EXECUÇÃO PENAL. Pedido de Transferência.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA

CRIMINAL (VARA DE EXECUÇÕES PENAIS) DA COMARCA DE


NATAL/RN

Processo 0XXXXXX-XX.XXXX.8.20.XXXX

Acusado: Nome do Requerente

O REQUERENTE, mui qualificado nos autos em


epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
por intermédio dos seus advogados in fine constituídos,
requerer o benefício da transferência:

PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA

O que se faz com fulcro nos fatos e fundamentos jurídicos a


seguir arrolados:

I – DA SUMA FÁTICA

O réu da ação foi condenado pela prática do


crime previsto no art.157, §2, incisos I e II, combinados com
o art. 70 do Código Penal brasileiro, como decidido pelo
Juízo natural da causa em sua sentença penal condenatória.

Contudo, não se pode olvidar que a matéria


será apreciada pelo egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande
do Norte, em que pese a execução provisória da pena imposta
ao réu.

Ademais, é relevante frisar que o custodiado


localiza-se a uma distância de 24 km (vinte e quatro
quilômetros) da sua família. Precipuamente, a distância não
se mostra tão grande para quem anda de carro, mas se mostra
interminável quando se trata de uma pessoa que necessita
pegar de dois a três ônibus lotados, sob um sol escaldante e
condições desumanas.

No caso em tela, considerando a realidade da


iminência do aumento de passagem para R$ X,XX (VALOR POR
EXTENSO), o réu gastaria R$ XX,XX (SOMA DO VALOR POR EXTENSO)
para que sua esposa fosse visitá-lo, sendo esse o custo
apenas do deslocamento de uma única pessoa.
De fato, Culto Julgador, é uma quantia
impraticável ao Requerente, que é pessoa pobre na forma da
lei, sendo inclusive reconhecido isso no édito condenatório.
Ademais, o acusado não tem recebido visitas do seu meio
social, como pugna a lei de execuções penais, por se
encontrar num centro de detenção provisória muito longe do
seu ciclo de familiares e amigos.

Ora, Culto Julgador, trata-se de um réu


beneficiado pela justiça gratuita, não tendo como custear as
passagens de sua família e entes queridos, sem o prejuízo do
sustento de sua família.

Desta feita, o requerente apenas pode optar


pela sobrevivência de sua família ou pelo direito de
visitação. Portanto, vislumbra-se uma supressão do direito de
visita do requerente, ensejado pelo seu grau de pobreza.

Dessa forma, torna-se impossível que o


requerente consiga entrar em contato com a sua família, seus
amigos e entes queridos que possam lhe ajudar nesse momento
de sofrimento e ofensa à dignidade.

Inclusive, o documento anexo a essa petição


(doc. XX – comprovante de residência), corrobora a veracidade
da residência fixa do requerente em epígrafe. Portanto, não
se mostra como uma escusa a aplicação da lei penal, mas do
direito de proximidade a sua família.

No mais, caso seja deferido o pedido de


transferência para uma localidade mais próxima, a família do
requerente entrará em contato, por meio da visitação, com
apenas duas passagens (ou até mesmo sem gastar dinheiro
com passagem, caso o Requerente seja transferido para a
Penitenciária Estadual de Parnamirim – PEP – haja vista
que sua família mora muito próximo, no bairro de XXXXXX,
conforme pode se ver no Comprovante de Residência do seu
genitor, que segue anexo): uma diferença incomensurável
para pessoas de baixa renda.

Outrossim, Culto Julgador, diante da


inexistência de elementos nos autos desta Execução Penal que
ateste qualquer indício de periculosidade do Requerente, não
há motivos hábeis para o afastamento do requerente de sua
família e de seus entes queridos.
Em suma, como medida da mais lídima justiça,
é necessária a transferência do acusado para perto dos seus
entes queridos.

II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Precipuamente, existem algumas considerações


a serem retomadas em razão do requerente. Claramente, trata-
se de um réu que está cumprindo provisoriamente a pena, em
que pese a inexistência do transito em julgado da sentença
penal.

Contudo, não se pode olvidar pela


inexistência de qualquer espécie de falta grave ou de ameaça
a sociedade ou ordem pública durante o cumprimento, até o
momento, da reprimenda penal. Assim, inexiste motivação
idônea para o afastamento de seu convívio social.

Data venia, exímio magistrado, no caso em


epígrafe está ocorrendo um desrespeito ao entendimento do
legislador pátrio, quanto ao dispositivo do art. 103 da Lei
de Execução Penal, senão vejamos:

Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1


(uma) cadeia pública a fim de resguardar o
interesse da Administração da Justiça
Criminal e a permanência do preso em local
próximo ao seu meio social e familiar.

Ante o exposto, percebe-se que o requerente


está a uma distância de mais de 24 km de seu meio social,
acrescidos de custos elevados de transporte público,
impossibilitando visitas e contatos com sua família e meio
social.

Inclusive, tal garantia é vista no diploma


legal subsequente, garantindo a dignidade humana do acusado,
in verbis:

Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo


será instalado próximo de centro urbano, observando-se
na construção as exigências mínimas referidas no
artigo 88 e seu parágrafo único desta Lei.

Art. 88. O condenado será alojado em cela individual


que conterá dormitório, aparelho sanitário e
lavatório.
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade
celular:
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos
fatores de aeração, insolação e condicionamento
térmico adequado à existência humana;
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).

Além disso, até mesmo nos casos em que há


sentença transitada em julgado, as cortes superiores se
posicionaram pela transferência de presos para penitenciárias
perto de suas famílias. Desta forma, a 2ª turma do Supremo
Tribunal Federal pacificou tal entendimento, in verbis:

A 2ª Turma deferiu habeas corpus para autorizar ao


paciente — recolhido em estabelecimento localizado no
Estado de São Paulo — transferência para presídio em
Mato Grosso do Sul. Observou-se a boa conduta
carcerária do apenado, a existência de vínculos
familiares nesse Estado e a disponibilidade de vaga em
presídio localizado nesta mesma unidade da Federação.
O Min. Celso de Mello ressaltou que a execução penal,
além de objetivar a efetivação da condenação penal
imposta ao sentenciado, buscaria propiciar condições
para a harmônica integração social daquele que sofre a
ação do magistério punitivo do Estado. Por esta razão,
aduziu que a Lei de Execução Penal autorizaria ao juiz
da execução determinar o cumprimento da pena em outra
comarca ou, até mesmo, permitir a remoção do condenado
para Estado-membro diverso daquele em que cometida a
infração penal, conforme disposto no caput do art. 86
da referida lei. Ressalvou-se o posicionamento da
Corte no sentido de não haver direito subjetivo do
sentenciado à transferência de presídio, mas
asseverou-se que, no caso, estar-se-ia a permitir ao
reeducando melhor ressocialização, na medida em que
garantido seu direito à assistência familiar.
Precedentes citados: HC 71179/PR (DJ de 3.6.94); HC
100087/SP (DJe de 9.4.2010)

No caso em tela, Emérito Julgador, não se


trata de um preso provisório, que não teve o benefício da
liberdade concedida durante o decurso do processo. Portanto,
é indispensável a concessão do benefício da transferência ao
requerente.

III - DOS REQUERIMENTOS

Com fulcro nos fatos e fundamentos jurídicos


arrolados, é necessário que seja concedida a transferência do
Sr. REQUERENTE do Centro de Detenção Provisória da Zona
Norte, localizado no Município de Natal/RN, para a
Penitenciária Estadual de Parnamirim, localizada no Município
de Parnamirim/RN, com fulcro no art. 103 da Lei de Execução
Penal.
Aliado a isso, requer-se a comunicação ao
parquet da transferência do acusado à Penitenciária Estadual
de Parnamirim - PEP.

Termos em que,

Aguarda deferimento.

Natal/RN, DD/MM/AAAA.

NOME DO ADVOGADO
OAB XXXX

DOC.XX – COMPROVANTE DE
RESIDÊNCIA

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