Vogue Brasil #552 - Dez24

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dez
2024
r$35
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ARIANA GRANDE VESTE SWAROVSKI


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Incorporadora: GARDENA PARTICIPAÇÕES SOCIEDADE UNIPESSOAL LIMITAD DA. M Memorial de Incorporação registrado sob Av. 02 na matrícula 294.296 do 18º Oficial de Registro de Imóveis de S São PPaulo e projeto aprovado sob o nº 33930-23-SP-ALV. Área não contaminada
conforme processo CETESB 45/00294/22 (CETESB.029484/2022-56). Manejo arbór a reo e plantio compensatório autorizados, conforme processo administrativo SEI 6027.20
024/0005212-4. Projeto Arrquitetônico:
t Aflalo Gasperini Arquitetos. Projeto Paisagístico: Benedito Abbud
Arquitetura Paisagística. Projeto de decoração das áreas comuns: Fernand da Ma arques e Arquitetos Associados. As perspectivas e plantas são meramente ilustrativas e possuem sugestão de d decoração.
r Acabamentos, quantidades de mobiliários e equipamentos serão
entregues conforme Memorial Descritivo do empreendimento. Perspectiva a artísstica da vegetação com porte adulto, que será atingido após a entrega do empreendimentto e de acordo com o proj ojeto d de paisagismo. Imagens ilustrativas. O empreendimento está localizado
na Rua São Cassiano - cep 05602-050 - Jardim Guedala, São Paulo - SP/Av.. Prof. Francisco Morato, SN - CEP 05521-400 – Jardim Guedala, São Paulo - SP. Cyrela: Rua do Rocio
o, 109 - 3° andar – Sala 01 – Vila
la Olímpia – CEP: 04552-000.
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PER S PECT IVA I LU ST RA DA | FAC H ADA

REALIZAÇÃO: REALIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO:


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RO B E R TA Z I M M E R M A N N M O S T R A A RT E FAC TO F LO R I PA 2 0 24
Foto: MCA Estúdio Telegram: @Clubederevistas
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editOrial

Costanza Pascolato fotografada


por Bob Wolfenson

d
Desde que entrei na Vogue Brasil, há quase 18
em relação ao título. Tínhamos passado por al-
guns desafios e uma dose de inspiração seria mais
que bem-vinda. “Nunca se esqueça de que a Vogue
é sobre transformar o ordinário, o dia a dia, em
extraordinário”, falou com calma. A frase ecoa
anos, vejo Costanza Pascolato como uma entida- todos os dias aqui quando olho para essas páginas.
de. Na época, eu era produtora executiva de be- E ainda pensando nela, ou melhor nelas, na
leza e não tinha a incumbência de entrar em frase e na Costanza, digo com muito orgulho
contato com ela para matérias e colunas, mas me que 2024 foi repleto de fatos ordinariamente
lembro que quando minha então colega de baia, extraordinários por aqui: contamos trajetórias
hoje grande amiga, Barbara Migliori ligava para potentes e relevantes, trabalhamos com cola-
ela, todas nós prestávamos a atenção. Costanza boradores interessantes e, do nosso jeito, segui-
levava uma hora em média explicando cada esco- mos fazendo história. Aproveito aqui para
lha de foto para ilustrar suas palavras mensais. Ou agradecer a todo o time Vogue Brasil por mais
seja, era uma aula de história da moda. Hoje, um ano de excelência e companheirismo, seja
nossa diretora de moda, Vívian Sotocórno, tem na redação, administrativo, comercial, marke-
este mesmo privilégio: escuta excelentes tiradas e ting, eventos, financeiro, recursos humanos...
comentários insider cada vez que ouve Costanza It takes a village, como diria o provérbio, para
do outro lado da linha. fazer a Vogue Brasil.
Pouco depois que assumi a direção da Vogue, 2025 tem mais. Muito mais. Paula Merlo
há seis anos, liguei para saber sobre sua sensação

22 VOGUE BRASIL
Boas festas para você e para os seus.
* Diretora de Conteúdo
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Diretora de Conteúdo Paula Merlo

Redatora-Chefe Maria Laura Neves Diretora de Moda Vívian Sotocórno


Diretora de Moda at Large Rita Lazzarotti Diretora de Arte Júlia Filgueiras

REDAÇÃO MODA
Editora de Beleza e Wellness Bárbara Öberg Editora Alice Coy
Editora-Assistente de Beleza e Wellness Thaís Varela Stylist Sênior Zazá Pecego
Editor de Cultura e Lifestyle Nô Mello Produtora Executiva Déia Lansky
Editora Digital Paula Mello
Produtores de Conteúdo Isabela Pétala, Luxas Assunção, SUSTENTABILIDADE
Milena Otta, Sara Magalhães e Thiago Baltazar Editora Contribuinte Fernanda Simon
Analista Administrativa Editorial Andrea Zilet
SUA IDADE
Editora Contribuinte Claudia Lima

ARTE
Editor-Assistente Heitor Antônio Ferreira Designers Karina Yamane e Sthefanie Louise

CORRESPONDENTES
Paris Isabel Junqueira e Vitória Moura Guimarães
Milão Mari Di Pilla

COLABORADORES

Aleph Loureiro, Alt Retouch, Ammy Drammeh, Andrew Jacobs, Beta Germano, Bob Wolfenson, Camila Lima, Cécile Paravina, Charles Almeida,
Edu Castro, Eduardo Rezende, Fabiana Doná Skaff, Felipe Vieira Souza, Fernanda Bassette, Fi Ferreira, Flavia Fraccaroli, Flávia Gay, Giovanna
Gebrim, Giulia Tuntel, Gustavo José, Helder Rodrigues, Helena Colliny, Helena Wolfenson, Henrique Gendre, Javier Martinez, Joana
Dacheville, João Miranda, Juliana Boeno, Kévin Drelon, Karla Brights, Lynn Yaeger, Marcell Maia, Mariana Maltoni, Mateus Rubim, Mel Tostes,
Nanda Carnevali, Pano Papandrianos, Pedro Pinho, Pierre Saint-Sever, Rafael Evangelista, Raquel Pfutzenreuter, Silvio Giorgio, Studio Bruno
Rezende, Tabitha Simmons, Thiago Auge, Thyago Furtado, Valentina Li, Veridiana Cunha, Yumi Lee, Zé Filho

Diretora Geral Paula Mageste

Assistente Executiva Marcia Caetano

PUBLICIDADE PUBLICIDADE CENTRALIZADA Minas Gerais on e off Mídia com


Diretora de negócios Anita Castanheira Diretor nacional de negócios Samuel Sabbag Rodrigo Longuinho ([email protected])
([email protected]) Diretor de Desenvolvimento Goiás W/Verissímo Comunicação com Walison Veríssimo
Gerente Comercial Flavia Gozoli de Audiência e Comercial Tiago Afonso ([email protected])
([email protected]) Coordenadora de Marcas Renata Dias Paraná R2 Conecta com
Diretores de negócios Multiplataforma Rodrigo Rocha ([email protected])
ESTúDIO DE CRIAÇÃO EGCN Emiliano Morad Hansenn, Santa Catarina / Rio Grande do Sul
Gerente de Projetos Marina Chicca Lucio Ciello, Olivia Bolonha Jazz Representações com Claudia Weber ([email protected])
([email protected]) NorteeNordeste A G Holanda Comunicação Ltda com
PUBLICIDADE RIO DE JANEIRO Agimiro Holanda ([email protected])
MARKETING / NOVOS NEGóCIOS E BRASíLIA Bahia / Sergipe Musa Mídia e Planejamento com
Gerente de Marketing Daniela Laurenti Diretor de negócios Multiplataforma Diana Falcão Franco ([email protected])
([email protected]) Marcelo Lima da Cunha Mattos Grow (71) 98207-1986 ([email protected])
Analista de Marketing Gabriela Kelab Gerentes de negócios Multiplataforma (RJ) Milão oberon Media com
([email protected]) Darlene Bastos Campos, Monica Monnerat Mr. Angelo Careddu ([email protected])
Diretor de negócios Multiplataforma (DF) Londres oberon Media com
COMUNICAÇÃO E EVENTOS Luiz Fernando de Almeida Manso Mr. Leonardo Careddu ([email protected])
Diretora de Comunicação e Eventos Carol Corrêa Nova York/Miami Condé nast international com
([email protected]) PUBLICIDADE REGIONAL Mr. Alessandro Cremona ([email protected])
Coordenador de Eventos Ricardo Frozoni São Paulo / Interior e Litoral H2F Midia com Suíça Magazine international com
([email protected]) Humberto Vicentini ([email protected]) Mrs. Amelia Guercio ([email protected])

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Christiane Clare Mack, Frederic Zoghaib Kachar, Jason Miles, Leonardo Dib, Manuela U.C. de Mattos, Rafael Menin Soriano e Tiago Afonso

VOGUE BRASIL é uma publicação das Edições Globo Condé nast S.A. Av. nove de Julho, 5.229, tel. +55 (11) 2322-4600 CEP 01407-907 São Paulo, SP
Para contratação de assinatura e atendimento ao assinante, entre em contato pelos canais:
Call center: (11) 4003-9393. WhatsApp e telegram: (11) 4003-9393. Horário de atendimento: de segunda a sábado, das 08:00 às 15:00. www.assineglobo.com.br
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Impressão Coan indústria Gráfica Ltda. - Avenida tancredo neves, 300, Revoredo – tubarão / SC

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Compensamos nossa emissão de Co2 por meio da recomposição florestal.
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suMáRiO
INVOGUE
DEZEMBRO
30 FESTA SURPRESA
Oito maneiras de atualizar as produções
de fim de ano sem cair no clichê FEATURE E MODAS
46 LUXO DISCRETO 96 A MAIOR
A Handred expande sua oferta de Aos 85 anos, Costanza Pascolato é a
roupas femininas e aposta em criações autoridade da moda brasileira. Nesse
elaboradas e de festa editorial, responde perguntas de
profissionais da indústria nacional
50 SONHO AMERICANO
Depois de mais de uma década, Giorgio 106 OUT OF OFFICE
Armani volta a se apresentar em Nova York Com alfaiataria impecável e volumes
estruturados, o guarda-roupa do escritório
58 DA SUA MANEIRA ganha o ambiente noturno
Conheça a designer de joias Cris Ruas, cuja
vida é cercada pela arte contemporânea e por 120 RENASCIMENTO
peças inspiradas em dinastias remotas Sete anos após fundar a marca que leva
seu sobrenome, Fernanda De Goeye desfila
62 CAÇA AO TESOURO pela primeira vez em um show apoteótico
A coleção de alta-joalheria da Van Cleef,
que acaba de inaugurar uma nova loja em 126 LIVRE ESCOLHA
São Paulo, brinca com o imaginário das Marcelo Reis relembra a trajetória que seu
histórias de piratas marido, o poeta e filósofo Antonio Cicero,
percorreu para praticar a eutanásia
72 TECENDO BRILHO
Na Bottega Veneta, Matthieu Blazy traz sua 128 PEDRA SOBRE PEDRA
visão chique, precisa e criativa para a joalheria Denise Milan ganha mostra solo no
que recapitula seus 40 anos de produção
76 VOGUE REPóRTER
Como a brasileira Paula Tabalipa deixou
uma carreira de sucesso como stylist em LIFESTYLE
Hollywood para se dedicar à produção
de vinhos naturais na Califórnia 131 MRS. MIAMI
A empreendendora Isabela Grutman
conta como fez de Miami seu lar
BELEzA
134 OUTRO OLHAR
78 PONTO DE LUz Conheça Bridget Finn, a nova
As diretoras criativas de maquiagem da diretora da Art Basel Miami Beach
Chanel ensinam como usar o brilho de
maneira estratégica para as produções de 136 TEORIA DAS CORES
beleza de fim de ano Instalação histórica de assume vivid astro
focus entra em cartaz no Bass Museum
86 BONS COMPANHEIROS
Seis personalidades dividem seus segredos 137 PRIMEIRA VEz
de beleza – e os produtos que não podem Descubra as três galerias brasileiras
faltar em seus nécessaires que estreiam nesta edição da Art Basel

92 POR TRáS DO GLOSS 138 ROTEIRO CERTO


Emily Weiss, fundadora da Glossier, Tudo o que você precisa saber
explica sua jornada de estagiária da Vogue antes de sua próxima ida a Miami
à rainha de uma marca de beleza bilionária Costanza Pascolato, fotografada por
Bob Wolfenson (Soraya Chara), veste
casaco, blusa e saia, tudo DE GOEYE,
162 LAST LOOK brincos, bracelete e anel, tudo PRASI,
e sapatos MANOLITA. Edição de
Inspirado no cometa Halley, o colar moda: Rita Lazzarotti. Beleza: Helder
da HStern de ouro com diamantes Rodrigues (Capa MGT). Produção
executiva: Déia Lansky. Tratamento
materializa o brilho galáctico de imagem: Thiago Auge
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colabOradores
Eduardo Rezende
De volta a Miami depois de
quatro anos no Brasil, o
fotógrafo clicou Isabela
Grutman para Mrs. Miami,
matéria que explora a relação
da modelo e empreendedora
brasileira com a cidade. “Me
inspirei na arquitetura do
restaurante Casadonna, onde
fotografamos, que remetia à
estética clássica de Miami.” Henrique Gendre
O fotógrafo se inspirou em imagens das
Karla Brights festas do estilista Halston no Studio 54,
Natural de Quixeré, um em Nova York, nos meados dos anos
pequeno município cearense 1970, para clicar Fernanda de Goye e sua
com 20 mil habitantes, coleção. “Essa pesquisa me fez usar a luz
e atualmente vivendo em São de snapshot, que ajudou a realçar o brilho
Paulo, a fotógrafa é o nome por dos tecidos desta coleção da De Goeye.”
trás das imagens do editorial
Luxo Discreto, sobre a marca
brasileira Handred. “No dia
das fotos, a chuva que caía, ao
invés de atrapalhar, suavizou
a luz, criando uma atmosfera
especial que simbolizou para
mim a superação das
adversidades”, reflete.

Marcell Maia
O carioca, responsável pelos looks de estrelas
como Jade Picon e Pedro Sampaio, assina o Bob Wolfenson
styling do editorial Happy Hour, que transforma “Conheço a Costanza desde os meus 16 anos,
o visual do escritório em uma produção pronta uma amizade de décadas”, diz o fotógrafo por
para uma festa. “Me inspirei bastante nos looks trás da capa com a papisa da moda brasileira.
de Yohji Yamamoto dos anos 1980 para compor Em seus 50 anos de carreira, Bob ficou

REPORTAGEM: Sara Magalhães. FOTOS: Acervo pessoal e Divulgação


as peças de alfaiataria. Há uma silhueta conhecido por retratar grandes personalidades.
desconstruída equilibrada por um ajuste mais “Para esta foto, priorizei o efeito da luz
marcado na cintura”, revela. natural, algo que sempre me encanta.”

Pedro Pinho Helena Wolfenson


A sintonia entre a pauta e o Após uma pausa para se
fotógrafo não poderia ter dedicar ao filho Bem, de 2
sido mais certeira em Festa anos, e à direção do filme O
Surpresa. Responsável Lugar Mais Seguro do Mundo,
pelos cliques feitos na casa a fotógrafa retorna às páginas
noturna Love Cabaret, o da Vogue para registrar a
brasiliense radicado em artista plástica Denise Milan
São Paulo desde 2015 é em Pedra Sobre Pedra. “Estava
expert em capturar cenas com saudade de fazer retratos
das noites paulistanas. e fiquei feliz com o convite”,
“Adotei como projeto diz a também documentarista,
pessoal documentar a que ficou fascinada pelo
experiência da comunidade acervo de pedras preciosas e
queer em festas.” cristais de Denise.

28 VOGUe brasIl
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INVOGUE

Um chinelo de dedo pode ser o


grande aliado de um vestido de
paetê. A combinação inusitada
deixa o look mais descontraído
e a cara do nosso verão

FESTA mesmo seguindo as tradições, seus


looks para as festividades não precisam
cair no clichê. aqui, oito maneiras de

SURPRESA atualizar as produções de fim de ano


fotos PEdRo PINho stYling zAzÁ PEcEGo
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VOGUE BRASIL 31

Yana veste camisa RENNER


(R$ 170), calça capri NK STORE
(R$ 2.791), cabeça WALÉRIO
ARAÚJO (R$ 1.700), colares
brechó MINHA AVÓ TINHA
(a partir de R$ 70), aneis JULIO
OKUBO (R$ 22.825) e
SWAROVSKI (R$ 999) e
sapatilha PRADA (R$ 8.400).
Na página ao lado, Cindy veste
colete ZARA (R$ 629), blusa
FORCA STUDIO (R$ 890),
vestido ZARA (R$ 499), anel
SWAROVSKI (R$ 999) e
chinelos HAVAIANAS (R$ 35)

A combinação de calça capri em versão metalizada com camisa de botão branca


e sapato sem salto oferece o equilíbrio perfeito para um look festivo sem excessos
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INVOGUE

Clássico de qualquer celebração, o vestidinho preto nunca sai de moda, mas fica
mais atual com sapato com aplicações de cristais e joias douradas robustas

32 VOGUE BRASIL
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VOGUE BRASIL 33

Cindy usa vestido PRADA (R$ 36 mil),


meias CALZEDONIA (R$ 25) e
sapatos VIGA SHOES (R$ 1.020).
Na página ao lado, Yana usa vestido
(R$ 20.500), bolsa (R$ 24.590), brinco
(R$ 5.590), colar (R$ 15.120), bracelete
e sapatos (R$ 11.670), tudo GUCCI

O vestido coquetel superfeminino,


aqui repleto de laços, fica menos óbvio
quando usado com Mary Jane ou
mocassim preto e meias brancas
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INVOGUE

Yana veste biquíni RENNER (R$ 90), jeans LEVI'S (R$ 500),
colar usado como acessório de cabeca (R$ 850), brincos (R$ 560) e
pulseiras (R$ 380 cada) CARLOS PENNA. Na página ao lado,
Cindy veste top (R$ 260) e saia (R$ 310) A.ROLÊ, cabeça
WALÉRIO ARAÚJO (R$ 1.700), colares (R$ 4.000 e R$ 18 mil)
No clima das festas, que tal SWAROVSKI e meia-calça CALZEDONIA (R$ 60)
apostar no biquíni como parte ASSISTENTE DE FOTO: Renato Toso. BELEZA: Eduardo
de cima, mesmo fora do litoral? de Castro. ASSISTENTE DE BELEZA: Lucas Sommer.
A calça jeans dá o toque urbano UNHAS: João Paulo Maia. LACES: Shady Jordan.
PRODUÇÃO DE MODA: Isabella Garcia e Manuela Toledo.
necessário para a produção sair CAMAREIRA: Edna Mesquita. TRATAMENTO DE
das praias e ganhar a cidade IMAGEM: Alt Retouch. AGRADECIMENTO: Love Cabaret
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VOGUE BRASIL 35

Com os termômetros batendo altas temperaturas no Hemisfério Sul, o momento é excelente


para apostar no comprimento míni. Combine com maxiacessórios para um toque mais ousado
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INVOGUE news

COUTURE À
BRASILEIRA
Lançada pela primeira vez em 2015,
a cadeira de balanço suspensa Cocoon
é o maior best-seller entre as criações que
o Estúdio Campana assina há 12 anos para
a linha Objets Nomades da Louis Vuitton.
O móvel ganha agora uma edição especial
formada por seis peças únicas, inspiradas
em figuras míticas do folclore brasileiro
e trabalhadas com técnicas de alta-costura
por ateliês, como o Lemarié e o Vastrakala
(fundado na Índia por Jean-François
Lesage, parte da quarta geração da família
Lesage). A novidade foi apresentada na
exposição Louis Vuitton Objets Nomades,
que aconteceu em outubro no espaço LV
Dream, em Paris, durante a segunda edição
da Design Miami/Paris.
Enquanto a Cocoon Couture Jaci
(o nome é uma referência à deusa Lua
da mitologia tupi) traz 11 mil tachas,
a Boiuna (a serpente gigante que habita rios
da Amazônia e é capaz de virar
embarcações) tem paetês cortados à mão
e aplicados como escamas. Já a Cocoon
Couture Caipira foi trabalhada por seis
artesãos que passaram quatro semanas
bordando as suas pedras esmaltadas – a
peça também leva 40 mil paetês. “Quando
era jovem e comecei a me interessar por
design, adorava os modernistas brasileiros
como Sergio Rodrigues e Joaquim
Tenreiro, mas imaginava mais um Brasil da
cultura popular. Acho que o importante é
ser singular”, conta Humberto Campana.
Shopping Cidade Jardim, piso térreo, SP
À esquerda, cadeira Cocoon Couture Iara, da LOUIS
VUITTON, feita com um patchwork com mais de 4.000
canutilhos, que levaram 274 horas para serem bordados

36 VOGUE BRASIL
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INVOGUE news

REPORTAGEM: Luxas Assunção e Vívian Sotocórno. FOTOS: Gi Gebrim (Gucci) e Divulgação. ASSISTENTE DE FOTO: Fernando Bentes. SET DESIGN: Felipe Vieira Souza. PRODUÇÃO DE ARTE: Fi Ferreira

Pé de bailarina
Inspirada na silhueta original das sandálias de balé, com biqueira quadrada e um laço
na ponta, a nova sapatilha da Gucci recebe o icônico emblema Horsebit (que apareceu
pela primeira vez em 1953 nos sapatos loafer de Aldo Gucci), além do monograma GG
da etiqueta milanesa. Shopping Cidade Jardim, piso térreo, SP
Acima, sapatilha GUCCI (R$ 5.900) com monograma e emblema Horsebit dourado

38 VOGUE BRASIL
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iNVOgUe mOOd
De BONECA
Delicadas, as sapatilhas do momento
são adornadas com bordados e cristais
1 FOTOS gi gebrim ediçãO ZAZÁ PeCegO

ASSISTENTE DE FOTO: Fernando Bentes. PRODUÇÃO DE MODA: Neel Ciconello Morikawa.


4

SET DESIGN: Felipe Vieira Souza. PRODUÇÃO DE ARTE: Fi Ferreira.

1. FERRAGAMO
2. PAULA TORRES (R$ 1.575)
3. CHANEL
4. MIU MIU (R$ 10.500)
5. LUZ DA LUA (R$ 460)
À direita, sapatilha CHRISTIAN
LOUBOUTIN (R$ 7.760)

40 VOgUe brASiL
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VOgUe brASiL 41

CACHOEIRA
Brincos longos com formato de cascata adicionam um toque
1. CHANEL
2. SWAROVSKI (R$ 1.390)
3. GAEM (R$ 16.820)
À esquerda, brincos
de luz a qualquer produção - do vestido de gala à calça jeans CRIS PORTO (R$ 340 mil)
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INVOGUE mood
SACOLA de luxo
1 Em versões metalizadas, as bolsas-saco com fechamento
de corda saem do casual e ganham perfume noturno

1. NANNACAY (R$ 2.199)


2. SOLEAH (R$ 4.850)
3. RIACHUELO (R$ 230)
4.JULIANA BICUDO (R$ 2.498)
À direita, bolsa CHANEL (R$ 43.230)

42 VOgUe brASiL
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INVOGUE mood
1.SAINTLAURENT(R$13.895)
2. CHRISTIAN LOUBOUTIN
3. AqUAZZURA (R$ 11.500)
4.PHILIPP PLEIN (R$ 5.860)
À esquerda, sandálias
DOLCE & GABBANA (R$ 12.500)

TOqUE escultural 4

Saltos que parecem obras de arte elevam sandálias


e escarpins que são a cara da temporada festiva

44 VOgUe brASiL
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iNVOGue
INVOGUE

Luxo disCreto
A pAssos certeiros, A HAndred expAnde A suA ofertA de roupAs
femininAs e ApostA em criAções elAborAdAs pArA umA festA
frescA e AtuAl, Aqui vestidA por AmigAs e clientes dA mArcA

A
por aLice coy fotos KarLa BriGHts stYling zazÁ peceGo

Alguns dias antes do desfile da Handred no


São Paulo Fashion Week em outubro, me en-
contrei com André Namitala, fundador e dire-

DE STYLING: Manuela Toledo. TRATAMENTo DE IMAGEM: Fabio Junior. CAMAREIRA: Simone Mesquita. AGRADECIMENToS Bontempo
tor criativo da marca em uma das lojas da grife

ASSISTENTE DE FoTo: Rodarlen Rocha. BELEZA: João Miranda. ASSISTENTES DE BELEZA: Alberto Medeiros e Jean Tito. ASSISTENTE
com movéis assinados por Sergio Rodrigues e
cortinas creme. Perguntei como ele costumava
se sentir depois de um momento desses. Se,
como já ouvi de outros estilistas, batia nele uma
tristeza após a catarse de ver um trabalho de
meses ser apresentado em poucos minutos. Ele
nem piscou, “não, porque no dia seguinte eu
tenho uma empresa para gerir, não dá nem
tempo. Tenho evento com cliente, planilha
para olhar, equipe para conduzir – a vida se-
gue”. Pois é. Fundada em 2012, a grife (que
integrou o projeto de Novos Talentos do Veste
Rio, idealizado pelas revistas Vogue e Ela) pos-
sui hoje três lojas próprias entre o Rio de Janei-
ro e São Paulo, além de uma pop-up em Belo
Horizonte. A operação é independente, André
não tem sócios ou investidores, e vem em uma
crescente. A grife recentemente expandiu a sua
presença em dez novas multimarcas pelo Brasil,
ampliou a oferta de roupas femininas por uma
demanda vinda de clientes (a label foi fundada
como masculina) e está prestes a deixar o escri-
tório atual em Copacabana, que não comporta
mais a equipe, para um maior no centro do Rio
de Janeiro. A marca emprega 55 funcionários
com carteira assinada e produz 90% de seus
produtos internamente, algo pouco comum na
indústria que, em geral, tem como regra a pro-
dução terceirizada.
Desde o desfile de 2021, feito em parceria
com o Instituto Brennand, vem desenvolvendo
um trabalho artesanal expressivo e aumentan-
do as roupas de festa elaboradas e os pedidos
sob medida. “Eu considero que essa coleção foi
uma virada de rumo, foi a primeira com menos
peças comerciais e mais feminina e, depois
disso, começamos a receber uma demanda
maior de itens especiais tanto para homens
quanto para mulheres”, diz André.

46 VOGue BrasiL
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VOGue BrasiL 47

André Namitala, diretor criativo da


HANDRED, veste camisa de seda
crepe de chine com bordado
(R$ 8.997) e calça de seda
(R$ 1.7787), e a modelo Rita Carreira
veste capa de seda (R$ 6.397), pareô
de seda (R$ 1.857) e faixa de seda
bordada com canutilhos e vidrilhos
(R$ 2.417). Ambos usam mocassins de
couro (R$ 1.797). Na página ao lado, a
diretora de cinema Mariana Brennand
usa vestido de veludo com bordado de
garça feito manualmente com faixas de
seda nos ombros (R$ 15.867) e sapatos
de couro (R$ 1.597). Todos os looks
são HANDRED

Elessendae num dusdanis as


autati doluptasimus sum re
dolum est, non ex eosa eium
audipsuntio.Bus, confectorunu
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INVOGUE
iNVOGue
A atriz Isabelle Drummond
veste colete de veludo
(R$ 21.047) e saia de veludo e
organza (R$ 8.467), ambos
bordados manualmente com
aplicações de organza,
canutilhos, paetês e cristais. Na
página ao lado, a advogada
Thais Ambrosano usa vestido
de seda com bordado
(R$ 8.937) e a chef Manu
Ferraz veste chemise plissada
de organza (R$ 10.687)

48 VOGue BrasiL
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VOGue BrasiL 49

A mais recente apresentação da grife, da coleção Paraguaçu Entre os luxos dos quais ele não abre mão em sua empresa está
durante o SPFW, foi o ponto alto deste movimento. Com a produção majoritariamente interna, algo que considera inego-
exatamente a metade dos looks femininos, a maior quantidade ciável no que diz respeito a qualidade. “A alternativa é pagar mais
que já fizeram, levaram à passarela bordados que demoraram caro por algo muito pior. A nossa roupa não é fácil de fazer – a
semanas para ficarem prontos e vestidos com acabamentos tão seda não é fácil de costurar, o bordado não é simples, e, além
minuciosos que poderiam ser usados ao avesso. Tudo seguin- disso, quando você constrói intimidade com quem está fazendo
do a proposta estabelecida por André no início da grife de usar de fato, o nível só tende a melhorar”, diz. Em tempos ultracom-
apenas tecidos naturais e reduzir o desperdício da produção ao petitivos em que muitas marcas gastam mais dinheiro, tempo e
máximo. Logo após o evento, ele reuniu clientes para mostrar energia com estratégias de marketing, a Handred vem caminhan-
a coleção de perto e viu as peças mais especiais (que foram do com constância da sua própria maneira. Em uma empresa
feitas em quantidade limitada devido a sua complexidade), pequena em que cada escolha precisa ser esmiuçada, a grife pri-
como o conjunto azul-marinho de colete e saia com canutilhos vilegia o produto acima de tudo. “Todo investimento foi nessa
e o vestido dublado de veludo com uma garça com cinco tipos direção, para comprar máquina nova, para adquirir a melhor seda,
de seda, serem vendidas imediatamente. “Eu ouvi muito no para fazer um bordado caríssimo, essas foram as nossas priorida-
começo: ‘Ah, isso que você está fazendo está legal, mas daqui des”, diz. A consequência, talvez inesperada, foi a Handred ter se
a pouco você vai estar vendendo camisa polo’, e eu fico muito tornado uma grife sinônimo de discrição, que conquistou inte-
feliz que isso não aconteceu, que a gente comercializa as roupas lectuais e pessoas de bom gosto que circundam o mundo das
do desfile, as peças especiais”, diz. artes. Sem logo e sem alarde, no ritmo do seu próprio passo.
*
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INVOGUE

SOnhO
AmERICAnO
Depois De mais De uma DécaDa, GiorGio armani volta
a se apresentar em nova York, com uma aGenDa
De inauGurações e Desfile, provanDo que a ciDaDe
– e sua Grife – seGuem mais vibrantes que nunca
por pAULA mERLO

o
O que vem à sua cabeça quando se fala de
Giorgio Armani? Aposto que o pensamento voa
em direção a Milão e à italianidade minimalis-
ta do estilista. Errado o leitor não está, afinal foi
lá, em 1975, que a marca foi lançada e segue
sediada – firme e forte. Então por que Nova York
teria sido a locação definida por Sr.Armani para
a apresentação do seu desfile de verão 2025 e dias
de celebração?, me perguntei.
Fazer um desfile em Nova York não foi uma
escolha aleatória. Os Estados Unidos estão
atrelados à história de Giorgio Armani desde
o fim da década de 1970, mais precisamente
1979, quando a The Giorgio Armani Corpora-
tion foi fundada no país – mesmo ano em que
o estilista recebeu o Neiman Marcus Fashion
Award, considerado na época o Oscar da moda.
Já com lojas espalhadas por toda a cidade (e
grande inf luência no Upper East Side), em
2013, Sr. Armani estreou em Manhattan sua

Na página ao lado, looks


do desfile de verão 2025
de Giorgio Armani
realizado em Nova York

50 VOGUE BRASIL
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INVOGUE

52 VOGUE BRASIL
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VOGUE BRASIL 53

"Mais que nunca,


Nova York segue
FRENÉTICA e
VIVA, lançando novas
maneiras de viver e
SOCIALIZAR"

- Giorgio Armani
FOTOS: German Larkin/Divulgação, Getty Images, Launchmetrics Spotlight e Divulgação

One Night Only, uma noite de moda tão im- profundamente a cultura e o espírito do lugar.
ponente que o prefeito Michael Bloomberg É para ser uma homenagem à cidade que me
decretou a data como “Giorgio Armani Day”. acolheu e marcou tantos momentos importan-
Exatos 11 anos depois, também em outubro, tes da minha carreira”, disse o estilista que
embora não tenha sido decretado oficialmente criou uma coleção exclusiva à venda apenas ali
um dia comemorativo pelo prefeito da vez, o e na Bergdorf Goodman.
italiano voltou à cidade para fazer história. Na O desfile, que literalmente parou a Park
agenda, para começar, um coquetel de abertu- Avenue com frotas de vans pretas marcadas
ra do novo endereço na Madison Avenue, um com o logo Giorgio Armani nas portas, emo-
prédio de 12 andares inspirado na arquitetura cionou. Orlando Bloom, Pamela Anderson
dos anos 1930 e 1940, com 9.000 metros que (sem maquiagem), Brooke Shields e outros 650
abrigam todo o estilo de vida Giorgio Armani: convidados não escondiam a ansiedade de saber
as residências (não há mais apartamentos dis- o que veriam na longa e sinuosa passarela, es-
poníveis, tudo foi rapidamente sold out), um condida atrás de cortinas pretas. O barulho de
restaurante, a linha Casa (que inclui móveis, trem dava a pista: embarcaríamos numa jorna-
Acima, Giorgio Armani em
papéis de parede e tecidos de décor) e dois an- da de cores e silhuetas soft, soltas e sofisticadas, Nova York. Na página ao lado,
dares com roupas, joias, acessórios, chocolates, pontuadas com bordados brilhantes. No fim do a nova flagship da marca e o seu
restaurante, looks da coleção de
maquiagem e perfumes. “Mais que nunca, arco-íris de 89 looks, aparece o Sr. Armani de verão 2025 no backstage do
Nova York segue frenética e viva, lançando smoking (o traje pedido para uma noite espe- desfile e alguns dos convidados
novas maneiras de viver e socializar. Junto com cial) nitidamente emotivo. Agradeceu, se des- da celebração (a partir da
esquerda, Law Roach, Anna
meu time de arquitetos, desenvolvi um projeto pediu e nos deixou para celebrar o seu feito – e Wintour, Fala Chen, Amanda
que expressasse o conceito de luxo que respeita a sua Nova York – ao som de Chaka Khan.
* Seyfried e Pamela Anderson)
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MEMÓRIA
AFETIVA
ENTRE MEMÓRIAS E TRADIÇÕES
FAMILIARES, ANA BEATRIZ
BARROS E PATRÍCIA AMORIM
DE SOUZA CELEBRAM A
RELAÇÃO FRATERNA NA NOVA
CAMPANHA DA LUZ DA LUA
POR MARCELLA OLIVEIRA

A
s festas de fim de ano sem-
pre foram sagradas para Ana
Beatriz Barros e sua irmã,
Patrícia Amorim de Souza.
“Desde pequenas, passamos o Natal
em família”, conta Patrícia. “Somos me-
lhores amigas e tentamos passar isso
para os nossos filhos”, afirma Ana. Esse
vínculo e essa herança afetiva ganha-
ram, pela primeira vez, expressão em
uma campanha em que foram clicadas
juntas justamente na data mais simbóli-
ca do ano para as duas. Trata-se da
nova coleção Holidays, da Luz da Lua,
estrelada pelas irmãs.
Inspirada nos símbolos natalinos e
no encanto que os rodeia, a novidade
reflete o desejo de perpetuar momen-
tos afetivos em peças pensadas para
um fim de ano sofisticado. Ana, com
sua longa trajetória no mundo da
moda, revela a alegria de compartilhar pre foi uma forma de expressão para mim, e poder vivê-la ao lado da Ana, com quem
o set de uma campanha com a irmã: tenho tantas memórias, despertou sentimentos únicos.”
“Foi uma experiência única e muito sig- A coleção Holidays traz uma seleção de bolsas, calçados e acessórios dourados
nificativa, especialmente porque é uma e prateados, texturas marcantes no couro preto e no off-white minimalista, já carac-
data que sempre significou muito para terístico da marca. “Os saltos, com sua combinação de versatilidade e exclusivida-
nós. Ter a Pati ao meu lado trouxe ainda de, chamaram muito minha atenção. São peças que se destacam sem perder con-
mais verdade e sentimento para o que forto, ideais para a celebração, mas também para qualquer ocasião”, comenta Ana
estávamos fazendo.” Beatriz. Patrícia ressalta o tom de ouro. “A sandália de salto bloco foi minha favorita
A campanha da Luz da Lua divide-se – combina tanto com um look festivo quanto com algo mais casual, dependendo da
em duas fases e carrega uma mensa- escolha dos acessórios”, completa, referindo-se ao calçado da foto acima.
gem clara: celebrar o que é genuíno. Na O trabalho em conjunto trouxe também momentos de nostalgia e lembranças
FOTO: RODRIGO BUENO | DIVULGAÇÃO LUZ DA LUA

primeira, Ana Beatriz aparece sozinha, partilhadas. A dupla lembra com carinho dos primeiros passos no mundo da moda,
representando o início das festas e dan- anos atrás. Na época, Ana seguiu para Nova Iorque e Patrícia, para Tóquio. Um
do as boas-vindas ao espírito de reno- tempo depois, elas se reencontraram em Paris, um ponto de intersecção das jorna-
vação. Já na segunda, ela recebe Patrí- das. Esse vínculo afetivo, construído ao longo de uma vida de apoio mútuo, está
cia, ampliando o tom de afeto e carinho refletido nas fotos e mensagens da campanha. “Foi uma forma de relembrar nossa
que permeia a coleção. Para Patrícia, trajetória inicial”, se emociona Ana. “Para mim, a família é tudo, e conseguir transmi-
que fez carreira como produtora cultu- tir isso na campanha foi muito especial.”
ral, o convite para retornar ao mundo Com a promessa de mais projetos para o próximo ano – incluindo um empreendi-
da moda trouxe o sentido de revisitar mento ainda sob sigilo que une suas paixões e experiências – Ana e Patrícia embu-
histórias compartilhadas. “A moda sem- tem um quê significativo às conexões desta época.

luzdalua.com.br
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LEGADO E INOVAÇÃO
A campanha de 60 anos da
AO EQUILIBRAR SUA ESSÊNCIA E A ABERTURA PARA O Corello é estrelada por,
Maitê Faitaroni, Sophie
NOVO, A CORELLO CELEBRA O MARCO COM UMA Charlotte e Barbara Fialho
(da esq. para a dir., à
CAMPANHA QUE EXALTA A SUA HISTÓRIA frente), e Suzana Massena,
Carol Ribeiro e Suzane
Massena (da esq. para
POR LAÍS CAMPOS a dir., atrás)
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N
ão é novidade que o mundo da
moda se caracteriza por mudan-
ças constantes, mas em uma era
definida pela celeridade – quem
define é o filósofo francês Gilles Lipovetsky,
autor de O império do efêmero –, completar
60 anos no mercado com um legado no seg-
mento de sapatos, bolsas e acessórios no Bra-
sil é um feito digno de destaque. Em 2024, a
Corello celebra justamente essa conquista.
Segundo a presidente Carla Silvarolli, que é
filha do fundador Savério Silvarolli, a chave
para alcançar esse marco é o equilíbrio entre
se abrir para o novo e conservar os princípios
do negócio. “Acredito que para se manter re-
levante e consolidada, a empresa precisa se
reinventar constantemente e antecipar as ten-
dências e necessidades. Deve olhar sempre
para o futuro sem nunca se acomodar, man-
tendo-se fiel ao DNA e aos pilares da marca, e
não perder a sua essência”, opina.
Essa medida ganha um grau ainda maior de
desafio ao considerar a liderança familiar de
diferentes gerações na companhia, que inclui Carla e Gabriela Silvarolli

nos cargos de CFO e diretora de marketing e


comercial os filhos de Carla e netos do funda- perfil do Instagram, o quadro #InsideCorello traz Gabriela apresentando desta-
dor, Felipe Silvarolli Korall e Gabriela Silvarolli, ques das coleções, tendências e convidados. Nessa toada, a marca selecionou
respectivamente. “Esse é justamente o ponto personagens que marcaram sua trajetória para estrelarem a campanha de 60
mais importante, que nos permite estar aber- anos da Corello, que enaltece seu legado ao revisitar as características de
tos a coisas novas e olhar para o futuro, mas cada uma de suas seis décadas de existência. Na composição estética, des-
lembrando do que fez a gente chegar até tacam-se os diferentes símbolos e códigos trabalhados ao longo dos anos,
aqui. Priorizamos a evolução da marca em vez como as listras pretas e brancas.
da revolução”, diz Carla. Gabriela, por sua vez, Para dar vida ao shooting especial, foram convidadas a atriz Sophie Charlot-
destaca a importância da inteligência emocio- te, a influenciadora Maitê Faitarone, a modelo e cantora Barbara Fialho, a mo-
nal para implementar mudanças com tato, ca- delo e apresentadora Carol Ribeiro e as modelos Suzana e Suzane Massena.
rinho e respeito às pessoas. Cada uma, segundo Gabriela, representa à sua maneira a mulher Corello, que
A atenção às pessoas vale para os funcioná- é autêntica, sofisticada, determinada, contemporânea, múltipla e tem visão de
rios e também para a clientela, como conta futuro. A campanha tem ainda um toque especial graças à participação de três
Carla. “O mercado mudou muito e a gente se gerações da família Silvarolli: Gabriela, sua mãe Carla e sua avó Etty. “São três
adaptou. São muito mais coleções lançadas gerações de mulheres fortes que perpetuam ainda mais uma marca de calça-
ao ano, com muito mais cápsulas. Atualmente, dos femininos, na qual 90% da equipe é de mulheres”. Ela destaca a emoção
a demanda do público pela novidade é muito causada pela presença da matriarca da família. "Foi uma forma de homena-
maior e, a fim de ofertar o produto certo, com geá-la. Eu a admiro demais, ela me inspira diariamente e me orienta bastante
a tendência certa, no momento certo e com o em relação às questões profissionais porque trabalhou muitos anos na marca.”
preço certo, precisamos de um calendário e Segundo as executivas, a celebração dos 60 anos da Corello acompanha tam-
processos muito bem definidos e alinhados.” bém um momento estratégico de expansão. As lojas físicas passaram por uma
FOTOS: DIVULGAÇÃO

Ela aponta as viagens de pesquisa como pro- atualização, inaugurou-se um novo centro de distribuição e novas tecnologias
pulsoras para disponibilizar em primeira mão foram implementadas no site em resposta ao crescimento do e-commerce.
coleções com as últimas tendências. Além disso, novos espaços físicos estão previstos para 2025. Os próximos 60
A presença da grife nas redes sociais também anos devem seguir nesse caminho, mirando o futuro com respeito ao passado a
é um destaque na conexão com o público. No fim de conquistar novas clientes e fidelizar ainda mais as antigas.

corello.com.br
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INVOGUE fashionista

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s
joia

Cris Ruas usa vestido, capa e


botas CHLOÉ. Na página ao
lado, jardineira PRADA,
camiseta CAMYS, sapatos
CELINE. No canto superior,
bracelete de ouro com
diamantes e pérolas brancas e
pretas. Todas as joias são CRIS
RUAS JEWELRY

58 VOGUE BRASIL
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VOGUE BRASIL 59

DA SUA MANEIRA
Um ceRcado PeLo veRde, PeLa aRte contemPoRânea
e PoR Peças insPiRadas em dinastias Remotas: conheça
a tRajetóRia da desiGneR de joias cRis RUas
PoR CAMILA LIMA fotos ALEPH LOUREIRO stYLinG zAzÁ PECEGO

a
Anéis com formatos de unhas postiças, feitos para
usar na ponta dos dedos e inspirados em acessórios
dos nobres da Dinastia Ming, na China. Ear cuffs
e ear tops de ouro e diamantes, donos de formas
orgânicas e que fazem alusão aos casulos das bor-
boletas. Braceletes que conectam pérolas, diaman-
tes e outras esferas, resultando em criações que
representam o círculo perfeito e os ciclos da vida.
As joias da designer paranaense Cris Ruas são a
pura tradução e combinação de sua história, estilo
pessoal e universo criativo que a cerca. “Sempre
amei joias, herdei o gosto do meu pai, que presen-
teava minha mãe com peças únicas”, explica.
Nascida em Cascavel, no Paraná [estado com
a maior concentração de colônias de ucranianos
ASSISTENTE DE FOTO: Flavio Lucas. BELEZA: Raquel Pfutzenreuter

de todo o Brasil], Cris conta que a influência da


Ucrânia em sua história foi determinante, seja
pelos costumes dos avós paternos, nascidos no
país, ou ainda da igreja ortodoxa, que frequenta-
va junto à família. “Aprendi cedo a tecer, pintar,
bordar e todas as danças folclóricas do país. Meu
mundo tinha o gosto de pierogi [espécie de pas-
tel cozido, muito famoso entre os ucranianos] e
o colorido das vestimentas que usávamos para
nos apresentar nas festas da escola e da cidade”,
diz. Já seu passatempo favorito era o de recortar
as revistas femininas colecionadas pela mãe, as-
sim como comprar tecidos. “Infernizava a costu-
reira do bairro com meus desenhos. Posso dizer
que, com menos de 10 anos, já inventava minha
moda, sempre com looks pouco prováveis para
garotas da minha idade”, lembra. Aos 17 anos,
mudou-se para Curitiba, a ideia era se preparar
para o vestibular. Foi ali que, antes mesmo de
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INVOGUE fashionista

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decidir a faculdade, encontrou um amigo de


infância e a moda entrou em sua vida de forma
definitiva. “Começamos a trabalhar juntos na
produção de desfiles locais. Fazíamos de tudo,
da produção executiva à criação dos shows”,
lembra. A experiência acabou abrindo portas
para São Paulo e o Rio de Janeiro, onde conso-
lidou sua carreira com a produção de desfiles,
campanhas publicitárias e figurinos. Depois de
20 anos em São Paulo, a vida deu outra revira-
volta. Já casada e mãe de três filhos, mudou-se
para Botucatu, no interior paulista.
A ideia era buscar tranquilidade, tirar um ano
sabático e vivenciar a maternidade. Decidiu cons-
truir um ateliê envidraçado no meio de seu jar-
dim, cercado por plantas, frutas e pássaros. E foi
ali, no que chama hoje de “meu paraisinho”, que
começou a mergulhar no universo das pedras
preciosas. Descobrindo tudo sobre lapidações,

características e origens de materiais. Foi também dentro de sua estilosa caixa


de vidro que a designer passou a criar suas primeiras peças. “Comecei a desenhar
pequenas coleções. Às vezes, eu as usava e algumas amigas compravam, mas não
achava que isso se tornaria algo maior. Até perceber que não era só uma viagem
minha. Outras pessoas viam valor no que eu criava.”
Embora nunca tenha estudado desenho, o ofício, paixão de criança, tomou
conta da vida adulta. A imensa caixa de lápis de cor que mantém sobre a mesa de
seu QG não tem praticamente um dia de folga, assim como o bloco de papel
canson onde deixa a imaginação fluir. O filho do meio, Pedro, de 9 anos, é um
de seus companheiros de trabalho. “Ele tem um talento nato e desenha muito
bem. Um dia, sem que eu notasse, esboçou de longe minha silhueta, usando o
coque que sempre faço quando estou criando. Transformei aquela imagem tão
linda nas tarraxas dos meus brincos”, explica.
Embora sua marca tenha apenas quatro anos de vida, Cris vem conquistando
consumidoras de todas as partes. Em Miami, uma parceria com a Dover Jewelry
trouxe seu trabalho para o público americano. Em Londres, a colaboração com a
Treads vem garantindo visibilidade entre os europeus. Aqui pelo Brasil, além de
vender em seu e-commerce, ela também recebe clientes, com hora marcada, em seu
ateliê no bairro da Vila Nova Conceição, em São Paulo.
A designer me conta ainda que a arte contemporânea é outro dos seus grandes
amores e, de certa forma, um combustível para sua criatividade. Obras de artis-
tas como Amelia Toledo, Emanoel Araújo e José Patrício pontuam sua coleção.
Outro de seus xodós é o Fusquinha verde que ganhou de presente do marido
colecionador de carros antigos, que pontua a paisagem do jardim de sua casa.
Com uma mente fervilhante, a paranaense prepara neste momento mais uma
nova linha. “Ando estudando o acrílico e seus efeitos gráficos quando surgem mes-
clados a pedras preciosas. Estou simplesmente apaixonada pelo resultado, que
confere a cada item um colorido especial, semelhante ao de um caleidoscópio.” Joias

*
que, certamente, se tornarão desejo entre os fashionistas.
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VOGUE BRASIL 61

Cris veste blusa ALEXANDER


MCQUEEN, bermuda GUCCI,
sandálias MANOLO BLAHNIK.
Na página ao lado, casaco DIOR
e camisa CELINE. Nos detalhes,
sandálias RENÉ CAOVILLA
e blazer CHANEL
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INVOGUE joias
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CAçA AO
TESOURO
InSPIRada nO cláSSIcO da
lITeRaTuRa de meSmO nOme, a
cOleçãO de alTa-jOalheRIa TReaSuRe

FOTOS (stills): Divulgação. SET DESIGN: Cristina Forestieri. PRODUÇÃO EXECUTIVA: Select Services e Nora Naatz. TRATAMENTO DE IMAGEM: Leo Vas
ISland bRInca cOm O ImagInáRIO
daS hISTóRIaS de PIRaTaS PelaS mãOS
da Van cleef & aRPelS – maRca que
acaba de InauguRaR uma nOVa lOja
nO ShOPPIng cIdade jaRdIm, em SãO colhemos uma história ou um livro é que ele fale com o público em geral, mesmo
PaulO, Sua únIca na améRIca dO Sul com quem não o tenha lido, que você reconheça elementos do enredo”, diz à
Vogue Catherine Rénier, recém-nomeada CEO da joalheria francesa, após Ni-
POR VÍVIAN SOTOCÓRNO fOTOS EDUARDO REZENDE colas Bos, que ocupou o cargo por mais de uma década, passar ao posto de CEO
do Richemont (grupo que reúne marcas como a própria Van Cleef & Arpels,
Cartier, Jaeger-LeCoultre, Piaget, Vacheron Constantin, IWC Schaffhausen,
Chloé e Alaïa). Trata-se de um retorno de Catherine à maison: prata da casa do

f
Richemont há mais de duas décadas, tendo ingressado no grupo pela Cartier, a
executiva francesa foi presidente da Van Cleef para Ásia e Pacífico durante oito
anos e volta à marca após seis anos como CEO da Jaeger-LeCoultre.
Ainda que um pirata verdadeiro jamais desenharia um mapa do tesouro (ele
sequer teria o enterrado na areia, mas sim o gastado ou investido, como depois vim
a aprender com um dos professores da L'École, a escola de artes joalheiras funda-
Foi ao receber um pirata na estalagem da família, da pela Van Cleef), tais lendas criadas por escritores com um propósito narrativo
na enseada inglesa Black Hill, que o personagem permeiam nosso imaginário desde a infância. Dividida em três capítulos, que
Jim Hawkins protagonizaria uma das mais famo- exploram a jornada no mar, a descoberta da ilha e o tesouro, Treasure Island brinca
sas histórias de piratas já publicadas, Treasure Is- com este universo de maneira lúdica, trazendo desde um colar cujo trabalho em
land (Ilha do Tesouro). No clássico da literatura do ouro amarelo torcido (técnica que era muito usada pela Van Cleef nos anos 1940)
escocês Robert Louis Stevenson, de 1883, o rapaz remete a cordas náuticas (e uma safira de 55,34 quilates) até broches que reprodu-
descobre um mapa do tesouro guardado em um zem o navio Hispaniola e três dos “piratas” da história (Jim, John e David), com
baú no quarto do velho lobo do mar, após ele ter direto a tapa-olho de ônix e jaquetas texturizadas por safiras ou rubis.
morrido de um ataque fulminante, ao receber O gosto pela aventura marítima sempre esteve presente na história da Van Cleef:
aterrorizantes visitas de outros piratas. Para recu- uma das primeiras peças criadas pela joalheria francesa, no próprio ano de sua fun-
perar o dinheiro que não havia sido pago à sua dação, foi uma encomenda de uma miniatura do iate Varuna of New York, a mais
mãe pela longa hospedagem, Jim se lança em uma moderna embarcação de sua época, a pedido do dono do barco original, que chegou
busca pelo tesouro no barco Hispaniola, enquan- a receber a bordo o rei Christian IX da Dinamarca e o imperador Guilherme I da
to parte de sua tripulação se revela sendo de pira- Alemanha. A réplica trazia um Varuna de ouro e esmalte navegando em um mar
tas também à procura da fortuna – e sem escrú- agitado de ondas esculpidas em jaspe e, concebida como um enfeite de mesa, era
pulos de acabarem com a vida de Jim na aventura equipada com uma campainha para que se pudesse chamar o mordomo.
pela ilha tropical na qual desembarcam. Em Treasure Island, não faltam, obviamente, peças protagonizadas pelo Mystery
É tal jornada pelo mar o pano de fundo para Set, uma das maiores assinaturas da Van Cleef. Patenteada pela marca em 1933, a
a nova coleção de alta-joalheria da Van Cleef técnica traz pedras como rubis, safiras ou diamantes cobrindo toda uma superfície,
& Arpels, apresentada no mês passado em sem qualquer garra de metal à vista. De tão intricada, pode exigir até oito horas de
Miami para clientes e convidados de todo o trabalho por pedra – ou seja, um broche em Mystery Set demanda facilmente 300
mundo e batizada com o nome do livro. “Cos- horas apenas na aplicação de suas gemas. É o Mystery Set, por exemplo, que estrela
tumamos nos inspirar nos clássicos porque eles o broche Palmier Mystérieux, uma palmeira com folhas de esmeraldas que acompa-
também são uma expressão artística, um sím- nha três elementos que podem ser trocados (sim!): um barco de diamantes, um sol
bolo de seu tempo. O importante quando es- radiante e um baú de tesouro brilhando com pedras preciosas.

62 VOGUE BRASIL
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VOGUE BRASIL 63

Colar que remete a um nó de


marinheiro, de ouro branco, safiras
e diamantes, com duas safiras (de
18,07 e 17,30 quilates) que podem
ser destacadas e usadas em um
brinco. Na página ao lado, os broches
que reproduzem piratas de Treasure
Island, de ouro branco, rosa e amarelo,
com rubis, safiras e diamantes. Tudo
da nova coleção de alta-joalheria da
VAN CLEEF & ARPELS
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INVOGUE joias
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A partir da esquerda, anéis de


ouro amarelo e branco, com
diamantes redondos e safiras;
rubis; e esmeraldas

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VOGUE BRASIL 65

Já o baú do tesouro estáá representado


r na co-
leção pela Onde Mystérieuse, um uma caixa redon-
da feita de quartzo azul (com incl clusões que
lembram as profundezas do oceano), qu ue traz
dois compartimentos internos e tampa adornad da
por um cardume de peixes esculpidos em ouro,
que nadam sobre um mar de esmalte paillonné.
Acima, colar de ouro
“Ela foi muito complexa de ser desenvolvida por branco e rosa com safiras e
diversas razões, mas, principalmente, por envol- diamantes, uma referência
ver 13 ofícios diferentes, como relojoeiros, espe- às pinturas marinhas do
século 19. Abaixo, brace-
cialistas em esmalte e lapidários”, me conta Jean letes de ouro branco e
Bienaymé, diretor global de marketing e comu- amarelo, com diamantes e
nicação da Van Cleef, sobre a peça, que esconde safiras ou rubis, aplicados
com a técnica Mystery Set
ainda um relógio por baixo de um broche desta-
cável. Outra das criações mais desafiadoras foi o
colar Moussaillon, inspirado em uma lavallière,
espécie de lenço que era amarrado pelos mari-
nheiros em torno do pescoço. Feito de ouro, o
colar reproduz o volume e caimento de um teci-
do – efeito conquistado após diversos testes com
moldes de cera esculpidos à mão.
Foi em um jantar armado no Vizcaya Mu-
seum and Gardens, casa de férias de um antigo
milionário americano construída no fim dos anos
1910 e convertida em um museu nos anos 1950,
que pudemos conferir as primeiras peças da co-
leção. Tendo uma de suas salas transformadas em
um navio pirata pela Van Cleef, o Vizcaya abrigou
um jantar de gala com menu também inspirado
no universo (e a sobremesa não poderia ser outra,
é claro, a não ser baba ao rum, ainda que na versão
de um chef três estrelas Michelin) e uma apresen-
tação musical com marinheiros em frente ao
antigo píer de pedra em formato de barco da casa
– píer que, tamanho o nível de detalhamento da
Van Cleef, não surpreenderia se tivesse sido
construído para a ocasião. “Queríamos um ce-
nário caribenho, ser bem literais, Paris não teria
funcionado para a apresentação desta coleção.
Miami era um lugar acessível, emocionante,
muito tropical, oceânico, que ressoou bem com
o tema. É puramente sobre garantir que a his-
tória vá até o fim”, conta Catherine.
A arte de contar histórias, a poesia, a narrati-
va e o encantamento, afinal, são termos comu-
mente associados à marca – que, vale lembrar,
nasceu de uma história de amor. Fundada em
1906, surgiu pelas mãos do casal Estelle Arpels
e Alfred Van Cleef. Ela, filha de um negociante
de pedras preciosas. Ele, filho de um lapidário e
corretor de diamantes. Alfred se uniu aos irmãos
de Estelle para abrir a primeira butique Van
Cleef & Arpels, no número 22 da Place Vêndo-
me, e foi a futura filha do casal, Renée Puissant,
que assumiu o comando da direção artística, em
1926, e estabeleceu (tendo como braço direito o
designer René Sim Lacaze) muitos dos símbolos
que hoje reconhecemos na Van Cleef, como o
Mystery Set e o colar Zip. Renée fez parte de uma
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66 VOGUE BRASIL
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VOGUE BRASIL 67

A partir da esquerda, anéis de


ouro amarelo e branco, com
safiras redondas, diamantes e
esmeralda; safiras e safira malva;
e diamantes e um rubi
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geração de mulheres fortes que adentravam no


mundo fechado (e até então masculino) da
alta
lta-joalheria: além dela, Jeanne Toussaint foi
dirretora criativa da Cartier entre 1933 e 1968,
S
Suzanne Belperron se estabelecia como uma das
designers de joias mais importantes do século 20,
e Coco Chanel apresentaria a primeira (e única
sob seu comando) coleção de alta-joalheria da
casa, Bijoux de Diamonds, em 1932.
E é no exato mesmo número da Place Vêndo-
À direita, broche de tartaruga de ouro
uro
branco e amarelo, diamantes e safiras.
me que a Van Cleef segue até hoje, quase 120 anos
Abaixo, bracelete de ouro amarelo e depois. O endereço, ampliado ao longo dos anos,
diamantes. Na página ao lado, colar com também abriga a oficina de onde saem atualmen-
pingente-broche destacável, de ouro rosa
e amarelo, granada de 21 quilates, te metade das peças únicas criadas anualmente
espessartitas e diamantes pela grife (a outra metade é desenvolvida em duas
outras oficinas em Paris) – e, por consequência,
os melhores joalheiros da maison. É no clima de
um apartamento intimista que há mais de 20 anos
são concebidas as lojas da marca, pensadas para
que seus clientes se sintam em casa, como pode
ser visto na nova butique da Van Cleef no Brasil.
O endereço de 250 metros quadrados no piso
térreo do Shopping Cidade Jardim substitui a loja
que durante mais de uma década funcionou no
JK Iguatemi e é o único endereço da grife na
América do Sul, com direito a bar próprio e biom-
bos vazados que lembram os motivos art déco de
uma minaudière de 1937. “Para nós, é muito im-
portante estarmos presente onde estão nossos
clientes. A Van Cleef é uma verdadeira maison
de proximidade. É uma marca sobre criação,
sobre contar histórias, adoramos desenvolver
laços com nossos clientes. E a melhor maneira
de fazer isso é abrir uma butique”, diz Jean.
Uma marca que não trabalha com influencia-
doras, não veste celebridades, coloca no centro
seus clientes, as relações, o encantamento. E que
busca dividir tal paixão para com o mundo de
diversas formas. A L’École School of Jewelry
Arts, por exemplo, foi fundada em 2012 para
oferecer cursos, palestras e oficinas para o públi-
co apaixonado por joalheria em geral. Também
promove exposições (em cartaz até 1º de junho de
2025 está Paris, City of Pearls), podcasts (imper-
dível ouvir Voice of Jewels, que destrincha a histó-
ria peças icônicas, como o diamante azul de Lués
14 e as pérolas de Marylin Monroe) e publica li-
vros. Treasure Island acaba de ganhar uma reedi-
ção especial pelas mãos da escola, ilustrada pelo
cartunista francês David B. “Pensamos em uma
coleção como esta de alta-joalheria não apenas
como algo para nossos clientes, mas para o
público em geral”, diz Catherine. “Para nós, é
importante mostrar a criatividade da joalheria
e o quanto a joalheria é parte de uma expressão
artística. E é disso que estamos falando no fi-
nal. Não é apenas sobre fazer um lindo colar,
mas algo que as pessoas possam apreciar, sejam

68 VOGUE BRASIL
elas nossas clientes ou não.”
*
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VOGUE BRASIL 69
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INVOGUE joias
es

pe
cia
l

s
joia

Voo internacional
A Sauer acaba de inaugurar o seu
primeiro ponto próprio nos Estados
Unidos. O endereço, no número
800 da Avenida Madison, em
Nova York, recebe uma coleção
especial celebrativa com esmeraldas,
turmalinas e malaquitas que só
pode ser encontrada por lá. Com 83
anos de história, a grife é, desde
2020, uma das marcas de joias
mais vendidas no e-commerce
Moda Operandi e está presente em
18 endereços físicos e digitais pelos
EUA e pela Europa.
À esquerda, colar de ouro diamantes da saUeR

Árvore da vida
em celebração aos dez anos da coleção stream, que tem shapes
inspirados na água, Fernando Jorge lança uma linha de joias
feitas com madeira louro-vermelho. O material, natural da
amazônia e providenciado por uma organização de
preservação e uso sustentável dos recursos naturais da floresta,
ganha formas fluidas e inserções de diamantes marrons e ouro
que remontam a gotas d’água. fernandojorge.co.uk
acima e à esquerda, pulseira e brinco de madeira louro-vermelho
com ouro e diamantes marrons, FeRNaNDO JORGe

70 VOGUE BRASIL
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VOGUE BRASIL 71

Versão petit
Criado em 1917 e remodelado em
1922, quando recebeu linhas mais
refinadas e contornos curvos, o Tank
Louis Cartier é um dos grandes
clássicos da relojoaria francesa que
agora é lançado em versão míni.
Medindo 24 mm x 16 mm, a opção
delicada já desembarcou nas lojas
brasileiras da maison. cartier,
shopping cidade Jardim,
piso térreo, sp
À esquerda, o míni Tank louis cartier de
ouro amarelo com pulseira de couro, da caRTieR

De volta
Depois de passar cinco meses
fechada para uma reforma, a
Bvlgari reinaugura sua butique
no JK iguatemi, em um espaço
de 189 m². a nova loja conta
com uma escultura da artista
brasileira Gabriella Garcia,
comissionada pela marca.
“a Bvlgari é reconhecida
mundialmente por dominar a
arte da renovação e do
simbolismo. Fui a Roma
enquanto estava desenvolvendo o
trabalho e pude observar cada
uma de suas referências com
atenção para trazê-las com uma
FOTOs: Divulgação

perspectiva contemporânea”,
conta a artista. Bvlgari, Shopping
JK Iguatemi, piso térreo, SP
À direita, colares da coleção Tubogas, da BVlGaRi
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INVOGUE joias
ES

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CIA
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s
joia

tecendO
Na Bottega VeNeta,
Matthieu Blazy traz sua
Visão chique, precisa e

brilhO
criatiVa para a joalheria

por lYnn YAeGer


foto Andrew JAcobs

TRADUÇÃO: Fabiana Doná Skaff. STYlING: Tabitha Simmons. CABElO: Pano Papandrianos. MAQUIAGEM: Yumi lee. MODElO: Sifan Hunde. FOTOS (stills): Divulgação
uma gota d’água.” E ainda que Blazy pense que
seus contornos se devem a Brancusi, quando
tento sugerir que há um quê de Grace Jones no
Studio 54 em sua combinação de austeridade
com audácia, ele ri e concorda.
“Começamos com a gota, mas também es-

"p
tava muito interessado em apresentar diaman-
tes e pedras preciosas”, continua Blazy. Para
tanto, rosetas se curvam ao redor de um cír-
culo de diamantes – uma homenagem ao anel
Toi et Moi de sua avó. “Fizemos pavê também,
mas não de maneira clássica.” Em vez disso,
“Produzimos itens excepcionais quando falamos de roupas e bolsas porque ele usou um impressionante arranjo de cortes
temos ótimos artesãos – então pensei: por que não joias?” Matthieu Blazy, em um brinco único, porque “quando é irre-
diretor criativo da Bottega Veneta, descreve seu calmo approach à mais re- gular, ele captura a luz de forma diferente”.
cente iniciativa da maison: sua primeira coleção de joias. Estamos conver- Uma reluzente bolsa de noite de 18 quilates,
sando sobre esses reluzentes itens em uma sala de um sofisticado e elegante pesadíssima, incorpora o famoso motivo de
palazzo veneziano do século 15; sobre a mesa, entre nós, estão as 15 peças couro entrelaçado da maison, e pode ser usada
que compõem o lançamento: brincos em forma de lágrima elegantes e enor- também como arma se as coisas ficarem com-
mes; pulseiras de correntes imponentes o bastante para afastar maus espíritos; plicadas em uma soirée particularmente sórdida
anéis cuja doçura é quebrada por espinhos (as peças desta primeira coleção (tirando isso, ela poderia tranquilamente morar
estão agrupadas em quatro famílias: Drop, Catena, Primavera e Enlanced). como enfeite em uma mesa de canto chique).
“Começamos com pouquíssimos itens”, explica Blazy, com a intensidade silen- “A caixa de ouro é muito interessante, mas tam-
ciosa presente tanto em sua personalidade quanto em seu trabalho. Desde que se bém tradicional”, diz Blazy. “Na década de
tornou diretor criativo da Bottega Veneta no fim de 2021, Blazy vem trilhando um 1930, faziam minaudières assim.”
caminho invejável que converge habilidade artesanal e modernismo não forçado, Ao contrário de alguns estilistas, que são
com coleções que se tornaram as mais esperadas em qualquer temporada de moda. pegos de surpresa quando expandem para outras
Talvez não seja tão surpreendente então que ele tenha tido vontade de criar categorias, Blazy entrou na joalheria com uma
joias que ecoam as linhas limpas e o capricho discreto – aquelas barras de plumas! facilidade natural: “Foi como um peixe na
– de suas roupas. Até porque a noção de “roupas investimento” vem mudando água!”, exclama. “Os artesãos e a paixão – é por
ultimamente: o termo não mais se limita a clássicos previsíveis que duram para isso que faço o que faço.” As peças foram todas
sempre, agora ele inclui também peças únicas cujo preço se justifica tanto por criadas em Vicenza, centro da manufatura de
sua singularidade quanto pelo cuidado com que foram feitas. E, afinal, a joalhe- joias na Itália pelos últimos 700 anos, para onde
ria não é o investimento supremo – profundamente pessoal e feito para durar por Blazy frequentemente viajava. “Adorava traba-
gerações? Afinal, se os tempos estiverem difíceis, você não pode derreter um lhar com eles e vê-los pensando em soluções
vestido e sacar o dinheiro, mas uma joia geralmente mantém seu valor. loucas – sempre perguntava: ‘Podemos ir além?’.”
“O que importa não é o número de itens em uma coleção”, insiste Blazy. “O que Blazy também não é estranho à atração exercida
importa é ter as coisas certas.” Essas coisas certas incluem aqueles brincos enormes por um objeto com origem idiossincrática. Ele
de 18 quilates em forma de lágrima, cuja leveza contradiz seu tamanho. “Gostei conta que cresceu em salas de leilões e mercados
da singularidade dele enquanto objeto, além de como ficaria com as roupas”, diz. de itens usados, e há muito tempo coleciona
“A ideia era: só porque é grande, não precisa ser pesada. Tudo se reflete nela, como prataria mexicana e peças art déco. Ele me

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“O que importa não é o


número de itens em uma
coleção, o que importa é ter
as COISAS CERTAS”

- Matthieu Blazy

most ra u m dos pr inc ipa is itens – u m


extraordinário bracelete de prata que encontrou
em uma lojinha na Bélgica, desenhado por line
Vautrin, que trabalhou com Elsa Schiaparelli
nos anos 1940. Ele traz (prepare-se) um policial
em um lado e um ladrão no outro.
É claro que, quando você investiga as raízes
da visão de um artista, logo fica claro que ideias
borbulham por todos os lados. A pulseira de
corrente (compre duas e ela se transforma em um
colar) foi inspirada em fios de iluminação antigos
que sustentavam um candelabro. Dois dos elos
são primorosamente feitos em outro formato,
como se estivessem se rebelando e não quisessem
ser um cabo convencional. Um colar de espinhos
Brincos de ouro e colar de ouro e diamantes. No alto, à
de ouro com diamantes é uma interpretação esquerda, brinco de ouro e diamantes. Todas as peças são da
glamorosa do jardim de Blazy, que levou três primeira coleção de joias da BOTTEGA VENETA
anos para ficar pronto. “Na minha casa em Mi-
lão, há uma treliça, e havia um jasmim, meio
espinhoso, subindo por ela. Gosto dessa tensão viagem a Veneza (o que não é nada ruim). E ainda que esteja a uma pequena
– beleza, mas às vezes também perigo.” caminhada de distância das multidões que sufocam a Piazza San Marco, entrar
E se eu quisesse essa treliça como uma torno- no Palazzo, no silencioso bairro de Cannaregio, é como entrar em outra dimen-
zeleira, ou talvez uma body chain em forma de são – um universo habitado pela mais refinada mobília moderna do meio do
roseta? Bem: toda a ideia por trás do Palazzo em século; aqui, um banco de George Nakashima; acolá, uma mesa de centro Péta-
Veneza de 700 metros quadrados é ser um lugar las de Jorge Zalszupin. Prateleiras exibem as bolsas trançadas características da
especial para clientes especiais – um ateliê para maison, e araras acomodam aquelas calças espetaculares que parecem ser jeans,
acomodar os caprichos mais loucos. “Aqui você mas são de couro – um dos famosos floreios de Blazy.
encontra o que não acha em nenhum outro lugar”, O que une tudo, dos jeans até as bolsas trançadas e as lágrimas de ouro,
diz Blazy sobre o hub criativo que atende apenas é a insistência de Blazy de que nada levará a assinatura da Bottega até que
com hora marcada. “É um lugar onde os artesãos ele esteja absolutamente certo de que está pronto para o horário nobre. “Há
conseguem mostrar de verdade sua arte.” [calças] nas quais venho trabalhando há dois anos, e ainda não estão pron-
As joias estarão disponíveis em flagships da tas”, diz, sorrindo. “Prefiro fazer com calma. Como dizemos na empresa:
Bottega em todo o mundo, mas esse tipo de ‘Contamos em dias, não em horas’. Digo à equipe: ‘Não faça nada que não
atenção pessoal será possível apenas com uma provoque emoção – aquilo tem de fazer seu coração disparar’.”
*
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INVOGUEpor Bruno Astuto

ArtÉrIA
dos sonhos
A Quinta Avenida celebra
seus 200 anos com livro
repleto de registros glamorosos
e anedotas vibrantes

À
À primeira vista, pode parecer inusitado que a Assouline, edi-
tora conhecida por seus suntuosos travel books sobre destinos
paradisíacos, rivieras deslumbrantes e estações de esqui exclu-
sivas, dedique um volume a uma única avenida, incrustada numa
metrópole que é a mais pura definição de selva de pedra.
Mas Fifth Avenue celebra os 200 anos desta que talvez seja a rua
mais famosa do mundo – um microcosmo onde resort urbano, mata
de concreto e praia de tendências se fundem em tão perfeita quan-
to caótica harmonia. Das focas do Zoo do Central Park às vitrines
da Bergdorf Goodman, do tapete vermelho do Met Gala às galerias
de arte e hotéis luxuosos, a Quinta Avenida encapsula a essência
da América e, por extensão, do sonho americano. As páginas tra-
zem momentos icônicos: Audrey Hepburn tomando café em fren-
te à Tiffany, Jackie Kennedy saindo do Plaza, os Beatles acenando
do hotel, manifestantes marchando por mudanças sociais. Registros
que provam como a avenida sempre foi mais que um endereço; é
um palco onde a América encena seus dramas, celebra suas vitórias
e enfrenta suas contradições.
O marco de 200 anos celebrado no livro não é arbitrário.
Remonta a 1824, quando a Quinta Avenida foi oficialmente
mapeada como parte do Commissioners’Plan, que estabele-
ceu o grid de ruas de Manhattan. Desde então, ela tem sido
testemunha e protagonista das transformações de Nova York,
refletindo em seus edifícios, lojas, moradores, visitantes e
turistas as mudanças sociais, econômicas e culturais dos
Estados Unidos – e do mundo inteiro.
O texto é assinado por Julie Satow, jornalista premiada e au-
tora de The Plaza: The Secret Life of America’s Most Famous Hotel, e
o prefácio, por Jay McInerney, autor aclamado de Bright Lights,
Big City e cronista da vida nova-iorquina conhecido por capturar
a essência da cidade em seus romances. “A Quinta Avenida não
é uma entidade única. É uma série de mundos conectados, de
varejo, hospitalidade e residências. E não termina com um sus-
piro, mas com um estrondo. Apenas duas quadras ao sul dessa

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VOGUE BRASIL 75

marca, a avenida culmina no Washington Square Park, emoldu-


rado pelos arcos brancos do monumento a Washington, trans-
bordando com um ruído humano de música, vozes e encontros
ilícitos, dando boas-vindas a todos em Nova York”, escreve ele.
O livro vai desde seus humildes primórdios como um simples
caminho de terra até sua transformação em um majestoso corre-
dor de mansões durante a Gilded Age, culminando em sua atual
posição como epicentro comercial e cultural. Não faltam os Van-
derbilts, os Astors, as socialites Swans de Truman Capote e o
lendário baile preto e branco do escritor no Hotel Plaza. Mas as
páginas estão repletas de anedotas picantes de outra natureza.
Como quando, num dia chuvoso de maio de 1975, os Rolling
Stones surpreenderam com uma performance improvisada de oito
minutos de “Brown Sugar” em frente ao seu hotel. Em vez de uma
entrevista coletiva formal, Mick Jagger distribuiu pessoalmente
panfletos com as datas da turnê americana para uma multidão
atônita. Ou como, em toda primavera, chegava o Circo Ringling
Brothers and Barnum & Bailey, com os treinadores conduzindo
os elefantes pela Quinta Avenida até o Madison Square Garden.
Esta tradição horrorosa de 145 anos felizmente terminou em 2016,
quando a trupe aposentou os animais, enviando-os para um
santuário na Flórida. E como esquecer Bill Cunningham, o
O livro reúne momentos marcantes da
história da avenida mais emblemática lendário fotógrafo de moda do The New York Times? Sua presença
de Nova York. De Audrey Hepburn constante na avenida, pedalando sua bicicleta a bordo de seu ca-
em frente à Tiffany, aos Beatles saindo
do Plaza, passando pelas imagens de
saco azul e com a câmera de 35 milímetros pendurada no pesco-
moda feitas por Bill Cunningham e ço, resultou num registro visual único da moda ao longo dos anos,
pelos protestos e seus manifestantes, a descrito como “uma crônica exuberante, às vezes retroativamen-
Quinta é a avenida onde a América
encena seus dramas, celebra suas te embaraçosa de como nos vestimos”.
vitórias e enfrenta suas contradições O início do século 21 não foi exatamente virtuoso para a cida-
de: 11 de setembro, crise financeira de 2008, os protestos em
frente à Trump Tower que evidenciaram as tensões políticas e
sociais, a pandemia que provocou uma fuga em massa dos bolsos
privilegiados e gastadores rumo à Flórida. A Quinta Avenida
sofreu com diminuição de fluxo no comércio e mudanças na ge-
ografia do luxo. Mas as imagens poderosas e historietas deliciosas
FOTOS: Karim Sadli, Getty Images e Divulgação

do livro mostram que ela é, antes de tudo, um símbolo da resili-


ência. As recentes transações imobiliárias bilionárias não negam.
Em 1931, durante o auge da Grande Depressão, o Rockefel-
ler Center ergueu sua primeira árvore de Natal. O local ainda
estava em construção, e os trabalhadores juntaram seu dinheiro
para comprar um abeto bálsamo de cerca de seis metros de al-
tura, que decoraram com guirlandas caseiras. É muito diferen-
te de hoje, quando a famosa árvore de Natal, com pelo menos
23 metros de altura, é coroada com uma estrela de aproximada-
mente 2,80 metros, projetada pelo arquiteto Daniel Libeskind
e composta por 3 milhões de cristais Swarovski.
É a época do ano em que a cidade mais brilha e habita o imagi-
nário coletivo. Quando diz ao mundo que sempre nascerá de novo.
*
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vogue repórter

Brinde
no campo
Como a brasileira Paula
Tabalipa deixou uma carreira
de sucesso como stylist em
Hollywood para se dedicar
à produção de vinhos
naturais na Califórnia

S
Sempre gostei de moda e da natureza. Passei a infância e a adoles-
cência entre Porto União, no interior de Santa Catarina, Curitiba
e Rio de Janeiro – as férias escolares eram sempre na fazenda da
família no Paraná, onde ficava de pé no chão e em contato com a
terra – e a casa da minha avó, em Nova Londrina, onde vestia meus
modelos exclusivos realizados pelas mais variadas costureiras. Aos
8 anos, usava terninho verde-limão, saias plissadas, blusas bem
estampadas, algo bem diferente do que havia nos armários das
minhas amigas. Aos 19, decidi explorar o mundo e parti para Los
Angeles com o objetivo de aprender inglês, estudar e explorar
culturas desconhecidas. Fiz faculdade de visual merchandising e,
aos poucos, fui conquistando meu espaço como figurinista e stylist.
Colaborei com marcas, diretores e cinegrafistas importantes de
Hollywood. Uma fase brilhante na carreira, na qual combinei
criatividade ao meu amor pela moda, história e culturas que conhe-
ci. Mas o chamado das raízes interioranas da infância e a busca pela
tranquilidade e simplicidade mudaram o rumo da minha vida.
Em 2018, meu marido, Michael, e eu adquirimos um vinhedo
no Vale de Santa Ynez, a algumas horas de distância da agitação
de Los Angeles. Estávamos em busca de um lugar para construir
nossa história juntos, como marido e mulher. Queríamos criar
animais e ter um refúgio. Como stylist, já conhecia bem a região
de Santa Ynez, pois trabalhei em muitos comerciais de automóveis

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vOgue BrASIL 77

por lá. É uma área famosa por paisagens incríveis e estradas si- pôneis, porcos, cabritos e outras espécies. Todos têm nomes e
nuosas, ideal para marcas de carros esportivos e luxo. E é por isso sobrenomes e são nossos xodós. Acordamos, damos comida aos
que nossa vinícola se chama Living Life, com o slogan: A poetic animais e, enquanto tomamos nosso café, sentamos no pasto e
tribute to the land, to love, and to live life well (Vivendo a vida: um brincamos. Somos uma grande família. Esta conexão com os
tributo poético à terra, ao amor e ao viver bem). Queríamos exa- bichos me remete à infância, quando aprendi a andar a cavalo com
tamente isso para nossas vidas. meu avô e subia em cima das ovelhas.
Além disso, sempre apreciei vinho. A relação entre a bebida e a O vinho é a minha paixão e o meu negócio. Nossos produtos
terra me fascina. O universo do vinho é a interseção perfeita das já receberam várias notas excelentes desde o início da produção
minhas paixões – arte, cultura, gastronomia e natureza. Deixei para de críticos renomados, como Antonio Galloni e Jeb Dunnuck,
trás minha carreira no entretenimento – o que não foi fácil – com além de reviews em revistas como a Wine Enthusiast com notas
a consciência de que o importante naquele momento era estabele- das quais tenho muito orgulho.
cer uma conexão mais profunda com a terra e criar algo duradouro. Também quis trazer um pouco das minhas raízes brasileiras
Quando encontramos esse vinhedo de 20 acres, que já era “madu- para a marca. Colaborei com o artista brasileiro Jaime Silveira para
ro”, ou seja, que já produzia há 20 anos, tive a certeza de que era o criar o logo e os rótulos. O logo incorpora o pinheiro, árvore típica
lugar certo e me comprometi a continuar o legado dessa terra. Em do Paraná a qual cresci rodeada. Sou apaixonada pelo design grá-
2022, fundamos a Tabalipa Wine Co, uma empresa especializada fico brasileiro dos anos 50 e 60 e queria trazer essa estética para os
em vinhos naturais, com foco nas uvas syrah (seus vinhos são ele- rótulos: minimalista, mas com uma essência rica. Já a minha outra
gantes e robustos), que é a que plantamos no momento. Fiz um raiz, a moda, aparece em nuances. Uso referências no marketing e
curso de especialização de viticultura, na UC Davis (Universidade acredito que tudo está interligado – a moda, a arte de fazer um bom
da Califórnia, em Davis), o que tem sido primordial. vinho, a culinária, a história. Sinto que vivi o que precisava no
A sustentabilidade está no centro de tudo o que fazemos na mundo da moda, que ainda é minha primeira paixão, mas estava
Tabalipa Wine Co. Nossos vinhedos são cultivados com práticas
sustentáveis, como plantio de cobertura, compostagem e elimina-
ção de fertilizantes sintéticos. O uso eficiente da água é crucial,
pronta para uma nova jornada de aprendizado e desafios.
*
especialmente em áreas como a Califórnia, onde somos propensos
Ex-stylist e figurinista em Hollywood, Paula Tabalipa
a secas, por isso adicionamos irrigação por gotejamento. Utiliza- hoje divide seus dias entre os animais, vinhedos e a
mos métodos de cultivo orgânico e respeitamos os ciclos naturais vinícola em uma região montanhosa da Califórnia
do vinhedo. Cada etapa é considerada para minimizar nosso im-
pacto ambiental. As condições climáticas atuais são, sem dúvida,
o maior desafio. Lidamos com queimadas todos os anos, não
exatamente nos nossos vinhedos, mas na região. Além disso,
enfrentamos anos com chuvas excessivas ou calor intenso, o que
exige uma atenção constante aos pés, pois eles ficam expostos ao
míldio (fungo que afeta as vinhas quando há muita chuva ou
elevações rápidas de açúcar devido ao calor). Os maiores obstácu-
los e dificuldades no mundo de bebidas alcoólicas nos Estados
Unidos são causados pela burocracia. Desde a lei seca nos anos 20,
com início em 1920, os regulamentos para venda, marketing e
exportação tornaram-se muito rigorosos e demorados.
Hoje, fico em Santa Ynez semana sim, outra não – estou mais
presente do que meu marido, que me ajuda com as vendas no
atacado, mas não se envolve tanto. O vinho tem seu ciclo, e gosto
de acompanhar presencialmente cada etapa. Gerencio o trabalho
com os funcionários, especialmente durante a colheita, em agos-
to e setembro, quando levamos as uvas para a vinícola, onde
ocorrem os processos de fermentação, envelhecimento e engar-
rafamento. Nossos animais, que inicialmente eram apenas um
desejo de adotar um aqui e outro ali, se tornaram uma paixão.
Temos praticamente um minizoológico: burros, alpacas, lhamas,
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BelezA

Inspiradas pelas festas de fim de


ano, Valentina Li, Cécile Paravina
e Ammy Drammeh, diretoras
criativas de maquiagem da Chanel,
elegeram o brilho como ferramenta
essencial para as produções. Na
maquiagem criada pela beauty artist
chinesa Valentina Li, duas texturas
brilhantes se destacam na pálpebra,
uma sombra rosa metálica (da
paleta Ombres à Paupières et Fards
à Joues na cor Enchanted Night)
combinada a uma sombra
translúcida com pequenas
partículas de brilho, para criar um
jogo de luz e dar um destaque
inteligente e fresco para o olhar.

ponto de luz
De sombras metálicas e DelineaDos cintilantes
a lábios vinílicos, o trio responsável pela
..
Direção criativa De maquiagem Da chanel,
por BÁRBARA oBeRG valentina li, cÉcile paravina e ammy Drammeh,
fotos Kévin dRelon styling JoAnA dAcheville mostra como usar o brilho De maneira
beleza Ammy dRAmmeh, cécile pARAvinA e vAlentinA li estratÉgica para as proDuções De fim De ano
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vOGue BRASil 79
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BelezA
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vOGue BRASil 81

Muito além dos olhos, a pele e o cabelo são


pontos estratégicos de brilho nas produções
de beleza. A pele bem hidratada e construída
com ingredientes cremosos pode reluzir mais
que as próprias partículas de brilho. Na
criação da beauty artist Cécile Paravina, esse
tipo de finalização de pele foi escolhido como
base para desenhar um dos seus delineados-
-assinatura, cheio de grafismos delicados e
inventivos (com delineador Le Liner na cor
538 Prune Mystérieux) e que, nessa ocasião,
ganhou uma pincelada de sombra brilhante
no meio da pálpebra para abrir o olhar.
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vOGue BRASil 83

Na página ao lado, no look proposto


pela beauty artist Ammy Drammeh,
sombras metálicas (da paleta Les 4
Ombres na cor Codes Élégants 274),
em tons de prata e dourado,
destacam o olhar em pontos
inusitados, como na parte superior
do nariz e ao longo da linha d’água.
beleza

84 vOGue BRASil
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EDIÇÃO DE BELEZA: Bárbara Öberg e Karina Ulloa. BELEZA: Ammy Drammeh, Cécile Paravina e Valentina Li com produtos Chanel Beauty. ASSISTENTES DE FOTO: Valentin Gatineau e Tess Jacob.
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO: Déia Lansky. PRODUÇÃO EXECUTIVA: Flávia Gay. ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Gabriela Monteiro. ASSISTENTE DE STYLING: Boda Lucay. ASSISTENTES DE
BELEZA: Sarah Carlier, Quelle Bester e Anaïs Kreib. HAIRSTYLIST: Pierre Saint Sever. ASSISTENTE DE HAIRSTYLIST: Angéle. NAIL ARTIST: Magda. MODELOS: Ana E. Esther Santos e Jadi Wegener
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Na toada gráfica, Valentina


Li cria traços duplos e
grossos nos olhos (com o
delineador Calligraphie na
cor Hyperblack 65). Nesta
produção, ela usa as
partículas de brilho de uma
sombra para suavizar o
desenho, depositando o
produto em cima dos traços e
no canto dos olhos. Todas as
peças usadas no editorial são
da coleção de Fine Jewelry
Coco Crush da CHANEL.
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beleza

bONS COMPaNHeIROS
convida seis personalidades para
dividireM seus segredos de beleza – e os produtos
que não podeM faltar eM seus nécessaires
fotos rafael evangelista
2

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BÁRBARA ÖBERG, editora de beleza e wellness da Vogue Brasil


“Por trabalhar com beleza há muito tempo, o meu nécessaire é
1. Peptide Glazing Fluid RHODE SKIN (US$ 30). 2. Flush Balm na cor volante, sempre tem um lançamento que estou testando. Porém,
Stockholm MERIT (US$ 30). 3.Tint multifuncional Flush PAISAGE
(R$ 109). 4. Plush Puddin Melão Kalahari FENTY BEAUTY (R$ 149). tem alguns itens que não abro mão e tem cadeira cativa aonde
5. Blush Iluminador Multifuncional CARE NATURAL BEAUTY quer que eu vá: escovinha com cerdas grossas e mais durinhas
(R$ 197). 6. Batom na cor Ruby Jimmy (€ 37) com case Coral Ceramic para fazer o meu amado coque, hidratante facial levinho, correti-
(€ 36) DRIES VAN NOTEN. 7. Óleo para o corpo Kaya Jungle
COSTA BRAZIL (US$ 98). 8. Sérum The Good C Vitamin C DR. vo, protetor solar, máscara de sobrancelha e blush. Já operei mila-
BARBARA STURM (US$ 160). 9. Máscara para Sobrancelha Realce gres com esses produtos, seja um look para um almoço informal
VIC BEAUTÉ (R$ 119). 10. Protetor solar Clear Stick WetForce
SHISEIDO (R$ 269). 11. Paula's Ibiza Eclectic LOEWE (R$ 1.050). ou uma produção para uma festa de gala. Como viajo muito a
12. Creme para mãos SARANGHAEYO (US$ 20). 13. Lip Glow Oil trabalho, tenho o costume de carregar produtos extras de marcas
na cor Pink Lilac DIOR (R$ 249). 14. Jelly Tint na cor Splash Berry nacionais para apresentar para outras jornalistas ao redor do mun-
MILK MAKEUP (US$ 24). 15. Sombra Ombre Essentielle CHANEL
(R$ 320). 16. Pó bronzeador Terracotta Marmo Sun Guerlain x Pucci do, como é o caso de Care Natural Beauty, Olera, Bruna Tavares,
GUERLAIN (R$ 639). 17. Eye & Lip Complex OLERA (R$ 350) Vic Beauté e Paisage, marcas que vale conhecer e ficar de olho.”
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1. Nécessaire FENDI (R$ 4.100).


2. Protetor solar Fusion Water ISDIN
SET DESIGN: Felipe Vieira Souza. PRODUÇÃO DE ARTE: Fi Ferreira.

(R$ 119). 3. Delineador Better Than Sex


TOO FACED (R$ 229). 4. Maracujá
Juicy Lip Crème TARTE (US$ 26).
5. Blush líquido Soft Pinch na cor Worth
12 RARE BEAUTY (R$ 169). 6. Leave-in
com proteção térmica GE BEAUTY
(R$ 95). 7. Perfume Santal 33 LE
LABO (R$ 2.165). 8. Baume des Muses
Ivory OFFICINE UNIVERSELLE
BULY (€ 40). 9. Cleansing Balm
Hidratante ELBO (R$ 169). 10. Sérum
Vinoperfect CAUDALIE (R$ 549).
11. Lápis Stylo Yeux na cor Or Rose
CHANEL (R$ 260). 12. Paleta de
sombras Handbag na cor No More
Drama RABANNE (R$ 299)

STEFANY PARK buyer NK Store “Gosto de usar maquiagens leves, por isso, priorizo os cuidados com a pele desde cedo. Sou
bastante disciplinada: nunca deixo de remover a maquiagem antes de dormir e aplico protetor solar diariamente – atualmente,
estou usando o Fusion Water, da Isdin. Apesar de preferir uma make mais sutil, adoro caprichar no blush, e o meu favorito do
momento é o Soft Pinch, da Rare Beauty. No verão, minhas sardas ficam mais intensas, e o sérum antimanchas Vinoperfect, da
Caudalie, tem sido um grande aliado para manter o tom da pele uniforme. Até minha dermatologista percebeu a diferença.”
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beleza

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1. Primer Parure Gold 24K GUERLAIN


(R$ 449). 2. Protetor solar Capital Soleil
VICHY (R$ 94). 3. Bolsa MIU MIU
(R$ 15 mil). 4. Gloss Bomb Heat na
cor Glass Slipper FENTY BEAUTY
(R$ 179). 5. Leave-in Absolut Repair
Molecular L’ORÉAL PROFESSIONNEL
(R$ 289). 6. Gloss Bomb Heat na cor Fenty
Glow FENTY BEAUTY (R$ 179)

ERIKA HILTON, deputada federal “Eu sou uma pessoa pública, a beleza para mim funciona inclusive como um mecanismo
de comunicação. Sou muito ligada nesse universo e adoro testar novos produtos. Protetor solar não preciso nem falar, é item in-
dispensável. Para mim, a versão com cor faz as vezes de base com maestria, além de trazer praticidade. Outro indispensável do
meu nécessaire é o primer Parure Gold 24K, da Guerlain, conheci por meio de um amigo maquiador e não larguei mais. Além de
nutrir a pele, ele proporciona uma luminosidade que deixa a maquiagem linda depois. Sempre tenho comigo também um gloss.”

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1. Blush Líquido Make Me Blush na cor Berry Bang


YVES SAINT LAURENT (US$ 39). 2. Máscara
de cílios Noir Allure CHANEL (R$ 370). 3. Pincel
Kabuki GUERLAIN (R$ 359). 4. Creme de mãos Le
Baume DIOR (R$ 549). 5. Batom Fabulous Kiss na
cor Red Carolina (R$ 189) com case na cor Vermelho
Confidential (R$ 130) e borla na cor Vermelho
(R$ 150) CAROLINA HERRERA. 6. Óleo Corporal
The Ritual of Karma RITUALS (€ 23). 7. Creme
noturno The Rejuvenating LA MER (R$ 3.699).
8. Livro Vita Contemplativa ou sobre a Inatividade por
Byung-Chul Han EDITORA VOZES (R$ 32).
9. Terre d'Hermès Vétiver HERMÈS (R$ 849).
10. Clutch 30 Montaigne DIOR (R$ 6.400)

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LUIZA BRUNET, atriz e modelo “Sou muito vaidosa e, sem-


pre que estou viajando, busco conhecer novidades. Um dos últi-
mos adendos para a minha coleção foi o blush Make Me Blush,
da Yves Saint Laurent. Sua fórmula tem um viço que é perfeito
para a pele madura – afinal, eu tenho 62 anos. Também adoro
óleos, principalmente aqueles com partículas de brilho. Mas meu
segredo do momento é o perfume Terre d’Hermès, da Hermès.
Apesar de ser masculino, ele é perfeito para mim.”
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beleza
1. Bolsa Nice BB na cor Indigo Blue
LOUIS VUITTON (R$ 8.350).
2. Hidratante labial na cor Amora
Shine NIVEA (R$ 26). 3. Livro
Futuro Ancestral por Ailton Krenak
COMPANHIA DAS LETRAS
(R$ 31). 4. Hidratante Cicaplast Baume
B5 LA ROCHE-POSAY (R$ 50).
5. Máscara de cílios Climax NARS
(R$ 199). 6. Sombra em bastão
Shadowstix na cor Cumin Get It
FENTY BEAUTY (R$ 149).
7. Gloss Bomb Stix na cor Riri
FENTY BEAUTY (R$ 169). 8. Gloss
Bomb Stix na cor Fu$$y FENTY
BEAUTY (R$ 169). 9. Pincel para
Sérum e Hidratante 001 M.A.C
3 COSMETICS (R$ 319). 10. Benetint
BENEFIT (R$ 175). 11. Massageador
facial Le Pétale Multi-Perlé
Prestige DIOR (R$ 969). 12. Creme
corporal Brazilian Bum Bum Cream
SOL DE JANEIRO (R$ 189)

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EMILLY NUNES, modelo “Sempre vi minha avó e minha mãe usarem produtos 7
de beleza, então fazer o meu autocuidado funciona quase como uma memória afetiva,
porque me lembra de casa. Por isso, desde sempre tenho um bom hidratante corporal
comigo. O meu favorito do momento é o Bum Bum Cream, da Sol de Janeiro, que
deixa a pele firme e iluminada. Gosto de maquiagem natural, então é indispensável
ter à mão itens que proporcionem esse efeito. Entre os que carrego comigo está o
Benetint, da Benefit, um liptint que pode ser usado nos lábios, bochechas e olhos.”

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1. Escova de cabelo N°01


L'Universelle Jaune LA
BONNE BROSSE
(R$ 1.600). 2. Máscara
de cílios Trait d'Hermès
HERMÈS (R$ 350).
3. Paleta de sombras
Les Beiges CHANEL
(R$ 535). 4. Colônia
Orange Blossom JO
MALONE (R$ 1.360).
1 5. Base Backstage DIOR
(R$ 325). 6. Óleo facial
Blue Orchid CLARINS
2 (R$ 450). 7. Óleo
3 capilar Elixir Ultime
4 KÉRASTASE (R$ 219).
8. Água micelar Sensibio
H2O BIODERMA
(R$ 62). 9. Creme
Advanced Night Repair
ESTÉE LAUDER
(R$ 649). 10. Sombra
Ombre Essentielle
5 CHANEL (R$ 320). 11.
Nécessaire CALL IT BY
YOUR NAME (R$ 900)

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STEPHANIE SCHULTZ-WENK, diretora criativa da Sauer “Gosto de ter produtos versáteis e multiúso no nécessaire.
Máscara de cílios e uma paleta de sombras curinga são fundamentais, porque conseguem transformar o visual com pouco esforço.
Minha dica é a máscara de cílios na cor Brun Bistre, da Hermès, um marrom que garante um efeito bonito e natural. Para mim,
beleza vai além da estética: é sobre como me sinto ao cuidar de mim mesma. Gosto de explorar produtos de skincare e descobrir
novas formas de melhorar a saúde da pele, por isso, minha rotina é minimalista e com poucas etapas.”
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beleza

Por trás
do glOss
A jornAdA de estAgiáriA dA à rAinhA de umA
mArcA bilionáriA pArece umA lendA corporAtivA. mAs,
como revelA emily Weiss, fundAdorA dA glossier, construir
umA mArcA gigAnte de beleZA não é nAdA simples

Q
Quando criança, me encostava na penteadeira do Vogue todos os dias me deu uma ideia: talvez houvesse um espaço para desvendar as
banheiro da minha avó, assistindo-a fazer skincare rotinas de beleza delas, quais produtos usavam e contar histórias reais. Em uma época
e esperando o momento em que ela me ofereceria em que o conteúdo de beleza era feito por especialistas ou em longos tutoriais no You-
alguns brindes da Clinique. Dez anos depois, eu Tube, algo me dizia que era necessário trazer um pouco de realismo e autenticidade
estaria, das 9h às 17h, nos corredores da Condé para o mercado – e foi assim que nasceu o Into the Gloss, predecessor da Glossier.
Nast, em Nova York, como estagiária ambiciosa Com minha formação em artes e amor pelo jornalismo, comprei uma câmera di-
e modesta da Teen Vogue – com o sonho de ser gital, registrei um domínio online e passei fins de semana fotografando minhas “mo-
editora-chefe de qualquer Vogue. delos”. Editava as transcrições das entrevistas entre 4h e 6h da manhã, durante a se-
Escrevo este texto em agosto de 2024 e acabo mana. Algumas das minhas primeiras personagens para The Top Shelf – uma série na
de voltar de um jantar nos Hamptons, organi- qual fotografava o interior dos armários de beleza das pessoas e pedia para falarem
zado pelas irmãs Margaret e Katherine Kleve- sobre o que usavam – foram Karlie Kloss, Julia Restoin Roitfeld e Emily Ratajkowski,
land, fundadoras-amigas da nova marca de que convenci por uma combinação de charme, referências e muitas promessas de
moda boho-chic Dôen. Ao redor de um jardim aprovação das fotos. O projeto decolou imediatamente, validando minha intuição de
repleto de hortênsias, vejo várias figuras do meu que as mulheres queriam experimentar a beleza de uma maneira mais autêntica.
passado, da beleza, da moda ou da mídia. A meu Um ano depois de equilibrar o trabalho na Vogue e a construção do Into the Gloss,
lado está o investidor de risco Nick Brown, ago- decidi que precisava me dedicar ao site em tempo integral, mas não antes de um dos
ra sócio de Natalie Massenet, fundadora do meus maiores ícones de beleza me fazer uma oferta inesperada: recebi uma ligação de
Net-a-Porter, e um dos investidores originais Bobbi Brown – sim, a própria Bobbi Brown – oferecendo uma posição de diretora
quando fundei a minha marca de beleza, a Glos- editorial em sua marca. Passar de assistente para um cargo sênior em uma das maiores
sier. Quando conversamos, ele me lembrou de marcas de beleza era um sonho, mas algo me dizia que devia seguir com o Into the Gloss.
alguns dos nossos primeiros papos, quando era Comecei montando uma equipe. Alugamos um escritório no SoHo, em Nova
constantemente questionada se a marca seria York (os fãs de longa data da Glossier podem lembrar que foi lá que tivemos nossa
relevante em dez anos. Lembro bem disso: o primeira pop-up), e começamos a criar conteúdo de beleza de excelência, não apenas
apoio financeiro dependia da resposta ser “sim”. no site, mas também no Instagram, que estava ainda em sua fase inicial e não era
Com 28 anos e cheia de coragem, foi o que res- uma ferramenta explorada pelas marcas. Sua capacidade de criar comunidade (uma
FOTOS: Divulgação e Reprodução Instagram

pondi. E, embora sempre tenha sonhado grande, palavra que hoje é usada de forma excessiva, mas na época tinha um significado
a verdade é que nunca imaginei que a Glossier genuíno) se alinhou perfeitamente com a minha ideia seguinte. Queríamos demo-
poderia chegar tão longe. cratizar a beleza com produtos da mais alta qualidade a preços acessíveis e construir
A jornada até a Glossier começou menos um estilo de vida alinhado à marca. Vislumbramos erguer uma marca na internet
como um grande plano de negócio e mais como para a internet, e o Instagram seria nosso campo de testes. A investidora Kirsten
uma intuição. Vamos iniciar a retrospectiva Green, da Forerunner Ventures, acreditou na ideia e investiu US$ 2 milhões.
com o blog Into the Gloss. Era 2010, eu tinha 24 Construímos a Glossier – o nome é uma homenagem ao meu amor pelas páginas
anos e era assistente de moda na Vogue, o tra- brilhantes de revistas de moda e pela palavra “dossier” – em tempo real com nossos
balho dos sonhos no início da carreira de mui- seguidores (que na época eram apenas cerca de 15 mil), compartilhando tudo, desde
tas pessoas que amam moda. embalagens, amostras de cores e até a escolha do rosa suave que se tornaria sinônimo
A lista de mulheres incríveis que passava pela da marca (e também de uma geração inteira), passando por mudanças de escritório,

92 VOgUE BrAsIl
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VOgUE BrAsIl 93

Da esquerda para a
direita, em sentido
horário, Emily Weiss,
fundadora da Glossier;
loja da Glossier em
Los Angeles; Emily e
sua filha Clara, de 2
anos; Emily durante
seu estágio na revista
Teen Vogue com Jane
Keltner de Valle

comprar as roupas que produzia para as modelos na Vogue. Mas


isso não veio sem adversidades. Meu primeiro casamento durou
menos de um ano. E de volta ao escritório, me sentia cada vez
menos “parte da equipe” e mais sozinha no topo.
Então veio a pandemia. Fomos forçados a fechar lojas. Tivemos
que tomar a difícil decisão de demitir todos os funcionários do
varejo. Foi devastador. Para que o negócio sobrevivesse, não tivemos
escolha. Sempre em constante diálogo com o público, sabíamos que
a comunidade não ficaria feliz com a nossa decisão. E, após a mor-
te de George Floyd, em maio de 2020, no auge do ressurgimento
do movimento Black Lives Matter nos Estados Unidos, uma
carta aberta dos nossos funcionários, publicada online, detalhando
categorias de produtos e fontes tipográficas. Pode parecer óbvio experiências racistas e tóxicas em nossas lojas, me atingiu mais do
dizer isso agora, mas sentíamos que deveríamos desenvolver a que qualquer outra coisa antes. Sempre nos orgulhamos de ser uma
marca através do conteúdo online, com a ideia de que, quando o marca inclusiva, mas falhamos. Não apenas desapontei nossa co-
produto finalmente estivesse disponível para compra, o consumidor munidade, mas também decepcionei amigos e funcionários.
sentisse que já sabia tudo sobre ele. Isso não era apenas uma jogada A confiança nos relacionamentos é construída tanto nos bons
de marketing, era sobre construir confiança. momentos quanto, mais importante ainda, na reparação dos erros.
Com uma dúzia de membros fundadores reunidos em torno de Vi outras empresas – muito maiores – se esconderem ou ficarem
um computador, na manhã de 6 de outubro de 2014, pressionamos em silêncio ao pisarem na bola. Esse não era o nosso estilo. Liguei
“publicar” no site da Glossier. Lançamos a marca com quatro pro- para 20 dos funcionários para entender o que havia acontecido e
dutos de cuidados com a pele, projetados para realçar, e não escon- como poderíamos corrigir isso. Contratamos um novo chefe de
der, quem você é. Uma seleção concisa em um universo de grifes RH e reescrevemos completamente o manual de treinamento e
com uma infinidade de produtos. Parecia radical. gestão de varejo. Reforçamos o apoio a empresas de beleza lide-
Então veio a máscara para sobrancelha Boy Brow, o blush radas por pessoas negras, comprometendo mais de US$ 2 milhões
Cloud Paint, o perfume Glossier You – produtos pioneiros que e centenas de horas de mentoria dos nossos executivos. O trabalho
geraram listas de espera de cerca de 10 mil pessoas, além de mo- para erguer um ecossistema mais equitativo dentro e fora dos
mentos icônicos como a abertura de flagships, que contou até com nossos ambientes nunca estará completo.
Serena Williams na inauguração, e Beyoncé usando nossa sombra Em 2021, aos 36 anos, quase dez anos após começar a construir
no Grammy. O que começou como uma marca na internet, com a Glossier, e agora com meu novo parceiro, Will, fiquei grávida da
900 pedidos no dia do lançamento, tornou-se, em 2019, um fe- minha primeira filha: um evento sísmico, que mudaria minha vida.
nômeno cultural avaliado em US$ 1,2 bilhão. De repente, passei E eu sabia que precisava criar espaço para isso. Então, decidi con-
de fotógrafa de grandes nomes a fotografada nas ruas do SoHo tratar um CEO e dar um passo para trás nas operações diárias.
para tirar selfies com fãs da Glossier. E, finalmente, consegui Deixar o trabalho que foi minha vida até então, assumir o papel de
presidente executiva e iniciar uma era como “mãe” foi um processo
delicado. Todos os grandes empresários de beleza que conheço, que
compartilharam suas histórias de mudanças de posição, me disse-
ram o quão sensível isso seria – mas ninguém me preparou para a
"Vislumbramos erguer uma reação da mídia. A enxurrada de críticas negativas sobre minha
MARCA na internet para decisão foi mais uma onda intensa para surfar.
Agora, sou presidente executiva do conselho da Glossier, e
a internet, e o Instagram seria Clara, minha filha, tem 2 anos. A poucos meses de completar 40,
estou abraçando uma vida mais tranquila. Às vezes, olho para trás
nosso CAMPO de testes" e sinto uma certa vertigem, trocando dias de reuniões de 12 horas
e voos internacionais por noites de 12 horas de cuidado e ama-
mentação. A chegada dela me fez perceber e me inspirou a enten-
der que, mesmo nesses momentos de aparente tranquilidade, é
- Emily Weiss possível haver grandes expansões. (Continua na página 160)
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PONTO
DE VISTA
POR VÍVIAN SOTOCÓRNO
94 VOGUE BRASIL
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VOGUE BRASIL 95

“A Vogue é minha casa”, disse Costanza


Pascolato ao chegar à Soho House, onde
aconteceram as fotos das páginas a seguir,
parte do complexo Cidade Matarazzo,
uma das famílias a ter acolhido os
Pascolato no Brasil. O marido de Virginia
Matarazzo era prisioneiro de guerra na
Itália e ela procurou Gabriella, mãe de
Costanza, para saber como havia sido pública diária” de hoje comporte
possível fugir com o marido e filhos para o facilmente ambas as opções, seja o terno
nosso país. Colunista da Vogue desde 1992, ou o agasalho, a moda passa por um
quando ingressou na revista com o cargo momento mais formal, que preza por um
de assessora de estilo, Costanza estrela vertir-se “com intenção”, como diz a
agora sua terceira capa para a publicação, própria Costanza: “Trata-se de deixar
que encerra este ano de 2024, além de ter um pouco de lado o supercasual para nos
sido cover star do primeiro livro da Vogue reconciliarmos com o fascínio e o prazer
Brasil, publicado no ano passado, e do de escolher a roupa”.
especial Vogue HStern de 2019, ao Não havia marca mais cool no início dos
completar 80 anos. A italiana radicada em anos 2000 que a Raia de Goeye, com suas
São Paulo chegou com cabelo e maquiagem duas jovens estilistas de 20 e poucos anos
prontos, feitos por ela mesma (e retocados (Paula Raia vindo da Mixed, Fernanda de
por Helder Rodrigues), assim como os faz Goeye, da Daslu Basic) que refletiam o
diariamente ao acordar, e vestiu looks lifestyle da paulistana contemporânea em
festivos de marcas brasileiras como Paula calças de cavalo baixo e minissaias. Se,
Raia, Apartamento 03 e De Goeye. juntas, foram imbatíveis por uma década e
O clima que flerta com a festa também inspiraram toda uma geração de jovens
dá o tom de Out of Office, a estreia do mulheres a querer trilhar uma carreira na
stylist Marcell Maia em nossos editoriais. moda como elas, separadas também
Na moda clicada por Mariana Maltoni, o seguiram brilhando. Após um período
guarda-roupa do escritório caminha para prestando consultoria, Fernanda há sete
a confraternização por meio de anos lançou a marca que leva seu
minicomprimentos, pele à mostra e sobrenome, em clima mais low profile. Em
volumes estruturados. “Um terno leve é Renascimento, a estilista fala à redatora-chefe
tão prático quanto um agasalho esportivo, Maria Laura Neves sobre seu ritmo próprio
mas, na vida pública diária, é muito mais e a roupa superelaborada que é desenvolvida
apropriado”, disse certa vez Giorgio no ateliê da De Goeye, apresentada pela
Armani, que surgiu nos anos 1980 com primeira vez em um desfile algumas
uma versão mais descomplicada do power semanas atrás, que levou nove meses de
dressing da época. Ainda que a “vida planejamento. E que venha 2025!
*
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a maiOr
Vinda ao Brasil fugindo de uma itália
destruída pela guerra, Costanza
pasColato Começou a pegar no Batente
aos 35 anos, se Casou três Vezes, VenCeu
três CânCeres e Viu o amor da sua Vida
morrer em seus Braços. aos 85, é a
maior autoridade da moda Brasileira. em
resposta a profissionais da indústria
naCional, fala soBre elegânCia,
identidade e eVolução do amBiente digital

por VíVIAN SOTOCóRNO fotos BOB WOLFENSON edição de moda RITA LAZZAROTTI
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Fotografada na Soho House, em São


Paulo, Costanza Pascolato veste casaco
(R$ 3.980), colete (R$ 2.590) e
calça (R$ 3.980), tudo PAULA RAIA,
brincos FLAVIA MADEIRA, anéis
SWAROVSKI (R$ 1.500) e PRASI
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Colete e saia APARtAMEntO 03, blusa


IntIMISSIMI (R$ 279), brincos e colar, HStERn
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d
na página anterior,
casaco PAULA RAIA,
blusa IntIMISSIMI
(R$ 279) e colar SAUER

De quantas pessoas na moda podemos dizer hoje


se tratar de uma unanimidade? Costanza Maria
teresa Ida Clotilde Giuseppina Pallavicini
Pascolato é uma dessas almas raras. E, lição mais
importante: assim como se constroem as histórias
dessas figuras míticas, ela não chegou ao posto de Vinda de uma família ligada à intelectualidade (a bisavó paterna concebeu a
profissional mais respeitada da indústria brasilei- primeira biblioteca italiana para mulheres; os Pascolato foram uns dos fundadores
ra fazendo o que se esperava dela, muito pelo da Bienal de Veneza; a tia-avó publicou vários livros e trabalhou como professora
contrário. Conquistou tal admiração indo atrás da Ca’ Foscari, a universidade mais antiga da Itália, onde a mãe de Costanza,
da própria verdade – e deixou muita gente des- fluente em seis idiomas, também se formou), Costanza não viveu uma vida comum.
gostosa pelo caminho. “Desde o começo da vida, Desembarcou no Brasil aos 5 anos fugindo de um continente destroçado pela
me esforcei para fazer o contrário do que me di- guerra, após cruzar clandestinamente ao lado da mãe as fronteiras que dividem a
ziam. Procurava ler o que não devia, fazer o que Itália e a Suíça e passar 40 dias em um asilo de refugiados, período do qual ela
não podia. não era aprovada dentro da família, ainda guarda memórias. Enquanto era casada com Robert, organizava jantares
mas vivia as experiências necessárias para um ser para banqueiros e políticos e, em nova York, conviveu com truman Capote e Andy
humano se tornar mais interessante”, diz. Warhol. Seu terceiro casamento (com o produtor musical nelson Motta) aconteceu
nascida em Siena, em uma família aristo- aos quase 60 anos, em uma igreja gospel do Harlem (nY) apadrinhada por ele, no
crática, e tendo vivido seus primeiros anos em qual ela usou um vestido marfim acinzentado de Gloria Coelho e meia-calça pe-
um palazzo em Veneza, foi uma adolescente rolada. Aos 17 anos, foi convidada (e impedida por sua mãe) por Emilio Pucci,
que só estudava o que queria e matava aulas amigo de seu pai, para trabalhar com o estilista na Itália, após Pucci ter visto, em
para frequentar museus, pintar e ir ao cinema, uma visita aos Pascolato no Brasil, os desenhos que Costanza fizera nas aulas de
o que lhe custou dois anos repetidos no colégio artes plásticas que cursou na FAAP.
paulistano Dante Alighieri. Abandonou o pri- Até o começo dos anos 1970, revistas brasileiras como Claudia e Desfile (a Vogue
meiro marido (o banqueiro, filho de pais ame- foi lançada em 1975) importavam matérias de moda de agências internacionais. Com
ricanos e braço direito de David Rockefeller no a indústria da confecção começando a crescer no Brasil, passou-se a fotografar por
Brasil, Robert Blocker) por um marquês italia- aqui. Costanza rodou o país produzindo editoriais para a Claudia e a Claudia Moda.
no também casado, Giulio Cattaneo della Vol- Anos depois, quando sua mãe, Gabriella Pascolato, precisou diminuir o ritmo para
ta, pelo qual se apaixonou perdidamente e com cuidar do marido no fim da vida, Costanza trocou o trabalho como editora por uma
quem a princípio manteve um caso, culminan- coluna na revista e passou a ajudá-la com a Santaconstancia, tecelagem fundada por
do na perda da guarda de suas duas filhas por Gabriella em 1948 e cuja participação Costanza vendeu ao irmão em 2017. Quando
quatro anos, no fato de ter sido deserdada pelos ingressou na Claudia, passou a devorar livros de moda que trazia das viagens à Eu-
pais (para obrigá-la a voltar para Robert) e em ropa e, a partir dali, entendeu mais profundamente como, para muito além de uma
um período sem que a mãe falasse com ela. sucessão de tendências, a moda é reflexo de uma sociedade. Foi escrevendo sobre tal
Mas Giulio foi o grande amor da sua vida, que ela (que segue fanática não apenas por livros, mas por todo conteúdo relaciona-
com quem ela passou 21 anos, até sua súbita do à moda; não há uma matéria do Business of Fashion que eu comente que ela não
morte por uma doença coronária nos braços de tenha lido) chegou à Folha de S.Paulo, onde assinava uma coluna e, nos anos 1990, à
Costanza. Foi para provar às filhas que não era Vogue, com a qual colabora há mais de três décadas.
uma pessoa superficial que começou a trabalhar, Aos 85 anos, Costanza acaba de enfrentar pela terceira vez um câncer de
aos 35 anos, iniciando na revista Claudia como mama, descoberto no seu início, e uma fratura em um osso do quadril, ocor-
produtora de decoração, tendo que ouvir de uma rida durante um procedimento para retirada do tumor. Ao mesmo tempo,
companheira de redação que, enquanto “dondo- segue trabalhando, curiosíssima e nos surpreendendo. “Ao longo do último
ca”, estava roubando o lugar de quem realmente ano, realmente senti que envelheci, como se fossem cinco anos em um. Mas
precisava daquele emprego (“sem medo ou ci- estou fazendo força para continuar funcionando e, sobretudo, ter a cabeça aqui.
nismo, respondi que naquele momento também É ela que nos guia, o mais importante.” Abaixo, 22 figuras da moda brasileira
precisava trabalhar para ganhar meu pão”). dividem as perguntas que sempre quiseram fazer a Costanza.
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O que mais te motiva na vida? Qual sua dica para mente. A demanda de fashionistas que procuram looks ousados
chegar bem aos 85? (Gisele Bündchen, modelo) para aparecer nas redes sociais não existia 25 anos atrás. Aproveito
“O que mais me motiva é viver o melhor possível esse tempo que e deixo à nova geração um conselho que dou para minha filha: ‘tome
é a minha vida, e que eu considero um presente. E a principal cuidado, não se deixe acreditar que você é o que está mostrando.
dica é que cada um cuide bem de si, não faça algo que lhe pre- Aquilo não é uma verdade, é só uma projeção’.”
judique. Eu como direito, procuro fazer o mínimo, nunca me
droguei porque achava uma perda de tempo. Por que eu iria Acho você muito chique e sempre tive a curiosidade de saber se
estragar meu corpo ou a mim mesma?” dorme de cabelos soltos ou presos. (Lenny Niemeyer, estilista)
“Soltos. Arrumar meu cabelo e fazer a maquiagem ao acordar é
Você é religiosa? (Isa Silva, estilista) uma das coisas que mais me tomam tempo, 1h30, diariamente.
“Sou católica, mas, na verdade, depois que o Giulio morreu no Gasto 20 minutos para fazer os olhos e 10 para tirar, no fim do
meu colo entendi que somos uma força vital, uma energia, par- dia. O mais importante é a limpeza, que permitiu minha pele
te do universo. Passei a ler [Baruch] Spinoza, o filósofo que chegar bem até aqui. Ando dando um descanso aos cabelos quan-
acredita que Deus e a natureza são o mesmo.” do não saio de casa aos finais de semana. Aproveito para escová-los
várias vezes, em todas as direções, o que minha avó fazia.”
Como gostaria de reencarnar?
(Paula Merlo, diretora de conteúdo da Vogue) Assim como a roupa, a maquiagem é sua segunda pele.
“Como eu mesma, que nessa eu já tenho prática.” Quem você deixa te ver de cara lavada?
(Lilian Pacce, curadora, jornalista e escritora)
Ter como mãe uma mulher especial como dona “Minha família, funcionárias que trabalham em casa há décadas
Gabriella foi uma preocupação de alguma forma? e, claro, uma equipe médica. Minhas filhas me veem pouco sem
(Lino Villaventura, estilista) maquiagem e brincam quando veem.”
“Minha mãe é um exemplo, mas sempre soube que eu era muito
diferente dela. na escola, eu era boa em filosofia, línguas, história Existe algum item ou tendência de moda que gostaria que
e só. Era inclusive considerada meio tonta. Já minha mãe se for- nunca tivesse existido? E uma que estivesse sempre em alta?
mou na faculdade em uma época que seus pais nem queriam que (Gessica Kayane, influenciadora)
ela a frequentasse. nunca criei uma expectativa de ser ‘tão boa “nos anos 1980, não gostava daqueles ombros gigantescos, ao
quanto ela’. Procurei um lugar para mim, diferente do dela.” estilo Montana, achava um pouco forçado. tinha seu lado ba-
cana por ser uma questão da afirmação das mulheres no merca-
O que você pensou na primeira vez que me viu? (Consuelo do de trabalho, mas pessoalmente nunca gostei de nada muito
Blocker, influenciadora, primogênita de Costanza e coautora do caricato. Do outro lado, sempre fui fã do minimalismo, desde
livro O Fio da Trama) a versão dos japoneses nos anos 1980, porque tem as caracterís-
“Entendi que eu era uma pessoa, que tinha gerado uma criatu- ticas da elegância como base. É bacana, é discreto. É algo um
ra. Me senti completa pela primeira vez. E fiquei muito emo- pouco mais intelectual e adquiriu diversas facetas ao longo da
cionada. Mas foi um parto difícil, porque você nasceu com história. Passei vários anos vestindo os japoneses e era fã também
4,75 kg. nossa Senhora!” do italiano Romeo Gigli. Seu desfile de estreia em Paris, em
1989, após despontar pelas mãos de Carla Sozzani e de sua
Que roupa usaria se te chamassem para uma multimarcas Corso Como, foi uma das apresentações que mais
festa em Marte? (Paula Raia, estilista) me emocionou na vida. Com sua roupa feita no corpo da pessoa,
“Uma que me permitisse sobreviver em Marte, pois imagino e não no molde, e seus tecidos indianos maravilhosos, foi aplau-
que seria necessário um aparato especial.” dido de pé durante 20 minutos.”

Quando você fez um vestido sob medida pela


primeira vez e como eram as modistas na época?
(Reinaldo Lourenço, estilista e ex-assistente de Costanza)
“Quando criança e adolescente, fazíamos nossas roupas em casa
com a costureira da família, era assim que funcionava na época.
"Vejo coisas interessantes vindas
na minha festa de 15 anos, usei um vestido cujo molde era do de EStILIStAS menores, mais
Christian Dior. nos anos 1950, era costume que as grandes
marcas de luxo revendessem os moldes de suas criações, depois do que de marcas maiores e mais
de seis meses de terem sido lançadas. Foi assim que os Estados
Unidos passaram a fazer prêt-à-porter, a partir de tais moldes comerciais. Sou OtIMIStA, acho
da alta-costura.”
que o Brasil ainda vai acontecer, é
Faz 25 anos que você lançou O Essencial, seu best-seller
de estilo e etiqueta. Que capítulos você reconsideraria
um país muito JOVEM”
hoje? (Bruno Astuto, colunista da Vogue)
“Falaria sobre a questão de como se colocar para o público digital-
mente, sobre essa nova maneira de se projetar no mundo estetica- - Costanza Pascolato
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Casaco, blusa e saia, tudo


DE GOEYE, brincos, bracelete
e anel, tudo PRASI, e sapatos
MAnOLItA (R$ 1.581)
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Qual foi a maior mentira que contou?


(Maria Laura Neves, redatora-chefe da Vogue)
“Dizer que nunca contei nenhuma mentira.”

Teve vontade de fazer carreira internacional?


(Flavia Lafer, stylist)
“não tive. tive a sorte de começar minha carreira no Brasil no
momento de desenvolvimento da indústria da confecção. Foi
muito bom poder acompanhar essa evolução, eu me interessava
pelo fato de ela acontecer onde vivo e de estar envolvida.”

Quem foi a pessoa que mais te surpreendeu quando você co- Para você, a moda tem um papel político?
nheceu ao vivo? (Vívian Sotocórno, diretora de moda da Vogue) (Marco Normando, diretor criativo da Normando)
“Giorgio Armani, por sua gentileza. no fim dos anos 1980, a “Acho um contrassenso a quantidade de modelos que são criados
Claudia me pediu um editorial em Milão e pedi à marca Armani hoje a cada coleção. Deveríamos pensar em uma moda que
que me emprestasse as roupas. Giorgio me recebeu pessoalmen- durasse, que o consumidor usasse por um bom tempo, deixasse
te. Disse que gostava da maneira como eu me vestia e passou a me um pouco de lado e depois passasse a usar de novo. Porque, do
convidar para festas em sua casa. Dois anos atrás, ele me viu no contrário, é encher de mais coisa inútil um mundo que já está
nobu (restaurante dentro do Hotel Armani, em Milão) e pergun- lotado. Mas, infelizmente, para tal, teríamos que mudar todo o
tou: ‘Dove sono i tuoi occhi?’ (cadê seus olhos?), me pedindo para nosso conceito enquanto indústria.”
tirar os óculos e ver meus olhos, pois os achava bonitos.”
Você viu todos os movimentos modernos da moda brasileira
O que você mais valoriza nos seus amigos? e até hoje se discute a tal identidade nacional. Como acha que
(Alice Coy, editora de moda da Vogue) a cultura da efemeridade e a nossa síndrome de vira-lata
“Fidelidade. tenho amigas que conheço há mais de 40 anos e contribuem para o esvaziamento da moda brasileira? (Thomaz
que nunca deixaram de ser fiéis. não que elas concordassem Azulay, diretor criativo da The Paradise)
com tudo que eu fazia, mas elas entendiam por que eu havia “A identidade de moda brasileira não é um modelo. Ela tem que
feito e estavam lá por mim.” acompanhar muito mais o lifestyle do que efetivamente a questão
estética. A estética pode seguir o que o criador faz melhor, mas ele
Na primeira vez que esteve no backstage de um desfile meu, tem que identificar o estilo de vida da pessoa que vai comprar, tra-
no fim dos anos 1990, você elogiou e, com sua discrição, me balhar pensando em quem vai atender. É básico e pouca gente faz.”
fez observações pontuais e assertivas ao pé do ouvido.
O que, nesses anos, se confirmou e o que a surpreendeu na Como definiria o próximo momento que
trajetória da moda brasileira? (Oskar Metsavaht, diretor cria- viveremos na moda e no mercado?
tivo e fundador da Osklen) (Paulo Borges, sócio-criador e fundador do São Paulo Fashion Week)
“também me lembro desse encontro. Achei interessante que a “O futuro é dos nichos. Ao invés de tentar abraçar todo mundo,
Osklen era a primeira marca a assumir o fato de ser brasileira, as marcas se dividirão por nichos de personalidade que servem
a criar algo ligado ao lifestyle do nosso país. A moda brasileira, a um grupo específico. Para abraçar todo mundo, só as ‘Sheins’,
para mim, é recortada. Ela representa, a cada momento, o mo- que têm a possibilidade de lançar infinitos produtos e já ir tiran-
mento industrial e econômico que o país vive. Então, meio que do de cartaz o que não dá certo.”
sempre quebra e recomeça. É um work in progress. Hoje, vejo
coisas interessantes vindas de estilistas menores, mais do que de Como enxerga a evolução da moda no ambiente digital?
marcas maiores e mais comerciais. Sou otimista, acho que o (Sônia Gonçalves, relações-públicas)
Brasil ainda vai acontecer, é um país muito jovem.” “A internet mudou o curso da história por conta de sua ampli-
tude. A inteligência artificial será radical também, nem sabemos
Como consumidora, você leva em consideração o quanto. Imagino que se tratará de algo gigantesco, me sinto
a coerência do criador e da criação? inclusive incomodada ao pensar.”
(Airon Martin, fundador e diretor criativo da Misci)
“Para mim, sempre foi importante saber como o criador pensa. Neste mundo de estilos e comportamentos pulverizados, você
Quando você compra na COS, como também compro, pode não conseguiria fazer uma lista de dez pessoas bem-vestidas e
ter importância: ali se trata de uma coisa prática, minimalista, mais elegantes? Que critérios usaria? Fui solicitada a fazer uma
ou menos acessível, que se adapta a todos os looks. Mas, quando lista dessas e, confesso, não consegui!
você compra de uma marca com estilo, faz diferença. Já comprei (Gloria Kalil, consultora de moda)
muito da Prada pois se tratava de uma filosofia. A senhora Prada, “também não conseguiria, mesmo porque não sei se acredito
para mim, representava uma mulher independente que fazia os em tudo sobre as pessoas que conheço apenas pela internet. Mas
looks do jeito dela. tenho peças há 15 anos, que ainda uso. Hoje, considero elegante quem tem personalidade, quem veste uma
a maioria das marcas está em busca de identidade. Difícil seguir roupa que tem a sua cara. Uma pessoa que é muito natural den-
algo quando a própria marca ainda não se encontrou.” tro da sua história, que não parece estar fazendo força.”
*
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Casaco DE GOEYE, blusa IntIMISSIMI (R$ 279),


saia CRIS BARROS (R$ 8.542), brincos e bracelete
CARtIER e sapatos MAnOLItA (R$ 896)

ASSIStEntES DE FOtO: Augusto Jordão e Marina


toledo. PRODUÇÃO EXECUtIVA: Déia Lansky.
PRODUÇÃO DE MODA: Ana Carolina Mari-
ano e Rafael tatsuo. CAMAREIRA: Dulce Barbosa.
BELEZA: Helder Rodrigues com produtos Guerlain
e Keune. ASSIStEntE DE BELEZA: Adriel Lucas.
tRAtAMEntO DE IMAGEM: Thiago Auge.
AGRADECIMEntOS: Soho House São Paulo
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Fotos MARiAnA MAltoni edição de moda MARcell MAiA

o guarda-roupa do escritório
adequa-se à noite graças aos volumes
estruturados e alFaiataria impecável
num movimento que bagunça as
Fronteiras entre trabalho e diversão
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Jennifer Matias usa


blazer (R$ 4.850), colete
(R$ 1.840), camisa
(R$ 890) e gravata
(R$ 530), tudo BOSS,
calça PRADA (R$ 13 mil).
Prendedor de gravata
(R$ 80), brechó MINHA
AVÓ TINHA e sapatos
MIU MIU (R$ 8.200)
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Trench coat de couro YSL


(R$ 24.999) no brechó TRASH
CHIC, trench coat BURBERRY
(R$ 3.600) no brechó MINHA AVÓ
TINHA, blazer e calça RALPH
LAUREN (R$ 1.480) no brechó
FROU FROU, camisa (R$ 1.895)
REINALDO LOURENÇO e
cinto LUCAS LEÃO (R$ 300).
Bolsa FENDI (R$ 40.500) e sapatos
(R$ 690) EURICO. Na página ao
lado, blazer (R$ 12.500) e camisa
(R$ 990) NORMANDO, gravata
DIOR (R$ 250) e prendedor de
gravata (R$ 80) brechó MINHA
AVÓ TINHA, calcinha (R$ 358)
FRANCESCA. Óculos (R$ 3.700)
PUCCI na Ótica Marcolin
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Blazer, saia, bolsa e sapatos,


tudo MAGDA BUTRYM. Na
página ao lado, camisa (R$ 690),
colete (R$ 2.100) e gravata
(R$ 399), tudo DOD. Chapéu
YOHJI YAMAMOTO
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Gravata FERRAGAMO (R$ 389) no brechó


FROU FROU e bolsa FERRAGAMO
(R$ 16.500). Na página ao lado, casaco
FRANCESCA (R$ 5.998), camisa
WELSON PRADO (R$ 370). Pasta
MONTBLANC (R$ 13 mil)
e sapatos EURICO (R$ 690)
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Blazer, colete e calça, tudo THE


FRANKIE SHOP, camisa YSL
(R$ 858) no brechó FROU FROU,
gravata RICERCHE DI ENRICO
COVERI (R$ 80) no brechó MINHA
AVÓ TINHA e bolsa BURBERRY
(R$ 16.350). Na página ao lado,
casaco (R$ 7.500), camisa (R$ 5.500)
e calça (R$ 4.650), tudo EMPORIO
ARMANI. Gravata GUCCI
(R$ 250) e suspensório (R$ 80) no
brechó MINHA AVÓ TINHA
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Blazer (R$ 16.500),


saia (R$ 10.500), meia
(R$ 1.400) e sapato
(R$ 7.970), tudo GUCCI.
Na página ao lado, trench
coat THE ATTICO, camisa
STEVEN PASSARO,
gravata BOSS (R$ 530),
calcinha EGREY (R$ 329)
e meia UOMO (R$ 59).
Prendedor de gravata
(R$ 80) no brechó MINHA
AVÓ TINHA e sapatos
EURICO (R$ 690)
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Blazer (R$ 9.000), cinto (R$ 300),


camisa (R$ 1.200) e calça (R$ 1.600),
tudo LUCAS LEÃO. Gravata DIOR
(R$ 350) no brechó TRASH CHIC e
sapatos EURICO (R$ 690). Na página
ao lado, casaqueto, camisa, gravata e
sapatos, tudo DOLCE & GABBANA

ASSISTENTES DE FOTO:
Renan Silveiro e Naelson de Castro.
PRODUÇÃO DE MODA: Layse
Araújo, Kauany Valin e Paula Santiago.
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Flavia
Fraccaroli. BELEZA: Silvio Giorgio
com produtos Dior Beauty e Keune
Haircosmetics. ASSISTENTE
DE BELEZA: Julia Boeno.
CAMAREIRA: Amanda Câmara.
COSTUREIRA: Silvana Moura.
TRATAMENTO DE IMAGEM:
Studio Bruno Rezende
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Isabela veste camisa em musseline de seda e calça em


cetim, e Amira veste vestido em malha e gola de couro
em técnica macramê. Na página ao lado, Natiele usa
vestido furta-cor em tecido fluido, Gabrielle usa vestido
em renda de algodão com gola removível, e Fernanda
veste top e saia em algodão. Todas as modelos usam
botas de neoprene com couro e joias HECTOR
ALBERTAZZI em parceria com DE GOEYE

renascimento
sete anos dePois de Fundar a marca Que leva seu
sobrenome, Fernanda de goeye decidiu desFilar
Pela Primeira vez suas soFisticadas criações,
donas de uma sensualidade nada óbvia. à vogue,
ela conta os altos e baixos de uma trajetória
Que culminaram em um show aPoteótico
Por Maria Laura Neves Fotos heNrique geNdre styling ZaZá Pecego
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n
beli Fontana, Ana Claudia Michels. “Não queria apenas as mo-
delos novinhas, mas mulheres como nós, que fazem parte da
nossa história”, conta Fernanda. O show terminou com um en-
cerramento emocionante, as modelos posicionadas na arquiban-
cada, ao som da guitarra de “A Minha Menina” dos Mutantes,
formando um degradê boho ultrassofisticado dentro de um ícone
arquitetônico em uma noite chuvosa de São Paulo.
“Eu não trabalho com coleções, então a ideia de fazer um
desfile não era muito fácil”, diz a estilista, que atua com entradas
mensais de produtos na loja e precisou congelá-las por alguns
meses para reunir um corpo suficientemente grande de lançamen-
tos para a passarela. “Quando decidi abrir a De Goeye, há sete
anos, queria fazer uma coisa diferente, que não existia no merca-
Na semana que antecedeu o primeiro desfile da do nacional. Um produto de altíssima qualidade, com tecido in-
De Goeye, Fernanda, diretora criativa da marca crível, uma roupa que quase que concorresse com o importado.
que leva seu sobrenome, não dormiu. “Nos dias Superelaboradas, feitas no corpo, com uma modelagem compli-
finais, a gente fez a edição das roupas e eu voltava cada. Era um modelo de negócio que não existia. E como todo
para casa e ficava pensando e repensando o que novo modelo de negócio, demora para dar certo.”
mudar. Fiquei bem nervosa”, me disse a estilista No empenho de fazer a marca vingar, Fernanda conta que há
em uma conversa por Zoom, cigarrinho em riste. quatro anos decidiu chamar um coach para ajudá-la. Entendeu,
“Estava estressada. No dia do desfile, horas antes, naquele momento, que precisava estruturar a produção: capacitar
fui para a loja. Lá, tenho um cristal gigante no a mão de obra e remunerá-la acima da prática do mercado.
jardim, presente da minha mãe na inauguração, “O processo na De Goeye todo é complexo. Para se ter uma ideia,
e, por sugestão de uma pessoa que trabalha co- temos uma parte do ateliê responsável só pelos acabamentos.”
migo, decidimos lavá-lo naquele dia. Fazia muito Como não trabalha com coleções ligadas às estações, não trabalha
tempo que não o limpava. Pegamos sal grosso, também com liquidações. “É uma roupa versátil, que pode ser
vassoura e água e foi impressionante: depois da
limpeza, parece que renasci. Tirou toda a tensão,
fiquei calma.” Do Jardim Paulistano, onde fica a
De Goeye, seguiu para o estádio do Pacaembu,
onde o show aconteceu. Aquele seria o primeiro
da marca em seus sete anos de história, um pro-
jeto que começou a ser gestado há quatro. “De-
morei muito a querer fazer um desfile. E sempre
dizia que o dia em que o fizesse, seria um baita de
um desfile. Há nove meses colocamos o plano em
ação. Deu um trabalho do cão.” Quando Carol
Trentini abriu a passarela, Fernanda respirou
aliviada. Começava ali um dos desfiles mais icô-
nicos da moda nacional contemporânea.
“Fiquei arrepiada e passei o tempo todo as-
sim. É só na passarela que se vê o conjunto do
trabalho”, diz a estilista. “É uma adrenalina
muito boa.” Vários fatores contribuíram para o
sucesso. A locação inédita: uma quadra de tênis
de saibro com escadarias e vitral dentro do com-
plexo de lazer do estádio do Pacaembu, um íco-
ne da arquitetura paulistana. As cores do saibro
em harmonia com a cartela das roupas marcada
pelos terrosos, azuis e verdes. Os recortes geo-
métricos e os tecidos nobres que são a marca
registrada da estilista, em consonância com as
linhas da construção. Na passarela, os looks
encadeados em uma variação de texturas, as
silhuetas esvoaçantes, um vestido plissado levís-
simo em efeito furta-cor e brilhante (registrado
na foto de abertura desta matéria). Além do
espetáculo visual, o casting era estrelado: desfi-
laram Shirley Mallmann, Carol Trentini, Isa-
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Amira usa vestido de organza


construído em tiras de laser, e
Gabrielle veste macacão em
Elessendae
tear. Nanum dusdanis
página as
ao lado,
autativeste
Isabela doluptasimus
top, lenço sum re
e calça
emdolum est,laser,
técnica non eexNatiele
eosa eium
usa
audipsuntio.Bus,
vestido em renda confectorunu
de algodão
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usada em uma festa ou na praia, dependendo de como é estilizada.


E quero que a minha cliente que comprou uma calça há três anos
entre na loja hoje e possa levar algo que combine com ela.”
Hoje, Fernanda vende suas peças somente na loja do Jardim
Paulistano. Por opção, não trabalha com multimarcas nem tem
um e-commerce estruturado. Conversa com uma mulher chique,
contemporânea e sexy. A sua sensualidade, no entanto, não é es-
tereotipada ou masculinizada. Foge das roupas justas, dos mini-
comprimentos e das modelagens que tantas vezes nos deixam desfiles das grandes grifes internacionais. “Não tem jeito, o que
desconfortáveis. Defende que roupas largas podem gerar mistério você vê, contamina”, diz. A lição ela tirou dos tempos em que
e, para isso, investe em recortes estratégicos e proporções milime- trabalhou na Daslu, na companhia de Eliana Tranchesi, e onde
tricamente calculadas. “Não precisamos mostrar o corpo inteiro era responsável pelo criativo da linha Daslu Basic. “Quando a
para ser sexy. A beleza não está totalmente ligada à exibição do Donata [Meirelles] ficou grávida, passei a fazer compras com a
corpo. É difícil, mas a gente vem para quebrar esses paradigmas”, Eliana, e assisti aos desfiles e visitei os showrooms das marcas
diz a estilista. “Faço recortes na costela, por exemplo, onde nin- internacionais. Não tem como não ficar no seu subconsciente.
guém tem muito o que esconder. Quero que a mulher se sinta bem Aquilo acabou com o meu criativo”, conta, aos risos. O ingresso
com a minha roupa.” É claro que essa cliente é poderosa. “Acredi- na Daslu aconteceu a convite da própria Eliana, que ao ver o su-
tamos que a mulher que nos veste é contemporânea, trabalha e sai cesso que a Les Filós fazia com adolescentes em São Paulo, deci-
à noite com a mesma roupa. Ela faz um investimento mas usa diu chamar Fernanda, então com 17 anos, para criar uma linha
muito nossas peças. Liga para modelagem e design, tem cultura concorrente. “Eu trabalhava como vendedora no shopping Igua-
de moda. É uma roupa que, quando você veste fora do Brasil, todo temi, um emprego que arrumei aos 15 anos depois de uma briga
mundo para para perguntar de onde é”, diz Fernanda. com meu pai. Ela me ligou e disse: ‘ faça tudo aquilo que você
Parte do novo conceito de negócio imaginado pela fundadora gostaria de vestir’.” Começamos com mil peças e, cinco anos
incluía, justamente, não trabalhar com tendências. “Além da depois, representava 60% do faturamento da Daslu.
geometria, das plantas e da botânica, são os tecidos que me ins- Fernanda conta que deixou a multimarcas para cuidar da
piram. Parto sempre do material”, diz a estilista, que identificou saúde mental. “Foi uma grande escola, aprendi que uma roupa
na “coleção” desfilada, padrões que remetiam a um tema galático. precisa ser trabalhada à exaustão e como uma peça pode fun-
Em busca de material e inspiração, percorre feiras e visita forne- cionar para diferentes mulheres. Mas eu só trabalhava, não
cedores na Itália, França, Índia, e evita a qualquer custo assistir a tinha mais amigos aos 22 anos. Tive uma crise de pânico e
resolvi sair.” Foi, então, estudar moda no Fashion Institute of
Technology, em Nova York. Na volta, montou a Raya de Go-
eye, com a melhor amiga Paula Raia. “E foi o que foi”, diz
sobre a marca-desejo que vestia todas as fashionistas paulista-
nas no início dos anos 2000. Em 2010, encerraram a parceria.
“A Raia de Goeye foi um grande feito meu e da Paula, uma
escola, o lugar onde aprendi a ter a própria marca. Mas tínha-
mos pontos de vista diferentes e tive um esgotamento criativo.
Eu tinha me casado e engravidado e, como sou muito intensa,
entendi que não daria conta de tudo. Algo ficaria de fora, e
seria meu filho”, diz. Foi trabalhar como consultora de estilo
para grifes como Adriana Degreas, em um ritmo mais suave.
Não demorou para a irmã, Renata de Goeye, começar a insistir
para que Fernanda voltasse a ter uma marca. “Logo que fechamos
a Raia de Goeye, fiquei aliviada. Mas depois de um tempo, não
sabia como voltar. Tinha uma cobrança muito grande, medo de
não alcançar o sucesso que tivemos ali.” Em 2017 e com a ajuda de
uma terceira irmã, Claudia, lançaram a marca da qual Renata e
Fernanda são sócias e que leva o sobrenome da família (o bisavô
delas, Enrique, fundou uma butique de artigos de luxo com este
nome no Centro de São Paulo e trouxe marcas como Hermès e
Piaget para o Brasil). Alinhadas com o propósito de excelência que
faz parte do DNA da família, tinham como objetivo levar luxo e
sofisticação para o mercado de slow fashion. As irmãs seguem no
comando da marca. As conquistas vieram, e hoje a De Goeye tem
57 funcionários, 24 deles dedicados somente aos ateliês. “Ainda
tenho muitos sonhos, como o de ter uma loja fora do Brasil, mas
certamente estou vivendo o momento mais feliz da minha carrei-
ra. Não é fácil fazer moda no Brasil, mas é uma adrenalina muito
gratificante.” A gente concorda – e também comemora.
*
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Natiele veste top e calça em cetim, e Gabrielle veste


body com colchetes e saia em renda. Isabela veste robe
em cetim com cinto de couro e fivela em latão, e Amira
veste top e saia em organza de linho

BELEZA (Fernanda): Danilo Lee com produtos de


cabelo Keune. BELEZA (modelos): Charles Almeida
com produtos Dior Beauty. ASSISTENTES DE
BELEZA: Yuri Monacelli e Geizon.
ASSISTENTES DE FOTOGRAFIA: Caio Porto
e Sándor Kiss. CAMAREIRA: Camila Barbosa
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o figurinista Marcelo reis conta os


detalhes da trajetória que o poeta e
filósofo antonio cicero, seu Marido,
percorreu para praticar eutanásia
por Maria Laura Neves ilustraÇÃo GiuLia PuNTeL após ser diagnosticado coM alzheiMer

G
Vogue Como vocês se conheceram?
Marcelo Reis Em 1984, Marina fez no Teatro Ipanema o show Fullgás com grande
sucesso. Eu tinha 21 anos e era completamente fascinado com a voz e o canto sedu-
tor de Marina. Fui ao show três vezes. Chegava cedo para sentar nas cadeiras da
frente. Tirei fotos dela em cena e, na última vez que fui, a conheci e mostrei as fotos
no backstage. Cicero veio checar as fotos e trocamos telefones. Começamos a namo-
rar em seguida e nos apaixonamos. Passados dois anos, fui morar com ele.

Vogue O que mais te encantou na personalidade de Antonio Cicero?


Marcelo Reis Cicero era extremamente culto e erudito mas era muito generoso, doce
e nada exibido. A convivência com ele e seus amigos brilhantes me formaram, apren-
di muito, tive esse privilégio. Imagina, seus maiores amigos foram Caetano Veloso
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. e Waly Salomão, dois gênios da cultura brasileira (para mim pelo menos).
/ Em cofre não se guarda coisa alguma. [...] Guar-
dar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por / Vogue As referências sobre o Rio, viagens e a liberdade fazem parte da obra de
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por Antonio Cicero. Eram paixões dele e de vocês?
ela, / isto é, estar por ela ou ser por ela. / Por isso Marcelo Reis Cicero teve a sorte de ter sido criado por pais amorosos e progressistas
melhor se guarda o voo de um pássaro / Do que que sempre o apoiaram. Seu pai, o economista Ewaldo Correia Lima, era um homem
um pássaro sem voos. [...] Os trechos do poema brilhante e fez parte do grupo de intelectuais que ajudaram a pensar o Brasil entre
Guardar, de Antonio Cicero, ganharam a internet 1955 e 1964 com o ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros). Com isso, a
no fim de outubro. As palavras, uma ode à liber- formação de Cicero se deu cedo participando como ouvinte das conversas nas reu-
dade, definiram com precisão o sentimento pro- niões com os amigos de seu pai. Quem ele mais admirava, por ser um orador genial,
vocado pela notícia da morte de seu autor. Diag- era o Hélio Jaguaribe. Do pai herdou a paixão por leitura, por cultura e por Paris.
nosticado com Alzheimer no ano passado, o poe- Então, desde sempre, quando tínhamos dinheiro para gastar, íamos passear em
ta e filósofo carioca Antonio Cicero (compositor Paris. Eu também me apaixonei pela cidade. Para nós, flanar pela cidade sempre
de canções como “Fullgás” e “À Francesa”, célebres foi uma experiência estética. Chegamos a passar 30 dias uma vez. Antes de ir a
na voz de Marina Lima, sua irmã) optou pela eu- Zurique, cidade na Suíça onde ele se submeteu à morte assistida, passamos dois
tanásia, um procedimento realizado pela Dignitas, dias nos despedindo da capital francesa. A outra paixão do Cicero era a cidade
associação suíça sem fins lucrativos que recebe em que nasceu, o Rio de Janeiro. Seus poemas falam muito da beleza e da sen-
pessoas do mundo todo interessadas no procedi- sualidade da cidade, da praia, etc. Ele cresceu morando entre Leblon e Ipanema.
mento, permitido pela lei local. De acordo com a
descrição do site, a instituição tem como objetivo Vogue Como receberam o diagnóstico do Alzheimer?
“garantir uma vida e uma morte dignas” por meio Marcelo Reis O diagnóstico definitivo veio em julho de 2023 depois de muitos
de diversas frentes, como o apoio à morte assistida. exames. Alguns, que já datam do fim de 2022, serviam de comparação. Eu e os
Em sua carta de despedida, Antonio Cicero disse amigos mais próximos notávamos a mudança de comportamento dele socialmen-
aos amigos que o que ocorria em sua vida tinha se te. Passou a ter uma postura mais distante e quieta em encontros. Mas o pior dos
tornado insuportável por causa do avanço do Al- sintomas para ele, sem dúvida, foi a dificuldade em ler e escrever.
zheimer. Apesar da falta de memória e concentra-
ção, ainda tinha lucidez para optar pela decisão. Vogue Como foi a decisão de procurar a Dignitas?
Ele morreu na companhia de Marcelo Reis, seu Marcelo Reis O Cicero sempre foi defensor tenaz dos direitos humanos e conside-
marido desde 1984 e quem o acompanhou até o rava que a eutanásia deveria ser aceita como tal. Escreveu em 2008 um artigo
último momento. Antes do destino final, o casal pró-eutanásia na Folha de S.Paulo. Os amigos conheciam seu discurso recorren-
se despediu de Paris, uma grande paixão de Cice- te de que se ele um dia “tivesse Alzheimer ou um AVC que o deixasse incapaz”,
ro. À Vogue, Marcelo falou sobre essa e outras pai- ele gostaria de se submeter à eutanásia. Portanto, ele já sabia há tempos da
xões do marido, o processo que enfrentaram para existência da associação suíça sem fins lucrativos, a Dignitas. Já no consultório
fazer valer a vontade dele e a decisão de ter uma do médico que o diagnosticou, ele falou sobre sua pretensão. A partir daí, ele
morte cheia de vida, e liberdade. começou as trocas de e-mails sobre como estar apto ao procedimento.
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Vogue O processo para pedir uma morte assistida


é muito burocrático?
Marcelo Reis É burocrático sim. Não tem como
não ser. As leis suíças são cumpridas rigorosa-
mente. Cicero ficou à frente disso; eu só ajudava
na parte prática de fazer as traduções juramenta-
das de todos os atestados e os laudos dos exames.
Foram muitos. Pediram, em um momento, para
fazermos uma Escritura Pública Declaratória de
residência e estado civil, nunca tinha ouvido falar
nisso. Fizemos. No caso de Alzheimer, em que a
pessoa vai, inevitavelmente, em algum momento,
se alienar, é preciso estar ainda em consciência
plena para aceitarem fazer a morte assistida.
Quando a papelada está toda aprovada, eles su-
gerem uma data. No nosso caso, eu pedi para
adiarem por dois meses para coincidir com mi-
nhas férias. Nas duas noites anteriores ao proce-
dimento, é feita a visita de um médico suíço que
vem conversar, atestar a certeza da vontade de
morrer e de explicar como tudo se passa no dia.

Vogue A partida de Antonio Cicero foi um gran-


de exemplo, foi uma partida cheia de vida. Ele
tinha consciência da grandeza desse ato?
MarceloReisRealmente não imaginava tamanha
repercussão. Ficou claro que a eutanásia/morte
assistida ainda é um tabu. O país não discute isso
o suficiente. O fato de ele ter escolhido não viver
mais, pois já sofria muito com os sintomas da
doença, levantou essa questão nacionalmente. Ele
queria morrer com dignidade, antes de atingir o
estado de não lucidez. Senti que o apoio público à
sua decisão foi unânime. Cicero era um filósofo,
um intelectual mas ficou muito popular graças às
letras de canções que muitas vezes fizeram parte
da história de várias pessoas, principalmente na

voz da irmã Marina Lima. Quem, que cresceu a partir dos anos 1980, não conhe-
ce as canções “Virgem”, “À Francesa”, “Acontecimentos” e “Último Romântico”,
entre outras? Por isso, a repercussão não ficou restrita a poucas pessoas da intelli-
gentsia. A grandeza de seu ato me orgulha e me emociona. Foi uma decisão, eu
diria, tomada há muitas décadas. Ele só foi coerente com o que sempre acreditou.
Estive com ele até o último momento, ele partiu sereno. Li e me conforto com
todas os artigos e matérias escritas por jornalistas e intelectuais e mensagens cari-
nhosas de amigos e desconhecidos. A repercussão foi muito positiva. Algumas
pessoas disseram que a morte dele foi filosófica, outros, que foi política e outras,
FOTO: Eucanaã Ferraz / Acervo pessoal

poética, concordo com todos os três adjetivos.

Vogue Que mensagem você gostaria de deixar para quem ler este texto a respeito
de Antonio Cicero?
Marcelo Reis Olha, eu acho que temos de parar de fugir do assunto morte.
É doloroso, mas será menos difícil para todos envolvidos se prevermos o que que-
remos fazer quando uma doença sem cura e terminal por acaso nos abater.
E que deveríamos cobrar esse debate sobre eutanásia aos nossos representantes
O poeta Antonio Cícero e o marido, Marcelo Reis, políticos pois ir à Suíça e gastar esse dinheiro, cerca de € 11 mil (fora o custo da
em viagem à Lisboa. Viajar era uma das paixões do casal viagem e documentação), para morrer é, infelizmente, para muito poucos.
*
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PedRa sObRe PedRa


POR Nô mello fOtOs HeleNa WolfeNsoN cOnhecida POR sua PROfunda investigaçãO
styling Gustavo José dOs PROcessOs de fORmaçãO geOlógica
de ROchas e cRistais, denise milan ganha

f
mOstRa sOlO nO faROl santandeR que
Revisita suas quatRO décadas de PROduçãO

Faz 40 anos que Denise Milan investiga histórias contidas nas diferentes referências da artista, que traçam pontos de conexão
formações rochosas do planeta. “As pedras falam, eu escuto” entre a história da formação das rochas e a vivência do homem
é um de seus mantras. Para coroar esse processo investigativo, na Terra – Útero Magmático faz alusão a um útero; Madona,
a artista agora propõe uma viagem ao centro da Terra – literal Madona Púrpura e Madona Cósmica se inspiram na divindade
e metaforicamente – em sua nova exposição no Farol Santan- cristã, e por aí vai. “Os renascentistas tinham a sua Madona, só
der, que recupera, através de 18 instalações, os diferentes re- que essa é uma Madona que vem dos subterrâneos e tem 130
sultados deste exímio processo de busca e pesquisa. “Falo milhões de anos. É a mais antiga do planeta”, orgulha-se.
dessa matéria que é quase vida, uma vida mais longa, que se Recém-homenageada pelo Massachusetts Institute of Techno-
origina de uma outra”, explica a artista enquanto me mostra logy, que em julho deste ano a convidou para ser a artista inaugural
sua Quartzoteka – uma “biblioteca” em que reúne centenas de da série Studio.nano Encounters e, na sequência, para celebrar o
exemplares de rochas vindas de todos esses anos de produção, Nobel Frank Wilczek e sua carreira no MIT, apresentando a es-
em seu apartamento em Higienópolis, em São Paulo. cultura Infinity, Denise também está em destaque no espaço da
O tema da mostra, conta Denise, não é meramente inspira- DAN Galeria na Art Basel Miami Beach. E já se prepara para um
cional. “A gente está mexendo com o imaginário da Terra. Nin- 2025 bastante intenso: em março, participa da Arco Madrid e, no
guém entrou aqui embaixo”, reflete a artista, que idealizou o mês seguinte, ganha mostra solo durante a Expo Chicago. No

ASSISTENTE DE FOTO: Victor Tavares. BELEZA: Juliana Boeno


ambiente expositivo como se fosse uma caverna. “O planeta todo Brasil, já tem marcada uma exposição no Museu de Arte Sacra,
tem minério, 70% da além de estar trabalhando
crosta da Terra é quart- em uma Fototeca, catalo-
zo”, reforça Denise, que gando digitalmente todas
já fez uma Ópera das Pe- as pedras que acumulou
dras (2012), se dedicou a ao longo de sua trajetória.
decifrar a Linguagem da “Tenho tudo fotografado,
Pedra (2018) e realizou e sei a história de cada
um Banquete da Terra uma”, revela a artista.
(2021), que ganhou resi- “Aos 70 anos, tenho tem-
dência definitiva na Usi- po de investigar e criar.
na de Arte, em Pernam- Assim consigo ir para lu-
buco. “É como se você gares que as pessoas ainda
realmente entrasse no
interior da pedra”, diz.
Um passeio pelas
não foram”, finaliza.
*
Detalhe da obra Imaginação
obras, em exibição até 9 Áurea, de Denise Milan, em
de fevereiro, revela as exibição no Farol Santander
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Denise Milan veste blazer


e calça ALCAÇUZ, camisa
FERRAGAMO, colar e
bracelete YAR ATELIER

"Falo dessa MATÉRIA que é quase VIDA, uma vida


mais longa, que se ORIGINA de uma OUTRA"

- Denise Milan
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powering the world of art

Art is honor

Calida Rawles, Thy Name We Praise, 2023. Courtesy the artist and Lehmann Maupin. © Calida Rawles

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Miami Beach
Convention Center
December 6-8, 2024
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lIfeStyle
MrS. MIaMI
MÃE, MODELO E EMPREENDEDORA
ENTUSIASMADA, A BRASILEIRA
ISABELA GRUTMAN CONTA COMO TEM
FEITO DE MIAMI SEU LAR DOCE LAR
POR Paula Merlo FOTOS eduardo rezende
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lIFESTYlE
pelos acessórios da mãe e da avó. Há poucos
meses, abriu as portas da sua primeira loja no
Design District, vizinha à Chanel e Gucci.
Em paralelo, Isa também comanda a Rangel,
grife de roupas que leva o sobrenome da sua mãe,
à venda nos gigantes online Revolve e Shopbop.
“Estudei moda no meu tempo como modelo na
África do Sul. Mas só durante a pandemia, já
com filhas, me vi pegando numa máquina de
costura de novo. Fiz roupas para elas. As ami-
gas adoraram e assim nasceu a minha etiqueta,
que hoje segue com criações infantis, mas ex-
pandiu para produções adultas.”
Sem planos de trazer suas marcas ao Brasil,
ela diz que prefere focar no mercado americano,
aquele que conhece bem, e expandir. “Meu su-
cesso vem do trabalho duro: sou a designer, às
vezes, a stylist, algumas vezes, a modelo. Tenho
uma equipe excelente, mas faço questão de
olhar absolutamente tudo. Presto atenção nos
detalhes, coloco meu amor ali. E, assim, as
pessoas têm me visto como uma mulher de
negócios, me respeitando como tal.”
Business woman com orgulho, Isa sente que
seus negócios a preenchem, mas há um projeto
específico que faz seus olhos brilharem mais: a
ONG Style Saves, da qual é vice-presidente. “Em
2016, recém-chegada a Miami, comecei a ajudar
essa organização que, na época, fornecia mate-
rial escolar e roupas para 200 crianças de baixa
renda da cidade. Hoje, são 25 mil pessoas que
recebem as doações”, fala com entusiasmo.

D
Para dar conta de tantas funções, Isa tem uma
rotina regrada. Acorda às 6:30 da manhã, arruma
as meninas para a escola, se exercita, fica no es-
critório até as 17h, janta em casa com as filhas, as
coloca para dormir e sai com o marido para ver os
restaurantes dele. “Coloco o sono em dia no do-
Dia desses, na preparação para se mudar para um novo endereço em Miami Bea- mingo, quando passo o dia todo na cama”, ri.
ch, Isabela Grutman, 32 anos, foi ao depósito onde guarda de tudo. Ao abrir caixa “Mas e a praia?”, pergunto. “Quem mora em
por caixa, se deparou com itens que fizeram parte do seu jantar de casamento e que Miami quase não vai à praia. Aqui tem muito
nunca mais usou. “Foi como abrir presentes de Natal. Estou animadíssima em trabalho e muitas outras facetas da cidade para
poder reviver cada copo, prato e talher nas vezes em que for receber os amigos na ver, como museus, restaurantes, lojas...” E dá as
casa nova”, diz a mineira, que se casou em 2016 com David Grutman, um dos dicas: “Se quiser pedir uma pizza, sugiro o Lu-
maiores empreendedores de gastronomia e entretenimento de Miami. cali. Para badalar e comer bem, faça reserva no
Receber bem – com capricho e autenticidade – é uma das paixões de Isa. Não à Casadonna. Para passear com as crianças, gosto
toa, é para ela que o marido corre quando precisa deixar seus negócios, como o ba-
dalado restaurante Casadonna, mais aconchegantes. “Costumo ir às reuniões com
ele e me envolvo muito em suas empresas: desenho todos os uniformes do staff, es-
do Frost Science Museum.” Anotou?
*
colho os sets de mesa...”, conta ela, que diz ter sempre um vinho rosé e a tônica doci-
nha Olipop na geladeira para as visitas constantes. “Combinam muito com Miami.”
Radicada na cidade desde 2015, Isa, que nasceu em Belo Horizonte, Minas
Gerais, e deixou o país para trabalhar como modelo, está tão adaptada que não
se vê em nenhum outro lugar. Mãe de duas meninas, Kaia e Vida, 7 e 5 anos Isabela Grutman em ambiente do restaurante
Casadonna. Todos os looks da matéria são
respectivamente, criou raízes profundas em Miami. Além da família e dos ami- RANGEL e joias ISA GRUTMAN
gos, sua veia empreendedora a aterrou de vez na Flórida.
Sua mais recente empreitada foi a joalheria Isa Grutman, lançada em 2022, ASSISTENTE DE FOTO: Daniel Felipe
Ordóñez e Heribeth Ramos. BELEZA:
com peças de ouro, esmeraldas e safira. “São joias para o dia a dia, para serem Javier Martinez. TRATAMENTO DE
empilhadas, para fazerem parte de você”, diz, ao lembrar como já era fascinada IMAGEM: Helena Colliny

132 VOGue BraSIl


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VOGue BraSIl 133
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lIFESTYlE

oUTRo olhAR
COnheça BRIDGeT FInn,
nea, tanto locais como de outras cidades e países do continente. “Miami Beach tem
tantas ofertas culturais, que agradam quem é conhecedor, em termos de colecionis-
mo de arte, e vem desenvolvendo sua coleção há muitos anos. Mas também falamos
com quem ainda é muito novo nesse campo, ou que pode ter um outro ponto de
entrada, seja moda, tecnologia ou música”, reflete a diretora. “Então estamos pro-
pondo um corte transversal realmente dinâmico de galerias, entre emergentes, co-
PRIMeIRa MULheR a aSSUMIR O letivos e formatos não tradicionais, até nomes que têm uma presença mais histórica.”
POSTO De DIReTORa Da aRT BaSeL Além dos novos (e mais acessíveis) espacos expositivos, Bridget está implan-
MIaMI BeaCh, QUe PROMeTe UMa tando um programa de talks e debates durante a feira, intitulado Conversations,
aBORDaGeM MaIS DeMOCRáTICa e incentivando a realização de performances. Outro segmento que não escapou
do seu olhar foi a moda – este ano, Basel conta com coleções-cápsula assinadas
PaRa O COLeCIOnISMO De aRTe por artistas em seu shop (incluindo uma colaboração com o brasileiro Paulo Nimer
Pjot) e parcerias com marcas como Pucci, que vai ter espaço próprio no Botani-
POR Nô Mello FOTO MATeUS RUBIM cal Garden, oferecendo até sorvetes criados pela grife f lorentina, e como a
STYlING ZAZÁ PeCeGo Maison Ruinart (da LVMH), que comissionou Henrique Oliveira para criar
trabalhos que respondem ao legado da casa. “Parcerias como essa fazem todo o
sentido para nós. São muitos os paralelos entre a arte e a moda”, defende.
Nascida em Detroit e radicada em Nova York, onde vive atualmente com o
marido e a filha, Bridget tem vasta experiência no campo curatorial, tanto em
galerias de renome como em projetos mais experimentais, além de ter sido ela
própria dona de galeria, a Reyes | Finn, que fundou em 2017. Antes disso,
Bridget liderou o programa de arte contemporânea da incensada galeria nova-ior-
quina Mitchell-Innes & Nash, de 2013 a 2017; e atuou como diretora de planeja-
mento estratégico e projetos na Independent Curators International (ICI) de 2010
a 2013, onde agora é membro do conselho. “Acho que a arte é inerentemente ex-

C
perimental e, para ser capaz de fazer coisas interessantes, dinâmicas e atuais, é
preciso ter uma certa flexibilidade em termos de abordagem”, reflete. Primeira
mulher a assumir o posto de diretora da Basel americana, Finn ainda teve vários

ASSISTENTE DE FOTO: Fernando Bentes. PRODUÇÃO EXECUTIVA: Déia Lansky. BELEZA: Mel Tostes.
cargos na Anton Kern Gallery de 2007 a 2010 e também foi cofundadora do
projeto curatorial colaborativo Cleopatra’s em Greenpoint, no Brooklyn, de 2008
a 2018. “Muitos dos marchands ao longo da história são mulheres, e acho que
Considerada a maior feira de arte das Américas, muito disso vem dessa nossa capacidade herdada de cuidar, de prestar esse cuida-
a Art Basel Miami Beach deste ano acontece sob do”, pondera Bridget. “Acho que precisamos de mais mulheres nessas funções, e

TRATAMENTO DE IMAGEM. Nanda Carnevali. AGRADECIMENTOS: Gomide & CO


nova direção. Bridget Finn, que assumiu o posto
oficialmente em 2023, agora realiza a primeira
edição de Basel sob seu comando, trazendo con-
estou muito honrada por estar aqui, fazendo isso e liderando o show.”
*
sigo uma série de novidades e iniciativas para
marcar o novo momento do evento que, de 4 a 8
de dezembro, reúne, ao todo, 286 galerias de arte
do mundo, sendo dois terços delas vindos de di-
ferentes localidades da América do Norte, Cen-
tral e do Sul. “Me sinto como se estivesse coman-
dando um grande navio”, comentou Bridget à
"ARTE é inerentemente
Vogue em sua (primeira) visita ao Brasil no mês
passado, quando veio ao país para uma agenda
experimental e, para ser capaz de
intensa de três dias de encontros com galeristas e fazer coisas INTERESSANTES,
colecionadores – neste ano, são 20 galerias brasi-
leiras participando, entre elas três estreantes. DINâMICAS e ATUAIS,
Dentre as novidades que Bridget trouxe para
esta edição, destaca-se o volumoso número de é preciso ter uma certa
galerias estreantes – “são 34 participantes inédi-
tos, é um baita crescimento”, orgulha-se – graças
FLEXIBILIDADE em termos
à criação de espaços menores no Miami Beach
Convention Center para os expositores, a preços
de ABORDAGEM"
mais acessíveis. A ideia, revela Bridget, é demo-
cratizar o evento e permitir a entrada de novas
vozes no diálogo da arte moderna e contemporâ- - Bridget Finn
134 VOGUe BRASIl
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VOGUe BRASIl 135

Bridget Finn, a nova diretora


da Art Basel Miami Beach, na
galeria Gomide&Co,
em São Paulo, veste blazer
e calça GUCCI. Ao fundo,
a obra O Quadrado no Plano
Social (1975), de Carlos Zilio
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lIFESTYlE

teoria
das cores
INstalação hIstórIca de assume
VIVId astro focus, em cartaz No Bass
museum of art, expõe a multIplIcIdade
de IdeIas e mídIas que marcou
a VIBraNte produção do coletIVo
Nas últImas duas décadas
por beta germano

"N
“Nossa ideia é criar energia. E as cores sempre
foram ferramentas para engajar, comunicar e
energizar o público”, pontua Eli Sudbrack, nome
por trás do coletivo assume vivid astro focus
(avaf), ao percorrer uma de suas mais icônicas
instalações, exposta atualmente no Bass Museum
of Art, em Miami Beach. Assume vivid astro focus
– XI foi idealizada há exatos 20 anos para ocupar Detalhe de assume vivid
o segundo andar da casa de Rosa e Carlos de la astro focus – XI, no Bass
Museum of Art, em Miami
Cruz em Key Biscayne – do teto ao chão, passan-
do pelas paredes e todos os detalhes do ambiente
–, e agora passa a integrar o acervo do museu
norte-americano. Reformulada e atualizada, a Paulo. Em sintonia com a mostra, avaf ganha exposição solo na Fredric Snitzer
instalação, que pertencia ao casal dono de uma Gallery, também em Miami. Vale conferir Butch Queen Realness with a Twist in
das maiores coleções de arte contemporânea dos Pastel Colors (BQRWTPC), compilação de sete horas de vídeos, que inclui cenas
Estados Unidos e que agora toma o segundo an- de danças – desde trechos do programa de TV Soul Train e videoclipes de Blon-
dar do Bass Museum, traz diversos “embriões” de die e Grace Jones a competições de vogue no Harlem. “Aquela imagem positiva
conceitos, elementos e bandeiras que viriam a da internet foi deturpada nos últimos 20 anos. É um comentário sobre essa so-
marcar, desde então, a produção artística do avaf. ciedade hiper-realista e supersaturada que criamos”, explica Sudbrack, cujo
O coletivo, destaca o artista, nasceu quando currículo inclui parcerias com Lady Gaga e Comme des Garçons, e que se po-
a internet começava a se popularizar e acumu- siciona criticamente perante ideias engessadas de autoria no campo da arte.
lava uma potente carga utópica, principalmen- Ao lado de uma versão repaginada de Garden 1, primeiro papel de parede desen-
te entre grupos historicamente marginalizados volvido pelo avaf desde sua fundação, em 2001, um mural estampa os rostos icônicos
e sem voz. “Tínhamos uma nova ferramenta da cena drag local, como um tributo e um grito contra a lei que proíbe apresentações
para nos expressar”, lembra o artista, conheci- de drag queens em público aprovada na Flórida, evidenciando a pauta discrimina-
do por suas vibrantes obras multissensoriais que tória que, infelizmente, segue atual. XI abrigará ainda programa de performances,
hoje fazem parte de acervos como os do reforçando o espírito político da obra. Mais um motivo para mergulhar neste prelú-
MoMA, em Nova York, e do Masp em São

136 VOgUe brasiL


dio multicolorido do metaverso feito para dançar, cantar e imergir. @thebassmoa
*
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VOgUe brasiL 137

primeira Vez as três galerIas BrasIleIras que


estreIam Na art Basel mIamI Beach
este aNo resgatam NarratIVas de
grupos hIstorIcameNte oprImIdos e
expõem arte como processo de cura
por beta germano

a
Axé, ancestralidade e ativismo – esse é o Brasil neiro Randolpho Lamonier desenvolver os tra-
que vai invadir Miami este mês. Entre indivi- balhos têxteis presentes na galeria paulistana
duais poderosas e coletivas envolventes, as três Verve (@vervegaleria). “Escolhemos o trabalho
galerias nacionais que estreiam nesta Art Basel de Lamonier para entrar na Basel por ser muito
resgatam narrativas dos povos originários e de atual”, reflete Ian Duarte, sócio da Verve. “É
grupos sociais historicamente oprimidos, para uma obra que sugere reflexões em torno da vio-
expor diferentes tipos de agressões, e a arte lência contra a comunidade LGBTQIAPN+”,
como processo de cura. completa. Na feira, o artista apresenta a série
AgaleriacariocaPortasVilaseca(@portasvilaseca) Haiku Agridoce, em que cruza o tradicional
escolheu apresentar na feira uma “floresta” de haicai japonês com naturezas-mortas holande-
esculturas de Nádia Taquary e Ayrson Herá- sas usando tecidos e estampas; e suas célebres
clito que, diante da nossa história de violência Profecias, compostas por estandartes costurados
escravocrata, evocam divindades do candomblé e bordados em tecido com mensagens que fa-
para reforçar narrativas de resistência e inspirar lam de política trazendo previsões e reivindi-
mudanças por meio da purificação e reorgani-
zação de energias. Sons da natureza e compo-
sições inéditas de Tiganá Santana ocupam o
cações para o futuro. @artbasel
*
Tela Kapewe Pukenibu (2024),
espaço conduzindo o visitante a um estado de do coletivo MAHKU. Ao lado,
transe e conexão com reinos invi- Ewê (2020), de Nádia Taquary
síveis. “Acredito que este seja um
projeto à altura da nossa estreia na
Basel de Miami”, celebra o gale-
rista Jaime Portas Vilaseca.
FOTOS: avaf / Divulgação, Divulgação, Acelino Sales / Divulgação

A brutalidade colonial é com-


batida também pelo MAHKU
(Movimento dos Artistas Huni
Kuin), cujas pinturas estão expos-
tas na Carmo Johnson Projects
(@carmojohnsonprojects), espe-
cializada em arte indígena con-
temporânea. As telas narram vi-
vências na floresta Amazônica e
mitologias da cosmologia deste
povo, que usa a venda para garan-
tir direitos básicos dos Huni Kuin
– o coletivo já comprou 20 hecta-
res, recuperando parte do próprio
território perdido.
Lutas da micro e macropolítica
são pontos de partida para o mi-
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lIFESTYlE

rOteirO
CertO
entre novidades da moda, da hotelaria,
da noite e da gastronomia,
entrega aqui uma seleção de endereços
que você precisa saber antes de
programar sua próxima ida para miami
por nô mello e thyago furtado

NOVOS ARES
Para fazer frente a oferta de condomínios de altíssimo padrão
que só faz crescer na região de Sunny Isles, norte de Miami
Beach, o Acqualina Resort & Residences deu uma boa
repaginada em seus interiores, entre atualizações de décor e
novos serviços a serem oferecidos no cinco estrelas.
Começando pelo lobby, cuja mobília recebeu um bom reforço
de criações da Fendi Casa, que se juntam a tapeçarias feitas à
mão no Nepal pinçadas especialmente para os interiores. Mas
L.A. Confidential é nos quartos e suítes que o Acqualina mostra a diferença:
todas as 98 hospedagens ganharam um completo makeover,
ganhando pisos de mármore italiano, chuveiros separados
Famosa pelas bolsas geométricas de para o casal, marcenaria Molteni, entre outros mimos, que
incluem produtos de banho ESPA e pós-sol Lady Primrose, e
bambu e acrílico e pelo híbrido de top roupões Boca Terry, cuja lista de adeptos vai de Michelle
com saia favorito de fashionistas como Obama a Rihanna, criados especialmente para as suítes do
Hailey Bieber e Candice Swanepoel, hotel, assim como os móveis feitos na Itália e na Espanha que
integram a decoração. Com tantos luxos assim, talvez fique
a Cult Gaia acaba de abrir suas difícil sair do quarto, mas dois bons motivos merecem o
portas no Design District. Por lá, esforço: as novas poltronas e espreguiçadeiras com estofados
além dos hits consagrados, não deixe vermelhos que agora se espalham pelos mais de 120 metros de
de procurar pela recém-lançada linha orla do hotel de luxo; e o recém-inaugurado Avra Miami,
restaurante grego aberto recentemente no novo Estates at
de perfumes, a nova aposta da label Acqualina, que se conecta ao resort por uma ponte suspensa
original de Los Angeles. @cultgaia exclusiva para os hóspedes. @acqualinaresort

138 VOgue BraSil


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VOgue BraSil 139

Portas abertas
Multimarcas de luxo de Nova
York conhecida por sua seleção
esperta e bem curada, Kirna
Zabête, que tem Naomi Watts e
Chloë Sevigny entre suas fiéis
clientes, acaba de abrir entreposto
no Design District – é a primeira
multimarcas do distrito e a sétima
locação da loja nos Estados
Unidos. A filial de Miami abre na
esteira da inauguração de sua
segunda casa em Nova York, na
Madison Avenue, de onde vem a
inspiração para os pisos e escadaria
de mármore rosa, que se integram
aos lustres preto e branco, marca
registrada da loja original no
Soho, inaugurada em 1999. Além
do mix de labels, que inclui de
Carolina Herrera e Libertine a
Gabriela Hearst e Johanna Ortiz,
se junta ao line-up a brasileira
Beatriz Werebe. A coleção da
designer brasileira estreou em
Miami, incluindo seus piercings
jumbo em ouro e diamantes e os
studs de turmalina entre outros
hits da joalheira paulistana.
@kirnazabete @beatrizwerebe
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lIFESTYlE

Quarto ao lado
Boa notícia para quem procura se
hospedar – em grande estilo – em
Brickell, coração financeiro e
cosmopolita de Miami: a filial do
Four Seasons na região acaba de
estrear quatro novas suítes
presidenciais e a penthouse. Com
mais de 200 metros quadrados, os
interiores, que mesclam o élan
tropical da cidade e o design
modernista dos anos 50, foram
concebidos por Tara Bernerd, que
também assina o (suntuoso) décor
do Kimpton Fitzroy em Londres, e
comandou a expansão do Chalet
Miramonti em Gstaad.
Completando as inaugurações, o
cinco estrelas reabre sua piscina no
rooftop – de 8.000 metros quadrados, Joia rara
uma das maiores da cidade, A Cartier comemora o
inteiramente restaurada. @fourseasons 100º aniversário de sua
lendária Trinity Collection
com uma experiência
imersiva especial no Design

FOTOS: Divulgação, World Red Eye / Divulgação, James Livingston / Divulgação, Christian Gonzales / Divulgação
District, em homenagem ao
icônico trio de faixas de ouro
interligadas da coleção
projetada por Louis Cartier
em 1924, que, desde então,
se tornou um clássico da
joalheria mundial. A
experiência pop-up, em
cartaz de 4 a 8 de dezembro,
levará os visitantes a uma
jornada pela história da
coleção, desde seus primeiros
modelos até seu impacto na
cultura pop. Boa
oportunidade para ver
alguns dos mais de 3.000
itens da linha, e quem sabe se
inspirar para arrematar uma
peça da maison. @cartier

Nome na lista
Harbour Club é o mais novo e exclusivo clube privado em Miami
Beach. Idealizado por James Julius, ex-The Dorchester e Annabel’s,
de Londres, e pelo chef Michele Esposito (egresso do Casa Tua), o
novo endereço combina a tradição dos clubes sociais britânicos com o
estilo despojado da Flórida. O espaço conta com lounge de coquetéis,
restaurantes italiano e japonês, e uma impressionante coleção de arte,
incluindo obras de George Condo e Damien Hirst. Perfeito para um
drinque (ou mais) durante a Art Basel. @harbourclubmiami

140 VOgue BraSil


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VOgue BraSil 141

Linha fiNA
O Design District dá as boas-vindas
ao seu primeiro hotel de luxo: The
Hotel at The Moore. Construída na
década de 1920, a estrutura de quatro
andares que serviu como um
showroom de móveis e local de
exposições durante a Art Basel, agora
abriga o novo estabelecimento. O
hotel ocupa o quarto andar, com 13
suítes que variam de 65 a 93 metros
quadrados, projetadas pelo Studio
Collective, e comodidades exclusivas:
clube privado, sala de karaokê,
lounges de coquetéis, biblioteca, salas
de jogos e um speakeasy. O restaurante
do hotel, Elastika, localizado no átrio
sob uma impressionante instalação de
Zaha Hadid, serve sabores globais
com curadoria do chef executivo Joe
Anthony. @themooremiami

MiaMi à MESa
Confira os novos restaurantes que estão imprimindo ainda mais sabor
à efervescente cena gastronômica da Magic City nesta temporada

TorNo SUBiTo MaTY'S


O incensado restaurante do chef Localizado em Midtown Miami,
Massimo Bottura abre sua primeira o Maty’s, da chef Valerie Chang,
unidade estadunidense, em enaltece sabores ousados e
Downtown Miami. Após ingredientes frescos com pratos
inaugurações bem-sucedidas em Dubai como ceviche, tiradito e outras
(com uma estrela Michelin) e especialidades com frutos do mar.
Singapura, o restaurante traz os O restaurante é uma homenagem
sabores da sua Riviera Italiana natal à sua avó peruana, Marta, que
com menu que apresenta massas a inspirou com suas receitas
artesanais, frutos do mar e tradicionais. Em 2024, Valerie foi
reinterpretações de pratos italianos a única chef de toda a Flórida a
clássicos, com foco na sustentabilidade receber o prestigioso Prêmio James
alimentar. @tornosubitomia Beard, espécie de Oscar do mundo
gastronômico. @matysmiami

MoTHEr WoLF
Depois do sucesso em Los Angeles, o SParroW iTaLia
Mother Wolf, liderado pelo chef Desde sua inauguração em 2022 no
Evan Funke, acaba de chegar ao bairro de Mayfair, em Londres, o
Design District, com projeto do Sparrow Italia conquistou o paladar
londrino Martin Brudnizki, que de A-listers como Alicia Keys, Serena
combina art déco e design italiano. Williams e Cameron Diaz. Agora, a
No menu, procure pelas pizzas casa aporta em Wynwood, sob o
assadas no forno a lenha e pelas comando do chef alemão Martin
massas clássicas como carbonara e Heierling. O menu apresenta massas
all'amatriciana e se deixe perder na artesanais feitas com farinha
carta com mais de 400 vinhos importada da Itália, cortes nobres de
italianos. O programa de coquetéis de carnes, frutos do mar frescos e pratos
inspiração romana também merece criados com os ingredientes da
um brinde. @motherwolfmiami estação. @sparrowitalia
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Miss v

noChe de fIesta
para celebrar a vida, estreitar fronteiras culturais e
homenagear as tradições mexicanas, brasil e a tequila
don julio receberam 350 convidados, em sÃo paulo,
numa noite de mÚsica, drinques criativos e bons encontros
fotos alÊ virgílio, alePh loureiro, bruna guerra e lu Prezia
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vOgue brasil 143
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Miss v

Isis Valverde

144 vOgue brasil


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vOgue brasil 145

Guilherme Martins e Paula Lindenberg

Kadu Dantas e Dudu Bertholini

Rodrigo Simas e Pathy Dejesus Didi Wagner Paula Mageste


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Miss v

Taciana Veloso

Verena Figueiredo

Gustavo Mendes, Marie-Laure Clos, Sofia


Quebradas, Mafê Brito e Amanda Sanchez

Fabíola Kassin e Erh Ray Arthur Paek e Juan Moraes

Lana Santucci

Giovana Carvalho
e Gabriela Yassuda

Cinnara Leal e
Caio Braz Rodney William Amanda Cassou e Laura Kubrusly

146 vOgue brasil


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vOgue brasil 147

Anttónia
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Miss v

Suzana Massena, Nane Massena e Suellen Massena

148 vOgue brasil


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Maria Luiza Damasio


e Juliana Carvalho Isa Isaac Silva

Jordanna Maia Luanda Vieira

Bárbara Öberg, Zazá Pecego, Nô Mello, Alice Coy, Maria Laura Neves, Paula Merlo,
Andrea Zilet, Luxas Assunção, Júlia Filgueiras, Sthe Louise, Paula Mello, Heitor Ferreira, Thyago
Juliana Souza Furtado, Karina Yamane, Isabela Pétala, Thaís Varela, Sara Magalhães e Thiago Baltazar
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Miss v

Guilherme Liggeri, Daniela


Bella Campos Ota e Pedro Ribeiro Marcella Tranchesi

Adriana Tamés e
Jose Alberto Limas Gutierrez

Bárbara Costa, Vitor Souza


e Daniela Gontijo

Fernando e
Danilo Ribeiro Renata Vichi Giselle Itié

150 vOgue brasil


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vOgue brasil 151

Juliette
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Miss v

Limbert Mamani e Dayana Molina

152 vOgue brasil


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Ricardo Frozoni, Carolina


Corrêa e Anita Castanheira

Luiza Brasil e Zé Macedo

Danielle Moinhos e Diana Maranhão

Fernanda Motta

Rodrigo Monteiro
e Paula Merlo

Walério Araújo João Corazza Wado Gonçalves e Diego Ognibeni


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N
osso culto à morte é um culto à vida”,
escreveu o autor mexicano Octavio
Paz em O Labirinto da Solidão, livro
que lhe rendeu um Nobel de Litera-
tura, em 1990. Assim como muitos artistas de seu
país, Octavio trata a morte como uma grandeza
a ser celebrada. No México, desde o tempo pré-
-hispânico, a morte deixa de lado sua carga fúne-
bre e ganha uma explosão de cores, flores e mú-
sica: tudo o que caracteriza seu feriado mais es-
perado, o Día de Muertos.
Declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Hu-
manidade pela Unesco desde 2003, é o dia em
que os mexicanos acreditam que seus entes fale-
cidos voltam para visitá-los. Por isso, altares colo-
ridos, ruas cobertas de flores laranjas, caveiras e
Catrinas – uma representação do esqueleto de
uma dama criada pelo artista José Guadalupe Po-
sada – invadem as cidades para homenagear a
memória daqueles que não estão mais lá.
Acima de tudo, é uma festa que celebra a vida.
Neste ano, a iniciativa global “Act in Culture”, da
Don Julio, celebrou a ocasião em oito destinos:
Los Angeles, Melbourne, Londres, Bogotá, Cida-
de do México, Cidade do Cabo e Mumbai, e en-
tão aterrissou no calendário oficial de comemora-
ções da Vogue Brasil. Aqui, o Gala Día de Muertos
se deu no Palácio dos Cedros, uma mansão de
1922. No dia 6 de novembro, o local foi adornado
por velas, cores vibrantes, mariachis e Catrinas.
Os convidados foram recebidos com o coquetel
Explosion Margarita, mistura de tequila, limão, xa-
rope de agave e espumante.
“A festa de Día de Muertos, especialmente
significativa no México, reflete o espírito de ce-
lebração e memória, valores profundamente
presentes em Don Julio. Como uma marca au-
têntica e orgulhosamente mexicana, visamos
levar um pedaço disso para o mundo", divide o
vice-presidente de marketing da Diageo, Gui-
lherme Martins. A celebração, em parceria com
a tequila, ocorre anualmente na Vogue México,
e, agora, além do Brasil, também ganhou uma
edição na Colômbia e na Espanha.
O evento estreitou fronteiras com a cultura
latino-americana. A gastronomia da noite, assi-
nada pelo bufê 7 Gastronomia por Alex Atala &
Sapore, contava com delícias típicas como pan
BELLA CAMPOS
de muerto – um pão doce que serve de oferen-
da aos que já se foram –, guacamole e tacos de
milho com machaca de cupim. Já no bar, a te-

HASTA LUEGO quila, considerada bebida nacional do México,


se destacou nos dez coquetéis com Don Julio.
Entre eles, havia opções com Don Julio Blanco
A PRIMEIRA EDIÇÃO DO GALA DÍA DE MUERTOS – com mais corpo e sabor marcante – e com a
CONSOLIDOU A PARCERIA ENTRE A VOGUE BRASIL E superpremium Don Julio 1942, bebida 100% ar-
tesanal e envelhecida, com notas de chocolate
A MARCA PREMIUM DE TEQUILA MEXICANA DON JULIO
e caramelo, que eleva o destilado ao patamar
POR ANA BEATRIZ HOFFERT máximo. Um brinde a uma noite memorável!
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PATHY DEJESUS

SUELLEN, NANE E SUZANA MASSENA

O CONSUMO DE TEQUILA
Segundo dados da IWSR Drinks Market Analysis, a tequila é o segundo
destilado mais premium na visão do mercado, atrás apenas do conhaque.
Isso ganha ainda mais força com a transformação no consumo dessa
bebida. Saem de cena os rótulos de baixa qualidade, cujo carro-chefe é a
dose com sal e limão, e se destacam as tequilas feitas artesanalmente, que
harmonizam com diversos ingredientes e possuem propostas distintas.
“A popularidade crescente de coquetéis como a Margarita e a Paloma
reflete essa mudança, enquanto tequilas envelhecidas como Don Julio
Añejo e 1942 surgem como opções ideais para degustação em eventos e
celebrações exclusivas", exemplifica o gerente de World Class e Advocacy
da Diageo, Nicola Pietroluongo. Para consumir puro ou em meio à alta
coquetelaria, a tequila é a nova aposta para turbinar seu bar e seus
encontros com amigos e amores em momentos de celebração.
ÍSIS VALVERDE E JULIETTE
FOTOS: KENJI NAKAMURA E LU PREZIA

GUILHERME MARTINS E PAULA LINDEMBERG DIÓGENES LEMES RODRIGO SIMAS

donjulio.com
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COM CAPACIDADE DE
CUSTOMIZAÇÃO PARA CADA
DETALHE, A 100% EVENTOS
FAZ DA DECORAÇÃO UMA
EXTENSÃO DA PERSONALIDADE
DOS ANFITRIÕES
POR RENATA TELLES

C
om 21 anos de trajetória no
mercado de locação de mobi-
liário e cenografia para even-
tos sociais e corporativos, a
100% Eventos se consolidou como a
maior e mais completa empresa do ramo
na América Latina, guiada pelo lema “ce-
lebrar é preciso”.
Fundada por Paola de Picciotto e Flá-
via de Picciotto Terpins, a 100% Eventos
transforma comemorações em experiên-
cias memoráveis a partir de sua estrutura
completa de produção, que inclui marce-
naria, tapeçaria e pintura. “Celebrar é

REFERÊNCIA MÁXIMA uma arte, e é maravilhoso ver como nos-


sos clientes expressam essa paixão por
meio das decorações impecáveis que es-
colhem para suas festas. Cada projeto
ganha vida com as customizações feitas
na nossa empresa. Os tecidos, as cores
personalizadas para os móveis... tudo
isso transforma esses ambientes em ex-
periências únicas”, conta Paola.
No aniversário de 60 anos da empresá-
ria Ana Eliza Setubal, o Helvetia Polo
Club, em Indaiatuba, São Paulo, ganhou
ares circenses. A decoração temática,
realizada pela Bossanova Festas e Jaci-
mar Ferreira, transportou os convidados
para um mundo de fantasia. “A ideia era
fazer um circo bem glamoroso, mas com
tudo o que ele oferece. Então teve palha-
ços, malabaristas, equilibristas, comidi-
nhas como cachorro-quente e batata-fri-
ta, além de várias luzinhas, já que o even-
to começava por volta das 19h. De fora,
realmente víamos uma tenda de circo
toda iluminada”, explica uma das sócias
da Bossanova Festas, Gabriela Affon-
so Ferreira.
O décor luxuoso foi elaborado com
tons preciosos, como roxo e dourado. “A
escolha do mobiliário foi muito na linha
do tema da festa e das cores favoritas da
Ana Eliza. Escolhemos móveis elegantes,
de veludo, e ao mesmo tempo confortá-
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veis, que criassem esse clima mágico e


chique”, diz Gabriela.
Versatilidade é outro pilar da 100%
Eventos. A cerimônia de casamento do
estrelado dermatologista Ivan Rollem-
berg e de Ana Vitoria Maluf também con-
tou com essa expertise. Cerca de 900
pessoas foram recebidas no icônico Co-
pacabana Palace, no Rio de Janeiro. Inspi-
rações românticas e arranjos florais toma-
ram conta do espaço, decorado por Mar-
celo Franchello. Um dos salões abrigou
mesas redondas com as cadeiras doura-
das Tokyo e Dubai. “Um cenário dramáti-
co, atual, com muitas velas e cores na
identidade do casamento: a mistura per-
feita entre o clássico e o contemporâneo.
Amei tanto!”, disse Ana Vitoria em suas
redes sociais. makeover, revestindo e transformando
Ainda no Copacabana Palace, outra todas as superfícies dos salões”, desta-
celebração inesquecível foi a renovação ca, referindo-se às peças feitas tailor
dos votos de casamento dos empresá- made pela 100% Eventos. O acervo in-
rios Anny Meisler e Rony Meisler. Assina- clui mais de 75 mil itens, desde peças de
do pela carioca Patricia Vaks, o décor era madeira de demolição e couro a opções
coloridíssimo. Enquanto a varanda ga- de acrílico e espelho. Entre os desta-
nhou uma árvore gigante de algodão ques, estão o icônico bar Copacabana,
doce e carrinhos com as mais diversas as cadeiras Pandoro e Modernista e a
experiências gastronômicas, o Salão No- imponente mesa Grand Palais, que tem
bre foi coberto por rosa pink e laranja. mais de dez metros de comprimento.
“Misturamos o clássico e o moderno, Recentemente, a empresa expandiu
dando preferência para os móveis dife- suas operações com uma filial em Belo
rentes, exclusivos, sem perder a elegân- Horizonte, e continua a atender projetos
cia”, explica Patricia. em todo o Brasil e no exterior, incluindo
FOTOS:FLAVIA VITORIA, DHANI BORGES E SERGIO GREIF

Já o Golden Room foi adornado com cenografia de palcos e montagem de


azul e verde. “As principais inspirações pistas de LED. “Quando alguém decide
foram as cenografias encontradas em realizar uma celebração, não só está
festivais de música, sempre muito origi- compartilhando alegria, mas também
nais e conceituais, repletas de cor e ele- gerando empregos e movimentando
mentos gráficos. Criamos então o Festi- toda uma cadeia de profissionais e em-
val do Amor, projeto feito em conjunto presas que se dedicam a transformar es-
com o casal, o cerimonialista Roberto ses momentos”, comenta Flávia.
Cohen e o designer Rodrigo Studart, Graças a seu compromisso inabalável
responsável por toda a identidade visual com a qualidade, a 100% Eventos se fir-
À esquerda, em cima, casamento no
e moodboard do evento”, detalha. ma como a escolha de quem sabe que Copacabana Palace; embaixo, aniversário
no Helvetia Polo Club. Nesta página,
A festa também teve direito a um labi- celebrar é projetar momentos especiais, renovação de votos no Copacabana
rinto de doces. “Fizemos um extreme eternizando-os. Palace e a dupla Flavia e Paola

cemporcentoeventos.com.br
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João Moura, 1.003, tel. (11) 98931-1987, SP. nannacay, Alameda
Lorena, 1.591, tel. (21) 97495-2073, SP. nk store, Rua Haddock
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Por trás do Gloss (11) 2895-0020, SP. schutz, Rua Oscar Freire, 944, tel. (11) 99226-1762, SP
(Continuação da página 93) stev en Passa ro, @stevenpassaro. swa rovsk i, Shopping
De volta aos Hamptons naquela noite, com a segunda marga- JK Iguatemi, tel. (11) 3152-6800, SP. the at tico, @theattico.
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minha resposta sempre será a mesma. “A Glossier é sobre viver welson Prado, www.welsonprado.com. yohJi yamamoto,
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RePORtageM: luxas assunção

Inspirado no cometa que é visível da Terra a cada 76 anos, o novo colar Halley, da HStern,
materializa o brilho galáticO em uma joia de Ouro Nobre (a liga exclusiva da marca) adornada
com diamantes em degradê de tons conhaque com perfume vitoriano. O arremate fica por conta
de um corpo maleável que simula a cauda dos cOMetas. shopping iguatemi, piso térreo, sP
FOTO Rafael evangelista

162 VOGUE BRasIl


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