Caderno Didático
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Caderno Didático
E ESCRITA
ORGANIZADORAS
Doris Pires Vargas Bolzan
Ana Carla Hollweg Powaczuk
COLABORADORAS
Fabiane Romano de Souza Bridi
Giovana Fracari Hautrive
Fabiane Puntel Basso
EDUCAÇÃO ESPECIAL
FUNDAMENTOS DA LEITURA
E ESCRITA
ORGANIZADORAS
Doris Pires Vargas Bolzan
Ana Carla Hollweg Powaczuk
COLABORADORAS
Fabiane Romano de Souza Bridi
Giovana Fracari Hautrive
Fabiane Puntel Basso
1ª Edição
UAB/CTE/UFSM
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Victor Godoy Veiga
PRESIDENTE DA CAPES
Cláudia Mansani Queda de Toledo
REITOR
Luciano Schuch
VICE-REITORA
Martha Bohrer Adaime
PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO
Rafael Lazzari
PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO
Jerônimo Siqueira Tybusch
COORDENADORA DA CTE
Liziany Müller
COORDENADORA DA UAB
Vanessa Ribas Fialho
COORDENADORA DA CTE
Liziany Müller
ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO
Doris Pires Vargas Bolzan, Ana Carla Hollweg Powaczuk, Fabiane Romano
de Souza Bridi, Giovana Fracari Hautrive e Fabiane Puntel Basso
APOIO PEDAGÓGICO
Patrícia Nunes Pezzini
Karine Josieli König Meyer
REVISÃO LINGUÍSTICA
Grazielle da Silva dos Santos
DIAGRAMAÇÃO
Daniela Pereira Barbosa
PROJETO GRÁFICO
Ana Letícia Oliveira do Amaral
CAPA
Elaborada a partir do original de @pikisuperstar
CDU 376
37.014.22
E
ste caderno didático foi organizado para subsidiar teus estudos e aprofun-
damentos que serão desenvolvidos na disciplina de Fundamentos da Lei-
tura e Escrita, do curso de Educação Especial da Universidade Aberta do
Brasil - Universidade Federal de Santa Maria (UAB/UFSM).
A disciplina de Fundamentos da Leitura e Escrita tem como objetivo carac-
terizar, comparar e analisar diferentes aportes teóricos sobre leitura e escrita.
Para tanto, aborda pesquisas e estudos atuais sobre alfabetização e letramento,
a fim de favorecer sua compreensão acerca dos processos que incidem sobre a
aprendizagem da leitura e da escrita de crianças, jovens e adultos.
A compreensão acerca dos diferentes aportes teóricos sobre a construção da
leitura e a escrita são fundamentais para a construção de práticas pedagógicas
inclusivas, nos diferentes espaços educativos não formais e escolares, permi-
tindo a consideração sobre os diferentes percursos trilhados pelos sujeitos em
processo de alfabetização.
O processo de alfabetização dos sujeitos tem desafiado professores, educa-
dores especiais e a escola como um todo, exigindo que se empreenda um modo
de trabalhar o ensino da língua escrita. Tal perspectiva possibilita que seja via-
bilizado o direito efetivo de ler e de escrever de nossas crianças, jovens e adul-
tos. Logo, é necessário se pensar em propostas de trabalho que reconheçam a
construção da língua escrita como um processo dinâmico, no qual cada sujeito
constrói ideias e concepções a partir da diversidade de estilos cognitivos, ritmos
de aprendizagem e modos de aprender a partir da cultura escrita na qual está
inserido (BOLZAN et al., 2013). Isso equivale a dizer que as ações, os valores, os
procedimentos e os instrumentos que os estudantes lançam mão em seu co-
tidiano, dentro e fora da escola, são constituintes do seu modo de elaborar a
língua escrita e seus discursos.
Desde muito cedo, os sujeitos estão inseridos em práticas de leitura e de es-
crita, pois vivemos em uma sociedade grafocêntrica. Logo, a apropriação da lín-
gua escrita implica a compreensão de que as experiências vividas nos diferentes
contextos, sejam escolares ou não, podem gerar práticas sociais de uso da língua
que darão sentido e significado às aprendizagens dos sujeitos deste processo.
Nesse sentido, as questões que se colocam para a construção de uma prática
de alfabetização inclusiva são:
CARGA
UNIDADE OBJETIVOS MATERIAIS HORÁRIA
(horas)
1
ATEnção: faz uma chamada ao leitor sobre um assunto,
abordado no texto, que merece destaque pela relevância.
2
interatividade: aponta recursos disponíveis na internet
(sites, vídeos, jogos, artigos, objetos de aprendizagem) que
auxiliam na compreensão do conteúdo da disciplina.
3
saiba mais: traz sugestões de conhecimentos relacionados
ao tema abordado, facilitando a aprendizagem do aluno.
4
termo do glossário: indica definição mais detalhada de
um termo, palavra ou expressão utilizada no texto.
SUMÁRIO
▷ UNIDADE 1 – PESQUISAS E ESTUDOS SOBRE O CONCEITO
DE ALFABETIZAÇÃO . 11
Introdução . 13
1.1 Aproximações conceituais: a natureza complexa do processo de ler e
escrever . 14
1.2 As abordagens teórico-práticas sobre o processo de alfabetização: con-
ceitos de alfabetização . 16
1.2.1 Alfabetização como um processo individualizado . 17
1.2.2 A alfabetização como aquisição de uma técnica de transcrição gráfica
das unidades sonoras . 18
1.2.3 Alfabetização como processo de apropriação do sistema de representa-
ção da escrita . 21
1.2.4 Alfabetização e as práticas sociais de leitura e de escrita . 23
1.3 Por uma construção conceitual abrangente sobre alfabetização . 26
1.4 Os métodos no processo de alfabetização . 28
Atividades – Unidade 1 . 36
▷ CONSIDERAÇÕES FINAIS . 89
▷ REFERÊNCIAS . 90
▷ ANEXOS . 103
Anexo A1 – Cartões com escritas . 104
Anexo A2 – Cenas ou imagens . 112
Anexo A3 – Protocolo dos cartões - testagem: o que é possível ler . 116
Anexo B – Protocolo das Testagens das quatro palavras e uma frase . 120
Anexo C1 – Imagem animal de grande porte e fichas separadas com seu
respectivo nome . 124
Anexo C2 – Imagem animal de grande porte e fichas separadas com seu
respectivo nome . 126
Anexo D – Imagem da natureza . 128
1
PESQUISAS E ESTUDOS
SOBRE O CONCEITO
DE ALFABETIZAÇÃO
12 ·
INTRODUÇÃO
3 Saiba mais
Esta unidade foi elaborada com base nos textos de Bolzan
(2006) e Powaczuk (2008).
A
s pesquisas, nas últimas décadas, têm demonstrado a importância de se
compreender o processo de alfabetização a partir da construção de um
sistema de representação, que vai sendo apropriado pelo sujeito à medida
que ele é exposto a diferentes experiências culturais, tendo em vista que a escrita é
um objeto cultural que não está restrito à escola. Muito embora algumas crianças
tenham suas primeiras experiências sistemáticas com a escrita formal na escola,
estão imersos na cultura escrita de sua comunidade.
Logo, neste módulo, serão apresentadas e problematizadas algumas aborda-
gens teóricas sobre o processo de alfabetização, bem como alguns dos métodos
tradicionalmente utilizados no ensino da leitura e da escrita. Autores como Fer-
reiro e Teberosky (1987), Mortatti e Frade (2014), Soares (2004), Ferreiro (1992,
2000, 2001a, 2002, 2011a, 2011b), Braggio (1992), Kleiman (1995), Freire (1982,
1987, 1999), Cagliari e Cagliari (1999), Marcuschi (2001), entre outros contribui-
rão para o debate em torno dos temas relativos aos diferentes enfoques e pre-
missas que sustentam as construções sócio-históricas sobre alfabetização.
Assim, a unidade está organizada em duas subunidades. A primeira subu-
nidade apresenta abordagens que tratam da complexidade dos processos de
leitura e escrita. E a segunda subunidade trata sobre os diferentes métodos de
ensino utilizados na alfabetização, no contexto escolar. Ao final desta unidade,
você, estudante, deverá ser capaz de caracterizar, comparar e analisar diferentes
aportes teóricos sobre leitura e escrita.
Fonte: Autoras.
14 ·
É necessário, pois, compreendermos que as dimensões nos diferentes enfoques
são indissociáveis, possuindo múltiplas correlações entre elas. Sua distinção
nos serve como forma de compreender a ênfase sobre a qual se assentam de-
terminadas abordagens. Na prática pedagógica, as dimensões estão presentes,
independentemente da abrangência de compreensão que o professor possui
sobre cada uma destas. Contudo, é importante ter clareza que quanto maior a
capacidade de análise sobre as diversas variantes que incidem sobre o trabalho,
maiores são as chances de construir práticas pedagógicas relevantes e efetivas
às aprendizagens da leitura e da escrita pelos sujeitos.
4 Termo do glossário:
Alfabetização: processo de apropriação de um sistema de
representação de escrita, que se caracteriza pela conquista
de princípios alfabéticos e ortográficos, possibilitando ao
estudante ler e escrever com autonomia.
16 ·
3 Saiba mais:
- Ferreiro (2002)
- Soares (2004)
- Braggio (2002)
18 ·
relações entre grafemas e fonemas, sendo uma aprendizagem baseada, sobretudo,
nos processos perceptuais e de discriminação (visual, auditiva) (BOLZAN, 2006).
4 Termo do glossário:
Grafemas: Unidade de um sistema de escrita, que pode
corresponder a uma letra num sistema de escrita alfabética.
(GRAFEMAS, 2021).
Fonemas:
3 Saiba mais:
- Ferreiro e Teberosky (1987).
- Ferreiro (2000).
- Ferreiro (2001a).
20 ·
entre os diferentes discursos de escrita. Com isto, é fundamental considerar que
as múltiplas possibilidades linguísticas da língua servem como fonte de alimen-
tação das produções de seus falantes e de seus escritores.
Nesse sentido, são potentes as considerações de Marcuschi (2001), ao colocar
em destaque que as diferenças entre oralidade e escrita precisam ser compreen-
didas e articuladas a partir de uma ideia de continuidade, que tem como mote
as práticas sociais de produção textual, oral e escrita, e não a relação dicotômica
de dois polos opostos.
22 ·
1.2.4 Alfabetização e as práticas
sociais de leitura e de escrita
A abordagem da Sociolinguística apresenta uma perspectiva relacionada com
os usos e funções sociais da língua, tomando como pressuposto que a escrita é
mais do que uma tecnologia neutra. Segundo Marcuschi (2001), ela é um bem
social indispensável para enfrentar o dia a dia, especialmente nas sociedades
grafocêntricas. Contudo, sua essencialidade não se dá por virtudes que lhe são
imanentes, mas pela forma como se impôs e penetrou nas sociedades modernas
e influenciou as culturas de modo geral.
1 Atenção:
“A Sociolinguística é o ramo da Linguística que estuda a
relação entre a língua e a sociedade. É o estudo descritivo do
efeito de todo e qualquer aspecto da sociedade, incluindo as
normas culturais, expectativas e contexto, na maneira como
a língua é usada, e os efeitos do uso da língua na sociedade”
(SOCIOLINGUÍSTICA, 2021).
4 Termo do glossário:
Letramento: termo adotado por linguistas para tratar da
compreensão das condições sociais de uso da lectoescrita,
que implica a participação nas práticas sociais que envolvem
a língua escrita, em um determinado espaço sociocultural.
24 ·
A proposição de Soares (2004), Kato (1986) e Kleiman (1995) com o termo
letramento emerge na direção de destacar a indissociabilidade das práticas alfa-
betizadoras das práticas sociais de leitura e de escrita. Estas autoras referem-se
à necessidade de se alfabetizar em contexto, de e por meio da interação com
material escrito real, e não artificialmente construído, como também pela par-
ticipação dos sujeitos nas práticas sociais de leitura e de escrita, pois saber ler e
escrever de forma mecânica não garante a participação plena com os diferentes
tipos de textos que circulam na sociedade.
2 Interatividade:
Para ler a obra de Soares (2004) na íntegra, acesse: https://
www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf
2 Interatividade:
Sobre a construção da leitura e escrita, acesse o vídeo: Emilia
Ferreiro - Alfabetização e novas tecnologias (FERREIRO,
2013a). Disponível em: https://youtu.be/6vZlKa9QlkA
26 ·
A atuação do professor nesse processo deve estar voltada às questões sobre o
que vem a ser a escrita, o que ela representa no cotidiano das crianças. As crianças
devem-se sentir motivadas a participarem de eventos de leitura e de escrita, ca-
bendo aos professores mostrar-lhes que elas podem ler e escrever e que a leitura
e a escrita estão em todos os lugares, devendo a leitura do mundo, do ambiente
vivido tornar-se o foco do dia a dia na escola (BOLZAN, 2001). Ou seja, compete
ao professor proporcionar atividades significativas, que possibilitem às crianças
perceberem que “a escrita é importante na escola, porque é importante fora dela”
(FERREIRO, 2001a, p. 39), pois é através de atividades relevantes da escrita que as
crianças aprenderão que essas têm significado e propósito para elas.
Desse modo, Ferreiro (2002, p. 82-83) indica que se alfabetiza melhor quando:
2 Interatividade:
Sobre leitura e escrita, leia Bolzan, Santos e Powaczuk (2013).
Disponível em: https://dx.doi.org/10.5902/198464446095
3 Saiba mais
Para saber mais, acesse o estudo de doutorado desenvolvido
por Zeneide Paiva Pereira Vieira, intitulado Cartilhas de
alfabetização no Brasil: um estudo sobre trajetória e
memória de ensino e aprendizagem da língua escrita.
Disponível em: http://www2.uesb.br/ppg/ppgmls/wp-
content/uploads/2017/09/Tese-Zeneide-Paiva-Pereira-
Vieira.pdf
28 ·
das famílias silábicas (método silábico) que, a partir de suas combinações, pos-
sibilita a produção da escrita de palavras. Nessa abordagem, a leitura é entendi-
da como uma associação entre estímulos gráficos e respostas sonoras.
Baseiam-se fundamentalmente no desenvolvimento de estratégias voltadas
à percepção auditiva, considerando que é pela correta discriminação dos sons e
pela posterior associação do som com seu sinal gráfico que a criança aprende a
ler e a escrever (POWACZUK, 2008).
Tal abordagem segue a orientação associacionista, a qual defende que ideias
simples podem ser vinculadas para formar ideias complexas. Nessa perspecti-
va, institui-se um trabalho apoiado no treino e na repetição, com o objetivo de
ensinar a decifrar palavras escritas por meio da repetição mecânica de partes e,
consequentemente, memorização, de modo que a leitura mecânica precede a
leitura compreensiva, estabelecendo o total esvaziamento contextual da men-
sagem (POWACZUK, 2008).
Na perspectiva apontada por Zaccur (1997), trata-se de ministrar, gota a gota,
frações mínimas de conhecimento, supondo que a fragmentação do conheci-
mento significa facilitar a aprendizagem. Desta forma, o ensino da leitura e da
escrita se reduz a uma série de dificuldades crescentes: primeiros sons isolados
em correspondência com sinais gráficos e, depois, a desmontagem e montagem
de palavras; palavras relacionadas com frases, frases formando parágrafos e pa-
rágrafos integrando textos. Em síntese, a soma das partes daria o todo. Entretan-
to, na perspectiva apontada por esta autora, esta premissa falseia todo o proces-
so, pois, mesmo que fosse possível recuperar as partes e o todo, num minucioso
trabalho de arqueólogo, o máximo que se conseguiria seria um esqueleto, uma
estrutura estática e sem vida.
Os métodos analíticos, por sua vez, desdobram-se em processo de palavra-
ção, sentenciação e contos. Adotam procedimento oposto aos métodos sintéti-
cos, partindo de unidades maiores para chegar a unidades menores. Postulam
que a visão de conjunto é essencial para análise e, por isso, a aprendizagem da
leitura e da escrita parte do todo para as partes. Assim, primeiro é preciso reco-
nhecer a globalidade do texto ou conto, das frases e palavras para depois realizar
a análise de seus componentes e partes. Os métodos analíticos consideram a
leitura uma tarefa fundamentalmente global, sendo preciso abordá-la a partir
do que é significativo para a criança, jovem ou adulto. Em geral, a utilização de
excertos de histórias clássicas ou pequenos textos é o ponto de partida para ex-
plorar suas partes e proporcionar a sensação do domínio da leitura e da escrita
para os estudantes, muitas vezes em detrimento do significado.
Segundo Moll (1999), apesar de os métodos analíticos apresentarem uma
maior preocupação com o sentido e a significância no processo de alfabetiza-
ção, centram a atenção em estratégias visuais, cristalizando o processo de alfa-
betização em etapas e procedimentos que, via de regra, nada tem a ver com o
processo de aprendizagem do aluno.
Nessa perspectiva, em ambas as opções, há a centralidade na decodificação
do sistema alfabético e ortográfico da escrita; embora se possa identificar, na
segunda abordagem analítica, uma preocupação com o sentido veiculado pela
escrita, seja no nível do texto, seja no nível da palavra ou da sentença. Estes são
30 ·
[...] não se trata de ensinar as crianças a fazer uma distinção,
mas sim de levá-las a se conscientizarem de uma diferença que
já sabiam fazer. Em outras palavras: não se trata de transmi-
tir um conhecimento que o sujeito não teria fora desse ato de
transmissão, mas sim de fazer-lhe cobrar a consciência de um
conhecimento que o mesmo possui, mas sem ser consciente
de possuí-lo. (FERREIRO; TEBEROSKY, 1999, p. 27).
2 Interatividade:
Sobre mediação no processo de aprendizagem, acesse
o vídeo Emilia Ferreiro - Leitura e escrita na Educação
Infantil (FERREIRO, 2013b). Disponível em: https://youtu.
be/0YY7D5p97w4
Da mesma forma, os estudos de Vygotski (2005, 2007) e Luria (1988), que pas-
saram a ser divulgados no Brasil na década de 80, impulsionaram a compreen-
são do processo de alfabetização sob outras bases. Em seus estudos referentes
à construção da escrita pela criança, Vygotski (2005) teve como propósito com-
preender o caminho percorrido pela criança neste processo, evidenciando os
pontos importantes pelos quais acontece esse desenvolvimento. Esse processo
foi por ele denominado como a pré-história da escrita, centrando suas investi-
gações no que leva uma criança a escrever, ou seja, que trajetória possibilita que
ela aprenda a língua escrita.
Vygotski, nos anos 20, já tecia críticas à forma de condução do processo de
alfabetização das crianças, indicando que o ensino da língua escrita não se ba-
seava no desenvolvimento natural das necessidades das crianças, nem em sua
própria iniciativa, pois o que lhe chegava de fora estava pronto para ser repro-
2 Interatividade:
Acesse o vídeo sobre a história da alfabetização
(AMÂNCIO, 2011) em: https://www.youtube.com/
watch?v=f_06XkTXWYM&ab_channel=IEP3Unesp
32 ·
Powaczuk (2008), por sua vez, problematiza que a modelização implicada nos
métodos tradicionais é, muitas vezes, percebida como confortável pelo profes-
sor, ao indicar passos a seguir para um ensino “eficaz”, a partir de uma medida,
um padrão, um caminho confiável a seguir. Assim, o paradigma socioconstru-
tivista, ao problematizar a alfabetização a partir de um único método, com um
único tipo de texto privilegiado (controlado e domesticado), adotando uma de-
finição exclusiva de leitor em um sistema de escrita específico válido, coloca em
evidência a necessidade de o professor revisar seus saberes e fazeres. Tal proces-
so caracteriza-se como um movimento de reconstrução da sua docência a partir
de novas bases epistemológicas, restituindo-lhe o protagonismo pedagógico.
Esse entendimento respaldou propostas de formação continuada para pro-
fessores, na primeira e segunda décadas do século XXI no Brasil, com o Pro-
grama de Pró-letramento e o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC). Estes programas se pautaram na ideia da alfabetização na perspectiva
do letramento.
2 Interatividade:
Sobre o Programa Pró-letramento (BRASIL, 2018a), acesse:
http://portal.mec.gov.br/pro-letramento
Podemos dizer que o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa foi um
dos programas com maior abrangência e repercussão nos últimos anos, nos sis-
temas municipais. Este programa, criado em 2012, constituiu-se como uma po-
lítica nacional direcionada a promover a melhoria dos níveis de alfabetização
nos três primeiros anos do ensino fundamental, via três vertentes: ações de for-
mação, de avaliação e de distribuição de materiais didáticos nas escolas, para o
uso do educador e do aluno, de norte a sul, leste a oeste do país (ARNOUT, 2019).
Nessa direção, o programa priorizou o fortalecimento do regime de colaboração
e do diálogo entre União, estados, municípios, instituições formadoras e escolas,
em especial, responsabilizando os sistemas públicos de Educação Básica pela rea-
lização de diagnósticos da alfabetização e letramento dos estudantes de suas redes
(inclusive com base nos boletins da Avaliação Nacional de Alfabetização - ANA,
prova aplicada para verificar as habilidades de leitura e escrita (ARNOUT, 2019).
2 Interatividade:
Sobre o Decreto nº 9.765/2019 (BRASIL, 2019b), acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/
decreto/D9765.htm
34 ·
as aprendem a ler e a escrever e como é possível ensiná-las de
modo mais eficaz. (SNOWLING; HULME, 2013 apud BRASIL,
2019a, p. 16).
A ciência cognitiva da leitura, base sobre a qual se assenta a PNA, enfoca os pro-
cessos linguísticos, cognitivos e cerebrais envolvidos na aprendizagem e no en-
sino das habilidades de ler e de escrever. Assim, o documento destaca que “[…]
a leitura e a escrita precisam ser ensinadas de modo explícito e sistemático, evi-
dência que afeta diretamente a pessoa que ensina” (BRASIL, 2019a, p. 20). Por
essa razão, a PNA (2019a) propõe a assunção e a difusão de tais contribuições,
aprimoradas pelas “evidências científicas mais recentes”. Ou seja, a alfabetiza-
ção é definida como “o ensino das habilidades de leitura e de escrita em um sis-
tema alfabético”. Sistema alfabético, por sua vez, é aquele que se representa com
os caracteres do alfabeto, isto é, as letras e os sons da fala (fonemas).
É relevante referir que o documento desconsidera os estudos do campo dos
últimos 40 anos, inclusive expressa como argumento que o fracasso escolar é
consequência do referencial construtivista e socioconstrutivista que “domina o
campo de alfabetização”.
O sujeito da alfabetização deve ser guiado passo a passo durante todo o pro-
cesso de construção da lectoescrita. A aprendizagem ocorre a partir do ensino das
primeiras regras de correspondência entre grafema-fonema/fonema-grafema,
como forma de o estudante começar
Fonte: CTE/UFSM.
36 ·
2
ORALIDADE E
LETRAMENTO
INTRODUÇÃO
E
sta unidade objetiva proporcionar debates em torno da leitura e da escrita
que possibilitem ao acadêmico conhecer, comparar e analisar diferentes
aportes teóricos sobre alfabetização, letramento e oralidade. Autores como
Soares (1998, 2004), Ferreiro (2003), Moraes (2012), Capellini e Ciasca (1999), Zorzi
(2003), Moojen e Santos (2001), entre outros contribuirão para o debate em torno
dos temas. Desse modo, os estudantes poderão refletir sobre os elementos que
constituem os objetos culturais relacionados à escrita e à leitura, para além do
contexto escolar.
Assim, o primeiro tópico esclarecerá o que se entende por alfabetização, le-
tramento e cultura escrita, expandindo as relações entre os conceitos que bali-
zam as práticas de leitura e escrita na escola. Já o segundo subtema da unida-
de trata da relação da escrita com a oralidade, destacando a importância de os
sujeitos compreenderem as relações grafema (letra) - fonema (sons das letras),
com ênfase na consciência fonológica. Nesse sentido, a compreensão conceitual
acerca da consciência fonológica é fundamental para que os sujeitos possam
refletir em torno de atividades capazes de ampliar as compreensões acerca das
relações entre sons e letra e sua denominação, pois o nome das letras não é o
mesmo que sua representação sonora ou sua grafia (SANTOS, 2019). Através da
reflexão consciente da língua, os sujeitos serão capazes de dominar um con-
junto complexo de propriedades estruturais e funcionais da sua língua. Sendo
assim, ao final desta unidade, você, estudante, deverá ser capaz de compreender
as relações entre alfabetização e letramento e sua correlação com a face linguís-
tica fonética e fonológica da alfabetização.
3 Saiba mais:
Leia Brito (2005).
40 ·
tema, publicados, a partir desse momento, nesses países, e se
operacionalizou nos vários programas, neles desenvolvidos,
de avaliação do nível de competências de leitura e de escrita
da população. (SOARES, 2004, p. 06).
2 Interatividade:
Vamos assistir à entrevista de Emilia Ferreiro (FERREIRO,
2013c) e compreender sua posição sobre letramento e
alfabetização? Então, acesse: https://www.youtube.com/
watch?v=WF5S9Ic4nmY
42 ·
4
Termo do glossário:
De acordo com Soares (2021, p. 12), alfaletrar é o
processo de aprender o sistema alfabético de escrita e,
contemporaneamente, conhecer e aprender seus usos
sociais: ler, interpretar e produzir texto. Não apenas
alfabetizar, mas alfabetizar e letrar, alfaletrar.
44 ·
2.2
APONTAMENTOS SOBRE
A FACE LINGUÍSTICA
FONÉTICA E FONOLÓGICA DA
ALFABETIZAÇÃO: A CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA EM QUESTÃO
3 Saiba mais:
Esta subunidade é uma versão revisada e adaptada de Basso
e Bolzan (2006).
2 Interatividade:
Sobre consciência fonológica, assista ao vídeo Consciência
fonológica é pré-requisito para escrever? (FERREIRO,
2013d). Disponível em: https://youtu.be/B0cyJgzkB6w
4 Termo do glossário:
Aliteração: Capacidade de identificar ou repetir a sílaba ou
fonema na posição inicial das palavras.
46 ·
Basso (2007), a partir dos estudos de Cielo (2000) e Capovila e Capovila (2000),
salienta as distinções entre consciência fonológica e consciência fonêmica. A
consciência fonológica, engloba “as habilidades de reconhecimento e produção
de rimas, análise, síntese, reversões, bem como outras manipulações silábicas e
fonêmicas, além de habilidades em realizar a correspondência entre fonema e
grafema, e vice-versa” (BASSO, 2007, p. 45). Já o termo “consciência fonêmica”
pode ser usado apenas como referência específica à consciência dos fonemas.
(BASSO, 2007, p. 47).
Logo, a rima representa a correspondência fonêmica entre duas palavras a
partir da vogal da sílaba tônica. Por exemplo, para rimar com a palavra SAPATO,
a palavra deve terminar em ATO, pois a palavra é paroxítona. Já para rimar com
CAFÉ, a palavra precisa terminar somente em É, visto que a palavra é oxítona.
A equidade deve ser sonora, e não necessariamente gráfica, ou seja, as palavras
OSSO e PESCOÇO rimam, pois o som em que terminam é igual, independente
da forma ortográfica, o que a longo prazo pode gerar um problema em relação
à escrita ortográfica.
Já a aliteração, também recurso poético, como a rima, representa a repetição
da mesma sílaba ou fonema na posição inicial das palavras. Os trava-línguas são
um bom exemplo de utilização da aliteração, pois repetem, no decorrer da frase,
várias vezes o mesmo fonema.
Os pesquisadores Goswami e Bryant (1999) realizaram estudos a respeito da
consciência fonológica e comprovaram que a habilidade de detectar rima e ali-
teração é preditora do progresso na apropriação da leitura e da escrita. Isto ocor-
re porque a capacidade de perceber semelhanças sonoras no início ou no final
das palavras permite fazer conexões entre os grafemas e os fonemas que eles
representam, ou seja, favorece a generalização destas relações.
É comum vermos crianças de 4 ou 5 anos brincando com nomes dos colegas
em jogos de rimas como: “Gabriel combina com pastel ou anel”, “Fabiana com-
bina com banana ou cana”. Mesmo sem saber que isto é uma rima, a brincadeira
espontânea das crianças atesta sua capacidade de consciência fonológica.
A consciência de palavras, também chamada de consciência sintática, repre-
senta a capacidade de segmentar a frase em palavras e, além disso, perceber a re-
lação entre elas e organizá-las numa sequência que faça sentido. Esta habilidade
tem influência mais precisa na produção de textos e não no processo inicial de
aquisição de escrita. Ela permite focalizar as palavras como categorias gramati-
cais e sua posição na frase. Contar o número de palavras numa frase, referindo-
-o verbalmente ou batendo uma palma para cada palavra, é uma atividade de
consciência de palavras. Por exemplo: quantas palavras há na frase: “O cachorro
correu atrás do gato”? Ao responder esta questão ou batendo uma palma para
cada palavra, enquanto repete a frase, a criança demonstra sua habilidade de
consciência sintática. Além disso, ordenar corretamente uma oração com as pa-
lavras desordenadas também é uma capacidade que depende desta habilidade.
É bastante comum que a criança segmente a frase em unidades menores que a
palavra, ou seja, separe por “pedaços”/sílabas, porém, quando escreve, percebe
a diferença entre falar uma frase e escrevê-la. Quando se escreve pausadamente,
parece que há mais “palavras” do que quando se fala.
2 Interatividade:
Sobre a apropriação do sistema alfabético, assista aos
seguintes vídeos (MORAIS et al., 2011):
Atividades como contar o número de sílabas, dizer qual é a sílaba inicial, me-
dial ou final de uma determinada palavra e subtrair uma sílaba das palavras,
formando novos vocábulos, são exemplos de exercícios que motivam a consci-
ência fonológica.
A consciência fonêmica, a mais refinada da consciência fonológica, consiste
na possibilidade de análise dos fonemas que compõem a palavra, sendo tam-
bém a última a ser adquirida pela criança. É no processo de aquisição da escrita
que esse tipo específico de habilidade passa a ser desenvolvido.
48 ·
As escritas de um sistema alfabético – como o português, o inglês e o francês,
por exemplo – permitem que os indivíduos tomem contato com as estruturas
mínimas da linguagem: os fonemas. Isso não é possível num sistema de escrita
silábico ou ideográfico. Desta forma, percebemos que certo nível de consciência
fonológica é imprescindível para a aquisição da lectoescrita, ao mesmo tempo
em que, com o domínio da escrita, a consciência fonológica se aprimora. Ou
seja, estágios iniciais da consciência fonológica contribuem para o desenvolvi-
mento dos estágios iniciais do processo de leitura e estes, por sua vez, contri-
buem para o desenvolvimento de habilidades mais complexas de consciência
fonológica.
4 Termo do glossário:
A escrita ideográfica consiste em um sistema de escrita que
se manifesta a partir de ideogramas como símbolos gráficos
ou desenhos (signos pictóricos), formando caracteres
separados e representando objetos, ideias ou palavras
completas, associados aos sons como tais objetos ou ideias
que são nomeados no respectivo idioma (SÉRGIO, 2010).
Atividades como dizer quais ou quantos fonemas formam uma palavra, desco-
brir qual palavra está sendo S-O-L-E-T-R-A-D-A por outra pessoa, unindo os fone-
mas por ela emitidos e formar um novo vocábulo subtraindo o fonema inicial da
palavra (por exemplo, omitindo o fonema /k/ da palavra CASA, forma-se a palavra
ASA) são exemplos que se utilizam para explorar a consciência fonêmica.
Ferreiro (2003, p. 28) ressalta como a consciência fonológica é adquirida:
50 ·
Atividades - Unidade 2
A partir da leitura da unidade 2, participe do Fórum postando as atividades a
seguir:
Essas e muitas outras questões têm sido levantadas ao longo das últimas déca-
das, demonstrando que, apesar do sucesso de boas práticas pedagógicas, há um
contingente de estudantes que não é atingido por experiências escolares exitosas.
Com a finalidade de refletir em torno da construção da leitura e da escrita –
tema tão antigo, mas muito atual –, nesta unidade, vamos percorrer caminhos
teóricos a fim de encontrar fontes de inspiração nos estudos das pesquisadoras
54 ·
Ferreiro e Teberosky (1989), que se dedicaram nos últimos 40 anos a problema-
tizar a Psicogênese da língua escrita e seus desdobramentos.
Para tanto, buscamos explorar as contribuições de estudos e pesquisa que
poderão subsidiar as reflexões sobre a cultura escrita na vida e na escola, de
modo que os professores em formação possam reconhecer, nas orientações pro-
postas, modos de construir atividades para o ensino da leitura e da escrita capa-
zes de favorecer a aprendizagem de crianças, jovens e adultos.
3 Saiba mais:
Esta subunidade baseia-se na dissertação de Powaczuk
(2008).
56 ·
Isto significa, por exemplo, compreender por que alguns ele-
mentos essenciais na língua oral (a entonação, entre outros)
não são retidos na representação; por que todas as palavras
são tratadas como equivalentes na representação, apesar de
pertencerem a classes diferentes; por que se ignoram as se-
melhanças no significado e se privilegiam as semelhanças
sonoras; por que se introduzem diferenças na representação
por conta das semelhanças conceituais.
Figura 4 – Hipótese pré-silábica 2 - definição das marcas gráficas, uma vez que já há distinção entre
letras e demais possibilidades de representação de notações escritas
58 ·
Figura 5 – Hipótese silábica
Ferreiro e Teberosky (1987) dizem que muitos problemas ainda ficam por resol-
ver, principalmente os problemas ortográficos, mas é imprescindível que se dis-
tingam os problemas de ortografia dos problemas da escrita, propriamente dita.
Nesse sentido, a criança aprende a ler e a escrever mediante conflitos que se
estabelecem em relação a este objeto de conhecimento. Ou seja, a criança busca
resposta para compreender o que a escrita representa e como esta se organiza,
ultrapassando o limite da simples assimilação passiva. Logo, a criança aprende
a ler e a escrever pela possibilidade de pensar sobre o objeto de conhecimento
tal como ele é, ou seja, a escrita em todas as suas possibilidades.
60 ·
Ferreiro e Teberosky (1987) destacam que o desconhecimento desses princípios
leva ao fracasso de um importante número de principiantes no processo alfabe-
tizador, uma vez que as crianças não têm suas hipóteses reconhecidas, realizan-
do atividades escolares frustrantes.
Dessa forma, na perspectiva trazida por essas autoras acerca da organização
do trabalho pedagógico, no processo de alfabetização é necessário compreen-
der os problemas tal como as crianças os colocam, aceitando a sequência de
soluções que elas consideram possíveis, sendo capazes de estabelecer um tipo
de intervenção adequada à natureza do processo real de aprendizagem (FER-
REIRO, 2002).
Nesse sentido, a escola é apenas um dos espaços sociais no qual a escrita está
presente. Contudo, muito antes de a criança chegar à escola, já obteve várias
experiências culturais, tendo em vista que vivemos numa cultura grafocêntrica.
Logo, é possível afirmar que a construção do sistema de representação da escrita
acontece a partir das práticas sociais de uso, isto é, o contato que a criança tem
com o entorno onde vive mais as experiências escolares. Assim, é fundamental
que o professor, além de considerar os conhecimentos prévios das crianças, va-
lorize a escrita como um sistema que é tão importante na escola como fora dela.
Por tudo isso, é essencial que se levem em conta as experiências acerca da
interpretabilidade de um escrito, além do estímulo acerca dos usos e funções
da língua, a partir da interação com diversos materiais, proporcionando, assim,
que as crianças reflitam em torno da língua escrita, a fim de responder: o que a
escrita representa e como ela é representada? Os problemas a serem colocados
dizem respeito à compreensão das formas de representação da escrita, ou seja,
as formas gráficas, a organização funcional, espacial, a ortografia, a pontuação,
a seleção e a organização lexical e textual.
Ferreiro (2002) afirma que a construção da leitura e escrita pressupõe um
longo caminho a ser percorrido, no qual a diversidade de experiências, as práti-
cas sociais de uso, as concepções e hipóteses darão sustentação à apropriação
do sistema de representação alfabético da nossa língua. Portanto, gerar situa-
ções de intercâmbio e interação entre pares poderão ser as oportunidades para
que as crianças ousem e se arrisquem a expressar suas ideias acerca da escrita,
consolidando os seus processos como leitores e escritores.
Nesse sentido, reitera-se que, para a criança alfabetizar-se, é necessário que
ela possa interagir com a cultura escrita e formular suas hipóteses a respeito da
escrita. Se a criança tem experiências ricas e variadas em ambiente favorável ao
contexto letrado – em livros de histórias, revistas, gibis e jornais –, sua elabora-
ção será favorecida e impulsionada. Precisamos, como professores, mobilizar a
aprendizagem destes sujeitos e, para tal, analisar todas as questões aqui apre-
sentadas, bem como os educandos, suas concepções sobre a leitura e a escrita
e os diferentes contextos em que eles estão inseridos. É preciso considerar que:
Por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos
ouvidos que escutam, há uma criança que pensa. Essa crian-
ça que pensa não pode ser reduzida a um par de olhos, de
ouvidos, e uma mão que pega o lápis. Ela pensa o propósito
62 ·
3.2.
OS CRITÉRIOS DE
LEGIBILIDADE QUE
AS CRIANÇAS ELABORAM
ANTES DE SABEREM LER NO
SENTIDO CONVENCIONAL
DO TERMO
Como destacado, as crianças são ativas em suas elaborações sobre o que vem a
ser a escrita. Logo, é fundamental que possamos compreender as ideias que as
crianças têm acerca do “escrevível” (o que pode estar escrito), bem como do que
é legível (o que pode ser lido). Ferreiro e Teberosky (1985) defendem que, embo-
ra uma criança não saiba ler no sentido convencional da palavra, não significa
que a mesma não possa reconhecer que há algo escrito. As autoras consideram
a caracterização da leitura como um processo no qual, para obter significado, o
leitor recorre a fontes de informação visuais e não-visuais. Porém, tanto a infor-
mação visual quanto a não visual têm sido caracterizadas a partir da perspectiva
do leitor adulto (Figura 8).
Fonte: CTE/UFSM.
3
Saiba mais:
A discussão aqui apresentada é tratada no capítulo 2 da
obra Psicogênese da Língua Escrita, de Emilia Ferreiro e
Ana Teberosky (1985, 1987, 2003), denominado Os aspectos
formais do grafismo e sua interpretação: letras, números e
sinais de pontuação.
64 ·
ças necessitam de quatro caracteres, e outras se contentam com dois, sendo que
a média gira em torno de três. Outro aspecto importante é que as crianças po-
dem nomear os caracteres como sendo letras, números, palavras, entre outros,
mas a quantidade em questão é independente dessas denominações.
Já o critério de variedade de caracteres manifesta-se diante da necessidade de
um número variado de caracteres, para que o ato de ler seja possível. Enfim, per-
cebe-se que, “[...] para que um escrito ‘sirva para ler’, não basta que possua carac-
teres identificados como letras. É preciso certa quantidade de caracteres, variável
entre dois e quatro, que, na maioria dos casos, situa-se em três” (FERREIRO; TE-
BEROSKY, 1985, p. 47). Para que se possa realizar um ato de leitura, não basta que
possua caracteres identificados como letras. É necessário que haja uma variedade
de caracteres, e se todos os caracteres forem iguais, não é possível ler.
Outro critério identificado pelas autoras Ferreiro e Teberosky é a utilização
de índices ou letras índices. Nesta ocasião, as crianças encontraram nos car-
tões algo que permita sua interpretação, por exemplo, P de papai, L de Lia, etc.,
construções que se baseiam no reconhecimento de uma letra índice que já iden-
tificam. As crianças costumam referir-se a elas como índices destes nomes: “Dé-
bora (4a CB) julga bom para ler PAPÁ porque é de papai, MAMÁ porque esta é
de mamãe, O porque é de Christian, 7 porque é de meu irmão que arrancou o
dente, etc.” (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985, p. 50). É preciso enfatizar que este
é um conhecimento típico da transmissão cultural. Contudo, há de se destacar
a elaboração genuína da criança ao imaginar que as letras “dizem” o nome dos
objetos ilustrados, como as autoras indicam para a hipótese do nome.
No que se refere ao reconhecimento de letras, o estudo identificou que as de-
nominações e as convenções efetuadas pelas crianças começam de um nível mais
elementar para um superior. No nível um, crianças com aproximadamente 4 anos
reconhecem uma ou duas letras, principalmente a inicial do nome e as vogais,
passando ao nível cinco, em que crianças de 5 e 6 anos reconhecem e nomeiam
praticamente todo o abecedário. Neste critério, as disparidades entre as crianças
entrevistadas de classe baixa e classe média foram muito evidentes, sendo que so-
mente crianças da classe média conseguiram atingir o nível cinco, evidenciando a
importância de um conhecimento socialmente transmitido, que implica a explo-
ração e manuseio de materiais que estimulem este conhecimento.
Outra forma de classificar os cartões que as crianças utilizaram consiste em
diferenciar as letras cursivas das de bastão. Em geral, quando a letra é a de bas-
tão maiúscula, não há insegurança em diferenciar entre uma letra e outra, ou
seja, a contagem é precisa. A lógica apresentada pelas crianças, neste critério, é
a de que os caracteres em letra bastão são classificados como sendo “números,
que servem para contar”. Já no exemplo usado com letras cursivas, estas são
classificadas na maioria dos cartões como sendo para ler, porque, segundo a
definição das crianças, são “letras”. A dificuldade apresentada está em relacionar
corretamente a quantidade de letras cursivas existentes em cada cartão. “Maris-
tela (4ª CB) confirma que a escrita cursiva serve para ler ‘porque são letras: a-e-
-i-o-u’, enquanto que os cartões em bastão não servem para ler, mas sim ‘para
falar de letras, para contar’” (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985, p. 50).
Na relação entre números e letras, as autoras identificaram três momen-
tos: no primeiro, não há uma distinção entre números e letras. Num segundo
educação especial | Fundamentos da Leitura e Escrita · 65
momento, inicia-se a diferenciação entre letras e números, considerando as
funções de ambos: letras servem para ler e números para contar. No terceiro
momento, as crianças reconhecem que podem “ler as palavras e também os nú-
meros” (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985, p. 51).
No que tange à distinção entre escritas e desenhos, as autoras constataram
que, durante a experiência com os cartões, muitas crianças indicaram que as
imagens, assim como os textos, podiam ser lidas, como se ambos fossem com-
plementares no processo de leitura. Porém, na relação desenho e texto, fica evi-
dente a distinção que as crianças fazem entre as imagens e as letras, indicando
que onde existem letras é para ser lido, enquanto que o desenho é para ser olha-
do. “Ariel (5 a CM) diz que, para ler, ‘leio as figuras: começo por aqui’, e mostra a
capa do livro. O que não impede de explicar que o desenho é ‘para olhar’, e que
no texto tem “letras’”. (FERREIRO; TEBEROSKY, 1985, p. 52).
Ferreiro (2011b), em outra obra sua, “Alfabetização em Processo”, comple-
menta estas relações ao indicar que a proximidade espacial entre a escrita e as
gravuras é a informação relevante que as crianças procuram para descobrir qual
dos textos escritos poderia “dizer” o nome de cada objeto ilustrado.
66 ·
‘risquinhos’, mas, na sua maioria, os sinais de pontuação con-
tinuam sendo assimilados às letras ou números;
3) há uma diferenciação inicial que consiste em distinguir
duas classes de sinais de pontuação: os que têm uma seme-
lhança gráfica com letras e/ou números e que continuam se
assimilando a eles, e os outros que não são nem letras nem
números, porém que as crianças não sabem o que podem ser;
4) há uma diferença nítida entre letras e sinais de pontuação.
Afirmam: ‘vão com letras’, ‘não é letra, é outra coisa’, sem po-
der, contudo, ir mais além de uma descrição em termos de
‘pauzinhos’, ‘pontinhos’, etc;
5) não somente há uma diferenciação nítida entre os grafis-
mos próprios das letras e dos outros, como também há uma
tentativa de empregar uma denominação diferencial, e um
começo de distinção da função. No que diz respeito à deno-
minação, falam de ‘sinais’ ou ‘marcas’.
Material:
68 ·
Descrição dos encaminhamentos:
Material:
Material:
70 ·
Descrição dos encaminhamentos:
2 Interatividade:
Confira os seguintes vídeos sobre as testagens (O QUE ESTÁ
ESCRITO, 2001):
Parte 1:
https://www.youtube.com/watch?v=8sNewdWQuWI
Parte 2:
https://www.youtube.com/watch?v=S9xgH5MeALE
Parte 3:
https://www.youtube.com/watch?v=GdgctE4FtAM
Parte 4:
https://www.youtube.com/watch?v=Wk0tO951kX4
3 Saiba mais:
Textos-base para testagem:
- Ferreiro (2011b)
▶ Folha A4;
Repertório da testagem:
72 ·
É importante que o entrevistador explique à criança a proposta, criando um
clima de confiança. Esclareça que ela pode fazer uso de suas ideias e elabora-
ções sem receio. Mesmo que ela diga que não sabe ou que a professora não en-
sinou ainda, diga que ela poderá escrever do jeito que pensa que a palavra pode
ser escrita. Enfim, é preciso argumentar com as crianças, ter sensibilidade e va-
lorizá-las, para que elas se sintam à vontade para expressarem o que pensam.
Solicite ao entrevistado que escreva o nome e a idade e, posteriormente, dite
as palavras.
Após a escrita de cada palavra, peça ao entrevistado que leia a palavra acom-
panhando com o dedo ou com o lápis (observe o vídeo encaminhado). Este
procedimento é fundamental que seja realizado, pois permitirá evidenciar com
maior clareza a hipótese que está norteando a escrita da criança.
Assim que a criança finalizar, faça suas anotações acerca da atitude da crian-
ça frente à proposta.
2 Interatividade:
Parte 1:
https://www.youtube.com/watch?v=NCo5ybibn5Q
Parte 2:
https://www.youtube.com/watch?v=icFlW3OjesE
Parte 3:
https://www.youtube.com/watch?v=fXG_LUhZnA8
Parte 4:
https://www.youtube.com/watch?v=LjHqG3r2_9w
Parte 5:
https://www.youtube.com/watch?v=YZ4ZcH0Gay4
Parte 6:
https://www.youtube.com/watch?v=Od6yqMsOYpM
3 Saiba mais:
Textos de referência para as testagens:
- Ferreiro (1990)
74 ·
Atividades - Unidade 3
1 Atenção:
É importante observar:
76 ·
4 PRESSUPOSTOS
TEÓRICOS E METODOLÓGICOS
PARA A ALFABETIZAÇÃO
DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL E PARA
ALFABETIZAÇÃO
DE ALUNOS SURDOS
INTRODUÇÃO
E
sta unidade tem por objetivo proporcionar discussões que possibilitem
analisar e desenvolver aspectos que potencializem o processo de apren-
dizagem da leitura e da escrita pelos estudantes, principalmente aqueles
considerados os sujeitos da Educação Especial. Há, na primeira subunidade,
problematizações acerca do processo de alfabetização da pessoa com deficiên-
cia intelectual. Aborda-se a aprendizagem da leitura e da escrita para alunos com
deficiência intelectual, a partir das contribuições teóricas de autores interacionis-
tas, como Piaget, Inhelder e Vygotsky. Objetiva-se produzir discussões que possi-
bilitem refletir sobre os percursos de estruturação cognitiva e de construção dos
processos de alfabetização das crianças, indicando as semelhanças existentes no
que tange aos alunos com deficiência intelectual. Considerando o papel decisivo
que o ambiente tem sobre os processos de desenvolvimento humano, destaca-se
a importância da prática pedagógica como meio de antecipar e impulsionar o de-
senvolvimento desses alunos e a mediação de aprendizagens acadêmicas funda-
mentais como a leitura e a escrita.
No segundo subtítulo, apresentam-se aspectos a serem considerados no pro-
cesso de alfabetização da pessoa surda, reconhecendo-se a Libras como meio de
comunicação e expressão. A Libras não poderá substituir a modalidade escrita
da língua portuguesa. Portanto, a aprendizagem da língua portuguesa para as
pessoas surdas é imprescindível para a sua mobilidade social.
A educação de surdos está sustentada pela proposta educacional bilíngue, de
forma que a língua de sinais é a primeira língua e a língua portuguesa, na mo-
dalidade escrita, é considerada como segunda língua. Nesse sentido, a aprendi-
zagem da segunda língua acontecerá no período de alfabetização e será consi-
derada e respeitada como língua estrangeira para os surdos, tendo em vista suas
características.
80 ·
A aprendizagem da leitura e da escrita para todos os alunos, incluindo aque-
les com deficiência intelectual, refere-se a processos complexos constituídos
por diferentes dimensões, que abarcam desde a apropriação do sistema alfabé-
tico até a escrita de textos, a fluência leitora e a função social da escrita.
As semelhanças na estruturação do desenvolvimento cognitivo também são
observadas nos caminhos cognitivos utilizados pelos alunos com deficiência in-
telectual no processo de aquisição da língua escrita, conforme apontam Figuei-
redo e Gomes (2007). As etapas de construção da lectoescrita são as mesmas
identificadas para as demais crianças: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético,
alfabético e, posteriormente, o nível ortográfico. Nesse sentido, as estratégias
de ensino utilizadas no contexto de sala de aula podem ser as mesmas empre-
gadas para todos, garantindo intervenções que promovam o avanço conceitual
dos alunos.
3 Saiba mais:
- Figueiredo e Gomes (2007)
- Gomes (2013)
3 Saiba mais:
Pletsch e Glat (2012) produzem uma análise das práticas
pedagógicas com alunos com deficiência intelectual a
partir de um referencial teórico vygotskyano, indicando
a precariedade do processo de ensino e aprendizagem
oferecido a eles e a necessidade de revisão dessas práticas.
82 ·
4.2
APROXIMAÇÕES AO PROCESSO
DE ALFABETIZAÇÃO DE
ALUNOS SURDOS
Giovana Fracari Hautrive
84 ·
gradativa e satisfatória, pois, a partir deste momento, o texto está carregado de
sentido para o aprendiz surdo.
No ambiente bilíngue, a Libras será a língua de instrução no contexto es-
colar, e o professor tem o desafio de identificar os fragmentos linguísticos que
surgem na produção escrita do surdo, pois a Libras possui uma estrutura gra-
matical completamente diferente da língua portuguesa, e o surdo busca na sua
primeira língua os elementos para significar a outra língua que está em processo
de aprendizagem. Fazer o exercício de análise de escrita de surdos é um desafio,
como é possível observar nos fragmentos a seguir (Figura 10):
Figura 10 – Exemplos de escrita de adulto surdo – diálogos realizados entre acadêmicos surdos e
suas professoras
4 Termo do glossário
Ágrafa: Uma língua ágrafa é uma língua que não tem ou
não admite escrita, isto é, não tem alfabeto e, por isso,
nenhum documento escrito na sua língua. Por sua vez, uma
língua gráfica é uma língua que possui forma escrita, isto
é, as palavras dessa língua são representadas através de um
sistema de escrita (ANTUNES, 2003).
3 Saiba mais:
Bibliografia sugerida para a prática de ensino da língua
portuguesa para surdos:
- Brasil (2004a)
86 ·
- Brasil (2004b)
- Pereira (2014a)
- Pereira (2014b)
1) Observe a imagem abaixo (Figura 11) e problematize, com base nas leituras
realizadas na unidade 4, os princípios que precisam ser considerados nas práti-
cas de alfabetização inclusivas.
Figura 11 - Diversidade x homogeneidade
Fonte: CTE/UFSM.
88 ·
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos, neste caderno didático, conceitos fundamentais no que se
refere à leitura e escrita. Para tanto, abordamos pesquisas e estudos atuais so-
bre alfabetização e letramento, a fim de favorecer sua compreensão acerca dos
processos que incidem sobre a aprendizagem da leitura e da escrita de crianças,
jovens e adultos. Nesse sentido, a compreensão acerca dos diferentes aportes
teóricos sobre a construção da leitura e da escrita são essenciais ao se pensar o
processo de alfabetização, no qual muito se investe no contexto escolar, sendo
ele, hoje, a base para a construção e apropriação do conhecimento nas escolas.
Além de considerarmos a importância da leitura e da escrita nas escolas, en-
tendemos que saber ler e escrever imprime e traz possibilidades para a consti-
tuição identitária de cada sujeito, sendo a alfabetização extremamente necessá-
ria e valorizada pela sociedade. Com isso, o papel social da leitura e da escrita
está ainda mais presente hoje, considerando a realidade globalizada e tecnoló-
gica que nos cerca.
As autoras
90 ·
ufsm.br/bitstream/handle/1/17587/Curso_Ed-Especial_Fundamentos-Leitu-
ra-Escrita.pdf?isAllowed=y&sequence=1>. Acesso em: 26 out. 2021.
______. (Org.). Leitura e Escrita: ensaios sobre alfabetização. 1. ed. Santa Maria,
RS: Editora da UFSM, 2007.
92 ·
CONSTRUÇÃO da escrita – partes 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Direção de Carlos Nascimbeni.
São Paulo: TV PUC São Paulo; Brasília: TV Escola/MEC, 2001b. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=oXoGEHyGQzY&list=PLC1C9409B34BF-
DAB6>. Acesso em: 28 set. 2021.
______. Com todas as letras. Tradução de Maria Zilda da Cunha Lopes. São Pau-
lo: Cortez, 2000.
______. Passado e presente dos verbos ler e escrever. São Paulo: Editora Cortez,
2002.
______. Alfabetização e cultura escrita. Revista Escola. São Paulo: Abril, abr./
maio. 2003.
______. Uma reflexão sobre a língua oral e a aprendizagem da língua escrita. Pá-
tio Revista Pedagógica, Porto Alegre, v.7, n. 29, p. 8-12, fev/abr., 2004.
94 ·
vel em: <http://www.educacao.rs.gov.br/dados/ens_fund_gabriela_apres.pdf>.
Acesso em: 25 maio 2021.
96 ·
______. História dos métodos de alfabetização no Brasil. Conferência proferi-
da durante o Seminário Alfabetização e Letramento em debate, promovido pelo
Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Se-
cretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, realizado em Brasília,
em 27 abr. 2006.
SÉRGIO, R. Os sistemas de escritas. Recanto das Letras, São Paulo, 2010. Dis-
ponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/gramatica/370335>. Acesso
em: 6 dez. 2021.
______. Alfaletrar. Toda criança pode aprender a ler e a escrever. 1. ed. 2º reim-
pressão. São Paulo: Contextos, 2021.
98 ·
______. Fundamentos da Defectologia. Espanha: Editorial Pueblo y Educación,
1986.
Pedagoga pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (1986), Es-
pecialista em Psicopedagogia Terapêutica pelo Centro de Estudos Médicos e
Psicopedagógicos de Porto Alegre (1989). Mestre (1995) e Doutora (2001) em
Educação pela UFRGS. Foi professora do Colégio de Aplicação da UFRGS (1982-
1993), atuando como alfabetizadora e como Coordenadora Pedagógica dos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental. Professora titular do Departamento de Meto-
dologia do Ensino/CE/UFSM, atuando há vinte e cinco anos nas disciplinas de
Processos de Leitura e Escrita, nos cursos de Pedagogia e Educação Especial.
Atua no Programa de Pós-graduação em Educação, na linha de pesquisa 1 - Do-
cência, saberes e desenvolvimento profissional, tendo como foco de pesquisa a
formação docente na educação básica e superior, e no Programa de Pós-gradua-
ção em Políticas Públicas e Gestão Educacional, na linha de pesquisa 2 - Gestão
pedagógica e contextos educativos. Líder do Grupo de Pesquisa Formação de
Professores e Práticas Educativas: educação básica e superior (GPFOPE - 2002)
e vice-líder do Grupo de Pesquisa Trajetória de Formação (GTFORMA - 2002) e
do Grupo de Pesquisa Práticas e Formação para Docência: educação básica e
100 ·
superior (GPDOC - 2015). Membro da Rede Sulbrasileira de Investigadores de
Educação Superior (RIES) e associada ao LASA - Latin American Studies Associa-
tion. Membro da ILADEI- Instituto Latinoamericano de Estudios para la Infan-
cia. Representante Institucional no Núcleo de Educação para Integração NEPI/
AUGM, nos Programas de Políticas Linguísticas e Políticas Educativas.
102 ·
ANEXOS
104 ·
CDERO
JJJJJ
DDEEFF
D5E6F7
5678
Cartão número 1: BOETA – CBEÇA (pseudo palavra )
mama
CÉU
elefante
₮
.!:?,
¥£ƔøĦ
LARANJADA
U
ANEXO A2
CENAS OU IMAGENS
112 ·
A BONECA TEM UM BICO
PENDURADO
BRINQUEDO
AS CRIANÇAS ESTÃO FAZENDO
UM PIQUENIQUE
ANEXO A3
PROTOCOLO DOS CARTÕES -
TESTAGEM: O QUE É POSSÍVEL LER
116 ·
Nome:
Idade:
Nível de Escolaridade:
Data:
Cartão Sim Não Justificativa
CDERO
JJJJJ
DDEEFF
D5E6F7
5678
mama
CÉU
elefante
.!:?,
¥£ƔøĦ
LARANJADA
U
IMAGEM
PIQUENIQUE
IMAGEM
URSO
IMAGEM
BONECA
ANEXO B
PROTOCOLO DAS TESTAGENS DAS
QUATRO PALAVRAS E UMA FRASE
120 ·
PROTOCOLO DE REGISTRO DA TESTAGEM DAS 4 PALAVRAS e 1 FRASE
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome da escola:
Iniciais do nome do aluno:
Idade:
Ano: Turma:
Ano letivo:
Nível Pré-Silábico
NÍVEIS JUSTIFICATIVA
A -1 Grafismo primitivo.
Nível Silábico
NÍVEIS JUSTIFICATIVA
Nível Silábico-Alfabético
NÍVEIS JUSTIFICATIVA
Nível Alfabético
NÍVEIS JUSTIFICATIVA
I–1 Escritas alfabéticas sem predomínio do valor sonoro convencional.
I–2 Escritas alfabéticas com algumas falhas na utilização do valor sonoro
convencional.
I–3 Escritas alfabéticas com valores sonoros convencionais.
Este material foi elaborado e organizado pelas professoras Dóris Vargas Bolzan e
Yara Gonzáles Merg a partir da pesquisa no livro “Avaliação Cognitiva” do GEEMPA, em
1987. Atualizado em 2007 pela professora Dóris Bolzan.
ANEXO C1
IMAGEM ANIMAL DE GRANDE
PORTE E FICHAS SEPARADAS
COM SEU RESPECTIVO NOME
ANEXO C2
IMAGEM ANIMAL DE GRANDE
PORTE E FICHAS SEPARADAS
COM SEU RESPECTIVO NOME
ANEXO D
IMAGEM DA NATUREZA