Reúso de Água Estudo de Caso

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REUSO DE ÁGUA, UMA SOLUÇÃO PRÓ-ATIVA

- UM ESTUDO DE CASO DA EMPRESA SCHERING-PLOUGH S.A -

Simone D. Ligiéro
Consultora, Mestranda do MPSG/LATEC – Universidade Federal Fulmínense (UFF),
[email protected]

Alice A. Batalha
Consultora, NADC – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), [email protected]

Paulo S. Azeredo
Engenheiro, Departamento de engenharia – Indústria Shering-Plough S.A. , [email protected]

José M. Martins
Engenheiro, Departamento de engenharia – Indústria Shering-Plough S.A. , [email protected]

Waldemir Baptista
Engenheiro, Departamento de engenharia – Indústria Shering-Plough S.A. [email protected]

ABSTRACT
This work, accomplished according to a case study methodology, based in concrete data, the solution
introduced by the pharmaceutical industry Shering-Plough S.A, situated in Rio de Janeiro, for reuse it of your
water, be by means of the reuse of wastewater of the process from reverse osmosis that meets the demand of
reagent water, for manufactures her, be by the water capitation in system of artesian wells or, be by the
capitation of the pluvial water. They developed the project in which own engineering team, working on the
hydra resources administration, they modified it, enlarged and complemented the treatment system. The
collected data correspond to the historical period of three years, initiating itself in 2000 and including 2003
projected. The project started in 2001 and at this date, it was enriched with investments, measured with the
pertinent indicators proposed in current legislation. The economy range is around 68% in cash, concerning
wastewater reuse. This number can be increased in the future by capitation of the pluvial water.

Key-words: wastewater, reuse, project.

Área Temática: Gestão Ambiental, Gestão de Resíduos.

1. INTRODUÇÃO
Este trabalho, realizado de acordo com uma metodologia de estudo de caso, apresenta, por
meio de dados concretos, a solução adotada pela indústria farmacêutica Shering-Plough
S.A, situada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, para o reuso de água, seja por meio do
reuso da água de rejeito do processo de osmose reversa que atende a demanda de água
reagente para a fabrica, seja pela captação de água em sistema de poços artesianos ou, seja
pela captação da água pluvial.

Apresenta um projeto no qual a equipe de engenharia, trabalhando na gestão de recursos


hídricos, modificou, ampliou e complementou o sistema de tratamento de água existente,
preparando-o para a possibilidade crescente do reuso da água de rejeito. Os dados
coletados correspondem ao período histórico de três anos, iniciando-se em 2000 e
incluindo os dados de 2003 projetados. O novo processo entrou em vigência em 2001 e a
partir desta data, foi enriquecido com investimentos, cujos resultados foram medidos com
os indicadores pertinentes a legislação (CONAMA n.20) vigente, quer qualitativos, quer
quantitativos.

As autoras, através do levantamento de dados, junto à equipe de engenharia da empresa em


questão procuraram abordar os aspectos fundamentais deste projeto, que é o exemplo de
uma solução pró-ativa na indústria farmacêutica carioca. A economia alcançada, com a
implementação das modificações no sistema e os investimentos, possibilitou também a
abertura de novas opções nas áreas de conscientização e gestão de recursos naturais, que é
tema de trabalho de consultoria ambiental.

2. DESENVOLVIMENTO
A poluição crescente resultante da corrida desenvolvimentista mundial tem gerado graves
danos ao meio ambiente. Tanto que países como o Japão evidenciaram esta massa crítica
na década de 1980. No entanto, desde a década de 1970, movimentos a favor da criação de
regras para a racionalização do uso dos recursos naturais vem se intensificando.

Desde a conferência de Estocolmo em 1972, os impactos provenientes do mau uso destes


recursos começaram a ser discutidos em fóruns internacionais de forma integral. Seguindo
o mesmo caminho, outras conferências mundiais se realizaram e tiveram na Rio 92 seu
ponto máximo com a criação e assinatura de uma agenda 21 mundial, onde os países
tomaram para si a responsabilidade da confecção de agendas regionais que refletissem a
necessidade de cada área geográfica. Atualmente cerca de 60 países possuem sua agenda
21 redigida e publicada, dentre eles o Brasil.

A corrida desenvolvimentista no Brasil gerou grande desequilíbrio ecológico em função da


capacidade poluidora das indústrias, medidas em 1980 e classificadas em 3 grupos, sendo
zero, as menos poluidoras, e atribuindo três pontos a mais para cada medida de poluição
encontrada, tabela 01:

Tabela 01 – Capacidade poluidora potencial das indústrias brasileiras em 1980

Poluição do ar Poluição da água Total


Minerais não-metálicos 3 3 6
Produtos de metal 3 3 6
Produtos químicos 3 3 6
Equipamentos de transporte 2 3 5
Bebidas 2 3 5
Têxteis 2 2 4
Produtos de papel 1 3 4
Maquinário elétrico 1 2 3
Perfumes, sabonetes etc 0 3 3
Produtos de couro 1 2 3
Produtos alimentícios 1 2 3
Produtos de maneira 2 1 3
Produtos plásticos 1 1 2
Impressão e publicação 1 1 2
Produtos de borracha 1 1 2
Farmacêuticos 1 1 2
Vestuários e calçados 0 1 1
Fumo 1 0 1
Móveis 0 0 0
Maquinário 0 0 0
Fonte: A economia brasileira, Baer, p.405.

A preservação dos recursos naturais tornou-se então, uma questão de sobrevivência para o
planeta e o reuso da água como tema de discussão não é novo, havendo registros de
iniciativas nesta linha já na década de 1960-70 no continente africano. As preocupações
atuais estão vinculadas ao uso racional da água e com a geração de menor impacto possível
na quantidade de recurso utilizado. Algumas informações sobre a situação atual ilustram a
situação de escassez que já estamos vivendo, a saber:

1. Menos de 1% da água do mundo, cerca de 0,008% de toda água do planeta,


está diretamente acessível ao homem;
2. A média anual dos recursos hídricos renováveis no mundo chegou a 7.045
m³ por pessoa no ano de 2000, uma queda de 40% por pessoa desde de
1970, devido ao crescimento da população mundial;
3. Vinte países, a maioria deles na África e no Oriente Médio, sofrem de
escassez crônica de água, causando danos severos à produção de alimentos e
atraso no desenvolvimento econômico;
4. O consumo global de água cresceu em 6 vezes entre 1900 e 1995. Estima-se
que em 2025 um terço da população mundial more em áreas com escassez
crônica de água;
5. Eliminar a água não faturada (vazamento, furto etc) em muitas grandes
cidades de países em desenvolvimento, mais do que duplicaria a quantidade
de água disponível para a distribuição e reduziria drasticamente o uso de
energia;
6. Apenas cerca da metade dos habitantes das cidades nos países em
desenvolvimento, tem ligações de água nas suas casas e mais de ¼ não tem
acesso a água potável segura.

A água, um recurso hídrico essencial ao planeta, foi contemplada pelo capítulo 18 da


agenda 21, da seguinte forma (PAGNOCCHESCHI, 2003, p.238):

“O manejo integrado dos recursos hídricos baseia-se na percepção


da água como parte integrante do ecossistema, um recurso natural e
bem econômico e social,cujas quantidade e qualidade determinam
a natureza de sua utilização. Com esse objetivo, os recursos
hídricos devem ser protegidos, levando-se em conta o
funcionamento dos ecossistemas aquáticos e perenidade do recurso,
a fim de satisfazer e conciliar as necessidades de água nas
atividades humanas. Ao desenvolver e usar os recursos hídricos,
deve-se dar prioridade à satisfação das necessidades básicas e a
proteção dos ecossistemas.”

Vários estudos de caso estão sendo executados em todo mundo visando a eficientização da
água e energia. Os casos mais importantes, em diferentes áreas geográficas, demonstraram
resultados coerentes com o novo perfil de desenvolvimento sustentável. Destacamos 10
casos incluindo um brasileiro, realizado em Fortaleza, CE:

1. Austin, EUA, o estudo teve como objetivos a medição e monitoramento do


uso da água, capacitação da equipe e racionalização da demanda industrial.
Os principais resultados alcançados promoveram a criação de um sistema de
dados, fornecimento de incentivos financeiros industriais e a instalação de
um sistema de reaproveitamento de água turva, que irá economizar uma
estimada quantia de 150 milhões de litros por dia;
2. Estocolmo, Suécia (2000), o estudo teve como objetivos a capacitação da
equipe e redução residencial da demanda de água e o replanejamento
urbano. Os principais resultados acarretaram o desenvolvimento de um
modelo de gerenciamento de água, esgoto e energia, além do envolvimento
de vários empresários da cidade;
3. Sydney, Austrália (2000), o estudo teve como objetivos a capacitação da
equipe, controle de água, campanhas educacionais e racionalização da
demanda residencial. Os principais resultados acarretaram a eficientização
do uso da água tanto do lado da demanda quanto do lado do fornecimento;
4. Toronto, Canadá, o estudo teve como objetivos a capacitação da equipe,
medição e monitoramento da água e projetos experimentais de redução de
vazamentos. Os resultados acarretaram a instalação de 16.000 descargas
sanitárias ulrabaixas e busca a economia de 3.6 milhões de litros por dia,
além de gerar programas de melhores práticas de trabalho;
5. Medellín, Colômbia (1980), o estudo teve como objetivos campanhas
educacionais, racionalização da demanda residencial e industrial, melhoria
dos equipamentos de água e energia. Os resultados acarretaram a redução
média de água em 3% por ano, em um período de 10 anos, o
desenvolvimento de sistema de medição e monitoramento da água;
6. Johannesburgo, África do Sul, o estudo teve como objetivos campanhas
educacionais, programas de consumidores e a racionalização do uso
residencial. Os principais resultados foram a economia de 195 milhões de
litros de água e US$ 250.000 em 1 ano como resultado de um projeto de
auditoria de 4 meses, desenvolvimento de uma tecnologia que economizou
25 milhões de litros de água;
7. Cingapura (2000), o estudo teve como objetivos a medição e monitoramento
de água, programa de controle de vazamento, campanha de educação,
melhoramento nos equipamentos. Os resultados acarretaram o
desenvolvimento de um plano de conservação de água e fundação de uma
unidade de água, queda significativa em água não faturada, de 10.6 % para
6.2% em seis anos;
8. Indore, Índia (em curso), o estudo teve como objetivos a captação de
recursos hídricos, atualização de equipamentos de energia e monitoramento
e medição de água e energia. Os resultados acarretaram um
superfaturamento pela companhia de energia através de um sistema de
coleta de dados, identificação e implementação de mais de US$ 35.000 com
melhorias operacionais isentas de custo;
9. Fairfield, EUA (1986), o estudo teve como objetivos a capacitação de
equipe, taxa de preço de energia em tempo real e esquemas de payback
advindo do sistema de tratamento de esgoto. Os resultados acarretaram a
geração de projetos de financiamento de US$ 15.000 com menos de cinco
anos de payback;
10. Fortaleza, Brasil (2001), o estudo teve como objetivos o monitoramento e
medição de energia, capacitação de equipes e campanhas educacionais. Os
resultados acarretaram a instituição de campanha educacional, eventos
culturais do consumo de água, alcance de 7.9% de redução de energia no
primeiro ano de programa, instalação de sistema de monitoramento e
medição automatizado.

A contribuição industrial, dentro deste contexto é fundamental para o financiamento e


aplicação de projetos que contemplem a reutilização de recursos naturais e a manutenção
do desenvolvimento no formato sustentável. Assim, como afirmou Filho (2003, p.70):

“Temos que admitir que a responsabilidade empresarial, quanto ao


meio ambiente, deixou de ter apenas característica compulsória
para transformar-se em atitudes voluntária superando as próprias
expectativas da sociedade. A compreensão dessa mudança de
paradigma é importante para todos os setores produtivos
brasileiros.”

3. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

A equipe de gestão de recursos hídricos do parque industrial da empresa Schering-Plough


S.A, situada em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, considera fundamental a adoção de uma
solução integrada para o uso racional da água. Espera em um futuro próximo, desenvolver
uma tecnologia que possibilite o aproveitamento da água de reuso como potável.

Estando a humanidade na eminência da falta de água e o Brasil sendo proprietário dos


maiores reservatórios de água doce do mundo, cerca de 18% do 1% da água doce mundial,
este projeto pioneiro no segmento farmacêutico, vem acompanhado de grande preocupação
com o volume de dados gerados, sejam eles, de custos e lucros, sejam analíticos e técnicos,
oriundos da engenharia e laboratórios de controle de qualidade.

As informações inspiradoras para a criação destas soluções foram os altos custos do


consumo de água da indústria no ano de 2001, que se mantinham estacionários nos anos
anteriores. Embora o consumo, em m³, não tenha se modificado, com o projeto de reuso
da água, atrelada a gestão dos recursos hídricos, a captação exterior tem apresentado
reduções sistemáticas ao longo dos anos de 2002 e 2003. O gráfico 01 demonstra os dados
de consumo desde o ano de 2000 até os projetados para 2003.

As tarifas pagas pela indústria, gráfico 02, atualizadas com valores de agosto de 2003
foram da ordem de R$ 10,82 por m³, o que perfaz valores anuais em torno de R$ 779.040
pagos a companhia de fornecimento de água do estado. A economia, gerada com as
modificações de projeto, estão na casa de 64% em relação a 2001, se considerados os
valores atuais pagos.

Devido a importância da água para as atividades industriais, seja ela, como água de
produção e processo, de resfriamento, de consumo humano e destinada às áreas sociais, a
descrição pormenorizada do esquema 01, anexo 01, se faz necessária para o entendimento
da extensão e aplicação do projeto de reuso da água. O total de economia, acumulado em
R$, proporcionado pela implementação do projeto gira em torno de R$ 720.200.

Gráfico 01 – Consumo total da indústria

Consumo Total x Ano

150000
Ano

100000
Consumo (m3)
M3

50000
Linear (Consumo
(m3))
0
1 2 3 4

Ano 2000 2001 2002 2003


Consumo 112.405 112.603 86.644 72.000
(m3)
Ano

Com base no esquema 01 do processo, identifica-se três fontes de água utilizadas na


indústria, a proveniente da estação de tratamento de água (ETA), a proveniente de poço
artesiano e a proveniente da captação da água pluvial (ETAP), além da fonte de captação
externa da Concessionária. O volume total captado sofreu redução significativa pela
implementação das obras de gestão de recursos hídricos, principalmente pelo processo de
reuso da água proveniente da osmose reversa e da captação de chuva. As origens e
volumes, tabela 02, demonstram que só através da captação pluviométrica, da área
considerada do telhado pode chegar a 20.000 m³, por ano. Atualmente se estima o
aproveitamento de apenas 4.500 m³ anuais.

Gráfico 02 – Tarifas pagas por consumo anual

Consumo Total R$ x Ano

1400000
1200000
1000000
Ano
800000
R$

Consumo (R$)
600000
Linear (Consumo (R$))
400000
200000
0
1 2 3 4

Ano 2000 2001 2002 2003


Consumo (R$) 1.216.222 1.218.364 937.488 779.040
Ano

Tabela 02 – Índice pluviométrico x captação

Índice pluv.(m³)/ano Área telhado(m²) Aprov. Atual (m³)/ano Aprov. Fut.(m³)/ano


1.600 12.500 4.500 20.000
Fonte: Departamento de engenharia Schering-Plough.

O projeto de reuso integra três processos base. O primeiro consiste em captação da


água proveniente de esgoto doméstico industrial em uma ETE (estação de tratamento de
efluentes) que, através de uma ETA (estação de tratamento de água) acoplada, chega a um
reservatório de 1.100 m³ que distribui a água tratada para tanques de 200 m³. Destes
tanques, esta água não potável, é utilizada no sistema de resfriamento das estruturas do
processo, na fábrica.

O segundo consiste na captação de água de poços artesianos, com capacidade de


vazão de 25 m³ por hora. Esta água passa por um processo de osmose reversa composto
por 18 membranas, que resulta em um fluxo contínuo de 3.500 m³ por mês. Esta água,
considerada potável, é utilizada nas áreas sociais e de fábrica.

O terceiro consiste na captação da água pluvial em um lago reservatório com


capacidade para 2.500 m³, a ser utilizada nas torres de resfriamento e no combate à
incêndios. Esta água passa para um reservatório inicial com capacidade para 1.100 m³, que
quando cheio, envia água para o reservatório descrito no primeiro processo. Este lago
recebe também o fluxo residual proveniente do tratamento de osmose reversa e de
fabricação de água PW (água purificada) e WFI (água para injetáveis).

3.1 Análises Laboratoriais

A qualidade da água resultante, dos três processos, pode ser comprovada


através de análises físico-químicas, tabela 03 e microbiológicas, tabela 05. Os
resultados, obtidos no período de janeiro a junho de 2003, da ETE, demonstraram
valores dentro da normalidade segundo a legislação vigente, padrão FEEMA, a saber:

Tabela 03 – Indicadores de desempenho da ETE/2003

Parâmetro Jan Fev Mar Abr Maio Jun Média Legislação


Vazão média 213 242 219 255 246 267 240 ------
m³/dia
PH 7 7,2 6,7 6,9 6,9 6,9 6,9 5–9
Temp.°C 26 27 25 26 25 25 26 até 40
DQO* 22 40 44 52 48 55 44 150
DBO** 97 97 95 95 95 98 96 90
Sólidos 10 9 6 12 9 12 10 ------
totais***
Surfactantes 0,24 0,25 0,5 0,4 0,3 0,3 0,3 2
aniônicos****
Óleos e 4 6 3,5 4 7 3 4,6 20
Graxas (mg/l)
Resíduos 0 0 0 0 0 0 0 1
sedimentares
(ml/l)
*Demanda Química de Oxigênio (mg/l) (saída)
**Demanda Bioquímica de Oxigênio Remoção %
*** RNFT – mg/l
****MBAS – mg/l
Fonte: Departamento de engenharia Schering-Plough S.A.

Os resultados das baterias analíticas de metais e sais estão na tabela 04 e


demonstram que a água de reuso está dentro dos limites da legislação, oriundos de
amostras retiradas após ETA, obtidos em fev/03, a saber:

Tabela 04 – Resultado físico-químico da água de saída pós-tratamento


secundário.

Testes analíticos Resultado Limites permitidos


Alcalinidade hidróxida (mg/l – CaCO3)
Alcalinidade parcial (mg/l – CaCO3)
Alcalinidade total (mg/l – CaCO3) 35
Cobre (mg/l - Cu²) --
Condutividade (micro mhos/cm) 382
Cloreto (mg/l + Cl¯) 56 Max. 250 ppm
Cloro livre (mg/l – Cl2) 0,1 0,2 – 2,0 ppm
Cromato (mg/l – CrO4-²)
Dureza de Cálcio (mg/l – CaCO3)
Dureza total (mg/l – CaCO3) 88 Max. 500 ppm
Ferro total (mg/l - Fe+2) 0,15 Max. 0,3 ppm
Fosfato total (mg/l – PO4-³)
Nitrito (mg/l – NO2-)
Sílica total (mg/l – SiO2) 4,9
Sulfito (mg/l – SiO3-²)
Sólidos totais dissolvidos (mg/l – NaCl) 298,5 Max.1000 ppm
Turbidez (NTU) 4,5 Max 5,0 NTU
pH 6,8 6,0 – 9,5
Fonte: Departamento de engenharia Schering-Plough S.A.

Vale lembrar que a freqüência de coleta e os procedimentos obedecem as boas


práticas de laboratório e que, embora os resultados sejam muito numerosos,
correspondem a amostragens realizadas no fornecimento, antes e depois da osmose
reversa. As análises após ETA foram efetuadas durante um período teste e depois sem
freqüência definida.

Com relação às análises microbiológicas, tabela 05, estas se dividem em dois


grandes grupos, o primeiro resultante do sistema de osmose reversa para a produção de
água PW e WFI e o segundo resultante do sistema de osmose envolvido no projeto de
reuso. O primeiro grupo, composto de um sistema osmótico com 6 membranas, possui
67 pontos de coleta semanal além de testes de endotoxinas bacterianas diariamente para
a fabricação de injetáveis, de responsabilidade do laboratório microbiológico interno,
credenciado pela REBLAS. A água resultante deste sistema, que é alimentado pela
água de captação da CEDAE, é utilizada na fabricação como água reagente.

O segundo grupo, composto do sistema de osmose reversa que atende ao


projeto de reuso, conta com 3 pontos de coleta no ETA, sendo eles, saída do filtro de
carvão, saída da osmose e tanque/depósito. As análises realizadas, que serviram de
critério de aprovação do projeto, realizadas em setembro de 2002, comprovaram a
eficiência do fluxo adotado.

Tabela 05 – Análises microbiológicas da ETA

Ponto de coleta Contagem total de Coliformes Pseudomonas


heterotróficos totais/fecais
Limite 500 UFC/ml
3* 41 ausente ausente
5** 11 ausente ausente
6 *** 01 ausente ausente
3 31 ausente ausente
5 62 ausente ausente
6 <1 ausente ausente
3 63 ausente ausente
5 24 ausente ausente
6 02 ausente ausente
* Saída do filtro de carvão
** Saída da osmose
*** Tanque 1199
Fonte: Laboratório microbiológico Schering Plough S.A

O sistema de tratamento ETA, conta com um ciclo de tratamento primário e


tratamento secundário. Dentro do primário está o tanque de aeração, que conta com um
controle da cadeia biológica, representada no lodo ativado, cujas análises de DBO e
DQO, estão demonstradas na tabela 03, enquanto que o secundário possui dois
decantadores e um filtro de carvão ativado. Os efluentes resultantes do processo total,
despejados no rio Arroio Pavuna, após ETE, possuem padrão qualitativo superior ao
requerido pela legislação vigente, respeitando o padrão FEEMA.

4. CONCLUSÃO
Com os resultados deste trabalho, a equipe de engenharia, responsável pela gestão de
recursos hídricos da indústria Schering-Plough S.A, conseguiu excelentes resultados no
sentido da racionalização do uso da água, por meio de investimentos, que propiciaram
tanto a construção de novas ligações e reservatórios para a captação da água utilizada no
processo da fábrica e captação da água de origem pluvial, quanto para a adaptação do
sistema existente para aumentar a capacidade de reuso.

Através destas modificações, conseguiu uma redução significativa em sua captação de


água externa que se destina, principalmente a suprir a demanda da atividade de produção
de água reagente. Novas adaptações e investimentos estão sendo empregados para reduzir
significativamente a captação externa, demonstrando a preocupação da empresa com sua
responsabilidade social e com o uso racional deste, que é um recurso essencial à vida.

Iniciativas como esta revelam o trabalho qualitativo realizado pela equipe de engenharia
que pode se transformar em programas de educação e conscientização interna assim como
da comunidade vizinha à área fabril. O exemplo da preocupação social com a comunidade
em torno se expressa na qualidade do efluente final que é despejado no complexo fluvial
da região. Iniciativas como esta devem ser extensíveis a outras indústrias demonstrando
que, a racionalização do uso dos recursos naturais pode vir acompanhada de reduções
significativas dos custos operacionais e aumento de lucros intangíveis com a construção de
uma nova consciência ambiental.

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