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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE ANGICOS
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

CARLOS KALWENDY SANTOS DAMASCENO

ESTUDO DE CASO DE SAPATAS ISOLADAS ASSENTADAS EM SOLO


GRANURAR NO MUNICÍPIO DE ASSÚ/RN

ANGICOS
2021
CARLOS KALWENDY SANTOS DAMASCENO

ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA DE SAPATAS ASSENTADAS EM


SOLO GRANULAR NO MUNICÍPIO DE ASSÚ/RN

Trabalho Final de Graduação apresentado a


Universidade Federal Rural do Semi-Árido
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Dr. Arthur Gomes Dantas de


Araújo.

ANGICOS
2021
©Todos os direitos estão reservados à Universidade Federal Rural do Semi-Árido. O conteúdo
desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções
administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que regulamentam a Propriedade
Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei nº 9.279/1996, e Direitos Autorais: Lei nº
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homologação da sua respectiva ata, exceto as pesquisas que estejam vinculas ao processo de
patenteamento. Esta investigação será base literária para novas pesquisas, desde que a obra e
seu (a) respectivo (a) autor (a) seja devidamente citado e mencionado os seus créditos
bibliográficos.

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas


da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Setor de Informação e Referência

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Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto de Ciências Matemáticas
e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o
Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-
UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação e
Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser
adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de Graduação e Programas de
Pós-Graduação da Universidade.
CARLOS KALWENDY SANTOS DAMASCENO

ESTUDO DE CASO DE SAPATAS ISOLADAS ASSENTADAS EM SOLO


GRANULAR NO MUNICÍPIO DE ASSÚ/RN

Trabalho Final de Graduação apresentado a


Universidade Federal Rural do Semi-Árido
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Defendida em: 01 / 06 / 2021.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________
Arthur Gomes Dantas de Araújo, Prof. Dr. (UFERSA)
Presidente

_________________________________________
Kleber Cavalcanti Cabral, Prof. Dr. (UFERSA)
Membro Examinador

_________________________________________
Paulo Leite Souza Júnior, Eng. Me. (Prefeitura do Assú/RN)
Membro Examinador
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e sabedoria, todas as condições
necessárias para o desenvolvimento deste trabalho e minha graduação, todas as pessoas que ele
colocou ao meu redor que contribuíram diretamente ou indiretamente na minha formação como
cidadão.

Agradeço a minha família por todos os concelhos e ajuda durante a graduação, todo
incentivo em continuar e buscar a tão sonhada formatura.

Agradeço ao orientador Arthur Gomes, pela objetiva e fundamental orientação


necessária na elaboração deste trabalho.

Agradeço a minha companheira, Laisa de Melo, por todo apoio e incentivo, e todo
conforto nas horas difíceis. Ao meu sogro e minha sogra, por toda assistência e condições, que
contribuíram diretamente para conclusão desse trabalho.

Agradeço ao grupo dos “Nerds”, que foi tão importante para a produção deste trabalho
e para minha formação, tal qual ao grupo Lenovo, onde estão grandes amigos que levarei para
a vida.
“Nossa maior fraqueza é a desistência. O
caminho mais certeiro para o sucesso é sempre
tentar apenas uma vez mais.”
Thomas Edilson
RESUMO

Fundações é o elemento estrutural responsável por transmitir as tensões da


superestrutura para o solo, sem que o valor limite definido como a capacidade de carga não seja
alcançado, vetando a possibilidade da ruptura do solo. O presente trabalho, tem como objetivo
estimar a capacidade de carga através do método teórico de Vesic, encontrar a tensão admissível
por modelos semiempíricos e calcular a estimativa do recalque imediato pelo método de
Schmertmann, utilizando a planilha eletrônica desenvolvida pelo autor no software Excel. A
validação do método de Vesic foi feita utilizando dados de uma sondagem à percussão realizada
no município de Assú/RN, região onde foi construído uma creche, na qual três sapatas do
projeto foram analisadas utilizando o modo de ruptura geral e comparados com os métodos
semiempíricos. Por fim, o modelo teórico de Vesic se mostrou prático obtendo valores
semelhantes aos métodos semiempíricos. A estimativa de recalques obteve valores próximos
de 1/5 do limite aceitável, considerados satisfatórios. Por fim é chegado na conclusão que as
sapatas de projeto, poderiam ter dimensões menores com os fatores de segurança mínimos
atendidos, considerando o modelo proposto por Vesic.

Palavras-chave: Capacidade de carga. Método teórico. Recalque imediato.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fundação profunda e rasa...................................................................................... 20


Figura 2 - Fundação superficial do tipo bloco................................................................. 20
Figura 3 - Fundação superficial do tipo radier. ............................................................... 21
Figura 4 - Fundação superficial do tipo sapata. .............................................................. 21
Figura 5 - Sapata isolada ................................................................................................. 25
Figura 6 - Sapata associada ou combinada. ..................................................................... 25
Figura 7 - Sapata em divisa. ............................................................................................ 26
Figura 8 - Ruptura geral. ................................................................................................. 27
Figura 9 - Ruptura por puncionamento. .......................................................................... 28
Figura 10 - Superfície potencial de ruptura. ...................................................................... 29
Figura 11 - Fatores da capacidade de carga. ..................................................................... 30
Figura 12 - Fundação de base inclinada e terreno inclinado. ............................................ 34
Figura 13 - Bulbo de tensão em sapata isolada. ................................................................ 36
Figura 14 - Deformação do solo, modelo de Schmertmann. ............................................. 37
Figura 15 - Mapa de localização do município de Assú/RN............................................. 39
Figura 16 - Quadro de legenda cores................................................................................. 46
Figura 17 - Quadro de instruções. ..................................................................................... 46
Figura 18 - Dimensões e geometria da sapata. .................................................................. 47
Figura 19 - Características do solo. ................................................................................... 47
Figura 20 - Esforços atuantes na sapata. ........................................................................... 48
Figura 21 - Resistência do concreto a compressão e resistência característica do aço ao
escoamento na tração. ..................................................................................... 48
Figura 22 - Fatores de forma. ............................................................................................ 48
Figura 23 - Fatores de profundidade de acordo com Brinch Hansen (1970). ................... 49
Figura 24 - Fatores de inclinação da carga. ....................................................................... 50
Figura 25 - Tensão máxima na excentricidade unidirecional............................................ 52
Figura 26 - Considerações de cálculo................................................................................ 53
Figura 27 - Mapa das sapatas, e zona das sondagens ........................................................ 54
Figura 28 - Dimensões da S32 pelo projeto. ..................................................................... 61
Figura 29 - Dimensões da S32, planilha no modo de ruptura geral. ................................. 61
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Perfil Geotécnico da sondagem. ..................................................................... 41


LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Fatores de forma. ............................................................................................ 31
Tabela 2 - Fatores de forma por De Beer (1967) melhorada por Vesic (1970). .............. 31
Tabela 3 - Dados dos furos realizados na sondagem. ...................................................... 40
Tabela 4 - Peso específico da argila................................................................................. 42
Tabela 5 - Peso específico da areia. ................................................................................. 42
Tabela 6 - Sapatas de projeto com profundidade alterada. .............................................. 54
Tabela 7 - Peso específico em função do Nspt e profundidade. ...................................... 55
Tabela 8 - Ângulo de atrito interno em função do Nspt e profundidade. ........................ 55
Tabela 9 - Cálculo dos bulbos de tensão.......................................................................... 57
Tabela 10 - Determinação do peso específico. .................................................................. 57
Tabela 11 - Ângulo de atrito interno em cada furo da sondagem. ..................................... 58
Tabela 12 - Tensão de ruptura Geral e Puncionamento. .................................................... 58
Tabela 13 - Tensão admissível para capacidade de carga. ................................................ 59
Tabela 14 - Dimensões em planta das sapatas. .................................................................. 60
Tabela 15 – Alturas das sapatas. ........................................................................................ 60
Tabela 17 - Volume de concreto das sapatas. .................................................................... 61
Tabela 18 - Recalques diferencias. .................................................................................... 62
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CA Concreto Armado
MPa Mega pascal
NBR Norma Técnica Brasileira
Nspt Índice de resistência a penetração
SPT Sondagem à Percussão
LISTA DE SÍMBOLOS

h0 Altura da base rígida


H Altura total
ϕ Ângulo de atrito interno
ϕ′ Ângulo de atrito interno corrigido
𝐹𝑣 Carga vertical
𝐶 Coesão
𝑐′ Coesão corrigido
L Comprimento da sapata
𝐿′ Comprimento efetivo da sapata
∆𝑧 Espessura da i-ésima camada
𝑒𝑦 Excentricidade de carga na direção longitudinal
𝑒𝑥 Excentricidade de carga na direção transversal
𝐶1 Fator de correção para recalque imediato
𝐶2 Fator de correção para recalque por adensamento
𝐼𝑧 Fator de influência na deformação à meia altura da i-ésima camada
𝑁𝑐 , 𝑁𝑞 e 𝑁𝛾 Fatores de capacidade de carga em função do ângulo de atrito (ϕ);
𝑏𝑐 , 𝑏𝑞 e 𝑏𝛾 Fatores de correção da inclinação da base da sapata
𝑖𝑐 , 𝑖𝑞 e 𝑖𝛾 Fatores de correção da inclinação de carga
𝑑𝑐 , 𝑑𝑞 e 𝑑𝛾 Fatores de correção do efeito de profundidade
𝑔𝑐 , 𝑔𝑞 e 𝑔𝛾 Fatores de correção para a inclinação da superfície terreno
𝑆𝑐 , 𝑆𝑞 e 𝑆𝛾 Fatores de forma
𝛼 Inclinação da base
𝜔 Inclinação do terreno
B Largura da sapata
𝐵′ Largura efetivo da sapata
𝐸𝑆 Módulo de deformabilidade da i-ésima camada
𝛾𝑠 Peso específico do solo
d Profundidade de assentamento
𝑧 Profundidade do bulbo de tensão
m Relação de B/L
𝐹𝑦𝑘 Resistência característica do aço ao escoamento na tração
𝐹𝑐𝑘 Resistência característica do concreto à compressão
q Sobrecarga
𝜌𝑑 Soma do recalque imediato e adensamento
t Tempo em anos
𝜎𝑟 Tensão de ruptura
𝜎∗ Tensão líquida
𝜎𝑚á𝑥 Tensão máxima na base da sapata quando houver excentricidade
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17
2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 18
2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 18
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................ 18
3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 19
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS FUNDAÇÕES. ................................................................................... 19
3.1.1 Tipos de fundação superficial. ................................................................................ 20
3.2 SAPATAS ................................................................................................................... 21
3.2.1 Classificação das sapatas ....................................................................................... 22
3.2.1.1 Quanto a rigidez ..................................................................................................... 22
3.2.1.2 Quanto à forma ...................................................................................................... 24
3.2.2 Sapata associada ou combinada............................................................................ 25
3.3 CAPACIDADE DE CARGA DE SAPATAS ............................................................................... 26
3.3.1 Modos de rupturas ................................................................................................. 26
3.3.2 Modelo teórico de Terzaghi.................................................................................... 28
3.3.3 Fatores de correção ................................................................................................ 32
3.3.4 Bulbos de tensão .................................................................................................... 35
3.4 RECALQUES DE SAPATAS ............................................................................................... 36
3.4.1 Método de Schmertmann....................................................................................... 37
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 39
4.1 REGIÃO ESTUDADA ...................................................................................................... 39
4.2 PERFIL DO SUBSOLO (SONDAGEM SPT) ........................................................................... 39
4.3 DADOS DE ENTRADA PARA EXECUÇÃO DA PLANILHA ............................................................ 41
4.3.1 Formato da sapata ................................................................................................. 41
4.3.2 Peso Específico ....................................................................................................... 42
4.3.3 Ângulo de atrito interno ......................................................................................... 42
4.3.4 Coesão .................................................................................................................... 43
4.3.5 Modo de ruptura .................................................................................................... 43
4.3.6 Dados de projeto .................................................................................................... 43
4.3.7 Dados do recalque .................................................................................................. 44
4.4 A PLANILHA. .............................................................................................................. 44
4.5 EXECUÇÃO DA PLANILHA ............................................................................................... 53
5 RESULTADOS E ANÁLISES ........................................................................... 57
5.1 DETERMINAÇÃO DO BULBO DE TENSÕES .......................................................................... 57
5.2 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DO SOLO .................................................................... 57
5.3 CAPACIDADE DE CARGA DO SISTEMA SOLO-SAPATA ............................................................ 58
5.4 DETERMINAÇÃO DA TENSÃO ADMISSÍVEL ......................................................................... 58
5.5 DIMENSÕES FINAIS DAS SAPATAS .................................................................................... 59
5.6 DETERMINAÇÃO DAS ALTURAS ....................................................................................... 60
5.7 VOLUME DE CONCRETO ................................................................................................ 61
5.8 RECALQUES................................................................................................................ 62
6 CONCLUSÕES .................................................................................................... 63
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 64
APÊNDICE A – INFORMAÇÕES ÚTEIS DA SAPATA S32 (01) ................................... 66
17

1 INTRODUÇÃO

A estrutura de um edifício gera tensões resultantes de ações como o peso próprio ou


reação a esforços externos, direcionando para a infraestrutura, o qual repassa para o solo por
sua superfície de contato lateral ou sua base, permitindo-se que o sistema como um todo se
mantenha estável. (Aoki, Cintra e Albiero, 2012)
A infraestrutura instável apresenta problemas na edificação podendo ser patologias que
prejudiquem a arquitetura ou em casos mais extremos atinja o sistema estrutural, podendo vetar
o uso do edifício. A instabilidade pode ser resultado de diversos fatores, os mais comuns são a
escolha do tipo da fundação errada, tipo do solo não homogêneo ou desconhecidos quando não
existir ensaios geotécnicos, recalques diferencias ou excessivos e mal dimensionamentos da
geometria da fundação.
Para a criação de um projeto eficiente e confiável, a fundação de uma estrutura deve ser
bem elaborada e estudada, para que exerça sua função sem causar danos a edificação. A Norma
Técnica Brasileira (NBR 6118, 2014) fala que as estruturas de concreto executadas, sob as
condições previstas na época do projeto, ao serem utilizadas conforme previsto, atenda os
fatores de segurança no prazo correspondente à sua vida útil. Em uma edificação com fundações
superficiais do tipo sapata, cada elemento recebe cargas e momentos diferentes, tornando
obrigatório a verificação da sua geometria e condições como a verificação de força normal,
força cortante, momento fletor e momento torsor.
Para obter informações do solo, é realizado, o ensaio de sondagem à percussão (standard
penetration test – SPT), o mesmo, é o método mais utilizado no Brasil, e com o emprego de
métodos semiempíricos, é possível determinar a capacidade de carga, e por fim, pode-se avaliar
o desempenho por provas de carga. A teoria da capacidade de carga do solo parar fundações
superficiais, foi estudada por Terzaghi, sendo o primeiro a desenvolver a teoria de resistência
do solo na interação sapata-solo. (Aoki, Cintra e Albiero, 2012)
Neste trabalho foi feito um estudo de caso em sapatas isoladas em solo arenoso,
desenvolvendo para isso uma planilha eletrônica destinada para o cálculo da capacidade de
carga e estimativa de recalque imediato, por fim, é comparado com a tensão admissível
encontrada por diferentes métodos semiempíricos.
18

2 OBJETIVOS

Análise do projeto de fundação superficial tipo sapata através do método teórico de


Vesic.

2.1 Objetivo geral

Determinar a capacidade de carga pelo método teórico de Vesic, tensão admissível por
métodos semiempíricos e estimar recalque imediato pelo método de Schmertmann.

2.2 Objetivos específicos

O trabalho tem como objetivos específicos:

• Analisar a sondagem SPT (standard penetration test – SPT).


• Determinar a capacidade de carga por métodos teórico e tensão admissível por métodos
semiempíricos.
• Calcular a estimativa do recalque imediato no sistema solo-sapata.
19

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Fundação pode ser definido como o ato de apoiar a estrutura, de modo que as cargas
resultantes que transmite entre os elementos estruturais, chegue até a sua base ou fuste em
contato com solo, e seja distribuído sem causar recalques inadmissíveis na estrutura (CAPUTO,
1988). Segundo Costa e Paz (2018), as fundações quando dimensionadas, devem ser capazes
de resistir os esforços provenientes da estrutura, sendo que o dimensionamento considera as
características do solo onde será construída, devido a isso, o solo deve ser estudado para se
obter informações necessárias, evitando-se deformações extremas e futuras patologias.

3.1 Classificação das fundações.

No decorrer do tempo, vários tipos de fundações surgiram, pois, um único tipo de


fundação não atende para todos os tipos de solo, para suprir essa necessidade, outros modelos
foram criados. A Norma Técnica Brasileira (NBR 6122, 2019) classificam de modo geral as
fundações em profundas e rasas, esse último também é conhecido como direta ou superficial,
ou ainda pelo método que a carga da estrutura é transferida ao solo.
A NBR 6122 (2019), define como fundação profunda um elemento estrutural que
transmite a carga ao terreno pela base, conhecido como a resistência de ponta, e por sua
superfície lateral, chamado de resistência de fuste, que juntas forma a resistência total da
fundação isolada, outra característica é que sua ponta deve estar apoiada em uma profundidade
superior a oito vezes a sua menor dimensão em planta, e no mínimo 3 m, os tipos mais
conhecidos são as estacas e os tubulões.
A fundação rasa (direta ou superficial), é um elemento estrutural que transfere as cargas
para ao solo por sua base, e está assentada a uma profundidade inferior a duas vezes a menor
dimensão da fundação em planta.
De acordo com Velloso e Lopes (2011), as fundações podem ser classificadas pelo
mecanismo de ruptura, sendo que a fundação rasa, quando rompe o solo atinge a superfície do
solo de acordo com a representação na Figura 1, e a profunda, alcança uma altura aproximada
de duas vezes sua menor dimensão.
20

Figura 1 - Fundação profunda e rasa.

Fonte: Velloso e Lopes (2011)

3.1.1 Tipos de fundação superficial.

Segundo Cintra, Aoki e Albiero (2012), fundação superficial é responsável por receber
a carga do pilar, e distribuir exclusivamente por sua base em contato com o solo, de modo que
o fuste, ou o corpo não apresente uma resistência por atrito com o solo, de modo que não seja
considerável, por exemplo temos as sapatas isoladas, que também é o foco desse trabalho.
A NBR 6122 (2019), define alguns tipos de fundações superficiais:

• “Bloco: Elemento de fundação rasa de concreto ou outros materiais tais como alvenaria
ou pedras, dimensionado de modo que as tensões de tração nele resultantes sejam
resistidas pelo material, sem necessidade de armadura.

Figura 2 - Fundação superficial do tipo bloco.

Fonte: Autor (2021).

• Radier: Elemento de fundação rasa dotado de rigidez para receber e distribuir mais do
21

que 70 % das cargas da estrutura.

Figura 3 - Fundação superficial do tipo radier.

Fonte: Autor (2021).

• Sapata: elemento de fundação rasa, de concreto armado, dimensionado de modo que


as tensões de tração nele resultantes sejam resistidas pelo emprego de armadura
especialmente disposta para esse fim.”

Figura 4 - Fundação superficial do tipo sapata.

Fonte: Autor (2021).

3.2 Sapatas

As sapatas são elementos estruturais, denominados de fundação superficial, e é


constituído de concreto armado, com uma altura inferior em relação ao comprimento dos lados
da sua base, e isso se dá devido a armadura presente, que permite trabalhar a flexão.
22

Como característica, as sapatas têm uma capacidade de carga baixa a média, indicado
para regiões onde apresente nas sondagens, a presença do solo argila rija, e outros (Lima et al.,
2017).

3.2.1 Classificação das sapatas

Sapata é um elemento de fundação que recebe a carga do pilar e transfere diretamente


para o solo, porém, as sapatas podem receber mais de um pilar e ter geometrias diferentes,
quando a carga que chega na fundação for de apenas um pilar, essa sapata recebe o nome de
sapata isolada (Figura 4), e quando mais de um, associada ou corrida.
A NBR 6118 (2014), trata as sapatas como rígida, ou flexíveis, criando-se uma nova
classificação, desde modo as sapatas podem ser classificadas, tanto pela rigidez, como pela sua
forma.

3.2.1.1 Quanto a rigidez

A classificação das sapatas quanto a rigidez é muito importante, porque direciona o


método que deve ser considerado para a transferência das tensões entra a fundação e o solo,
facilitando a escolha do procedimento ou método a ser adotado no dimensionamento estrutural
(Bastos, 2019).

• Rígida

A NBR 6118 (2014), defini no item 22.6.2.2 que o comportamento das sapatas rígidas
e descrito como:

“a) trabalho à flexão nas duas direções, admitindo-se que, para cada uma delas, a tração na
flexão seja uniformemente distribuída na largura correspondente da sapata. Essa hipótese não
se aplica à compressão na flexão, que se concentra mais na região do pilar que se apoia na
sapata e não se aplica também ao caso de sapatas muito alongadas em relação à forma do
pilar;
23

b) trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando ruptura por tração
diagonal,10 e sim por compressão diagonal verificada conforme 19.5.3.1. Isso ocorre porque
a sapata rígida fica inteiramente dentro do cone hipotético de punção, não havendo, portanto,
possibilidade física de punção.”

Para Alva (2007), as sapatas rígidas são habitualmente adotadas como elementos de
fundação em solos que apresentam boa resistência nas camadas próximas à superfície e para o
dimensionamento da armadura de flexão longitudinal, é utilizado o método geral de bielas e
tirantes. Alternativamente, sapatas rígidas podem ser dimensionadas da mesma forma que
sapatas flexíveis para obtendo-se precisão razoável. As tensões de cisalhamento devem ser
verificadas, em particular a ruptura por compressão diagonal do concreto na ligação laje
(sapata) – pilar. A verificação da punção é desnecessária, pois a sapata rígida situa-se
inteiramente dentro do cone hipotético de punção, não havendo possibilidade física de
ocorrência de tal fenômeno.

• Flexível

No item 22.6.2.3, as sapatas flexíveis são descritas como:

“Embora de uso mais raro, essas sapatas são utilizadas para fundação de cargas pequenas e
solos relativamente fracos. Seu comportamento caracteriza por:

a) trabalho à flexão nas duas direções, não sendo possível admitir tração na flexão
uniformemente distribuída na largura correspondente da sapata. A concentração to ao pilar
deve ser, em princípio, avaliada;

b) trabalho ao cisalhamento que pode ser descrito pelo fenômeno da punção (ver 19.5). A
distribuição plana de tensões no contato sapata-solo deve ser verificada.”

De acordo com Carvalho (2015), as sapatas flexíveis trabalham a flexão nas duas
direções, e apresenta comportamento estrutural de uma peça fletida e são dimensionadas para
o momento fletor e força cortante, sendo necessário a verificação de punção, esse último não é
24

necessário quando sapata for rígida. Seu uso apesar de ser usados com pouca frequência, é
indicado para casos em que a carga no pilar seja relativamente baixa e o solo respectivamente
fraco. A NBR 6118 (2014) considera sapata rígida quando a verificação nas duas direções for
atendida (01), se não atender em alguma direção, chama-se de sapata flexível.

𝐵−𝑏 (01)
ℎ≥
3

Sendo:
h – Altura da sapata.
B – Dimensão da sapata em uma determinada direção.
b – Dimensão do pilar na mesma direção.

A norma recomenda que para as sapatas que não atendem a verificação ou em casos
extremos na qual a base da fundação esteja sobe rocha, mesmo que rígida, essa hipótese deve
ser revista.

3.2.1.2 Quanto à forma

De acordo com Bastos (2019), de todos os elementos de fundação superficial, a sapata


é o mais comum, e devido à grande variabilidade existente na configuração e forma dos
elementos estruturais que nela se apoiam, encontra-se diversos tipos de sapatas, como
a isolada, corrida, associada, de divisa e etc.

• Sapata isolada e bloco

O bloco e sapata são diferentes em dois aspectos principais, o primeiro é construído de


modo que sua geometria seja a de um bloco (Figura 2), e o segundo além de mudar a geometria,
é feito de concreto armado, tornando-a resistente a flexão (Ferreira, 2017). [Figura 5]
25

Figura 5 - Sapata isolada

Fonte: Autor (2021).

O uso desse tipo é mais comum nas construções, sua principal função é transmitir a
carga de um único pilar, e distribuir pela área de contato com o solo, e sua geometria varia de
quadrada e retangular, em poucos casos pode ser construída também em base circular. Em
relação a sua altura, Alva (2007) cita que “é constante ou variando linearmente entre as faces
do pilar e a extremidade da base”.

3.2.2 Sapata associada ou combinada

A sapata associada de acordo com a NBR 6122 (2019), é caracterizada por “transmitir
as cargas de dois pilares ou mais”, sendo que o centro de gravidade da carga, esteja coincidente
com o da sapata, para que a distribuição seja uniforme entre a base e o solo. Portanto, seu uso
comum, é quando dois pilares estejam próximos e o dimensionamento das sapatas isoladas, se
sobrepõem em planta ou os bulbos de tensões, e por norma, quando os pilares não estiverem
alinhados, sua carga não deve ser superior a 70% da carga total da estrutura. [Figura 6]

Figura 6 - Sapata associada ou combinada.

Fonte: Autor (2021).


26

• Sapata em divisa

Alva (2007) afirma que sapata em divisa é o caso em que o centro de gravidade do pilar
não coincide com o centro da sapata, fazendo uso da viga de alavanca ou equilíbrio (Figura 7).
Esse tipo é comum quando a sapata isolada sobrepõe a divisa do terreno, obrigando-se que seja
construída de modo que não ultrapasse o limite, e devido a isso ocorre a excentricidade dos
centros de gravidade, deste modo a viga de equilíbrio é ligada ao pilar mais próximo, sua função
é receber as cargas de dois pilares e transmitir para o centro de gravidade da mesma, além de
resistir aos esforços de momentos fletores causados pela excentricidade da carga do pilar em
divisa.

Figura 7 - Sapata em divisa.

Fonte: Alva (2007)

3.3 Capacidade de carga de Sapatas

Cintra, Aoki e Albiero (2012) afirmam que as cargas provenientes da estrutura, que
chega gradativamente na sapata através do pilar, geram uma tensão na base da fundação, e
consequentemente surge uma superfície potencial de ruptura no interior do maciço do solo. No
instante antes da ruptura, é o momento de resistência máxima do sistema sapata-solo, e essa
resistência é denominada como capacidade de carga.

3.3.1 Modos de rupturas


27

A ruptura é o comportamento do solo no momento em que é ultrapassado a capacidade


de carga máxima na interação fundação-solo. A sapata tende a girar, e consequentemente
levantar uma porção de terra nas redondezas da fundação, quando a ruptura é do tipo frágil.
Será considerado dúctil, para os recalques incessantes da sapata, na direção vertical sem perder
o prumo, e não apresentar levantamento de solo nas redondezas do assentamento. [Cintra, Aoki
e Albiero, 2012]

• Ruptura geral

A ruptura geral ocorre em solos que apresentam uma resistência maior, são menos
deformáveis, e a profundidade de assentamento das sapatas é consideravelmente rasa. A
superfície de ruptura, inicia em uma extremidade da sapata e vai até a superfície do terreno após
sua extremidade oposta, ilustrado na Figura 8. A rachadura é súbita e catastrófica, levando ao
tombamento da sapata e uma protuberância significativa no solo, a carga de ruptura é atingida
para pequenos valores de recalque.
Cintra, Aoki e Albiero (2012), afirma que para fundações rasas, consideramos que
ocorre ruptura geral em solos mais rígidos (areias compactas a muito compactas e argilas rijas
a duras).

Figura 8 - Ruptura geral.

Fonte: Cintra, Aoki e Albiero (2012)

• Ruptura por puncionamento

Ainda de acordo com os autores, a ruptura por puncionamento ocorre em solos mais
deformáveis e menos resistentes. Diferente da ruptura geral, nesse tipo de deformação do solo,
temos a compressão do solo, fazendo com que a sapata adentre mais a camada superficial do
terreno, na Figura 9 podemos observar que nas arestas da sapata, o solo segue junto ao recalque.
28

Figura 9 - Ruptura por puncionamento.

Fonte: Cintra, Aoki e Albiero (2012)

Neste caso, a carga de ruptura é atingida para recalques elevados e ininterruptos,


podendo haver a necessidade de acréscimo continuo na carga para manter o crescimento do
deslocamento, de modo que se torne incompreensível quando atingir a resistência necessária.
Os tipos de solo mais comum para esses casos, são os solos mais flexíveis como as
areias pouco compactas a fofas, e argilas moles a muito moles.

• Ruptura local

Para Vesic (1975 apud AOKI, CINTRA e ALBIERO, 2012), também existe a ruptura
local, a mesma ocorre nos solos de media compacidade, areias mediamente compactas e argilas
médias, e não apresentam um comportamento típico, colocando-a como intermediaria nos casos
dos outros métodos de ruptura.

3.3.2 Modelo teórico de Terzaghi

Karl Terzaghi, em 1943, formulou a teoria de capacidade de carga de um sistema sapata-


solo, e para isso, definiu 3 hipóteses básicas, segundo Cintra, Aoki e Albiero (2012).

o Uma sapata, é considerada corrida quando seu comprimento L for pelo menos 5
vezes maior que sua largura B (𝐿 ≥ 5𝐵).

o A profundidade de assentamento da sapata h, é inferior à sua largura B (ℎ < 𝐵),


atendendo a essa condição, a resistência ao cisalhamento da camada de solo
29

situada acima da cota de apoio da sapata, pode ser desprezada, e assim, substituir
essa camada de espessura de peso específico 𝛾 por uma sobrecarga 𝑞 = 𝛾𝑑.

o O solo na base da sapata é rígido, pouco deformável, enquadrando a situação no


caso de ruptura geral.

Desta forma, a esquematização do problema pode ser demonstrada na Figura 10, na qual
o trecho ORST é identificado como a superfície potencial de ruptura, e os trechos retos OR e
ST, e a espiral logarítmica RS, formam 3 zonas distintas no maciço do solo, no qual tem a
mesma coesão 𝑐, ângulo de atrito ϕ e peso específico 𝛾.

Figura 10 - Superfície potencial de ruptura.

Fonte: Terzaghi (1943 apud CINTRA, AOKI e ALBIERO, 2012)

Fazendo o equilíbrio de forças verticais no trecho III, identificado na Figura 10, e a


suposição de efeitos do solo sem peso e sapata a superfície, solo não coesivo e sem peso, solo
não coesivo e sapata a superfície, Terzaghi chegou a seguinte equação:

𝜃𝑟 = 𝐶𝑁𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 + 𝛾𝐵𝑁𝛾 (02)

Em que:
𝜃𝑟 – Tensão de ruptura
𝐶 – Coesão do solo
30

𝑁𝑐 , 𝑁𝑞 e 𝑁𝛾 – Fatores de capacidade de carga em função do ângulo de atrito (ϕ);


𝑞 – Sobrecarga (q = γd), onde d representa a profundidade de assentamento;
𝛾𝑠 – Peso específico efetivo do solo na cota de apoio da sapata;
𝐵 – Menor dimensão da sapata;

Segundo Terzaghi e Peck (1967 apud AOKI, CINTRA e ALBIERO, 2012, p. 29), as
três parcelas representam, respectivamente, as contribuições da coesão, sobrecarga e peso
específico. Os fatores de capacidade de carga 𝑁𝑐 , 𝑁𝑞 e 𝑁𝛾 são adimensionais e dependem
unicamente do ângulo de atrito (ϕ), não havendo solução analítica para 𝑁𝛾 e podem ser
extraídos com auxílio do gráfico apresentado na Figura 11.

Figura 11 - Fatores da capacidade de carga.

Fonte: Terzaghi e Peck (1967 apud CINTRA, AOKI e ALBIERO, 2012)

Para Vesic (1975) o valor do fator de capacidade de carga 𝑁𝛾 , pode ser calculado pela
seguinte expressão:

𝑁𝛾 ≈ 2(𝑁𝑞 + 1) tan ϕ (03)

Ainda de acordo com os autores, considerando a forma da sapata, é adicionado os fatores


de forma 𝑆𝑐 , 𝑆𝑞 e 𝑆𝛾 , sendo assim, a capacidade de carga na ruptura geral é dada pela seguinte
equação:
31

𝜃𝑟 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 + 𝛾𝐵𝑁𝛾 𝑆𝛾 (04)

Os valores dos fatores de forma 𝑆𝑐 , 𝑆𝑞 e 𝑆𝛾 , podem ser obtidos pela Tabela 1 pelo método
de Terzaghi. Porem através de estudos, De Beer (1967) chegou nas equações apresentadas na
Tabela 2, que posteriormente melhorada por Versic (1970).

Tabela 1 - Fatores de forma.

Formato geométrico da fundação 𝑺𝒄 𝑺𝒒 𝑺𝜸

Corrida 1 1 1

Quadrada 1,2 1 0,8

Circular 1,2 1 0,6

Retangular 1,1 1 0,9

Fonte: Aoki, Cintra e Albiero (2012)

Tabela 2 - Fatores de forma por De Beer (1967) melhorada por Vesic (1970).

Formato geométrico da fundação 𝑺𝒄 𝑺𝒒 𝑺𝜸

Corrida 1 1 1

𝐵 𝑁𝑞 𝐵 𝐵
1 + ( )( ) 1 + ( ) tan ϕ 1 − 0,4
Retangular 𝐿 𝑁𝑐 𝐿 𝐿
𝑁𝑞
1+( )
Circular e quadrada 𝑁𝑐 1 + tan ϕ 0,6

Fonte: Aguiar (2015)

Para a capacidade de carga na ruptura por puncionamento, é utilizada a mesma equação,


porem os valores dos parâmetros do solo, coesão (𝑐 ′ ) e ângulo de atrito interno (ϕ′ ), tem uma
pequena redução, utilizando as equações abaixo:

2 (05)
𝑐′ =
3𝑐
32

2 (06)
tan ϕ′ = tan ϕ
3

3.3.3 Fatores de correção

Um aperfeiçoamento da solução de Terzaghi foi feito por Meyerhof (1953). Ele passou
a considerar a resistência ao cisalhamento do solo situado acima da base da fundação. Assim, a
superfície de deslizamento intercepta a superfície do terreno.
Com isso, passa a ser considerado o efeito de profundidade, pois essa parcela deixa de
ser descartada, e consequentemente, em cada termo da fórmula geral é adicionando o fator de
correção do efeito de profundidade ( 𝑑𝑐 , 𝑑𝑞 e 𝑑𝛾 ). Anos depois, Brinch Hansen (1970), definiu
equações para esses fatores, como mostrado abaixo:

𝐷
• Para 𝐵 ≤ 1:
𝐷 (07)
𝑑𝑞 = 1 + 2 𝑡𝑎𝑛ϕ (1 − 𝑠𝑒𝑛 ϕ)2
𝐵

𝑑𝛾 = 1 (08)

1 − 𝑑𝑞
𝑑𝑐 = 𝑑𝑞 − (09)
𝑁𝑐 𝑡𝑎𝑛ϕ

Para ϕ = 0 a expressão de 𝑑𝑐 é:

𝐷 (10)
𝑑𝑐 = 1 − 0,4
𝐵

𝐷
• Para 𝐵 > 1:
𝐷 (11)
𝑑𝑞 = 1 + 2 𝑡𝑎𝑛 ϕ (1 − 𝑠𝑒𝑛 ϕ)2 𝑡𝑎𝑛−1
𝐵

𝑑𝛾 = 1 (12)

1 − 𝑑𝑞
𝑑𝑐 = 𝑑𝑞 − (13)
𝑁𝑐 𝑡𝑎𝑛ϕ

• Para ϕ = 0 a expressão de 𝑑𝑐 é:
33

𝐷 (14)
𝑑𝑐 = 1 − 0,4 tan−1 ( )
𝐵

De acordo com Aguiar (2015), os esforços que chegam no elemento estrutural podem
ser excêntricos ou inclinados, fazendo necessário o uso de fatores de correção. Brinch Hansen
(1961), introduzi-o os fatores na fórmula de Terzaghi, capazes de resolver essa situação para
caso de cargas inclinadas, porém, para excentricidade, foi feita uma nova formulação, na qual
é utilizado uma área real menor da base da fundação, chamado de área efetiva (𝐵 ′ , 𝐿′), nesse
cálculo é deslocado o centro geométrico da fundação, para o encontro do ponto de aplicação de
carga. Essa área efetiva é utilizada apenas para encontrar o valor da carga, e não da tensão de
ruptura. A equação é a seguinte:

𝐵′ = 𝐵 − 2𝑒𝑥 (15)

𝐿′ = 𝐿 − 2𝑒𝑦 (16)

Sendo:
𝑒𝑥 − excentricidade na direção transversal
𝑒𝑦 − excentricidade na direção longitudinal

Ainda de acordo com o autor, a sociedade alemã DEGEBO, realizou diversos ensaios
em grande escala, com sapatas assentadas em areias, chegando a uma relação de B/L com os
coeficientes de inclinação de carga. Vesic (1970), definiu como:

𝑝 𝑚
𝑖𝑞 = [1 − ] (17)
𝑞 + 𝐵′ 𝐿′ 𝑐 cot ϕ

𝑝 𝑚+1
𝑖𝛾 = [1 − ] (18)
𝑞+ 𝐵′ 𝐿′ 𝑐 cot ϕ

O valor de m, é dependente da direção da inclinação da carga, que pode ser em direção


a B ou L. O cálculo utilizado vai ser de acordo com as equações abaixo, e é definido por sua
direção. Para casos onde a carga tem inclinação sem ser paralelo nenhum dos lados, deve se
34

calcular o 𝑚𝑙 e 𝑚𝑏 , multiplicar por o quadrado do cosseno e seno respectivamente, com o


ângulo em relação ao parare-lo ao comprimento.

2 + 𝐵/𝐿
𝑚𝐵 = (19)
1 + 𝐵/𝐿

2 + 𝐿/𝐵
𝑚𝐿 = (20)
1 + 𝐿/𝐵

Anos depois, Vesic (1975), sugeriu o uso da expressão seguinte, para definir o fator 𝑖𝑐 ,
válida para ϕ = 0.

𝑚𝑃
𝑖𝑐 = 1 − (21)
𝐵′𝐿′𝑐𝑁𝑐

Aguiar (2015) fala que, na engenharia pode ocorrer das sapatas serem assentadas e
utilizar uma inclinação na sua base, isso ocorre com o intuito de facilitar a transmissão das
cargas horizontais elevadas. Outro extremo, o terreno ter sua superfície inclinada. A Figura 12,
ilustra os dois casos, na qual os termos 𝛼 e 𝜔 representam a inclinação da base da fundação e a
inclinação do terreno, respectivamente.

Figura 12 - Fundação de base inclinada e terreno inclinado.

Fonte: Vesic (1975 apud Aguiar, 2015)

Para essas situações, ocorre também o acréscimo dos fatores de correção em cada termo
da fórmula, sugerido por Vesic (1970) baseado nos estudos de Brinch Hansen (1970) e
35

Meyerhof (1953), as expressões para cálculo dos fatores de correção da inclinação da base
𝑏𝑐 , 𝑏𝑞 e 𝑏𝛾 , estão descritos abaixo:

𝑏𝑞 = 𝑏𝛾 = (1 − 𝛼 tan ϕ)² (22)

1 − 𝑏𝑞
𝑏𝑐 = 𝑏𝑞 − (23)
𝑁𝑐 𝑡𝑎𝑛ϕ

Quando ϕ = 0 o valor de 𝑏𝑐 é:

2𝛼
𝑏𝑐 = 1 − (24)
(𝜋 + 2)

Os fatores de correção para a inclinação da superfície terreno 𝑔𝑐 , 𝑔𝑞 e 𝑔𝛾 , foi sugerido


por Brinch Hansen (1970).

𝑔𝑞 = 𝑔𝛾 = (1 − tan 𝜔)² (25)

1 − 𝑔𝑞
𝑔𝑐 = 𝑔𝑞 − (26)
𝑁𝑐 𝑡𝑎𝑛ϕ

Quando ϕ = 0 o valor de 𝑔𝑐 é:

2𝜔
𝑔𝑐 = 1 − (27)
(𝜋 + 2)

Por fim, a fórmula geral com todos os fatores de correção:

1
𝜎𝑟 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 𝑑𝑐 𝑖𝑐 𝑏𝑐 𝑔𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 𝑑𝑞 𝑖𝑞 𝑏𝑞 𝑔𝑞 + 𝛾𝐵𝑁𝛾 𝑆𝛾 𝑑𝛾 𝑖𝛾 𝑏𝛾 𝑔𝛾 (28)
2

3.3.4 Bulbos de tensão


36

Os bulbos de tensões compreendem a região em que há propagação de tensões verticais


geradas pela carga da fundação em uma região do solo onde as tensões geradas têm uma
representividade maior, geralmente 10% a mais do que a tensão aplicada na superfície. [Velloso
e Lopes, 2011]. A Figura 13 representa as proporções alcançadas pelos bulbos em uma sapata
isolada.

Figura 13 - Bulbo de tensão em sapata isolada.

Fonte: Autor (2021)

A área do bulbo é formada abaixo da sapata partindo das extremidades com uma
inclinação aproximada de 27º até uma distancia 𝑧. Segundo Simons e Menzies (1981) apud
Aoki, Cintra e Albiero (2012), essa distância varia de acordo com a geometria da sapata, onde
sapatas quadradas desenvolvem bulbos de ate 2,5𝑏 e retangulares 3𝑏.
Porém, é utilizado a profundidade 𝑧 = 2𝑏 devido a mecânica dos solos que define essa
profundidade após a base da sapata, coincidente com o acréscimo de 10% da tensão.

3.4 Recalques de Sapatas

Recalque é o resultado das deformações do solo existente entre a base da sapata e a


camada indeslocável, devido a aplicação de tensão, deslocando-se o apoio estrutural na direção
vertical para baixo. Os recalques de fundações podem comprometer a estrutura ameaçando sua
instabilidade, ou causando danos devido ao recalque diferencial.
O recalque diferencial ocorre devido a heterogeneidade do solo em cada sapata isolada,
além das dimensões diferentes e cargas provenientes da estrutura. O recalque total ou absoluto,
é a soma do recalque imediato e o recalque de adensamento.
37

De acordo com Aoki, Cintra e Albiero (2012), os recalques imediatos ocorrem


simultaneamente com a aplicação da carga, mudando a forma do solo e diminuição do seu
volume. Porém, o recalque de adensamento acontece no decorrer do tempo, e é o resultado da
expulsão gradual de ar e água dos vazios do solo.

3.4.1 Método de Schmertmann

Segundo Aoki, Cintra e Albiero (2012), o método desenvolvido pelo autor é uma
adaptação da teoria da elasticidade, levando em consideração uma variação do módulo de
deformabilidade em relação a profundidade. Schmertmann, apresentou sua teoria em 1970, e
em 1978 aprimorou com o objetivo de separar os casos de sapata corrida e quadradas.
Após estudos, o autor observou que o recalque máximo, não ocorre imediatamente no
local do contato com a sapata, e sim, em uma profundidade de 𝑧 = 𝑏/2, depois vai descrendo
até uma profundidade de 𝑧 = 2𝑏. A figura abaixo, demostra um perfil de deformação do solo.

Figura 14 - Deformação do solo, modelo de Schmertmann.

Fonte: Autor (2021)

Para essa teoria, é calculado fatores de correção para o recalque imediato (𝐶1 ), e recalque
de adensamento (𝐶2 ), o último é calculado levado em consideração o tempo em anos, sendo
que, para calcular apenas o recalque imediato, utilizar o valor de 𝐶2 = 1.
𝑞
𝑐1 = 1 − 0,5 ∗ ( ) ≥ 0,5 (29)
𝜎∗

𝑡
𝑐2 = 1 + 0,2 log ( ) (30)
0,1
38

Sendo:
𝑞 − tensão vertical efetiva à cota de apoio a fundação (sobrecarga);
𝜎 ∗ − tensão líquida (𝜎 ∗= 𝜎 − 𝑞);
𝑡 − valor em anos;

Por fim, para o cálculo do recalque em sapatas rígidas assentadas em areias, é somado
os recalques de n camadas consideras homogêneas, considerando os efeitos de embutimento e
do tempo, onde sua profundidade vai até o limite de 2𝑏.

𝑛

𝐼𝑧
𝜌𝑑 = 𝑐1 𝑐2 𝜎 ∑( ∆𝑧)𝑖 (31)
𝐸𝑧
𝑖=1

Sendo:
𝐼𝑧 − fator de influência na deformação à meia altura da i-ésima camada;
𝐸𝑆 − módulo de deformabilidade da i-ésima camada (𝑘𝛼𝑁𝑠𝑝𝑡 );
∆𝑧 − espessura da i-ésima camada;

Os coeficientes 𝑘 e 𝛼 são valores tabelados que dependem do tipo de solo, onde o


primeiro varia de 0,2 MPa para argilas siltosas e vai até 1,1 MPa para areias com pedregulhos,
e o segundo coeficiente tem um valor de 3 para areia, 5 silte e 7 argilas.
39

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Região estudada

No presente estudo utilizou-se dados de sondagem SPT de uma obra na cidade de


Assú/RN. A cidade de Assú fica localizada na região central do estado do Rio Grande do Norte,
a uma distância de 207 Km da capital Natal. A Figura 15 apresenta o mapa de localização do
Município de Assú.
A zona urbana do Município situa-se predominantemente em solos aluvionares recentes
que recobrem a Formação Açu, composta por arenitos finos a grossos, localmente
conglomeráticos, de cor cinza claro, amarelada ou avermelhada, com intercalações de folhelhos
e argilitos sílticos. [IDEMA,2008].

Figura 15 - Mapa de localização do município de Assú/RN.

Fonte: Carvalho e Fernandes (2020).

4.2 Perfil do subsolo (sondagem SPT)

Foi realizado a sondagem por percussão (SPT), com o objetivo de realizar o


reconhecimento do solo no local da obra, uma vez que, a obra foi resultado de um convênio
federal cujo projeto, inclusive de fundações é padrão, em nível nacional, sendo, portanto,
40

indispensável a análise do solo local para verificar se a solução de projeto sugerida atende às
condições geotécnicas do local.
Foram executados 3 furos de sondagem que determinaram o perfil do solo local. Os
furos atingiram uma profundidade de sondagem de 8,10 e 13 metros, onde mostra-se um perfil
arenoso e pouco argilosa, mediamente compacta a compacta. Não foi identificado Nível d’água
na data da sondagem.
Na Tabela 3 é abordado os dados obtidos referentes ao Nspt nos primeiros 30 cm de
cada metro de profundidade, e nos 30 cm finais, para os 3 furos realizados. O Gráfico 1 mostra
o perfil da distribuição do Nspt com a profundidade para os 3 furos executados, considerando
os Nspt finais de cada camada.

Tabela 3 - Dados dos furos realizados na sondagem.

SONDAGENS
FURO 01 FURO 02 FURO 03
Profundidade (m)
Iniciais Finais Iniciais Finais Iniciais Finais
1 10 12 18 17 17 19
2 20 20 18 16 22 26
3 21 24 24 27 18 19
4 31 36 27 30 28 30
5 27 30 28 33 36 41
6 22 27 24 27 33 38
7 24 27 26 31 33 44
8 28 32 34 36 39 46
9 32 35 33 45
10 30 40 30 -
11 29 42
12 37 39
13 33 45
Fonte: Autor (2021)
41

Gráfico 1 - Perfil Geotécnico da sondagem.

Nspt (Numero de golpes)


0 20 40 60
0

Profundida (m)
6

10

12

14

FURO 1 FURO 2 FURO 3

Fonte: Autor (2021)

4.3 Dados de entrada para execução da planilha

4.3.1 Formato da sapata

A planilha precisa de dados de entrada para exercer sua função, pois eles serão usados
para os cálculos, ou definição de fatores. A primeira informação requerida, é sobre o formato
da sapata, o mesmo depende da geometria do pilar, devido a condição apresentada na Equação
32, que também atinge diretamente as dimensões finais da sapata. No estudo realizado, serão
analisadas apenas sapatas retangulares disponíveis no projeto.

𝐿 − 𝐵 = 𝐿0 − 𝐵0 (32)

Sendo:
𝐿 − Comprimento da sapata;
𝐿0 − Comprimento do pilar;
𝐵 − Largura da sapata;
42

𝐵0 − Largura do pilar;

4.3.2 Peso Específico

Godoy (1972, apud AOKI, CINTRA e ALBIERO, 2012) realizou diversos ensaios, com
os resultados desenvolveu as tabelas 4 e 5, com valores aproximados para o peso específico,
que podem ser usados quando não houver valor definido por laboratório.

Tabela 4 - Peso específico da argila.

Nspt Consistência Peso específico (kN/m³)


≤𝟐 Muito mole 13
𝟑−𝟓 Mole 15
𝟔 − 𝟏𝟎 Média 17
𝟏𝟏 − 𝟏𝟗 Rija 19
≥ 𝟐𝟎 Dura 21
Fonte: Godoy (1972, apud AOKI, CINTRA e ALBIERO, 2012)

Tabela 5 - Peso específico da areia.

Peso específico (kN/m³)


Nspt Compacidade
Areia Seca Úmida Saturada
<𝟓 Fofa
16 18 19
𝟓−𝟖 Pouco Compacta
𝟗 − 𝟏𝟖 Mediamente Compacta 17 19 20
𝟏𝟗 − 𝟒𝟎 Compacta
18 20 21
> 𝟒𝟎 Muito Compacta
Fonte: Godoy (1972, apud AOKI, CINTRA e ALBIERO, 2012)

4.3.3 Ângulo de atrito interno

A ângulo de atrito interno é definido como o ângulo máximo entre a força aplicada ao
solo, com a força normal da superfície de contato, sem ocorrer o cisalhamento do solo no plano
de ruptura. Godoy (1983, apud AOKI, CINTRA e ALBIERO, 2012), criou a equação (33)
abaixo para determinação do ângulo de atrito, em função do Nspt.
43

ϕ = 28° + 0,4 ∗ 𝑁𝑠𝑝𝑡 (33)

4.3.4 Coesão

A coesão é definida como a força de atração entre as superfícies das partículas, sendo
responsável por uma parcela da resistência ao cisalhamento dos solos. Uma característica das
areias, é que sua coesão é zero, devido a granulometria e o alto índice de vazios, o qual permitem
serem rompidos a ligação atômica facilmente, pois a área de contatos na superfície das
partículas é baixa. Texeira e Godoy (1996, apud AOKI, CINTRA e ALBIERO, 2012), sugere
a equação 34 para determinar a coesão em solos não arenosos, no qual relaciona com o índice
de resistência a penetração Nspt.

𝐶 = 10 ∗ 𝑁𝑠𝑝𝑡 (34)

4.3.5 Modo de ruptura

O modo de ruptura é o comportamento do solo previsto em função da


compacidade/consistência do solo obtido na sondagem SPT. Pode ser do tipo Geral ou
Puncionamento, no qual ocorrem em solos menos deformáveis e mais deformáveis,
respectivamente.

4.3.6 Dados de projeto

As dimensões dos pilares são fornecidas no projeto, e são calculadas para suportarem as
solicitações as quais estão sujeitas, seu formato pode ser circular, quadrada ou retangulares,
desde que atendam aos requisitos mínimos estabelecidos pela NBR 6118 (2014).
Os esforços as quais os pilares estão sujeitos serão transmitidos para a fundação e
subsequentemente para o solo. Os momentos geram excentricidade de carga, que a depender da
intensidade, podem ocasionar o tombamento da sapata. A carga fornecida é o principal fator
para efeitos de cálculo, pois as dimensões finais devem ser suficientes para as suportarem e
transmitirem para o solo, sem que o recalque seja significativo, ou que a área não seja suficiente
44

para evitar o rompimento do solo. Outro fator necessário é o ângulo de inclinação da carga em
relação ao eixo de alinhamento da sapata, pois se existir, terá uma ação na horizontal devido a
decomposição de carga, o qual deve ser previsto.

4.3.7 Dados do recalque

Para se calcular o recalque pelo método de Schmertmann, é necessário que a sapata já


tenha dimensões definidas, para se calcular a profundidade que o bulbo de tensão vai atingir.
Definido as dimensões, deve ser inserido o ∆𝑧 em metros, que representa a profundidade de
cada camada e em seguida, o tipo de solo mais o índice de resistência a penetração Nspt.

4.4 A planilha.

O primeiro passo foi a criação da planilha eletrônica, a qual vai dimensionar as sapatas
de acordo com as recomendações de Vesic para a capacidade de carga. Os dados a serem
introduzidos como dados de entrada, podem ser obtidos pelo ensaio geotécnico SPT.
O trabalho ao todo, foi dividido em 8 títulos principais e alguns com subtítulos,
facilitando o entendimento do mesmo, e permitindo localizar facilmente algum dado por motivo
qualquer, abaixo é demostrado o sumário do trabalho no Excel.

• Sumário Planilha Excel


1- Legenda e instruções
2- Dados de entrada
2.1- Dimensões de geometria da sapata
- Dimensões efetivas
2.2- Características do solo
2.3- Dimensões do pilar
2.4- Esforços atuantes na sapata
- Componentes de forças
2.5- Excentricidade de carga
2.6- Resistência do concreto a compressão e resistência característica do aço
ao escoamento na tração
3- Fatores
3.1- Fatores de forma
45

3.2- Fatores de carga


3.3- Fatores de profundida
3.4- Fatores de base do solo
3.5- Fatores de inclinação da carga
3.6- Fatores de talude
4- Solução
4.1- Tensões no solo
4.2- Tensões na sapata
4.3- Tensão atuante na sapata
4.4- Tensão de ruptura e tensão admissível
5- Estimativa de recalque
5.1- Fatores de recalque
5.2- Cálculo de iz e z
5.3- Recalque total e parcial por camada
5.4- Perfil de deformação especifica
6- Resultados finais
6.1- Base inferior
6.2- Profundidade do assentamento
6.3- Base superior (cuscuz)
6.4- Altura da sapata
6.5- Quantitativos
6.6- Armadura
7- Considerações
8- Otimizar e salvar pdf

Para facilitar o uso da mesma, foi criado o quadro de legendas, logo nas primeiras linhas,
exemplificando quais células que devem ser inseridos os dados de entrada, células cinzas e
bordas pontilhadas, e quais células contem fórmulas para cálculo automático, células rosas e
bordas pontilhadas, demostrado na Figura 16.
46

Figura 16 - Quadro de legenda cores.

Legenda de cores

Inserir dados
Formulas automaticas
Fonte: Autor (2021)

As instruções de como usar a planilha ficaram no primeiro item, junto com a tabela de
dados, pois a planilha ficou dividida em itens que abordem o mesmo tema, fazendo com que
durante todo o trabalho seja necessário inserir dados. As instruções abordam em quais itens
devem ser inseridos e onde eles estão localizados. [ Figura 17 ]

Figura 17 - Quadro de instruções.

Fonte: Autor (2021)

As equações do Excel necessitam de dados para serem executadas de acordo com o


programado, deste modo foi criado um item onde os dados de entrada estão reunidos para
facilitar o uso da planilha.
Os primeiros dados a serem solicitados são sobre geometria da sapata: formato, largura,
comprimento, profundidade de assentamento em relação da base inferior até o nível do terreno,
inclinação da sapata e inclinação do terreno. Ainda nesta parte calcula-se as dimensões efetivas
da sapata, que é a dimensão final menos duas vezes a distância da carga em relação ao centro
na direção calculada. [Figura 18]
47

Figura 18 - Dimensões e geometria da sapata.

2.1 Dimensões e geometria da sapata

Forma da Sapata: Retangular


Largura (B): 0,60 m L
Comprimento (L): 0,95 m Compr
Profundidade (D): 1,00 m
Ângulo de inclinação da sapata

(Ჾ):
Ângulo de inclinação do talude

sob a sapata (ω):

Fonte: Autor (2021)

Para as características do solo são requisitados os valores de: peso específico, ângulo de
atrito, coesão e modo de ruptura, mostrado na Figura 19. Esses valores não vêm de forma
explicita nos ensaios SPT, mas podem ser obtidos através de tabelas disponíveis no livro de
Terzaghi e Peck (1967), que resulta os valores a partir da descrição do solo e sua
consistência/compacidade. As tabelas estão disponíveis em uma aba exclusiva da planilha,
nomeado de Auxiliar 2, para consulta e facilitar a inserção de dados.

Figura 19 - Características do solo.

2.2 Características do solo

Peso específico (ɣS): 18,7 kN/m³


Ângulo de atrito (ϕ): 33°
Ângulo de atrito ajustado (ϕ'): 23°
Coesão (C): 0 kN/m²
Modo de ruptura: Geral
Tg ø: 0,62 °

Fonte: Autor (2021)

Os próximos dados a serem inseridos, são referentes as dimensões em planta do pilar no


item 2.3. As solicitações de carga e sua inclinação junto com momentos nas direções de x e y,
ficaram no item 2.4, sendo que, derivado da inclinação da carga, calcula-se os componentes de
forças, mostrado na Figura 20.
48

Figura 20 - Esforços atuantes na sapata.

Fonte: Autor (2021)

Finalizando as entradas de dados, é inserido os valores de resistência do concreto a


compressão, e a resistência característica do aço ao escoamento na tração. Esses dados serão
necessários para o cálculo das armaduras e as quantidades em cada direção.

Figura 21 - Resistência do concreto a compressão e resistência característica do aço ao escoamento na tração.

2.6 Resistência do concreto a compressão e resistência característica do aço ao escoamento na tração

Fck: 25Mpa
Fyk: CA-50

Fonte: Autor (2021)

Em seguida será abordado os fatores de correção que serão necessários para calcular a
capacidade de carga de acordo com Vesic. Sendo 6 fatores para cada parcela da equação, apenas
1 será necessário que seja inserido informação, que é no caso de que ocorra inclinação de carga
em qualquer direção, para que seja calculado automático, assim como está nas instruções.
Em ordem, o primeiro fator a ser apresentado na planilha (Figura 22), é referente a forma
da sapata, no qual está configurada apenas para sapatas retangulares e quadradas.

Figura 22 - Fatores de forma.

3.1 Fatores de forma

Sc: 1,42
Sq: 1,40
Sɣ: 0,74

Fonte: Autor (2021)


49

Na Tabela 2, é apresentado as equações utilizadas para o cálculo dos fatores de forma


de acordo com as recomendações de De Beer (1967), o qual Vesic utiliza para os cálculos da
capacidade de carga.
O próximo item, é referente aos fatores de correção de carga, no qual a planilha não
calcula automático, pois utiliza a tabela com os valores propostos por Vesic (1975) apud Aoki,
Cintra e Albiero (2012), e retorna o valor de acordo com o ângulo de atrito informado no item
2.2 quando o modo de ruptura for Geral, sendo que quando o modo de ruptura for
Puncionamento, o ângulo de atrito ajustado é utilizado para os mesmos fins.
O fator de profundidade é calculado de acordo com as equações propostas por Brinch
Hansen (1970), quando a relação profundidade sobre largura for menor ou igual a 1, o valor de
𝑑𝛾 será igual a 1, equação 7 é utilizada para calcular o fator 𝑑𝑞 , equação 9 para 𝑑𝑐 quando o
ângulo de atrito for diferente de 0, se não atender esse requisito, utiliza a equação 10. Quando
a mesma relação for maior que 1, 𝑑𝛾 se manterá como o valor de 1, 𝑑𝑞 com a equação 11, e 𝑑𝑐
com a equação 13 para ângulo de atrito maior que 0, se igual, utiliza a equação 14. A planilha
calcula o valor de k, que é a relação D/B, apresentados na planilha de acordo com a Figura 23.

Figura 23 - Fatores de profundidade de acordo com Brinch Hansen (1970).

3.3 Fatores de profundidade

k: 1,03
dc: 1,41 Ver essas equaçoes, pois
dq: 1,28
dɣ: 1,00
Fonte: Autor (2021)

Os fatores de inclinação da base do solo são calculados com as equações de Vesic


(1970), que foram baseadas nos estudos de Brinch Hansen (1970) e Meyerhof (1953), as
mesmas estão descritas nas equações 22, 23 e 24. Na planilha elas são calculadas, e precisam
apenas da inclinação da base em relação a sapata. Ainda de acordo com Brinch Hansen (1970),
seguindo o mesmo raciocínio dos fatores de inclinação da base, foi demostrado as equações 25,
26 e 27, para corrigir os termos quando a sapata for aplicada em um terreno inclinado. Na Figura
12 mostra um exemplo dos dois casos, onde a base que a sapata vai ser aplicada tem uma
inclinação e o terreno ao lado tem uma inclinação em relação ao nível do solo.
Para casos onde a carga tem uma inclinação, seja ela em relação ao comprimento da
sapata, largura, ou outra inclinação conhecida, foi desenvolvido os fatores por Vesic (1970),
mostrado nas equações 17, 18 e 21, na qual dependem de um valor simbolizado pela letra m, o
50

mesmo depende apenas da largura e comprimento, e o ângulo da inclinação em relação ao


comprimento, mostrado nas equações 19 e 20. Na planilha, os valores ficaram com a aparência
como demostrado abaixo, sendo que na célula onde está escrito inclinação da carga, está
disponível a lista suspensa com as 3 opções disponíveis para o cálculo dos fatores.

Figura 24 - Fatores de inclinação da carga.

Fonte: Autor (2021)

O item 4 é subdividido em 4 subitens que abordam os resultados das equações. Sendo o


primeiro a tensão no solo, que nada mais é que a tensão gerada por peso próprio, no qual
multiplica a profundidade do assentamento da sapata pelo peso específico do solo, seu cálculo
é necessário para a equação 28, simbolizado com a letra q.
Os momentos atuantes causam excentricidade de carga, e forma um efeito de torção no
qual tende a tombar a sapata, gerando tensões variáveis no solo. Essas tensões geradas tem os
seus máximos e mínimos, na planilha são calculados apenas a máxima, que depende da
excentricidade da carga, e a direção.
Quando a carga é excêntrica nas duas direções o cálculo a ser feito utiliza a equação
abaixo, na qual o equilíbrio é obtido com o diagrama linear das pressões, e o sinal utilizado,
depende do valor dos momentos, pois se o momento é negativo, a excentricidade vai para o
eixo negativo da direção informada. Para casos em que a excentricidade for nula, ou seja, a
aplicação de carga coincide com o centro da sapata, as parcelas que envolvem a excentricidade,
será desprezável, restando apenas a força vertical sobre a área.

𝐹𝑣 𝑀𝑥 ∗ 𝑦 𝑀𝑦 ∗ 𝑥
𝜎𝑚á𝑥 = ± ± (35)
𝐴 𝐼 𝐼

Sendo:
𝐴 = 𝐵. 𝐿 (36)
51

𝑀 = 𝐹𝑣. 𝑒 (37)
𝐼 = (𝐵. 𝐿3 )/12 (38)
𝑌 = 𝐿/2 (39)

Em casos que a excentricidade ocorre em apenas uma direção, o valor da tensão máxima
é obtido pelo princípio básico de resistência dos materiais relacionado à condição geral de carga
excêntrica, a expressão é limitada a uma área, onde até o seu limite não deve ocorrer esforços
de tração entre o solo e a sapata.
A área é calculada pela expressão da excentricidade ser menor do que um sexto da
dimensão da sapata na direção do deslocamento da carga, ou seja 𝑒𝑥 < 𝐿/6, ou 𝑒𝑦 <
𝐵/6 (Figura 25.a)). A tensão máxima é calculada a com a equação 37 para deslocamento em
x, e no caso de a direção ser no eixo y, trocar a excentricidade em x para a excentricidade no
eixo y.

𝐹𝑣 6 ∗ 𝑒𝑥
𝜎𝑚á𝑥 = (1 ± ) (40)
𝑎. 𝑏 𝑎

Quando a aplicação da carga coincide com o limite, 𝑒 = 𝐿/6, a tensão máxima vai ser
duas vezes a razão de força vertical sobre área.

𝐹𝑣
𝜎𝑚á𝑥 = 2( ) (41)
𝑎. 𝑏

Quando 𝑒 > 𝐿/6, apenas parte da sapata está comprimida (Figura 25.c)), deste modo, o
ponto de aplicação de carga deve coincidir com o centro de gravidade do diagrama triangular
de pressões, evitando o surgimento de tração entre o solo e a sapata.

2𝐹𝑣
𝜎𝑚á𝑥 = 𝐿 (42)
3𝐵(2 − 𝑒)
52

Figura 25 - Tensão máxima na excentricidade unidirecional.

Fonte: Silva (1998)

A planilha ainda detalha retorna a área da sapata atual com as dimensões informadas, a
área mínima que proporciona segurança, e o resíduo de tensão, resultado da tensão admissível
menos a tensão máxima. Finalizando o item 4, é calculado a capacidade de carga, e aplicado o
fator de segurança, dividindo por 3, resultando na tensão admissível.
Outro fator calculado, é o recalque, no qual é preciso informar os dados referentes ao
SPT, na qual solicita o tipo de solo, o ∆𝑧 em metros até a camada de profundidade de
assentamento, além do NSPT de cada camada feito no ensaio, por fim, é mostrado o recalque
total, sendo o recalque máximo de 25mm.
No item 6, é abordado os resultados finais para a sapata, dimensões, profundidade de
assentamento, dimensão da base superior, altura da base rígida e altura total, além de alguns
quantitativos como volume de escavação, volume de concreto, e as áreas das fôrmas. Por fim é
calculado a taxa de armadura para cada direção, e ao informar a bitola é mostrado o número de
barras necessárias.
Após finalizar o dimensionamento, deve-se verificar se a sapata atende as considerações
de cálculo, se não, deve-se alterar alguma informação solicitada para os cálculos. Essas
condições foram reunidas em um conjunto de células, para que sejam mais fáceis de localizar
onde está o erro, mostrado na Figura 26. Algumas dessas considerações são apresentadas no
53

momento da inserção de dados, por exemplo a profundidade de assentamento que deve estar
entre 1 e 3 metros, ou a largura mínima que deve ser pelo menos 60 centímetros.

Figura 26 - Considerações de cálculo.

1<=D<=3 VERDADEIRO
B>=0,6 VERDADEIRO
L>=0,7 VERDADEIRO
L/B<=2,5 VERDADEIRO
(L-L0)=(B-B0) 0
Amin<=Aatual VERDADEIRO
σatuante<=σadm VERDADEIRO
Fonte: Autor (2021)

Finalizando o trabalho, foi criado dois botões no qual o primeiro utiliza os dados
inseridos, e roda a ferramenta do Excel, chamada de solver, para encontrar as menores
dimensões possíveis, de modo que seja atendida todas as condições de cálculo. O segundo
botão, imprime uma página em PDF, com todas as informações úteis da sapata, mostrado no
APÊNDICE A- Informações úteis da sapata S32 (01).

4.5 Execução da planilha

Para este trabalho foi estudado 3 sapatas que foram construídas na fundação de uma
creche localizada em Assú, interior do Rio Grande do Norte, as mesmas foram escolhidas
aletoriamente com o objetivo de comparar resultados com métodos semiempíricos, atestando
os resultados encontrados com a metodologia de cálculo recomendada por Vesic.
A área disponível para a construção, é aproximadamente 2 800 m², foram executados 3
furos de sondagem, com a localização do furo 02 mais ao Norte, furo 01 mais pro Sul e o furo
03 intermediário, sendo que os 01 e 02 ficaram em um mesmo alinhamento próximos da borda
lateral, e o 03, próximo da borda oposta. A Figura 27 mostra o mapa da área onde as sapatas
que serão estudadas estão em destaque, assim como a zona limite para cada furo. A sapata na
zona sul, vai ser analisado com os dados da sondagem no furo 01, o mesmo raciocínio segue
para as outras.
54

Figura 27 - Mapa das sapatas, e zona das sondagens

Fonte: Autor (2021)

A Tabela 6, reúne os dados de projeto referente as sapatas estudadas, com distinção na


altura de assentamento, porque a condição de que para ser classificadas como sapatas
superficial, deve-se ter a profundidade de até duas vezes a menor dimensão, ou até 3 metros. A
planilha aceita valores entre 1 e 3 metros, porém no projeto a profundidade utilizada é de 80
cm.
Tabela 6 - Sapatas de projeto com profundidade alterada.

Sapata Dimensão do Dimensão da Profundidade de Mx My F


pilar (m) sapata (m) assentamento (m) (kN.m) (kN.m) (kN)
S17 0,15 x 0,50 0,85 x 1,20 1,00 7,55 5,20 85,81
S67 0,15 x 0,50 0,85 x 1,20 1,00 7,26 5,20 85,61
S32 0,15 x 0,40 1,05 x 1,30 1,00 0,39 9,90 122,68
Fonte: Autor (2021)
55

Em seguida, foi utilizado a Tabela 5 para determinar o peso específico (𝛾𝑠 ), em razão
do Nspt e a profundidade. A Tabela 7, reúne os dados de sondagens, em cada metro de
profundidade, o Nspt e peso específico.

Tabela 7 - Peso específico em função do Nspt e profundidade.

SPT 01 SPT 02 SPT 03


Profundidade Nspt 𝛾𝑠 (kN/m³) Nspt 𝛾𝑠 (kN/m³) Nspt 𝛾𝑠 (kN/m³)
1 12 17 17 17 19 18
2 20 18 16 17 26 18
3 24 18 27 18 19 18
4 36 18 30 18 30 18
5 30 18 33 18 41 18
6 27 18 27 18 38 18
7 27 18 31 18 44 18
8 32 18 36 18 46 18
9 35 18 45 18
10 40 18
11 42 18
12 39 18
13 45 18
Fonte: Autor (2021)

O ângulo de atrito interno será definido da maneira que foi explicada no item 4.3.3. A
tabela 8, reuniu dados do índice de resistência a penetração em função da profundidade, e o
ângulo de atrito definido para camada correspondente.

Tabela 8 - Ângulo de atrito interno em função do Nspt e profundidade.

SPT 01 SPT 02 SPT 03


Profundidade Nspt ϕ Nspt ϕ Nspt ϕ
1 12 32,80º 17 34,80º 19 35,60º
2 20 36,00º 16 34,40º 26 38,40º
3 24 37,60º 27 38,80º 19 35,60º
4 36 42,40º 30 40,00º 30 40,00º
56

5 30 40,00º 33 41,20º 41 44,40º


6 27 38,80º 27 38,80º 38 43,20º
7 27 38,80º 31 40,40º 44 45,60º
8 32 40,80º 36 42,40º 46 46,40º
9 35 42,00º 45 46,00º
10 40 44,00º
11 42 44,80º
12 39 43,60º
13 45 46,00º
Fonte: Autor (2021)

A resistência característica do concreto a compreensão será padrão em todos os casos,


25 MPa, para não causar discrepância entre os resultados obtidos, pois se distintos, pode ser
fator causador de diferença nos resultados.
57

5 RESULTADOS E ANÁLISES

5.1 Determinação do bulbo de tensões

Com os dados do solo, disponíveis no ensaio de sondagem, é realizado o cálculo do


alcance do bulbo de tensão, utilizando os valores de largura da sapata na Tabela 6. Abaixo,
estão os resultados obtidos.

Tabela 9 - Cálculo dos bulbos de tensão.

Furo da sondagem Profundidade do bulbo (m)


01 (S32) 1,70
02 (S67) 1,70
03 (S17) 2,10
Fonte: Autor (2021)

5.2 Determinação dos parâmetros do solo

Com os valores conhecidos do bulbo de tensão, foi calculado o Nspt médio no bulbo de
tensão, permitindo encontrar os valores para ângulo de atrito interno e peso específico do solo.
A areia no momento da sondagem, se encontrava no estado seco. As 3 sapatas se situaram em
solo arenoso com compacidade mediamente compacta a compacta, porém o Nspt médio se
encontra entre 19 e 40 golpes, deste modo o peso específico para os 3 casos serão iguais,
definidos predominantes pelo índice de resistência a penetração, pois pela Tabela 5, solos
mediamente compactos tem o número de golpes variando de 9 até 18.

Tabela 10 - Determinação do peso específico.

Furo da Nspt (médio do bulbo Peso específico


Compacidade da areia
sondagem de tensão) (kN/m³)
01 (S32) 22 Compacta 18
02 (S67) 21,5 Mediamente Compacta 18
03 (S17) 22,5 Mediamente Compacta 18
Fonte: Autor (2021)
58

Na Tabela 11, são apresentados os valores do ângulo de atrito interno, calculados


utilizando a equação 33 e o Nspt médio do bulbo de tensão fornecidos na Tabela 10.

Tabela 11 - Ângulo de atrito interno em cada furo da sondagem.

Furo da sondagem Ângulo de atrito interno (∅)


01 (S32) 36,8
02 (S67) 36,6
03 (S17) 37
Fonte: Autor (2021)

5.3 Capacidade de carga do sistema solo-sapata

A capacidade de carga foi definida com o modo de ruptura geral, pois, segundo o perfil
do solo, a região é formada predominante por areias mediamente compactas a compactas.
Cintra, Aoki e Albiero (2012), cita que a ruptura geral ocorre nos solos mais rígidos. O Nspt
médios dos bulbos de tensão, apresenta valores superiores a 18, indicando a boa resistência do
solo local.

Tabela 12 - Tensão de ruptura Geral e Puncionamento.

Furo da sondagem Capacidade de carga


01 (S32) 1436,79 kN/m²
02 (S67) 1582,59 kN/m²
03 (S17) 1811,55 kN/m²
Fonte: Autor (2021)

5.4 Determinação da Tensão admissível

Teixeira (1996) apud Cintra, Aoki e Albiero (2012), desenvolveu a Equação 43, que
ficou conhecida no brasil como o principal método para definição de tensão admissível
considerando o índice de resistência a penetração mais a parcela de sobrecarga (q), que pode
ou não ser considerada.
59

𝑁𝑠𝑝𝑡
𝜎𝑎𝑑𝑚 = +𝑞 (43)
50

Teixeira ainda desenvolveu uma correlação, partindo da equação da capacidade de carga


de Terzaghi, para definir a tensão admissível do solo, quando assentado em areia, demostrado
na equação 44.

𝑁𝑠𝑝𝑡
𝜎𝑎𝑑𝑚 = 0,05 + (1 + 0,4𝐵) (44)
100

Mello (1975) apud Cintra, Aoki e Albiero (2012), também apresentou uma correlação
para definição de tensão admissível, exibido na equação 45.

𝜎𝑎𝑑𝑚 = 0,1 ∗ (√𝑁𝑠𝑝𝑡 − 1) (45)

A Tabela 13, apresenta a tensão admissível obtida por Vesic, assim como as tensões
admissíveis pelos métodos semiempíricos de Teixeira (1996) e Mello (1975).

Tabela 13 – Valores de Tensão admissível para os diferentes métodos.

Furo da Teixeira
Vesic - Geral Teixeira Mello (1975)
sondagem (1996)
01 (S32) 478,93 kN/m² 440 kN/m² 344,80 kN/m² 369,04 kN/m²
02 (S67) 527,53 kN/m² 430 kN/m² 338,10 kN/m² 363,68 kN/m²
03 (S17) 603,85 kN/m² 450 kN/m² 369,50 kN/m² 374,34 kN/m²
Fonte: Autor (2021)

5.5 Dimensões finais das sapatas

Na Tabela 14, são apresentadas as dimensões de projeto das sapatas, as dimensões


determinadas com o auxílio da planilha, utilizando a teoria de Vesic para a ruptura geral e, por
fim, as dimensões determinadas através da média das tensões admissíveis obtidas pelos
métodos semiempíricos.
60

Tabela 14 - Dimensões em planta das sapatas.

Furo da sondagem Projeto (m) Vesic (m) Semiempírico (m)


01 (S32) 0,85 x 1,20 0,70 x 1,05 0,75 x 1,10
02 (S67) 1,05 x 1,30 0,60 x 0,85 0,70 x 0,95
03 (S17) 0,85 x 1,20 0,65 x 1,00 0,75 x 1,10
Fonte: Autor (2021)

5.6 Determinação das alturas

Na próxima tabela, é reunido os dados tocantes das alturas da base rígida, assim como
a altura total, para as três situações estudadas na Tabela 14.

Tabela 15 – Alturas das sapatas.

Furo da
Alturas Projeto (m) Vesic (m) Semiempírico (m)
sondagem
Base rígida (h0) 0,25 0,15 0,15
01 (S32)
Altura Total (H) 0,25 0,25 0,25
Base rígida (h0) 0,20 0,15 0,15
02 (S67)
Altura Total (H) 0,30 0,20 0,25
Base rígida (h0) 0,25 0,15 0,15
03 (S17)
Altura Total (H) 0,25 0,25 0,25
Fonte: Autor (2021)

As sapatas S32 e S17 do projeto, tem sua altura total, da mesma altura que base, desde
modo assume uma aparência de bloco (Figura 28). As dimensionada na planilha pelo modo de
ruptura geral, tem geometria de sapata cônica, mostrado na Figura 29, o mesmo serve para as
semiempíricas.
61

Figura 28 - Dimensões da S32 pelo projeto.

Fonte: Autor (2021)

Figura 29 - Dimensões da S32, planilha no modo de ruptura geral.

Fonte: Autor (2021)

5.7 Volume de concreto

Na Tabela 16, é apresentado o volume de concreto necessário para a fabricação de cada


sapata. Os elementos dimensionados pelo modo teórico de Vesic, exibido na coluna 3, em geral,
utiliza 50% menos concreto que as sapatas apresentadas no projeto, o semelhante acontece para
as que foram dimensionadas por meios semiempíricos, pois, na comparação tiverem 46,74%
menos concreto que as do projeto.

Tabela 16 - Volume de concreto das sapatas.

Furo da sondagem Projeto (m³) Geral (m³) Semiempírico (m³)


01 (S32) 0,255 0,148 0,162
02 (S67) 0,333 0,090 0,133
03 (S17) 0,255 0,132 0,162
62

Fonte: Autor (2021)

5.8 Recalques

Analisando os recalques, observa-se que os recalques imediatos são mínimos, pois o


maior recalque atinge a marca de 4 mm, sendo que o limite aceitável é de 25 mm. A planilha
não considerou o acréscimo do recalque ao longo do tempo. [Tabela 17]

Tabela 17 - Recalques diferencias.

Furo da sondagem Geral (mm) Semiempírico (mm)


01 (S32) 4,03 3,64
02 (S67) 0,20 2,54
03 (S17) 1,11 2,45
Fonte: Autor (2021)
63

6 CONCLUSÕES

A planilha desenvolvida se mostrou prática para o uso no dimensionamento de


capacidade de carga e estimativa de recalque imediato em sapatas isoladas. A tensão admissível
encontrada pelo método de Vesic foram aproximadamente 30% superiores aos resultados
obtidos pelos métodos semiempíricos. Consequentemente, houveram diferenças na geometria
final da sapata de acordo com o modelo utilizado. Dessa maneira, as sapatas calculadas pelos
modelos semiempíricos apresentaram maiores dimensões em comparação com as sapatas
projetadas pelo modelo de Vesic.
As sapatas da obra não foram projetadas utilizando os resultados da sondagem SPT e
isso pode ocasionar um superdimensionamento ou subdimensionamento da fundação. Através
do método sugerido por Vesic, mostrou-se que as dimensões das sapatas definidas no projeto
são suficientes para garantir estabilidade ao sistema solo-fundação, podendo inclusive reduzir
as suas dimensões e continuar atendendo os fatores de segurança mínimos exigidos. O recalque
imediato encontrado, variou de 0,20 mm a 4 mm, ou seja, bem abaixo do recalque máximo
admissível de 25 mm.
64

REFERÊNCIAS

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65

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66

APÊNDICE A – INFORMAÇÕES ÚTEIS DA SAPATA S32 (01)


UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

DIMENSÕES DA SAPATA

Base inferior Base superior (cuzcuz)

Largura : 0,70 m Largura (b): 0,20 m


Comprimento : 1,00 m Comprimento (l): 0,55 m

Alturas Quantitativos

Profundidade (D): 1,00 m Volume de escavação: 1,00 m³


Altura total (H): 0,25 m Volume de concreto: 0,90 m³
Altura da base rigida (h): 0,15 m Área de formas: 3,30 m³

Armadura

Profundidade da
0,20 m
armadura (d):
Armadura na direção
0,9 cm²
de B (Asb):
Armadura na direção
0,9 cm²
de L (Asl):

3 barras de Φ6,3 mm Na direção de B

3 barras de Φ6,3 mm Na direção de L

CONSIDERAÇÕES

1<=D<=3 VERDADEIRO
B>=0,6 VERDADEIRO
L>=0,7 VERDADEIRO
Atende todas as
L/B<=2,5 VERDADEIRO
(L-L0)=(B-B0) 0 condições
Amin<=Aatual VERDADEIRO
σatuante<=σadm VERDADEIRO

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