Adm 293537
Adm 293537
Adm 293537
FLORIANÓPOLIS
2006
G1SELE CÓRIA SCHMIDT
FLORIANÓPOLIS
2006
GISELE CÚRIA SCHMIDT
0 presente estudo tem por objetivo central verificar como a gestão do conhecimento pode ser
aplicada a gestão de projetos na Infini, uma empresa de desenvolvimento de software, por
meio de uma pesquisa exploratória descritiva, que utilizou como instrumento de coleta de
dados a observação sistemática e entrevistas não estruturadas. Trata-se de urn estudo de caso
realizado no período entre março e julho de 2006. Ao longo do estudo destacam-se os
conceitos de projetos e gerenciamento de projetos, bem como o de conhecimento e gestão do
conhecimento. Para atingir o objetivo proposto, inicialmente foi compreendido o papel do
conhecimento como recurso competitivo na Infmi, para então se descrever como ocorre a
gestão de projetos na empresa, caracterizar a gestão do conhecimento realizada na mesma e
posteriormente foram propostas praticas de gestão do conhecimento para serem aplicadas a
area de gestão de projetos na Infini. Através do estudo é possível identificar a gestão de
projetos como fonte valiosa de conhecimentos relevantes para a organização, e, a importância
em se gerir estes conhecimentos e extrair deles o máximo de valor. No entanto, para que esses
conhecimentos tornem-se ativos a serviço da organização e influenciem positivamente os
resultados desta, é fundamental não só possuí-los, mas principalmente utiliza-los eficazmente.
Para tanto, é fundamental que a organização utilize-se de praticas apropriadas e construa uma
cultura que favoreça a criação, disseminação, utilização e incorporação de conhecimento.
INTRoDuçÃo 4
LI Contextualização do Tema.. 4
1.2 Objetivos 5
1.3 Justificativa
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Projetos 7
2 . 2 .1 0 Guia PMBOK 1 -;
2.3 Conhecimento 27
Criação do conhecimento 29
3 METODOLOGIA 41
3.5 Limitações 43
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 44
5 CONCLUSÕES 58
REFERÊNCIAS 61
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 3: Visão geral das Areas de conhecimento ern gerenciamento de projetos e os processos
de gerenciarnento de projetos. 19
1 INTRODUÇÃO
As pessoas tern planejado e gerenciado projetos desde o inicio dos tempos. Porém.
atualmente, segundo o portal do PMI (Project Management Institute), tem-se uma tendência a
definir as ações em termos de projetos, com orçamentos e cronograrnas pré-definidos.
Assim grande parte das pessoas que atualmente trabalham em empresas esta envolvida
em projetos. Entretanto, os projetos variam muito em termos de finalidade, complexidade e
volume empregados. Além disso, o resultado final nem sempre é exatamente como o
idealizado inicialmente. Portanto, muito conhecimento é gerado no decorrer da execução de
um projeto envolvendo decisões imprevistas e que, estão além de informações documentadas
e desenhos técnicos. Ou seja, a gestão - de projetos trata-se de uma valiosa fonte de
conhecimento para as organizações. Dai a necessidade de se gerir o conhecimento adquirido
5
1.2 Objetivos
Este estudo tem como objetivo geral verificar como a gestão de conhecimento pode
ser aplicada à gestão de projetos na Infini.
Para atingir o objetivo geral proposto, o mesmo é subdividido nos seguintes objetivos
específicos:
1.3 Justificativa
Este trabalho é de grande relevância para a organização objeto de estudo dada sua
necessidade de criar um modelo de gestão de conhecimento para a área de gerenciamento de
projetos.
com a prática e realidade da organização em estudo, a qual é muito mais complexa e dinâmica
do que a visão acadêmica permite visualizar.
Pode-se considerar sua originalidade partindo do pressuposto que, ate o momento, não
foi realizado pela empresa em questão um estudo que pudesse contribuir para melhorar os
resultados no que tange a gestão de conhecimento de seus projetos.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capitulo apresenta teorias e conceitos que propiciam maior embasamento acerca
dos assuntos relacionados ao estudo em questão, com intuito de orientar o seu
desenvolvimento.
2.1 Projetos
a) Desenvolvimento de um software;
b) Construção de um edifício;
d) Organização de um evento;
Segundo Maximiano (2002), todo projeto é uma atividade temporária, porém nem toda
a atividade temporária é um projeto. Para que haja melhor compreensão do conceito de
projeto, é conveniente distingui-lo das atividades funcionais da organização. "Uma atividade
8
repetitiva, ou que tem duração continua não é um projeto. É uma atividade funcional OU
programa." (MA_XIMIANO, 2002, p.26). Pode-se citar como exemplos de atividades
funcionais:
a) Compra de materiais;
b) Fabricação de carro;
c) Manutenção continua;
d) Venda de produtos;
e) Pagamento de fornecedores.
0 Guia PMBOK (2004) também enfatiza a diferença entre projetos e operações,
principalmente pelo fato de que as operações são continuas e repetitivas, enquanto os projetos
são temporários e exclusivos. Além disso, a finalidade de um projeto é atingir seu objetivo e,
em seguida, terminar. Por outro lado o objetivo de uma operação continua é manter o negócio.
Os projetos possuem um ciclo de vida que compreende as fases de seu inicio até a
conclusão, o que permite uma visão sistêmica do mesmo. Heldman (2003) afirma que o
projeto terá no mínimo uma fase inicial, uma intermediária e outra final, dependendo de sua
complexidade. Maximiano (2002) cita: idéia, desenho, desenvolvimento e entrega como
sendo as fases principais de muitos tipos de projetos e concorda que cada tipo de projeto tem
um ciclo de vida especifico, podendo variar o número de fases.
b) Quando as entregas devem ser geradas em cada fase e como cada entrega
revisada, verificada e validada;
deie
Entradas Crone de gererciarrerto ne projetos
Entrega
Produf.o
do projeto
Com base nesses princípios, o Guia PMBOK, identificado na próxima seção, constitui
uma norma l que documenta as informações necessárias para iniciar planejar. executar,
monitorar e controlar, e encerrar um único projeto, e identifica os processos de gerenciamento
de projetos reconhecidos como boa prática na maioria dos projetos, durante a maior parte do
tempo. Entretanto, isso não significa, conforme o próprio Guia PMBOK (2004). que os
conhecimentos, habilidades e os processos descritos devem ser aplicados uniformemente em
todos os projetos. A determinação do que é mais adequado para cada projeto é de
responsabilidade do gerente de projetos em colaboração com a equipe do projeto. As
especificações de um projeto são definidas como objetivos que precisam ser realizados com
base na complexidade, no risco, no tamanho, no prazo, na experiência da equipe do projeto.
no acesso aos recursos, na quantidade de informações históricas, na maturidade da
organização em gerenciamento de projetos e no setor e na área de atuação.
Da constante busca das empresas por melhores praticas no que diz respeito
gerenciamento de projetos, surgiu o Guia PMBOK. Trata-se de um guia, com objetivo de
identificar o subconjunto do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos que é
amplamente reconhecido como boa prática.
I Norma é um documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que
fornece, para uso comum e repetido, regras, diretrizes ou características, para atividades ou seus resultados,
visando a obtenção de um grau ideal de ordenação em um dado contexto. (ISO, 1996 apud GUIA PMBOK,
2004)
14
facilitado pelo Project Management Institute — PMI, uma organização referência mundial em
gerenciamento de projetos, criado nos E.U.A. em 1969, uma instituição sem fins lucrativos
dedicada ao avanço em gerenciamento de projetos.
Uma das grandes contribuições do PMI, para a divulgação das boas pi-Micas de
gerenciamento de projetos, foi a publicação de um documento denominado "A Guide to the
Project Management Body of Knowledge (PMBOK)", publicado pela primeira vez em 1987.
atualmente na terceira edição (lançada em outubro de 2004), possui tradução em vários
idiomas, inclusive o português sob o titulo: "Um Guia do Conjunto de Conhecimentos e
Gerenciamento de Projetos". Para Vargas (2003), o PMBOK é uma denominação que
representa todo o somatório de conhecimento dentro da area de gerenciamento de projetos.
0 Project Management Institute — PMI utiliza este documento como base, mas não
como única referência em gerenciamento de projetos. A norma do Guia PMBOK se destina
apenas a projetos individuais e aos processos de gerenciamento de projetos amplamente
reconhecidos como boas praticas, porém existem outras normas sobre maturidade de
gerenciamento de projetos organizacional (Modelo de Maturidade Organizacional em
Gerenciamento de Projetos — OPM3) e competência do gerente de projetos (Referencial
Brasileiro de Competências em Gerenciamento de Projetos). Especificamente sobre projetos
relacionados à tecnologia da informação, área de atuação da organização objeto do estudo,
encontra-se em fase de desenvolvimento um documento pelo PMI-ISSIG (Grupo de Interesse
Especial em Sistemas de Informação do PMI).
Neste estudo, diversas referências serão feitas ao Guia PMBOK, cujos conceitos e
definições foram adotados.
15
0 Guia PMBOK (2004) identifica cinco grupos de processos através dos quais o
gerenciamento de projetos pode ser melhor explicado. Maximiano (2002) esclarece que cada
grupo desses pode ter um ou mais processos. 0 Guia PMBOK (2004) define os grupos de
processos de gerenciamento de projetos em termos de integração entre os processos, das
interações dentro deles e dos objetivos que atendem.
Cada um destes grupos contém processos que estão distribuídos também entre cada
uma das nove areas de conhecimento (detalhadas na próxima seção), como mostra a tabela I,
logo a seguir:
16
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4. Integração
ro abertura 00 ,,tramiWo dc prol to 3.2 5,1
do gorenciamento i,.., prujeto :r; ,,,,:•, ..t., Ci7).,:::, 3.24.1 4 ',• - 1 :.
de projetos 3.2.:..1 P1 li i 2.2 : .3.2.1.1 C.Ort , ot•
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3eS405013ilT, 0;110
3o =rune-ono
3.2.2.9(6.5i
Ili-land Tool
7. Gerenc omento r".stimativa Comore de castos
Si castos 4.2 4.6
de custos 2, 2.2.10i7.1.: 7. 2'
do projeto Orcastenlaçaõ
3.2.2.1137.21
aanejaintrito Monitoromento
II. Gerenciamento
.(r) orenctamenco c. conuve
de riscos -.14 riscos de nscos
do projeto 3.2.2.15(11.1l 3.2 4.11
Iceraificao -.1 2. 6. 1
.N.:! nv..xs
1.2.2.163 2 1.21
4o4lise 04 1 itativa
:le 111 5 05
3.2.2.17 (11.3)
44:111s.e nbantirativa
:le riscos
32.2.1A-01,4)
3 ortej801001.0
10 reSpOstas
r1 riStOt
3.2. 2.19'AL:5i
Nível de
interação
entre
processos
• •
. ,k• •
■
v.: I
TEMPO
GERENCIAMENTO
DE PROJETOS
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4.Gerenc lament) de
integração do proje
h 1 Panciamarte cc escort°
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•
G.Gerenciamento de
tempo do projeto
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4.2 a."4 Etaldliatho ■ .woct; a attvdane
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Figura 3: Visão geral das Areas de conhecimento ern gerenciamento de projetos e os processos de
gerenciamento de projetos.
Fonte: Guia PMBOK (2004).
As areas de conhecimento em gerenciamento de projetos, segundo o Guia PMBOK
(2004), organizam os 44 processos de gerenciamento de projetos dos grupos de processos de
gerenciamento de projetos, em nove areas de conhecimento, que serão explicadas em seguida.
Esta area, segundo Xavier (2005), é a responsável pela coordenação das outras oito:
escopo, tempo, custos, qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos e aquisições do
20
b) Escopo do projeto: o trabalho que precisa ser realizado para entregar um produto,
serviço ou resultado com as características e funções especificadas.
Esta área de conhecimento diz respeito aos processos envolvidos para garantir que o
projeto irá satisfazer os objetivos para os quais foi realizado. 0 Guia PMBOK (2004)
estabelece os seguintes processos envolvidos no gerenciamento da qualidade do projeto:
Trata-se dos processos que organizam e gerenc iam a equipe do projeto. Segundo o
Guia PMBOK (2004), dependendo do tamanho do projeto, pode-se responsabilizar uma
equipe de gerenciamento do projeto (um subconjunto da equipe do projeto), pelas atividades
de gerenciamento de projetos, corno planejamento, controle e encerramento. Este grupo pode
ser chamado de equipe principal, executiva ou Men Em projetos menores, as
responsabilidades de gerenciamento de projetos podem ser compartilhadas por toda a equipe
ou atribuidas unicamente ao gerente de projetos. Os processos envolvidos nesta área de
conhecimento são:
possível que após o inicio das atividades do projeto seja preciso mobilizar ou
contratar outros membros da equipe, o que pode provocar mudanças na duração de atividades
e cronogramas, além de criar a necessidade de um planejamento de riscos adicional.
-)5
b) Identificação dos riscos: determinação dos riscos que podem afetar o projeto e
documentação de suas características;
c) Análise qualitativa dos riscos: priorização dos riscos para análise ou ação adicional
subseqüente através de avaliação e combinação de sua probabilidade de ocorrência
e impacto;
d) Análise quantitativa dos riscos: análise numérica do efeito dos riscos identificados
nos objetivos gerais do projeto;
2.3 Conhecimento
Para Klain (1998), o conhecimento verdadeiro é mais do que informação, ele inclui o
significado ou interpretação da informação. Nesse contexto, vale destacar que informação "6
um conjunto de dados, ordenados e estruturados que possuem relevância e finalidade"
(DRUCKER apud LACOMBE, 2006, P. 490). Por sua vez dados, conforme Lacombe (2006),
são um conjunto de registros sobre fatos.
Segundo Nonaka e Tekeuchi (1995, apud TERRA, 2001), o conhecimento pode ser
ainda:
a) Individual ou coletivo;
29
b) Implícito(tácito) ou explicito;
c) Estoque ou fluxo;
d) Interno ou externo.
Nonaka e Takeuchi (1997) expõem em sua obra duas perspectivas importantes para o
conceito de criação do conhecimento. Uma é o racionalismo, que afirma essencialmente ser
possível adquirir conhecimento por dedução, através do raciocínio. A outra é o empirismo,
que diz essencialmente ser possível adquirir conhecimento por indução, a partir de
experiências sensoriais. Para estes autores, qualquer teoria adequada A criação do
conhecimento precisa conter elementos das duas.
Por outro lado, sabe-se que o desempenho organizacional depende do modo como
administra-se este ativo tão relevante. Assim, apenas a organização pode transformar o
conhecimento individual em conhecimento organizacional.
Diálogo
Socializac:bo Externaiizapao
Ilk.
Pr
,
3nternalizac.Ao Combinação
Aprender fazendo
Já, Davenport e Prusalc (1999) consideram cinco modos de se gerar conhecimento nas
organizações:
Além disso, Nonaka e Takeuchi (1997) desenvolveram urn modelo de cinco fases do
processo de criação do conhecimento organizacional, conforme observa-se na figura 5, em
seguida:
33
CondicSes capacitadotas
Inten0o
Autonomia
Flutuactio Caos criativo
Re dundáncia
C:nheciinento tacito na 1.7anedade de requisitos Conhecimento
organizacaz.
■
S.:!cializacii.c Externalizactio . Cornbina5iio
,--- ----, .------ -- 4-,..---.,
---'
/"--- ---\ -N\
Criaçâo ``,,, Justifica- t„., Consnv- , (Difustio '...
4 , lhamento do if 4 de ir 4 ;fio de ir A t;i10 - de um if 4 interativa
con.hecimen- .:, , conceitos ,1 ', conceitos 1 i, arquétipo ,, , do conhe-
\ to tacit° /1 i \ ccimento/
ento /
Ai N"---
/
4 1 .1
•
_._
--
Internalizaçâo
Mercado
10 4 0-
de organiza- Conhecnuento Internalizaçáo pelos Conhecimento explicito
ci3es colabo- tacito de usuarios usuirios como anuncios , patentes.
radoras produto e:ou service
c) Terceira fase (justificação dos conceitos): o conceito criado na fase anterior precisa
ser justificado nesta, a qual a organização determina se vale realmente a pena
perseguir o novo conceito;
d) Quarta fase (construção de um arquétipo): os conceitos aceitos são convertidos em
um arquétipo, que pode assumir a forma de um protótipo no caso do
34
As organizações que aprendem, para Garvin (apird LACOMBE, 2006), são aquelas
com capacidade para criar, adquirir e transferir conhecimento, bem como para modificar seu
comportamento para refletir novos conhecimentos e discernimentos.
Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que Quinn (1992) compartilha com Drucker
(1993) e Toffler (1990) a visão de que o poder econômico e de produção de uma empresa
moderna está mais em suas capacidades intelectuais e de serviço do que em seus ativos
imobilizados e vai um pouco mais adiante ao apontar que o valor da maioria dos produtos
depende principalmente de como os fatores intangíveis baseados no conhecimento podem ser
desenvolvidos. Esses autores também concordam que o futuro pertence As pessoas que detêm
o conhecimento, tornando-se este, o novo recurso competitivo.
Para Davenport e Prusak (1999), o conhecimento não é algo novo. Novo .6 reconhecer
o conhecimento como uni ativo corporativo e entender a necessidade de geri-lo e cercá-lo do
mesmo cuidado dedicado a obtenção de valor de outros ativos mais tangíveis. A necessidade
de extrair o máximo de valor do conhecimento organizacional é maior agora do que no
passado.
A gestão do conhecimento pode ser vista como uma coleção de processos que governa
a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da
organização. 0 mesmo autor ainda acrescenta que a gestão do conhecimento trata-se de uma
nova area na confluência entre tecnologia da informação e administração, um campo entre a
estratégia, a cultura e os sistemas de informação de uma organização.
Melo (2003) defende que a gestão do conhecimento não é uma disciplina que detém
requisitos metodológicos para ser implementada, pois cada caso deve ser objeto de estudos
específicos em que serão estabelecidos os caminhos a serem trilhados. Trata-se de uma
disciplina que objetiva democratizar o acesso aos conhecimentos obtidos por indivíduos, seja
36
qual for o meio escolhido pelo gestor, organizando, classificando e criando dispositivos para
sua disseminação conforme o interesse e propósito de um grupo. De acordo com este autor, as
principais funções da gestão do conhecimento nas organizações são:
Terra (2003, apud HATAKEYAMA, 2006) enfatiza que todas as empresas realizam
de alguma forma a gestão do conhecimento, pois não é possível conceber o trabalho humano
sem o emprego da inteligência humana e porque as empresas nos seus processos de trabalho e
crescimento estão invariavelmente reutilizando algum tipo de conhecimento para produzir e
servir seus clientes.
A gestão do conhecimento, de acordo corn Terra (2001) pode ser entendida corn base
em sete dimensões da prática gerencial:
1
Nível Visa° e estratégia Ana AdMinistra00
—
estratégico
4 Políticas 2 3 Denies
,Fornecedores_. Cultura .
Nível de Estrutura
recursos organizacional -- organizacional
organize-
humanos
cional Concorrência
, Parceiros .
5 Sistemas 6 Mensuraçao
_Universidades . de Go verno
Infra- de •
estrutura informação resultados
b) Organização: uma vez coletada, a informação deve ser organizada e ordenada para
ser representada e recuperada com rapidez e facilidade;
Terra (1999) propõe ern sua tese alguns mecanismos de suporte à gestão do
conhecimento que incluem as políticas para a administração de recursos humanos, os sistemas
de informação e as práticas de mensuração de resultados. Para este autor, através das políticas
de recursos humanos as empresas expressam o tipo de pessoas, habilidades e atitudes que são
desejadas (ex: recrutamento e seleção, treinamento, planos de carreira e sistemas de
recompensa). Enquanto a estrutura dos sistemas de informação reflete o grau de importância
que a empresa confere ao acúmulo e compartilhamento de informações e, mesmo, do
conhecimento.Esses sistemas de informação podem ser classificados em três grandes Areas:
De forma mais concreta, Batista (2006), enumera algumas praticas utilizadas na gestão
do conhecimento, entre elas pode-se citar:
g )
Banco de competências individuais: este tipo de iniciativa, também conhecido
como Banco de Talentos ou Páginas Amarelas, é bastante disseminado em
diversos tipos de organizações, de acordo com a literatura. Trata-se de um
repositório de informações sobre a capacidade técnica , cientifica. artística e
cultural das pessoas.
3 METODOLOGIA
Nestes termos, este estudo teve por finalidade explorar a gestão de conhecimento
aplicada A. gestão de projetos, e, descrever como se dá este fenômeno na empresa Infini,
especificamente por meio de um estudo de caso.
42
Mattar (1999) afirma ser este "um dos passos mais importantes do processo de
pesquisa", e, uma das opções é "procurar obter os dados de cada elemento da população".
Como o universo investigado, a Infini, é relativamente pequeno, compreendendo basicamente
os três sócios, fizeram parte da população estudada a totalidade dos membros da organização,
ou seja, "todos os elementos da população", o que, conforme Mattar (1999), caracteriza um
estudo censitário.
Quanto à sua dimensão no tempo, a pesquisa foi realizada no período entre março e
julho de 2006, e, portanto, é considerada ocasional já que mostra "um instantâneo do
fenômeno estudado" (MATTAR, 1999, p.78).
No presente estudo, foram coletados dados primários, ou seja, "aqueles que não foram
antes coletados, estando ainda em posse dos pesquisados, e que são coletados com o propósito
de atender as necessidades especificas da pesquisa em andamento"(MATTAR, 1999, p. 134).
Neste caso, os dados primários abrangem processos e práticas referentes à gestão de projetos e
gestão do conhecimento, bem como aspectos relacionados ao negócio da organização objeto
do estudo e a importância do conhecimento como recurso competitivo para a mesma em sua
area de atuação. Estes dados foram coletados através de observação sistemática, na qual,
segundo Lakatos e Marconi (1990) o observador sabe o que procura e o que carece de
importância em determinada situação, e, por meio de comunicação, ou, entrevistas não
estruturadas, caracterizadas "por ter os propósitos do estudo claros aos respondentes, mas não
há uma estruturação predefinida das perguntas" (MATTAR, 1999, p. 163). Assim, a coleta de
dados ocorreu em vários momentos na sede da empresa, através de visitas, bem como em
alguns almoços com os sócios da empresa, e, no próprio convívio, já que existe um
relacionamento pessoal da acadêmica com os mesmos.
43
Os dados devem ser tratados de acordo com os objetivos do trabalho. Deste modo, os
dados levantados são tratados de forma qualitativa, que, segundo Vergara (1997), são
apresentados de forma menos estruturada, requerendo uma análise mais profunda. o que
permite ao investigador uma visão mais abrangente, contrapondo-se com a teoria estudada.
3.5 Limitações
Neste contexto, uma grande dificuldade que vale destacar foi o fato de que a Infini
atua há pouco tempo no mercado e ainda não realiza processos estruturados e formais.
Portanto, não há registro de dados históricos por parte da empresa, o que dificultou a obtenção
de dados primários mais exatos.
44
Desde o inicio dos tempos o conhecimento é utilizado pelo homem como recurso para
sua sobrevivência, desempenhando importante papel nas transformações sociais.
A Infini foi fundada por três sócios, que já atuavam na area de tecnologia da
informação há cerca de 10 anos, com intuito de prestar serviços, principalmente através do
45
Deste modo, torna-se importante que esse conhecimento, que é perecível, não se tome
obsoleto, através de constante atualização. Pode-se concluir então, em conformidade com o
que afirmam Davenport e Prusack (1999), que 6 essencial rid() apenas identificar sua
importância, mas principalmente gerir este ativo de forma que se possa extrair dele o máximo
de valor.
Em todos os casos, a Infini realiza uma reunião entre todos os três sócios, que
calculam somente através do custo homem-hora, o custo do projeto. com base no seu tempo
estimado de duração e quantidade de recursos humanos possivelmente utilizados. Desta
forma, é verificada a viabilidade do projeto para a empresa, e se ele pode ser executado no
prazo estimado contendo os requisitos estabelecidos no escopo. Com essas informações a
organização decide se aceitará ou não determinado projeto. As estimativas de prazo e recursos
humanos a serem alocados para o projeto, são realizadas apenas com base na experiência dos
sócios. Raramente a empresa faz uso de ferramentas e técnicas apropriadas para efetuar essas
estimativas.
Com relação aos produtos concebidos pela empresa, estes são desenvolvidos sempre
em parceria com a empresa Content Objects. A empresa paulista identifica uma oportunidade
no mercado e desenvolve um escopo preliminar contendo a idéia inicial do que envolve o
produto. Em conjunto com a Infini, encontra-se a melhor forma de implementar esta idéia e
melhorá-la ao máximo.
alocadas para compor a equipe do projeto pessoas de fora da organização, através de contratos
temporários. Nesta etapa, também são estabelecidos os prazos das entregas que compõem as
partes do projeto através de urn cronograma inicial. Tanto a EAP quanto o cronograma não
são armazenados pela organização e são frequentemente modificados com o andamento do
projeto. Dessa forma, não é possível fazer uma comparação entre o planejado inicialmente e o
realizado na prática.
Normalmente a Infini trabalha com no máximo três projetos ao mesmo tempo. Neste
caso, cada um dos sócios fica responsável pelo gerenciamento e desenvolvimento de um dos
projetos. No entanto, todos recebem informações sobre o andamento de todos os projetos e
participam de todas as decisões referentes a eles através da realização de reuniões periódicas.
Caso não haja possibilidade de se realizar as reuniões com a presença dos três sócios, estas
são realizadas pela rede mundial de computadores.
Na Infini todos estão cientes de suas responsabilidades e têm autonomia para definir o
próprio horário de trabalho de acordo com o que favorece o seu rendimento individual
considerando as necessidades do projeto. Porém, caso seja necessário, o trabalho pode
estender-se durante o fim de semana ou até mesmo pela madrugada.
Assim que efetuadas todas as entregas do projeto, o cliente avalia e expõe quaisquer
itens que tenham ficado em aberto. Na seqüência, a Infini soluciona as eventuais pendências e
a partir da aprovação do cliente o projeto é encerrado e a equipe desmobilizada.
Os projetos, em acordo com o que estabelece o Guia PMBOK (2004), apresentam seu
ciclo de vida basicamente ao longo fases, que na Itifini podem ser relacionpdas com os cinco
grupos de processos: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e,
encerramento, observadas claramente na descrição da gestão de projetos da organização.
49
Dessa forma, o ciclo de vida do projeto está completo, entretanto é preciso armazenar
e utilizar todo o conhecimento gerado ao longo do projeto, que incluem as nove areas
descritas no Guia PMBOK (2004): integração, escopo, tempo, custos, qualidade, recursos
humanos, comunicações, riscos e aquisições do projeto, para que esses conhecimentos sejam
incorporados A organização como um valioso ativo corporativo. Nesse contexto, a gestão de
projetos na Infini constitui uma fonte de conhecimento de alto valor para a empresa.
Em acordo com o que defende Melo (2003), a gestão do conhecimento não é uma
disciplina que detém requisitos metodológicos para ser implementada, pois cada caso deve ser
objeto de estudos específicos em que são estabelecidos os caminhos a serem trilhados. Trata-
se de uma disciplina que objetiva democratizar o acesso aos conhecimentos obtidos por
50
indivíduos, seja qual for o meio escolhido pelo gestor, organizando e criando dispositivos
para sua disseminação conforme o interesse e propósito de um grupo.
Além disso, Terra (2003, amid HATA10EYAMA, 2006) enfatiza que todas as
empresas realizam de alguma forma a gestão do conhecimento, pois não é possível conceber o
trabalho humano sem o emprego da inteligência humana e porque as empresas nos seus
processos de trabalho e crescimento estão invariavelmente reutilizando algum tipo de
conhecimento para produzir e servir seus clientes.
Com relação à geração de conhecimento na Infini, esta pode ser entendida com base
nos modos de conversão do conhecimento definidos por NonaIca e Takeuchi (1997) que
envolvem interação entre o conhecimento tácito e explicito: socialização, externalização,
combinação e internalização.
Da mesma forma dá-se a reunido com a empresa parceira, Content Objects. Entretanto,
a freqüência é mais espaçada, não havendo uma regra a esse respeito. Além disso, como a
empresa parceira localiza-se em São Paulo, normalmente as reuniões acontecem através da
internet, por mecanismos de just-in-time knowledge, especificamente ferramentas instant
messengers, ou, ferramentas de mensagens instantâneas (ex.: google talk, msn).
Sob o ponto de vista de Davenport e Prusak (1999), cinco são as formas para se gerar
conhecimento em uma organização: aquisição, recursos dedicados, fusão, adaptação e rede de
conhecimento.
A Infini pratica a aquisição através da contratação de indivíduos que não fazem parte
da organização para atuarem em determinado projeto, como também em função de sua
parceria com a Content Objects. Nos dois casos, conhecimentos novos são trazidos para a
organização, além do conhecimento desenvolvido por ela.
52
A partir de problemas que surgem no decorrer dos projetos, soluções são criadas, e,
portanto conhecimento também, porém de modo reativo. Este fato caracteriza a geração de
conhecimento através da adaptação. No entanto não é realizado um registro dessas soluções
ou conhecimentos.
A Infini possui forte intenção no que tange à visão de quais conhecimentos devem ser
desenvolvidos pela organização, no caso, relacionada à gestão de seus projetos, havendo um
consenso a esse respeito. No entanto, no que se refere A. operacionalização desse
conhecimento, a empresa ainda pode evoluir, já que inexistem ainda iniciativas para
documentar o conhecimento gerado pela mesma.
0 fato das decisões da Infini serem tomadas em conjunto pelos três sócios, não limita
a flexibilidade destes para agirem isoladamente conforme as circunstâncias, visto que as
informações são constantemente compartilhadas contribuindo para uma unificação das formas
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Como todos na Infini participam de todas as tarefas, não existe uma limitação clara
para as funções, as pessoas estão preocupadas corn a organização como um todo, corn o longo
prazo, e não apenas com sua área de trabalho. Dessa forma, busca-se a evolução conjunta, não
individual.
Principalmente na fase inicial do projeto, quando 6' definido o seu conceito, a partir da
perspectiva de uma pessoa, surgem novas contribuições com base na interpretação e
impressão dada por outras, com liberdade para tentar e falhar. Nestes termos a condição de
redundância também é proporcionada pela Infini.
A cultura da Infini envolve alto grau de liberdade, de modo que influencia a forma de
trabalho autônoma e a estrutura organizacional informal. Em alguns momentos essa liberdade
pode levar a certa falta de controle e disciplina, porém é essencial para os processos de
criação, disseminação e utilização do seu ativo mais valioso, o conhecimento.
um bem de alto valor. Entretanto, é fundamental que este processo seja aprimorado
continuamente, através de efetiva gestão do conhecimento.
4.4 Proposta de práticas de gestic) do conhecimento que possam ser aplicadas à gestão
de projetos na Infini
Contudo, a empresa não deve simplesmente adaptar-se As situações, mas sim adotar
uma postura pró-ativa, a fim de maximizar a extração de valor do conhecimento. Mais
importante do que possuir o conhecimento, é utilizá-lo de modo que ele se torne produtivo,
visto que o conhecimento é um fator crucial para o sucesso da Infini.
Sendo assim, algumas práticas de gestão do conhecimento são propostas para serem
utilizadas na gestão de projetos na Infini, com intuito de influenciar positivamente os
resultados da mesma, dada a importância desse conjunto de conhecimentos para a organização
em questão.
projetos, bem como conclusões que levem ao aprendizado da empresa. Neste sentido. é
relevante realizar essa comparação ao término do projeto a partir do registro do realizado.
Dessa forma, pode-se introduzir outra prática relacionada com a gestão do conhecimento, as
lições aprendidas. Segundo Batista (2006), as lições aprendidas são relatos de experiências em
que se registra o que aconteceu, o que se esperava que acontecesse, a análise das causas das
diferenças e o que foi aprendido durante o processo. Essas Lições podem ser usadas como base
para o processo de tomada de decisão com relação a outros projetos.
Pertinente As reuniões semanais, estas podem ser melhor aproveitadas pela empresa
para análise a longo prazo com o registro de suas atas, contendo os temas abordados,
considerações, conclusões e decisões acerca dos mesmos. Além disso, as reuniões realizadas
em ambiente virtual podem ser acrescidas de videoconferência. Com isso, elas podem tornar-
se mais pessoais, principalmente no que tange ao contato com empresas parceiras e clientes.
Considerando que o universo da Infini é composto por basicamente três pessoas. não
convém no momento a utilização de complexos sistemas de informação como infira-estrutura
para apoiar a realização das práticas de gestão do conhecimento propostas para a área de
projetos na organização. No entanto é preciso considerar essa hipótese corn a expectativa de
haver em pouco tempo um crescimento da empresa em função do seu desempenho atual, e,
para tanto, esta precisa estar preparada.
O tempo envolvido na realização dessas práticas deve ser entendido não como
desperdício, mas sim como urn importante investimento. Com a adoção das iniciativas
propostas é possível complementar, como também aprimorar as ações da Infini relacionadas
gestão do conhecimento em seus projetos.
Ainda, o registro das ocorrências (um histórico), erros e acertos obtidos ao longo das
etapas do ciclo de vida de um projeto, ajudariam a empresa citada a conhecer mais sobre suas
limitações, facilidades e perspectivas, especialmente no que tange ao atendimento das
demandas da clientela.
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5 CONCLUSÕES
Da mesma forma a gestão de projetos é identificada neste estudo como uma fonte
valiosa de conhecimentos, na qual a empresa deve concentrar ações, a fim de influenciar
positivamente o seu resultado.
Assim, não é objetivo deste trabalho a generalização de resultados, mas sim, tratar
especificamente do caso Infini. Partindo desse pressuposto, e, com base na teoria explorada
acerca do tema em questão, a Infini precisa estar ciente que a gestão do conhecimento envolve
um conjunto de esforços no sentido de criar, disseminar, utilizar e incorporar os
conhecimentos relevantes para a organização, de acordo com as suas necessidades. Portanto, a
gestão do conhecimento, não se restringe 5. adoção de algumas poucas práticas gerenciais.
No entanto, a posse do conhecimento não garante sua utilização efetiva, o que depende
muito das pessoas, no caso principalmente os sócios, e também da infra-estrutura
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Outro fator de extrema necessidade para a Infini é a mensuração dos seus resultados , o
que contribui fortemente para o aprendizado da organização. Na fase em que são realizados o
monitoramento e controle dos projetos, não há uma avaliação dos pontos a serem trabalhados
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na organização. Essa avaliação deve ser realizada não somente durante os processos de
monitoramento e controle como também com o encerramento do projeto, preocupando-se em
medir os resultados não apenas sob a perspectiva financeira, mas também operacional,
estratégica e de aquisição de conhecimento.
REFERÊNCIAS
HELDMAN, K. Gerência de projetos: guia oficial para o exame do PMI. 6. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2003.
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TRIVII 10S, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em
educação. S ão Paulo: Atlas, 1987.