O Deturpador O Conselheiro Do Submundo & A Neta Do Pakhan
O Deturpador O Conselheiro Do Submundo & A Neta Do Pakhan
O Deturpador O Conselheiro Do Submundo & A Neta Do Pakhan
SUMÁRIO
SINOPSE
PLAYLIST
GLOSSÁRIO
DEDICATÓRIA
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
Leia o Corruptor
SINOPSE
PLOT TWISTS
Sasha Dobow é uma princesa russa, sobrinha do Pakhan da Bratva,
desde o nascimento foi prometida ao futuro capo da Cosa Nostra, como uma
boa menina aceitou o seu destino.
Contudo, tudo muda quando ela cruza o caminho de Otto Exousía, o
enigmático sýmvoulos do submundo. Otto, determinado e audacioso, não
queria uma esposa, mas ao conhecer Sasha, decidiu que a tomaria para si,
mesmo que isso iniciasse uma guerra.
Ignorando a regra que proíbe roubar a noiva de um capo, ele provocou
um caos ao sequestrá-la na véspera do casamento, desencadeando uma guerra
que mudará para sempre o equilíbrio das facções.
Em um mundo onde lealdade e traição andam de mãos dadas, quem
sairá vencedor?
PLAYLIST
LINK:
OUÇA AQUI
GLOSSÁRIO
Afentikó - chefe
Sýmvoulos - conselheiro
Exousía - poder, autoridade
láthos mou - meu erro
fávlos - vilão, perverso
gia séna tha prokaléso cháos sti gi - por você causarei caos na terra
Dioikitís - comandante
provolí - exposição, exibição
Prinkípissa – Princesa
Prinkípissa mou- Minha princesa
Chamós mou - minha confusão, meu caos
- Vasilíssa – rainha
Papochka - papai (forma carinhosa de pai)
Pakhan (- chefe, líder (em contexto de máfia)
Bratva - irmandade, gangue (geralmente relacionado à máfia)
pokhititel - sequestrador
Chamós mou - minha confusão, meu caos
sovershenno krasivyy - absolutamente bonito
DEDICATÓRIA
Para todas as garotas más que sonham com o cavaleiro das trevas...
Parabéns, vocês são tão sombrias quanto a noite.
PRÓLOGO
O sol da Grécia queimava minha pele, assim como o vestido que usara
desde o meu noivado. Olhei o céu azul, sentada no sofá de Otto, e me permiti
coexistir ali. Minha cabeça só cogitava formas de eu fugir dali; seria quase
impossível, vi soldados vagarem ao lado de fora. Seria pega com muita
facilidade, um desperdício de energia.
Fazia horas que não via meu sequestrador. Não tentei procurá-lo pela
casa, consideravelmente pequena para um homem bilionário. Esperava algo
maior ou melhor, não toda essa simplicidade. Não havia uma decoração
particular; era como se fosse uma maquete com sugestões de como um lar
poderia ser.
O vazio que habitava em mim se identificava com o lugar silencioso.
Fechei meus olhos por um segundo, busquei mais uma vez na minha
cabeça soluções, mas não encontrava nenhuma. Se não aceitasse o que me foi
sugerido, todos da minha família pagariam, inclusive Nika, minha melhor
amiga.
Não poderia permitir que sofressem por minha causa.
Havia tomado uma decisão e estava determinada a fazer da vida de
Otto Exousía um inferno. Ele pagaria por toda a agonia que estava me
fazendo sentir. E, principalmente, sangraria por despertar algo que enterrei há
muito tempo dentro de mim... a esperança.
Levantei-me do sofá, sentindo cada músculo do meu corpo protestar,
ainda dolorido e tenso. Caminhei pela sala, observando os detalhes que me
pareciam insignificantes, mas que agora ganhavam um novo significado.
Cada objeto era uma pista, uma possível saída daquele pesadelo.
Cheguei à cozinha e abri a geladeira. O brilho metálico dos
eletrodomésticos refletia minha imagem pálida e abatida. Peguei uma garrafa
de água e bebi avidamente, sentia o líquido frio escorrer pela minha garganta
seca.
De repente, ouvi um ruído vindo do corredor. Meu coração disparou, e
meu corpo entrou em alerta. Virei-me rapidamente, tentando identificar a
origem do som. Era Kai, que voltava da reunião.
— Achei que você estivesse descansando — disse ele, entrando na
cozinha com um sorriso despreocupado.
— Não consigo descansar sabendo que estou presa aqui — respondi,
tentando manter a calma.
— Entendo, mas você vai se acostumar, Sasha. Otto é um homem justo,
apesar de tudo.
— Justo? — Ri amargamente. — Sequestrar alguém no dia do noivado
é ser justo?
Kai suspirou, como se estivesse cansado daquela discussão.
— Há muitas coisas que você não entende. E nem sempre tudo é o que
parece.
— Então me explique. — Cruzei os braços, desafiadora.
Kai hesitou por um momento, mas depois balançou a cabeça.
— Não posso, não agora, mas confie em mim, um dia você entenderá.
— Eu não quero entender. Quero ir para casa — repliquei, firme.
Kai apenas deu de ombros e saiu da cozinha, deixando-me sozinha
novamente. As palavras dele ecoavam na minha mente, mas eu sabia que não
podia confiar neles. Minha única opção era encontrar uma maneira de
escapar.
Olhei pela janela e vi os guardas. Eles pareciam atentos a qualquer
movimento. Precisaria ser astuta e rápida. Comecei a formular um plano,
cada detalhe sendo meticulosamente pensado.
Enquanto isso, sabia que precisava continuar fingindo, ganhar tempo
até encontrar a oportunidade perfeita. E quando essa hora chegasse, Otto
Exousía descobriria que seu inferno pessoal estava apenas começando.
CAPÍTULO 7
Saí do escritório com cada molécula do meu corpo desejando matar
Antônio Ferraz. O bastardo estava no meu território e exigia sua noiva de
volta. Me segurei para não arrancar a sua língua, antes deceparia as suas
mãos, por ter ousado ferir minha fávlos. Arrancaria cada membro do
desgraçado por ter tocado na minha mulher.
Dane-se, ela era minha antes mesmo de nascer. Foi designada a mim;
sua alma, seu corpo me pertenciam e, em breve, domaria os seus
pensamentos. Não me sentia egoísta por tomar tudo dela, pelo contrário, a
satisfação tomava conta do meu peito. Nunca houve regras ou empecilhos
que impedissem um Exousía de tomar o que lhe pertencia. Desde novo fui
criado a pegar para mim, e assim o fazia.
Caminhei até a cozinha, parei na porta e a vi comer tâmaras e
castanhas, enquanto um copo cheio de água estava ao lado. Encostada no
balcão, desatenta, olhava para fora. Passava das 21h e o sol se fora. A noite
estava fresca e ventava bastante, trazendo para dentro o cheiro das flores do
jardim, assim como o cheiro de mato. Eu gostava disso, por isso todas as
minhas residências eram cercadas por árvores, flores e lagos.
Estar envolto na natureza me tranquilizava. Por anos, me abrigava na
floresta quando não suportava mais os gritos dos meus pais. Pegava Kai e
Eros e os levava comigo. Deixava-os brincando — brigando —, ao redor do
riacho, enquanto me sentava sobre uma grande rocha, atento a qualquer sinal.
Meus irmãos, mesmo sendo mais novos, compreendiam o que acontecia ao
nosso redor. Eros era tão atento quanto eu e ainda mais audacioso, já Kai
possuía sonhos, contudo, cada um deles foi destruído por nossos pais, no caso
dele, nossa mãe: Hera.
Desde cedo, Hades me ensinou que eu tinha responsabilidades, e que
como primogênito ele esperava muito de mim. Iniciou meu treinamento aos
cinco anos de idade e só parou quando Eros apontou uma arma para a sua
cabeça, ordenando que se afastasse. Daquele dia em diante, ficou claro que o
meu irmão mais novo seria o Afentikó, e eu, o mais velho, o Sýmvoulos. Kai
é perfeito como Dioikitís[11]; nossos pais não ficaram orgulhosos, mas
amedrontados.
— Até quando vai ficar me olhando? — indagou Sasha, com os olhos
vidrados na lua, mas eu conseguia ver os pelos dos seus braços arrepiados,
perante minha presença.
Ela tentava ser indiferente, mas era tão afetada quanto eu por essa
corrente elétrica que nos ligava, uma atração perigosa que nos fazia dançar a
valsa da morte. Ela se virou, de forma lenta, capturando o meu olhar, piscou
algumas vezes atordoada.
— Admirando a sua beleza, Fávlos mou[12] — respondi ao me
aproximar, parando a centímetros de distância. — Não trocou de roupa, por
quê?
Suas mãos sobre a bancada tremeram, sua respiração se agitou.
— Achou que eu ia tomar banho, depois vestir uma das suas camisas e
te esperar com o jantar pronto? — inquiriu entre dentes, quase rosnando
como um filhote de raposa.
Ri, o que a irritou ainda mais, mas adorava o tom vermelho em seu
pescoço.
— Não, mas confesso que me agrada ver minha mulher usando algo
meu. Há roupões e roupas femininas no closet — disse, aproximando-me
mais, deixando-a mais nervosa. — Se quiser me esperar nua também, com as
pernas abertas para eu te devorar, não me importo. — Beijei sua têmpora,
fazendo-a estremecer e meu terás[13] despertar aos poucos, faminto por ela.
— Só nos seus sonhos, senhor Exousía, deixe-me em paz, me libere! —
rosnou, cada palavra carregada de uma mistura de desespero e fúria. Sua
respiração estava ofegante, sentia o coração bater descontroladamente. Seus
olhos eram brasas vivas de petulância, encarando-me com fervor. — Agora
pare de me tocar, não quero nada que venha de você! — A voz dela quebrou
no final, traindo o medo que tentava esconder.
Puxei-a bruscamente, fazendo o seu rosto se chocar contra o meu peito.
Envolvi seu pescoço com a minha mão esquerda, com a direita apertei sua
cintura fina. Seus olhos claros brilhavam de medo e excitação. Meu pau se
contorceu na calça, precisando de espaço. Nunca uma mulher me deixou tão
necessitado dela a ponto de perder o controle, mas a minha fávlos era
diferente. Irritante e teimosa ao ponto de me enlouquecer — eu nunca
enlouquecia.
Perto da Sasha, o meu normal não existia, uma fúria surgia em meu
peito e minha mente tendia a ficar turva. Fosse seu maldito perfume de flores
ou sua boca atrevida, ou seus olhos implorando ajuda. Tudo nela remetia a
algo que enterrei profundamente dentro de mim há anos. A parte sentimental
que tanto odiava, o garotinho que morreu há muito tempo.
Acariciei sua garganta de forma lenta, apreciando a maciez da sua pele
pálida, que facilidade se tingia em um tom avermelhado. Senti os tremores
em seu corpo esculpido para se encaixar perfeitamente ao meu.
— Você é minha, Prinkípissa[14], apenas faço o que quero — falei,
puxando seu corpo ao meu encontro, minha ereção roçando em sua barriga a
assustou. — Não se assuste com o que é seu.
Sasha piscou, atordoada, espalmou as mãos em meu peito, tentando me
empurrar, mas falhou. Suas bochechas se inflamaram de ar, a raiva cintilava
em seu olhar.
— Não quero nada de você. Vai me violentar? — gritou, acusatória.
Rangi os dentes, lutando para conter a raiva que queimava e crescia
dentro de mim..
— Eu não te estuprarei, Sasha. Não sou a porra do seu ex-noivo! —
grunhi, sentindo tremores por meu corpo. — Acha que vou te obrigar a
transar comigo?
— Não foi para isso que me sequestrou? — rebateu, raivosa.
— Não, te tomei porque quis, e será minha por conta própria —
declarei, afastando-me um pouco para que ela pudesse respirar.
Não a liberei do meu aperto, mas ter meu corpo um pouco mais
afastado melhorou sua tensão.
— Nunca serei sua. Só me terá quando me forçar, Otto! — exclamou,
as narinas dilatadas.
Petulante. Era isso que ela era, uma menina sem freio nessa boquinha
atrevida. Minha vontade era de enfiar a mão entre suas pernas e sentir o
quanto ela estava molhada, porque eu sabia que estava. O cheiro da sua
lubrificação já denunciava. Se eu enfiasse meus dedos ali, sua vulva me
engoliria, faminta, e logo imploraria pelo meu pau, mas não era a hora.
Jamais a obrigaria, ela viria até mim por vontade própria, arrastada pelo fogo
que queimava dentro de nós dois.
Sua indiferença? Não me incomodava nem um pouco. Pelo contrário,
me fascinava. Vê-la lutar contra seus próprios desejos era uma tortura
deliciosa, atiçando ainda mais o meu. Cada vez que ela endurecia a expressão
ou desviava o olhar, eu sentia um triunfo silencioso. Sabia que, por mais que
resistisse, o desejo dentro dela era ainda mais intenso que o meu. E quando
suas defesas finalmente caíssem, eu estaria lá, esperando para reivindicar o
que já era meu. A verdadeira Sasha emergiria, implorando pelos meus toques,
então eu saciaria seu apetite voraz.
Havia tanto que eu queria fazer com ela, mas não por gentileza. Queria
arrancá-la da bolha onde vivia, expô-la ao desconhecido e moldá-la como eu
quisesse. Ela não tinha voz, nem poder. Duvidava que soubesse o que
realmente desejava. Se eu perguntasse qual sua comida favorita,
provavelmente me encararia sem resposta. Não importava. Eu decidiria por
ela.
Mulheres do submundo raramente tinham uma vida digna e livre. Meus
irmãos e eu estávamos lutando para mudar isso, mas não era tão simples. Os
nossos Kapetánios[15] que nasceram diretamente no seio da Exousía sabiam
como deviam tratar suas esposas, pois acreditávamos que o homem que era
capaz de trair a mulher que dormia ao seu lado, com toda certeza, trairia a
organização. No entanto, essa lei surgiu com meus irmãos e eu. Eros desde o
dia em que foi declarado que ele seria o Afentikó enfrentou discórdias e
grandes problemas. No entanto, seu modo vingativo e desenfreado de cortar
as línguas fez com que metade aceitasse e outra lidasse com as
consequências.
Ter controle de tudo exigia mais que força, exigia precisão. Traidores
sempre apareciam, como ervas aparentemente, mas nós os arrancávamos com
nossas próprias mãos. Não importava quantos caíssem, outros surgiriam. E
nós os esmagaríamos, um por um, sem descanso. Mas agora, minha atenção
estava toda voltada para Antônio Ferraz. Ele seria o próximo a cair.
Ferraz estava em minhas terras, respirando o mesmo ar que minha
mulher. No dia seguinte nos encontraríamos para conversar. Sasha ficaria
aqui com a minha cunhada, Helena. Minha mãe queria vir, mas impedi. Da
mesma forma que a mãe de Sasha ficaria distante, só sua amiga viria. Apenas
ela que liberei estar aqui e ouvir a minha fávlos.
Mesmo que Sasha dissesse em voz alta que deseja se casar com
Antônio, não permitiria, pois mesmo que nunca me permitisse tocá-la, a teria
aqui, junto a mim, dia após dia até a morte.
Nós nos tornaríamos dois santos sem sexo. Hilário, mas sincero. Eu não
traía, nunca.
— Continue acreditando em suas próprias mentiras — disse, por fim, e
a soltei. — Vou preparar o jantar. Se quiser subir e se limpar, fique à vontade.
Como já disse, há roupas no closet.
— Das suas amantes? — indagou, rindo sem qualquer humor. —
Vamos festejar juntas contigo, sýmvoulos?
— Vá se lavar — falei, me afastando. — Ou terei que te dar banho?
— Jamais! — gritou, saindo da cozinha.
Torci o nariz ao ver as roupas no closet de Otto. Eram todas delicadas,
com flores e de tons claros. Até mesmo as calças compridas, não era do meu
interesse, e as outras peças de roupa eram muito extravagantes, algo que me
recusava a usar. O estranho era que todas as roupas possuíam o meu tamanho,
até os calçados. Peças íntimas estavam separadas em uma gaveta, algumas
lingeries sensuais me assustavam. Pareciam desconfortáveis para usar. Optei
por uma calcinha de algodão, um top sem bojo e um vestido longo. Coloquei
um casaco por cima. Meus cabelos já estavam secos e penteados. Usaria o
secador que estava no banheiro.
Meus cabelos foram limpos com um xampu que nunca tinha visto
antes, mas o cheiro era divino, erva-doce, e o condicionador da mesma
fragrância. Quando me olhei no espelho, uma estranha sensação de leveza me
envolveu. As olheiras sob meus olhos e a tensão nos meus ombros ainda
estavam lá, testemunhas do meu medo e incerteza. Mas havia algo mais, algo
quase libertador. Talvez fosse o cansaço mental finalmente me desarmando,
ou talvez fosse a sutil promessa de mudança. Pela primeira vez em anos, senti
uma centelha de algo que parecia vagamente com esperança.
Desde os meus cinco anos, era atenta ao que acontecia ao meu redor.
Nunca abaixava a guarda, mas sempre mantinha os olhos no chão. Não falava
alto. Se sentisse dor, guardava para mim. Aprendi do jeito difícil a me calar.
Suportar até a morte era o destino de uma filha da Bratva.
No entanto, Otto Exousía girou uma chave, abrindo uma porta dentro
de mim que eu mesma desconhecia. Meu sangue fervia perto dele, meus
pensamentos soavam pela minha boca desenfreados. Com ele sentia vontade
de brigar, duelar e gritar como louca. Minha vida estava fora dos eixos, eu me
sentia perdida, ao mesmo tempo em que estava diferente. Uma tempestade de
confusão se formava dentro de mim. Talvez a loucura tivesse, enfim, me
alcançado.
Adentrei a cozinha ainda perdida em meus pensamentos. O cheiro da
lasanha me atingiu, fazendo com que meu estômago roncasse. Me assustei,
pois não me recordava da última vez em que sentira fome. A vontade de
comer não me acompanhava há anos. Olhei a travessa na mesa, minha boca
salivou. Estava apetitosa. Caminhei assustada até o balcão, observei de perto
um prato simples que nunca apreciei me deixar esfomeada. O cheiro estava
por todo o lugar.
— Acho que podemos comer — disse meu sequestrador, secando a
mão em um pano de prato extremamente limpo. — Quer ir para a mesa?
— Não, quero comer aqui. — A ideia de me sentar a uma mesa me
causava desconforto.
— Se assim deseja. — Deu de ombros. — Tome seu prato, sirva-se à
vontade.
Peguei a porcelana com as mãos trêmulas, cada movimento carregado
de uma incerteza esmagadora. Não conseguia me lembrar da última vez em
que coloquei comida no meu próprio prato. A fome era um sentimento
desconhecido, quase assustador, e a ideia de me servir parecia uma tarefa
monumental. O estômago roncava, mas a mente estava repleta de dúvidas e
medo de errar.
As empregadas sabiam a quantidade que eu comia, pois era Polina que
administrava. Nunca me permitiu repetir pratos, e uma vez que pedi, quebrou
duas louças de porcelanato em minha cabeça. Fui parar no hospital, levei
alguns pontos e, por sorte, não ficou uma cicatriz na minha testa.
Olhei para Otto inquieta, Polina sempre ditava o quanto eu deveria
comer, e me questionava se era um teste ou não.
— Quanto devo comer? — indaguei com a voz trêmula. O medo de ele
me mandar pegar pouco me consumia, queimando a boca do meu estômago.
Otto franziu a testa.
— A quantidade que quiser, fávlos — respondeu. Meus lábios
tremeram e, pela primeira vez em muito tempo, meus olhos se encheram de
lágrimas sinceras. Senti o calor delas queimando minha pele enquanto
rolavam silenciosamente pelo rosto. Uma dor familiar se contorceu dentro de
mim, mas dessa vez era acompanhada por uma sensação nova, quase
reconfortante. Mordi os lábios, tentando decifrar essa emoção que queimava
meu peito como uma floresta em chamas. Era assustador, mas, de algum
modo, estranhamente bom.
Peguei a escumadeira ainda incerta. Afundei na grande massa e
arranquei um pedaço, coloquei no prato incerta. O tamanho não era grande.
Ergui os olhos e encarei Otto que estava encostado no outro lado da bancada,
me olhando atentamente.
— Acho que essa quantidade está boa — murmurei, sentindo-me frágil.
Odiava demonstrar fraqueza, mas diante da sua gentileza ao me alimentar.
Sacudi a cabeça.
— Coma o que sentir vontade, Prinkípissa — falou.
Otto se serviu, enquanto eu me sentava em um dos bancos altos. Nunca
havia comido na cozinha, sempre na sala de jantar. Soltei um gemido de
prazer na primeira garfada. A lasanha bolonhesa derreteu na minha boca, o
queijo se esticava com o garfo, sorri de leve. O sabor era delicioso e não me
deu ânsia de vômito. Comecei a comer mais rápido.
— Coma devagar, fávlos — orientou Otto, sentando-se ao meu lado.
Fiz conforme dito, mastiguei mais devagar, porém, com vontade,
apreciando o sabor. Ao cair no meu estômago, não pesou. Ao contrário,
parecia uma pena. Nunca havia provado algo tão saboroso. Quando terminei,
ainda estava faminta.
Meus olhos escorregaram para a travessa diante de mim, ainda na
metade. Engoli a saliva, meus olhos correram para Otto que mastigava
devagar.
Empurrei meu orgulho para baixo.
— Posso comer mais um pouco?
Seus olhos encontraram os meus. Ele me olhou atentamente, lendo
todas as minhas expressões. Por um instante, pensei que estivesse vendo
minha alma quebrada.
— Fique à vontade, Sasha. — Sua voz grave tinha uma nota de
compaixão.
— Obrigada — agradeci, servindo-me de mais um pedaço farto.
Olhei para o homem diante de mim. Seus olhos claros brilhavam o
desconhecido para mim. Ao respirar, traguei seu perfume misturado ao cheiro
da lasanha. O que essas fragrâncias juntas me causavam era assustador,
porém, o que me assustava mais era a familiaridade que estava sentindo ao
lado do meu sequestrador.
CAPÍTULO 8
Olhei para a cama bagunçada onde despertei, o sol já começava a
iluminar o quarto de forma tímida. Devido ao horário de verão europeu,
Moscou estava agora na mesma faixa horária de Atenas, o que apenas me
lembrou do quanto a realidade parecia distorcida em comparação com meus
pensamentos conturbados. O relógio marcava pouco mais 05h30 e a única
coisa que conseguia pensar era em como havia acabado dormindo na cama.
Recordei-me de como havia me enrolado em cobertores no chão,
exausta depois de passar horas intermináveis tentando encontrar uma maneira
de escapar daquele cativeiro. O pensamento de estar tão perto de meu captor,
com seu rosto impassível e seus olhos penetrantes sempre analisando cada
movimento meu, me desgastou. Sua presença constante, sua falsa gentileza
disfarçada de cuidado, quase me fez desejar estar em seus braços, um desejo
que há anos não experimentava. O sentimento era confuso e perturbador, uma
mistura de necessidade e repulsa que me deixava sem rumo.
Não sabia se Otto tinha passado a noite ao meu lado, mas o lado oposto
da cama parecia intacto, como se ninguém tivesse ocupado aquele espaço. Ao
correr para o banheiro, encontrei o boxe molhado, o que só aumentou a
sensação de incerteza e desorientação que me assolava. Minha mente girava,
tentando encontrar respostas para as minhas dúvidas incessantes.
Soltei um suspiro cansado e decidi arrumar a cama, ajustando os
lençóis rapidamente em um gesto quase automático. Fui até o closet e escolhi
uma calça jeans escura e uma blusa de manga longa, sentia a necessidade de
vestir algo confortável e prático. Penteei meus cabelos, prendendo as mechas
em um coque solto que não apertasse minha cabeça ao longo do dia. Vesti um
par de tênis brancos e saí do quarto sem pressa, tentando encontrar algum
tipo de normalidade em meio ao caos que parecia dominar minha vida.
A casa estava silenciosa, como da última vez, parei na sala de estar em
frente às janelas, observei o céu ficando alaranjado, não costumava admirar o
nascer do sol, mas me vi ali parada. A casa cheirava a limpeza, não com
lavandas ou algo do tipo, mas sim álcool e talco de eucalipto, uma mistura
estranha que irritava o meu nariz.
Olhei ao redor, o espaço parecia vazio. Meu captor, o pokhititel[16], não
estava por perto. Fui para a cozinha e, para minha preocupação, não havia
sinal de que alguém tivesse passado por ali. A passos leves, quase felinos,
abri a porta de madeira que não rangeu, e a brisa fresca da manhã me
envolveu. Coloquei a cabeça para fora e respirei fundo, o ar puro parecia um
alívio temporário. Não avistei nenhum soldado entre as árvores que
circundavam a propriedade, mas sabia que eles estavam por perto, escondidos
em algum lugar.
Voltei à bancada e peguei uma faca do faqueiro, sentindo a lâmina fria
e ameaçadora em minhas mãos. Meu coração batia forte, a epinefrina
disparava pelas minhas veias, aguçando meus sentidos e tornando cada
pequeno som e movimento mais nítidos.
Com a faca firmemente segura, saí pela porta, determinada a fugir.
Sabia que a poucos cem metros à frente havia um portão que poderia me
levar de volta à liberdade. Eu precisava passar por ele, retomar minha vida e
não envergonhar minha família. Era uma questão de honra e de cumprir o
acordo para o qual fui prometida.
A passos largos e cuidadosos, atravessei o gramado macio, movendo-
me entre as árvores. O vento uivava ao meu redor, trazendo consigo o cheiro
de terra e mar, uma mistura que evocava uma sensação de urgência e
estranheza. A sensação de liberdade era palpável, mas precisava manter o
foco.
Sacudi a cabeça, tentando afastar as distrações, e continuei, cada passo
me aproximava da possibilidade de escapar daquele pesadelo.
Não vi nenhum soldado à vista, o que me deu coragem para apressar os
passos em direção ao portão de ferro, que se erguia imponente com mais de
três metros de altura. A ausência de um guarda era estranha, e a sensação de
que algo estava errado me fez encostar no tronco de uma árvore próxima,
apertando ainda mais o cabo da faca. Nenhum homem sensato manteria a
casa tão desprotegida, por isso a inquietação só aumentava.
Fechei os olhos, tentando me acalmar e pensar com clareza, mas minha
mente estava um turbilhão de pensamentos confusos e medos esmagadores. A
necessidade de fugir de Otto era avassaladora. Ele me aterrorizava tanto
quanto Polina, mas de uma maneira diferente. Enquanto Polina era uma
ameaça conhecida, Otto era uma fonte constante de ansiedade, sua presença
estimulava um medo visceral que fazia meu coração acelerar de forma quase
insuportável.
Abri os olhos e, com determinação renovada, corri em direção aos
portões. Mas, ao olhar para o lado, vi Otto pular corda com uma energia
inquietante. Seus olhos estavam fixos em mim, com uma intensidade que
fazia meu corpo inteiro vibrar. O suor escorria lentamente pelo seu peito nu,
brilhando sob a luz suave, destacando cada músculo esculpido. Ele usava
apenas uma calça de moletom cinza, baixa o suficiente para deixar à mostra
sua barriga definida, com os gominhos perfeitamente talhados, cada linha
desenhada com precisão. O famoso "V" que descia até o cós da calça parecia
me provocar, direcionando meu olhar para onde eu sabia que mais desejava.
Salivei, meu corpo treinava o pensamento, imaginando o que ele escondia
além daquele tecido, o calor crescia dentro de mim e queimava em
antecipação. Parei bruscamente, o choque fez meu coração acelerar ainda
mais ao perceber a tatuagem que cobria a parte superior de seu corpo.
Um dragão impressionante serpenteava ao longo de sua pele. As
escamas intricadas começavam na costela e subiam pelo braço esquerdo, as
asas abertas e as garras afiadas espreitando pelo bíceps e antebraço. A cabeça
do dragão repousava sobre seu ombro, seus olhos cor de âmbar flamejante
pareciam estar sempre em vigia, conferindo uma sensação de que a criatura
mítica estava a ponto de ganhar vida. As linhas precisas e sombras profundas
davam ao dragão uma qualidade quase real, como se pudesse se mover a
qualquer momento.
Fiquei hipnotizada, os olhos de Otto pareciam me prender em uma
dança perigosa. Sua beleza era tão assustadora quanto cativante, um crime a
si mesma. Ofeguei ao ver seus músculos se tensionarem, meu corpo parecia
entrar em colapso emocional. A sede era quase insuportável, como se tivesse
passado horas caminhando sob um calor escaldante. Ver o suor escorrer por
seu peito fez minha boca salivar involuntariamente. Desconcertada, dei dois
passos para trás, piscando para sair do transe hipnótico em que me
encontrava, tentando recuperar a clareza.
Estávamos perto demais. O ar entre nós era sufocante, quase palpável,
carregado de tensão e um desejo bruto que eu não queria admitir. Cada
centímetro que ele avançava parecia selar o meu destino, sua presença se
infiltrava na minha pele como uma corrente fria. Em poucos passos, ele me
alcançou, e meu coração disparou com um misto de medo e excitação. A
mente gritava para fugir, mas meu corpo estava preso, enraizado ao chão.
Com um movimento desesperado, meus dedos apertaram o cabo da
faca, minha única chance. Minha respiração ficou errática, o suor escorria
pela nuca enquanto eu a erguia, sem hesitar. Num impulso selvagem, fui
direto ao seu abdômen, mirando o ponto vital, mas ele era rápido, mais rápido
do que eu esperava. Seu braço se ergueu no último segundo, um reflexo
preciso, quase cruel.
A lâmina pressionava contra sua pele, e eu forçava mais ainda, minha
mão tremia com a força do desespero. Mas, para meu horror, o desgraçado
apenas sorriu com um prazer perverso, seu olhar cruel. Com uma facilidade
aterrorizante, ele tomou a faca das minhas mãos, a lâmina suja escorregava
para seus dedos como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele a ergueu e
a aproximou de meus lábios, e eu tentei me afastar, meu corpo se contorcia
em uma tentativa frenética de escapar. Mas seu aperto no meu braço era
como uma corrente de ferro, implacável e firme. Com uma força imprevista,
ele me puxou para mais perto, seus olhos fixos nos meus, enquanto a lâmina
fria e ameaçadora dançava a centímetros da minha boca, cada movimento
dele tornando a tensão quase insuportável.
Umedeci os lábios, um gesto instintivo, quase inocente, mas que
parecia carregar uma tempestade silenciosa entre nós. Seus olhos, sempre tão
calculados, captaram cada movimento, atentos como um predador estudando
sua presa. Eu podia sentir o peso do seu olhar como uma carícia invisível,
algo quase palpável, queimava minha pele. Suas pupilas dilataram, escuras
como a própria noite, expandindo-se com uma fome silenciosa que ele não se
preocupava em esconder.
— Lambe — ordenou ele, sua voz tranquila contrastando com a tensão
palpável. — Sinta o gosto do sangue que derramou, agápi.[17] — O tom rouco
em sua voz e o brilho de luxúria em seus olhos tornaram o momento ainda
mais perturbador.
Neguei com a cabeça, meus lábios cerrados em resistência. Mas ele não
hesitou, passando a lâmina fria e cortante por meus lábios fechados, os olhos
dele brilhavam com uma determinação implacável. Seu olhar deixou claro
que não pararia até que eu provasse aquele maldito sangue.
Com relutância, abri a boca e comecei a lamber cada gota de sangue
com cuidado, evitando o corte da lâmina. Olhei em seus olhos e o que vi me
deixou eufórica. O gosto metálico era inusitadamente saboroso, uma onda de
sensações estranhas invadiu meu corpo. Meu ventre se contorceu e a saliva se
acumulou em minha boca, o desejo por mais crescia a cada instante. Era
como se eu estivesse explorando um novo e viciante mundo, algo
profundamente perturbador e irresistível. Os deles estavam tensos, brilhavam
em satisfação, focados em mim, em cada movimento que fazia.
Olhei para ele com uma mistura de medo e espanto, mas, ao contrário
da minha apreensão, Otto Exousía parecia prestes a oferecer mais do seu
sangue, o olhar dele revelava uma satisfação sinistra e predatória.
— Me deixe ir embora — exigi, ofegante e com a voz rouca. — Já se
divertiu o suficiente às minhas custas.
— Só comecei — respondeu Otto, com um tom frio e calculista. —
Vamos para casa. Tenho que preparar o café da manhã e reuniões me
aguardam.
Ele afastou a faca com um movimento brusco e me puxou de volta para
dentro da casa. Olhei para o portão, relutante, tentando me libertar do seu
aperto. Minha liberdade estava a poucos metros, ou ao menos era o que eu
queria acreditar.
— Otto, por favor, não tenho nada a oferecer — grunhi entre dentes, a
voz carregada de desespero.
— Você tem mais a me oferecer do que imagina, prinkípissa —
afirmou ele, com uma calma perturbadora. — Foi decidido que sua amiga e
sua mãe virão te ver amanhã à tarde. Você poderá dizer a elas que quer ficar e
evitará uma guerra, ou minta, e farei Moscou virar cinzas.
Ameaça e desespero se misturaram, um frio cortante percorreu minha
espinha ao imaginar a devastação que ele poderia causar. A perspectiva de
enfrentar Polina e Otto ao mesmo tempo me aterrorizava. Não estava pronta
para lidar com essa pressão.
— Mentir? — indaguei, a voz carregada de incredulidade e raiva. —
Eu mentiria se dissesse que quero ficar com você, seu pokhititel — cuspi as
palavras com um ódio que era, talvez, mais voltado para mim mesma do que
para ele.
— O pior mentiroso é aquele que mente para si mesmo — declarou
Otto, a voz carregada de um tom implacável. — Mais tarde, irá replantar
novas mudas das flores que destruiu.
— Não irei — rebati, com firmeza. — Que seus jardineiros cuidem
disso.
— Prinkípissa, aqui, se você destrói algo, você conserta. E se não o
fizer, será castigada — alertou ele, liberando-me do aperto assim que
entramos na cozinha. — Vou me lavar, já volto.
— Não vou plantar mato algum, seu filho da puta cruel! — berrei, a
raiva se espalhando pela minha voz. No entanto, em resposta, só recebi o
silêncio cortante de Otto, sua presença sólida como uma rocha.
Enquanto ele se afastava, a sensação de impotência e frustração me
consumia, sabendo que, apesar de minha resistência, estava à mercê de suas
regras cruéis e implacáveis.
O fogo que ardia dentro era mais intenso do que eu jamais poderia ter
imaginado. O corpo estava em chamas, cada centímetro de pele coçando,
quente, fervendo. O estômago se revirava em ondas de ansiedade e desejo,
entre as pernas, já sentia a umidade se espalhando, as coxas pegajosas pela
excitação que escorria sem controle. A respiração vinha em arfadas curtas e
descompassadas, e a mente turva, completamente consumida pela
necessidade. Só conseguia pensar nele.
Otto.
Tudo ao redor se desfazia em segundo plano, e o único som que me
restava era o dos meus próprios gemidos baixos, entrecortados pelo desespero
crescente. Apertei minhas coxas, tentando encontrar algum tipo de alívio,
mas só piorava. Estava perdida, fora de mim, dominada pelo desejo. Cada
soco que meu pokhititel desferia no último homem fazia algo dentro de mim
vibrar, alimentando ainda mais essa fome insaciável.
Meus olhos o seguiam, presos à figura brutal e irresistível dele. Seus
punhos, ainda ensanguentados, se moviam em golpes certeiros, e com cada
impacto, eu gemia silenciosamente, desejando que fosse a minha pele sob
aquelas mãos. Ele parou, enfim, depois de dar o golpe final, e me olhou com
um sorriso cruel que fez meu corpo inteiro estremecer. Seus lábios,
manchados de sangue, o deixavam ainda mais perigoso e, ao mesmo tempo,
impossível de resistir..
— Saiam do complexo — ele ordenou, os soldados obedeceram sem
hesitar, saindo em completo silêncio. Em questão de minutos, éramos só nós
dois, sozinhos naquele lugar com odor forte de morte. Meu coração batia
descontrolado, antecipando o que viria.
— Agora venha até mim, láthos mou. — Sua voz era um comando
velado de promessa.
E meu corpo, traidor, respondeu antes que minha mente pudesse
hesitar. Cada passo em direção a ele era uma batalha entre o que restava de
sanidade e a necessidade primitiva que me consumia. O aroma fúnebre e sua
colônia formavam uma mistura intoxicante, algo que parecia feito para me
enlouquecer ainda mais. Quando meus olhos encontraram os seus, eu soube
que não tinha volta. Otto estava ali, sujo de sangue, o dragão tatuado em sua
pele parecia ganhar vida, enquanto seu peito arfava com a adrenalina.
Qualquer pessoa normal teria corrido, teria sentido o medo rasgar seus
sentidos e fugir dali sem olhar para trás. Mas eu? Eu fiz o oposto.
Lancei-me contra ele. Meus braços envolveram seu pescoço, e no
instante em que nossos corpos se chocaram, suas mãos fortes agarraram meus
quadris, puxando-me contra seu corpo duro. Nossas bocas se encontraram em
um beijo feroz, faminto, como se estivéssemos à beira do abismo e apenas a
presença um do outro pudesse nos salvar. O gosto metálico do sangue se
misturava com o calor de sua boca, e eu o queria cada vez mais.
Cada movimento era selvagem, desesperado, como se eu fosse uma
presa finalmente rendida ao predador.
Otto mordia minha garganta com uma voracidade que fazia minha pele
arder, enquanto sua voz rouca sibilava contra minha carne:
— Eu vou te possuir aqui, chamós mou.
O som de seu nome saindo dos meus lábios veio como um gemido
desesperado.
— Otto...
Minhas unhas rasgavam seus ombros, e ele parecia gostar da dor que eu
infligia. Mesmo assim, com uma força bruta, ele me abaixou no chão frio e
sujo, onde os corpos dos homens mortos ainda jaziam ao nosso redor. Meu
coração disparou, mas não era de medo. Era o caos da excitação me
dominando por completo, me afogando em algo sombrio e primal.
Ele me prendeu ali, com suas pernas de cada lado do meu corpo, me
olhando como se fosse um bárbaro pronto para tomar aquilo que ele já havia
reivindicado. Seu olhar era carregado de luxúria, mas havia uma escuridão
nele, uma fome insaciável que se refletia no modo como ele examinava cada
parte de mim. Meu peito subia e descia com a respiração pesada, e naquele
momento, uma clareza cruel me atingiu: entregaria minha virgindade ao meu
sequestrador, ali, cercada por sangue e morte. Nada me parecia mais
apropriado. Eu precisava senti-lo dentro de mim. Aquela vontade carnal me
devorava, corroendo cada fragmento de racionalidade que eu ainda tinha.
Otto, sem hesitar, rasgou ao meio o meu vestido como um animal
faminto, jogando o tecido destruído para longe. Seus olhos brilharam com
uma luxúria quase inumana quando viu meus seios nus, um sorriso cruel se
formou em seus lábios. Ele se curvou sobre mim, lambendo o bico do meu
seio direito com uma lentidão torturante. Minha respiração ficou
entrecortada, e o contraste entre o calor do meu corpo e o toque gelado da
língua dele me fez arfar.
— Otto... — o nome dele escapou de mim de novo, dessa vez mais
como um sussurro suplicante.
Ele sabia o que estava fazendo. Cada movimento lento da sua língua,
cada mordida provocante, era um golpe direto no meu autocontrole. Minhas
unhas se cravaram em seus braços, que estavam apoiados de cada lado da
minha cabeça, enquanto ele se movia para o outro seio, sugando com força,
seus dentes arranhavam a pele sensível, fazendo um gemido de dor e prazer
escapar dos meus lábios.
Estava à mercê de Otto, completamente perdida naquela mistura insana
de agonia e êxtase.
— Gosto quando geme meu nome — ele murmurou, sua voz baixa e
rouca enquanto rasgava minha calcinha em um único puxão, deixando-me
nua por completo, apenas vestida de minha vulnerabilidade. Seu olhar
faminto percorreu cada centímetro do meu corpo exposto, e um sorriso
torturante se formou em seus lábios. — Sua boceta é perfeita, láthos.
Meu corpo reagiu de imediato, contraindo de forma involuntária minha
vagina encharcada. Estava molhada, cada parte de mim clamava pelo seu
toque. Otto ajoelhou-se entre as minhas pernas, abrindo-as com uma firmeza
que não dava espaço para resistência, expondo-me completamente. O ar frio
do ambiente fez meu corpo tremer, mas a verdadeira tempestade estava
dentro de mim.
Com uma calma perversa, ele passou dois dedos pelos meus lábios
molhados, subindo até o meu clitóris. Quando apertou o ponto sensível com
força, meu corpo arqueou, um gemido alto escapou dos meus lábios. O prazer
era intenso e doloroso, cada toque, cada pressão era uma tortura doce que me
destruía e me reconstruía ao mesmo tempo. Meus dedos se enterraram nos
farrapos que sobrou do meu vestido, desesperada para encontrar algum
controle, mas ele era o mestre daquele jogo, e eu estava completamente à sua
mercê.
Os dedos dele circularam o meu clitóris devagar, o movimento lento e
preciso, criando ondas de prazer que deixavam meu ventre em espasmos. Eu
me contorcia, meus quadris involuntariamente seguiam o ritmo que ele
impunha. Quando ele finalmente deslizou dois dedos dentro de mim, uma
estocada lenta e superficial, meu corpo reagiu instantaneamente. Ele sabia
que não romperia meu hímen, mesmo assim, a sensação da invasão fez um
grito escapar da minha garganta, e em um momento de puro abandono, gozei
violentamente. Meu corpo tremeu, os espasmos de prazer me dominando,
fazendo-me perder a noção de tudo ao meu redor.
Estava fora de mim, consumida pela necessidade esmagadora dele,
cada célula do meu corpo clamando por seu toque.
— Eu preciso de você — implorei, minha voz entrecortada pela
urgência, enquanto impulsionava minha pélvis contra os seus dedos,
buscando alívio.
Otto me ignorou de propósito, o controle dele era absoluto. Com uma
brutalidade controlada, ele colocou minhas pernas sobre os seus ombros e me
puxou ainda mais de encontro a si. Senti a pele sensível do meu cóccix sendo
arrastada no chão áspero, a dor se misturava ao prazer insano que ele
causava. Meu coração batia desenfreado, o som ecoava no meu peito, cada
vez mais intenso quando percebi o que ele estava prestes a fazer.
— Estou louco para degenerar sua boceta com a minha boca, Sasha —
ele rosnou, a voz carregada de luxúria crua.
Sem aviso, sua boca se aproximou e sua língua lambeu meus lábios
maiores. O choque de prazer foi tão intenso que um grito escapou da minha
garganta. Arquejei, meu corpo se entregou por completo, enquanto ele me
devorava com uma fome insaciável. A cada lambida, a cada sucção, ele me
levava mais perto do abismo, minha mente enevoada de tanto prazer. Otto
explorava cada parte de mim com sua língua, brincando com os meus nervos
de uma forma que me deixava enlouquecida. Meu corpo tremia, meu clitóris
latejava, e eu sabia que não aguentaria por mais tempo naquela tortura
deliciosa.
Estava à beira de explodir de novo, e tudo que eu queria era mais dele,
mais daquela loucura que me consumia.
Otto me levou ao limite, torturando-me com a sua boca de forma
implacável, mas parou no momento em que meu corpo estava prestes a
explodir em um orgasmo. Ele liberou minhas pernas dos seus ombros e, de
pé, me observou por um momento, seu olhar carregado de luxúria selvagem.
Sem desviar os olhos dos meus, Otto desceu a braguilha da calça com
uma calma que só acentuava o controle que exercia sobre mim. Quando ele
puxou a boxer preta para baixo, seu pau ereto saltou para fora, grande, grosso
com veias azuis e gotejante de pré-gozo como se estivesse à beira de perder o
controle. Ele removeu a calça com uma elegância contrastante à brutalidade
do momento, então agarrou o próprio membro, massageando-o de forma
lenta, espalhando o pré-gozo com uma destreza que só aumentava minha
agonia.
Meu corpo, já fervendo de desejo, tremeu à visão dele, cada parte de
mim clamava por ser preenchida por ele. Eu podia sentir o calor que
emanava, o poder bruto que ele exalava, e a cada movimento, minha
excitação crescia, tornando-se insuportável.
— Me diga o que quer, láthos mou — exigiu ele, sua voz rouca
preenchia o espaço entre nós, como um comando que não podia ser ignorado.
— Você dentro de mim. — Minha resposta saiu quase em um sussurro,
um fio de desejo desesperado.
Otto riu perverso, um som que misturava diversão e desejo, enquanto se
ajoelhava entre minhas pernas. Ele posicionou seu membro, o calor dele
contra a minha entrada molhada de excitação, e inclinou seu corpo sobre o
meu. Nossos lábios se tocaram em um beijo breve, uma conexão elétrica que
fez meu coração disparar.
Então, com um movimento controlado, ele pressionou seu peso em
mim, em uma estocada poderosa, entrou em mim. A dor se misturou ao
prazer de uma forma deliciosa, e eu uivei, meu fôlego sendo tomado de
assalto. Era tudo o que eu desejava, um momento que transcendeu qualquer
limite, a sensação de ser preenchida por ele, de pertencer a ele.
Nós nos beijamos com volúpia, dois seres conturbados tentando tomar
o controle, mas, nessa dança, ele conduziu. Otto permaneceu parado dentro
de mim por um tempo, distraindo-me com seus beijos intensos, até que
libertou minha boca e, em um movimento poderoso, começou a estocar com
força. Meu corpo se arrastava pelo chão ensanguentado, sacudido a cada
investida. A cada estocada, eu gemia mais alto, incapaz de conter os sons que
escapavam dos meus lábios, nossas respirações se entrelaçavam em um ritmo
frenético.
Grudei minhas unhas em suas costas, perfurando sua pele, enquanto
mordia seus ombros, tentando silenciar os rugidos altos que ecoavam pela
sala.
— Não esconda seus gemidos de mim, porra — rugiu Otto,
aprofundando cada vez mais seu movimento, atingindo um lugar dentro de
mim que me deixava ainda mais enlouquecida. — Deixe-me ouvir seus
gemidos, porra, apertada pra caralho — ele grunhiu entre gemidos, suas
palavras carregadas de desejo. — Sasha, você é minha, caralho.
— Otto, sua... isso — gemi, aturdida pelo prazer avassalador.
Tê-lo dentro de mim era esplêndido; a forma como ele me tomava, por
completo, era tudo o que eu desejava. A mistura de dor e prazer me fazia
flutuar, e cada movimento dele parecia me transportar para um lugar onde só
existíamos nós dois.
Ele apertou minha garganta com força, seus dedos pressionavam a pele
enquanto estocava cada vez mais forte e rápido. O som da pele dele batendo
contra a minha enchia o ambiente, nossos gemidos se misturavam em um
ritmo frenético. Sem tirar a mão do meu pescoço, ele ergueu minha perna
direita, posicionando-a sobre o ombro dele, o que fez meu corpo arquear.
Arfei, sentindo-o entrar ainda mais fundo em mim, o prazer e a dor se
fundiam em uma onda avassaladora. Seus dedos apertaram minha garganta
com mais intensidade, sufocando-me, enquanto ele continuava seu ritmo
implacável.
— Inferno, mais, mais — gritei, alucinada, sentindo meu ventre e
minha vagina se contrair em resposta ao prazer avassalador.
— Goza no meu pau, láthos mou — ordenou Otto, sua voz rouca e
imperativa.
Meu corpo obedeceu, uma onda de choque me atravessou, fazendo-me
tremer. Fechei os olhos, contorcendo-me, enquanto algo desmoronava em
meu ventre. A onda de alívio veio em seguida, entorpecendo todos os meus
sentidos. Meu coração batia tão forte que achei que ia explodir. Abri os olhos
e encarei meu sequestrador, seu suor escorria pelo corpo e pingava em mim,
todo molhado.
— Minha porra — rugiu Otto, gozando dentro de mim com força. Seus
olhos grudados nos meus, vi o prazer em seu rosto, uma onda de satisfação
tomou conta de mim, pois eu havia causado aquilo nele.
— Eu sabia, chamós mou, que seria perfeito foder você — ele
murmurou, a voz carregada de um orgulho selvagem.
Sorrindo, cansada e satisfeita, permaneci calada incapaz de dizer
qualquer coisa, o momento se estendeu entre nós, carregado de uma
intensidade que mal podíamos compreender.
CAPÍTULO 24
Não fazia ideia do que deveria sentir. Estava deitada nua, meu corpo
coberto de suor e sangue, o cheiro metálico dos mortos ao nosso redor se
misturava com o aroma denso de sexo e de Otto. Minhas pernas estavam
entrelaçadas nas dele, a cabeça apoiada em seu ombro esquerdo, enquanto
meus braços envolviam seu tronco forte, como se agarrá-lo fosse a única
coisa que me mantivesse ancorada à realidade. A respiração ainda pesada, o
calor da minha boceta melada contrastava com o frio sujo do chão. Sentia o
sêmen de Otto escorrer pelas minhas coxas, quente.
Ele se moveu com precisão, desentrelaçando nossas pernas, enquanto
me posicionava deitada sobre seu corpo duro e musculoso. O calor que
emanava dele era palpável, seu coração batia mais rápido do que o normal,
ressoando contra o meu peito. Seu pau, duro e pulsante, cutucava minha
entrada, despertando em mim uma necessidade voraz que só ele podia saciar.
Sua mão direita cravava-se na minha bunda, os dedos apertando minha
carne com uma firmeza possessiva. Na outra mão, ele traçava linhas
invisíveis nas minhas costas com as unhas, uma carícia que, por mais suave,
ainda parecia cheia de controle e poder. O silêncio entre nós era espesso,
apenas interrompido pelo som da nossa respiração. A dele, sempre calma e
controlada, como se nada o afetasse. A minha, ofegante, desgovernada.
Estava excitada além do suportável, mesmo que meu corpo gritasse por
descanso. Minha boceta doía, mas o desejo parecia não ter limites, a cabeça
gorda do pau de Otto roçava minha entrada pulsante, o que apenas aumentava
meu tormento. A parte mais primitiva de mim ansiava que ele me
preenchesse de novo, me consumisse por completo. A necessidade de mais
me corroía por dentro. Meus pensamentos eram um caos — eu queria sentir
seus lábios, seu toque, sua brutalidade de novo, em um ciclo insaciável de
prazer e dor.
Não havia dormido a noite inteira, e a realidade ao nosso redor se
tornava cada vez mais grotesca e distorcida.
Meu coração disparou enquanto meus olhos percorriam as paredes
sujas, cobertas de teias de aranha que balançavam suavemente, como se o
ambiente estivesse vivo, nos observando. O chão estava imundo, manchado
com sangue seco e fragmentos de corpos. Havia perdido minha virgindade
em um lugar que era o ápice do caos e da decadência.
Eu deveria estar horrorizada, mas a única coisa que conseguia pensar
era no pau de Otto — na sensação de ele afundando de forma intensa na
minha vulva de novo, me consumindo por completo. O mundo ao nosso redor
era infernal, no entanto, eu só desejava mais dele.
O desejo me consumia por completo e antes que eu pudesse pensar
duas vezes, movi meu corpo para baixo, cutucando com delicadeza o pênis
dele. A resposta de Otto foi instantânea: sua mão apertou minha nádega com
mais força, os dedos afundaram em minha carne com uma possessividade que
me fez estremecer. Um suspiro escapou dos meus lábios, carregado de
anseio. Dor? Que se dane. Eu o queria agora.
Com uma determinação que superava o cansaço, ergui-me e me sentei
em sua barriga trincada, sentindo o calor de sua pele contra a minha. Meus
olhos encontraram os dele — frios, dominadores e calculistas. Suas mãos de
forma instantânea voaram para meu quadril, conduzindo-me com firmeza em
direção ao seu pênis ereto. Não havia necessidade de palavras entre nós;
nossos olhares diziam tudo. O silêncio carregava uma conversa muda, onde
ele, sem precisar de algo, me comandava com aquele olhar intransponível.
Minha mão desceu até seu membro pulsante, segurando-o com firmeza,
sentindo seu peso, sua dureza, e, com um movimento lento, comecei a descer.
A sensação de me esticar ao redor dele era quase impossível de aguentar —
cada pedaço me invadia, rasgando-me por dentro, minha boceta queimava
com uma intensidade que mesclava prazer e dor, consumindo cada parte de
mim que me deixava zonza, mas não era o suficiente para eu parar. Meu
corpo o tomava por completo, devagar, como se cada segundo desse
momento fosse uma extensão da nossa luta silenciosa.
Quando, enfim, senti-o tudo dentro de mim, um gemido alto e rouco
escapou dos meus lábios. A dor me dilacerava por dentro amplificava o
prazer bruto, e a conexão entre nós parecia mais profunda e intensa, como se
eu estivesse sendo devorada por ele. O controle estava nas mãos de Otto,
mesmo quando eu me movia, ele me possuía, ditando o ritmo, e eu, rendida,
só podia ceder a cada impulso de desejo que seu corpo desencadeava no meu.
— Rebola com força. — A voz grave de Otto cortou o ar, um comando
que não aceitava questionamentos. Sua mão pesada desceu firme sobre
minhas nádegas, o som do tapa ecoou pela sala. Meu corpo estremeceu com o
impacto, e o calor da dor logo se manteve, misturando-se com o prazer. Ele
era meu pokhititel, meu dono. Sua mão esquerda deslizou pelo meu corpo
sem misericórdia, agarrando meu mamilo com severidade, os dedos
cravaram-se em minha pele sensível, arrancando um suspiro de dor dos meus
lábios entreabertos. O mundo parecia girar quando ele, enfim, envolveu
minhas costas com as mãos grandes, uma delas subindo ao meu pescoço,
apertando-o com austeridade que me deixava à beira da asfixia. Eu gemia,
meus quadris seguindo seu comando, rebolando com ímpeto sobre seu pau.
— Toma meu pau com vontade, i skýla prinkípissá mou. — Sua voz era
um rugido grave e exigente, cada palavra carregada de autoridade.
Com as unhas cravadas em sua pele, obedeci. Subia e desça em seu
pênis, cada movimento mais intenso, como se minha vida dependesse de
satisfazê-lo. Ele afrouxava o aperto em meu pescoço apenas para me deixar
respirar um pouco antes de voltar a pressão com vigor em seguida. Contraí
minha boceta ao redor de seu pau, apertando-o com a intenção de arrancar-
lhe prazer. Vi seus olhos se fecharem brevemente, o rosto rígido se contorceu
por um momento, e uma onda de satisfação me invadiu, dominando-me.
Inclinei-me para frente, tomando seus lábios em um beijo desesperado,
desajeitado, onde nossos dentes se batiam, e sua língua invadia a minha boca
com uma exigência crua e impiedosa. Ele impulsionou os quadris para frente,
afundando dentro de mim com uma pressão que atingiu um ponto profundo e
mágico. Gemi alto, minha voz cheia de necessidades.
— Otto! — gritei, incapaz de me controlar. — De novo, mais, por
favor...
— O que você quer? — ele provocou entre os beijos, sua respiração
quente colada em mim. — Fala, o que você quer?
Mordi seus lábios com desespero, mas ele parou de se mover,
segurando meu corpo com firmeza, impedindo-me de seguir o ritmo que eu
tanto ansiava. A frustração me invadiu, a necessidade de gozar se tornou
insuportável, quase dolorosa. Eu, provavelmente, me aliviaria, ouvir seus
gemidos roucos e descontrolados quando ele explodisse dentro de mim. O
som de Otto perdendo o controle havia se tornado meu vício, algo que eu
desejava a cada segundo com ele.
— Você me fodendo com força! — gritei, minha voz rouca de desejo,
enquanto nossas bocas se chocavam de novo... — Me deixe gozar, tome-me!
Ele riu, um som sombrio que me arrepiou até a alma, antes de me
arrebatar completamente. Seu corpo se moveu com uma violência controlada,
cada estocada uma mistura de céu e inferno, levando-me à beira da loucura.
Fechei os olhos, sentindo-o preencher até o limite, enquanto uma euforia crua
e selvagem tomava conta de mim. Contraí minha boceta, de forma extrema
descontrolada, e o orgasmo me atingiu de forma avassaladora. Eu estava
completamente à mercê dele, sufocada pela mão que apertava meu pescoço,
arrancando de mim cada gota de prazer.
Quando ele gozou, seu corpo inteiro tensionou, e abriu meus olhos,
ainda trêmula, apenas para ter o prazer de ver o rosto de Otto se contorcer em
êxtase. Seu pau pulsava dentro de mim, enchendo-me com jatos quentes,
marcando-me por completo. E, naquele momento, não havia nada além de
nós dois, conectados pela intensidade brutal e descontrolada que dominava
nossas almas.
— Vamos para casa — declarou depois de uns minutos em silêncio.
Sorri cansada, concordando.
A fome por Sasha queimou em mim como um incêndio incontrolável.
O monstro que habitava meu ser queria tomá-la novamente, um desejo
visceral que não conhecia limites. Apenas uma prova da sua doçura havia
despertado algo inextinguível dentro de mim, e agora, seu sabor ainda ecoava
em minha boca, como um pecado tentado. Uma ereção teimosa que persistia
mesmo após um treino extenuante e horas intermináveis de reuniões com
Eros.
A dor e o prazer de seu corpo consumido por mim se entrelaçavam em
uma dança tortuosa. Deixá-la descansar, mesmo que por uma noite, era uma
escolha amarga, mas necessária; amanhã, no calabouço, eu a tomaria
novamente, desta vez, com uma ferocidade insaciável.
Eu ansiava por suas feridas, por suas chicotadas que fariam meu sangue
ferver antes que eu a consumisse com uma brutalidade deliciosa. Nossa
relação, distorcida e sombria, era um jogo de dominação e entrega, onde o
prazer e a dor coexistiam em um equilíbrio precário.
E, no entanto, havia algo sobre seus lábios que me deixava inquieto.
Sasha, em um momento de ousadia, quase me pegou de surpresa ao se
aproximar e me beijar. O fato de eu nunca ter iniciado um beijo a
incomodava era um fio que mantinha a tensão entre nós, porém, sua
impulsividade ao me beijar no hospital, em meio àquele caos, havia acendido
uma chama de motivação dentro de mim.
Por mim, eu a tomaria ali, mas nunca permitiria que seus gemidos, que
pertenciam apenas a mim, ecoassem para outros ouvidos.
Entrei em nosso quarto ao início da noite, a luz suave filtrando-se pelas
cortinas, quase como se o ambiente estivesse se preparando para o que viria.
Ela estava sentada na poltrona, envolta em um vestido longo verde, as
mangas curtas moldavam suas formas de maneira sedutora, enquanto um
pequeno decote triangular revelava um vislumbre de sua pele. Meu olhar
percorreu o pescoço pálido dela, onde as marcas de minhas mãos se
destacavam, arroxeadas e provocativas, um lembrete da possessividade que
me consumia.
Nossos olhares se encontraram, pude ver a expectativa refletida nos
olhos dela, misturada a um nervosismo palpável. Sua respiração tornou-se
densa, e as bochechas ganharam um tom avermelhado, à medida que seus
olhos vagavam pelo meu tronco nu, onde as marcas das unhas dela ainda
estavam visíveis, como cicatrizes de uma batalha privada. Quando seus olhos
desceram até minha pelve, vi seu espanto se transformar em uma mistura de
desejo e recebimento; ela engoliu em seco ao perceber a ereção marcante que
se destacava na calça.
— Vou tomar banho para que possamos jantar — declarei, caminhando
em direção ao banheiro, meu tom impessoal refletindo a necessidade de
controle.
— Como está Kai? — A voz dela trazia uma nota de culpa, um
lembrete do passado que ainda a assombrava.
Ela sabia que sua família e Ferraz traíram a Exousía, e a traição exigia
um preço. Tentar contra a vida de um de nós era uma sentença de morte, mas
eu não daria um fim rápido; eles conheceriam o sofrimento antes de qualquer
libertação. Primeiro, os soldados envolvidos. Depois, os mandantes.
Senti uma onda de raiva ao perceber que Sasha ainda nutria empatia
por Ferraz, como se houvesse um fio invisível que os ligava, um laço que
ainda não havia cortado. Mas em breve, isso mudaria. Minha esposa
realmente entenderia que a única confiança que deveria ter era em mim.
— Ele está bem, já em sua casa — respondi, sem me aprofundar no
assunto.
— Otto, eu gostaria que não ferisse meu sobrinho — pediu, a voz dela
quase um sussurro.
— Ele é uma criança — retruquei, a frieza da minha resposta ecoando
no ar.
— Obrigada — ela murmurou, mas a ignorei, ao passo que entrava no
banheiro.
Suspirei, uma frustração se acumulando em meu peito. Não me tocaria;
apenas Sasha mereceria cada gota da minha essência. Em sua boceta, em sua
boca, em seu corpo — em qualquer lugar que eu decidisse marcar, que eu
decidisse possuir. Só ela.
CAPÍTULO 25
Despertei com a bexiga tão apertada que o desespero tomou conta de
mim. O quarto ainda estava mergulhado na escuridão, e desvencilhei-me dos
braços possessivos de Otto. Meus olhos fixaram-se na porta, enquanto a
umidade se acumulava em minha calcinha de renda, quase como um lembrete
de que o controle sobre meu próprio corpo estava escapando. Pulei da cama,
o pânico confuso à lembrança amarga de Polina. O terror de vê-la entrar, de
me humilhar na frente do meu marido, me fez correr.
Entrei no banheiro em um frenesi, levantando a saia da camisola
enquanto levantava a tampa do vaso. Senti-me em desespero, lágrimas
quentes começaram a brotar nos meus olhos. Fechei os olhos ao liberar a
bexiga, mas o silêncio me despertou de um transe confusa. Não houve som de
líquido contra a água, e quando abri os olhos, minha calcinha estava seca.
Não estava úmida como tinha certeza de que estaria. Apertei a bexiga mais
uma vez, mas parecia vazia. O pânico ressurgiu.
Levantei-me do vaso, abaixei a camisola e corri de volta para a cama,
palpitando o lençol como se procurasse uma evidência de que me livrasse do
terror que subia pela minha garganta, trancada como se uma bola enorme
impedisse qualquer som de sair.
Um grito escapou dos meus lábios quando mãos fortes agarraram meu
pulso com firmeza. Meu coração disparou quando ergui a cabeça e encontrei
os olhos azuis de Otto me perfurando com uma intensidade sufocante. Ele
está ajoelhado na cama, me olhando com atenção.
— O que está procurando? — Sua voz era profunda, rouca, mais áspera
do que o normal, ainda pressa na transição entre o sono e a vigília.
Balancei a cabeça em negação, as palavras presas em minha garganta.
O pânico se espalhava pelo meu corpo, enquanto meu estômago se
embrulhava. Polina invadiria o quarto a qualquer momento, eu sabia. Ela me
puniria, iria me expor por ser suja.
— Sasha, o que procura? — Sua voz agora era mais dura, cortante.
Meu corpo estremeceu, incapaz de esconder o medo crescente.
— Eu... eu acho que fiz xixi na cama — sussurrei, sentindo as lágrimas
quentes rolarem pelo meu rosto, queimando como brasas contra minha pele.
— Por favor, não me faça beber meu mijo de novo...
Otto soltou meu pulso e, com uma frieza calculada, segurou meu rosto
com ambas as mãos, obrigando-me a encará-lo. Seus dedos pressionaram
minha pele, dominando-me sem esforço.
— Você não urinou na cama, chamós mou. Você se levantou há vinte e
cinco minutos, foi ao banheiro e voltou. — Sua voz era controlada, como se
ele já soubesse exatamente o que estava acontecendo. — Agora me diga,
quem a obrigou a beber urina?
Sacudi a cabeça, lutando para me libertar de seu aperto, mas a dor no
meu peito aumentou. O ar começou a faltar, como se algo estivesse me
estrangulando de dentro para fora. Agarrei seus pulsos, desesperada para
afastá-lo, mas ele era implacável, mais forte do que eu jamais seria.
— Responda! — ordenou com uma autoridade inquestionável.
— Minha mãe! — O grito saiu de mim em um tufo de ar, e, de repente,
o colapso veio como uma torrente, levando consigo o peso que me esmagava.
Eu nunca falei sobre isso com ninguém. A vergonha queimou dentro de mim,
mas, de alguma forma, confessar aquilo em voz alta me despia de parte do
fardo.
Os olhos claros de Otto cintilaram de raiva, mesmo por trás das
lágrimas estúpidas que rolavam pelo meu rosto. Pude ver a fúria contida nele,
manifestada no súbito movimento do seu peito, subindo e descendo em uma
respiração pesada que logo se estabilizou. Então, sem aviso, ele me
suspendeu contra seu corpo em um gesto brusco, os braços duros me
envolveram em um abraço firme, quase sufocante. Não disse uma palavra.
Permiti-me desmoronar tudo, sentindo minha testa encostar em sua pele
fria e nua. Meu corpo tremia em soluços descontrolados, como se estivesse
me despedaçando. Agarrada a ele, como se fosse a única coisa que me
mantivesse flutuando nesse mar de caos dentro da minha cabeça, inalei o
cheiro familiar de sua pele, deixando-me afundar na interrupção que ele
sempre causava em meus maus momentos. Otto tinha essa habilidade de me
irritar e acalmar ao mesmo tempo, como se fosse o equivalente àquelas
pílulas que eu tomava para tentar manter minha sanidade.
Ele era uma distração perfeita para a confusão da minha mente fodida.
Quando estava com ele, todo o resto se dissipava e evaporava, tudo o que
restava era uma obsessão que me consumia por cada centímetro daquele
homem. Eu poderia passar horas tocando-o, testando seus limites, fazendo-o
sangrar e, agora, o beijava. Havia algo viciante em Otto. Cada toque, cada
gesto, era um veneno que eu ansiava injetar em mim, uma dor que eu queria
tanto quanto o prazer que só ele me soubesse dar.
Nosso relacionamento era um jogo perigoso, um campo minado de dor
e prazer. Estávamos entrelaçados, presos um ao outro por arames farpados
invisíveis que nos cortavam e nos prendiam, mas nenhum de nós recuava.
Pelo contrário, eu queria mais. Queria vê-lo sofrer, queria levá-lo ao limite,
mas, ao mesmo tempo, queria ser a única capaz de dar o prazer que ele não
encontraria em nenhum outro lugar. Era essa mistura explosiva que nos
mantinha por vir, um círculo vicioso de posse e desejo que só aumentava a
cada toque, a cada respiração compartilhada.
— Sasha, eu preciso ir trabalhar. O dia vai ser corrido, só chegarei após
o jantar — disse Otto, afastando-se dos meus braços com uma calma
aparente, mas seus olhos revelavam algo mais profundo. Havia um brilho
sutil de hesitação, quase um pesar, como se ele não quisesse me deixar. —
Pegue sol, regue as flores, distraia a mente — completou, mas seus olhos
ainda me observavam, como se não quisessem se afastar.
Ele saiu da cama com a mesma tranquilidade, o corpo musculoso e
controlado. Cada movimento parecia calculado para me manter no limite da
frustração.
— Você não pode me ordenar a fazer as coisas — retruquei, tentando
manter firmeza, embora já sentisse a falta do calor dele contra mim.
Ele parou de maneira abrupta, girando a cabeça devagar. Mas, desta
vez, seus olhos, embora ainda me estudassem com intensidade, carregavam
algo além da frieza costumeira. Havia uma hesitação quase imperceptível, um
brilho silencioso de receio, como se estivesse lutando internamente com a
ideia de me deixar ali. O olhar dele demorou mais que o necessário,
revelando uma fração de vulnerabilidade que fazia meu coração vacilar.
— Eu tanto posso quanto já fiz — murmurou, com uma voz que agora
soava menos implacável. Antes de desaparecer no banheiro, ele me lançou
um último olhar, mais suave, contudo, ainda carregado de poder. E me
deixou sozinha, com uma mistura de irritação e uma nova onda de incerteza.
Deitei-me, mas o vazio ao meu lado era insuportável. A sensação de
estar naquela cama, sozinha, parecia errada, como se algo me faltasse. A
inquietação tomou conta de mim, e, sem pensar muito, me levantei e
caminhei até as portas enormes que levavam à sacada. Afastei as cortinas
pesadas, abri as portas para o ar frio da manhã que começava a tomar forma.
Lá fora, o céu começava a ganhar tons alaranjados, e o sol, ainda
tímido, preparava-se para surgir. Não me aproximei muito do beiral, o vento
fresco acariciava meu rosto, a sensação de estar no alto era desconfortável.
De longe, observei a vasta propriedade que se estendia diante dos meus
olhos, cercada por árvores imponentes e jardins perfeitamente cultivados. Um
caminho de pedras serpenteava pela vegetação, desaparecendo em algum
ponto distante, oculto pelas árvores. À esquerda da propriedade uma quadra
de tênis. Ao longe, o hangar para o jatinho e o helicóptero. Havia tanto
território para explorar, hectares de terra que ainda não ousara desbravar.
Olhando tudo aquilo, enquanto o céu ganhava tonalidades
avermelhadas, uma decisão se formou dentro de mim. Iria explorar cada
centímetro daquele lugar que, embora fosse uma prisão luxuosa, começava a
parecer menos sufocante. A ironia de tudo isso me atingiu — uma prisão que,
de alguma forma, me fazia sentir mais livre do que em qualquer outro lugar
em que estive antes. Aqui, sob o domínio de Otto Exousía, eu estava presa,
mas talvez, pela primeira vez, também estivesse verdadeiramente livre.
Com um sombreiro de palha grego, de aba larga que me protegia
parcialmente do sol escaldante, caminhei pela estrada de pedras no meio da
tarde. O vestido de verão, de alças finas e cor azul, que vesti após minutos
discutindo comigo mesma se o usaria ou não, balançava contra o vento forte
e imprevisível. O ar úmido da Grécia fez meu cabelo solto ficar cheio de
frizz, mas não me importei. Usava um chinelo de palha simples, típico daqui,
enquanto meus pés afundavam ligeiramente nas pedrinhas da trilha.
Entupi minha pele pálida de protetor solar, uma camada protetora que
eu precisava, pois raramente permitia que os raios solares me tocassem assim.
Mesmo sob as sombras das árvores imponentes que ladeavam o caminho, o
calor era sufocante, o tipo que faz o ar vibrar ao redor, quase sólido.
Respirei fundo, sentindo uma mistura de curiosidade e exaustão. Estava
intrigada para saber onde aquele caminho de pedras me levaria, mas o
cansaço começava a pesar. A manhã havia sido turbulenta, cheia de emoções
e sensações intensas, agora meu corpo reclamava. Cada passo era um
lembrete da dor latente — uma dor misturada com prazer, uma memória
fresca do que acontecera mais cedo.
Minhas coxas estavam assadas, meus joelhos arranhados, minhas costas
e cotovelos ainda ardiam dos pequenos cortes que ganhei ao transar contra
um chão áspero e implacável. O desconforto era inegável, mas,
paradoxalmente, havia uma satisfação oculta na dor que eu sentia. Era o tipo
de dor que latejava de maneira gostosa, lembrando-me de que, apesar do
desconforto, meu corpo desejava mais. Um sorriso discreto dançou em meus
lábios. Repetiria aquilo sem pensar duas vezes, mesmo que a dor fosse o
preço a pagar.
Após mais alguns minutos de caminhada, meu olhar foi capturado por
algo à frente, e minha respiração falhou por um segundo. Um riacho largo, de
águas verdes cristalinas, me esperava no fim do caminho. Ele parecia quase
mágico, como uma miragem, contrastando com o calor sufocante ao redor.
Havia uma escadinha de pedras que levava para mais perto da água, e uma
ponte de madeira que se estendia sobre o riacho, convidando-me a atravessá-
la. A correnteza era calma, serena, mas profunda o suficiente para instigar um
certo receio. Embora sentisse uma vontade quase incontrolável de molhar
minhas pernas naquela água refrescante, sabia que seria arriscado. Eu era
uma péssima nadadora, e a profundidade oculta sob a superfície verde me
assustava.
Ainda assim, a tentação estava ali, no ar, assim como a sensação de
perigo iminente. Passei pela ponte com passos cuidadosos, a madeira rangia
levemente sob o peso de meus pés, mas meus olhos continuavam fixos na
água abaixo, como se algo dentro de mim quisesse ceder à atração daquele
riacho.
Ri sozinha, incrédula diante da beleza que me rodeava. Eu, que sempre
odiei o sol e o calor do verão, estava me apaixonando pelo modo como os
raios dourados dançavam na superfície da água. Os pássaros cantavam uma
melodia suave, quase hipnótica. Ignorei meu medo de altura por estar naquela
ponte suspensa e fechei os olhos, abrindo os braços como se pudesse abraçar
o calor que não sentia há anos. Rodei devagar, sentindo o vento tocar minha
pele, e quando abri os olhos novamente, a sensação de liberdade me invadiu
de forma tão intensa que me roubou o fôlego.
Atravessei a ponte com um sorriso largo no rosto, minhas bochechas
quase doloridas pelo prazer inesperado que tomava conta de mim. Estava tão
imersa na minha própria alegria que não percebi a aproximação de um
soldado, até que ele, um homem barbudo de quase cinquenta anos, estendeu
um celular em silêncio. Sabia imediatamente de quem era a ligação. Peguei o
aparelho e o levei ao ouvido, antecipando a familiaridade daquela voz que
sempre mexia comigo.
— Otto — murmurei, como se seu nome tivesse peso nas minhas
palavras.
— Está dando um espetáculo aos meus homens, chamós mou. — Sua
voz soou ríspida, controlada, mas havia algo mais, uma tensão oculta nas
palavras.
Eu me recostei contra a ponte, deixando o sorriso nos lábios aumentar.
— Estou fazendo o que você ordenou, explorando a propriedade —
retruquei, tentando esconder o prazer em minha voz.
— Sim, Sasha, mas não há necessidade de sorrir para eles. — Sua voz
ficou mais grave, quase possessiva, e a irritação por trás da calma aparente
era palpável.
— Estou rindo para a natureza, não posso? — desafiei com um tom
petulante, gostando da troca.
Houve uma breve pausa, o tipo de silêncio carregado de eletricidade.
— Não, não pode. — Sua resposta veio com uma gravidade maior,
cada palavra enunciada lentamente. — Tudo que você tem deve ser
direcionado a mim, apenas a mim.
Arfei, surpresa e excitada pela sua exigência. O controle que ele exercia
sobre mim, mesmo à distância, me deixava tensa, mas havia algo incrível e
atraente na forma como ele me reivindicava. Meu coração disparou, por um
instante, senti-me completamente presa a ele.
— Não posso dar o que não recebo, senhor Exousía — provoquei,
minha voz carregada de insinuações. Antes que ele pudesse responder,
desliguei na sua cara, saboreando o choque que ele sentia do outro lado.
Entreguei o telefone de volta ao soldado, que me olhou sem qualquer
expressão, apenas fez um aceno discreto. Soltei uma risada baixa e comecei a
correr de volta para casa, sentindo meu coração pulsar acelerado contra o
peito. As bochechas doíam ainda mais pelo sorriso que não conseguia conter.
Otto estava com ciúme. Ele se importava, de algum modo. Essa pequena
revelação fez meu peito se encher de algo novo, uma satisfação oculta que eu
mal conseguia explicar.
Só parei de correr quando cheguei à frente da casa, meu corpo congelou
de forma imediata.
Arregalei os olhos ao ver Nika parada à porta, seus olhos fixos em
mim. A sombra de seu corpo, rígido e imponente, sugeria que ele já estava ali
há algum tempo, observando-me.
O que ela fazia ali?
Caminhei até Nika com passos largos e rápidos. Ela estava usando um
vestido bege justo, sem alças, algo que nunca a vi usar antes. Seus lábios
estavam revestidos por um batom rosa suave. Tudo nela parecia oposto ao
que eu lembrava.
Nika sempre preferiu roupas escuras, práticas e botas em vez de saltos.
Até brincos de pérolas ela usava agora, combinando com um colar de
diamantes que chamou minha atenção. Um alerta soou dentro de mim ao
considerar a joia: aquele colar fora um presente de Antônio no meu
aniversário de dezoito anos, um presente que eu nunca usei.
À medida que me aproximava, notei uma marca roxa em seu pescoço,
semelhante às que Otto deixou em mim. O desconforto foi instalado mais
fundo.
— Que roupas horríveis são essas que você está usando, Sasha? —
Nika perguntou, a voz alta e compartilhada de crítica. — Você está péssima
nessas vestes!
Parei, surpresa com o ataque inesperado. Não me senti feia, apenas um
pouco fora do comum com o vestido leve que havia escolhido. O tecido fino
caía suavemente sobre minhas curvas, a saia soltinha chegava até um pouco
acima dos joelhos. Apreciei a sensação, mesmo sem estar acostumada.
— Eu gosto do que estou usando — respondi, firme, parando a poucos
centímetros dela. Poderia convidá-la para entrar, mas algo nela me
incomodava desde o duelo entre Otto e Antônio. — O que você faz aqui?
Ela soltou uma risada baixa, passando a mão pelos fios curtos de
cabelo. Seu sorriso era maldoso, um gosto amargo se formou em minha boca.
Tudo nela parecia errado. Desde a escolha de roupas até sua atitude. Era
estranho que Nika aparecesse assim, especialmente depois do atentado de
Kai. Se meus pais a enviaram para me sondar, eu não revelaria nada. Jamais
trairia Otto. Ele era meu marido agora e minha lealdade era de nossa família.
— Vim te ver, o que mais? — A nota de sarcasmo na voz de Nika era
inconfundível.
Ri, levantando a aba do meu chapéu de forma casual, mas a observava
de perto. Algo dentro de mim sabia que havia maldade em sua expressão. Por
um segundo, duvidei da minha própria sanidade, mas mantive o foco. Estava
certo. Esse brilho sempre esteve lá, só que eu nunca tinha notado.
— Por que você está usando o meu colar? — indaguei, mantendo a voz
firme. Sua expressão foi calculada, quase entediada. Seus dedos deslizaram
até o diamante com um toque relaxado, seus olhos fixos nos meus.
— Porque estava lá, não achei que fosse se importar — disse ela,
desinteressada. — Mas, amiga, eu jurei que iria vê-la em uma cela privada,
seu maridinho é um bárbaro.
O tom desdenhoso com o qual falou de Otto me atingiu como uma faca.
— Eu estaria em uma cela se tivesse me casado com o Ferraz — rebati
com frieza, meu corpo tenso. — Pode ficar com o colar, mas peço que se
retire da minha casa. Na próxima vez que vier, avise antes.
— Você o defende — pontuou. — Como uma boa esposa.
— Ele é o meu marido e cuida bem de mim — quase rosnei as
palavras.
Nika riu baixinho, mas havia veneno em suas palavras.
— O sýmvoulos deve estar te fodendo bem gostoso, porque eu vim aqui
como uma boa amiga — sua voz cheia de sarcasmo —, para trazer suas
pílulas. Achei que você precisaria. — Ela retirou um saquinho de
comprimidos da bolsa e o balançou no ar, provocativa. — Bem comida ou
espancada? Essas marcas no seu pescoço... alguém está te tratando como se
deve.
Um frio percorreu minha espinha. Dei um passo para trás, minha
garganta seca, mãos tremendo. Olhei para o saquinho de pílulas, o desejo por
elas cresceram, mas não. Eu não deixaria Otto me ver como uma viciada
novamente. Eu era mais forte que isso.
— Não preciso delas — declarei, minha voz firme, apesar do turbilhão
dentro de mim. — Agora, vá embora.
Nika arqueou as sobrancelhas, incrédula.
— Você está me mandando embora? — Sua voz vacilou por um
instante, o choque visível em seu rosto.
— Preciso chamar os seguranças? — Arqueei uma sobrancelha, o olhar
firme.
Ela bufou, irritada, e passou por mim com ódio, esbarrando no meu
ombro. Seu toque carregava uma mistura de desprezo e inveja.
Fiquei ali, parada. Como não percebi antes? A mulher que eu
considerava minha melhor amiga sempre teve inveja de mim.
CAPÍTULO 26
Encarei meus irmãos, o silêncio pesado no ar como uma tempestade
prestes a estourar. Estávamos sentados, cada um em sua poltrona, no coração
da organização. A grande sala ampla parecia pequena diante da tensão
palpável. A raiva de Eros e Kai parecia ocupar cada metro quadrado,
eletrizando o ambiente. Eu não me importava com a pressão crescente; estava
acostumado com isso. O que importava era decidir quem lidaria pessoalmente
com Ferraz e os Dobow.
— Eles me atacaram — rosnou Kai, sua voz carregada de uma fúria
quase selvagem. Havia um curativo grosseiro em sua testa, disfarçando a
ferida que o deixava ainda mais assustador.
— Sabemos disso — Eros murmurou, levantando um copo de uísque
escocês de dezesseis anos. O som do líquido cristalino bateu contra o vidro e
ecoou pela sala como uma provocação silenciosa.
— Então por que caralhos tenho que deixar a vingança nas mãos dele?
— Kai cuspiu as palavras com veneno, apontando para mim, seus olhos
verdes fervilhando com um ódio ardente. — Fui eu quem queriam matar,
caralho!
— Como sempre, tão impulsivo, irmão — falei pela primeira vez desde
que entramos ali, mantendo minha voz baixa, quase casual, mas
primeiramente comunicada com um subtexto de ameaça. — Eles querem me
provocar, me atingir através de você. Se você quiser, podemos fazer explodir
cada esquina, mas chamaremos atenção demais. Em época de eleições,
precisamos de discrição, não de caos... — rosnei de volta, minha paciência
prestes a se esgotar. — Eu resolvo isso e, de quebra, faço a iniciação de
Sasha.
— Passou da hora de ela fazer o juramento — murmurou Eros, seus
olhos predadores brilhando à menção do nome dela.
Kai se levantou de forma abrupta, em seguida jogou seu copo contra a
parede atrás da minha poltrona. O som de vidro estilhaçando preencheu o
espaço, mas não me movi. Estava acostumado à impetuosidade dele.
— Eu quero matar o Ferraz! — ele bradou, seu peito subia e descia de
forma errática, como um animal encurralado. — Por que infernos não posso
ter minha vingança?
Suspirei, a paciência sempre curta com ele. Quando se tratava de
sangue, Kai perdia por completo o controle, em particular quando sua
aparência perfeita estava em jogo. Um arranhão no rosto de um narcisista
como ele era mais grave que um golpe mortal.
— Kai, o velho quer me matar pelo que fiz ao filho dele. Manchei o
legado da família Ferraz. — Minha voz era firme, fria como gelo. — Isso é
entre mim e ele. Os Dobow são um assunto de exclusividade minha, pelo que
fizeram à minha esposa.
Ele bagunçou os cabelos com violência, as narinas dilatadas enquanto
se aproximava de mim devagar, como um predador prestes a atacar.
— É melhor que faça logo essa porra, ou você vai acabar destruindo
cada maldito canto da Itália. — Sua voz saiu num rosnado grave, carregada
de ameaça. — E nem pense em matricular sua mulher naquela merda. Eu
poderia ter ficado com uma cicatriz no rosto, caralho!
— As mulheres gostam de cicatrizes — Eros provocou, o sorriso cínico
dançava em seus lábios.
— Foda-se o gosto delas. No meu rosto, o que eu gosto é de ter as
bocetas delas melando minha cara com seu mel. — A voz de Kai era crua,
cada palavra impregnada de uma lascívia descarada.
Observei em silêncio por alguns segundos, estudando seus
movimentos. Seus olhos faiscavam, o corpo tremia de raiva, como um animal
enjaulado, à beira de perder o controle.
— Se eu atacar, te mando direto pro hospital com o rosto tão
deformado que nem sua própria sombra vai te reconhecer. — Minha voz saiu
fria, cada palavra afiada como lâmina. — Aqui, quem decide é o Afentikó.
Kai me encarou, seus olhos fervendo de raiva, mas sabia que não ousaria
atravessar a linha. Ainda assim, ele olhou para Eros, buscando algum tipo de
apoio. Eros, no entanto, mantinha uma expressão de tédio absoluto, como se
as explosões de Kai fossem apenas uma interrupção irritante em sua noite.
— Otto, limpe essa merda de bagunça que sua fixação por bocetas
alheias trouxe — Eros provocou, sua voz carregada de sarcasmo.
— A boceta da minha esposa sempre foi minha — pronunciei devagar,
tomando um longo gole do meu uísque, saboreando a queimadura do álcool,
como um predador saboreava sua presa antes do golpe final. — O bastardo
que ousou pensar que poderia tocar o que é meu pagou o preço por essa
ilusão.
Ergui o copo, um gesto que parecia selar o destino do infeliz que havia
cruzado meu caminho. O silêncio na sala era denso, mas minha decisão já
estava tomada.
— Agora que resolvemos isso, preciso que o Kai volte ao Brasil e
organize a nossa empresa por lá — disse Eros, sua voz baixa, mas cheia de
comando. — Já que todos estamos na Grécia, preciso de alguém de confiança
cuidando dos nossos negócios em outros países.
— Não me importo de ir — respondeu Kai com um sorriso perverso se
formando em seus lábios. — Mas diga-me, irmão, quer que eu contrate sua
sogra para um programa? — Sua risada ressoou pela sala, cruel e afiada
como uma lâmina.
A sogra de Eros, uma mulher que um dia fora respeitável, havia se
tornado prostituta após destruir a família de sua esposa, Helena. Um gesto de
vingança calculada, uma vingança lenta e dolorosa.
— Quer pegar alguma doença, Kai? — retrucou Eros, com um brilho
gelado nos olhos. — Aquela mulher deveria estar morta, mas vê-la se
degradando dia após dia como uma vagabunda de rua satisfaz meu ego. Cada
lágrima dela é um tributo à minha vingança.
Kai gargalhou, sempre encontrando diversão na miséria dos outros. Ele
se virou para mim, ainda com aquela expressão zombeteira que lhe era tão
característica.
— Eu não gosto de mulheres mais velhas. Esse feito é mais a cara do
Otto... bem, era. Agora você está com uma novinha... — provocou Kai. —
Sasha é o quê? Quatorze anos mais jovem que você? Não acha estranho?
— Não, não acho. — Dei de ombros, minha voz carregada de uma
indiferença letal. O que para outros poderia parecer uma diferença de idade
incomum, para mim era uma questão simples, uma questão de poder e
controle. Sasha não era apenas jovem, ela era maleável, alguém que eu
pudesse moldar aos meus desejos.
— Eu me recuso a ter alguém tão jovem assim comigo — disse Kai,
ainda de pé, sua postura rígida e desafiadora. — Helena era uma santa, quase
uma freira. Sasha? Ela é uma pobre coitada marcada pela vida. Ambas
sofriam nas mãos de pais violentos. Eu quero alguém menos complicado para
a minha vida, com menos bagagem. Não estou aqui para ser babá de traumas.
Eros e eu nos entreolhamos por um breve momento. Sabíamos que Kai
falava com a arrogância de quem ainda não conhecia seu destino. O idiota
estava caminhando cegamente para o seu maior carma, e era apenas uma
questão de tempo até que ele encontrasse sua ruína.
Sorri para mim mesmo, sabendo que o caos estava acontecendo. Kai
ainda não havia percebido que o destino não se importava com suas
preferências. Um dia, ele cairia, e estaríamos lá para assistir.
Estava em nosso sangue, como uma maldição, escolher garotas
problemáticas e proibidas. Era o risco que nos atraía, o perigo silencioso que
cada uma delas carregava. Suas cicatrizes — físicas e emocionais —, eram
como marcas que nos pertenciam, troféus de vidas arruinadas. Não importava
o quão danificadas estivessem, elas nos fascinavam de uma forma doentia e
inescapável. Cada escolha era uma peça do nosso quebra-cabeça de obsessão
e controle.
— Bem, agora que está decidido o que farei... vou me retirar.
Fiquei de pé, deixando os dois bastardos para trás. O som das minhas
botas ecoou pela sala, cada passo firme, marcado pelo controle absoluto
enquanto por dentro eu fervia, pois em breve tomaria mais da Sasha!
Ao entrar em casa, ainda processando o relatório do dia sobre Sasha,
fui surpreendido pelo impacto do seu corpo contra o meu. Prinkípissa me
encarou com uma fome que quase me tirou a respiração. Sem hesitar, ela se
jogou em cima de mim, entrelaçando suas pernas em meu quadril como se
quisesse que eu me prendesse a ela, selando nossos destinos em um único
movimento. Seus lábios encontraram os meus com uma necessidade
selvagem, e eu deixei que me devorasse.
Dei a ela o controle naquele momento. Minha mão encontrou a carne
macia de suas coxas, apertando com força, sentindo o calor que irradiava de
seu corpo enquanto ela se movia contra mim. Meu pau latejava de forma
dolorosa dentro da cueca, queimava sob minha pele como fogo. Quando,
enfim, nos separamos para respirar, um fino fio de saliva ainda nos
conectava, como se mesmo o ar entre nós não fosse suficiente para quebrar a
intensidade naquele momento.
Sua respiração estava irregular, o peito subia e descia rápido, seus olhos
brilhavam com uma mistura de desejo e desespero. O rosto dela estava
corado, uma beleza crua e primitiva que me deixava ainda mais insano. O
cheiro da sua excitação preencheu o ar ao nosso redor, fazendo com que
minha respiração acelerasse, sentindo o gosto do desejo dela.
Caminhei com ela em meus braços pelo corredor estreito, sem pressa,
mas com uma firmeza que deixava claro que, a partir dali, o controle seria
meu. Peguei a chave do calabouço e abri a porta com um movimento preciso,
antes de atravessá-la com Sasha ainda agarrada a mim, mordendo meu
pescoço com uma paixão feroz, roçando sua bochecha contra a minha barba.
Ela sabia que isso me instigava, provocava-me.
Quando acendi as luzes, o brilho suave revelou o quarto envolto em
sombras, os lençóis escuros da cama prontos para acolher o que estava
prestes a acontecer. Sem qualquer aviso, a joguei sobre a cama com força,
observando o choque em seus olhos. Seus cabelos se espalharam sobre os
lençóis como uma moldura perfeita para o rosto iluminado por sua ânsia.
Ela me olhou de volta, os olhos fixos nos meus, tão faminta, tão
desesperada. Cada movimento dela parecia me implorar para tomá-la, fazer
dela minha prisioneira e meu prazer. Ali, naquele instante, eram dois
indicadores, cada um à espera do próximo movimento.
Dei o primeiro passo, em seguida tirei o paletó e o deixei cair no chão
com um movimento lento e deliberado. Desabotoei cada botão da minha
camisa com a calma de um predador observando sua presa. O sorriso surgia
nos meus lábios, enquanto a via engolir em seco, o brilho de antecipação em
seus olhos, cada segundo de espera alimentava seu desejo, tornando-o ainda
mais palpável. Saboreava o poder que tinha sobre ela, como ela salivava pelo
que estava por vir.
Desci o zíper da calça devagar, o som ressoava no quarto silencioso.
Me agachei, removi os sapatos e as meias com a mesma precisão calculada,
antes de puxar a calça e a cueca para baixo, deixando meu pau livre. Ele
pulsava com uma dor deliciosa, o pré-sêmen já começava a lubrificá-lo,
enquanto segurava a base com firmeza, meus dedos envolvidos, ao passo que
meus olhos a devoravam.
— Sabe, você não tem sido uma boa garota — murmurei, a voz
arrastada e carregada de luxúria. Comecei a acariciar meu pau, devagar,
observando o efeito que minhas palavras tinham sobre ela. — Ousou se exibir
por aí, sorrindo para os meus homens, mostrando algo que pertence apenas a
mim.
Ela arfou, os lábios entreabertos, o peito subia e descia rápido enquanto
absorvia minhas palavras.
— Eu estava sorrindo para mim mesma... Me senti feliz — rebateu,
mas sua voz estava quebrada, vacilante.
— Ah, me deixa satisfeito saber que exibiu minhas marcas, mostrar
para todos que te toquei, que sou dono de cada pedaço do seu corpo. —
Minha voz saiu rouca, quase gutural, tomada pelo desejo crescente. — Cada
olhar deles te desejando apenas me dá mais prazer.
— Mas você não se exibe como meu — ela murmurou em protesto,
com um toque de frustração.
Sem perder um segundo, avancei sobre ela. Peguei seu tornozelo,
puxando-a para mim com um único movimento, rápido e decidido. Agarrei
sua nuca, forçando-a a me encarar, enquanto me posicionava entre suas
pernas. Pressionei minha testa contra a dela, nossos rostos tão próximos que
podiam sentir o calor da sua respiração, o cheiro do desejo pulsava no ar ao
nosso redor.
Mordi seu lábio inferior com força, deixando uma marca.
— Quer que eu exiba sua obra de arte em mim, lathós mou? —
sussurrei, a voz um tom de ameaça e promessa ao mesmo tempo.
Ela ofegou, estendendo a mão para me tocar em desespero, os dedos
ansiosos encontraram meu pau com um desespero quase animalesco.
— Você está se tornando minha puta, uma puta louca pelo meu pau,
não é, esposa? — provoquei, observando cada expressão dela com fascinação
cruel.
— Sim, sua... sua... — ela mal conseguiu responder, os olhos fechados,
as palavras escapavam entre os gemidos. — Quero que exiba que é meu.
O ego inflou dentro de mim, o controle que tinha sobre ela era absoluto.
Ri baixo, com um toque de crueldade, e então soltei seu corpo. Seus olhos se
abriram em confusão, piscando para mim como se não pudesse entender o
que eu estava fazendo.
Tirei sua mão do meu pau, meus movimentos firmes, e caminhei sem
pressa até a parede onde as algemas de ferro estavam penduradas em uma
barra de ferro. Me algemei com um estalo seco, olhando para trás por cima
do ombro, desafiando-a.
— Faça o seu melhor em mim, i skýla prinkípissá mou — provoquei, o
brilho de malícia nos meus olhos.
Agora era ela quem tinha o controle, e eu ansiava pelo que estava por
vir.
Virei-me para a parede, observando as sombras que a luz amarelada
lançava pelo quarto, criando um clima sensual. O ar-condicionado estava
ajustado com a temperatura mínima, mas ainda sentia o calor abrasador na
minha pele, quase febril. O som dela mexendo entre os chicotes e correntes
chegou aos meus ouvidos, mas permaneci imóvel, ansioso pelo que ela
escolheria. Sua respiração acelerada, ofegante, revelava que sempre a tomava
quando estávamos assim, tão próximos.
— Eu amo as suas costas — sussurrou, enquanto passava as tiras de
couro do chicote pela minha pele arrepiou, engoli em seco, sua voz quase
uma carícia. — Adoro a sua tatuagem, seus músculos...
Ela fez uma pausa, a admiração se transformou em algo mais sombrio.
— Odeio que outras mulheres pensem o mesmo! — A chicotada veio
em viço, estalando em minhas costas.
— Ah... — um gemido baixo escapou dos meus lábios, não de dor, mas
de prazer.
— Você é um homem experiente, fico maluca só de pensar que outra
mulher já tocou em você... Isso é um erro. — A motivação se misturava-se na
voz dela, enquanto a tensão no ar aumentava.
Ela não sabia que era uma das poucas mulheres.
— Então é um erro? — murmurei, um sorriso provocante se formou
nos meus lábios. — Me puna, querida... Vamos, mostre o quão irritada está
com o meu deslize, o quanto quer me castigar por demorar tanto a te
encontrar.
Ela hesitou por um segundo, mas logo seus golpes voltaram com pudor.
— Você merece ser castigado por me fazer sentir diferente! — grunhiu,
acertando minhas costas com mais intensidade.
— Como eu faço você se sentir, você sabe? — A voz rouca de desejo.
Meu pau latejava, duro e dolorido, minha pele queimava de puro prazer com
cada golpe.
Ela me chicoteou sem misericórdia, cada golpe um estalo que rasgava o
ar e atingia minha pele com uma precisão cruel. Sua respiração entrecortada
acompanhava o ritmo de seus movimentos, uma sinfonia de fúria e desejo,
como se cada marca deixada em meu corpo fosse uma tentativa desesperada
de silenciar o caos que eu despertava dentro dela.
Meu coração disparava, martelando violentamente no peito, enquanto
minha pele queimava, e o calor se espalhava por cada centímetro de mim. A
dor aguda corria como uma corrente elétrica, intensificando o prazer que
pulsava, implacável, entre minhas pernas. Meu pau latejava, endurecendo a
cada chicotada, como se cada golpe só alimentasse minha necessidade
insaciável.
Porra, eu precisava de mais. Mais dela, mais da dor e da escuridão que
nos envolvia.
— Diferente, especial... Dependente de você! — disse, enfurecida,
acertando-me mais forte. — Faz com que eu me sinta desejada, única. Sua!
Um sorriso predatório se formou em meus lábios, enquanto ela
continuava a me chicotear, enfurecida, excitada, seus gemidos entrecortados.
Eu não conseguiria suportar mais. Precisava sentir sua boceta apertando ao
redor de mim, engolindo-me.
Livrei-me das algemas com um puxão brusco, girando sobre os
calcanhares para agarrar o chicote que ainda estava em suas mãos. Joguei-o
para longe com um movimento firme e, em um só gesto, puxei-a pela cintura,
colando nossos corpos. Minhas mãos seguraram sua nuca, enquanto minha
boca esmagava a dela, arrancando-lhe o fôlego. A urgência em seus lábios era
palpável, faminta.
Rasguei sua camisola de renda preta sem qualquer cerimônia,
revelando o corpo nu e quente que tanto ansiava. Rosnei de satisfação ao ver
a pele exposta, os seios arfando de desejo.
Girei nossos corpos, contra a parede, minha mão deslizando para sua
boceta molhada, quase gotejante de tanto desejo. Ela suspirou contra meus
lábios, os olhos fechados em pura entrega. Meu clamor interior rugiu quando
senti o clitóris inchado, sensível ao toque.
Em um único movimento, entrei fundo dentro dela, arrancando-lhe um
grito involuntário de prazer. Sasha me agarrou forte, mordendo meus lábios,
enquanto a fodia com violência, cada estocada mais rápida, mais intensa.
Estava descontrolado, meu monstro interior tomando o controle.
Desci-a do meu colo e a virei de costas, tomando-a novamente. Sua
boceta apertada me estrangulava, e eu metia, fazendo seu corpo balançar
contra a parede. Dei dois tapas na sua bunda, vendo sua pele pálida tornar-se
vermelha sob meus dedos.
Segurei seus cabelos em um punho firme, puxando sua cabeça para
trás, enquanto mordia o nódulo da sua orelha.
— Você depende de mim, prinkípissa — sibilei, minha voz baixa. —
Você é única... E toda minha. Gia séna tha prokaléso cháos sti gi —
murmurei contra sua pele, devorando mais um pouco do seu gosto.
— Otto... Eu preciso gozar — implorou, a voz falhava tamanho era o
desejo.
— Goze no meu pau, chamós mou — ordenei, com um tom grave e
controlado.
Minhas estocadas ficaram mais fortes, mais profundas, enquanto meus
dedos apertavam seu clitóris com precisão. Ela gemeu, o corpo inteiro tremia
de prazer, à medida que se rendia ao orgasmo, uivando descontrolada.
Incapaz de me conter, rugi de prazer, libertando-me dentro dela,
preenchendo-a por completo.
— Porra, você é perfeita, prinkípissá mou — gritei, meus olhos
fechados enquanto o prazer tomavam conta de mim.
— Otto, eu preciso de um banho — sussurrou Sasha, virando-se para
mim, a voz rouca, ainda trêmula pelo orgasmo.
Eu a olhei por um instante, o corpo dela exausto e reluzente de suor, o
cheiro do sexo impregnava o ar. Sem dizer nada, passei os braços ao seu
redor e a levantei em estilo noiva, sentindo sua pele quente e úmida contra a
minha. Caminhei em direção ao banheiro com passos firmes, cada
movimento meu carregado de uma mistura de cuidado e posse.
— Vou cuidar de você, prinkípissá mou — murmurei, o nariz enterrado
em seus cabelos, inalando seu cheiro. Um perfume agridoce, uma
combinação da sua essência e do nosso prazer compartilhado.
Ela se aconchegou em meu peito, exausta, enquanto a levava até o
chuveiro. Ao chegarmos, coloquei-a suavidade no chão, e as luzes
amareladas do banheiro refletiam na pia de mármore, criando um brilho
suave e aconchegante pelo ambiente. Abri o registro, deixando a água quente
cair, criando uma cortina de vapor ao nosso redor, como se o mundo externo
não existisse mais.
— Eu sou tão seu quanto você é minha... — sussurrei perto de seu
ouvido, minha voz de tesão e promessas
Sasha olhou para mim com os olhos espantados, a respiração ainda
irregular. Sua vulnerabilidade misturada com o desejo inabalável que sempre
tinha por mim me fez sorrir. Entrei no chuveiro primeiro e, em seguida, a
puxei, deixando que a água quente escorresse por nossos corpos. Minhas
mãos se moveram devagar, lavando-a com uma mistura de devoção e
autoridade, passando sabonete por sua pele, sentindo cada curva, cada detalhe
que já era meu território.
— Ninguém nunca vai te tocar como eu — falei, a voz baixa e grave.
— Ninguém jamais vai te fazer sentir o que eu faço.
Ela não disse nada, apenas fechou os olhos, entregando-se por
completo à minha vontade. Eu a puxei mais para perto, deixando que nossos
corpos se alinhassem, a água escorria entre nós como se purificasse os
pecados da noite.
CAPÍTULO 27
Sentada na sala de jantar, tomando café da manhã com Otto, percebi
algo diferente em mim. Não acordei às 05h para ir ao banheiro e, pela
primeira vez, não me sentia enjoada. Dormi a noite inteira, e, embora o
cansaço ainda pesasse nos meus músculos, uma sensação de leveza me
envolvia, apesar da intensidade da noite anterior. Meu corpo estava dolorido,
mas de um jeito que trazia prazer.
Otto tomava seu café com calma, seus olhos permaneciam em mim,
atentos a cada movimento. A energia entre nós parecia eletrizar o ambiente,
com desejo evidente no ar, mas havia também algo mais profundo, quase
uma adoração velada. Deveria me sentir exposta ou intimidada, no entanto,
de uma maneira perturbadora, aquela intensidade silenciosa me fazia sentir
desejada e adorada de um jeito possessivo. Sua atenção, ao mesmo tempo
poderosa e carregada de desejo, fazia meu corpo responder, cada vez mais
sensível à sua presença.
Por um instante, senti meu estômago revirar, não de medo, mas de uma
emoção que pulsava dentro de mim. Uma parte de mim parecia frágil,
enquanto outra se sentia totalmente à mercê daquela presença dominante.
— Ontem, a Nika veio me visitar — comentei casualmente, colocando
um pedaço de koulouri na boca. O sabor delicioso me arrancou um gemido
involuntário.
Otto pigarreou, sem alterar sua expressão.
— O que ela queria? — Sua voz grave carregava um perigo subjacente
que fez meu estômago apertar.
Suspirei, induzido não me deixar abater pela tensão crescente.
— Ela disse que queria me ver... e trazer meus comprimidos — admiti,
sentindo um nó de vergonha na garganta. — Mas não aceitei — defendi-me
rapidamente, tentando manter firmeza.
Otto manteve-se em silêncio por mais alguns segundos, seus olhos
avaliavam minuciosamente cada reação minha. Ele sabia. Sabia antes mesmo
de eu dizer.
— Sei que rejeitou, mas você queria os comprimidos? — perguntou
com uma calma que beirava o inquietante.
— Não — a resposta saiu sincera, e dizer isso em voz alta me trouxe
um alívio inesperado. — Achei que precisava, mas, estranhamente, nas
últimas semanas não senti falta deles. Talvez eu tenha me viciado em outra
coisa... — minha voz tremeu enquanto admitia — em você.
A intensidade no olhar de Otto se transformou, agora carregada de algo
primitivo. Ele colocou a xícara de café sobre a mesa lentamente, como se
calculasse o próximo passo.
— Então, você se tornou completamente dependente de mim, Sasha —
vociferou com uma promessa sombria na voz. — Pensa em mim tanto quanto
eu penso em você.
O ar entre nós parecia pesado. Otto me analisava com uma precisão
implacável, como se enxergasse cada canto oculto de mim, aqueles que eu
mesma tentava esconder.
— Então, você também pensa em mim? — perguntei, querendo
confirmação.
— Todo maldito instante — afirmou, sem hesitar.
Tentei controlar a onda de sentimentos que ele sempre provocava. Algo
perigoso emanava de sua presença, uma mistura de desejo, obsessão e posse.
Era como se ele quisesse me consumir inteira, transformar-me em algo que
existia apenas para ele. E, de forma surpreendente, parte de mim ansiava por
isso.
— Eu já penso em você — confessei, minha voz mais baixa do que
pretendia, sem conseguir desviar o olhar. — Talvez mais do que deveria...
Otto sorriu de leve, aquele sorriso sutil que sempre mexia comigo. Ele
se inclinou para frente, aumentando a tensão entre nós.
— Não é o bastante — murmurou, sua mão se aproximou da minha
sobre a mesa. — Você vai me querer tanto que a ideia de estar longe de mim
será insuportável.
Um arrepio percorreu meu corpo. As palavras dele, ditas com tamanha
tranquilidade, carregavam uma promessa que me deixava à beira de algo
incontrolável. Eu sabia que, uma vez que me entregasse, não haveria volta.
Mas as horas longe dele eram insuportáveis. Eu tentava ocupar minha
mente com a leitura ou perseguindo a governanta sempre que a via, mas a
mulher parecia um fantasma, difícil de alcançar.
Antes, quando imaginava o casamento, sempre torcia para que meu
marido me evitasse, que ficasse distante. Agora, era diferente, eu ansiava por
cada segundo ao lado de Otto, mesmo que fosse em silêncio. Sua presença
me confortava, e, às vezes, sufocava... Mas eu gostava disso, gostava da
maneira como ele me tocava, como me fazia sentir única, especial, adorada.
Ele estava em meus pensamentos a cada instante, a cada maldito
segundo...
— Talvez eu já esteja mais dependente de você do que percebe... —
sussurrei, meu coração acelerando.
Ele sorriu mais abertamente agora, seu olhar queimando com desejo e
dominação.
— Boa garota — disse ele, a voz rouca, carregada de promessas.
Aquelas palavras simples fizeram minhas pernas tremerem sob a mesa.
Sabia que estava cada vez mais presa nesse jogo perigoso, e, por mais
estranho que fosse, não tinha medo. Otto me tinha nas mãos, talvez fosse
exatamente onde eu queria estar.
Nunca pensei que bater uma massa de bolo pudesse ser uma batalha tão
intensa. Meus braços doíam, a massa parecia lutar contra mim, e tudo o que
eu queria era o sabor do chocolate. A receita que encontrei na internet parecia
simples, mas, uma hora depois, a cozinha parecia um campo de guerra.
Farinha e cacau cobriam tudo, inclusive a mim.
— O que diabos você está fazendo? — A voz de Otto me fez pular,
meu coração batia acelerado.
Virei-me lentamente, tentando esconder o desastre com um sorriso
forçado. Sabia que estava em apuros.
— Eu... tentei fazer um bolo — murmurei, sentindo o peso da
confissão. — Mas é mais complicado do que imaginei.
Ele riu, uma risada baixa e rouca, um som que nunca havia ouvido sair
de seus lábios. Aquela reação inesperada me desarmou. Seus olhos,
semicerrados pela diversão, brilhavam, e, contra minha vontade, me vi rindo
junto.
— Prinkípissa, se você queria comer algo, deveria ter pedido à
governanta — disse ele, aproximando-se de mim com a calma de um
predador. — Olhe o que fez com a minha cozinha.
Minha espinha endureceu diante do tom possessivo, e ergui o queixo,
desafiando-o.
— Nossa cozinha — corrigi, com a voz firme. — E destruo o que
quiser.
Os olhos de Otto cintilaram, sua expressão mudando de divertimento
para algo mais sombrio. Seus dedos frios envolveram meu queixo, forçando-
me a encará-lo. Ele acariciou minha bochecha com o polegar, de forma lenta,
calculada, enquanto sua voz soava baixa e controlada.
— Tudo aqui pertence a você, sim — sussurrou ele, sua voz carregada
de uma ameaça velada. — Mas se você destruir, será punida, com sete
palmadas.
Meu corpo gelou e, ao mesmo tempo, queimou. Arregalei os olhos, mas
antes que pudesse protestar, ele me pegou com uma agilidade feroz, virando-
me de bruços sobre a bancada. O mármore frio contra a minha pele
contrastava com o calor que subia dentro de mim.
— Otto, espera! — gritei, mas meu protesto foi interrompido pelo som
da minha saia sendo levantada e a sensação de sua mão áspera acariciando
minha nádega. Um toque que prometia dor.
A primeira palmada veio com força, um gemido escapou da minha
boca, entre dor e um prazer que eu não queria admitir.
— Conte — ele ordenou, sua voz fria como gelo, enquanto a segunda
palmada deixava a minha pele em brasas.
— Dois — murmurei, ofegante, sentindo a humilhação se misturar à
excitação. Cada golpe me levava mais longe, e quando ele chegou à sétima,
meus pensamentos estavam borrados. Meu corpo tremia, a mistura de dor e
prazer me consumia.
De repente, os dedos dele deslizaram para dentro de mim, e a tortura
mudou. Ele movia seus dedos dentro de mim com um ritmo torturante,
provocando, fazendo cada músculo do meu corpo implorar por mais.
— Me foda, por favor — pedi, minha voz rouca de desejo, sem
qualquer traço de dignidade.
Mas Otto não me deu o que pedi. Ele intensificou os movimentos de
seus dedos, empurrando dentro de mim com uma força avassaladora, porém,
seu controle frio nunca vacilava. Eu gemia, arqueando o corpo, sentindo o
clímax se aproximar, tão perto que era quase cruel.
E então, ele parou. Tirou os dedos de dentro de mim, deixando-me
vazia, arfando.
— O quê? — quis saber, em estado de choque, o prazer escapou por
entre os dedos como areia.
Ele me tirou da bancada com a mesma frieza calculada de antes, seus
dedos apertando minha pele, possessivos, como se quisessem marcar cada
centímetro do meu corpo. Seus lábios roçaram meu ouvido, e sua voz foi um
sussurro mortal.
— Meninas más não gozam, prinkípissa.
A mordida que ele deu no meu ombro foi um castigo. Meu corpo
queimava, a dor e o desejo se misturando de forma insuportável, mas ele se
afastou, deixando-me à beira da loucura, suspensa entre o êxtase e o
tormento.
Eu o observei caminhar até a porta, cada passo dele era um golpe no
meu orgulho. Queria gritar, implorar, odiá-lo, mas algo dentro de mim
ansiava por mais. Ele sabia disso. O controle dele sobre mim era absoluto.
— Mais tarde, farei o bolo para você — disse ele, antes de desaparecer,
sua voz com uma calma ameaçadora. — Tudo o que você tinha que fazer era
pedir.
Fiquei ali, sozinha, com meu corpo em chamas e a necessidade pulsava
entre minhas pernas. Ele tinha me deixado à mercê do meu próprio desejo, e
eu o odiava naquele momento por isso. Odiava como ele me manipulava,
como me deixava ansiando por mais, sempre no limite, nunca completamente
satisfeita.
E o pior de tudo... odiava como, de algum jeito distorcido, ainda queria
mais.
[iii]
Princesa