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DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA VIDA ACADÊMICA NA
MATURIDADE
Ingressar na universidade após os 40 anos é uma decisão transformadora
que vai além de uma simples escolha educacional. Para muitos, significa redescobrir a si mesmos, buscar a realização pessoal ou explorar novas possibilidades profissionais. Esses estudantes chegam às instituições de ensino superior com uma acomodação de experiências de vida que enriquece o ambiente acadêmico, mas enfrentam desafios que podem ser tão práticos quanto emocionais. Apesar disso, a jornada apresenta inúmeras oportunidades para o indivíduo e para a sociedade, inspirando outras pessoas a buscarem a educação continuada e a realizarem seus sonhos. A necessidade de conciliar estudos com responsabilidades familiares e profissionais é um dos maiores obstáculos enfrentados por estudantes maduros. Em geral, essas pessoas já possuem uma rotina estabelecida, que inclui trabalho, compromissos domésticos e, em muitos casos, o cuidado de familiares dependentes, como filhos ou pais idosos. A gestão do tempo, portanto, torna-se um elemento essencial para que essas responsabilidades sejam equilibradas. No entanto, essa conciliação não é simples e pode gerar cansaço físico e mental, além do sentimento de culpa por não conseguir se dedicar igualmente a todas as áreas da vida. Outro desafio importante é a adaptação ao ambiente universitário, para quem esteve afastado do meio acadêmico por muitos anos, o retorno aos estudos pode parecer intimidador. O ritmo acelerado das aulas, a interação com colegas mais jovens e o uso intenso de tecnologias representam barreiras que frequentemente geram insegurança. Além disso, os métodos de ensino contemporâneos, como o uso de plataformas digitais, atividades colaborativas e ensino híbrido, podem ser novidade para esses estudantes, exigindo tempo e esforços adicionais para se se familiarizar com as novas ferramentas e metodologias. No campo emocional, os desafios não são menores. Muitos estudantes maduros enfrentam questões relacionadas à autoestima e à autoconfiança. A comparação com colegas mais jovens, que podem demonstrar maior fluência tecnológica ou facilidade com os estudos, muitas vezes desperta dúvidas sobre a própria capacidade de acompanhar o curso. Esses sentimentos são exacerbados por uma auto cobrança excessiva, já que muitos podem retornar à universidade com objetivos com objetivos claros e definidos, o que aumenta a pressão para obter resultados rápidos e satisfatórios. Apesar das dificuldades, os benefícios de adição na universidade na maturidade são imensuráveis. Esses estudantes trazem ao ambiente acadêmico uma perspectiva única, baseada em suas experiências pessoais e profissionais. Essa experiência prévia contribui para discussão mais rica e reflexiva, criando um espaço de aprendizagem mais dinâmico. A diversidade de idades na sala de aula promove um intercâmbio de ideias valiosas, em que os alunos mais jovens aprendem com a sabedoria prática dos mais velhos, enquanto os maduros absorvem a energia e a inovação trazidas pelas novas tecnologias. Além disso, essa inclusão vai além de atender aos objetivos individuais dos estudantes mais velhos. Ela também desempenha um papel estratégico no desenvolvimento da sociedade como um todo. Em um mundo que enfrenta mudanças rápidas no mercado de trabalho e uma necessidade crescente de aprendizado contínuo, estimular a presença de adultos no ensino superior é essencial para o fortalecimento da economia e da cidadania. Esses indivíduos, ao se formarem, não apenas ampliam suas possibilidades profissionais, mas também são direcionados para a inovação e a aplicação prática do conhecimento em suas áreas de atuação. As instituições de ensino superior têm um papel crucial na inclusão e no apoio a esses estudantes. Medidas como a flexibilização de horários, a oferta de cursos à distância e a criação de programas específicos para adultos são fundamentais para atender às suas necessidades. Além disso, a implementação de estratégias pedagógicas que valorizam a diversidade etária, como a realização de projetos intergeracionais, pode fortalecer os laços entre estudantes de diferentes idades e criar um ambiente mais acolhedor. Programas de mentoria e tutoria também são ferramentas eficazes para facilitar a adaptação de estudantes maduros. Contar com o apoio de profissionais ou colegas mais experientes pode ajudar a superar inseguranças e desenvolver as habilidades possíveis para o sucesso acadêmico. Além disso, as universidades devem investir em ações de sensibilização junto à comunidade acadêmica para promover a valorização dos estudantes mais velhos, combatendo preconceitos e reforçando a diversidade e a inclusão no ambiente acadêmico. Outro ponto importante é o papel das políticas públicas na democratização do acesso ao ensino superior para adultos. Iniciativas como a criação de bolsas de estudo, a oferta de cursos universitários específicos para essa faixa etária e programas de financiamento estudantil adaptados às suas realidades são passos essenciais para garantir a inclusão. Campanhas de conscientização sobre a relevância da educação ao longo da vida também são indispensáveis, tanto para motivar potenciais estudantes quanto para fortalecer o reconhecimento social da importância dessa etapa na vida profissional e pessoal. Ingressar na universidade após os 40 anos é uma jornada desafiadora, mas profundamente recompensadora. Esses estudantes enfrentam barreiras que vão desde a gestão de tempo até questões emocionais e tecnológicas, mas também trazem contribuições valiosas para o ambiente acadêmico, como maturidade, foco e uma perspectiva enriquecedora. Cabe às instituições de ensino superior e à sociedade como um todo criar condições que favoreçam sua inclusão e permanência, monitorando que a diversidade etária é um elemento que fortalece o aprendizado coletivo. Ao investir na educação ao longo da vida, não estamos apenas mudando as trajetórias individuais, mas também construindo uma sociedade mais equitativa e preparada para os desafios do século XXI. Em um mundo cada vez mais globalizado, interconectado e impulsionado por avanços tecnológicos, a capacidade de se adaptar e aprender continuamente tornou-se uma habilidade essencial. A educação ao longo da vida promove não apenas o desenvolvimento profissional, mas também o crescimento pessoal, fortalecendo valores como a empatia, a resiliência.
REFERÊNCIAS
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aprendizagem na universidade. Organicom, v. 17, n. 32, 2020. Disponível em: https://scholar.google.com.br/scholar? start=40&q=ensino+superior+para+adultos&hl=pt-BR&as_sdt=0,5. Acesso em: 25/26/27 de novembro de 2024.
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Superior: estudo no IFAL-Maceió tomando as expectativas e dificuldades do regresso à vida acadêmica. Amazônica-Revista de Psicopedagogia, Psicologia escolar e Educação, v. 13, n. 1, jan-jun, p. 152-172, 2021. https://scholar.google.com.br/scholar? start=10&q=ensino+superior+para+adultos&hl=pt-BR&as_sdt=0,5. Acesso em: 25/26/27 de novembro de 2024.
ZONTA, G. A.; ZANELLA, A. V. Sentidos da vivência universitária para estudantes
com mais de 40 anos. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 27, e48550, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/JbGM6xNVQQk3Jsc9LddsPTH/#ModalHowcite. Acesso em: 25/26/27 de novembro de 2024.