca se agarrou a suas
companhias de cama. Elas eram só para deitar e era isso.
Mas a forma que ele estava observando Kar, com fome, um traço de
afei-ção e um brilho de vergonha, definitivamente a fez mais do que uma
companhia de cama. Ela moveu-se para Luc e, apesar de ser óbvio que queria
tocá-lo, não o fez.
— Você está bem? — Ela girou ao redor para Eidolon. — Ele está?
Luc derrubou sua cabeça para trás contra a parede como por exausto,
mas Con sentiu tensão enrolada nele.
— Dr. Você tem que fazer alguma coisa por Kar. Ela está doente.
— Você é um demônio.
— Kar. — A voz de Luc era tão suave e gentil como Con nunca ouvira.
— Ele é um médico. A melhor pessoa do universo para lidar com qualquer
coisa que você tenha.
— Isso deve ser muito inicial. Quando você esteve em contato com um
warg infectado?
— O tempo não está certo. Isso age rápido. Você estaria morta agora se
fosse ele quem tivesse infectado você.
— Eu não sei o que dizer a você. Eu não fui em nenhuma caça Aegis
depois disso e então eu estive trancada com Luc, então a menos que ele tenha
isso, não há maneira que eu tenha pego de qualquer outra pessoa.
— Talvez o fato de você ser uma Warg Feast faça a difereça. — Ele gesti-
culou para Sin. — Você pode entrar e dar uma olhada?
†††††
— O quê? — Luc tentou absorver o que Sin estava dizendo, mas ele
este-ve no campo médico por tempo suficiente para saber que um bebê não
nascido contrair um vírus quando a mãe não tinha era quase impossível. —
Como?
— Sin, você tem certeza que o vírus está presente somente no feto?
— Vou checar novamente. — Sin concentrou-se, sua dermoire
brilhando ferozmente. Seus hieróglifos poderiam ser réplicas desbotadas dos
de sua raça pura, mas iluminavam-se muito brilhantemente.
— Doutor?
Iria morrer.
Luc poderia muito bem ter sido esfaqueado no intestino. Ele apenas
descobriu sobre o bebê, mas apesar da dúvida cantar através dele sobre suas
habilidades em ser um bom pai, ele não tinha dúvidas que não queria que
morresse.
Luc puxou o catéter intravenoso para fora de sua mão e ficou em pé.
— Estou assustada. — Ela olhou para baixo para seus pés com meias.
Ela estava usando suas meias de lã, que eram duas vezes maiores que seus pés
e pareciam adoráveis nela. Adoráveis? Merda, ele nem sequer sabia que aquela
palavra estava em seu vocabulário.
— É só... Eu sabia que não poderia fazer isso sozinha. Minha única
chance era encontrar você... ou deixar o Aegis me encontrar. Melhor eles me
matarem antes que eu desse a luz do que me matarem e fazer Deus sabe o que
com o bebê.
A própria ideia o gelou até o osso. Que ela estivesse tão desesperada a
ponto de sequer pensar em permitir que aqueles demônios-assassinos
desprezí-veis a matassem... Jesus.
— Estou contente que você me tenha contado. — Santo inferno, ele não
podia acreditar que tinha apenas dito isso. — Eu não posso prometer a você
uma cerca branca e flores e poesia — ele disse rispidamente.
— Tudo o que eu tenho para oferecer a você é... — Ele fez um gesto
abrangendo em torno da cabine. — Isso. Algumas armas e pele de coelho e eu.
Mas nada vai passar por mim até você ou nosso filho. — Nada. Pela primeira
vez desde que se tornou um lobisomen, ele deu sua vida para alguém.
— Obrigada.
— Eu farei.
Antes que ele se quebrasse e parecesse como um idiota do qual Con faria
piada pelo resto de sua vida, Luc afastou-se e gesticulou para o grupo de curio-
sos.
— Vou extrair uma mostra de sangue, antes que Sin comece, de acordo?
Kar assentiu, porém o medo em seu rosto era evidente. Eidolon inalou
fundo e, quando falou, ainda soava como um doutor, porém um doutor
amável. Um que não estava sendo todo arrogante como normalmente era.
— Kar, eu sei que isso é difícil. Você é uma guardiã. Nós somos demo-
nios. Inimigos naturais. Porém você também é uma mulher lobo. Obviamente,
já aceitou isso, então vai ter que aceitar seu lugar dentro de nosso mundo.
— Mas...
Ele agarrou-a pelo ombro, suavemente, mas com firmeza.
25BFD é uma gíria muito usada em mensagens de texto que significa Big Fucking Deal. Ou mais usado no Brasil:
Grande coisa.
sabia que era um demônio quando nos conhecemos. — Um sorriso irônico
alcançou as esquinas de sua boca. — Confie em mim, não tivemos exatamente
uma viagem facil. Porém com o tempo, ela aceitou. Não somos os monstros
que acredita.
— Terei que aceitar sua palavra, por agora, já que isso se resume a que
eu faria um pacto com o diabo para salvar meu filho, então faça o que tiver que
fazer, doutor.
Bom para ela. Sin esperou até que Eidolon terminasse de tirar o sangue
antes de ligar seu dom. Cara, era estranho fazer com que seu poder caminhasse
através de Kar até o diminuto feto. O vírus flutuava em torno do interior do
útero e no interior do bebê, e, por um momento, Sin não fez nada. Sim, curara
um Warg, em Montana, mas matara outros dois. Este era um bebê, um que os
pais estavam desesperados para salvar e, se Sin cometesse um pequeno erro, se
utilizasse muita energia, ou não o suficiente...
Ela estava a ponto de golpear outro grupo quando Kar ficou rígida, suas
costas golpeando tão rigidamente que Sin ouviu o estalar da espinha dorsal.
— Kar, não! — Luc envolveu seus braços ao redor dela, porém não pôde
romper o domínio de Kar sobre Sin.
— Está... feito — sussurrou ela. O mundo girou e quando ela caiu, Con
estava ali, apertando-a contra seu peito, acariciando seu cabelo e... Vá!... Ter
alguém que a agarrasse assim... fez seu mundo girar novamente.
Há alguns dias, Sin estaria girando os olhos com o gesto íntimo e terno.
Agora apenas recordava como despertara depois de ser golpeada pelo
exomangle e Con estivera a seu lado, segurando sua mão da mesma forma.
— Não levará algum tempo para você fazer uma vacina? — Perguntou
Sin.
— Se esta puder ser feita, sim, porém tenho magia demoníaca e ovos de
diabo de osso a minha disposição. Devo provar o primeiro lote de vacinas em
um dia ou dois se tudo correr bem.
— Porque não posso garantir. Penso que é provável, porém não vou
fazer nenhuma promessa.
O pesar brotou nela, uma enorme onda de agonia que estalou como um
soluço. Correu, tropeçando, até o bosque e no momento que estava nas profun-
dezas do monte, gritava com tanta força que quase não podia respirar e as
lágrimas se arrastavam por suas bochechas.
O cavaleiro saiu das árvores como uma aparição, com fumaça de enxofre
como acompanhante. Aproximou sua montaria de um veículo e a gigante besta
branca se empinou, mostrando cascos maiores que as calotas de um velho
Chevy. Quando o cavalo se deteve, o cavaleiro tirou o grande capacete. A larga
cabeleira se derramou sobre os amplos ombros do macho, que estavam
cobertos com a armadura e que, igual às montanhas de Montana, estava
manchada, imunda e oleosa, uma substancia que parecia sangue secretava das
juntas e gretas.
Seus olhos brilharam com uma sanguinária luz profana, igual aos do
garanhão. Seu rosto devia ter sido belo, porém seu sorriso era pura maldade,
enquanto ele inclinava a cabeça, dava a Sin uma saudação e logo deu a volta
em sua montaria e desapareceu como se o bosque o tivesse tragado.
— Vamos ter que averiguá-lo mais tarde — disse Con. — Temos que
levar Sin para um lugar seguro. Estamos aqui a tempo suficiente para me
deixar nervoso.
†††††
Sin colocou as mãos nos quadris e olhou para os dois, um de cada vez.
Talvez se seus olhos não estivessem inchados e o rosto úmido de lágrimas,
poderia ter parecido mais dura. E Con não se sentiria como um pedaço de
merda, porque sabia condenadamente bem que cada lágrima era por sua
culpa.
— Vou levar Luc e Kar ao UG. Vocês dois podem nos encontrar lá.
Uma vez fora de vista, Sin chiou.
— Isso de policial bom e policial mau não funciona comigo. Não vai me
fazer mudar de opinião.
— Acabo de contar.
— Conte-me o resto.
Ela apertou as mãos em punhos e colocou uma obstinada expressão em
sua boca, essa que fazia querer beijá-la apenas para fazê-la desaparecer.
— Não faça isso — ele reclinou. — Você fez um grande progresso. Você
sabe, com seus irmãos.
A cor em suas bochechas ficou mais forte e ela levantou o olhar furioso
para ele.
— Escondendo-me?
Ele aproximou-se.
— Escondendo-se.
— Sim, sim. Pegou-o para poupar Idess. — Sabia que estava sendo um
idiota, de novo estava fazendo uma repetição do que havia feito em Rivesta,
mas, maldita seja, ela tinha a oportunidade de ter uma família. E se
regressasse ao covil para se isolar, novamente iria se trancar, definitivamente,
talvez mais forte que nunca dessa vez. — Porém, sabe de uma coisa? Creio que
o pegaria de todos os modos. Nem sequer podia lidar com seus sentimentos,
então, como lidaria com o mundo real se estivesse aqui fora ao invés de viver
em uma cova onde tinha uma grande desculpa para não estar com sua familia.
— Eu creio — disse, com uma voz baixa que ele não esperava, — que
está se esquecendo de que não posso sair de meu trabalho se quisesse. — Ela
passou lentamente as mãos pelo cabelo, que brilhava com reflexos azuis sob a
luz do sol que se esgueirava entre as copas das árvores. — Isso não tem
sentido. Vou ao hospital e estou prisioneira ali, com meus irmãos como
carcereiros, ou vou a meu covil, onde ao menos sou minha própria guardiã.
— Não — Ele não podia deixá-la ir. Não podia...
Os pelos da nuca se levantaram e um grunhido animal subiu pela
gargan-ta antes que pudesse detê-lo. Virou-se, instintivamente colocando Sin
atrás dele. A visão de Bran, parado nas sombras com dois machos dampiros
chegou como uma descarregadora explosão de terror.
— É o momento, Conall.
†††††
— O feio vinha sendo o líder de meu clã — disse em voz baixa. — Fique
aqui! — Ele se dirigiu até Bran com passo rápido, seguro. Não mostre
nenhuma fraqueza. — Não estou pronto.
A ideia de ter sexo com alguém além de Sin o fez gelar por dentro.
Inferno, a simples ideia de se alimentar de qualquer outra pessoa o fez sentir-
se enfermo. O que não era bom sinal e de algum modo, Bran era consciente da
razão da renúncia de Con. Seu olhar escuro se concentrou em Sin, logo passou
abruptamente para Con quando ele se colocou diante do líder Dampiro para
bloquear sua vista.
Con tomou uma respiração entrecortada. Ele podia ser capaz de atrasar
um ou outro período de reprodução, porém não havia evasivas quando o
assunto era política e uma possível guerra. Seu povo necessitava dele. Havia se
sentido descontente com eles por tanto tempo, que apenas podia considerá-los
sua gente, mas em último caso, ele era um Dampiro, era hora de tomar a carga
atrasada.
— Sin...
Ela discretamente beliscou seu traseiro, silenciando-o e quase o fazendo
saltar. Bran olhou e, quando ele não disse nada, Sin fez um movimento de
espantar com a mão.
— Anda, deixe-nos.
Bran praticamente se sacudiu com fúria, o que para Con foi uma combi-
nação de diversão e “Oh foda-se”! Por último Bran grunhiu.
— Sin... merda.
Confundido, franziu a testa.
— O quê?
Apertou seu curvilíneo corpo contra ele e de imediato o corpo dele des-
pertou ferozmente.
— Aqui mesmo? — Esperava que ela não se desse conta de quão estran-
gulado estava.
— Bom, não tão perto da cabana — ela colocou sua mão sobre o coração
e o lobo nele uivou. — Parece que tem algum tipo de crise para lidar, então
pode ser a última vez por um tempo.
— Não têm que beber, só quero sentir suas presas em mim uma vez
mais.
— Sin — gemeu, porém não podia negá-lo e, além disso, essa seria a
última vez. Depois disso, ele iria à Escócia e não voltaria a vê-la, porque sua
vida já não estaria em perigo, devido a ele, ao menos, e eventualmente suas
ânsias pelo sangue dela desapareceriam.
Apesar de que sabia que seu desejo por ela não iria.
Ele levantou uma sobrancelha e ela deu o mais malvado sorriso que
jamais viu enquanto formava uma pequena bola de neve solta. Esteve a ponto
de engolir a língua quando ela abriu a si mesma com os dedos e introduziu a
neve dentro. Jesus. Havia feito muito em seus mil anos, porém isto era a
primeira vez.
Tomando sua ereção na mão, guiou seu pênis dentro dela. Estava escor-
regadia e quente, e quando a cabeça dele beijou o gelo, o contraste erótico o fez
silvar de prazer. Lentamente ela se balançou para trás e para frente, e apesar
de seus pés estarem gelados ela não se queixou. Não parecia se dar conta. Cada
carícia para baixo dava uma sensação fodida de mistura de calor e frio. E cada
vez que ele golpeava a neve ela gemia.
— Deitei-me com esse grupo de Trolls de gelo uma vez e... — ante sua
maldição doente de ciúmes, ela começou a rir, um som puro e tilintante. —
Estava brincando, foi apenas uma repentina picada de brilhantismo. — Ela se
sentou novamente nele, fechou os olhos e jogou a cabeça para trás. O esbelto
arco de seu corpo era uma linha elegante no selvagem contorno das árvores e
montanhas distantes, e mais uma vez o lobo nele uivou. — Eu nunca fodi
assim.
E a ideia de que ela estaria transando com outro macho que não fosse
ele tornou ácido seu estômago e um grunhido apertado em sua garganta.
A erótica picada de dor fez com que Con gozasse novamente, acendendo
uma reação em cadeia nela e uma série de orgasmos que a manteve o
ordenhan-do, expandindo seu orgasmo por tanto tempo que ele pensou que
poderia ter desmaiado.
Gradualmente ela se deixou cair sobre ele de forma que estava, peito
contra peito, o rosto dela fundido em seu pescoço e ainda que estivessem meio
vestidos, fazendo na gelada neve, de alguma maneira esta parecia a posição (e
a situação) mais íntima em que estivera. Ele poderia mantê-la assim para
sempre.
Ou, ao menos, até que congelassem até morrer, ou até que Eidolon os
encontrasse e matasse Con.
— Daria qualquer coisa para ser capaz de fazer amor com você, sem ter
que me preocupar com o que virá — disse beijando seu pescoço ligeiramente.
— Para relaxarmos e não fazer nada, exceto tocar você. Alimentar você.
Assistir filmes.
— Soa tão normal. Não saberia o que fazer. — Ela levantou a cabeça,
olhou-o nos olhos e seu sorriso vacilou. — E se? E se eu pudesse sair de meu
compromisso com os assassinos?
— Sin...
— Por favor. — A tensão de sua voz mudou com a dor em seus olhos. —
Não estou... Não estou pronta para te deixar ir.
— A caminho do covil.
Eidolon xingou.
— Pensei que você ia falar com ela sobre isso. Ela não precisa voltar lá.
Estaria segura aqui.
— O que há com você Con? — Shade perguntou e Con deu algumas pro-
fundas respirações calmantes antes de responder.
— O que há comigo?
— Não. — Con disse serenamente. — Não sou. — Mas nem mesmo ele
acreditava em suas próprias palavras.
— Isso por que você não sabe ler — Tayla disse alegremente e o
demônio mostrou-lhe o dedo. Um de cada mão.
— Alguma vez você teve que prender uma fêmea Dampira e, humm,
sondou seus mais profundos e sombrios segredos? — Shade perguntou, cada
palavra tingida com um sinistro sarcasmo. — Bem, esse é o porquê.
— Houve coisas que Shade teve que fazer antes de conhecer Runa —
disse Eidolon em voz baixa. — Então o deixemos em paz.
Droga! Con viu uma vez a pequena caverna esconderijo de BDSM, mas
não lhe ocorreu que Shade a tivesse usado para algo mais do que para o prazer.
E o que Eidolon queria dizer com isso de que “teve que fazer”? Con
perguntava-se que outra informação teria obtido Shade da fêmea Dampira.
— Não.
— Sim, é uma merda — ele disse. — Mas eu não posso vê-la de novo,
Tayla. Já estou muito próximo...
— E uma merda! Você podia ter dito a ela. Devia ter avisado-a. —
Quando Eidolon colocou um braço ao redor de seu ombro, ela suavizou contra
ele, mas era óbvio que ainda queria um pedaço de Con.
Merda. Ele não sabia por que mentira para Sin, exceto que não queria
feri-la depois de ter acabado de fazer sexo alucinante, o que na verdade signifi-
cara algo.
— É o que eu quis em toda minha vida — disse Con, mas sua voz era
apagada, inexpressiva. Porque não, ele já não queria isto. E sinceramente, ele
não estava seguro de alguma vez ter desejado isso. Sua rebelião contra o Clã
começou cedo, alcançando seu ponto máximo com seu jogo de paquera
atrevido e idiota, com a união que terminara tão mal para Eleanor e com ele
que conse-guiu ser expulso do Clã. Ele viveu fora da cadeia desde então,
deixando fumaça atrás de si enquanto gravava um caminho de desejo de
morrer.
Con engoliu em seco. Por quanto tempo disse a si mesmo que esse
trabalho era temporário, que eventualmente se mudaria, porque isso era o que
ele sempre fazia?
Mas agora, merda! Estas pessoas eram como uma família e o hospital
como um lar.
— Tem certeza que não há nada que você possa fazer? A respeito de Sin,
eu quero dizer. A união...
Sin não voltou para o covil. Precisava fazê-lo, ela sabia. Mas ainda não
estava pronta. Por alguma razão o hospital a chamava e enquanto pudesse
voltar sempre que quisesse, sabia que uma vez que tivesse voltado para o covil,
ela endureceria, evitaria o hospital, seus irmãos e o lugar voltaria a ser nada
mais do que um frio edifício.
— Sin?
Surpresa sentou, piscando enquanto se orientava. Onde Con estava? Seu
corpo ardia; dolorido com as necessidades de súcubus que ele tão bem saciou...
Oh, certo. Ele tinha ido embora.
Deu uma olhada em seu relógio. Doze horas. Dormiu por doze horas.
26 Poliestireno expandido (EPS), mais conhecido no Brasil pelos nomes comerciais isopor e estiropor.
Estou dormindo em uma maldita cadeira de balanço e sinto falta de
Con.
Lore assentiu.
— O que aconteceu com a guerra dos Wargs e a ação militar contra eles?
Lore assobiou alto e longamente.
Shade assentiu.
— Que chato — Sin disse, mas Shade perdeu por completo o sarcasmo e
concordou.
— Até que Eidolon comece com as vacinas, sim — disse Shade. — Ele
espera começar com os testes hoje.
Ela não deveria perguntar. Realmente não deveria. O fato de que seus
irmãos não tivessem mencionado o nome de Con, deveria ser um sinal de
aviso. Mas então, ela nunca foi de obedecer a sinais ou capturar indiretas.
Devia voltar para o covil e retomar sua vida e ele precisava voltar a ser
um paramédico e lidar com os assuntos de seu Clã Dampiro.
Mas ela realmente, realmente não podia suportar a ideia de dormir com
alguém mais. Ou de estar sozinha.
— O que aconteceu com ele? Ele está... Está aqui agora? Trabalhando?
— Não — Shade não revelou nada nem em sua voz e nem em seus
olhos, mas Lore tinha um tic quando estava nervoso e o modo em que seu dedo
mindinho esquerdo se flexionou o delatou completamemte.
— Não sei o que dizer a você. Seu Clã realizará uma espécie de ritual
esta noite que o prenderá a eles.
— Mas Idess não pode — Lore disse e então fez uma careta de dor,
fechando os olhos como se acabasse de perceber o que havia dito.
— O quê? O que você quer dizer com isso de que Idess não pode? Droga
irmão, o que diabos está acontecendo?
Lore e Shade trocaram olhares e ela quis gritar. Deu um chute. Teve um
ataque de raiva como uma criancinha, porque sem dúvida, eles estavam
tratando-na como se ela fosse uma menininha delicada.
— Eu juro. Vou bater suas cabeças uma na outra tão fortemente que
vocês ficarão ouvindo passarinhos piando durante um ano. Agora me digam!
A boca de Shade se torceu em um meio sorriso e ela supôs que ele estava
imaginando ela tentando derrubar dois demônios que eram duas vezes mais
altos que ela, mas Lore não parecia tão divertido. Provavelmente porque sabia
que ela podia fazê-lo.
— E então?
Lore suspirou.
— O que aconteceu?
— Marcel tentou sequestrá-la nas ruas de Roma há alguns dias. Não foi
nada com que eu não pudesse lidar, mas Idess é humana agora e é vulnerável.
— Porra! Eu sinto tanto Lore — Ele pegou sua mão, apertou seus dedos
e nesse único gesto doce, havia mais amor do que nunca sentiu por parte dele.
Não porque não houvesse estado ali, mas sim porque finalmente ela podia vê-
lo.
Estivera tão cega. Fora tão estúpida! Sin apertou a mão de Lore como se
fosse uma corda de salvação.
— Por que eu sinto que tem alguma coisa que você não está me
dizendo?
†††††
Que diabos? Ela foi forte como uma rocha durante cem anos e esperara
voltar para o covil e imediatamente mudar de novo para o modo assassina que
a manteve sã e salva por tanto tempo.
Nem tanto.
Furiosa por sua própria fraqueza mandou chamar Sunil e esperou; indo
e vindo para a lareira, tendo cuidado de evitar o alçapão diante do horrível
trono que Deth mandara fazer com esqueletos humanos e várias espécies de
demo-nios.
— Ei, chefa! — Como sempre sua voz era um profundo estrondo, suas
palavras precisas.
Ela foi direto ao assunto, não querendo estar ali nem um segundo além
do necessário.
— Incluindo você?
— Muito.
Ele hesitou, o que era uma das muitas razões pela qual eu o escolhera
para isto. Aceitar o trabalho significava que ele estaria preso, do mesmo modo
que ela estivera. Teria que mudar sua família para o covil com a finalidade de
estar com eles e teria que designar-lhes guarda-costas cada vez que saíssem.
Mas era preferível isso a pertencer a alguém cruel, que usaria sua família
contra você, como Deth fizera.
— Se você não quiser, mandarei buscar Tavin. Ele é a única pessoa que
eu aprovo — O Sem loiro era novo no covil, mas seu contrato era enorme, ele
era um escravo “vale tudo multi-uso” até que atravessasse o sue genesis e fosse
liberado de seu contrato. Mas ele era muito jovem e faltavam-lhe alguns bons
setenta anos até que atravessasse o processo de amadurecimento final.
— Eu concordo. Ele seria um bom chefe. — Sunil sorriu. — Mas acho
que eu seria melhor.
— Exerça pressão sobre ele — disse Sunil com a voz rouca por causa de
sua mudança para a forma humana.
— Quer de volta?
Sin encostou-se à parede de pedra para evitar cair.
†††††
— Lycus.
Ele se afastou de sua cômoda cheia de armas, seu movimento tão suave
que ela não saberia que o surpreendera se não o conhecesse tão bem.
— Obviamente.
Seu sorriso dentuço quase a fez estremecer.
— Você quer dizer que não pode ter o controle do covil — ele encolheu
os ombros novamente, mas ela não esperava que ele negasse.
Desta vez, seu sorriso foi genuíno. Ele se moveu para ela, deslizou a mão
pela parte traseira de seu pescoço e por um momento, ela pensou que ele fosse
beijá-la.
— Eu não o farei.
Os olhos de Lycus se arregalaram de susto, sua expressão se encheu de
raiva, sua mão ficou tensa em seu pescoço.
— Puta!
Girando, ela se afastou dele, colocou-se em uma postura defensiva com
a cômoda de armas atrás dela.
— Não faça isso Lycus. Você conhece o castigo por ferir outro assassino
dentro do covil — Não é que continuasse sendo uma assassina, mas ela tinha
direito a um passe segura até que estivesse dentro do Harrowgate.
— Eu matarei você, Sin. Vou ter sua cabeça dentro de uma semana.
Sorrindo, ela se jogou para trás, perto da cômoda. Mantendo um olho
nele, procurou dentro da gaveta e pegou uma garrafa de barro.
— Fogo infernal, hum? Por alguma razão, eu não estou surpresa de ver
isto.
— E? — Ele rosnou.
— Oh, creio que você usou. A pergunta é: por quê? Por que iria querer
me matar de uma forma que não lhe permitiria ter meu anel?
— Você pequena puta súcubus. Não devia ter rejeitado minha oferta de
transformar-lhe em meu par. Agora você está morta. E eu acho que, apenas
por diversão, terei seu corpo dissecado e preservado, e as coisas que eu farei
em você... — sua voz se reduziu a um sussurro lúgubre que provocava
calafrios. — Você será minha boneca inflável, querida. Para sempre.
Valko zombou.
— Muita.
As pernas de Valko pareceram ceder e ele afundou em um banco.
Isso calou todos, todos exceto Bran, que deu uma risada alta até que
alguém chamou seu nome.
Uma fêmea alta e esguia galopava na direção deles, suas longas pernas
comendo terra.
Uma lambida de mal-estar passou por Con, mas ele se segurou, pois de
jeito nenhum Sin teria vindo aqui...
Ele devia ter se afastado dela. Em vez disso, ele diminuiu a distância
entre eles.
— Tirem-na daqui.
27 Em inglês mulch, que é uma mistura que é colocada no solo para melhorar a agricultura.
Raynor alcançou Sin, e oh, não mesmo. Con colocou-se entre os dois, as
presas à mostra. Ele não disse uma maldita palavra. Não precisou. Raynor
recuou, mas o ódio surgiu em seus olhos. Um ódio gelado e antigo para o qual
Con não tinha explicação, mas no momento ele não dava a mínima.
Dando uma volta, ele pegou o braço de Sin e marchou com ela para
longe do grupo. Céus, a pele dela era quente em sua mão e isso radiava direto
para sua virilha.
— Não?
— Eu... — o olhar dela caiu para o chão e ela mudou o peso do corpo e
de repente ele foi atingido por uma explosão de necessidade que saiu dela em
uma onda de choque atômica. — Está na hora. Eu... eu preciso de você.
— Você não precisa de mim — ele apertou os pulsos para evitar agarrá-
la, beijá-la, fazer aquelas coisas públicas que ele disse que nunca faria. — Você
poderia ter qualquer um se fosse o caso. Você me quer.
Ela bufou, uma resposta automática sem dúvida, mas então seu queixo
tremeu, suavizando sua aparência, e, mais uma vez, ele sentiu-se um idiota.
— Sim, tudo bem? Eu quero você, eu sei que você tem aquele... — ela
baixou a voz, — problema, mas podemos encontrar um jeito de contornar isso.
Você não tem que me morder...
— Afaste-se dela, Con — Bran gritou. Havia uma adaga em sua mão e
ele estava concentrado em Sin. Os dedos gelados do déjà vu envolveram Con,
estrangulando-o. A morte da mãe de Con pelos dentes do pai, o Conselho de
Dampiros assumiu uma posição firme no vício.
Bran fizera isso com uma lâmina através do tronco cerebral. Eles nem
deram a Con a chance de se conectar com ela.
— Vejo que vai cuidar — Bran disse, enquanto passava um dedo pela
borda da lâmina. — Ou eu cuido.
†††††
Sin não fazia ideia da loucura que isso tudo fora, mas manteve a boca
fechada enquanto ela e Con entravam no Harrowgate, manteve a boca fechada
enquanto batia levemente no mapa até o portão abrir na extremidade leste de
Londres, manteve a boca fechada enquanto ele rigidamente a conduzia para
um apartamento a meio quarteirão de distância.
Con a abraçou forte e, enquanto suas mãos afagavam as costas dela, elas
não se dispersaram. Ele arrastou a boca pelo queixo dela, desceu para o
pescoço, e então a beijou ali, bem em cima da jugular.
— Aquilo foi estupidez, Sin — ele murmurou contra a pele dela. — Você
não devia ter ido para a Escócia.
— É. Mas... — o olhar dele baixou até a mão esquerda dela e ele pegou-
a. — Que diabos? — Ele olhava para os dedos dela, ou, mais precisamente,
para o dedo que faltava. A voz dele diminuiu para um ruído gutural. — O que
aconteceu? Quem fez isso com você?
— Não há nada que possa ser feito e você sabe disso. Está curado — ela
abanou os dedos. — E eu tenho nove de reserva.
— Lamento.
— Não lamente. Você estava certo. Só porque eu não tinha dono não
queria dizer que eu não era uma prisioneira. — Ela olhou a grande cama que
era praticamente o único móvel do estúdio e arrastou-o para ela. — Agora —
ela provocou, — estou pronta para mais daquelas preliminares que você esteve
falando.
Um olhar para a virilha dele lhe deu uma grande dica do estado da
mente dele.
E rápido assim, ela esqueceu-se das preliminares, pois ela precisava dele
dentro dela. Agora mesmo. Ela alcançou-o e assobiou.
— Não — ele respondeu. — Estou faminto, Sin. Não só por sangue... por
você.
Por ela. Ele a queria. Ele não só precisava dela; ele a queria, da mesma
forma que ele a fez admitir querê-lo. Uma surpreendente sacudida de alegria
pôs a pulsação dela em alta velocidade, mas isso era um atalho por uma
explosão de calor e desejo que saía dele. A luxúria rasgou através dela em um
emaranhado contorcido e ela gemeu. A visão dela alternadamente aguçava e
embaçava, e o cheiro de um macho desperto na frente dela fluía através dela
como um xarope afrodisíaco.
Ela deu um passo na direção dele, mas suas pernas ficaram como
borracha e seus pés grudaram no chão. A fraqueza significava que ela foi tão
longe que, a esse ponto, ela não tinha força nem para chegar a um Harrowgate
para encontrar um homem. Que bom que Con estava ali, que bom que ele era
quem ela queria e que bom que ele gostava de pegar pesado.
Con ficou de costas para a porta, tão perto que podia esticar a mão por
trás dele, abrir a porta e sair. O que, se ele fosse inteligente, ele faria. Mas os
feromônios de Sin sequestraram-no, seu desejo foi fervendo e acima de tudo
seu vício de sangue manteve-o congelado no local.
— Eu sei — Ele deu um passo para mais perto. Ele poderia tê-la. Ele
sim-plesmente não se alimentaria. E então ele encontraria uma maneira de
explicar que ela precisava ficar longe dele, ou sua vida estaria em perigo.
— Agora.
Mais um passo. Sua ereção brutal socou dolorosamente dura contra seu
fecho. Mais um passo. Ela poderia muito bem ser uma loba no cio e o warg
nele não puderia resistir. Ele estava morrendo de fome, precisava dela de
maneira ruim.
— Eu não posso. — Ela estendeu a mão para ele e ele assobiou. — Não.
Não me toque, porra!
— Eu não posso! — Ele rugiu. — Você não entendeu? Eu não sou forte o
suficiente.
— Droga — ele rosnou com raiva. — Você não deveria ter ido para a
Escócia. Você não deveria ter forçado esta escolha em mim. — Ele não estava
sendo justo e ele sabia disso. Mas ele estava chateado com ele mesmo, com ela,
com o alinhamento dos planetas e com o destino por fazer tudo isso.
— Eu sinto muito. Eu preciso de algo que você não me pode dar porque
está se sentindo inadequado e mal-humorado. — Ela seguiu até a porta. — Vá
para o inferno. Não, espere, isso é aonde eu vou, porque eu tenho certeza que
vou ser capaz de encontrar algum demônio quente que me possa dar o que eu
preciso.
Ele estalou, seu controle rasgou além do reparo e ele atacou, levando-a
para o chão e rasgando suas roupas. Abaixo dele, ela se contorcia avidamente,
envolvendo as pernas em torno dele e empurrando seus peitos em suas
palmas. Ele rasgou a calça e entrou com força, e ambos gritaram.
Ela estava quente. Molhada. Perfeita. Seu pulso rugiu em seus ouvidos e
sua visão aguçou. Inferno, todos seus sentidos elevados a ponto de sobrecarga
sensorial, de tal forma que bateu nela primitivamente, com uma violência
normalmente reservada para as febres da lua.
Sin se juntou a ele com um grito e, enquanto ele bombeava, ela veio de
novo. Mas quando ele deveria ter se sentido saciado, ele só sentiu uma ardente
necessidade crescendo dentro dele. Fúria possessiva apertou seus músculos.
Aqueceu seu sangue até que ele ficou febril.
— Minha. Sin, você é minha. Ninguém nunca vai tocar em você, você
entendeu? Você pertence a mim. Você tem um vínculo comigo — Qualquer
outra coisa, senão o êxtase era um borrão quando ele mordeu seu ombro, mal
conseguindo imperdir-se de tomar uma veia. Atrás dos dentes, as glândulas
formigavam. Seu próximo clímax foi forte e poderoso, mas o sexo com Sin o
segurou, ele observou (pouco) uma pequena mudança. Ela choramingou
através de seu orgasmo e depois ela lutava para sair de debaixo dele.
Ela rolou, pegou suas roupas e olhou para ele como se ele fosse um
mons-tro.
Ele não achava que isso fosse possível, mas agora, ela não acreditaria
em sua negação e ele não podia culpá-la.
Choque ondulou por ele. Ela estava certa. Puta merda, ela estava certa
sobre tudo. Ele cambaleou para trás, a dura verdade o acertando. Ele não se
entediava facilmente... Ele tinha muito medo de se apegar a algo. Deuses, que
pedaço egoísta de merda que ele era. Ele forçou Sin a confrontar seus medos,
seus sentimentos e em todo o tempo ele tinha os mesmos problemas. A mesma
parede.
Por razões muito piores. Ele ficou viciado no sangue de uma fêmea e,
então, depois que ela foi morta e que ele foi banido do clã, ele passou a vida a
culpar qualquer um menos a si mesmo por tudo isso. Ele pensou que estivesse
despreocupado, feliz, experimentando a vida só para provar que ele não
precisa-va de ninguém, nem de coisa alguma.
Mas agora, mais do que nunca, ele não poderia enfraquecer. Não
quando se tratava dela. Ele a queria tanto que doía, como se seu coração
tivesse sido envolto em arame farpado. Ela não merecia um miserável, mimado
egoísta como ele e ele não poderia se vincular a ela, mesmo se ela o quisesse.
Ele não podia amarrá-la assim.
E ele não podia estar com ela sem estar ligado a ela.
— Você está certa, Sin. — Deuses, seu peito doía. Ele esfregou e sentiu
vazio dentro. Oco. — Portanto, não há nada a dizer. Você deve ir.
Ele tinha quase certeza que ela iria embora, mas certo como o Sheoul
cheirava a enxofre, ela era Sin, de modo ela fez exatamente o oposto. Ela termi-
nou de se vestir e plantou seus pés.
Jesus. Ela estava falando sério. Mesmo depois do que ele acabara de
fazer, ela ainda queria estar com ele. Era tentador, tão malditamente tentador,
e ele sempre foi um jogador. Mas ele não queria jogar com a vida de Sin.
Um corar difundiu por sua testa, sua respiração acelerou e ela recuou
com uma estranheza incomum.
— O que você está dizendo?
— Eu estou dizendo que eu não deveria ter deixado Luc me propor uma
aposta. Eu nunca deveria ter fodido você, até porque é só para isso que um
sucubus serve. — Um suspiro suave escapou e vergonha deslocou o chão
abaixo dele. Instinto o fez querer estender seus braços e apagar a mágoa dela,
mas em vez disso, ele esforçou-se para terminar. — O quê? Por que você
parece tão surpresa? Você é um demônio do sexo. Você acha que poderíamos
cavalgar no pôr do sol, criar uma casa e foder até ter um grupo de garotos? A
única coisa que eu sempre quis de você é sexo e sangue. Porra e alimentação
caminham juntos para mim e como eu não posso me alimentar mais de você...
— Ele fez um gesto para a porta. — Saia daqui e nunca chegue perto de mim
novamente.
Em vez disso, ela tirou um quadrado dobrado de notas. Ela tirou duas
notas de cinco e deixou-os cair no chão.
Ele fez isso. Ele finalmente lançou a pedra que a machucaria. Que a
leva-ria embora para sempre.
†††††
Sin não ia chorar. Ela não podia se dar ao luxo. Ainda não. Ela precisava
falar com seus irmãos.
Seus irmãos.
Pareceu que não só ela sentia a necessidade de ir até eles, mas pela
primeira vez, ela realmente reconheceu o que eram. Sim, ela sabia que eles
eram irmãos, mas em algum momento, eles realmente se tornaram família
para ela. E loucamente o suficiente, seu primeiro instinto foi ir até eles.
E não apenas descobrir que o primeiro para quem correria no UG seria
Wraith.
Pessoalmente, Sin preferiria ter a morte, mas que seja. O fato de que o
corredor da morte no Carceris é uma prisão e durava apenas uma semana,
provavelmente assustou os pobres bastardos o suficiente para torná-los
voluntários. Bem, isso e o fato de que o principal meio de execução do Carceris
era lançar a vítima em um poço como isca para os cães infernais.
Se tiver sorte, eles apenas o dividem em partes. Se você não tiver sorte e
eles estiverem com tesão...
— O que quer dizer com “ele tentou”? Contra sua vontade? — A voz de
Shade degenerou em um ronco escuro. — E o que diabos aconteceu com seu
dedo?
— Eu vou ajudar.
— Eu disse que não deixaria ninguém foder com minha família, Sin.
Na época, ele disse as mesmas palavras para ela. O que significa que ele
não queria que ela fodesse com sua família. E agora... ela era a família.
— Eu quero saber?
Encolhendo os ombros, Eidolon se recostou na cadeira e cruxou seus
dedos sobre o peito. No curto espaço de tempo que ela o conheceu, ela
aprendeu que, quando ele se estabelecia assim, ele estava se preparando para
uma confe-rência médica.
— Você me disse que sua mãe usou uma erva de demônio para tentar
um aborto — disse ele. — A planta mais comum usada para esse fim é
skullwort28, mas é destinada a fisiologia demônio, não humana. Quando
ingerida por espé-cies demônio, o corpo da mãe torna-se hostil aos fetos. Mas
em um ser humano faz o oposto. Fortaleceu as metades demônios de Lore e
você em vez de destruí-las. E porque é um composto químico demoníaco,
reagiu mal... com sua metade humana. Eu suspeito que sua mãe ingeriu a erva
logo após a concepção e prova-velmente um par de vezes depois disso. A erva é
carregada com hormônios e, aparentemente, retardou o progresso do
desenvolvimento normal do gene que devia ter sido do sexo masculino.
Retardou. Legal.
— Vocês são gêmeos fraternais, não idênticos. Vocês têm genes diferen-
tes que são suscetíveis ou não a diferentes coisas. A mesma coisa acontece nas
mães humanas alcoólicas. Ela poderia dar à luz a um gêmeo com síndrome
alcoólica fetal, enquanto o outro não teria os sintomas. — Eidolon mexeu-se,
sentando em sua cadeira novamente. — Há algo mais. Ao contrário de Lore,
você não é estéril.
Ela piscou.
— Então, por que não engravidei, tipo, um milhão de vezes até agora?
— Porque você não ovula, mas você tem óvulos viáveis. Você pode ter
uma família, Sin. Você apenas tem que passar por um procedimento in vitro.
— Isso não vai acontecer — Não só ela não quer ter filhos, como
também com quem ela os teria? Não. Mas Con sempre quis estar com ela. Ela
Deus, como ela poderia odiar alguém e ter pena, ao mesmo tempo?
Um rubor quente, irritado cobriu sua pele e ela sabia que ia explodir em
lágrimas novamente.
†††††
Sin correu através de salas do UG tão rápido quanto podia sem parecer
uma completa idiota. Foi apenas quando ela entrou no departamento de
emergência, onde estava o Harrowgate, que ela percebeu que não tinha para
onde ir.
Ela viveu por tanto tempo no covil assassino que não tinha outras
residências. Em sua pressa para sair do covil, ela deixou suas roupas, seus
poucos pertences e todas suas armas, exceto a que estava em seu corpo e
algumas roupas que manteve no apartamente de Lore anteriormente. Agora,
acima de tudo, ela era uma sem teto.
— Sin.
Ela se virou. Ela não estava muito surpresa ao ver Raynor, o cara que
viu na Escócia, ali, mas ainda assim uma bola de “oh merda” caiu em seu
intestino. Ele estava esperando por ela. O brilho de caçador nos olhos era uma
oferta inoperante.
— Você está aqui por causa da vacina? — Era uma pergunta fraca, mas
ela estava à beira de lágrimas sobre Con, estranhamente nervosa e sua culpa
pelo fato de que ela começara uma praga que matou centenas, talvez milhares,
de seu povo ainda a corroía.
— Sim, obrigado por perguntar. — Ele moveu-se para ela e ela se sentia
como um coelho na mira de um lobo. — Você destruiu muitas vidas, incluindo
as de muitos de meus amigos e família.
— É por isso que você está aqui? Por que você quer um pedaço de
minha carne?
— É exatamente por isso que estou aqui. Tenho uma proposta para
você.
— Seja o que for — disse Sin, cansada, — você pode enfiar em seu rabo.
Ele riu. O humor do cara desapareceu como uma cobra morrendo.
— Confie em mim, você quer ouvir isso. Se você não ouvir, mais pessoas
vão morrer — Ele foi em direção ao estacionamento, obviamente esperando
ser seguido. Sin quase não o fez. Mas ela tinha uma sensação de que ele não
estava blefando e ela não poderia ser responsável por mais mortes.
— Isso é tudo? Bem, boa sorte com isso. Eu quero a paz mundial e que
as pessoas parem de fazer péssimos filmes do Batman, mas adivinhe amigo, eu
também estou ferrada.
— Eu não penso assim. — Ela enfiou as mãos nos bolsos da calça. Sua
mão esquerda parecia estranha e ela perguntou-se quando ela se acostumaria
sem o dedo que faltava. — Quero dizer, a parte de “eu lhe darei isso”. Eu sou
uma meretriz.
Raynor bufou.
— O que você quer? Estou entediada. Você tem dez segundos para me
dizer por que estou aqui.
— Você está aqui porque eu quero que você crie um vírus que afete
somente os pricolici.
— Ok, para merdas e risos, o que diabos o faz pensar que eu iria fazer
isso?
Raynor sorriu.
— Você sabia que quando uma warg nascida esconde o fato de que seus
filhos nasceram humanos, ela está cometendo um crime punível com a morte?
Ela e seus filhos são acorrentados a postes na véspera de uma lua cheia e, uma
vez que a matilha se transforma, eles são destruídos. E comidos. É uma morte
dolorosa e horrível.
Sin não permitiu sua expressão mudar, mas por dentro, ela estava suan-
do.
— Então?
— Então eu conheço o segredo de Conall e sua pequena família. Tenho
um espião dentro da matilha pricolici que ele e você visitaram. E eu sei tudo
sobre sua neta, Sable.
— Oh, eu faria. Eu vou contar à matilha o que ela fez, sobre a participa-
ção de Conall e eu vou levar você para assistir. Ele pode até ser condenado à
morte com eles.
— A menos que eu trabalhe para você.
Sua mente gritou e seu corpo tremia. Ela não tinha escolha. Na verdade
não. Talvez se ela concordasse, ganharia algum tempo para Con pôr sua
família em segurança.
— Eu vou matar você — ela jurou. — Algum dia, vou rasgar sua
garganta com minhas próprias mãos.
— Tome-me, Conall.
Ele precisava. Muito. Seu corpo não estava respondendo ao convite
sexual dela, mas ele poderia forçar a si mesmo pelo menos a tomar o sangue. A
falta de alimentação estava deixando-o fraco, mas até agora, seu estômago
rebelara-se contra tudo que ele colocou para dentro, desde comida até alguns
goles de sangue que ele tomou de um humano macho vagabundo ontem à
noite depois que chutou Sin.
O fato de que ele a expulsou para salvar a vida dela não o fez se sentir
melhor sobre isso.
Inclinando a cabeça dela, Sharla ficou na ponta de seus pés para que sua
garganta estivesse apenas a alguns centímetros de seus lábios. Seu sangue
baqueava através de suas veias, enchendo seus ouvidos com a música mais
doce. Ele apenas desejou que Sin desempenhasse isso.
— Estou pronta — Sua voz estava rouca, necessitada e cheia de
desespero fútil, e ele perguntou-se se ele provaria drogas no sangue dela.
Con engoliu em seco, o que parecia estranho pela forma que sua boca
estava molhada. Ele precisava disto, mas isso parecia tão errado, como se ele
estivesse sendo infiel com Sin.
— Saia.
— Vá.
Olhando para Shade, ela recolheu suas roupas e empurrou por ele, não
se preocupando em se vestir. Shade fechou a porta e Con preparou-se para
uma luta. Em seu estado enfraquecido, Con não se poderia colocar muito em
batalha, e Shade chutaria sua bunda. A coisa era, ele não poderia trazer à luz
muito dou-uma-merda.
— Estou surpreso que você esteja sozinho — Con disse. — Pensei que
todos vocês gostariam de matar um pedaço de mim.
— Por quê? Por tentar vincular-se com Sin contra sua vontade, ou por
machucá-la?
— Ambos.
— Tão sedutor quanto parece, não estou aqui para matá-lo. Ela nos
implorou que não fizéssemos e nós devemos a você por salvar a vida dela —
Shade cavou no bolso de sua jaqueta e tirou uma bolsa de sangue, que ele
jogou na cama.
— De Sin.
Surpresa balançou Con para trás. Seu corpo inteiro tremeu e levou tudo
o que tinha para não lançar-se sobre isso. Mas ele definitivamente não podia
afastar seu olhar daquilo.
— Você está uma bagunça. Beba. Volte para o hospital comigo e nós
podemos desintoxicar você lá. Você terá uma melhor chance de sucesso e será
muito mais rápido e um inferno de muito menos doloroso. Nós temos tido
muita experiência com Wraith.
— Não.
Shade veio para ele e Con encontrou-o, de frente. Eles estavam nariz
com nariz, peito com peito e Con podia sentir a agressão saindo de Shade. O
demônio queria derramar sangue tanto quanto Con queria bebê-lo.
Con... pare. A voz quase penetrou sua alimentação agitada. Sin estava
debaixo dele, seus esforços ineficazes contra sua nova força e necessidade.
Hey, saia de mim. Não, não estava acontecendo. Ele teria que morder
novamente, porque a veia em que ele estava tinha acabado... Talvez ele tivesse
drenado-a. Terror brotou através de sua sede de sangue, perfurando o vício.
†††††
A necessidade não era tão ruim ainda a ponto de doer, mas não teria
muito tempo antes das cólicas, suor e náuseas baterem nela. Ela adiou porque
a ideia de estar com alguém que não fosse Con a deixou doente.
Isso a fez chorar, também, mas ela não estava prestes a admitir para
ninguém. Nem mesmo Lore.
Ela deletou todas, sem ouvir. Mas a mensagem de texto que ela acabara
de receber de Shade enquanto estava sentada no bar em um clube demônio fez
seu coração parar. Aparentemente, Con estava no UG e seria melhor se ela
ficasse longe.
As mãos fortes de Sora agarraram seu quadril, seu amplo peito cobrindo
suas costas e a saliência em seus jeans era uma insistente picada em sua
bunda. Não muito tempo atrás, ela teria respondido, teria transado com ele no
banheiro ou na pista de dança, fazendo uso de seu rabo multi-talentoso por
agora. Em vez disso, tudo o que ela podia pensar era em Con.
— Isso não é coisa para se dizer ao homem que fará você gritar seu
nome — ele disse, enquanto cheirava seu pescoço. Seus dentes tilintavam
contra a corrente ao redor da garganta dela e ela jurou que a sentiu apertar.
Ela esvaziou sua cerveja enquanto as mãos dele deslizavam sob sua saia
de couro, a ponta de seus dedos roçando o material de seda de sua calcinha.
Ele virou-se para ela, seu sorriso masculino, algo que deveria ter
iniciado seus motores. Seu corpo estava cheio de necessidade, mas enquanto
ele alisava seus braços nus, apenas calafrios se seguiram.
— Toque-me — ela resmungou e ele sorriu, mudando suas mãos para os
seios.
Quando ela saiu, viu Tayla falando com Serena, que segurava um
contor-cido Stewie em seus braços. Sabendo que pelo menos um de seus
irmãos estaria perto, Sin olhou em volta e, como previsto, Eidolon, vestido em
seu usual uni-forme verde, surgiu de uma das salas de exame.
— Merda.
Não tanto.
Con sentia calafrios no avental que E jogou para ele, ele andou de lá
para cá no quarto, onde toda a mobília esperada foi retirada. Ele estava
acorrentado no chão com uma algema em volta de seus tornozelos que o
permitia andar ao redor, mas somente durante pequenos períodos de lucidez,
como este que vivenciava agora. Normalmente, ele era um animal irritado e
violento, e quando ele sentia o início da fome tomá-lo, ele apertava um botão
de chamada e um dos irmãos, junto com vários assistentes, amarravam-no na
cama, sedavam-no e comprimiam um tubo de alimentação para baixo em sua
garganta.
Ele olhou para seu relógio. E em cerca de noventa segundos ele voltaria
à insanidade, onde nada além de fome, violência e Sin existia.
Sin.
Ele ansiava por ela. Seu corpo todo se sentia machucado e o centro de
seu peito apertava-se, falando que seu desejo era mais do que físico. Ele sentia
sua falta, não conseguia parar de pensar sobre pequenas coisas idiotas, como o
jeito que ela sorria. Como ela comia. Como sua voz abaixava e suavizava
quando ele a tocava. Santo inferno, ele daria tudo para estar com ela como
uma pessoa normal.
Mas isso nunca poderia acontecer e ele era o maior estúpido por sequer
fantasiar sobre isso. O melhor que ele poderia esperar era ficar limpo e passar
o resto de sua vida governando o clã dampiro. Participando dos rituais
matinais com as fêmeas que ele provavelmente nunca gostaria.
— Vá para a cama.
Era um pouco cedo, mas Con não tinha energia para argumentar. Ele
deitou firmemente enquanto Eidolon o amarrou... Mais forte do que o normal.
Con encarou.
— O quê? — A voz de Con estava sufocada e não tinha nada a ver com a
última amarra que Eidolon apertava sobre seu pescoço. — Não! Você não pode
deixá-la...
— Tarde demais. — Sin moveu-se para dentro do quarto do jeito que ela
sempre fazia, como uma nuvem de tempestade que agitava tudo e todos a sua
volta. Ela estava embrulhada como um presente em couro preto, desde seu top
de zíper e espartilho sem mangas e minissaia combinando com as botas
lustradas que iam até seus joelhos, revelando a extensão torneada das coxas
que ele lembrava-se de tocar. Beijar. Lembrava-se dessas pernas o envolvendo
em torno de sua cintura e descansando nos dois lados de sua cabeça.
Febre caiu sobre ele, suas presas desceram em suas gengivas, sua visão
apontou em sua direção como um olhar de laser e seu corpo inteiro forçou
contra as amarras.
— Saia.
Eidolon obedeceu, mesmo que ele não fosse o receptor pretendido da
ordem de Con. Ele, no entanto, lançou a Con um olhar ameaçador de
advertência antes de fechar a porta atrás dele.
— Wow — Sin disse, suas botas de salto estalando sobre o chão à
medida que ela se aproximava. — Eu não esperava uma festa nem nada, mas
eu imaginei que você seria capaz de lidar com um oi.
— Bem, você sabe de uma coisa? — Ela amarrou seu cabelo para cima
em um nó. — Eu gostaria, exceto que você se ligou a mim ou algo do tipo e eu
preciso pegar emprestado seu pinto por um minuto.
— Hey — ele piscou com a forte dor aguda em seu peito, viu Sin parada
em seu lado, sua palma aberta e pronta para bater de novo. — Esse grito de
fúria e tentativa de sair de suas amarras não é atraente. — Ela alcançou o cós e
os botões do avental. Ele já estava duro, dolorosamente também, e pronto,
agora ele percebeu o porquê de Eidolon deixar a correia de seu quadril
desamarrada.
Ele tinha acabado de dizer isso? Fan-foda-tástico. Parecia que ele estava
entrando em breves momentos de claridade seguido por divertidos momentos
de insanidade assassina.
Ela não argumentou. Ela retirou suas calças, com cuidado para ela não
se prender em seus dois coldres da coxa, levantou sua camisa e subiu na cama.
Montada sob seu quadril, ela o guiou para dentro dela.
Oh, sim... Ela estava quente e molhada e seu corpo foi feito para isso.
Feito para ele.
— Sin...
Ele uivou de frustração, seus dedos enrolaram em sua palma tão forte
que doía. Mas o prazer aumentava, as ondas cresciam amplamente e o
impactava rapidamente enquanto ela se embalava sob ele. Ela bateu suas mãos
em seu peito, cravando-o com suas unhas, agarrando-o à medida que
pequenos choramingos saíam de seus lábios semiabertos.
Isso foi bom, estupidamente bom. Ele fez um grande esforço, tentando
bombear seus quadris, coincidir com o ritmo dela. Seus dedos esticaram-se,
mas tudo o que podia alcançar era o cabo de uma de suas adagas. Se ele
pudesse obtê-las, ele poderia cortar-se livre. Então, ele poderia tê-la do jeito
que ele queria...
— Con?
— Que. Merda. É. Essa? — Sua voz era tão escura, tão deformada que
ele mesmo mal conseguia entendê-la e Sin sentou-se rapidamente. — Quem
escra-vizou você?
Seus dedos voaram até tocar o colar e então ela puxou-os de volta e os
mexeu para fora dele.
— Não mente para mim, porra! — Ele rugiu. Ele ia matar o filho da
puta. Quem quer que fosse, ele estava morto. Exceto que Con não poderia
matá-lo. Não poderia nem mesmo se alimentar do bastardo com seus próprios
dentes, porque qualquer coisa que fizesse com seu mestre, a dor seria sentida
por Sin.
Sin colocou sua roupa de baixo.
Sin evitou contato com os olhos enquanto ela puxava para cima seu
uniforme
— Raynor.
Mas ela não temia sua própria morte... Então ela estava protegendo
alguém.
A raiva de sua alma destruída fez seu sangue virar ácido e corroer parte
do que restava de sua lucidez. Ele foi traído pelo Conselho dos Wargs, sua
famí-lia estava em perigo e Sin, que, finalmente, depois de uma centena de
anos, escapara do vínculo de um monstro, agora era vinculada a dois. A raiva
montou, e junto com ela a necessidade de se alimentar, seu olhar vidrou na
garganta de Sin.
Isso precisava acabar e enquanto ele não tinha certeza de como tirar Sin
de seu vínculo com Ray, ele sabia exatamente como tirá-la do que a amarrava a
ele. Porque ele mentiu. Existia uma saída. Seus dedos acariciaram o punhal
que ele conseguiu retirar de sua bainha e deixou escorrer embaixo de sua
perna. Antes de ele cair completamente dentro do buraco negro da sede de
sangue, ele rosnou: — Chame Eidolon. E Luc.
— Sin, eu... merda... — Ele respirou fundo, sugando por três vezes
maciças quantidades de ar e então parou de respirar quando seus dedos se
fecharam em torno dele.
— O que foi?
Jesus. O que ela estava pedindo, apenas... Jesus. Seus próprios olhos
ardiam com a magnitude do que ela acabara de dizer. Depois de toda a luta, ela
estava disposta a entregar-se a ele, para dar a única coisa que ela orara por
toda sua vida: sua liberdade.
— Sim — Ele mentiu e não era que ele estava ficando bom nisso? —
Não agora... Estou com fome. Mais tarde. Você precisa... confiar em mim. —
Ele apertou a mão dela, superconsciente de seu pulso sob as pontas de seus
dedos. — Minha...
Ela disse algo, mas ele não sabia o quê. Uma névoa vermelha lavou sua
visão e seu cérebro tornou-se totalmente animal para pensar. Tudo o que
soube depois foi fome e ódio.
†††††
Con estava um desastre. Não importava o que Eidolon fizesse, o
dampiro ficava mais violento e mais fraco. Muito pouco do sangue ficava
dentro e Eidolon estava tão desesperado que ele ainda tentou alimentar o cara
com o sangue de Lore, esperando que a semelhança com Sin tivesse algum tipo
de efeito positivo.
Nada.
Eidolon esperava que não. Con jurou que ia quebrar o “vínculo que deu
errado com Sin” e que era melhor ser verdade. Quanto ao outro vínculo, aquele
com o lobisomem... Eidolon forçou sua raiva para permanecer branda e lenta
até que Wraith e Lore tivessem alguma informação útil sobre o cara e o colar
que ele usou em Sin.
Em parte Eidolon não podia esperar para chegar a vez de Tayla estar
grávida. Seu instinto Seminus para reproduzir com sua companheira estava
ficando mais intenso e Tay finalmente começava a concordar, agora que sua
irmã gêmea, Gem, carregava seu bebê. Só de pensar em sua companheira
crescendo pelo seu filho deixava Eidolon inquieto e Tayla estava
provavelmente com sorte que ela não estivesse aqui agora, ou ele a teria contra
a parede, fazendo seu melhor para que isso acontecesse.
Gem parou de tocar em uma de suas mechas pretas azuladas para deixar
suas mãos em sua barriga.
— Que esse cara é bom em manter suas mãos limpas. — Lore entregou
os papéis para Shade passar ao redor. — Sua foto está aí, residência suspeita,
locais favoritos. Ele é dono de um feirão de automóveis em Pittsburgh que está
dando um bom lucro. Ele tem um monte de inimigos, mas eles fugiram como
moscas. Nada pode ser fixado a ele, mas seu rastro cheira a assassinos.
— Bem — disse Gem, — até dois dias, nós não tínhamos provas de que
os Wargs Feast também existiam.
Sim, isso foi um choque total. Luc e Kar estavam agora ficando na casa
de Nova York de Shade e Runa até que Tayla e Kynan conseguissem tirar do
Aegis a ordem de morte contra Kar. Até agora, fazer isso tinha uma baixa
prioridade (o Aegis e os militares ainda tentavam decidir se apagar os wargs
era um curso desejável de ação, mesmo que a vacina de Eidolon tenha sido
bem testada e estivesse sendo fabricada com a ajuda de USAMRIID). Para
complicar as coisas, estava o fato de que ambas as agências paranormais
estavam envolvidas por desenvolvimentos preocupantes, aparentemente não
relacionados ao vírus warg no mundo humano.
— Então o que você está dizendo é que você não sabe como remover o
colar ou libertar Sin de sua ligação com o warg.
— Fazer o quê? — Ele não esperou Luc responder, abriu a porta, deu
três passos e congelou.
— Anéis de merda do inferno. — Shade correu para a cama de Con, seu
braço brilhando e Eidolon despediu seu dom também. — Que porra é essa que
você fez, Luc?
— Por que ele fez isso e, caramba, por que você o ajudou?
— Ele disse algo sobre quebrar uma ligação com Sin e mantê-la segura.
Eu devia a ele, eu devo tudo a vocês por salvarem minha vida. Por salvarem
Kar e o bebê. Então ele me pediu para fazer isso e eu fiz. — A voz de Luc teve
apenas um ligeiro tremor que a maioria não notaria. — Ele me fez jurar que
levaria seu corpo para seu clã dentro de uma hora.
E quando ele olhou para seus irmãos, ele viu que eles sentiram isso
também.
†††††
— Con! — Sin gritou seu nome várias vezes. Sua garganta doía e seus
olhos pareciam como se fossem sair de sua cabeça a partir da pressão de seus
gritos, mas tudo o que importava era chegar a ele. Ela saiu dos braços de Lore e
correu para o lado de Con, seus pés escorregando no sangue que se juntou no
chão. — Não, Con, não!
— Eu não posso, Sin. — Lore gentilmente retirou seus dedos para fora
dele. — A lâmina... É seu punhal de osso de Gargantua.
— Ele fez-me usá-la. Disse que desta forma Lore não poderia trazê-lo de
volta. Algo sobre a adaga ter propriedades mágicas que impedem o dom de
Lore.
Sin mal ouviu a explicação de Luc, mal ouvia alguma coisa além dos
gritos silenciosos em seus ouvidos.
— Seu bastardo!
Ela lançou-se em Luc, mas Shade pegou-a antes que o alcançasse. Ainda
assim, a intenção de prejudicar Luc estava lá e a magia Haven agiu, fazendo a
escrita nas paredes pulsar enquanto a dor rasgava em seu crânio como garras
em seu cérebro. A agonia apagou sua visão e ela bateu no chão com o barulho
de seus joelhos e gritos. Os braços de Shade apertaram-se a seu redor. E então,
através da batida de sua cabeça, ela sentiu os outros, Eidolon, Wraith e Lore,
ajeitando-se ao chão em torno dela. Alguém pegou sua mão. Alguém encostou
em seu ombro. E então alguém... Wraith, ela percebeu, enfiou sua cabeça
contra o peito enquanto seu mundo quebrava em um milhão de peças.
Durante mil anos, Con teve pavor das três noites de lua cheia que o
convertiam em uma criatura temida por humanos e demônios igualmente. Não
era que ele odiasse ser a criatura, ou inclusive odiasse a agonia que
acompanha-va a transformação, o que ele depreciava eram os trinta segundos
de vulnerabili-dade que acompanhavam a troca.
Agora, enquanto abria os olhos para olhar o céu escuro e a lua crescente,
ofereceu uma saudação silenciosa, porque a noite era agora seu novo melhor
amigo, e o dia era seu inimigo ao menos que o ritual se completasse. Instintiva-
mente, pegou um bocado de ar, apesar de não ser necessário. Colocou a mão
sobre seu coração, embora soubesse que não bateria.
Uma bota deu um empurrão na cadeira e ele moveu sua cabeça para a
plataforma cerimonial em busca de seu amigo de infância, um homem nervoso
cujo cabelo estava coberto por um lenço azul.
Com fez uma careta de dor pela aguda pontada de fome no estômago.
Con apertou o braço de seu amigo e levou seu pulso a boca. Era bom,
mas nada seria melhor que Sin.
Maldita seja.
O que ela estaria pensando agora mesmo? Desejou ter sido capaz de
dizer a ela sobre a segunda oportunidade dampira, mas tudo o que podia fazer
era tentar contatar Sin, nesses últimos segundos de lucidez que ia voltar. Que
ela era sua, mas desta vez, não haveria nenhum laço de sangue ou de magia ou
colares de vínculos.
Agora já não era dampiro, Con seria desterrado para sempre das terras
dampiras, enviado para a noite com seus irmãos antes dele, como seu primo
Aisling, a quem se supunha deveria ter substituído no Conselho Dampiro.
Excelente.
†††††
Não desejou deixar o hospital e, Deus, quão louco era que até não muito
tempo atrás fizera todo o possível para evitar o lugar e agora a única coisa que
queria fazer era ficar?
Sua família estava ali. E era tudo o que restara de Con. Era curioso como
perdê-lo a fez se dar conta que, emparelhada ou não, ela estava vinculada a ele.
Ele apropriou-se de seu coração e, agora que tinha ido, este pulsava como um
pacote inútil em seu peito vazio, um órgão perdido e sem razão para bater.
Ela não sabia quanto tempo demoraria, mas faria Raynor pagar por sua
dor. A ideia a fez descobrir seus dentes em um tipo de careta semelhante a um
sorriso severo enquanto ia a pé pelas ruas pigmentadas na periferia de
Pittsburgh. Suas chamadas chegaram em forma de dor que irradiava desde o
colar enquanto estava no escritório de Eidolon, aonde passara a noite. Nunca
ficou sozinha, seus irmãos se asseguraram que um deles sempre estivesse com
ela.
Era Eidolon quem estava ali quando chegou a chamada e ficou furioso,
mas enquanto acompanhara-a até o Harrowgate, com as mãos atrás de suas
costas e seu rosto contraído pela concentração, ela viu uma faísca de maldade
em seus olhos que lhe gelaria até os ossos se houvesse pensado que sua mente
estava trabalhando contra ela.
— Deixe-nos saber sua localização — ele dissera. — Leve seu tempo
para chegar ali e tente que Raynor exponha seus planos genocidas.
— Não entendo...
Oh, Deus.
E ela nunca teve a oportunidade de dizer a ele que a razão por que
queria o vínculo não era porque não tinha outra opção. Era porque o amava.
Ela. O. Amava.
Isso era algo que nunca pensou que pudesse acontecer e dera-se conta
muito tarde. Se pudesse voltar o tempo, a seu apartamento, ela mudaria tudo.
Ela seria dele, ele seria seu e não estaria morto. Era possível, inclusive, que um
vínculo mais forte com Con houvesse evitado que Raynor tivesse qualquer
poder sobre ela.
— Bem. Tenha cuidado — Eidolon falou antes que ela pudesse dizer
algo mais.
Abriu a porta irregular e avançou entre a sucata de carros. Movimento a
rodeavam, gente olhando desde os recessos escurecidos e posições ocultas.
Não tinha dúvida de que eram varcolac, patrulhando por inimigos com
cachorros do depósito de sucata.
— Deve estar muito orgulhoso. — Ele lhe deu uma bofetada tão forte
que seus dentes se sacudiram e pulsaram os olhos, mas negou-se a reagir,
exceto para dizer com escárnio: — Deve ter escutado como gosto dos jogos
prelimina-res. — Exceto que ela não gostava. Até Con. Oh, Deus. Seus joelhos
quase dobra-ram e teve que bloquear a fim de se manter em pé.
— Espero que goste muito, porque com sua boca, consegui-los-á sem
parar.
— Você não é mulher. Você é uma abominação mestiça que ainda tem
sorte de não ter sido detectada por um Purificador.
— Então, é por isso que estou aqui? Para que possa usar esse fenômeno
mestiço como saco de boxe?
— Vou levar-lhe ao povo warg que visitou com Conall. Vai infectar
alguns pricolici com algo que transmita aos outros.
A bochecha dela palpitava pelo seu golpe e ela verificou um dente com a
língua.
— Sim. O mau. Oh, espera, todos são maus. — Ela sorriu. — Está tão
fodido.
Ray grunhiu para Wraith.
Sin dirigiu seu olhar para Eidolon. Junto dele encontravam-se duas
mulheres Judicia, com sua pele verde inquietamente luminosa à luz da lua.
Logo ela ouviu o clique das armas sendo preparadas e droga se ela não quase
teve um ataque do coração.
— Apenas os que nos atacam — Kynan disse. — O resto está sendo deti-
do. Se forem membros produtivos e inocentes da sociedade, serão liberados.
Shade bufou.
— Se me tocar...
— Sei, sei, ela morre, bla, bla — A voz de Con chegou atrás dela e Sin se
virou, ou fez o melhor que pode, já que ainda era sustentada por Ray.
— É uma longa história. Quando chamei Eidolon faz uns minutos, disse
que estaria aqui, então aqui estou. — Ele empurrou o macho para frente. —
Trouxe algo. Este é Valko, se não se recordam. Ele vai fazer com que Lycus
pare de atacar. — A mão de Con bateu na garganta do warg. — Não é assim?
Valko grunhiu.
Eidolon sorriu.
— Diabos, sim.
— Já tenho.
— Tem uma injeção de B-1229. Ideia de Con. — Ele deslizou um olhar de
aprovação para Con. — Bem pensado homem.
Certo... Sin lembrava algo sobre Eidolon ter crescido com Omira, mas
Ravan nasceu muito tempo depois que ele abandonou a casa.
Raynor bufou.
— Pareço com o capitão Kirk? Porque já disse a Sin que não falo com
demônios. Especialmente os verdes e feios como um rabo.
29 Vitamina do complexo B.
moveu-se para ele. — Porque eu escutei sua conspiração, tenho a autoridade
de ser juiz, júri... e carrasco.
Alguém deve ter dado um sinal silencioso, porque seus irmãos e Kynan
se precipitaram sobre Ray e Con arrancou Sin das garras do warg. Ele
sustentou-a com tanta força que apenas poderia respirar, mas não se
importava. Não impor-tava. A única coisa que importava era que ele estava
vivo.
Gentilmente, ele a baixou ao chão e sabendo que seu destino estava liga-
do ao de Ray, ele começou a CPR30. Maldições frenéticas e ordens berradas
vie-ram de Shade e Eidolon enquanto eles trabalhavam em Ray, mas mesmo
de onde Con estava de joelhos na terra, ele podia ver que o warg não estava
voltan-do. Não da forma como sua cabeça foi quase despojada de seus ombros
por algo que parecia como um bumerangue afiado.
O colar ao redor do pescoço de Sin bateu para fora, indicando uma total
desconexão com Ray, mas o dano estava feito.
30 Massagem cardiorrespiratória.
— Talvez eu possa transformá-la em vampiro. Talvez eu possa forçá-la a
beber. — Mesmo enquanto ele dizia isso, ele sabia que estava agarrando-se a
palhas. Demônios não podiam ser transformados e mesmo se sua metade
humana permitisse isso, a chance de funcionar em alguém que havia morrido
era praticamente zero.
Aos pés de Sin, Lore bateu seus joelhos, um soluço quebrando do fundo
de seu peito.
— Sin, maldita seja. — Ele tirou sua luva e agarrou seu calcanhar. —
Isso funciona somente se a morte é natural, mas uma vez que a morte do warg
foi e com vocês ajudando...
— Salve-a. — Ele agarrou a mão dela tão forte que se ela pudesse sentir,
machucaria. — Por favor.
O por favor, não era necessário e ele sabia disso. Esses caras dariam
suas próprias vidas se significasse salvar a dela. Mas Con imploraria por
qualquer coisa nesse momento.
— Tão... perto...
Impulsivamente, Con inclinou-se e beijou-a. Era clichê e piegas e muito
Bela Adormecida, mas ele precisava que ela lutasse. Sentisse.
Carinhosamente, ele fechou sua boca na dela. Nada aconteceu, mas ele
não estava prestes a desistir. Ele cutucou seus lábios com a língua, acariciou-os
gentilmente primeiro e então mais urgentemente. Alguma coisa queimou em
seus olhos... Lágrimas? Sim, inferno sangrento, ele estava chorando como um
bebê e logo o gosto de Sin misturou com o sal de suas lágrimas.
Recusando-se a quebrar o contato, ele puxou-a em seus braços e balan-
çou-a, mesmo enquanto a beijava. Mesmo enquanto seus irmãos iluminavam o
ferro-velho com o poder de seus dons.
†††††
Gemendo, ela finalmente se afastou de Con. Bem, ela tentou, mas ele
segurava-a tão apertadamente que ela teve que sorrir.
— Se você estivesse sendo sufocada, você não poderia falar — Mas ele
afrouxou o aperto o suficiente para ela olhar para cima para a parede de
pessoas em pé ao redor deles enquanto Con a segurava no chão.
— O que aconteceu?
— Você meio que morreu31. — O anúncio foi entregue com certa indife-
rença, mas a tensão em sua expressão disse que ele não estava tão
desinteressa-do quanto soava. Ah, o grande e mal Wraith esteve preocupado
com ela. O que significava que as coisas foram realmente terríveis. Uma
sensação de afunda-mento fez o intestino dela despencar para seus pés. —
Lore? Você...
— Sim. Mas se não fosse por E e Shade, eu não poderia ter feito isso.
31 Em inglês é “You sort of bit it” e bit também pode ser usado para cair morto especialmente em combate.
Oh, merda. O dom de ressurreição de Lore vinha com um inferno de
efeito colateral. Ele passaria dias sangrando, contorcendo-se em sofrimento, e
era por isso que ele raramente o usava.
— Lore, eu...
Um soluço enorme escapou dela e Con a liberou para que ela pudesse se
jogar nos braços de Lore. Ela segurou-o como não fizera desde antes de suas
transformações, desde antes deles descobrirem que eram demônios.
— Eu amo você — ela sussurrou. — Eu não acho que tenha dito isso
antes.
Wraith bufou.
— Entendi — ela disse, segurando sua mão. Não muito a deixava enjoa-
da, mas ser trazida de volta da morte parecia estar causando estragos em seu
estômago.
— Eu consegui que ele falasse. Ele admitiu pegar o Lycus para matar
você. Supôs que o pricolici ia perdoar seus crimes e colocá-lo no Conselho
Warg se ele fizesse. Eles estavam também indo tentar suborná-lo para sair do
serviço de assassinos do novo mestre.
— É por isso que pegar meu anel não era um problema — ela refletiu. —
Ele queria isso, mas provavelmente imaginou que de qualquer forma ele estava
fazendo um bom negócio. Babaca. — Ela esperava que a punição que Valko
voluntariar-se-ia fosse realmente dolorosa. — Como vocês conseguiram o R-
XR aqui?
Tayla estalou seu arco na bainha de seu cinto e atirou os braços em volta
da cintura de Eidolon.
— Isso significa que Arik está limpo e pode conseguir o inferno para
fora de minha caverna? — Shade perguntou e Kynan assentiu.
— Cara. — Luc recuou, mãos para cima. — Você não precisa deixar por
minha conta.
— Eu tomarei conta de você. Idess não precisa ver pelo que você vai
passar — Além do mais, Sin foi a enfermeira de Lore em recuperações anterio-
res.
— Eu concordo. — Lore olhou para cima para a noite sem nuvens e
suspirou. — Mas você a conhece. Ela vai querer estar lá.
Claro que sim. Sin percorreria os poços de veneno do Sheoul leste para
ser capaz de cuidar de Con se ele estivesse sofrendo.
Con abriu a boca para dizer algo, mas Sin falou primeiro.
— Sinto muito — ela disse. — Eu não deveria ter lutado quando você
queria se vincular comigo no apartamento. Eu deveria ter feito isso. Eu deveria
ter...
Con colocou seu dedo nos lábios dela.
— Não posso.
O primeiro instinto de Sin deveria ter sido ficar irritada, mas ele pediu a
ela que confiasse nele e ela teria que confiar que se ele pudesse contar a ela, ele
faria. Em qualquer caso, a coisa importante era que ele estava lá, não morto.
Bem, tipo não morto.
— Não.
— Não.
— Sim.
O coração dela deu uma batida feliz.
— Oh, sim — A forma como ele disse isso a deixou trêmula. Derretida.
Totalmente com calafrios.
— Você não vai — ela sussurrou. — Porque eu amo você também. E isso
é algo que eu pensei que nunca aconteceria.
†††††
Já que Sin não tinha uma casa e a de Con foi destruída (e porque não
havia nenhuma maneira no inferno que ele fosse levá-la de volta para o flat em
Londres) Con os registrara em um hotel cinco estrelas em Manhattan.
Ele reservou o quarto pela noite, mas depois de seis horas de prazer (na
cama, no banho, no sofá, no chão) eles se dirigiram ao hospital para checar
Lore.
Como Sin predisse, ele estava em sofrimento. Ele parecia ter sido
tortura-do por dias, mas graças aos remédios, ao dom de Shade e à vigília de
Idess na beira da cama, Sin disse que Lore não parecia metade mal do que de
costume.
Sin e Con não ficaram por perto; sem dúvidas que Lore não precisava de
curiosos. Eles escorregaram para fora do quarto de Lore e dirigiram-se para o
Harrowgate. Ele planejava levá-la para um café da manhã cedo e então eles
iriam ficar na casa de Shade e Runa. Era um arranjo temporário até que ele e
Sin pudessem encontrar um lugar para viver, mas Shade e Runa eram
generosos o suficiente para deixá-los na cabana por quanto tempo eles
quisessem. Além do mais, Luc e Kar estavam ficando lá, também, então o lugar
já estava em uso.
— Que porra você está fazendo? — Eidolon gritou, mas o grande macho
girou a cabeça e focou o olhar em Sin com tanta intensidade que Con
endureceu.
— Guerra.
Con olhou para ela.
— Guerra. Apenas... Guerra. Que tipo de nome é esse? — Não, não com
ciúmes de todo sujeito musculoso e bonito.
— Seu nome real é Reseph — Guerra disse, — mas ele também é conhe-
cido como Peste em algumas interpretações dos Quatro Cavaleiros do Apocali-
pse.
— Ela de sangue misto que não deveria existir, carrega com ela o
poder de espalhar a praga e a pestilência. Quando a batalha quebrar, a
conquista é selada. Isagreth 3:17, Daemonica.
— Por quê?
Guerra esfregou o polegar sobre a escrita no Selo.
Outro rosnado formou no peito de Con, mas Sin apertou sua mão,
lembrando-o que ela estava lá com Con e ela não estava indo a lugar algum.
Nem mesmo com a lenda do cara musculoso. Babaca.
— Guerra quem?
Sim, Guerra quem. Enquanto Con levava Sin em direção ao
Harrowgate, ele teve a sensação de que eles o veriam novamente.
— Você está louco? — Sin perguntou a Lore, quando eles estavam em
frente à porta de Eidolon. Ele acabou de esboçar seu plano para ela e ela estava
prestes a cair. — Eu sei que eles estiveram todos fraternais e tal, mas eles
nunca farão isto. Nunca. E você vai se sentir como um idiota.
— Ela não sabe. Quero dizer, ela sabe que eu pretendo fazer, mas ela
não sabe que eu vou pedir agora. Eu não quero que eles sintam qualquer tipo
de pressão e eu não quero que ela se sinta mal se eles recusarem. Ela estará
aqui em cerca de quinze minutos.
†††††
Tomando a mão de Con, Sin ficou atrás de Lore, pronta para estar lá
para ele quando seus irmãos recusassem seu pedido.
Runa e Shade estavam no chão com seus trigêmeos, que rastejavam e
brincavam com o cão e o furão, que continuavam a roubar seus brinquedos.
— Sim. — Lore olhou para o chão e o coração de Sin quebrou por ele. —
Você sabe que eu sou estéril. Esta merda de mestiço. Mas Idess e eu...
queremos uma família. Como não posso dar a ela, eu esperava talvez... Bem, a
próxima melhor coisa seria um irmão. — Ele tomou uma respiração profunda,
estremecendo. — Se vocês não quiserem, eu entendo. Está tudo bem.
— Não — Tayla disse. — Eu não acho que haja sequer o que considerar.
— Ela sorriu para Eidolon, que respondeu entortando os lábios. — Se você
precisa disso, você terá. — Seu sorriso ficou muito, muito perverso. — Mas
você vai ter que esperar até acabarmos com isso. Nós vamos usar tudo isso por
um tempo.
— Sim.
Sin cedeu contra Con, aliviada, feliz e impressionada por esta família
incrível. Como ela foi estúpida por não querer conhecê-los.
Serena lhe deu um soco bem merecido no lado e ele disse “aiiii”.
— Não é um milagre.
Todas as cabeças chicotearam em torno de um homem alto e
deslumbrante que estava na entrada da sala de estar. Sua espessa cortina de
cabelo louro caía perfeitamente em torno de ombros largos, e suas calças
pretas e camisa precisavam ser feitas para caber tão perfeitamente em seu
corpo lindo.
— Reaver — Shade grunhiu e, bem, este foi o antigo anjo caído que
lutou ao lado de Wraith em Israel. — Eu odeio quando você faz isso.
— Por salvar minha vida, talvez. Mas não por me dar uma. — Ela
estendeu a mão e segurou seu rosto. — Con, muito obrigada. Eu te amo tanto.
O calor irradiou dele e Sin perguntava-se por que ela nunca acreditara
que os vampiros eram frios.
— Ah... eu não posso pedir aos meus irmãos por seus espermas. Porque
com meu óvulo, isso é nojento.
— Querido,você é um vampiro.
— Sim, mas eu não sou um vampiro estúpido. Eu meio que planejei este
cenário.
Mas como ela estava lá com o homem que amava, em uma casa cheia de
família que ela nunca pensou que teria... ela percebeu que sim, ela os queria.
Talvez não hoje, mas ela e Con teriam centenas de anos juntos e, nesse meio
tempo, ela tinha muitos sobrinhos para brincar. Bem, é bom pensar no futuro,
de qualquer maneira.
— E eu a você.
Ele beijou-a, selando-os com uma conexão que não a incomodava e que
nunca seria quebrada.
Fim...
A Série Demonica é composta pelos 5 livros:
Em especial, o nosso mais profundo agradecimento a
toda equipe de Tradução e Revisão envolvida neste
projeto, pessoas sem as quais nada disto seria possível.
Tradutores e Revisores:
A equipe TAD agradece imensamente a boa vontade e
disposição dos tradutores/revisores durante a série.
Meninas e meninos sintam-se orgulhosas pelo excelente
trabalho, e saibam que as pessoas que lêem agradecem de
coração.
Larissa Ione, uma veterana das Forças Aéreas, tem sido meteorologista,
técnica em emergências médicas e treinadora de cães, mas nunca perdeu a
esperança de dedicar-se sua autêntica paixão, a escrita. Felizmente, hoje em
dia dedica-se de corpo e alma suas novelas, o que é uma bênção tendo em
conta a carreira militar de seu marido. Vive de um lado para outro com seu
esposo, um guarda-costas dos Estados Unidos, seu filho e, como amante dos
animais que é, uns quantos mascotes. Ainda que sempre considerasse que seu
autêntico lar encontrava-se na costa do Pacífico Noroeste.