Introdução A Teologia

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INTRODUÇÃO

À TEOLOGIA

Instituto Bíblico Ebenézer


Seminário Maior de Ensino Teológico
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SUMÁRIO

CAPÍTULO I....................................................................... 5
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TEOLOGIA
CAPÍTULO II.................................................................... 25
O ÚNICO E VERDADEIRO DEUS
CAPÍTULO III.................................................................. 35
O HOMEM, SUA QUEDA E REDENÇÃO
CAPÍTULO IV................................................................... 41
A SALVAÇÃO DO HOMEM
CAPÍTULO V.................................................................... 49
A PROMESSA DO PAI
CAPÍTULO VI................................................................... 59
A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS
CAPÍTULO VII................................................................. 73
SANTIFICAÇÃO
CAPÍTULO VIII................................................................ 81
A BENDITA ESPERANÇA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................... 89

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DA TEOLOGIA

Todos nós, professores e alunos, precisamos aprender com a


beleza da Teologia.
A busca pelo conhecimento de Deus deveria ser a principal
fonte de investigação de qualquer ser humano e, nessa
perspectiva, os fatos narrados na Bíblia nos aproximam desta
verdade.
Para a Teologia Cristã, constitui-se em evidência primária
examinar os textos das Sagradas Escrituras. Sendo assim, este
livro se debruça sobre as revelações divinas ao longo da história
do povo bíblico e do Cristianismo. A obra oportuniza-nos uma
visão ampla e interessante, oferecendo-nos subsídios relevantes
de maneira simples e dinâmica, cujo objetivo é aproximar o aluno
das verdades bíblicas. Longe de ser um livro de um historiador
que se debruça sobre fatos históricos para enunciá-los, esta obra
conduzirá o aluno a uma trajetória empreendedora acerca do

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conhecimento de Deus, promovendo-lhe brilhantismo e eficácia


aos estudos.
Que o Espírito Santo nos capacite e nos conduza neste
descortinar dos estudos acerca deste tema tão profundo e
substancial.

1.1. DEFINIÇÃO ETIMOLÓGICA


Compreende-se facilmente que, para entender a definição sobre
Teologia, precisamos primeiro saber a raiz e o significado da palavra.
Pelos labirintos da biblioteca, observamos que este vocábulo é
formado por dois termos gregos: “theos” (deus) e “logos” (palavra,
estudo de); afigura-se então que a palavra Teologia é, dessa
forma, a ciência que estuda Deus, seus atributos, perfeições e
interferências diretas em sua criação. É interessante observar
que todas as vezes que pesquisamos os atributos, a dimensão, o
poder, e a vontade de Deus, estamos estudando Teologia. Então
não é exagerado afirmar que nenhuma Teologia vai totalmente
elucidar a grandeza de Deus, porque Ele não está sujeito às regras
temporais. A doutrina de Deus é vasta, nem mesmo os grandes
tratados de Teologia conseguem esgotar o assunto. Devemos
ter em mente que o nosso Deus é Autoexistente, Imutável,
Infinito e Eterno, enquanto o mundo é dependente, finito e
temporal. É válido lembrar que a palavra Teologia não tem sua
origem no mundo cristão. Na Grécia clássica, encontramos esse
termo ligado à filosofia. Platão foi o primeiro filósofo a fazer
uso da palavra Teologia em seu diálogo “A República”, que é
particularmente rico em termos filosóficos, políticos e sociais.
Essa obra, composto por dez partes (dez livros), é o segundo
discurso mais amplo de Platão (428-347 a.C.). Foi nesse amplo

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Introdução à Teologia

e longo discurso que ele se referiu a diversos assuntos, a saber:


política, educação, imortalidade da alma etc. Verifica-se que o
assunto central e o elo condutor do seu discurso é a justiça. É
significativo notar que, na visão de Platão, o “logos” possuía uma
definição literalmente filosófica; o termo “theos” fazia referência
a qualquer ser transcendente ou coisa divina.
Já a vertente de pensamento de Aristóteles ao definir o termo
Teologia em sua filosofia, assenta a Teologia como a ciência que
indaga sobre o ser divino.
O salto que se deve dar nesta direção é informar que, apenas a
partir do século IV, a palavra Teologia é empregada no universo
cristão. Cabe ainda deixar claro que foram os Padres da Igreja
que deram início em nomear o estudo sobre Deus na Teologia.
A partir do que se pode ler de Agostinho de Hipona, em sua
obra De Cevitate Dei (Cidade de Deus), utiliza-se da palavra
Teologia a uma particularidade cristã. O ponto de partida
para as reflexões de Agostinho a respeito da Teologia é que
ela não deveria ser utilizada como um discurso comum sobre
divindades, como os gregos refletiam, mas deveria ser utilizada
como uma reflexão sobre o encanto do Deus da Revelação. “Foi
um dos mais importantes pais da Igreja. Com uma mente brilhante e
coração incansável, ele se tornou um poderoso líder religioso num tempo
crucial, moldando a Igreja pelos séculos que se seguiram”. (COSTA,
2019, p.52). Agostinho de Hipona deixou seu nome registrado
em diversas obras que influenciaram a Teologia Cristã ao longo
da História. Assim sendo, podemos dizer que sua contribuição
irá alterar o pensamento cristão não na definição da palavra
Teologia, mas no seu sentido. Agrada-nos profundamente a ideia
de que, para os cristãos, o “Logos” não é uma palavra comum,
mas possui toda a sua importância, sendo o “Logos” uma palavra

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que toma forma na pessoa de Jesus, o Verbo encarnado. “No


princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram
feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo. 1.1-3).
Como bem disse o Bispo Primaz Manoel Ferreira a esse respeito:
“Ao dizer que Jesus é o “Logos”, estamos afirmando que, a um só tempo,
Jesus é a Palavra, a comunicação que Deus faz de Si mesmo, como também
que é Ele a razão, o pensamento, a inteligência que tudo sustenta, que
tudo ordena, que tudo organiza”. (FERREIRA, 2016, p.19). Em
uma única direção, podemos perceber que o termo “Theos”, na
compreensão dos cristãos, diferentemente dos gregos, não se
refere a qualquer divindade, mas trata-se do Deus da revelação
bíblica. É preciso acrescentar que a Doutrina da Revelação de
Deus aborda a manifestação que o Senhor faz de si mesmo e de
sua pretensão aos homens. “Certamente o Senhor Jeová não fará
coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os
profetas” (Am. 3.7).
No período da Escolástica (abrange o período que vai do
século VIII ao século XIV), Tomás de Aquino, um dos mais
respeitáveis nomes da filosofia medieval, ao apropriar-se do
pensamento de Aristóteles passa a idealizar a Teologia como
ciência especulativa, que ficou marcada pela tentativa de
conciliação entre razão e fé.
Contudo, percebemos no início da idade moderna que a
Reforma Protestante, negando qualquer forma de Teologia
através de um estudo especulativo, sugere uma Teologia prática.
“O movimento da Reforma foi complexo e diferente em outras partes da
Europa, seu programa não se ateve somente à reforma das doutrinas
da Igreja, antes, mudou a forma de pensar. Tratou de questãos sociais,
políticas e econômicas fundamentais complexas”. (COSTA, 2019,

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Introdução à Teologia

p.71). No enfoque teológico e histórico percebe-se, nos escritos


de Lutero, que ele fez o elo da palavra Teologia ligando-a com a
história e com a vida de fé do cristão.

1.2. DEFINIÇÃO TÉCNICA


Vale citar que a Teologia é o esforço humano por compreender
melhor a Revelação de Deus feita ao homem, através de Jesus
Cristo, em seus vários aspectos; como a vida humana, costumes
e o universo. Pelo que se pode ver, trata-se de um estudo
sistemático sobre Deus, ou seja, seus predicados e sua essência.
Podemos observar, com clareza, que a Teologia como ciência
tem como principal elemento de estudo o Senhor Deus. A partir
do que se pode ler, ela parte do princípio de que o conhecimento
a respeito do Supremo Ser já se revelou ao homem. Ainda vale
assinalar que diversos teológos corroboram com o mesmo
pensamento: o que Deus não revelou não pode ser conhecido,
estudado ou explicado.
Dentro desse panorama, a Teologia é a mais elevada reflexão
que nos aproxima de Deus, pois nela estão os seus mistérios.
Claro está para nós que na Teologia observamos que o acesso
mais profundo a Deus se faz pelo coração, pela conversão, pela
entrega e amor a Ele. Portanto, a Teologia é o estudo sobre sua
obra e sua revelação.
Mas o que não se pode deixar de perceber é que mesmo
que não localizemos na Bíblia a palavra ‘teologia’, ainda assim
podemos dizer que ela é bíblica em seu caráter. Parece-me
pertinente mencionar que no livro de Romanos 3. 2 encontramos
ta logia tou Theou (os oráculos de Deus).

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1.3. AS FONTES DA TEOLOGIA


Por mais complexa que nos possam parecer as obras a respeito
da Teologia e o rico material em suas mais variadas abordagens,
é preciso considerar quais são as suas fontes.
Essa observação serve, em todo caso, para nos mostrar em
que o teólogo se baseia para fazer Teologia.
Feito esse diagnóstico, podemos citar as seguintes fontes das
quais a Teologia faz uso:

• Teologia Natural
O Universo criado é estudado para determinar certas verdades
acerca de Deus e da natureza humana. A Teologia Natural envolve
a filosofia humana e o raciocínio como meios para se conhecer
Deus. Essa Teologia baseia seus estudos principalmente nos
textos de Romanos 1. 20 e do Salmo 19.1-4. A Teologia Natural
é o estudo de Deus fundamentado na observação da natureza,
distinto da teologia “sobrenatural” ou revelada. Observe-se ainda
que há divergentes opiniões a respeito da Teologia Natural, pois
alguns estudiosos rebatem a ideia da possibilidade de evidenciar a
existência de Deus através da Criação.
O Apóstolo Paulo toma fôlego para descrever, de modo bem
aberto, sua admiração pela Criação. “Porque as suas coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua
divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que
estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Rm. 1. 20).

• Tradição
Muitos homens vivem desprovidos de uma crença da verdade.
A partir dessa perspectiva, alguns desses fazem pesquisa,

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Introdução à Teologia

para saber o que vem sendo adotado e ensinado por líderes e


organizações cristãs. Assim que o indivíduo se sente atraído
pelas verdades contidas nas Escrituras, após fazer uma análise
pessoal, torna-se um adepto e defensor da fé cristã.

• As Escrituras
A autoridade das Escrituras é incontestável. “Lâmpada
para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho”
(Sl. 119. 105). Diante dessa verdade, a Bíblia é tida como o
documento definidor ou a constituição da fé cristã. Ela possui
uma abordagem específica sobre o que se deve crer e o que se
deve fazer. Não podemos abster-nos de considerar que, na
Escritura, O Deus Único e Verdadeiro sempre confronta o leitor
em julgamento e graça.

1.4. DEFINIÇÕES INADEQUADAS


A falta de uma compreensão bíblica harmoniosa tem
levado muitos a definirem a Teologia com termos enganosos
e injustificados entre o povo de Deus. Já se declarou que ela
é “a ciência da religião”; mas o termo religião de maneira
nenhuma é um sinônimo da Pessoa de Deus e de toda a sua
obra. Tal observação é de tamanha importância, pois estas visões
erradas sobre a Teologia, como é obvio, a tem tornado pobre,
transmitindo uma compreensão superficial e errada sobre a
Pessoa de Deus.
Essas definições equivocadas sobre a verdadeira Teologia
têm causado uma desesperança que só faz piorar a vida do ser
humano, que, em vez de trazer alívio, verdadeiro conhecimento
e esperança aos que a buscam, tem induzido muitos ao

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esmorecimento e dor.
Não é dificil constatar que há muitas doutrinas falsas, que
tentam ludibriar as pessoas e afastá-las da salvação em Jesus. O
entendimento mais profundo nesse sentido nos faz ter a certeza
de que precisamos analisar tudo à luz da Bíblia, que é a Palavra
de Deus.
A abordagem parece nos configurar que, se alguma Teologia
não concordar com a Bíblia, deve ser rejeitada completamente.

1.5. AS DIVISÕES DA TEOLOGIA


Teologia Exegética - Deve-se reconhecer, entretanto, que a
origem da palavra exegética vem da palavra grega “ekegéomai”,
que quer dizer: penso, saco, extrair. Em um estudo autoconciente
essa parte da Teologia procura encontrar o verdadeiro
significado das Escrituras, através da exegese, utilizando-se do
conhecimento das línguas originais em que foram escritos, tais
como, o hebraico e o grego antigo.

• Teologia Histórica - Sua narrativa envolve o estudo


da História da Igreja e o desenvolvimento da interpretação
doutrinária. Por meio dessa Teologia, podemos observar com
clareza o desenvolvimento histórico da Teologia, acompanhando
uma ordem cronológica que nos é apresentada na História da
doutrina cristã. A Teologia Histórica, como um braço da
Teologia, pesquisa os mecanismos sócio-históricos e culturais
que dão origem a ideias, afirmações e preceitos teológicos.

• Teologia Dogmática - É o estudo da veracidade revelada por


Deus, isto é, do dogma das verdades fundamentais apresentadas

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Introdução à Teologia

nos credos da Igreja.

• Teologia Bíblica - Traça o progresso da verdade através dos


diversos livros da Bíblia, e descreve a maneira de cada escritor em
apresentar as doutrinas mais importantes. A Teologia Bíblica
está dividida em duas partes, a saber: Teologia Bíblica do AT e
Teologia Bíblica do N T.

• Teologia Prática - Como o próprio nome sugere, é o


estudo da Teologia de maneira que a torne saudável e prática à
vida quotidiana.

• Teologia Natural - Se ocupa em estudar os acontecimentos


que fazem referência a Deus e seu universo, que se encontra
revelado na natureza.

• Teologia Sistemática - Encarrega-se de coordenar os


ensinos teológicos e sistematizá-los com os títulos de cada estudo
a ser abordado. É uma importante ferramenta em nos ajudar a
compreender e ensinar a Bíblia de uma forma organizada. Sua
função é analisar tudo o que for possível dentro do tema de
estudo.

Teologia Sistemática é um arranjo ordenado da doutrina


cristã, ou seja, é a sistematização dos principais temas
relacionados à fé, tais como:

¾ Escrituras Sagradas (Bibliologia);


¾ Deus (Teologia);
¾ Jesus Cristo (Cristologia);

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¾ Espírito Santo (Pneumatologia);


¾ Anjos (Angelologia);
¾ Homem (Antropologia);
¾ Pecado (Hamartiologia);
¾ Salvação (Soteriologia);
¾ Igreja (Eclesiologia);
¾ Últimas Coisas (Escatologia).

1.6. AS PRINCIPAIS DOUTRINAS


Sem dúvidas, um dos grandes problemas da atualidade é o
empobrecimento doutrinário de nossas Igrejas. Por isso, o estudo
da autêntica doutrina bíblica serve como apoio ao crente, para
que ele possua uma vida espiritual harmoniosa, habilitando-o a
ser uma influente testemunha de Cristo.

• Doutrina de Deus
Para um melhor entendimento desta doutrina, é importante ter-
se em mente que ela é a solidez e o fundamento dos quais outros
ensinamentos bíblicos dependem. “Não podemos andar na contramão
da humanidade, já que a ciência, a filosofia, a antropologia e muitas
outras formas que o homem encontrou para estudar acerca de sua existência
convergem para uma única certeza: “Deus existe!” (MAIA, 2008, p,
20). Detendo-se com mais vagar, percebemos que o cristão deve
batalhar para obter um verdadeiro entendimento de Deus.

• Doutrina de Cristo
Por centenas de vezes, vi-me obrigado a leituras sucessivas
e cuidadosas desta pergunta feita por Jesus: “(...) Quem dizem
os homens ser o Filho do Homem?” (Mt. 16. 13). É curioso

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Introdução à Teologia

observar que essa pergunta feita por Jesus há mais de 2.000


anos, permanece viva atualmente. Afinal, em meio a tantas
dúvidas, Ele continua sendo o personagem mais intrigante da
história. Podemos dizer que Ele ainda é um enigma para muitas
pessoas. Um número crescente de sábios eruditos se perguntam
quem realmente foi esse homem. Não poucos os historiadores
aceitam o fato de que Jesus existiu e foi um judeu da Galileia;
que viveu e ensinou durante o século I. No entanto, mais
provocante do que aceitar essa verdade é ter o entendimento
de que Cristo é o Verdadeiro Deus, assim como, o Verdadeiro
Homem. Isso posto, a apropriada identidade dEle só pode ser
adotada por revelação divina, e pelo único manancial, que é a
Palavra de Deus.

• Doutrina do Espírito Santo


Somos sabedores de que existem muitas desordens e
falhas nas informações a respeito da personalidade, operações
e manifestações do Espírito Santo. Estamos certos, pela
importância que ocupa nas Escrituras, de que a Doutrina do
Espírito Santo é essencial para o entendimento da nossa vida
cristã. As Escrituras Sagradas nos fornecem inúmeras provas de
quem é o Espírito Santo e a sua autoridade. À luz da Palavra de
Deus, aprendemos que o Espírito Santo não é uma influência,
força ativa ou energia cósmica, mas sim um com o Pai e o Filho.
Que vemos então? Que o Espírito Santo é Deus (1 Jo. 5. 6,7).
Encontramos aqui o fio que nos permite dizer que a
Santíssima Trindade é uma verdade incontestável da fé cristã.
Infelizmente, existem muitos estudiosos com termos evasivos
que têm sustentado ideias errôneas sobre essa doutrina tão
importante para todos.

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• Doutrina dos Anjos


É preciso muita sabedoria e cautela para comentar sobre a
doutrina do Anjos. Como nos mostram as literaturas existentes
no mundo, há muitas crenças sobre anjos. Nesta ordem de
ideias, somos sabedores que essas crenças sobre esses seres têm
influenciado a fé de muitos ao redor do mundo. “Numa época em
que um vácuo espiritual parece ter criado tremenda ansiedade pelos eventos
sobrenaturais, estou convencido de que necessitamos de conhecer a verdade
sobre anjos”. (LAW 2001, p.10). Trabalhando de mãos unidas com
a Teologia Cristã, podemos, através de um estudo sistematizado,
alargar a nossa compreensão sobre estes seres, ainda que admiráveis
em poder, os anjos não carecem nem podem ser adorados. O Bispo
Abner Ferreira foi quem formulou, com mais clareza, essa ideia:
“Jesus, ao ser preso, confirmou o poder dos anjos, dizendo que bastaria
rogar ao Pai e seria livre de seus inimigos (Mt. 26. 53). Ainda hoje, os
anjos de Deus estão ao nosso dispor para nos livrar e guardar (Sl. 34. 7)”.
(FERREIRA, 2020, p. 58). Sua incumbência é exaltar a Deus e
trabalhar em prol dos que hão de herdar a vida eterna.

• Doutrina do Homem
A Bíblia nos apresenta que o homem foi criado por Deus,
conforme sua imagem divina. “E criou Deus o homem à sua
imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou”
(Gn. 1. 27). Essa criação, cabe notar a princípio, era perfeita e
agradável aos olhos de Deus. Contudo, nas reflexões que se
seguem, essa imagem perfeita e harmoniosa entre o Criador e o
homem se perdeu com a queda do homem (Gn. 3. 23). “Quando
Deus deu ao homem o livre arbítrio, ele, ainda no seu estado natural;
escolheu dar ouvidos à serpente, desprezando a obediência a Deus. Por
esse motivo, ele caiu no pecado, vindo após isto todas as consequências

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Introdução à Teologia

desta tão infeliz decisão nas ações e na qualidade de vida dos homens”.
(SILVA, 1999, p.5). Para o ser humano, uma doutrina correta é
fundamental para sua reconciliação com Deus. A este respeito
somos sabedores de que a Bíblia está recheada de valores morais e
espirituais, nos ensinando sobre Deus, o pecado, o céu, o inferno,
o bem e o mal, Jesus Cristo, o Espírito Santo, a salvação, a vida
eterna e como o cristão deve viver. Diante dessas verdades, desejo
acentuar que todo ensinamento que se desvia da doutrina do
verdadeiro Evangelho é uma doutrina falsa.

• Doutrina da Salvação
Salvação é uma palavra de profunda definição e de infinita
abrangência. Ao abrirmos um dicionário sobre a definição
dessa palavra, encontramos a seguinte resposta: “O livramento
espiritual e eterno concedido imediatamente por Deus aos que aceitam
as condições estabelecidas por Ele, referentes ao arrependimento e à fé no
Senhor Jesus, somente em quem será obtido (At. 4. 12), e sob confissão
dEle como Senhor (Rm. 10 .10); para este propósito o Evangelho é o
instrumento de salvação (Rm. 1. 16; Ef. 1. 13)”. (VINE, 2003,
p.967). Apropriando-nos dessa definição, podemos dizer que a
salvação é o processo através do qual Deus salva os homens
do pecado, livrando-os do inferno, por meio das maravilhosas
coisas que Deus tem preparado para eles. A salvação da alma
não é por mérito do ser humano, pois é um presente de Deus
ao homem que se arrepende dos seus pecados pela fé em Jesus
Cristo. Infelizmente, muitos possuem uma visão superficial da
inefável salvação efetuada por Jesus. Não devemos esquecer
que Salvação é o usufruto dessa entrega. “A salvação se dá pela
regeneração e pela renovação do Espírito Santo, assim, o homem é
justificado pela graça, mediante a fé, tornando-se herdeiro de Deus e

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alcançando a vida eterna”. (SILVA, 1999, p.37). Daí a necessidade


de estudá-la em todo o seu âmbito.

• Doutrina da Igreja
É necessário que a Teologia envolva a Bíblia e os acontecimentos
históricos da Igreja, para alargar sua fidelidade no modo de
interpretação sobre as verdades que são encontradas, sacadas
e extraídas das Escrituras. “Olhar para a Igreja é ver o cuidado
de Deus sobre o seu povo, e sua soberania sobre a história humana”.
(COSTA, 2018, p.11). Além de carregar beleza e veracidade,
uma Teologia correta, equilibrada e bíblica é essencial para
um bom funcionamento de uma Igreja, pois serve como um
instrumento para harmonizar um melhor conhecimento de
Deus e do nosso relacionamento com Ele.

• Doutrina do Pecado
De acordo com as Escrituras, a história pervertida da humanidade
tem início com a história do pecado do homem e sua desobediência
a Deus no Éden. O que esta verdade tem a nos mostrar? Que o
homem foi quem, por seu livre-arbítrio, caiu na rede ardilosa do
diabo, originando assim, o pecado na história. Bispo Abner Ferreira
ressalta-nos que: “Ao afastar-se de Deus, o homem contraiu sobre si mais do
que um problema para resolver, pois, esse mal se tronou insolúvel do ponto de vista
humano”. (FERREIRA, 2017, p.10). Note-se que a punição final do
pecado é a morte eterna, ou seja, o juízo contra o pecado (Hb. 9. 27).

• Doutrina das Escrituras


A Doutrina das Escrituras é fundamental para a fé cristã.
Deve-se reconhecer, entretanto, que a Bíblia é a Palavra de
Deus à humanidade. Não é difícil enxergar que nas Escrituras

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Introdução à Teologia

encontramos o plano divino para a salvação de todo aquele que


crê em Jesus (Jo. 20. 30, 31). Não foram poucos os autores que
escreveram que, através de um estudo da autêntica Doutrina das
Escrituras, o crente passa a ter uma vida espiritual admirável e
santa, habilitando-o a ser uma poderosa testemunha de Cristo.

• Doutrina das Últimas Coisas


Somos sabedores que a Doutrina das Últimas Coisas
(Escatalogia) é o estudo das doutrinas bíblicas acerca dos
últimos dias e do destino da humanidade no mundo. A
Escatologia estuda diversos temas, tais como: a Prisão de
Satanás, Estado Intermediário, Arrebatamento da Igreja, A
Grande Tribulação, Batalha do Armagedom, Tribunal de Cristo,
Milênio, Julgamento Final, Novo Céu e Nova Terra etc. Assim,
pensamos que é um tema de muita importância para os cristãos.
“O aprendizado correto da Escatologia vem através do conhecimento
progressivo da verdade, de regras e das leis imutáveis, estabelecidas pelo
próprio Senhor para o dia, hora, local e geração por Ele determinados.
É fundamental que o estudante da Escatologia Bíblica entenda que seu
estudo não pode ser motivado pela especulação, mas pela esperança e pela
fé nas promessas de Deus para o seu povo”. (PRATTIS, 2015, p.9).
De nossa parte, julgamos que muitos cristãos desanimam ao
estudarem temas escatológicos, pois muitos, por considerarem
o conteúdo um tanto confuso, desistem de pesquisar sobre este
assunto tão importante.

1.7. O QUE FAZ UM TEÓLOGO?


Sutilmente e com muita delicadeza, eis aí uma interrogação
que muitos se fazem. A inquietação se dá se um teólogo seria

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uma profissão ou um simples título?


A Teologia literalmente se traduz pelo estudo de Deus. É
claro que estudar a Deus é impossível, visto que Ele é irrevelável;
entretanto, estudar as coisas concernentes a Ele é possível e
apropriado. Então, o teólogo trabalha estudando exatamente
essas questões.
É importante citar que o teólogo faz uso das disciplinas como
a Filosofia, Antropologia, Sociologia, Psicologia e História, de
modo a compreender as diferentes práticas religiosas e seus
conflitos sobre a vida dos indivíduos e da sociedade, como um
todo, em diferentes assuntos.
Um teólogo procura tornar a religião um saber racional,
no caso, um saber chamado Teologia. De maneira ampla, ele
investiga as relações entre o ser humano e Deus.
Vale salientar que as atividades de um teólogo não estão
atreladas a uma religião específica; contudo, é nossa tese que
a formação teológica é indispensável para a formação de um
notável obreiro.
Um obreiro precisa ser um estudioso das Escrituras para
possuir o conhecimento necessário, a fim de orientar e aconselhar
as pessoas diante de dificuldades de ordem moral e espiritual.

1.8. OBJETIVOS DA TEOLOGIA


• Apresentar meios para uma Teologia Cristã harmoniosa.
É preciso admitir que os cursos de Teologia procuram
oferecer aos seus alunos um conhecimento bíblico preparando-
os para conhecerem Deus, seus ensinamentos, sua influência na
sociedade e o contexto histórico das religiões. Podemos ainda
acrescentar que cada instituição tem uma grade diferenciada. Por

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Introdução à Teologia

isso, antes de escolher um curso de Teologia, é fundamental ao


aluno confrontar se os valores do núcleo institucional apresentam
o Único Deus Verdadeiro como Criador do universo. Conclui-
se, então, que a finalidade primeira da Teologia é demonstrar
a existência de Deus, posto que provada já está, e dispensa
qualquer esforço nesta direção. Além disso, também é objetivo
da Teologia produzir conhecimento correto da personalidade e
do caráter divinos.

• Conscientizar o homem acerca da gravidade da queda.


Afigura-se que, entre todas as criações realizadas por
Deus, o ser humano merece destaque especial, em razão das
peculiaridades curiosas e impressionantes do seu existir. “Deus é
um Ser com propósitos para sua criação, e de maneira resumida
podemos afirmar que o homem foi criado para o louvor da sua
glória (Ef 1. 5,6). Entretanto, o pecado na vida do homem
desviou-lhe dos propósitos divinos, deixando-o totalmente
aquém do projeto original (Dn 9.5)”. (FERREIRA, 2017, p.10).
Ao pecar contra Deus, o homem perdeu o completo domínio
sobre a criação e tornou-se vulnerável à morte. Vale observar, no
entanto, que a Teologia procura explicar ao homem a origem, a
extensão e a natureza dessa queda.

• Expor a necessidade da restauração do homem.


A constatação da queda leva a uma necessidade: a da
restauração. A partir desse ponto da discussão devemos
reconhecer que o pecado do homem o destitui da glória de
Deus; e é importante observar que somente através de um
arrependimento sincero por meio da fé na obra expiatória e
redentora de Jesus Cristo o homem pode ser restaurado. Esta

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necessidade depreende-se do fato de que o homem é criatura de


Deus e, sendo assim, não deve ter sido feito para a ruína.
Por outro lado, verifica-se o empenho que o homem tem feito
para desvencilhar-se desse problema. Logo, a restauração é uma
necessidade e uma possibilidade, e é algo que somente o Criador
pode realizar. O Bispo Abner Ferreira destila grandeza ao falar
sobre esse assunto. “O pecado encerrou todos os seres humanos
em uma mesma condição: perdidos (Rm 3. 23; 11. 32). E a
Bíblia revela que Deus manifesta a sua ira contra a impiedade
e injustiça dos homens (Rm 1. 18). Era preciso solucionar esse
problema. Deus tomou a iniciativa de reconciliar o mundo por
intermédio de Jesus Cristo (2 Co 5. 18). O arrependimento é a
reação positiva do homem ao chamado divino da reconciliação”.
(FERREIRA, 2017, p.22).
Percebemos assim, de maneira incontestável que somente
Deus contém o poder de restaurar o homem da queda,
justificando-o, santificando-o e glorificando-o. Há, porém, algo
mais inquietante do que isso: a inspiradora promessa é que,
além de restaurar o homem, o Senhor há de ressuscitá-lo dentre
os mortos, dar-lhe novo corpo, e blindá-lo de incorruptibilidade
e de imortalidade (1 Co 15. 53). A par disso, não há dúvidas de
que a Teologia deve também explicar essa restauração.

• Explicar ao homem a perfeição do mundo vindouro.


Existem evidências da existência de um mundo após a morte,
de além-túmulo, e da vocação inata no homem à eternidade.
A Teologia, logo, não poderia furtar-se ao nobre propósito
de explicar esse mundo e de preparar o homem para nele
entrar, após seu desaparecimento da terra; visto que nenhuma
outra forma de conhecimento o pode fazer. Deus, com isso,

22
Introdução à Teologia

estará enxugando de nossos olhos toda lembrança sombria e


melancólica de um passado triste (Ap 21. 4).
É nesse ponto que a Teologia é superior às demais ciências,
pois enquanto essas lhe dão conhecimento apenas do mundo
presente, que é, por natureza, transitório; a Teologia torna o
homem sábio para a posse da vida eterna, preparando-o para
viver no mundo vindouro.

23
CAPÍTULO II

O ÚNICO E
VERDADEIRO DEUS

Adotando o ponto de vista das Escrituras, podemos dizer que


o Deus único e verdadeiro se revelou de maneira aparente em
Jesus Cristo, e por intermédio de sua Palavra.

2.1. O ÚNICO E VERDADEIRO DEUS


Não são poucos os estudiosos que se debruçam em suas
pesquisas para questionarem a existência de Deus.
Sem embargo no contéudo, a Bíblia descreve que há pessoas
que têm prova autossuficiente de que Deus existe, porém,
encobrem essa verdade. “Porquanto, tendo conhecido a Deus,
não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes,
em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se
obscureceu” (Rm 1.21). Para a comunidade cristã, o entusiasmo,
se somado à paixão, nos faz ver que, na vida do cristão, a existência

25
Instituto Bíblico Ebenézer

de Deus e a ressurreição de Jesus não são apenas objetos de fé,


mas uma verdade coerente e racional. Note-se que nós cristãos
temos a certeza de que encontramos claras evidências da sua
existência nas Escrituras e na natureza. “Ao estudar a Palavra de
Deus, chegamos à conclusão de que a existência é provada de maneira
inequívoca quando nos deparamos com as maravilhas da criação (Sl.
19. 1).” (MAIA, 2008, p.19). Para uma melhor compreensão
desse pensamento, seria oportuno buscar refúgio na citação do
Bispo Abner Ferreira: “De acordo com o relato do livro de Gênesis,
Deus criou todas as coisas existentes no universo, inclusive, o primeiro
casal (Gn. 1.1; 2.7; Cl. 1.16). Isso significa que todas as coisas,
sejam elas terrenas, celestiais, materiais ou espirituais, se originam no
Criador”. (FERREIRA, 2017, p.5). As provas de que Deus existe
se encontram, logicamente, disseminadas por toda a Bíblia.
Esse pensamento se faz a partir de que Deus é o personagem
principal das Escrituras (Gn. 1.1; Êx. 3. 14,15; 33.19,20;
34.14; Nm. 23.19; Dt. 7.9; 10.14; 29.29; 32.4; Sl. 19.1; Pv.
30.5; Ec. 11.5; Is. 45.15; Jr. 32.27; Mc. 10.18; Lc. 1.37; Rm.
1.18-20; 1 Jo 1.5). Claro está que a Bíblia nos informa sobre
a verdadeira natureza do caráter do Único e Verdadeiro Deus.

2.2. É NOSSA RESPONSABILIDADE SAGRADA


EXAMINAR CADA DOUTRINA, PARA VERI-
FICAR SE É VERDADEIRA OU FALSA.
Observa-se uma legítima preocupação nas Escrituras em nos
informar sobre os perigos de sermos enganados por doutrinas
dos homens. “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas
coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que
te ouvem” (1 Tm. 4.16).

26
Introdução à Teologia

• A Bíblia se opõe ao Materialismo.


As Sagradas Escrituras opõem-se à teoria que reduz à
matéria tudo quanto existe. A Bíblia nos informa que Deus
criou tudo, ou seja, Ele criou o céu, a terra, os seres vivos, os
anjos e a humanidade (Gn. 1.1). Contrapondo esta ideia, a visão
materialista possui uma cosmovisão, uma maneira diferente
de observar o mundo. Tal pensamento defende que todos os
fenômenos do universo existem e sempre existiram, no entanto,
eles não conseguem responder como tudo isso aconteceu;
somente defendem a opinião de que a matéria nasceu de um
acidente físico-químico, há bilhões de anos, o qual originou tudo
que hoje se vê. “No desejo de enganar o homem, Satanás tem estimulado
o surgimento de falsos mestres, o que já havia sido predito pelos apóstolos
(At. 20.29,30; 2Pe. 2.1). Isso ele faz para restringir o crescimento
do Reino de Deus, ensinando doutrinas erradas para confundir os
incautos (2 Co. 11.13). Somente empunhando a Armadura de Deus,
conseguiremos vencê-los (Ef. 6.14-17)”. (CROCE, 2000, p.6).
Façamos aqui uma confissão: diante desses pensamentos
diabólicos a Igreja precisa estar atenta e todos os “ismos”
adversos à Teologia Bíblica.

• A Bíblia se opõe ao Politeísmo.


O primeiro mandamento do Decálogo é muito mais que
uma oposição à idolatria; trata-se da soberania de um Deus
amoroso, que não divide a sua glória com ninguém. “Não
terás outros deuses diante de mim” (Êx. 20. 3). Notamos que
o nosso Deus não apenas criou todas as coisas, mas, também,
sustenta as obras da sua criação; se revelou ao ser humano e
quer se relacionar com ele. Devemos ter em mente que Deus
é um Ser particular. Por isso, a nossa adoração e devoção

27
Instituto Bíblico Ebenézer

devem ser exclusivas a Ele. “Ouve, Israel, o Senhor, nosso


Deus, é o único Senhor” (Dt. 6. 4).

• A Bíblia se opõe ao Panteísmo (doutrina que afirma


que Deus é tudo e tudo é Deus.
A expressão ‘panteísmo’ deriva-se do grego “pan”, que tem
o sentido de “tudo”; e de “theos”, que significa “deus”. Sabe-
se que segundo essa doutrina, “Deus” está presente em todo
o universo, em cada elemento. Não seria exagerado afirmar que,
para o Panteísmo, tudo quanto existe é “deus” e “deus” é tudo
quanto existe. Nesse sentido, seria oportuno buscar refúgio na
fala do Pastor Joabes Rosário. “Segundo o panteísmo, não existe
qualquer deus pessoal, não existe qualquer inteligência superior,
distinta da criação, em qualquer sentido absoluto, como se “deus” fosse
possuidor de uma natureza diferente de tudo. Todas as coisas têm uma
mesma essência de “deus”, não havendo qualquer distinção, entre “deus”
e a criação, no que diz respeito à essência ou substância. Refutam a
necessidade de uma revelação aos homens, pois afirmam que Deus não
pode ser conhecido intelectualmente. Esses ensinos também rejeitamos”.
(ROSÁRIO, 2019, p. 16-17).

• A Bíblia se opõe ao Deísmo.


É conhecido como a cosmovisão do Deus ausente. Para
penetrar um pouco mais a fundo, percebemos que deísmo
é o nome comum empregado para as doutrinas filosóficas e
religiosas, que asseguram a existência de “deus” como sentido
da razão. Esse pensamento se alastrou no final do século XVIII,
que situava a crença em um “Deus ausente”, que criou o
mundo, estabeleceu suas leis e foi embora, deixando o mundo
funcionando em seus mecanismos e ordens, abandonando às

28
Introdução à Teologia

suas próprias leis físicas. “O deísmo afirma que a responsabilidade


desse “deus” em relação ao mundo é unicamente a de lhe haver dado
leis”. (ROSÁRIO, 2019, p. 16). Como podemos observar, trata-
se de um “deus” alheio a tudo que criou. Entretanto, a Bíblia
nos informa que Deus preserva todas as coisas (Ne 9.6; Sl. 104.
27-29; 145. 15-16; Mt. 6. 26; 10. 29-30; Hb. 1. 1-3;), atua
em todas as coisas (Gn. 45. 8; Is. 45. 1,2; Lc. 22. 21,22; At. 17.
27,28; 1 Co. 15. 10), e dirige todas as coisas (Rm. 8. 28; 12.
2; Ef. 1. 5).

• O Teísmo cristão e a revelação de Deus aos homens


Numa gama tão variada de pensamentos contrários às
Escrituras Sagradas, o Teísmo Cristão reconhece a existência de
um Deus que criou o universo e que ainda se envolve na sua
conservação. No diagnóstico feito pelo pastor Joabes Rosário,
temos uma ideia clara sobre esse pensamento: “Para o teísmo
cristão, tanto a Bíblia (revelação especial) quanto a natureza (revelação
geral), são revelações de Deus aos homens. Essas duas se complementam,
pois, diante da criação de Deus, ninguém é indesculpável (Rm 1. 20) e
as Escrituras Sagradas nos dizem o que devemos fazer em relação a este
Deus (At. 16. 30,31)”. (ROSÁRIO, 2019, p. 18).

2.3. OS NOMES DE DEUS


Através de um estudo exaustivo, constatamos que o nome
no mundo antigo impregnava mais sentido do que no mundo
moderno. Nesse ponto, cabe distinguir que, no Antigo
Testamento, os nomes com frequência eram usados para
desvendar a particularidade e o caráter de uma pessoa. Um
determinado nome era conferido a uma criança, na esperança

29
Instituto Bíblico Ebenézer

de que esse nome fosse um fator formativo de seu caráter e


de sua conduta. Por exemplo, alguma característica física de
um nascimento poderia sugerir o seu nome. Desejo acentuar
que houve caso de mudança de nomes em consequência de
uma experiência com Deus, como Abraão (Gn. 17.5), Sara (Gn.
17.15) e Jacó (Gn. 32.28).
Há ainda outro fator a se considerar: reconhecer os nomes
de Deus nos permite observar o quanto Ele é poderoso e
diversificado em suas ações.
Torna-se imprescindível, portanto, ter em mente que,
quando a Bíblia se utiliza do “nome de Deus”, está expondo
o poder, a nobreza e a glória do Deus Todo-Poderoso; além de
expor os atributos dEle. “(...) me encontrei explorando nomes que me
confortavam e consolavam, como Abba, “Pai”, e Yahweh Roi, “O Senhor
é o meu Pastor”, bem como nomes e títulos que pareciam estranhos ou
até assustadores, como Esh Oklah, “Fogo Consumidor”, ou El Kanna,
“Deus Zeloso”. (SPANGLER, 2014, p.10).
Sendo assim, compreendemos que os nomes de Deus estão
relacionados a seus atributos ou à honra que lhe é devida.

¾ Alguns nomes de Deus e seus significados citados na


Biblia:
• EL – A Divindade - singularidade divina de Deus;
• Iavé –­ O Autoexistente - o nome próprio;
• Elohim – Forte;
• El-Olam – Deus Eterno;
• El-Shadai – Todo-Poderoso;
• El-Elyon – Deus Altíssimo;
• Adonai ­– Senhor Soberano;
• (Jeová) Adonai-Jired – O SENHOR Proverá;

30
Introdução à Teologia

• (Jeová) Adonai-Nissi – O SENHOR é minha bandeira;


• (Jeová) Adonai-Shalom – O SENHOR é paz;
• (Jeová) Adonai-Tsidkenu – O SENHOR é nossa justiça;
• (Jeová) Adonai-Shamá – O SENHOR está ali (presença);
• (Jeová) Adonai-Tsavaot – SENHOR dos Exécitos, Salvador
e Protetor;
• Santo de Israel – Santidade;
• Rocha ­­– Confiável;
• Abir –­ Poderoso;
• Gibor –­ Valente, Poderoso;
• Tsadiq – Justo, Reto;
• Qoneh – Zeloso;
• Ancião de Dias – Juízo, Eternidade;
• Altissímo – Transcendente;
• Abba – Pai.

2.4. DEFINIÇÃO DE DEUS NA TEOLOGIA


É inquestionavelmente aceito por todos os teólogos cristãos,
que as Escrituras Sagradas, de modo pleno, não se preocupam
em provar a existência de Deus. Torna-se, portanto, claro que
sua existência é fato consumado. Desde já, é preciso que se
admita que a fé seja absolutamente necessária para que se aceite
a existência de Deus. “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus,
o Senhor, o Criador dos confins da terra, nem se cansa, nem
se fatiga? Não há esquadrinhação do seu entendimento” (Is.
40.28). Entretanto, diante de uma sociedade que apresenta um
discurso inconsistente sobre Deus e seus atributos, a Teologia,
por meio das Escrituras, nos apresenta a seguinte definição
de Deus: Supremo (Dt 6.4); Absoluto (Cl. 1.17); Infinito por

31
Instituto Bíblico Ebenézer

excelência (2 Pe. 3.8); Criador dos céus e da terra (Gn. 1.1);


Eterno (Jr. 10.10); Imutável (Is. 26.4); Onipotente, Onisciente
e Onipresente (Sl. 139); Deus é Espírito (Jo. 4.24); Único (Jd.
1.25); Perfeito (1Tm 1.17); Zeloso (Dt 4.24); Misericordioso
(Dt. 4.31); Grande e Poderoso (Dt 10.17); Perfeito, Verdadeiro,
Justo e Reto (Dt. 32.4); Salvador (2 Sm. 22.3); Excelso em
poder (Jó 36.22); Misterioso (Jó 36.26); Justo Juiz (Sl. 7.11);
Bem presente (Sl. 46.1); Santo (Sl. 99.9); Fiel (2 Co.1.18);
Poderoso (2 Co. 9.8); Amoroso (1 Jo. 4.8). Diante do que vimos,
podemos dizer que a definição de Deus na Teologia consiste em
estabelecer um conceito coerente a respeito dEle. “Deus é o Ser
Supremo, um Espírito dotado de entendimento e vontade, infinitamente
perfeito que existe por si mesmo, porque de ninguém recebeu a existência,
ninguém O fez”. (MAIA, 2008, p. 20).

2.5. DEUS EXISTE ANTES DE TUDO E DE TODOS


Não é raro ouvir esta pergunta: você acredita em Deus? Quase
que cegamente dizemos que sim! Estamos cercados de evidências
de que existe um Criador Sábio, Zeloso, Poderoso, Amoroso,
Único e Eterno. Essa certeza é ecoada pelo Apóstolo Paulo.
“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo,
tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e
claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles
fiquem inescusáveis” (Rm. 1.20).
Deus se revela por meio da sua Onipotência, Onisciência
e Onipresença. Vale salientar que Deus é Eterno, incriado, de
existência por si mesmo, Poderoso, a origem de tudo que foi criado.
Sim, pois, seus atributos são infinitos ou ilimitados, enquanto nós
somos seres finitos e, pois, de inteligência finita. “O conceito bíblico da

32
Introdução à Teologia

Onipotência de Deus está fundamentado na assertiva de que não existe lugar


na Terra ou fora dela em que Deus não esteja presente, conforme declarou
o salmista (Sl 139)”. (ROSÁRIO, 2019, p.17). É muito importate
termos a certeza de que Jesus é o resplendor da glória do Pai. É
indispensável prestar muita atenção para o fato de que, em Jesus,
Deus visita verdadeiramente o seu povo, de uma maneira que vai
além de todas as probabilidades. Deus envia o seu Filho Unigênito;
que sendo Deus, faz-se homem por amor à humanidade. Diante
dessa verdade, fica implícita a ideia de que Deus pode ser visto em
Jesus Cristo. “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito,
que está no seio do Pai, este o fez conhecer” (Jo. 1.18). Explica-
se, assim, que podemos ver, de modo perceptível, que Jesus Cristo
enriquece nossa compreensão sobre a Pessoa revelada de Deus.
Nota-se que Cristo evidenciou o caráter de Deus, de maneira que
podia dizer o seguinte: “ (...) Quem me vê a mim, vê o Pai (...) ”
(Jo. 14.9). Um dos fundamentos da Teologia Cristã é que Deus
cria para salvar e, ao salvar, revela-se. “Diante do exposto, chegamos à
conclusão de que jamais poderemos afirmar que Deus não existe, exceto os
chamados loucos: “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus” (Sl. 14.1).
Não poderemos andar na contramão da humanidade, pois a ciência, a
filosofia, a antropologia e muitas outras formas que o homem encontrou para
estudar acerca de sua existência convergem para a única certeza: “Deus
existe”. (MAIA, 2008, p.20).
O que acabamos de descrever ficará mais sólido se tivermos
o entendimento de que as evidências acerca de Deus não estão
escondidas na natureza ou no universo, mas são visivelmente
perceptíveis a todos os seus filhos.

33
CAPÍTULO III

O HOMEM, SUA QUEDA


E REDENÇÃO

3.1. O HOMEM, SUA QUEDA E REDENÇÃO


O crente vive carregado de certezas de que o universo e a vida não
são produtos de uma evolução como alguns cientistas tentam afirmar. A
isso acrescente que possuem a convicção que Deus é o Grande Criador do
Universo. No entanto, seria errôneo não mencionar que o homem ocupa
um lugar único na criação. Foi criado bom e justo; Deus disse
o seguinte: “(...) Façamos o homem à nossa imagem, conforme
a nossa semelhança(...)” (Gn 1.26). Conforme podemos apurar,
de todas as criaturas, apenas o homem foi feito a imagem de
Deus. A Bíblia nos faz ver que o homem é precioso aos olhos
de Deus, mais do que a sua criação inteira. Sendo o homem
sua obra-prima, tem como obrigação glorificá-lo e honrá-lo em
todos os seus atos. “Em Genesis 1, depois de chamar à existência
todo o resto da criação, com seu toque final Deus cria a humanidade”.

35
Instituto Bíblico Ebenézer

(GONZÁLEZ e PÉREZ, 2006, p. 100).


Além disso, pela graça divina o homem é chamado a uma
aliança com seu Criador. Rejeitar tal evidência é tolice.
O homem errou; o homem pecou. Explico-me melhor! O
homem caiu por transgressão voluntária e sua única esperança
reside agora no Senhor Jesus, o Filho de Deus.
É, portando, primordial sublinhar que Deus, em sua ilimitada
misericórdia, envia o seu Único Filho para que todo aquele que
nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Nunca é
demais lembrar que, em Jesus Cristo, a nossa vida foi dignificada!
“Crer em Jesus é o primeiro passo para a reversão do quadro imposto
pela depravação humana. Apesar do afastamento do homem do seu
Criador, felizmente há também um plano para reconciliação (Gl. 3.22;
Jo. 3.16)”. (MAIA, 2008, p.6).

3.2. TUDO FOI CRIADO POR DEUS COM SUA


INIGUALÁVEL SABEDORIA
O Senhor, em sua bondade, criou todas as coisas. No relato
da criação, em Gênesis 1.26, vemos que o homem foi criado
à imagem e semelhança dEle. Isso significa que o homem é
parecido com Deus, posto que, diferentemente de qualquer outra
criatura, é portador de sua imagem. Deus nos criou à sua imagem
e semelhança para que o amemos, e vivamos para a sua glória
aqui na terra, com o desejo de contemplar a sua face no Céu.

• A sabedoria Divina na criação do homem


O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus.
Em outras palavras, o homem foi criado bom e justo, dotado
de inteligência, consciência e livre arbítrio; de maneira que

36
Introdução à Teologia

pudesse exercer domínio sobre os seres viventes da Terra. Foi


para esse fim que o homem foi criado por Deus, e aí reside a
razão fundamental da sua criação. Dito isso, proponho observar
que o homem habitava em afeição e intimidade com o Criador.
Para conduzir nossa tese, percebemos por meio do livro de
Gênesis que Deus e o homem viviam um relacionamento
harmonioso cheio de paz e beleza, espalhado pelo Jardim do
Éden. Nesse ponto, vale a pena reproduzir o texto bíblico,
registrado no capítulo 3, versículo 8, do livro de Gênesis, que
descreve: “E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no
jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher
da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.” Em
outras palavras, reconhecer alguém pela voz e pela maneira
de andar, é sinal de muita intimidade. “Não sabemos por quanto
tempo, nossos progenitores residiram no Jardim do Éden. A esse respeito,
a Bíblia cala-se mui sabiamente. Mas acredito que foi o suficiente para
Adão e Eva conhecerem a Deus e, com Ele, manterem profunda e doce
comunhão”. (ANDRADE, 2019, p.104).

• O homem foi criado, distinguindo-se das demais


criaturas, para relacionar-se amorosamente com o Criador.
Nas Escrituras não é difícil enxergar que entre o homem e
as demais criaturas existe uma grande diferença. O homem
possui um nível muito superior, tanto intelectual como moral e
religioso (Gn. 2.19,20; Sl 8.4-8). Em virtude de sua inteligência,
Deus criou o homem livre, para que fosse responsável por seus
atos (Lv. 5.17; Js. 24.15; Pv. 9.12; Rm. 2. 6-11).

• A queda do homem é algo fundamental para a


compreensão do restante das Escrituras.

37
Instituto Bíblico Ebenézer

A narrativa presente no livro de Gênesis, no capítulo três, nos


apresenta um dos relatos mais infelizes da história do ser humano: a sua
queda. Percebemos na Bíblia que o Éden era um lugar perfeito. No
jardim, não existia dor, morte nem tristeza; era um lugar para
viver em paz e feliz de maneira plena. Nessa ordem de ideia,
podemos dizer que se tratava de um Paraíso Terrestre.
É importante observar que essa tranquilidade iria acabar.
Infelizmente, nossos pais caíram na tentação do diabo. O diabo,
apresentando-se em forma de serpente, despertou a dúvida
no coração de Eva, no que diz respeito à veracidade de Deus,
levando-a apostasia (Gn. 3.1-4). Seduzida pela conversação hábil
da serpente e pelo aspecto convidativo da fruta, Eva a comeu e fez
participar dela seu esposo (Gn. 3.5-6). “Ao ser tentada pela serpente,
Eva deixou-se enganar pela velha e bem arquitetada mentira de Satanás,
a possibilidade de o homem vir a ser um deus (Gn. 3.1-6; 2 Co. 11.3).
No instante seguinte, a mulher, já instrumentalizada pelo diabo, levou o
esposo a pecar, e este voluntariamente pecou (1 Tm. 2.14). Tendo em vista a
representatividade de Adão, foi ele responsabilizado pela entrada do pecado
no mundo (Rm. 5.12)”. (ANDRADE, 2019, p.104).
O diabo implantou no coração da mulher as malhas da
astúcia e o gérmen da dúvida, fazendo assim que culminasse
com a queda de nossos pais (Rm 5.12).
A queda é o marco da origem do pecado no mundo e de todas
as deficiências existentes nele. Podemos afirmar que a queda,
além de afastar homem da comunhão com Deus, também deu origem à
tristeza, à enfermidade e à morte sobre o gênero humano (Gn.
3.7-24; Rm. 5.12-19; 1 Co. 15.21).

• O homem se corrompeu após a queda.


Desejo acentuar que o mais terrível câncer que a humanidade

38
Introdução à Teologia

enfrenta é a corrupção que o atormenta desde a queda. Daqui


não ser exagero afirmar que a corrupção tem levado o homem a
corromper sua natureza moral, mental e espiritual. “Sendo Adão
o pai de toda a raça humana, o seu pecado acabou por alcançar a todos os
homens (Rm. 3.23; 5.12). Aquilo que chamamos de “pecado original”
contaminou universalmente a humanidade”. (ANDRADE, 2019,
p.107). Em vez de amar a santidade, o homem não regenerado
sente uma inclinação maligna para o pecado.
“A sociedade que Deus planejou, certamente deveria ser formada por
famílias estruturadas e organizadas com padrões morais bem definidos,
levando em conta os ensinamentos divinos. Mas, infelizmente, com a
depravação humana, o homem perdeu seus valores e passou a mergulhar
num poço sem fundo e a trilhar um caminho sem volta, ficando preso às
suas próprias concupiscências (Rm. 7.8a)”. (MAIA, 2018, p.6).
O homem tem perdido a faculdade de distinguir entre o
bem e o mal (Is. 5.20); mesmo conhecendo a verdade, alguns
homens optam por desprezá-la, descendo, às vezes, até um nível
inferior dos seres irracionais. As Sagradas Escrituras nos dizem
com respeito ao homem que: “sua glória é em confusão”, se
parece com as águas do mar agitado que “lançam de si lama e
lodo” (Is 57.20). Essa corrupção afeta todo o ser do homem: sua
natureza mental, moral, espiritual e física. “E viu Deus a terra, e
eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido
o seu caminho sobre a terra” (Gn. 6.12).

• Jesus, nosso sacrifício perfeito, se entregou volunta-


riamente para morrer em nosso lugar.
Cristo imprimiu tanto brilho em sua trajetória, que, mesmo
sendo tentado da mesma maneira que nós, não pecou. (Hb.
4.15). Apropriando-se dessa certeza, podemos dizer que Senhor

39
Instituto Bíblico Ebenézer

pagou o preço total de nossa redenção (Mt. 20.28).


“Em primeiro lugar, devemos notar que a nossa redenção foi paga por
preço incalculável, pois custou o próprio sangue de Jesus, que entregou
a sua vida ao passar por tremenda angústia e dor (Mt. 26.38; Lc.
22.44; T.t 2.24)”. (MAIA, 2008, p.9).
Cristo converteu-se na “propiciação” pelos pecados de todo
ser humano (1 Jo. 2.2); embora sem pecado. fez-se pecador por
nós (2 Co. 5.21). Mediante sua morte e sacrifício, fez expiação
completa por todos os nossos pecados (Rm. 5.6-21; Ef. 1.7). Ao
entregar seu Filho no Calvário, Deus providencia a redenção da
humanidade pela morte expiatória de Jesus.

• O olhar de Deus na perspectiva da Redenção


O pecado e a ignorância do homem por uma parte e a graça
redentora de Deus por outra constituem a essência da Bíblia.
Assim como a iniquidade do homem é insondável, assim
também é a graça de Deus sobre as nossas vidas. A salvação
que Jesus Cristo oferece ao homem é pela graça. Graça é tudo
o que precisamos, mas não merecemos. “(...) Mas onde abundou
o pecado, superabundou a graça” (Rm. 5.20). O plano divino
da redenção compreende alcançar o ser humano arrependido e
levá-lo a um plano de santidade e eterna bem-aventurança. Essa
redenção compreende espírito, alma e corpo, e até a natureza que
ficou sujeita à maldição do pecado (Gn. 3.7-19; Rm. 8.19-23).

40
CAPÍTULO IV

A SALVAÇÃO DO HOMEM

Não podemos abster-nos de considerar que o projeto de Deus


é a salvação de todos os homens. Ou, como disse o Apóstolo
Paulo, na sua primeira carta direcionada a Timóteo: “Porque
isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer
que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da
verdade” (1 Tm. 2. 3,4).

4.1. CONDIÇÕES PARA A SALVAÇÃO


A salvação é o plano de Deus para a redenção humana.
O projeto de Deus é a salvação de todos os homens. A Bíblia
não somente fala da providência da salvação, como também
da sua aplicação na vida do pecador arrependido. A salvação
é uma expressão de intensa definição e de limitada percepção.
Conseguimos compreender isso quando lemos o seguinte

41
Instituto Bíblico Ebenézer

texto: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso


Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham
ao conhecimento da verdade” (1 Tm. 2. 3,4). Agrada-me
profundamente a ideia de que a salvação não é por obras. A
salvação é graça. Como já vimos em outras oportunidades, a
salvação é um dom de Deus, pois ninguém é salvo pelas obras
(Ef. 2. 8,9). É possível afirmar que ninguém jamais será capaz de
se enaltecer por ter merecido o dom da vida eterna. Num nível
de consciência mais profundo, podemos dizer que é a graça de
Deus que traz salvação a todos os homens, por intermédio da
pregação do arrependimento para com Deus e a fé no Senhor
Jesus Cristo. Particular importância assume porque a salvação
ofertada por Deus, através de Cristo, é prova do seu amor
inclusivo; ou seja, a graça alcança todos os seres humanos, e não
apenas um grupo ou nação. “Recebemos a salvação gratuitamente de
Deus, mediante a fé em Cristo. A salvação é o resultado da graça (Jo.
1.16), e esta, por sua vez, nos é garantida pela plenitude de Cristo”.
(MAIA, 2018, p. 8).
O homem é salvo e selado pela regeneração e a renovação do
Espírito Santo. Ao ser justificado pela graça, por intermédio da
fé, converte-se em herdeiro de Deus, de acordo com a esperança
da vida eterna. Queridos alunos, esforcemo-nos para que a graça
de Deus nos encontre e nos deixe entrar em seu Reino Celestial.

• Salvação é o resultado da Redenção efetuada por


Cristo.
Condições para salvação, o que é isso? É interessante observar
que a Bíblia nos mostra que para alcançar a salvação plena é
preciso abandonar o pecado e ser purificado. Fica implícita
a ideia de que Jesus veio para salvar esse mundo, não para

42
Introdução à Teologia

condená-lo. A Palavra de Deus afirma que Ele não quer que


nenhum se perca, mas que todos venham a arrepender-se (2
Pe. 3.9). Como observou corretamente o Doutor Lucas, ao
escrever o Santo Evangelho: “Porque o Filho do Homem veio
buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc. 19.10). Diante dessa
verdade, todas as pessoas podem aceitar o presente da salvação,
não importando o seu passado ou o seu presente.

• A salvação é uma dádiva do Senhor.


A doutrina da salvação, chamada de Soteriologia, ocupa-se
do estudo do plano salvífico (Ef. 1. 3-14), que foi concedida por
Deus Pai, consumada por Jesus o Filho, e oferecida ao crente por
intermédio do Espírito Santo. Vale observar que o homem não
teve participação alguma no plano divino da salvação. Parece
desnecessário dizer que a salvação não é alcançada por mérito
humano (Tt. 2.11), pois é oferecida por Deus, pela graça, a todo
aquele que crê (Ef. 2. 8,9). Não devemos esquecer que, assim
que o homem pecou, Deus apregoou o projeto divino para
salvá-lo (Gn. 3.15).

• A salvação só é possível através do Cordeiro Imaculado


e Perfeito - Jesus Cristo.
A Bíblia nos apresenta, de modo preciso e enfático, que a
salvação só é possível através de Jesus. “Disse-lhe Jesus: Eu
sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai
senão por mim” (Jo. 14.6). Não há ninguém mais que tenha
autoridade para salvar os homens, a não ser o Senhor Jesus
Cristo. “Tínhamos, de fato, uma dívida para com Deus, devido ao
fato de termos pecado. Mas, através de Jesus Cristo, o filho unigênito
de Deus, que se fez pecado por nós, aqueles que o receberam deu-lhes o

43
Instituto Bíblico Ebenézer

direito de serem chamados filhos de Deus. Portanto, nada mais há que


nos impute pecados, pois Cristo levou sobre si as nossas culpas”. (SILVA,
1999, p.20).
Para uma definição mais plena, devemos possuir uma
única certeza: Jesus Cristo é o Filho de Deus, que foi enviado
ao mundo para salvar a humanidade de seus pecados. Ele foi
morto, ressuscitou e um dia voltará para buscar a sua Igreja.

• A salvação é um dom gratuito de Deus, e não está


fundamentada nas obras humanas.
A Bíblia nos ensina com clareza que jamais poderemos obter
a salvação por nossas próprias obras. É somente pela graça!
Note-se que a graça é um dos admiráveis atributos divinos.
“Somos salvos pela graça, mediante a fé (Ef. 2.8). Crer no Filho
de Deus leva à vida eterna (Jo. 3.16). Sem fé, não poderemos
agradar a Deus (Hb. 11.6). A fé, portanto, é a atitude da nossa
dependência confiante e obediente em Deus e na sua fidelidade.
Essa fé caracteriza todo filho de Deus fiel. É o nosso sangue
espiritual (Gl. 2.20). “Pode-se argumentar que a fé salvífica é um
dom de Deus, até mesmo dizer que a presença de anseios religiosos,
inclusive entre os pagãos, nada tem a ver com a presença ou exercício
da fé. A maioria dos evangélicos, no entanto, afirma que semelhantes
anseios, universalmente presentes, constituem-se evidências favoráveis à
existência de um Deus, a quem se dirigem. Seriam tais anseios inválidos
em si mesmos, à parte da atividade divina direta?” (HORTON,
2018, p.370).
Nos escritos deixados pelo Apóstolo Paulo, percebemos
que obtemos a redenção pelo sangue de Jesus, segundo as
riquezas da sua graça (Ef. 1.7). As palavras da qual me ocupo
aqui nos fazem ver que Cristo manifestou-se para salvar-nos da

44
Introdução à Teologia

condenação da lei e trazer aos nossos corações a verdade acerca


do Reino de Deus.

• A salvação abrange o espírito, o corpo e a alma do


homem.
Cada ser humano é composto de corpo, alma e espírito. Foi
assim que Deus criou cada um de nós (Gn. 2.7). Podemos dizer
que o ser humano é uma criatura singular, porque é formado de
algo que lhe permite ter um relacionamento íntimo com Deus.
Assim, é válido lembrar que corpo, alma e espírito devem estar
preparados para a vinda do Senhor Jesus Cristo. “E o mesmo Deus
de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e
corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts. 5.23). “Temos de ser santos no corpo,
na alma e no espírito. Jesus morreu e ressuscitou, a fim de que sejamos santos
em todo o nosso ser. E, quando do arrebatamento da Igreja, apesar de nossas
limitações, o Senhor nos revestirá da imortalidade e da incorruptibilidade.
Busquemos a santificação. Todo o nosso ser pertence a Deus. Somos o templo
do Espírito Santo. Aleluia!”. (ANDRADE, 2019, p.58).

• A salvação será para a Eternidade.


Torna-se cada vez mais nítido que somente o imensurável
amor de Jesus poderia erguer o pecador convertido à qualidade
de santo, justo e filho de Deus. “Que nos salvou e chamou com
uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo
o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo
Jesus, antes dos tempos dos séculos” (2 Tm. 2.9). Igualmente,
pode-se perceber que, a partir do momento em que confessa a
Jesus como o seu Salvador e decide segui-lo, o pecador tem a
vida eterna.

45
Instituto Bíblico Ebenézer

• Os incrédulos não valorizam o resultado da redenção


efetuada por Jesus.
O maior pecado é a incredulidade, a qual envolve o desprezar
a Cristo. Ser incrédulo é acreditar que as coisas não têm solução,
é deixar o coração caminhar nas trevas, sem perspectiva de
encontrar a Luz (Cristo). “Vede, irmãos, que nunca haja em
qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus
vivo” (Hb. 3.12). Não podemos, contudo, deixar de observar
que a incredulidade é o resultado da falta do relacionamento
com Deus; é quando o homem deixa de se alimentar com as
coisas espirituais. A gravidade do problema, que se dá pelo fato
de atentar para outras coisas que levam para longe de Deus,
é acabar morrendo espiritualmente. A todo momento, este é
o pecado que tem levado muitos ao inferno (Jo. 3.18-21). A
incredulidade constitui um pecado tão abominável, que a Bíblia
nos adverte que os incrédulos, não têm vez e voz com o Senhor
(Sl. 95.6-11; Mt. 13.58).

• A salvação é o resultado do grandioso propósito da


Santíssima Trindade de resgatar a humanidade perdida.
Tomamos ânimo em dizer que cremos em um só Deus,
eternamente subsistente em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e
o Espírito Santo. Diante disso, os mal-entendidos são inevitáveis
por parte de muitos. Vale ressaltar, contudo, que não cremos na
existência de três deuses, mas em um só, que subsistente em três
pessoas distintas, eternas e que criaram todas as coisas. Dentro
desse panorama o Pai, o Filho e o Espírito Santo cooperam com
o pecador no plano da salvação da seguinte maneira: O Espírito
Santo convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo.
16.8,9). Ao convencê-lo de seus pecados, o homem passa a crer

46
Introdução à Teologia

em Cristo como único e suficiente salvador (Jo. 3.36), e então


se torna nova criatura, com seu espírito recriado, ligado a Deus.

4.2. A SALVAÇÃO DÁ-NOS O PRIVILÉGIO DE


SERMOS RECONHECIDOS COMO FILHOS
AMADOS DO PAI.
Quando o pecador se arrepende, crê e aceita ao Senhor Jesus
como seu Salvador pessoal, seu próprio espírito se constitui em
testemunho da salvação obtida por intermédio de Cristo. Logo, o
Espírito Santo confirma o testemunho do espírito do homem, no
sentido de que é filho de Deus. Ainda podemos acrescentar que,
por meio da maravilhosa graça divina, recebemos o direito à vida
eterna. Partilhamos da opinião de que, após sua conversão, pode
então o crente dizer com toda a sinceridade: Pai nosso! O Apóstolo
Paulo foi o que melhor formulou essa certeza: “Mas Deus, que é
riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos
amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou
juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou
juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em
Cristo Jesus” (Ef. 2.4-6). Em seus escritos, Paulo ampliou a beleza
da salvação, descrevendo-a como um favor imerecido dado por
Deus aos salvos, a fim de que a nova criatura em Jesus usufrua
de uma nova vida com o Salvador. “O pecado não consiste apenas de
ações isoladas, mas também é uma realidade, ou natureza, dentro da
pessoa (ver Ef. 2.3). O pecado, como natureza, indica a ‘sede’ ou a sua
‘localização’ no interior da pessoa, como a origem imediata dos pecados.
Inversamente, é visto na necessidade do novo nascimento, de uma nova
natureza a substituir a velha, pecaminosa (Jo. 3.3-7; At. 3.19; 1 Pe.
1.23)”. (HORTON, 2008, p.286).

47
CAPÍTULO V

A PROMESSA DO PAI

Desejo acentuar que o Espírito Santo é a Terceira Pessoa da


Trindade Santíssima e, à semelhança do Pai e do Filho. Por
meio de uma leitura autoconsciente, veremos que as ações do
Espírito Santo nós são reveladas nas Escrituras do começo ao
fim, isto é, do Antigo ao Novo Testamento.

5.1. O AMIGO ESPÍRITO SANTO


Devemos enfatizar que o Espírito Santo, além de Amigo,
também é Mestre por excelência. Como não mencionar aqui
que Jesus se referiu ao Espírito Santo como sendo o Espírito
da Verdade?! Isso demonstra que, sob sua direção, a Igreja
caminha na “estrada” da Graça rumo aos céus.
Na Teologia, a doutrina do Espírito Santo é conhecida como
“Pneumagiologia”. Esse termo emana de três palavras gregas:

49
Instituto Bíblico Ebenézer

pneuma (espírito), hagios (santo) e logia (estudo).

• Batismo no Espírito Santo


A promessa do batismo no Espírito Santo pertence ao
crente por direito. “E eu, em verdade, vos batizo com água,
para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais
poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele
vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt. 3.11).
Diante dessa verdade, cabe ao crente o dever de esperar e
receber a dita promessa, mas também o dever buscá-la
ardentemente (Jo. 14. 16,17). Isso posto, o batismo com o
Espírito Santo é a dádiva de Deus para seus filhos, assim como
a salvação é a sua dádiva para os perdidos. Compreende-se,
facilmente, que ser batizado com Espírito Santo significa ser
submerso em sua plenitude, pois capacita o crente a: cumprir
o ministério evangelístico (At. 1.8); falar em outras línguas
(At. 2.4); testemunhar com poder e ousadia (At. 4.7); agir
sobrenaturalmente (At. 13.8-12); servir a igreja em suas
necessidades sociais (At. 6.3); atender a chamada ministerial
específica (At. 13.2); contribuir com o avanço do Reino de
Deus (At. 9.31); glorificar e orar a Deus poderosamente (At.
10.45,46). Por essas e outras inumeráveis razões, o crente deve
procurar viver e servir ao Senhor, convidando ao Espírito Santo
para fazer parte da sua vida, concedendo os dons para serem
exercitados em seu Ministério. Podemos dizer que o batismo no
Espírito Santo é mais do que uma promessa; é a realização do
projeto de Deus de revestir seus filhos para serem testemunhas
de seu poder. Considero importante citar uma vez mais que
Jesus quer batizar a todos os que nEle creem. Retomo aqui a
ideia de que essa promessa diz respeito a você também.

50
Introdução à Teologia

• O Espírito Santo no AT
No AT o Espírito Santo atuou diretamente com o Deus
Pai no princípio, movendo-se sobre a face das águas (Gn.
1.2) e dando vida à criação. Apropriando-nos de outro texto,
percebemos Deus tirando o Espírito, que estava sobre Moisés,
e compartilhando-o para capacitar os ajudantes de Moisés
(Nm. 11. 16,17). O Espírito Santo se apoderou de Davi ao ser
ungido pelo profeta Samuel como rei de Israel (1 Sm. 16.13).
No decorrer do processo histórico, a Bíblia nos faz assistir
que o Espírito Santo também habilitou Gideão a pelejar pela
libertação de Israel quando estavam sendo afrontados pelos
midianitas e amalequitas (Jz. 6. 33,34). Vale ainda mencionar
que o Espírito Santo se apossou fortemente de Sansão (Jz. 14.6).
O fluxo narrativo do texto do Apóstolo Pedro nos faz ver que
o Espírito Santo era quem usava os profetas para falarem em
nome do Senhor (2 Pe. 1.21). Outra questão bastante delicada,
e que merece ser citada para evitar maiores confusões, é que,
de maneira unânime, a Teologia Cristã entende que o Espírito
Santo, no AT, vinha sobre a pessoa, mas não residia nela. Isso
demonstra que, quando uma pessoa era usada por Deus, era em
uma ocasião esporádica, e não de forma contínua.

• Jesus nos explicou claramente sobre o privilégio de


termos o Espírito Santo como nosso companheiro.
Jesus deixava transparecer seu grau de beleza e encantamento
com a importância da descida do Espírito Santo sobre seus
filhos. “Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu
vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se
eu for, enviar-vo-lo-ei. E, quando ele vier, convencerá o mundo
do pecado, e da justiça, e do juízo” (Jo 16.7,8). Não é difícil

51
Instituto Bíblico Ebenézer

constatar que, sem a morte, ressurreição e a ascensão de Jesus,


a promessa do derramamento do Espírito Santo não poderia
ser cumprida. Olhando mais de perto, devemos reconhecer que
Jesus sacrificou sua vida para que tivéssemos o direito de gozar
a presença permanente do Espírito Santo em nós.

• O Espírito Santo não foi enviado apenas para um


grupo seleto, pelo contrário, foi encaminhado a todos.
Pedro nos diz que a promessa é para todos os crentes, e não
somente para os apóstolos e para os cento e vinte (At. 1. 15,16).
“Os 120, no dia de Pentecostes, eram crentes antes do derramamento
do Espírito Santo naquele dia. Já se haviam arrependido e entrado em
uma nova vida em Cristo.” (HORTON, 2008, p.435).
O livro de Atos demonstra-nos que o dom era tanto para os
gentios como para os judeus.

• O selo do Espírito Santo significa que o próprio


Espírito de Deus habita no crente.
A Bíblia diz que somente aqueles que ouvem e creem no
Evangelho de Jesus Cristo é que são selados com o Espírito
Santo. O Apóstolo Paulo refere-se ao dom do Espírito Santo
na qualidade de selo. Nesse sentido, ele escreve. “Em quem
também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa” (Ef. 1.13,14). É
preciso agora que se entenda com mais clareza que o selo, nos
tempos bíblicos, era usado para designar o direito de uma pessoa
sobre algum objeto ou coisa selada. Verifica-se que a função
do selo nos tempos antigos era garantir sua autenticidade.
Paulo é autor de um texto clássico a esse respeito. “Mas o que

52
Introdução à Teologia

nos confirma convosco em Cristo e o que nos ungiu é Deus, o


qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos
corações” (2 Co 1. 21,22). A unção e revestimento do Espírito
Santo experimentado pelo crente se reflete em seu rosto, e se
observa em suas ações. Esse selo está impresso em seu corpo,
alma e espírito. Esse selo, portanto, não é o batismo com
o Espírito Santo, mas a morada do Espírito no crente, como
amostra de que ele é posse ou propriedade exclusiva de Deus.

• Os dons do Espírito Santo são capacidades que o


Espírito dá às pessoas para a edificação da Igreja.
Os dons do Espírito Santo constituem uma antecipação de
nossa herança perfeita em Cristo. Dons espirituais são dotações
sobrenaturais do Espírito Santo sobre o crente, capacitando-o
para glorificar a Cristo e realizar a obra de Deus. Esses dons
constituem uma prova positiva de que somos aceitos pelo
Amado e somos coerdeiros com Ele. “O mesmo Espírito testifica
com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos
filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e
coerdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para
que também com ele sejamos glorificados” (Rm. 8. 16,17).

• O Espírito Santo é entregue à Igreja para o


fortalecimento e santificação do Corpo de Cristo.
O crente não recebe o Espírito Santo como um luxo espiritual,
ou para satisfação e gozo pessoal, mas como revestimento de
poder para ser uma testemunha efetiva das grandes verdades
salvadoras do Evangelho.
Como observou corretamente o professor teológo Horton
Stanley: “São várias as opiniões sobre a condiões prévias para o

53
Instituto Bíblico Ebenézer

recebimento do batismo no Espírito Santo. Em linguagem simples,


os pentencostais sustentam que a única condição prévia para essa
experiência é a conversão e a fé”. (HORTON, 2008, p.457).
Na nova vida em Cristo, o Espírito Santo passa a habitar o nosso
interior, e nos tornamos alvos de maravilhosas operações espirituais.
Citarei um texto de tamanha extensão, para que vejamos a clareza
com que o Senhor Jesus discorria sobre esse assunto: “E disse-lhes:
Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao
terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, e em seu nome se pregasse
o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações,
começando por Jerusalém. E destas coisas sois vós testemunhas. E eis
que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade
de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder”. (Lc. 24.
46-49). Estamos cientes de que, ao receber o Espírito Santo, o crente
estará mais bem preparado para a vitória sobre o poder do pecado.

• Os dons espirituais acham-se disponíveis à Igreja de


Cristo.
O Apóstolo Paulo destila grandeza quando escreve sobre os
dons do Espírito Santo (1 Co. 12.1-31). É curioso observar
que existe uma corrente de pensamento conhecida como os
cessacionistas, que assegura que os dons do Espírito foram úteis
apenas para os primórdios da Igreja cristã, tendo cessado essa
manifestação no período da Igreja Primitiva. O que nos chama
atenção nessa observação é que, ao olharmos para as Santas
Escrituras, não encontramos nenhuma prova de que os dons do
Espírito tenham sido interrompidos no momento da morte do
Apóstolo João, que foi o último dos discípulos a morrer no fim
do primeiro século. Assim, o leitor, do alto de sua arquibancada,
deve ter a certeza de que os dons espirituais, conforme descritos

54
Introdução à Teologia

em 1 Coríntios, não ficaram perdidos na história, nem devem ser


desvalidos, pois o propósito é a edificação da Igreja do Senhor.
Compreende-se por essas observações que não há qualquer razão
aceitável para sustentar tal pensamento. Conforme 1 Coríntios
12. 8-10, são nove os dons concedidos pelo Espírito Santo. As
biografias cristãs que abordam esse tema nos fazem ver que os
dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus para que
ninguém se engrandeça (Rm. 12.6). “Com base no emprego da
palavra grega “heteros” (“outros de tipo diferente”) por duas vezes em 1
Coríntios 12.6-8, podemos ver os dons divididos em três categorias de
dois, cinco e dois dons respectivamente. Dons de ensino (e Pregação):
A palavra da sabedoria, palavra do conhecimento. Dons do Ministério
(à Igreja e ao Mundo: fé, dons de curar, operação de maravilhas,
profecia, discernimento de espíritos. Dons de Adoração: variedades de
línguas, interpretação de línguas”. (HORTON, p.472,473).

• O Espírito Santo: Terceira Pessoa da Trindade Divina


O Espírito Santo não é “algo”, mas alguém! Diante dessa
verdade, numerosos nomes são dados nas Escrituras ao Espírito
Santo, em sua relação com a Trindade e aos ofícios que desempenha.
Consolador (Jo. 15.26); Espírito de Deus (Gn. 1.2); Espírito Santo
(At. 1.8); Espírito do Deus vivo (2 Co. 3.3); Espírito Santo da
Promessa (Ef. 1.13); Espírito de Cristo (1 Pe 1.11); Espírito do
Senhor (Is. 61.1); Espírito de Vida (Rm. 8.2); Espírito do seu Filho
(Gl. 4.6); Espírito da Verdade (Jo. 14.17); Espírito Eterno (Hb.
9.14); Espírito (1 Co. 2.10); Bom Espírito (Sl. 143.10); Espírito da
Glória (1 Pe. 4.14); Espírito da Graça (Hb. 10.29).

• A água e o fogo como símbolos do Espírito Santo


Com vistas a uma melhor compreensão, devemos ter em

55
Instituto Bíblico Ebenézer

mente que tanto a água quanto o fogo constituem símbolos


do Espírito Santo. É interessante perceber que a água limpa e
purifica mediante a lavagem; enquanto que o fogo purifica ao
queimar o metal. Podemos observar que o Espírito da verdade,
por meio de suas ações, desliza como Água Viva, alimentando,
renovando e purificando o cristão; enquanto que o aspecto
refinador do fogo limpa o homem de suas impurezas. (Sl. 66.10).

• Os atributos pessoais do Espírito Santo


Existe muita confusão com respeito à personalidade do Espírito
Santo. Estudiosos extraviados da verdade têm sustentado ideias
errôneas sobre essa doutrina. Em parte, isso se deve à falta de
compreensão no que se refere à doutrina bíblica da Santíssima
Trindade. Sob as recomendações da razão hermeneutica, podemos
descrever que o Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Trindade
Santíssima e, à semelhança do Pai e do Filho, é Deus. O Espírito
Santo é uma personalidade divina e possui todos os atributos e
poderes de tal. O Espírito Santo fala (At. 1.16); realiza milagres
(At. 8.39); designa missionários (At. 13.2); dirige concílios (At.
15.28); encaminha obreiros (At. 8.29); ordena e proibe (At.
16.6,7); estabelece pastores nas assembleias (At. 20.28); prediz (
At. 20. 22,23); nos ajuda na oração e intercede (Rm. 8.26); revela-
nos os mistérios profundos de Deus (1 Co. 2.9-12).

5.2. DIFERENÇA ENTRE OS DONS E O FRU-


TO DO ESPÍRITO
Devemos ter em mente que os dons e o fruto brotam do mesmo
Espírito, Contudo, são distintos entre si. Claro está para nós que
os dons são outorgados pelo Espírito, enquanto o fruto é gerado

56
Introdução à Teologia

no crente. Dentro desse panorama, podemos exemplificar do


seguinte modo: os dons acompanham o batismo com o Espírito
Santo, enquanto o fruto começa com a obra do Espírito Santo
na regeneração (At. 19.6). Ao atento leitor, não escapou notar
no decorrer dos estudos que os dons são ofertados ao crente para
o serviço e seu crescimento espiritual. A par dessas evidências,
notamos que o fruto do Espírito é um procedimento do caráter
de Cristo na vida do cristão.
O fruto é uma obra divina na vida do cristão, sendo ele
gerado pelo Espírito em nós. Podemos observar nos escritos do
Apóstolo Paulo em suas cartas aos Coríntios (1 Co. 12.8-10), e
aos Gálatas (Gl. 5.22), que são os seguintes os dons e o fruto
do Espírito:
 Os Dons do Espírito: palavra de sabedoria, palavra da
ciência, fé, dons de curar, operação de maravilhas, profecia,
discernimento de espírito, variedade de línguas e interpretação
de línguas.

 O Fruto do Espírito: caridade, gozo, paz, longanimidade,


benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança.
“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos
nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça;
a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai, ele
vo-lo conceda” (Jo. 15.16).

 Os Dons e o Fruto do Espírito são distintos entre si:


• Os dons são ofertados ao crente; o fruto é produzido no
crente;
• Os dons são dados; o fruto é gerado;
• Os dons são de fora para dentro; o fruto vem do interior;

57
Instituto Bíblico Ebenézer

• Os dons já vêm completos; o fruto requer tempo para


crescer;
• Os dons são dotação de poder para o crente; o fruto
expressa o seu caráter.
• Os dons vêm pelo Espírito; o fruto vem por Jesus;
• Os dons são distintos; o fruto é indivisível;
• Os dons conferem poder; o fruto confere autoridade.
• Os dons comunicam espiritualidade; o fruto comunica
irrepreensibilidade.
• Os dons identificam o que fazemos; o fruto mostra o que
somos;
• O mais interessante é que os dons podem ser imitados; o
fruto, porém, nunca o será.
• Muitos, em vez de andarem à procura de dons, deviam,
antes, desenvolver o Fruto do Espírito; porque dons espirituais
e serviços efetuados sem o fruto do Espírito são uma aberração.

58
CAPÍTULO VI

A INSPIRAÇÃO DAS
ESCRITURAS

As Escrituras são a revelação da vontade de Deus para a


salvação da humanidade. Ela é a inspiração infalível e absoluta
do próprio Deus. Ou seja, todas as vezes que nos aproximamos
das Escrituras Sagradas, estamos nos aproximando de Deus.

6.1. A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS


A Bíblia compreende 39 escritos do AT e 27 no NT - livros
sagrados, que a Igreja adota como inspirados, e são chamados de
cânon das Escrituras Sagradas. A palavra inspiração, no grego,
vem de dois vocábulos: “Theo”, Deus e “pneustos”, sopro.
Literalmente, inspiração significa: aquilo que é dado pelo sopro
de Deus. Significa que o Espírito Santo inspirou os autores
humanos a escreverem de maneira inerrante, infalível, única e
sobrenatural, a Palavra de Deus. “O conceito de inspiração deve

59
Instituto Bíblico Ebenézer

levar em conta tudo quanto é necessário para a revelação divina ser


comunicada com exatidão. O modo correto de inspiração deve incluir
todos os elementos que a Bíblia postula tanto no ato de inspirar, quanto
nos efeitos deste ato”. (HORTON, 2008, p.103). Tomemos como
referencial comparativo a fala de Paulo a Timóteo sobre esse
assunto: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa
para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em
justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
instruído para toda boa obra”. (2 Tm. 3. 16,17). O Apóstolo
Pedro ressalta-nos que os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo (2 Pe. 1.21).
Em Hebreus 1. 1,2, lemos que Deus falou primeiramente por
intermédio dos profetas, e logo depois falou por intermédio do
seu Filho. Devemos ler a Bíblia, com a certeza de que os autores
estavam debaixo da direção do Espírito de Deus. A inspiração
divina faz então da Bíblia o Livro de Deus por excelência,
fundamentalmente distinto de todos os demais livros do mundo.
“Infalibilidade e inerrância são termos empregados para se aludir à
veracidade das Escrituras. A Bíblia não falha; não erra; é a verdade
em tudo quanto afirma (Mt. 5.17,18; Jo, 10.35)”. (HORTON,
2008, p.107).
Consideremos brevemente a razão por que nós aprovamos,
por inteiro, o ensino acerca da inspiração ampla e total da Bíblia,
comumente chamado de inspiração plenária:

• Deus é o Inspirador, de toda a Bíblia.


As Escrituras inspiradas por Deus dizem respeito ao Antigo
e ao Novo Testamento.
Cristo sintetiza essa verdade com o seu brilhantismo habitual.
“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra

60
Introdução à Teologia

passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo


seja cumprido” (Mt. 5.18). A partir dessa observação nas belas
palavras de Jesus, Ele nos faz ver que os escritores sagrados
foram os receptáculos da revelação.

• Deus norteou as pessoas que escreveram os diferentes


livros da Bíblia, para transmitir sua mensagem ao mundo.
Os sessenta e seis livros da Bíblia foram escritos por cerca de
quarenta autores distintos: Moisés (pastor), Josué (general);
Amós (pastor); Lucas (médico); Davi (rei, músico e poeta),
Salomão (rei); Neemias (copeiro); Daniel (1º Ministro);
Pedro e João (pescadores); Mateus (cobrador de impostos);
Paulo (fabricante de tendas) etc., os quais viveram em
lugares diferentes, procederam de diferentes ambientes, e
compreenderam, com suas obras, um período de 1.600 anos.
Entretanto, todas essas pessoas têm em comum o fato de terem
sido escolhidas por Deus para escreverem sua Santa Palavra
inspirada pelo Espírito Santo. “As Escrituras eram sopradas por
Deus à medida que o Espírito Santo inspirava seus autores a escreverem
em prol de Deus. Por causa de sua iniciação e superintendência, as
palavras dos escritores eram verdadeiramente a Palavra de Deus”.
(HORTON, 2008, p.115).
Então isso faz do próprio Deus o Verdadeiro Autor das
Escrituras. Cada um deles, sem sabê-lo, contribuiu com uma
parte essencial do todo, acrescentando, às vezes, aos escritos
dos demais, esclarecendo outros, mas nunca os contradizendo.
Tal milagre só se pode explicar pelo fato de que existiu uma
mentalidade mestre que dirigiu a pena desses autores (Lc. 24.27;
Jo. 5.39-46; 1 Pe. 1.10,11).

61
Instituto Bíblico Ebenézer

• O Senhor Jesus é o centro das Escrituras Sagradas.


As profecias que dizem respeito a Cristo são maravilhosas;
contudo, mais extraordinária é a história de Jesus refletida
na biografia dos patriarcas, na construção do tabernáculo, do
templo, nos serviços religiosos, nos sacrifícios e cerimônias, e em
outros tipos e símbolos diversos.
O fato de alguns episódios e pessoas estarem associados com o
Cristo só é possível porque Ele é o assunto central de toda a Escritura.

A) Altar do Holocausto: Estava numa posição elevada


(Êx. 20.26). Isso tipificava o sacrifício vicário de Jesus, o
Cordeiro de Deus.
B) Moisés recebeu instruções da parte de Deus para a
celebração da Páscoa (Êx. 12); e, sob a luz do NT, percebemos
que a Páscoa apontava para o próprio Cristo, nosso Cordeiro
Pascal, o Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo. 1.29).
C) A disposição de Abraão em sacrificar Isaque e a
eventual provisão de um cordeiro (Gn. 22. 9-14) retratam
o sacrifício e a provisão que Cristo fez definitivamente por
nosso pecado.
D) Os sacrifícios de animais inocentes e sem defeito,
simbolizavam o perfeito sacrifício vicário de Jesus, na cruz do
Calvário (Is. 53.4,5).
E) O profeta Isaías também profetizou que o Messias, o
Emanuel, nasceria de uma virgem; acrescentando que seu
nome seria “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz” (Is. 9.6).

• Os escritores sagrados foram os receptáculos da


revelação Divina.

62
Introdução à Teologia

Ninguém, senão o próprio Deus Todo-Poderoso, que conhece


perfeitamente o futuro, poderia haver capacitado os profetas
para formularem, com tanta riqueza de detalhes, predições
relativas a indivíduos, cidades, nações e, especialmente, no que
diz respeito ao nascimento do Senhor Jesus, seu ministério, sua
mensagem, sua morte e ressurreição e, finalmente, sua glória
futura (1 Pe. 1. 10,11). A verdadeira fonte para o estudo da
Doutrina de Deus é a sua Palavra.

• A Bíblia instrui como o cristão deve viver em


sociedade.
Os ensinamentos contidos na Bíblia proclamam o mais
elevado nível moral de conduta que o homem conhece. Na
realidade é tão elevado e santo que o homem jamais poderá
alcançá-lo sem a ajuda divina. Os deuses das religiões pagãs são
imorais, amam as trevas, mas o Deus das Santas Escrituras não
compactua com a imoralidade. Deus jamais estará satisfeito
até que haja criado em nós sua santidade, e possamos assim
apresentarmos ante Ele sem mancha, nem ruga, nem coisa
semelhante (Ef. 5.27). O homem carnal jamais poderá alcançar
esse nível.

• O Deus do Livro e o Livro de Deus


Deus nos faz ver que suas palavras transcritas seriam
necessárias para que aprendêssemos a amá-lo com todas as
nossas forças. Os escritores da Bíblia tiveram o cuidado, em
suas anotações, de mostrar que Deus é o Autor da Bíblia
e que foram apenas um instrumento dEle. “O Deus absoluto e
eternamente consciente de si mesmo tomou a iniciativa de se tornar
conhecido à sua criação. A Revelação que Deus fez de si mesmo foi

63
Instituto Bíblico Ebenézer

um autodesvendamento deliberado. Ninguém forçou a Deus a se tornar


conhecido; ninguém o descobriu por um acidente. Num ato voluntário,
Deus fez-se conhecido aos que, de outra forma, não poderiam conhecê-
lo”. (HORTON, 2008, p.67).
Note-se que alguns textos bíblicos nos dão a certeza de que
foi Deus quem mandou escrever o que Ele falava (Êx. 34.27; Jr.
30.2; 36.2).

• A Bíblia e a revelação progressiva da salvação.


Só Deus pode nos libertar dos malignos hábitos e do poder
demoníaco (2 Tm. 3.16). O plano da salvação é delineado
de forma tão simples nas Escrituras, que ainda a pessoa mais
ignorante saberá como chegar-se a Deus; enquanto que, por
outro lado, as inteligências mais ilustres jamais poderão sondar
as profundidades da sabedoria de Deus expressas no plano divino
da salvação (Rm. 11. 33-36). “A palavra “salvação” ocorre na Bíblia
167 vezes. No AT: 120 ; e no NT: 47 (JOSHUA, sd, p. 697). No
hebraico, o verbo “salvar” é “yasha”, que significa: “ajudar, libertar,
salvar”. No grego, o verbo “sozo” é usado quando se dá acerca de:
(a) livramento material e temporal do perigo (Mt. 8.25; Mc. 13.20;
Lc. 23.35; Jo. 12.27; 1 Tm. 2.15; 2 Tm. 4.18); (b) a salvação
espiritual e eterna concedida imediatamente por Deus aos que creem no
Senhor Jesus Cristo (At. 2.47; 16.31; Rm. 8.24; Ef. 2.5.8; I Tm.
2.4; 2 Tm. 1.9; Tt. 3.5)”. (VINE, 2003, p. 968).
Conforme observado, a Bíblia é o registro desse plano, para que
todos saibam o tamanho do amor de Deus (Jo. 3.16). Por tudo isso
é que podemos afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus.

• Sabemos que o Livro é divino por seus resultados.


Como é sabido, em todo lugar onde se lê, prega e obedece

64
Introdução à Teologia

os preceitos bíblicos, tem se observado não somente a


transformação de indivíduos, mas de nações inteiras. Os ensinos
da Bíblia são bons e edificantes, pois incitam à virtude. A
transformação que Deus opera no ser humano, por intermédio
de sua Palavra e da atuação do Espírito Santo, é visível a todos.
Há um texto magnífico a esse respeito: “Ninguém despreze a
tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato,
no amor, no espírito, na fé, na pureza” (1 Tm 4.12).

• A Bíblia é a fiel e inconteste Palavra de Deus. Nada


nem ninguém poderá destruí-la.
As Sagradas Escrituras têm resistido aos assaltos brutais
de seus inimigos e, pior ainda, é constantemente atacada por
interpretações errôneas de muitos que são desfavoráveis aos
seus ensinamentos. Não é difícil constatar que as forças da
infidelidade têm atacado a Bíblia em numerosas oportunidades,
mas nem ainda o menor tijolo desse imponente castelo da
verdade tem sido abatido (Sl. 119.89; Mt. 5.18). Sendo assim,
sua disciplina sobrevive do âmbito estritamente humano e passa
a ser agente de aferição fundamentada na Palavra de Deus. A
Bíblia Sagrada não muda ao sabor das circunstâncias.

6.2. HISTÓRICO E TRADUÇÕES DAS ESCRI-


TURAS
A Bíblia, em si, recebe outros nomes. Há mais de dezenas de
nomes e títulos da Bíblia encontrados tanto no AT quanto no NT.

• A Lei: Torah, que pode ser entendida como os cinco


primeiros livros da Bíblia (Pentateuco ou da Lei);

65
Instituto Bíblico Ebenézer

• Escritura de Deus: Êxodo 32.16;


• Livro da Lei: Deuteronômio 31.26;
• Lei de Deus: Josué 24.26;
• Palavras do Senhor: Salmo 12.6;
• Lei do Senhor: Salmo 19.7;
• Rolo: Salmo 40.7;
• Livro do Senhor: Isaías 34.16;
• Escritura da Verdade: Daniel 10.21
• Palavra de Deus: Lucas 11.28;
• Verdade: João 17.17;
• Palavras de Vida: Atos 7.38;
• Santas Escrituras: Romanos 1.2;
• Espada do Espírito: Efésios 6.17;
• Escritura: 2 Timóteo 3.16;
• Palavra de Cristo: Colossenses 3.16.

 A Bíblia possui autenticidade divina.


A heterogeneidade linguística dentro de uma vasta e
diversificada nação nos faz ver que os idiomas utilizados para
escrever os originais das Escrituras Sagradas foram os idiomas
Grego, Hebraico e Aramaico. O AT conseguiu, engenhosamente,
mesclar seus escritos em Hebraico e o Aramaico, sendo que
apenas alguns poucos textos foram escritos em Aramaico.
Conforme é possivel apurar, o NT foi escrito em grego, uma
língua universalmente conhecida no mundo antigo no período
do Império Romano, assim como o inglês é notório atualmente.
Há que se considerar que os originais da Bíblia são os alicerces
para a elaboração de uma tradução confiável das Escrituras.
Contudo, não devemos esquecer que, infelizmente, não existe
nenhuma versão original de manuscrito da Bíblia, mas sim

66
Introdução à Teologia

cópias de cópias de cópias. Com apoio dos novos manuscritos do


NT que foram encontrados, foram feitas revisões, no entanto,
para assombro de muitos estudiosos, tais revisões mostraram que
os textos bíblicos continuaram extremamente fiel ao original,
apesar dos séculos. Esses manuscritos antigos são usados como
fontes de pesquisas para se estudar o texto original da Bíblia.

 Revelação e inspiração Divina no Antigo Testamento


Verifica-se que muitos escribas, sacerdotes, profetas, reis
e poetas do povo hebreu, muitos séculos antes de Cristo,
se preocupavam em registrar a história do seu povo e seu
relacionamento com Deus. De igual modo, podemos percerber
que muitos desses homens tiveram a preocupação de registrar
as mensagens e revelações que recebiam do Deus de Israel.
É pensamento expresso por muitos autores que o povo
hebreu entendia essa importância, por isso repassavam essas
informações de geração em geração.
Tomemos como referencial comparativo a proeminência
destes escritos sagrados que, com o passar do tempo, foram
agrupados em três grupos de livros, a saber:

• Torah (Lei): reúne os primeiros cinco livros da Bíblia, o


assim chamado Pentateuco.
• Neviim (Profetas): seção que inclui os profetas anteriores
(Josué, Juízes, Samuel e Reis) e os profetas posteriores (Isaías,
Jeremias, Ezequiel, e os doze profetas menores).
• Ketubim (Escritos): reúne os demais livros, entre os quais:
Salmos, Provérbios, Jó, Eclesiastes, também Esdras, Neemias,
Daniel, e os livros de Crônicas, que aparecem em última posição
no cânone hebraico.

67
Instituto Bíblico Ebenézer

 Revelação e inspiração Divina no Novo Testamento


Os primeiros manuscritos do NT de que temos conhecimento
são algumas das cartas regididas pelo Apóstolo Paulo e
encaminhadas a alguns grupos de novos crentes que receberam
o Evangelho por ele pregado. A par dessa informação, podemos
constatar que é nesse cenário que terá incio a Igreja cristã.
Um outro ponto a ressaltar é que, em razão de as mensagens
contidas nessas cartas serem tão admiráveis, elas eram recebidas
e armazenadas com todo o zelo. Parece-me pertinente registrar
que as mensagens contidas nestas cartas eram tão valiosas,
que começaram a ser largamente copiadas, passando assim a
ter uma grande circulação entre os novos crentes. Um
outro aspecto importante a se observar é que muitos
desses novos crentes precisavam ser instruídos sobre o
Santo Evangelho, fazendo assim com que mais cópias
dessas cartas, sermões e manuscritos cristãos similares também
começassem a circular com maior intensidade entre o povo.
Nesse ponto, vale ressaltar o mais antigo fragmento do Novo
Testamento de que temos conhecimento é um pequeno pedaço
de papiro registrado no início do Século II d.C. Podemos observar
nesses inscritos algumas palavras do Evangelho de João 18.31-
33, e ainda outras citações aos versículos 37 e 38.

 Outros manuscritos no Novo Testamento


O que nos vem pelo fio condutor desse assunto é que, além
dos livros que agrupam os 27 livros do NT, existiam outros
quem de igual modom circulavam pelas Igrejas cristã nos
primeiros séculos, como as Cartas de Clemente, o Evangelho
de Pedro, o Pastor de Hermas, e o Didache (lê-se Didaquê - ou
Ensinamento dos Doze Apóstolos).

68
Introdução à Teologia

 Síntese histórica das traduções


A palavra tradução tem sua origem do latim “traductione”,
que define como “ato de conduzir além e de transferir”. Trata-
se de um exercício de transferir um discurso de um idioma para
outro, ficando evidenciado que essa tradução deverá respeitar as
características do texto original.
A primeira tradução da Bíblia ocorreu, pelo menos, desde
a época de Esdras e Neemias (Ne 8.8). Naquele período, era
necessário fazer uma tradução oral ou falada. E, como tal,
deveria ser conhecida e compreendida por todo o povo.
O trabalho de tradução da Bíblia foi de extrema importância
para difundir seus ensinamentos através dos tempos e entre os
mais variados povos. Acrescente-se a isso que suas inúmeras
traduções para os mais variados idiomas e dialetos fizeram
com que hoje fosse possível encontrar a Bíblia, completa ou em
porções, em mais de 2.000 línguas diferentes.

 A primeira tradução
Incontáveis escritores estimam que a primeira tradução
da Bíblia foi organizada entre 200 a 300 anos a.C. Deve-se
reconhecer, desde logo, que os judeus que habitavam no Egito
não compreendiam a língua hebraica. Assim, o AT foi
traduzido para o grego. Ademais, há que se considerar que não
eram apenas os judeus que viviam no estrangeiro que tinham
dificuldade de ler o original em hebraico; há que se ter em mente
que, com o cativeiro da Babilônia, os judeus exilados também já
não falavam mais o hebraico. Daí surgiu a necessidade de traduzir
o AT para grego. De acordo com algumas fontes históricas,
nos três séculos antes da vinda de Jesus, os livros do AT foram
traduzidos do hebraico para o grego. Essa tradução grega ficou

69
Instituto Bíblico Ebenézer

conhecida como a Septuaginta ou Tradução dos Setenta.

 Outras traduções das Escrituras Sagradas


Muitos são os estudos que apoiam que, após a Septuaginta,
surgiram outras traduções, como nas línguas copta (Egito),
etíope (Etiópia), siríaca (norte da Palestina) e em latim, que foi a
mais abrangente de todas as línguas por sua extensa utilização no
Ocidente. Some-se a isso o fato de que havia tantas versões em
latim, que o bispo de Roma no ano 382 d.C., chegou a indicar
o grande exegeta Jerônimo para fazer a tradução oficial das
Escrituras. Jerônimo foi uma personalidade célebre de seu
tempo. Sua capacidade intelectual e habilidade de escritor
são demonstradas pela vasta quantidade de textos escritos e
traduzidos por ele. Com o objetivo de realizar uma tradução
de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde
viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos
e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua
tradução tornou-se conhecida como “Vulgata”, ou seja, escrita na
língua de pessoas comuns (“vulgus”). Com certeza, seu trabalho
mais conhecido é a Vulgata, ou seja, uma versão da Bíblia em
latim. Embora não tenha sido imediatamente aceita, tornou-se
o texto oficial do cristianismo ocidental. Nesse formato, a Bíblia
difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando
até o Norte da Europa.
(Fonte:https://www.sbb.org.br/a-biblia-sagrada/destaques-
da-historia-da-traducao/. Acesso em 22/08/2020, às 9h32)

 A obra escolhida para a primeira impressão da


História foi a Bíblia Sagrada.
Dos menos pretensiosos aos mais arrojados estudos sobre o

70
Introdução à Teologia

tema, as pesquisas nos apresentam que um alemão por nome


Gutemberg deu origem à imprensa no séc. XVI, originando-
se, assim, uma revolução tecnológica. Parece-nos importante
acrescentar que o primeiro livro a ser produzido e reproduzido
foi justamente a Bíblia. Esse tipo de observação serve, em todo
caso, para nos mostrar que, com essa invenção, a Palavra de
Deus alcançou patamares maiores em sua distribuição. Para
tornar mais objetivo o que quero dizer, essa produção em escala
maior fez com que mais pessoas pudessem ler e meditar na
Bíblia e ser abençoadas por ela! É importante assinalar que, até
esse momento, a Bíblia só era escrita em latim, uma língua a
que poucos tinham acesso. É nessa atmosfera intelectual, que
irá ocorrer, pouco tempo depois, a Reforma Protestante. O
desenvolvimento da nova técnica para produzir livros acabou
possibilitando que as Escrituras Sagradas se tornassem mais
acessíveis à população, como propunham os reformadores. Um
atento estudo nos faz perceber que, conforme as Igrejas
protestantes iam pregando o Evangelho pelo mundo, a Bíblia ia
sendo traduzida para diversas línguas: alemão, francês, inglês,
holandês e, finalmente, o português. Não é de se surpreender
que hoje a Bíblia é o livro mais lido do mundo, traduzida para
centenas de línguas, abençoando e transformando vidas.

 Achados arqueológicos atestam a autenticidade da


Bíblia.
Diversas descobertas arqueológicas são feitas todos os
dias. Diante dessa verdade, várias foram as descobertas
arqueológicas que proporcionaram o melhor entendimento
das Escrituras Sagradas.
À luz de nossa interpretação na pesquisa que nos propusemos

71
Instituto Bíblico Ebenézer

realizar, não é difícil perceber que o maior achado arqueológico


do século XX é a descoberta dos assim chamados “rolos do mar
Morto” ou, então, documentos de Qumran. Conforme é possível
apurar, os manuscritos do Mar Morto são compostos de uma
coleção de aproximadamente 242 textos bíblicos e 565 textos
não-bíblicos, perfazendo um volume de, mais ou menos, 850
documentos encontrados, entre 1947 e 1956, em onze cavernas
próximas de Qumran, uma região a Noroeste do Mar Morto,
em Israel. Essa descoberta teve grande impacto na visão da
Bíblia, pois forneceu espantosa confirmação da fidelidade dos
textos massoréticos aos originais. As descobertas arqueológicas,
como a dos manuscritos do Mar Morto e outras mais recentes,
continuam a fornecer novos dados aos tradutores da Bíblia. Elas
têm ajudado a resolver várias questões a respeito de palavras e
termos hebraicos e gregos, cujo sentido não era absolutamente
claro. Antes disso, os tradutores se baseavam em manuscritos
mais “novos”, ou seja, em cópias produzidas em datas mais
distantes da origem dos textos bíblicos.

72
CAPÍTULO VII

SANTIFICAÇÃO

Merece ser enfatizado que a santificação é estar separado por


Deus e para Deus. Um outro dado indicador é que a santificação
se revela através da vida da pessoa que pode afirmar: “Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em
mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus,
o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl. 2.20).

7.1. SANTIFICAÇÃO
As Sagradas Escrituras ensinam em suas páginas que o homem
necessita viver uma vida de santidade, sem a qual ninguém verá
o Senhor. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo;
e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo” (1 Ts. 5.23). Convém relembrar que santificar-se

73
Instituto Bíblico Ebenézer

é separar-se ininterruptamente de todo pecado, pela ação do


Espírito Santo, para servir ao Senhor. As Santas Escrituras nos
fazem ver que nosso Deus é santíssimo. “Santo, Santo, Santo é
o senhor dos Exércitos (Is. 6.3). Sendo assim, faz-se imperioso
compreender que só mediante o poder partilhado pelo Espírito
Santo poderemos obedecer o mandamento que diz: “Sede
santos, como eu sou santo” (1 Pe 1.16). Deus deseja que o crente
experimente completa santificação, e esta dita santificação deve-
se procurar seriamente, mediante a obediência ao Senhor. “A
santificação é o processo mediante o qual Deus está purificando o mundo
e os seus habitantes. Seu alvo derradeiro é que tudo, tanto as coisas
animadas quanto as inanimadas, seja purificado de qualquer mancha
de pecado ou de impureza”. (HORTON, 2008, p.407).
Não é dificil perceber que, através de uma vida de santificação
e pureza, o crente afasta-se das atrações pervertidas deste
mundo e passa a se dedicar às coisas santas do Reino de Deus
(Hb. 12.14).

• O processo de Santificação é a separação daquilo que


é de uso comum.
Na santificação, devemos limpar-nos de toda imundície que
nos afasta da presença de Deus e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar
a santidade no temor ao Senhor.
“É interessante iniciar o estudo da santificação pelo caráter de Deus.
Quando Moisés e os filhos de Israel entoam um cântico ao Senhor, após
a travessia do Mar Vermelho, enfatizando o agir de Deus e, a seguir,
cantam: “Quem é como tu, glorificado em santidade...? (Êx. 15.11).
Notemos o versículo 13: “o levaste à habitação da tua santidade”. Ele é
Santo e seu plano é nos conduzir à santificação. O próprio Deus afirma:
“Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv. 19.2).

74
Introdução à Teologia

Os seres celestiais declaram a santidade de Deus (Is. 6.3), e Jesus Cristo


chama de Santo o Pai (Jo. 17.11)”. (FERREIRA, 2017, p. 58).
A santificação consiste em um processo que envolve mudança
do caráter e da maneira de viver. Outro fator influente é que a
santificação é uma ação divina, que também acontece dentro do
homem, refletindo logo em sua aparência. “Ora, amados, pois
que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia
da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de
Deus (2 Co. 7.1). Mas não é suficiente separar-se do mal, aquele
que tem sido santificado deve ser dedicado ao uso e ao serviço
de Deus.

• Santificação requer separação.


Aprendemos a enxergar que a santificação na vida do crente
precisa ser aperfeiçoada todos os dias. Santificar-se é separar-
se, ininterruptamente, de todo pecado, pela ação do Espírito
Santo. No livro de Hebreus reside uma das mais expressivas
contribuições sobre esse assunto “Na qual vontade temos sido
santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma
vez. E assim todo sacerdote aparece cada dia, ministrando
e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca
podem tirar pecados; mas este, havendo oferecido um único
sacrifício pelos pecados, está assentado para sempre à destra de
Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam
postos por escabelo de seus pés. Porque, com uma só oblação,
aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (Hb. 10. 10-
14). Fica evidenciado que estes textos nos fornecem uma pista
de que os crentes mencionados já haviam sido santificados, e
continuavam sendo santificados. Ou como diria o Bispo Abner
Ferreira: “O Senhor Deus exige a santificação (“sede santos”) e

75
Instituto Bíblico Ebenézer

provê meios para que o processo se torne realidade na vida do


seu povo. Num primeiro momento, é importante destacar que
a Trindade está envolvida na missão de santificar: o Pai (1 Ts.
5.23); o Filho (Hb. 10.10; 13.12); e o Espírito Santo (1 Pe. 1.2).
A Palavra de Deus é um agente na santificação (Jo. 17.17), de
tal maneira, que alcança o ser humano por completo (Hb. 4.12;
Ef. 5.26). O sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado (1
Jo 1.7), e santifica (Hb. 9.13,14; 10.10)”. (FERREIRA, 2017,
p.61).
O que nos vem pelo fio condutor desta construção é que o
crescimento do crente “em santificação” ocorre à medida que o
Espírito rege soberanamente os seus passos.

• Deus nos convida a vivermos uma vida de santidade.


O livro de Hebreus nos relata, com toda clareza, que
Deus nos corrige com propósito específico para que sejamos
participantes de sua santidade. A santidade de Deus é um dos
atributos da sua perfeição moral. Diante disso, como filhos
de Deus, somos inspirados a viver de maneira santa e íntegra
neste mundo. “Porque aqueles, na verdade, por um pouco
de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este,
para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade”
(Hb. 12.10). Já nos exortou o Apóstolo Pedro: “Mas, como é
santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda
a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos,
porque eu sou santo” (1 Pe. 1.15-16). É preciso não perder de
vista que o Apóstolo Paulo formulou, com clareza, essa ideia em
um de seus textos, demonstrando a forma como Cristo opera
em nós por intermédio do Espírito Santo, para transformar-
nos, gradualmente, até obtermos sua gloriosa imagem (2 Co.

76
Introdução à Teologia

3.18). Ou seja, a santificação é o processo pelo qual o crente


se afasta do pecado para viver uma vida consagrada a Deus,
refletindo a imagem de Cristo (Rm. 8.29). O peso do assunto
que tratamos não permite tal leveza, pois todos são chamados
para a santificação. Na posição de santos em Cristo, é possível e
preciso progredir. Para tanto, precisamos permanecer unidos a
Cristo (Jo. 15.5).

• Ao lado do corpo, a alma e o espírito devem estar


preparados para a vinda do Senhor Jesus Cristo.
A vontade de Deus é que seu povo seja santo (Lv. 20.7).
Desde o início das Escrituras, aprendemos que Deus tem
um plano específico para o seu povo na terra (Jz. 3.5). E esse
plano inclui a santificação, a separação para Deus e para a sua
glória. Quando o Apóstolo Paulo fala sobre Deus nos santificar
“completamente”, está falando sobre o nosso ser inteiro, que é
composto de espírito, alma e corpo. No entanto, seria errôneo
não mencionar que a santificação envolve a tricotomia humana
conforme observado 1 Ts. 5.23. Uma vida de santidade exige
pureza, entendendo que deve envolver, portanto, todas as áreas
da nossa vida. O Senhor Jesus disse ao Pai o seguinte: “Santifica-
os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo. 17.17). O corpo
do cristão é o “templo do Espírito Santo” e, portanto, deve ser
preservado para glória de Deus. Ao lado do corpo, a alma e o
espírito devem estar preparados para a vinda do Senhor Jesus
Cristo.

• A santificação é a especialidade do Espírito Santo.


Necessitamos cooperar amplamente com a Santissíma
Trindade, para obtermos nossa completa santificação. Numa

77
Instituto Bíblico Ebenézer

narrativa autoconsciente, devemos rogar ao Espírito Santo


para que possa habitar o nosso interior e nos tornar alvos de
maravilhosas operações espirituais. “Até que todos cheguemos à
unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, varão perfeito, à
medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). “Assim como
a regeneração leva a efeito uma mudança em nossa natureza,
a justificação modifica a nossa situação diante de Deus.”
(HORTON, 2018, p.372).

• A santificação é indispensável na vida do ser humano.


Deus tem proporcionado meios que estão ao nosso alcance,
para obtermos completa santificação. “Santifica-os na verdade;
a tua palavra é a verdade” (Jo. 17.17).
É importante notar que Deus deseja que os crentes rompam
completamente com toda configuração de qualquer desejo
ímpio e resistam, continuamente, aos desejos da carne. Nesse
balanço de memórias, não posso deixar de registrar a fala
do Bispo Abner Ferreira sobre esse tema tão importante:
“Lembremo-nos: são atitudes possíveis, pois nascemos de novo, estamos
em Cristo, o Espírito Santo habita em nós e temos a Palavra de Deus.
Trata-se de um exercício espiritual, necessitando, assim, de nossa parte,
disciplina pessoal, rever nossas prioridades e uma constante revisão sobre
como estamos administrando o nosso tempo.” (FERREIRA, 2017,
p.62). Nunca é demais lembrar que devemos mortificar as ações
pecaminosas do corpo, repudiá-las cada vez mais e fugir delas
(Gl. 5.16).
O estudo das Sagradas Escrituras acompanhado da oração
e de ouvir atentamente as mensagens da Palavra de Deus,
pregadas por servos ungidos do Espírito Santo, está destinado a
ser um meio para a nossa santificação.

78
Introdução à Teologia

 Existe distinção entre dons espirituais e ministeriais.


Os dons espirituais e ministeriais são distintos; no entanto,
ambos provêm de Deus e são indispensáveis à Igreja de Cristo.
É deveras benévolo de nossa parte reconhecer que, de modo a
aperfeiçoar e unificar a sua Igreja, o Senhor Jesus confia dons aos
homens, tendo em vista a edificação dos santos. Assim sendo,
Ele designou alguns como apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e doutores para a igreja, com o específico propósito
da edificação dos santos (Ef. 4.11,12). Levados pelo vento do
Espírito, esses instrumentos do Senhor se dedicam no trabalho
de edificação espiritual dos crentes. Ser usado na obra de Deus
requer a capacidade de ser cheio do Espírito, pois esse ministério
é para “a edificação do corpo de Cristo”.

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CAPÍTULO VIII

A BENDITA ESPERANÇA

A bendita esperança da Igreja é a segunda vinda de Jesus


Cristo. Diante dessa expectativa, tomamos ânimo em dizer
que o crente deve deslumbarar um amanhã muito melhor, pois não
contamos com Cristo só para esta vida.

8.1. UMA BENDITA ESPERANÇA


Para bem compreender todas as vezes que falamos em
esperança, trazemos à memória as múltiplas promessas que
as Santas Escrituras nos apresentam: “Palavra alguma falhou
de todas as boas palavras que o Senhor falara à casa de Israel;
tudo se cumpriu” (Js. 21.45). Isso obriga a pensar que a maior
promessa que o Senhor nos fez foi através do seu Filho Jesus
Cristo, de que um dia voltaria para buscar todos aqueles que
nEle cressem. “E, então, verão vir o Filho do Homem numa

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Instituto Bíblico Ebenézer

nuvem, com poder e grande glória” (Lc. 21.27). Sendo assim,


precisamos crer que, da mesma forma que Ele foi levado aos
céus, voltará; e, quando voltar, nos levará para viver junto dEle.
Observamos que a ressurreição dos que morreram no Senhor e
sua translação, juntamente com aqueles que ainda estiverem
vivos quando o Senhor retornar, constituem a Bendita Esperança
da Igreja, a qual também crê que o cumprimento dessa promessa
é iminente. Com vistas a uma melhor compreensão, citarei um
texto de tamanha extensão, porque me parece apropriado para
exemplificar o meu discurso. “Porque a graça de Deus se há
manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-
nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências
mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e
piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o
aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus
Cristo, o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda
iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de
boas obras” (Tt. 2.11-14). Tito nos apresenta que a plenitude
do Reino é a nossa Bendita Esperança. Parece desnecessário
chamar a atenção para o fato de que a nossa Bendita Esperança
é a expectativa do arrebatamento ou segunda vinda de Cristo.
Voltemos então à Teologia Cristã, que jamais será neutra. A
Teologia Cristã nos ensina que o verdadeiro crente necessita
possuir sua esperança centrada em Deus. É muito fácil explicar
esse pensamento, pois não podemos depositar a nossa esperança
num mundo pervertido, danoso e que jaz no maligno.
Brota como resposta que, embora estejamos ainda aqui neste
mundo, o nosso coração acha-se ligado àquela ditosa cidade, cujo
Arquiteto e Artífice é o próprio Deus. Tomemos como referencial
comparativo a fala do Apóstolo Paulo, que nos orienta a buscar e

82
Introdução à Teologia

pensar nas coisas que são de cima. “Portanto, se já ressuscitastes


com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está
assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e
não nas que são da terra” (Cl. 3.1,2).
A Bendita Esperança pelo retorno do Mestre traz pontos
fortes e relevantes a serem elencados, a saber:

• A Bendita Esperança dos salvos é a expectativa de a


Igreja de Cristo ser arrebatada!
Carregado de certezas, cada cristão deve apropriar-se dessa
Bendita Esperança e aguardar, pacientemente, o arrebatamento
da Igreja. Vale salientar esse evento será a completude da
salvação. Todos os salvos subirão para se encontrarem com
Jesus. Claro está para nós que o arrebatamento nos salvará da
grande tribulação. “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para
que sejais havidos por dignos de evitar todas essas coisas que
hão de acontecer e de estar em pé diante do Filho do Homem”
(Lc. 21.36).

• A Bendita Esperança da Igreja é a certeza de que o Rei


breve vem!
O retorno de Cristo, em busca dos seus, constitui nossa
Bendita Esperança. O aspecto central da vida cristã é aguardar,
em santidade e em esperança, o retorno de Jesus para buscar
a sua Igreja. Não esperamos ver o Anticristo nem passar pela
grande tribulação. Não obstante, mantemos oouvido atento,
com o fim de ouvir o chamado de nosso Libertador. Nosso olhar
percorre os céus “aguardando a bem-aventurada esperança e o
aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus
Cristo” (Tt. 2.13). Anelamos e esperamos o Filho de Deus, que

83
Instituto Bíblico Ebenézer

virá desde os céus (1Ts. 1.10).

• A Bendita Esperança da Igreja é que Cristo nos liberte


do pecado.
Da mesma maneira que os israelitas se livraram para sempre
dos egípcios ao cruzarem o Mar Vermelho, assim também nós
seremos libertos para sempre das garras do diabo e suas hostes,
que atualmente infestam o are afligem os homens.
“A eficácia de Satanás no engano pode ser irreparável na vida de
muitos crentes e as ciladas do diabo têm muitas formas; desta feita não
podemos negligenciar a nossa vida piedosa com o Evangelho de Jesus”.
(PRATTIS, 2015, p.100). Esta verdade é manifesta de forma
perceptível em Apocalipse 12.7-12. Pratiquemos o coro da vitória,
a fim de estarmos preparados para tomar parte quando chegar a
hora do nosso triunfo. Esperamos por este momento com grande
expectativa. Esta é nossa Bendita Esperança. (Tt. 2.13).

• A Bendita Esperança da Igreja é estar com Cristo no


Céu.
O arrebatamento da Igreja dará início a uma série de
acontecimentos escatológicos. “Porque o mesmo Senhor descerá
do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta
de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”
(1 Ts. 4.16). Por isso, nossa Bendita Esperança não está aqui
na terra, mas no céu, de onde esperamos Ele vir nos buscar!
“O clarim já nos alerta / Nosso coração desperta / Pois a vinda
é bem certa de Jesus / De mil anjos rodeado / Para o crente
preparado / Cristo volta coroado, Aleluia” (Harpa Cristã, Hino
206). A Bendita Esperança parece ser a narrativa desse hino.

84
Introdução à Teologia

• A Bendita Esperança da Igreja é ouvir o som da última


trombeta.
No arrebatamento, os santos com vida serão transformados.
Temos aqui elementos que permitem dizer que só chegarão aos
céus aqueles que lavaram seus vestidos no sangue do Cordeiro.
A abordagem nos faz ver que, no grande dia do Senhor, os
ímpios “ficarão de fora” (Ap. 22.15). Entretanto, os que
permanecerem fiéis no Senhor serão transformados e subirão
para se encontrar com Ele. “Eis aqui vos digo um mistério:
Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos,
ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1
Co. 15. 51,52). Ou como disse o Apóstolo João: “Amados,
agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que
havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar,
seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos”
(1 Jo. 3.2). A isso acrescente-se que essa transformação dos
corpos dos remidos que têm morrido, e dos que ainda vivem
por ocasião da vinda do Senhor Jesus, é denominada por Paulo,
como “a redenção do nosso corpo” (Rm. 8. 23).

• A Bendita Esperança da Igreja é que no céu não


haverá mais tristeza nem sofrimento.
O termo para arrebatamento no grego é “harpazo”. Essa
expressão dá a ideia de rapto, ou de remoção repentina, de
modo súbito. No arrebatamento, os crentes remidos que ainda
estiverem vivos na terra terão seus corpos em um instante
transformados, feitos imperecíveis e imortais. Esse tema é de
tamanha importância para os nossos dias, já que em nossos

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Instituto Bíblico Ebenézer

altares atualmente se fala pouco a respeito da volta de Jesus.


Numa narrativa autoconsciente, o Apóstolo Paulo nos diz como
isso se dará: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com
alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os
que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os
que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles
nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos
sempre com o Senhor” (1 Ts. 4.16,17). Fica bem claro, portanto,
que, para o crente, a morte não é o fim da vida, mas o início de
uma plena, sublime e eterna comunhão com Deus.

• A Bendita Esperança da Igreja é ser galardoada por Cristo.


Após o arrebatamento, os crentes serão recompensados de
acordo com suas obras. Todos os crentes deverão comparecer
diante do Tribunal de Cristo, para que cada um receba a sua
recompensa. “É importante entender que esse julgamento
será, sobretudo, para revelar o cárater das obras de cada um.
O objetivo é que cada salvo receba por aquilo que realizou
durante seu tempo de vida na Terra”. (PRATTIS, 2015, p.46).
O galardão é a recompensa a que o crente fez jus, pois exerceu
bem a função para a qual foi encarregado no Reino de Deus. “E
eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho
para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Ap. 22.12).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudar as Escrituras é um prazer do qual não devemos nos furtar.
Diante dessa certeza, faço-vos saber que a Bíblia foi e sempre será
a bússola do nosso trabalho. Somos sabedores que o conhecimento
bíblico torna-se um processo translúcido, fundamentado e

86
Introdução à Teologia

circunscrito de modo bem definido. O leitor decerto não escapou


de observar que, no decorrer deste trabalho, oportunizamos uma
diversidade de enfoques e perspectivas, de modo a situá-lo por
meio de uma visão panorâmica da Teologia Sistemática.
Ao nos debruçarmos sobre esta temática, surgem as seguintes
convicções: estudar as Sagradas Escrituras leva-nos ao conhecimento
de Deus e fortalecimento espiritual; estudar sobre o Deus Pai leva-
nos ao conhecimento do sublime amor; estudar a pessoa de Jesus
Cristo leva-nos à transformação; estudar a pessoa do Espírito Santo
leva-nos a perseverar na fé; estudar sobre a salvação leva-nos à
gratidão; estudar sobre a Santidade leva-nos ao arrependimento;
estudar sobre o fim dos tempos leva-nos à esperança.
Não podemos, porém, encerrar estas páginas sem que, antes,
mencionemos que conhecer a Deus é vida. Estudá-lo, portanto,
é saúde!

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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

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