ALTO RENDIMENTO

FILOSOFIA – AULA 07

ALUNO:__________________________________________________________________________________ DATA:______/_______/_______

1. (Enem 2019) Dizem que Humboldt, naturalista do século XIX, 4. (Enem 2013) Os produtos e seu consumo constituem a meta
maravilhado pela geografia, flora e fauna da região sul-americana, declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta
via seus habitantes como se fossem mendigos sentados sobre um pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de
saco de ouro, referindo-se a suas incomensuráveis riquezas que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa
naturais não exploradas. De alguma maneira, o cientista ratificou expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores
nosso papel de exportadores de natureza no que seria o mundo como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não
depois da colonização ibérica: enxergou-nos como territórios surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo
condenados a aproveitar os recursos naturais existentes. humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer
sua vida, física e culturalmente.
ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para imaginar outros
mundos. São Paulo: Elefante, 2016 (adaptado). CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, Scientiae
Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).

Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o

A relação entre ser humano e natureza ressaltada no texto refletia
projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber
a permanência da seguinte corrente filosófica:
que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse
a) Relativismo cognitivo.
contexto, a investigação científica consiste em
b) Materialismo dialético.
a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as
c) Racionalismo cartesiano.
disputas teóricas ainda existentes.
d) Pluralismo epistemológico.
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar
e) Existencialismo fenomenológico.
o lugar que outrora foi da filosofia.
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do
2. (Enem 2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo,
saber que almejam o progresso.
embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e
outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de
eliminar os discursos éticos e religiosos.
problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e
raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo
impor limites aos debates acadêmicos.
sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter
aprendido, não ciências, mas histórias.
5. (Enem 2013) TEXTO I
Há já de algum tempo eu me apercebi de que, desde meus
DESCARTES. R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo:
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras,
Martins Fontes, 1999.
e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal
assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era
necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me
Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o
de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo
conhecimento, de modo crítico, como resultado da
novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.
a) investigação de natureza empírica.
DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São
b) retomada da tradição intelectual.
Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
c) imposição de valores ortodoxos.
d) autonomia do sujeito pensante. TEXTO II
e) liberdade do agente moral. É de caráter radical do que se procura que exige a radicalização do
próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela
3. (Enem 2014) É o caráter radical do que se procura que exige a dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de
radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente
ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa
terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será mesma dúvida.
seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo:
por essa mesma dúvida. Moderna, 2001 (adaptado).
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo:
Moderna, 2001 (adaptado). A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para
viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com
filosofia cartesiana tem caráter positivo por contribuir para o(a) legitimidade.
a) dissolução do saber científico. b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e
b) recuperação dos antigos juízos. concepções.
c) exaltação do pensamento clássico. c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos
d) surgimento do conhecimento inabalável. esclarecidos.
e) fortalecimento dos preconceitos religiosos. d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e
ultrapassados.
e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser
questionados.
6. (Enem 2012) TEXTO I O instrumento intelectual empregado por Descartes para analisar
os seus próprios pensamentos tem como objetivo
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é a) identificar um ponto de partida para a consolidação de um
de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou conhecimento seguro.
uma vez. b) observar os eventos particulares para a formação de um
entendimento universal.
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, c) analisar as necessidades humanas para a construção de um saber
1979. empírico.
d) estabelecer uma base cognitiva para assegurar a valorização da
TEXTO II memória.
e) investigar totalidades estruturadas para dotá-las de significação.
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja
sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas 9. (Enem PPL 2015) Após ter examinado cuidadosamente todas as
indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta
impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas
para confirmar nossa suspeita. as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.
DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural,
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: 1979.
Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos
conhecimento humano. A comparação dos excertos permite mais importantes na ruptura da filosofia do século XVII com os
assumir que Descartes e Hume padrões da reflexão medieval, por
a) defendem os sentidos como critério originário para considerar a) estabelecer o ceticismo como opção legítima.
um conhecimento legítimo. b) utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica.
b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma c) inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo.
ideia na reflexão filosófica e crítica. d) estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do e) Questionar a relação entre a filosofia e o tema da existência de
conhecimento. Deus.
d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação
às ideias e aos sentidos. 10. (Unesp 2021) Texto 1
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo
de obtenção do conhecimento. Nos últimos tempos, reservou-se (e, com isso, popularizou- se) o
termo fake news para designar os relatos pretensamente factuais
7. (Enem 2ª aplicação 2014) Uma vez que a razão me persuado de que inventam ou alteram os fatos que narram e que são
que devo impedir-me de dar crédito às coisas que não são disseminados, em larga escala, nas mídias sociais, por pessoas
inteiramente certas e indubitáveis tanto quando àquelas que nos interessadas nos efeitos que eles poderiam produzir.
parecem manifestamente ser falsas, o menor motivo de dúvida que (Wilson S. Gomes e Tatiana Dourado. “Fake news, um fenômeno de
eu nelas encontrar bastará para me levar a rejeitar todas. comunicação política entre jornalismo, política e democracia”.
Estudos em Jornalismo e Mídia, nº 2, vol. 16, 2019.)
DESCARTES, R. Meditações de Filosofia Primeira. São Paulo: Abril
Cultural, 1973 (adaptado).
Texto 2

Ao introduzir dúvida como método, Descartes busca alcançar uma As vacinas foram os principais alvos de fake news entre todas as
certeza capaz de refundar, sobre princípios sólidos, a ciência e a publicações monitoradas pelo Ministério da Saúde em 2018. Cerca
filosofia. Seu procedimento teórico indica de 90% dos focos de mentiras identificados pelo órgão tinham
a) a capacidade de o entendimento humano duvidar das certezas como alvo a vacinação. Reconhecido internacionalmente, o
claras e distintas. programa de imunização brasileiro viu doenças como sarampo e
b) a ideia de que o ceticismo é base suficiente para edificar a poliomielite voltarem a ameaçar o país em 2018 após os índices de
filosofia moderna. cobertura vacinal caírem em 2017.
c) o rompimento com o dogmatismo da filosofia aristotélico-
tomista que prevalecera na Idade Média. (Fabiana Cambricoli. “Ministério da Saúde identifica 185 focos de
fake news e reforça campanhas”. https://saude.estadao.com.br,
d) a primazia dos sentidos como caminho seguro de condução do 20.09.2018. Adaptado.)
homem à verdade.
e) o estabelecimento de uma regra capaz de consolidar a tradição
escolástica de pensamento. Os textos tratam de uma prática que é contrária ao princípio da
fundamentação racional sustentado por Descartes, que propôs a
8. (Enem PPL 2020) Na primeira meditação, eu exponho as razões a) busca por um conhecimento seguro proveniente do ato de
pelas quais nós podemos duvidar de todas as coisas e, duvidar.
particularmente das coisas materiais, pelo menos enquanto não b) construção da compreensão a partir da lógica dialética.
tivermos outros fundamentos nas ciências além dos que tivemos c) eliminação da subjetividade na produção do conhecimento.
até o presente. Na segunda meditação, o espírito reconhece d) fundamentação das certezas a partir da experiência sensível.
entretanto que é absolutamente impossível que ele mesmo, o e) percepção da realidade por meio da associação entre fé e razão.
espírito, não exista.
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural,
1973 (adaptado).
11. (Unesp 2021) Mas eu me persuadi de que nada existia no experiência para a construção de afirmações gerais a
mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma terra, espíritos respeito da realidade.
alguns, nem corpos alguns; me persuadi também, portanto, de que ( ) Para o racionalismo, sobretudo o cartesiano, a verdade
eu não existia? Certamente não, eu existia, sem dúvida, se é que eu deveria ser buscada fora dos sentidos, visto que eles são
me persuadi ou, apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum, não enganosos e podem nos equivocar em qualquer experiência
sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda de percepção.
a sua indústria em enganar-me sempre. Não há pois dúvida alguma ( ) O empirismo, vertente de compreensão da qual Locke fazia
de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não parte, aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar
poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser a existência de ideias inatas.
alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante nisto e de
ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim A sequência correta, de cima para baixo, é:
concluir e ter por constante que esta proposição, penso, logo sou, a) V, F, V, F.
é necessariamente verdadeira, todas as vezes que a enuncio […]. b) V, V, F, V.
c) F, F, F, V.
(René Descartes. Meditações, 1973.) d) F, V, V, F.

14. (Ufu 2020) René Descartes (1596-1650) pode ser considerado

Segundo o texto, um dos pontos iniciais do método de Descartes o pai da filosofia moderna, pois, em vários aspectos, permitiu uma
que o levou ao cogito (“penso, logo sou”) foi visão crítica da filosofia medieval, especialmente no que se referia
a) a análise das partes. à possibilidade do conhecimento da natureza. Seu livro Discurso do
b) a síntese das partes analisadas. método é um marco para esse ponto de virada filosófica e coloca,
c) o prevalecimento da alma sobre o raciocínio. em destaque, a importância da dúvida metódica para a investigação
d) o reconhecimento de um Deus enganador. científica.
e) a arte da persuasão grega.
Nesse sentido, essa dúvida cartesiana implicava
12. (Ufpr 2020) Nas primeiras linhas das Meditações Metafísicas, a) exercitar o método, obter e aceitar apenas ideias claras e
Descartes declara que “recebera muitas falsas opiniões por distintas.
verdadeiras” e que “aquilo que fundou sobre princípios mal b) duvidar de tudo, exceto das verdades da fé cristã já
assegurados devia ser muito duvidoso e incerto”. estabelecidas.
(DESCARTES, R. Meditações Metafísicas, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, c) aceitar os conceitos da filosofia tomista como verdades
M.; FANTIN, M. E. (org.) Antologia de textos filosóficos, Curitiba: absolutas.
SEED-PR, 2009, p. 153.) d) só aceitar como indubitáveis as certezas que vierem dos
sentidos.

A fim de dar bom fundamento ao conhecimento científico, 15. (Unioeste 2020) “Ao chegar a Londres, um francês encontrará
Descartes entende que é preciso: tudo muito mudado em filosofia, e também no resto. Deixou o
a) confiar nas próprias opiniões. mundo cheio, encontrou-o vazio. Em Paris, vê-se o universo
b) certificar-se de que os outros pensam como nós. composto de turbilhões de matéria sutil, em Londres, não se vê
c) seguir as opiniões dos mais sábios. nada disso. Entre nós, a pressão da Lua causa o fluxo do mar; entre
d) partir de princípios seguros e proceder com método. os ingleses, o mar gravita em direção à Lua (…)”
e) aceitar que o conhecimento é duvidoso e incerto. VOLTAIRE, Cartas Inglesas. Carta XIV: Descartes e Sir Isaac Newton.

13. (Uece 2020) Observe as seguintes citações, que refletem

posições divergentes, colocadas por empiristas e racionalistas, Na décima quarta das Cartas inglesas, Voltaire identifica o atraso
sobre o método que deveria ser usado para o estabelecimento do francês diante da superioridade inglesa não apenas no campo do
correto processo de conhecimento da realidade: conhecimento científico, mas com relação às instituições que o
produzem. Ao fim, Voltaire contrapõe o itinerário tortuoso de
“Primeiramente, considero haver em nós certas noções primitivas, Descartes às estáveis condições produtivas de Newton a fim de
as quais são como originais, sob cujo padrão formamos todos os aquilatar duas grandes figuras da filosofia natural na modernidade.
nossos outros conhecimentos”.
DESCARTES, R. Carta a Elisabeth. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Assinale a alternativa que expressa CORRETAMENTE o contraste
Col. Os Pensadores. entre as filosofias naturais de Descartes e de Newton.
a) A diferença entre a res cogitans cartesiana e a res extensa
newtoniana.
“De onde a mente apreende todos os materiais da razão e do b) A diferença entre a filosofia empirista de Descartes e o
conhecimento? A isso respondo numa palavra, da experiência. racionalismo apriorista da gravitação de Newton.
Todo o conhecimento está nela fundado, e dela deriva c) A diferença entre a metafísica estritamente mecanicista da física
fundamentalmente o próprio conhecimento”. cartesiana e a dinâmica exposta na física newtoniana.
LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril d) A diferença entre a vida na conturbada capital francesa e nos
Cultural, 1973. Col. Os pensadores. silenciosos arredores da capital da Grã-Bretanha.
e) A diferença entre o regime das marés em países insulares e
países continentais.
Considerando o que propunham o empirismo e o racionalismo,
atente para o que se afirma a seguir e assinale com V o que for 16. (Uece 2020) Leia com atenção a seguinte passagem da obra de
verdadeiro e com F o que for falso. Immanuel Kant:

( ) O racionalismo é a forma de compreensão do conhecimento “O idealismo consiste na afirmação de que não existe outro ser
que prioriza a razão e recorre à indução como método de senão o pensante; as demais coisas seriam apenas representações
análise. nos seres pensantes, às quais não corresponderia nenhum objeto.
( ) O empirismo, ao contrário do racionalismo, parte da Eu afirmo, ao contrário: são-nos dadas coisas como objetos de
nossos sentidos, existentes fora de nós, só que nada sabemos do Com base nos conhecimentos sobre Descartes e o surgimento da
que eles possam ser em si mesmos, conhecemos apenas as filosofia moderna, assinale a alternativa correta.
representações que produzem em nós ao afetarem nossos a) A língua vulgar, o francês, expressa de modo mais adequado o
sentidos”. espírito da modernidade por estar livre dos preconceitos da
língua dos doutos, o latim.
Kant. Immanuel. Prolegómenos a toda a metafísica futura. Lisboa: b) Redigir o Discurso do Método em francês teve propósito similar
Edições 70, 1987. p.68. à tradução da bíblia para o alemão feita por Lutero: facilitar o
acesso à sacralidade do texto em língua vulgar.
c) O desencantamento do mundo, resultante da radical crítica
Estabelecer as condições de possibilidade do conhecimento foi um cartesiana à tradição, teve como consequência o abandono da
dos principais desafios ao qual Kant se propôs a partir de sua referência à divindade.
filosofia transcendental. Sobre esta filosofia, é correto afirmar que d) As ideias expressas por Descartes em seu Discurso do Método
a) buscou superar a oposição empirismo/ racionalismo propondo a refletem a postura tipicamente moderna de ruptura total com o
existência de estruturas a priori de conhecimento, sem as quais passado.
não é possível nenhuma experiência de nenhum objeto. e) A razão natural inteiramente pura é um atributo inerente à
b) ocupou-se em consolidar a visão racionalista de tradição natureza humana, independentemente da tradição ou da
cartesiana ao criticar as concepções empiristas de Locke e cultura à qual o humano se vincula.
Hume, segundo as quais sentidos e experiência são a base do
conhecimento.
c) procurou ultrapassar completamente tanto o racionalismo, como 19. (Enem 2019) TEXTO I
o empirismo, através de seu criticismo, cuja abordagem da Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação
realidade nem é sensível, nem empírica, mas puramente deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente à vontade seus
metafísica. maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a
d) foi muito influenciada pela filosofia hegeliana em sua percepção incomparável beleza dessa imensa luz.
dialética da realidade: sua postulação da oposição DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
númeno/fenômeno expressa tal influência.

17. (Uece 2020) Relacione, corretamente, os pensadores com seus TEXTO II

respectivos pensamentos acerca da forma como o conhecimento Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo?
da realidade se verifica, numerando os parênteses abaixo, de Existirá alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por
acordo com a seguinte indicação: uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença
em Deus é “apenas” uma questão de fé.
1. Immanuel Kant RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
2. Karl Marx
3. Renè Descartes
4. G.W.F Hegel Os textos abordam um questionamento da construção da
modernidade que defende um modelo
( ) A reflexão filosófica deve partir de um exame da formação a) centrado na razão humana.
da consciência e a experiência da consciência não é só uma b) baseado na explicação mitológica.
experiência teórica: é necessariamente histórica. c) fundamentado na ordenação imanentista.
( ) Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que d) focado na legitimação contratualista.
determina a consciência. É a ideologia a responsável por e) configurado na percepção etnocêntrica.
produzir uma alienação da consciência humana de sua
situação real.
( ) É sempre possível duvidar de um princípio, questionar as 20. (Ufms 2019) Leia atentamente o texto a seguir:
bases de uma teoria. É preciso colocar em questão todo o
conhecimento adquirido. “Neste ponto, o filósofo compreendeu que havia uma crença da
( ) O conhecer é um ato de autodeterminação do sujeito, é qual ele não podia duvidar: a crença na própria existência. Cada um
anterior a toda experiência, e trata não tanto dos objetos, de nós pensa ou diz: ‘Sou, existo’ – e, enquanto pensamos ou
mas dos conceitos a priori sobre os objetos. dizemos isso, não podemos estar errados. Quando o filósofo tentou
aplicar o teste do gênio maligno a sua crença, percebeu que o gênio
A sequência correta, de cima para baixo, é: só podia levá-lo a acreditar que ele existe se ele, o próprio filósofo,
a) 1, 3, 2, 4. de fato existir – como ele poderia duvidar da própria existência, se
b) 3, 1, 4, 2. é preciso existir para ter dúvida?
c) 4, 2, 3, 1.
d) 2, 4, 1, 3. O axioma ‘Eu sou, eu existo’ constitui a primeira certeza desse
filósofo. Em sua obra anterior, Discurso sobre o método, ele a
18. (Uel 2019) Leia o texto a seguir. apresentou como ‘Penso, logo existo’, mas abandonou a frase ao
escrever suas Meditações, pois o uso de ‘logo’ leva a afirmação a
E se escrevo em francês, que é a língua de meu país, e não em latim, ser lida como premissa e conclusão. O filósofo queria que o leitor –
que é a de meus preceptores, é porque espero que aqueles que se o ‘eu’ que medita – percebesse que, assim que considero o fato de
servem apenas de sua razão natural inteiramente pura julgarão que existo, sei que isso é verdadeiro. Tal verdade é
melhor minhas opiniões do que aqueles que não acreditam senão instantaneamente apreendida. A percepção de que existo é uma
nos livros dos antigos. E quanto aos que unem o bom senso ao intuição direta, não a conclusão de um argumento.”
estudo, os únicos que desejo para meus juízes, não serão de modo
algum, tenho certeza, tão parciais a favor do latim que recusem (Vários colaboradores. O livro da Filosofia. Tradução Douglas Kim.
ouvir minhas razões, porque as explico em língua vulgar. São Paulo: Globo, 2011. p. 120. Adaptado).
DESCARTES, R. Discurso do Método. Trad. J. Guinsburg e Bento
Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Coleção “Os pensadores”.
p. 79.
O texto desse enunciado exprime uma vertente do pensamento c) Descartes e Locke possuíam a mesma concepção, pois ambos
racionalista de um importante filósofo ocidental. Assinale a eram críticos do iluminismo.
alternativa correta que apresenta o filósofo racionalista autor das d) Descartes é um representante do teologismo e Locke é um
reflexões apresentadas. representante do culturalismo.
a) Nicolau Maquiavel. e) Descartes é um representante do materialismo e Locke é um
b) São Tomás de Aquino. representante do idealismo.
c) René Descartes.
d) Voltaire. 24. (Ufu 2018) Na obra Discurso do método, o filósofo francês Renê
e) Immanuel Kant. Descartes descreve as quatro regras que, segundo ele, podem levar
ao conhecimento de todas as coisas de que o espírito é capaz de
21. (Ufpr 2019) Mas, logo em seguida, adverti que enquanto eu conhecer.
queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente Quanto a uma dessas regras, ele diz que se trata de "dividir cada
que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta dificuldade que examinasse em tantas partes quantas possíveis e
verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas necessárias para melhor resolvê-las".
as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes
de abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o Descartes. Discurso do método,I-II, citado por: MARCONDES,
primeiro princípio da Filosofia que procurava. Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editora, 2000. Tradução de Marcus Penchel.
(DESCARTES. Discurso do método. Col. Os Pensadores. Trad. J.
Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p.
46.) Essa regra, transcrita acima, é denominada
a) regra da análise.
O texto citado corresponde a uma das passagens mais marcantes b) regra da síntese.
da filosofia de Descartes, um filósofo considerado por muitos c) regra da evidência.
intérpretes como o pai do racionalismo. Com base no texto e na d) regra da verificação.
ideia geral de racionalismo, é correto afirmar:
a) O racionalismo tem como garantia de verdade a experiência. 25. (Unesp 2018) De um lado, dizem os materialistas, a mente é um
b) Descartes é um filósofo empirista, visto que faz experiências de processo material ou físico, um produto do funcionamento
pensamento. cerebral. De outro lado, de acordo com as visões não materialistas,
c) Descartes inaugura um tipo de busca pela verdade que se ampara a mente é algo diferente do cérebro, podendo existir além dele.
no exercício. Ambas as posições estão enraizadas em uma longa tradição
d) A expressão “penso, logo existo” é uma das suposições dos filosófica, que remonta pelo menos à Grécia Antiga. Assim,
céticos sobre o conhecimento. enquanto Demócrito defendia a ideia de que tudo é composto de
e) Descartes não buscava um princípio seguro, pois duvidava de átomos e todo pensamento é causado por seus movimentos físicos,
todas as coisas. Platão insistia que o intelecto humano é imaterial e que a alma
sobrevive à morte do corpo.
22. (Uece 2019) “[É] uma coisa bem notável que não haja homens
[...] que não sejam capazes de arranjar em conjunto diversas (Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. “O cérebro
palavras e de compô-las num discurso pelo qual façam entender produz a mente?: um levantamento da opinião de psiquiatras”.
seus pensamentos; [...] os homens que, tendo nascido surdos e www.archivespsy.com, 2015.)
mudos, são desprovidos dos órgãos que servem aos outros para
falar, [...] costumam inventar eles próprios alguns sinais, pelos quais
se fazem entender por quem, estando comumente com eles, A partir das informações e das relações presentes no texto, conclui-
disponha de lazer para aprender a sua língua.” se que
a) a hipótese da independência da mente em relação ao cérebro
DESCARTES, R. Discurso do método, V. teve origem no método científico.
b) a dualidade entre mente e cérebro foi conceituada por Descartes
A passagem acima informa sobre a relação entre pensamento e como separação entre pensamento e extensão.
linguagem no racionalismo moderno. c) o pensamento de Santo Agostinho se baseou em hipóteses
empiristas análogas às do materialismo.
Sobre essa relação, pode-se afirmar corretamente que d) os argumentos materialistas resgatam a metafísica platônica,
a) a linguagem, quer seja sonora quer seja em sinais, tem a função favorecendo hipóteses de natureza espiritualista.
de fazer o pensamento ser entendido pelos outros. e) o progresso da neurociência estabeleceu provas objetivas para
b) a capacidade de produzir discursos, isto é, a linguagem, é o que resolver um debate originalmente filosófico.
permite aos homens ter pensamentos.
c) o entendimento entre homens se dá através da linguagem, que, 26. (Upe-ssa 3 2018) Considere o texto a seguir sobre o paradigma
todavia, é anterior ao pensamento. da Modernidade.
d) o pensamento existe independentemente do discurso e, como
ocorre entre surdos e mudos, não precisa ser entendido.

23. (Ueg 2019) John Locke afirmou que a mente é como uma folha
em branco na qual a cultura escreve seu texto e Descartes
demonstrava desconfiança em relação aos sentidos como fonte de
conhecimento. A respeito desses dois filósofos, verifica-se o
seguinte:
a) Locke é um representante do racionalismo e Descartes é um
representante do empirismo.
b) Locke é um representante do empirismo e Descartes é um
representante do racionalismo.
Não nos esqueçamos de outra não menos importante verdade c) o conhecimento filosófico salienta a importância capital de bem
histórica: a Revolução Científica foi profetizada por Bacon, realizada conduzir a própria razão para a aquisição da ciência.
por Galileu, tematizada por Descartes, mas só concluída e d) o conhecimento filosófico delimita a faculdade de julgar o
sistematizada por Newton. absoluto, desprezando o valor do conhecimento.
(JAPIASSU, HIlton. Como Nasceu a Ciência Moderna. Rio de Janeiro: e) o conhecimento filosófico enfatiza que a essência do homem
Imago, 2007, p. 112. Adaptado.) consiste nos sentidos, uma vez que o bom senso acentua o
caráter relativo e particular da razão.
O autor acima retrata, com singularidade, alguns dos expoentes do
pensamento moderno. Sobre esse assunto, assinale a alternativa 29. (Unesp 2017) Todas as vezes que mantenho minha vontade
CORRETA. dentro dos limites do meu conhecimento, de tal maneira que ela
a) Com a revolução galileana, a teologia ganha sua autonomia, não formule juízo algum a não ser a respeito das coisas que lhe são
libertando-se da ciência. claras e distintamente representadas pelo entendimento, não pode
b) O pensamento cartesiano adota uma atitude de dúvida metódica acontecer que eu me equivoque; pois toda concepção clara e
para bem conduzir a razão e procurar a verdade nas ciências. distinta é, com certeza, alguma coisa de real e de positivo, e, assim,
c) Galileu Galilei foi o verdadeiro fundador do método indutivo na não pode se originar do nada, mas deve ter obrigatoriamente Deus
ciência da matemática. como seu autor; Deus que, sendo perfeito, não pode ser causa de
d) A ciência para Francis Bacon é teórica e contemplativa, tendo o equívoco algum; e, por conseguinte, é necessário concluir que uma
filósofo profetizado o papel da religiosidade no marco da tal concepção ou um tal juízo é verdadeiro.
cientificidade.
e) O pensamento newtoniano, com direcionamento na física e na René Descartes. Vida e Obra. Os pensadores, 2000.
matemática, não foi um marco essencial para a história e para a
filosofia da ciência.
Sobre o racionalismo cartesiano, é correto afirmar que
27. (Upe-ssa 2 2018) Sobre a consciência crítica e a filosofia, analise a) sua concepção sobre a existência de Deus exerceu grande
o texto a seguir: influência na renovação religiosa da época.
b) sua valorização da clareza e distinção do conhecimento científico
Como relata Descartes no Discurso sobre o método, depois de ter baseou-se no irracionalismo.
lançado tudo à dúvida, somente depois, tive de constatar que, c) desenvolveu as bases racionais para a crítica do mecanicismo
embora eu quisesse pensar que tudo era falso, era preciso como método de conhecimento.
necessariamente que eu, que assim pensava, fosse alguma coisa. E, d) formulou conceitos filosóficos fortemente contrários ao
observando que essa verdade – ‘penso, logo sou’ – era tão firme e heliocentrismo defendido por Galileu.
sólida que nenhuma das mais extravagantes hipóteses dos céticos e) se tratou de um pensamento responsável pela fundamentação
seria capaz de abalá-la.” do método científico moderno.

(REALE, Giovanni. História da Filosofia: Do Humanismo a Kant. São 30. (Ufsm 2015) O conhecimento é uma ferramenta essencial para
Paulo: Paulinas, 1990, p. 366). a sobrevivência humana. Os principais filósofos modernos
argumentaram que nosso conhecimento do mundo seria muito
limitado se não pudéssemos ultrapassar as informações que a
O autor do texto retrata alguns apontamentos sobre o pensamento percepção sensível oferece. No período moderno, qual processo
cartesiano. Com relação a esse assunto, assinale a alternativa cognitivo foi ressaltado como fundamental, pois permitia obter
CORRETA. conhecimento direto, novo e capaz de antecipar acontecimentos
a) As ideias de Descartes enfatizam que a dúvida tem valor do mundo físico e também do comportamento social?
secundário sobre como conduzir bem sua razão. a) Dedução.
b) O pensamento cartesiano afirma que não devemos rejeitar como b) Indução.
falso tudo aquilo do qual não podemos duvidar. c) Memorização.
c) O cartesianismo é um empirismo, ou seja, prioriza o valor dos d) Testemunho.
sentidos no âmbito do conhecimento. e) Oratória e retórica.
d) O pensamento de Descartes influenciou, efetivamente, o mundo
cultural francês e retratou a significância do espírito crítico na
investigação do conhecimento.
e) O método racionalista prioriza a verdade da fé como critério da
cientificidade.

28. (Upe-ssa 2 2017) O bom senso é a coisa do mundo melhor

partilhada, pois cada qual pensa estar tão bem provido dele que
mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra
coisa, não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é
verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas isso antes
testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do
falso, que é propriamente o que se denomina o bom senso ou a
razão, é naturalmente igual em todos os homens.

DESCARTES, René. Discurso do Método, 1973, p. 37.

Na perspectiva de René Descartes,

a) o conhecimento filosófico prioriza a sensação, deixando à
margem o valor da razão, isto é, o que vale é ter bom senso.
b) o conhecimento filosófico é natural em todos os homens, mesmo
sem fazerem uso do bom senso.
Gabarito: operando. Esta certeza é a certeza sobre o fato de que se o gênio
maligno perverte meus pensamentos, ele nunca poderia perverter
Resposta da questão 1: [C] o próprio fato de que eu devo estar pensando para que ele me
engane. Então, se penso, existo.
De acordo com uma visão cartesiana, a natureza deve ser David Hume (1711-1776), influenciado pela filosofia de John Locke
compreendida pela razão, podendo servir às necessidades (1632-1704), parte de uma noção da mente humana segundo a qual
humanas. Essa concepção é, em certo sentido, próxima àquela o homem não possui ideias inatas, porém todas elas provêm da
descrita no texto da questão. experiência sensível para compor o conhecimento. Sendo assim, o
homem conhece a partir das impressões e das ideias que concebe
Resposta da questão 2: [D] a partir da experiência. De experiências habituais ele constrói
conhecimentos baseados em matérias de fato e relações entre
Descartes é o principal filósofo racionalista. Assim sendo, para ele, ideias. Os conhecimentos sobre matérias de fato são empíricos,
o conhecimento é resultado de investigações do ser pensante, portanto, apenas mais ou menos prováveis, já os conhecimentos
único capaz de chegar a conceitos verdadeiros. sobre relações de ideias são puros, portanto, sempre certos sem,
todavia, se referir a qualquer realidade sensível.
Resposta da questão 3: [D]
Resposta da questão 7: [C]
A dúvida radical conduz o pensador à conclusão de que pensa, o
cogito. Esta é, para Descartes, o conhecimento inabalável, princípio Ao colocar em questão, a partir do uso da dúvida metódica como
de todas as certezas. Sendo assim, somente a alternativa [D] está instrumento filosófico de investigação epistemológica, a tradição
correta. filosófica ocidental no medievo, fundamentada em Aristóteles e no
tomismo. Descartes lança, então, as bases da filosofia moderna ao
Resposta da questão 4: [C] reestabelecer a ciência e a filosofia sobre novos pressupostos.

Em geral, a ciência estabelece um método de pesquisa racional que Resposta da questão 8: [A]
busca a construção coletiva de conhecimentos refletidos e seguros
sobre a variedade da natureza, e, também, de conhecimentos A filosofia inaugurada por Renè Descartes, no campo da
esclarecedores sobre os fenômenos que nos parecem familiares. epistemologia, tem como fundamento metódico o princípio da
Sendo assim, a ciência possui uma base racional fundante a qual dúvida sistemática como “caminho” para a obtenção de um
todo homem pode ter acesso e, desse modo, todos podem conhecimento verdadeiramente seguro. Para esse pensador, tal
participar. Ela possui, além disso, como objeto de pesquisa a princípio implica o questionamento sistemático de todos os
perplexidade do homem perante a variância de alguns fenômenos pressupostos até então tidos como verdadeiros, pois só o processo
naturais e a permanência de outros, e como objetivo da pesquisa que coloca em dúvida todo o conhecimento construído até então
harmonizar estas diferenças em equilíbrios dinâmicos através de poderia produzir uma verdade “sólida”. Tais formulações se
conceitos e sistemas de conceitos justificados da melhor maneira relacionam à uma tentativa de identificar as bases racionais para a
possível, isto é, pela construção de experimentos controlados e obtenção de um conhecido seguro.
avaliações imparciais.
Resposta da questão 9: [D]
Resposta da questão 5: [B]
Segundo a filosofia cartesiana, o processo de conhecimento só é
possível a partir da aplicação do método da dúvida metódica, que
Como exemplo da radicalidade indicada pelo prof. Franklin
implicaria um questionamento radical de toda ideia anteriormente
Leopoldo e Silva, vale mencionar que Descartes inicia a segunda
existente. Descartes estabelece, no entanto, o princípio “eu sou, eu
meditação com a metáfora de um homem submerso, ele diz: “a
existo” como indubitavelmente necessário para o conhecimento.
meditação que fiz ontem encheu-me de tantas dúvidas, que
doravante não está mais em meu alcance esquecê-las. E, no
Resposta da questão 10: [A]
entanto, não vejo de que maneira poderia resolvê-las; e, como se
de súbito tivesse caído em águas muito profundas, estou de tal O pensamento filosófico de Descartes, no que diz respeito à Teoria
modo surpreso que não posso nem firmar meus pés no fundo, nem do conhecimento, fundamenta-se no princípio metodológico da
nadar para me manter à tona”. Essa metáfora expõe um homem de dúvida sistemática. Para Descartes, o ponto de partida para se
mãos atadas; voltar para a situação anterior é impossível, porém chegar à verdade é colocar em questão todo conhecimento
manter-se no meio do caminho também. A única opção é manter- previamente estabelecido como verdadeiro, obtendo, com isso, um
se trilhando o caminho da dúvida sistemática e generalizada, conhecimento mais seguro. Nesse sentido, o método cartesiano é
esperando desse modo alcançar algum ponto firme o suficiente o oposto do que se observa com o fenômeno das fake news, já que
para ser possível apoiar os pés, e nadar de volta para a superfície. a disseminação de informações falsas tem como princípio a falta de
Mantendo-se nesse caminho, o filósofo busca o ponto que irá rigorosidade com o que é apresentado como verdade, de forma que
inaugurar uma cadeia de razões da qual ele não poderá duvidar. O não há questionamento algum acerca das informações obtidas.
chão desse mar no qual o filósofo está submerso é esta única coisa
da qual ele não pode duvidar, mesmo se o gênio maligno estiver Resposta da questão 11: [D]
operando. Tal certeza radical é a certeza sobre o fato de que se o
gênio maligno perverte meus pensamentos, ele nunca poderia No pensamento de Descartes, o problema do conhecimento
perverter o próprio fato de que eu devo estar pensando para que humano é central. Para esse pensador racionalista, as percepções
ele me engane. Penso, existo é a nova raiz que nutre a oriundas dos sentidos humanos, para a obtenção do conhecimento,
modernidade. seriam falhas, podendo levar a ilusões, ainda que essa percepção
falha derive de algo real. Partindo dessa perspectiva, Descartes
Resposta da questão 6: [E] formula, então, a ideia de uma entidade do mal, um “gênio
maligno”, causadora dessas percepções enganadoras. Tal ideia,
Da dúvida sistemática e generalizada das experiências sensíveis, entretanto, também admitia a existência de uma “substância”
Descartes espera começar a busca por algum ponto firme o pensante, que só é passível de ser enganada porque existe: o
suficiente para ser possível se apoiar e não duvidar. O chão deste cogito, que seria a “capacidade de pensar”. Com efeito, a única
mar de dúvidas no qual o filósofo está submerso é esta única coisa alternativa correta é a letra [D].
da qual ele não pode duvidar, mesmo se o gênio maligno estiver
Resposta da questão 12: [D] Resposta da questão 16: [A]

Descartes defende que o conhecimento é bem fundamentado Para pensadores empiristas, como Locke e Hume, o único
quando parte de princípios seguros e da prática metódica. Ele parte, conhecimento existente é aquele a que se chega através da
então, da dúvida metódica, que o leva a questionar todas as experiência. Já para os racionalistas, como Descartes, a capacidade
prenoções, duvidando de tudo que até então foi considerado como de raciocinar é mais importante do que a experiência na produção
certo. Junto à dúvida, é necessário também um ordenamento desse de conhecimento. Diante dessa oposição, Kant não buscou
“caminho” investigativo da verdade, que constitui o que Descartes ultrapassar essas perspectivas, como afirma a alternativa [C], nem
chama de método. O método seria, então, a organização do se ocupou em consolidar o racionalismo em oposição ao
processo da dúvida. empirismo, como afirma a alternativa [B]. Kant argumentou que
tanto os empiristas quanto os racionalistas estavam parcialmente
Resposta da questão 13: [D] corretos e procurou superar a suposta oposição afirmando que
tanto a razão quanto a experiência são necessárias para
O racionalismo é a perspectiva epistemológica que reconhece a compreender o mundo. A alternativa [D] inverte a ordem de
razão humana, inata aos indivíduos, como o aspecto central no influência, na verdade, foi a filosofia hegeliana que sofreu influência
processo do conhecimento, haja vista que as experiências sensíveis do pensamento de Kant.
podem ser ilusórias, incorrendo em erros e afastando o homem do
conhecimento verdadeiro. Os racionalistas se baseiam no método Resposta da questão 17: [C]
dedutivo, a partir do qual um conhecimento genérico possibilita a
obtenção de um conhecimento específico. A partir dessas Renè Descartes, em sua filosofia epistemológica, tem como base o
considerações, o aluno deve considerar a primeira afirmação como princípio da “dúvida metódica” como “caminho” para a obtenção
incorreta, e a terceira afirmação como correta. de um conhecimento verdadeiramente seguro. Para esse pensador,
tal princípio implica o questionamento sistemático de todos os
A perspectiva empirista parte da consideração oposta, ou seja, a de pressupostos até então tidos como verdadeiros, pois só o processo
que são as experiências sensíveis a única fonte segura para chegar que coloca em dúvida todo o conhecimento construído até então
ao conhecimento verdadeiro, por meio do método indutivo, que poderia produzir uma verdade segura.
chega a conclusões gerais partindo de conhecimentos particulares.
Essa consideração permite que o aluno identifique a segunda A filosofia epistemológica kantiana diferencia o conhecimento das
afirmativa como correta. “coisas em si” do das “coisas para nós” ao introduzir o pressuposto
de que a razão humana encontra limites para o conhecer, de modo
A quarta afirmativa, por sua vez, deve ser identificada como que o conhecimento humano se relaciona com os conceitos a priori
incorreta, uma vez que a epistemologia empirista nega o modelo acerca dos objetos. Kant também considera que o processo de
científico cartesiano ao colocar as experiências sensíveis como conhecimento está ligado à autonomia do sujeito no uso da razão e
principal instrumento para a obtenção do conhecimento e que o se dá devido a estruturas cognoscentes que existem anteriormente
racionalismo cartesiano parte do pressuposto de que o sistema à qualquer experiência empírica.
cognitivo humano é inato.
Hegel faz uma crítica à concepção kantiana do sujeito
Resposta da questão 14: [A] transcendental, uma vez que esta parte do pressuposto de uma
consciência já considerada como posta, originária. A partir dessa
A filosofia cartesiana adota uma abordagem racionalista, o que crítica, Hegel levanta o problema filosófico da formação da
quer dizer que o conhecimento valorizado e considerado seguro era consciência. Ao analisar esse processo, Hegel considera central a
aquele obtido através da razão, especificamente da razão orientada percepção de que se trata de um processo essencialmente
pelo método. Essa perspectiva enfraqueceu o poder da Igreja, já histórico. A partir de uma consciência crítica acerca da história,
que tendia a não aceitar seus dogmas, o que também pode ser dito portanto, seria possível entender o sentido e a direção da história,
sobre a filosofia tomista, de Tomás de Aquino, filósofo medieval identificando as “leis da história”
vinculado à Igreja. Descartes, assim como outros racionalistas, não
aceitava como indubitáveis os conhecimentos adquiridos pelos Marx, por sua vez, entende a consciência como produto das
sentidos, mas duvidava deles, a ideia geral é que os sentidos podem condições materiais de existência, considerando sua construção e
nos enganar e, portanto, só a racionalidade metódica poderia nos reprodução, de modo que seria a vida que determina as formas de
esclarecer. consciência, e não o contrário. Nessa perspectiva, Marx também
entende a ideologia como uma forma de interpretação da realidade
Resposta da questão 15: [C] que a dissocia das condições materiais históricas da sua formação,
resultando, portanto, em uma interpretação distorcida e produtora
Segundo o pensamento de Descartes, a filosofia natural tem como de alienação.
fundamento central o conceito de substância. Para esse pensador,
as substâncias podem ser do tipo pensante, que seria relativa ao A partir desses conhecimento, o aluno deve identificar a alternativa
sujeito pensante, ou do tipo extensa, que seria a matéria com as [C] como a única que apresenta a sequência correta.
suas características, como largura, profundida, altura etc. Assim, a
filosofia natural seria relativa ao entendimento dos movimentos Resposta da questão 18: [E]
dos corpos e da variação desses movimentos por meio de uma
perspectiva mecanicista. Essa perspectiva parte do pressuposto de [A] Incorreta. Não é a língua por si só que abriga o preconceito, mas
que os fenômenos se explicam por uma causa mecânica sim a adesão irrefletida à autoridade motivada pela fé cega. Por
instrumental, como se o universo funcionasse tal qual uma essa razão, a criticidade não é garantida pelo mero abandono
máquina. do latim em favor do francês.
[B] Incorreta. Redigir o Discurso do Método em francês não teve
Newton, por sua vez, parte de uma mecânica que valoriza o por objetivo dar acesso à sacralidade de um texto. Ao contrário,
conhecimento dos aspectos dimensionais dos fenômenos, deslocou a suposta legitimidade de um texto simplesmente por
centralizando o caráter dinâmico dos movimentos. ter sido escrito em latim. Além disso, instaurou um gesto crítico
com relação à autoridade das explicações da natureza e do
humano, vinculadas à supremacia explicativa dos autores
 antigos, principalmente de Aristóteles e dos aristotélicos Resposta da questão 23: [B]
medievais. Além disso, o gesto cartesiano, na medida em que
apela para uma “razão natural inteiramente pura”, possui um John Locke, ao considerar que a cultura determina o processo
espírito completamente distinto do gesto de Lutero, pois, racional do conhecimento, sendo a mente humana uma “folha em
diferentemente deste, não há a sacralidade do texto. Existe, branco” antes de qualquer experiência sensorial, se classifica como
sim, a apresentação do método por meio do qual é possível um filósofo da corrente empirista. Já Descartes considera que os
chegar à verdade, baseado não na fé, mas na razão. sentidos podem ser falhos como fonte de conhecimento, uma vez
[C] Incorreta. Descartes, além de não abandonar a ideia de Deus, que são ilusórios e falhos, induzindo ao erro. Para ele, o
apreende-a como uma ideia perfeita que surge ao pensamento, conhecimento só pode ser alcançado através de um processo
por meio da qual garante a objetividade do mundo exterior ao abstrato, pois as estruturas cognitivas humanas seriam inatas à
pensamento. consciência. Assim, Descartes pertence à corrente filosófica do
[D] Incorreta. Embora haja uma crítica à tradição, ou mais racionalismo.
precisamente, às práticas históricas que sustentam
determinados pressupostos, muito mais por hábito e crença do Resposta da questão 24: [A]
que por razões sustentadas em argumentos, no Discurso do
Método, Descartes apresenta uma “moral provisória”, que Ao lançar as bases para as ciências modernas, Descartes cria um
valeria enquanto não se chegasse a estabelecer novos método científico baseado na razão para a obtenção do
fundamentos para o conhecimento. A primeira máxima dessa conhecimento. Para chegar a verdades ordenadas racionalmente, o
moral consistia em “obedecer às leis e aos costumes do meu método científico estabelece regras de investigação dedutiva. A
país”. regra apresentada pelo texto abordado envolve o processo de
[E] Correta. A novidade do pensamento de Descartes, que faz com dividir os problemas no maior número de partes possível, a fim de
que ele seja definido na posteridade como o filósofo que inaugurou melhor resolvê-los, regra que ficou conhecida como regra da
a modernidade filosófica, consiste em submeter a validação e análise, apresentada na alternativa [A].
legitimação de qualquer teoria, não mais à fé ou à crença religiosa,
Resposta da questão 25: [B]
e sim, aos poderes da “razão natural inteiramente pura”. O famoso
“Eu, eu penso, eu, eu existo”, ou “penso, logo existo”, é a primeira
René Descartes, através dos conceitos de res cogitans (coisa
verdade que inaugura a série de verdades posteriores, sendo algo
pensamente) e res extensa (coisa extensa) já apresentava o
a que se chega pelo pensamento, não mais por meio da revelação.
dualismo que mais tarde se definiu entre mente e cérebro. O
debate acerca da neurociência contemporânea baseia-se
Resposta da questão 19: [A]
majoritariamente nessa questão.
Os dois textos, em momentos históricos distintos, apresentam Resposta da questão 26: [B]
questionamentos bastante modernos: a utilização da racionalidade
como ferramenta de escrutínio da realidade. No contexto abordado pelo texto da questão, Descartes criou um
método científico assentado na razão para a obtenção do
Resposta da questão 20: [C] conhecimento, que estabeleceu regras de investigação dedutiva
para chegar a verdades ordenadas racionalmente. Descartes, ao
O texto apresentado exprime o pensamento filosófico elaborado defender a dúvida metódica como base para o pensamento
por René Descartes. Filósofo moderno, Descartes fez parte da filosófico, inaugura um novo princípio a partir do qual as ciências
vertente epistemológica do racionalismo, de modo que tomava são pensadas. Com efeito, o racionalismo cartesiano,
como pressuposto que o conhecimento puro só pode ser alcançado fundamentado na dúvida sistemática e na certeza da existência de
a partir das estruturas cognitivas inatas aos indivíduos. Descartes um sujeito pensante, rompe com o pensamento científico clássico
foi responsável por lançar as bases filosóficas da ciência moderna, e fornece as bases para as ciências modernas.
e o texto da questão destaca sua conhecida passagem acerca da
existência do sujeito pensante, estabelecendo que essa Resposta da questão 27: [D]
constatação é condição necessária para a obtenção do
conhecimento, sendo, portanto, uma premissa indubitável. O pensamento cartesiano, que introduz as bases para as ciências
modernas, apresenta como fundamentação do conhecimento a
Resposta da questão 21: [C] dúvida metódica, a partir da qual todo conhecimento seria posto
em dúvida, eliminando, dessa forma, as falsas percepções tomadas
A filosofia de Descartes marca as bases epistemológicas da ciência erradamente como certezas, condição a partir da qual seria possível
moderna, estabelecendo um novo método de investigação baseado chegar a um conhecimento indubitável. A partir disso, Descartes
na dúvida sistemática de todas as noções preestabelecidas, excerto cria um método científico baseado na razão para a obtenção do
uma: a de que o sujeito pensante existe. Por meio da dúvida conhecimento, o que influenciou o pensamento cultural francês,
metódica seria possível, segundo Descartes, chegar a princípios como corretamente indicado pela alternativa [D].
seguros. Assim, Descartes inaugurou um novo sistema de busca
pela verdade que fundamenta epistemologicamente a ciência Resposta da questão 28: [C]
moderna.
Para Descartes, o conhecimento filosófico não se limita à abstração
Resposta da questão 22: [A] teórica, mas se aplica ao conhecimento prático científico,
fundamentando o uso correto da razão humana de forma a
A partir da leitura do texto e, principalmente, do trecho “[É] uma possibilitar a obtenção do conhecimento.
coisa bem notável que não haja homens [...] que não sejam capazes
de arranjar em conjunto diversas palavras e de compô-las num Resposta da questão 29: [E]
discurso pelo qual façam entender seus pensamentos”, infere-se
que, para Descartes, a linguagem constitui um instrumento para a Descartes, ao defender a dúvida metódica como base do
expressão e comunicação dos pensamentos humanos. Assim, o pensamento filosófico, inaugura um novo princípio para
pensamento precede a linguagem, sendo esta última o elemento fundamentar as ciências. Assim, o racionalismo cartesiano, baseado
que permite ao primeiro ser entendido. Assim, a alternativa [A] é a na dúvida sistemática e na certeza da existência de um sujeito
única que deve ser identificada como correta. pensante, rompe com o pensamento científico clássico e fornece as
bases das ciências modernas.
Resposta da questão 30: [B]

Na época moderna foram estruturadas as bases para o

conhecimento científico que avançou até o período
contemporâneo. O objetivo perseguido era compreender os
fenômenos do mundo físico. A busca por uma previsão ou
antecipação destes fenômenos foi perseguida por pensadores que
buscam estabelecer princípios para a formulação de leis gerais que
pudessem garantir segurança e confiabilidade no desenvolvimento
de tais teorias. Os principais pensadores que forneceram estas
bases foram Francis Bacon e René Descartes. Bacon criou a “Teoria
dos Ídolos” a fim de purificar a mente, de livrá-la de impressões
errôneas que impedissem a observação clara e experimentação
precisa dos fenômenos naturais. Seu método era indutivo, pois
propunha que por meio de uma série de observações realizadas
com rigor, era possível estabelecer princípios para formular leis
gerais. Descartes é quem vai estruturar as bases do método
científico moderno. Por meio de sua obra: “Discurso do Método”,
Descartes propõe o uso da razão como instrumento para tornar
claro as informações que nossos sentidos captam. Após o
esclarecimento dos conceitos, por meio da observação e
comparação utilizando o rigor da matemática na análise e
formulação das teorias, seria possível formular leis gerais dos
fenômenos observados. Ambos os autores deixam de lado a visão e
do método dedutivo, proposto por Aristóteles que predominava
até então.