2024-2 Filosofia Moderna Diurno Ericka Marie Itokazu 1

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UNIVERSIDADE DE BRASILIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
Bacharelado e Licenciatura em Filosofia

Profa. Dra. Ericka Marie Itokazu


Contato: [email protected]

FILOSOFIA MODERNA
Período noturno – 2024.2
Programa da disciplina (provisório*):

I - PRELIMINARES:

O presente plano de curso é provisório e será discutido com a turma na primeira semana,
quando poderá sofrer alterações.

I - APRESENTAÇÃO GERAL DO CURSO

Em seu aspecto geral, o curso será dividido em duas partes metodologicamente diferenciadas,
uma primeira, de aspecto expositivo, e, uma segunda, de aspecto participativo.

II. 1 - PRIMEIRA PARTE: AULAS EXPOSITIVAS

Inicialmente, o curso fará uma introdução geral aos principais marcos fundadores da filosofia
moderna, circunscrevendo-a em campo histórico-filosófico discutidos a partir de seus aspetos
diferenciais centralizando-os nos conceitos de substância, causalidade e infinito, tomando
como referência a filosofia aristotélica e alguns aspectos da metafísica escolástica.
Contrapondo-nos, primeira e estrategicamente, à apresentação da filosofia moderna por um
processo de continuidade em relação às filosofias anteriores, principiaremos por delimitar suas
diferenças e rupturas, ou seja, a proposta será apresentar a virada conceitual realizada pelos
filósofos modernos problematizando a fundação mesma da modernidade. Se primeiramente a
fundação da modernidade poderá ser pensada a partir de uma revolução científico-
epistemológica, ao fim e ao cabo, será realizada como uma revolução metafísica que
convocará a reformulação completa das categorias principais da filosofia primeira aristotélica.
Deste modo, a estratégia pedagógica se iniciará com aulas expositivas, com a apresentação
geral dos problemas filosóficos enfrentados pela Revolução científica realizada no século XVII,
exigindo uma reviravolta epistemológica que permita a refundação das ciências em prol de
uma Scientia Nova.

A partir da apresentação expositiva do contexto histórico-filosófico, serão discutidas as


principais questões conceituais envolvidas: com a Revolução científica do XVII e o novo papel
dado às matemáticas dariam conta da fundação da Nova Scientia? A virada epistemológico-
científica, circunscrita à nova filosofia da natureza, resolve conceitualmente as questões por
ela mesma enfrentadas? Ou a virada epistemológica colocaria em xeque o próprio fundamento
da Nova Scientia e desta nova filosofia da natureza? Aqui será fundamental a análise
comparativa entre o caso galileano e o caso cartesiano sob a seguinte problematização: por
um lado, a relação entre o novo papel das matemáticas na nova filosofia da natureza galileana,
e, de outro, a relação entre a filosofia primeira e o papel da mathesis universalis. O confronto
problematizado destes dois paradigmas permitirá delinear o campo em que o curso será
circunscrito: a fundação da Ciência Nova exige não somente responder à pergunta sobre seus
fundamentos epistemológicos, seguindo-se a ela a pergunta sobre a natureza das coisas, a
natureza do conhecimento, a natureza do sujeito de conhecimento, em suma: uma refundação
metafísica, desde os seus princípios, repondo, mais uma vez, a exigência de novas respostas
aos mais famosos conceitos aristotélicos da filosofia primeira: o que é a substância, o que é a
causalidade, qual o princípio de causalidade, qual a realidade das coisas, do pensamento, etc.

II.2 – SEGUNDA PARTE: AULAS PARTICIPATIVAS

A estratégia pedagógica é, portanto, fornecer nas aulas expositivas dar suficientes


instrumentos intelectuais para que os estudantes possam nelas reconhecer o contexto
histórico-filosófico que está implicado no itinerarium mentis das Meditações sobre a Filosofia
Primeira de Descartes para que, nesta segunda parte do curso, seja plenamente capaz de
participar do trabalho que, em sala de aula, será a análise filosófica das Meditações. Aqui o
curso será preponderantemente a aplicação da metodologia de análise da estrutura filosófico-
argumentativa do texto, realizada em leitura e discussão conjuntas em sala de aula. Os
estudantes serão então encaminhados à atividade prática de pesquisa filosófica aplicada aos
conceitos discutidos em sala, com pesquisa ativa na biblioteca, debates em seminários e
formação de grupos de pesquisa.

Pretende-se com isso desenvolver a capacidade da ampliação do debate conceitual a partir do


aprofundamento da análise dos movimentos argumentativos e conceitos construídos em seu
interior. Assim, realizada a análise rigorosa da estrutura do texto, em sala de aula, que
proporciona a sustentação argumentativa de novos conceitos que revolucionaram a filosofia, a
compreensão da nova metafísica aparecerá em discussão, como atividade prática, com o que
dela deriva: a subjetividade, a distinção real entre a alma e o corpo com fundação do dualismo
substancial, o conceito de infinito em ato em contraposição coexistente com o infinito em
potência, uma metafísica do infinito contraposta à metafísica do sujeito, etc.

III – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

A introdução expositiva visa instrumentalizar o estudante conceitualmente, permitindo dar


fundamentos para a análise de texto filosófico com o devido rigor, que será realizada na
segunda parte do curso com a finalidade de proporcionar, a partir da metodologia de análise
estrutural de texto filosófico, a discussão e o debate que auxiliará os estudantes a determinar
o delineamento do campo de interesse de pesquisa filosófica, individual e/ou coletiva, capaz
de dar conta da produção de texto dissertativo individual em estilo de artigo filosófico, com
pesquisa realizada ativa em biblioteca, tanto em livros quanto nas bases de pesquisa
referenciadas, com levantamento individual de bibliografia de relevância para o
desenvolvimento do seu próprio trabalho dissertativo.

IV – METODOLOGIA:

Aulas expositivas, aulas participativas com análise filosófica de textos, atividades seminários e
debates em sala de aula, atividades de pesquisa bibliográfica ativa dos estudantes.

V – ATIVIDADE DISCENTES

Para as aulas expositivas: participação em sala de aula, registro de conteúdo, leitura e


fichamento de bibliografia de apoio.
Para as aulas participativas: participação na discussão da análise de texto, participação em
debates e seminários, pesquisa ativa bibliográfica em biblioteca, produção de texto
dissertativo.

VI – AVALIAÇÃO

A avaliação será dividida em duas partes, equivalentes às duas partes do curso:


- Para a parte expositiva: a avaliação será pelo registro de conteúdo, produção de resumo e
resenha de textos.
- Para a parte participativa: a elaboração de um tema de trabalho de pesquisa e produção de
texto dissertativo final.

VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O presente Plano de Ensino foi pensado, como exposto no item I, especificamente para o
período de transição de retomada das atividades presenciais, procurando, portanto, oferecer,
na primeira parte, instrumentos conceituais de trabalho intelectual filosófico para que seja
possível realizar a sua segunda parte, principal e primordial, de convivência e interação em sala
de aula, além de visar estimular às atividades práticas individuais e coletivas que o integrem na
estrutura oferecida pela universidade, com atividades interativas presenciais entre os
estudantes, procurando recuperar a potência formadora mais preponderante do ensino
presencial. O presente plano de ensino será debatido na primeira semana de aula e poderá ser
reformulado após sua discussão com os alunos, para possíveis adequações de suas estratégias
pedagógicas.

VII - BIBLIOGRAFIA (a ser complementada na segunda semana do curso)

Aubenque, Pierre. O problema do ser em Aristóteles. Ensaio sobre a problemática aristotélica,


São Paulo: Paulus, 2012 (1a edição francesa: PUF, 1943).
Beyssade, Michelle. Descartes, Lisboa: edições 70, 1972.

Broughton, Janet, Carriero, John (orgs). A companion to Descartes, Blackwell: Oxford, 2008.

Chaui, Marilena. “Filosofia Moderna” in Primeira Filosofia. Lições introdutórias, Ed. Brasiliense,
1985 (2a. edição)

_____________. Introdução à história da filosofia. Dos pré-socráticos a Aristóteles, vol. 1, São


Paulo: Ed. Cia das Letras, 2a edição revisada e ampliada, 2002.

Cottingham, John. A filosofia de Descartes, Edições 70, 1986

Descartes, R. Meditações sobre a filosofia primeira. Edição bilíngüe em latim e português,


tradução, nota prévia e revisão de Fausto Castilho, Campinas: Ed. Unicamp, 2004.

___________. “Meditações”, “Discurso do método”, “Objeções e Respostas” e “As paixões da


Alma” in Descartes, Col. Os pensadores, São Paulo: ed. Abril, 1983. Tradução de J. Guinsburg e
Bento Prado Junior, Prefácio e notas de Gérard Lebrun, Introdução de Gilles-Gaston Granger.

___________. O homem. Edição bilíngüe em francês e português, tradução e notas de Marisa


Donatelli.

Domingues, Ivan. O grau zero do conhecimento. O problema da fundação das ciências


humanas. Ed. Loyola, 1999 (1ª edição de 1991), São Paulo, pp. 7-164.

Forlin, Enéias. O papel da dúvida metafísica no processo de constituição do cogito. Ed.


Humanitas, 2004.

____________. “O ser da ciência e a ciência do ser” in Cadernos de história e filosofia da


ciência, série 3, volume 16 (jan-jun), Campinas: CLE, 2006.

Gueroult, Martial. Descartes selon l´ordre des raisons, Aubier, 1953. (Há uma tradução em
português pela Discurso Editorial/Humanitas)

Israel, Jonathan. O iluminismo radical. A filosofia e a construção da modernidade. 1650-1750.


São Paulo: Madras, 2009 (1a edição: Oxford University Press, 2001)

Koyré, Alexandre. “Galileu e a Revolução científica do século XVII” in Estudos de história do


pensamento científico, Ed. Forense, 2ª. Edição.

___________. Do mundo fechado ao universo infinito, ed. Forense Universitária: várias edições
(1ª edição John Hopkins Press: 1957; 1ª edição Gallimard: 1962)

Marques, Jordino. Descartes e sua concepção de homem, Ed. Loyola, 1993

Merleau-Ponty, Maurice. “O grande racionalismo” in Signos, Martins Fontes, 1991 (1ª Ed


francesa 1960)

Paty, Michel. “Mathesis universalis e inteligibilidade em Descartes” in Cadernos de história e


filosofia da ciência, série 3, vol. 8, 1998 (jan-jun), Campinas: CLE, pp. 9-57.
Rodis-Lewis, Genviève. Descartes. Textes et débats, Librarie Generale Française, 1984.

Rossi, Paolo. Il pensiero di Galileo Galilei, Loesche Editore-Torino, 1997

Rovighi, Sofia Vanni. História da filosofia moderna. Da revolução científica a Hegel, Ed. Loyola,
2006 (1ª edição italiana: 1981)

Scribano, Emanuela. Guia para leitura das Meditações Metafísicas de Descartes, São Paulo: Ed.
Loyola, 2007 (1ª edição italiana 1997)

Silva, Franklin Leopoldo e. Descartes, a metafísica da modernidade, São Paulo: Ed. Moderna,
1993.

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