Educacao Na Sa Saude e em Saude
Educacao Na Sa Saude e em Saude
Educacao Na Sa Saude e em Saude
Cer t . de Redação Cient íf ica : Central das Rev isõe s. Edição de te x to : Kar ina Mar ia M. Machado. Rev isão de provas : Te x to def init ivo validado pelos (as) autore s (as).
ABS T R AC T
Seek ing to analyze the terminologies “health educat ion” and “educat ion in health”, understanding the histor ical
conte x t in which they emerged and their theoret ical-methodological foundat ions, a theoret ical essay was car r ied
out f rom the interac t ive movement of hermeneut ic s and dialec t ic s. For this pur pose, nat ional and internat ional
sc ient if ic ar t icles, legal document s and manual s f rom the Brazilian Ministr y of Health were used, as well as book s
on the subjec t available dur ing the last 20 years. The analysis favored the inference that these terminologies
present their own unit s of meaning, w ith convergent tessitures, grouped, in this essay, into two categor ies: Health
Educat ion and Educat ion in Health. In it s aspec t s, each modalit y of educat ion in health present s contr ibut ions to
health systems. However, tak ing into account that permanent educat ion has the abilit y to transform the realit y
and daily life of health work, it emerges as an innovat ive pedagogical prac t ice for the sec tor, being in line w ith
Paulo Freire’s soc iocultural educat ional approach.
RE SUMEN
Buscando analizar las terminologías “educac ión en salud” y “educac ión en la salud”, comprendiendo el conte x to
histór ico en que emergieron y sus fundamentos teór ico -metodológicos, fue realizado un ensayo teór ico a par t ir del
mov imiento interac t ivo de la hermenéut ica y dialéc t ica. Para tanto, se ut ilizó de ar t ículos c ient íf icos nac ionales e
internac ionales, documentos legales y manuales del Minister io de la Salud de Brasil, así como libros sobre la temát ica
disponibles en los últ imos veinte años. El análisis favorec ió deprender que esas terminologías presentan unidades
de sent ido propr ias, con tesituras convergentes, agrupadas, en este ensayo, en dos categor ías: Educac ión en Salud
y Educac ión en la Salud. En sus aspec tos, cada modalidad de la educac ión en la salud presenta contr ibuc iones a los
sistemas de salud. Todav ía, llevando en cuenta que la educac ión permanente t iene la capac idad de transformar la
realidad y el cot idiano del trabajo en salud, esta emerge como prác t ica pedagógica innovadora al sec tor, estando
en consonanc ia con el abordaje educac ional soc iocultural de Paulo Freire.
documentos legais e manuais do Ministér io da Saúde do Br asil , assim como liv ros sobre a temát ica, mediante
busca iter at iva da liter atur a disponível nos últ imos 20 anos. Out rossim, nor tear am a cons t r ução des te ensaio
as questões nor teador as : 1) O que dist ingue as e xpressões Educação em Saúde e Educação na Saúde, v is to que
sint at icamente podem ser consider adas como cor respondentes? e, 2) A s pr át icas de Educação na Saúde em
ser v iço est ão f undament adas em quais t ipos de abordagens pedagógicas?
Como técnica de análise, recor reu-se à her menêut ica e dialét ica dif undidas por Haber mas em 1987, por
essa per mit ir a busca pelo consenso, a unidade de sent ido, a diferença, a r uptur a de sent ido e a cr ít ica de
um dado fenômeno 6 . Além do mais, buscou-se ut iliz ar como referênc ia par a a escr it a des te ensaio os cr itér ios
da decl ar ação Enhanc ing transparenc y in repor t ing the synthesis of qualitat ive research (ENTREQ) , a qual se
conf igur a como uma diret r iz par a sínteses de pesquisas qualit at ivas 7, e manter pos tur a ét ica e ref le x iva
dur ante o processo de compreensão e inter pret ação do objeto es tudado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao buscar o consenso, a unidade de sent ido, a diferença, a r uptur a de sent ido e a cr ít ica em tor no
da temát ica, as ter minologias rel at ivas à Educação em e na Saúde ser ão descr it as a seguir a par t ir dos
referenc iais teór icos que as f undament am e do conte x to his tór ico -soc ial em que emergir am, sendo agr upadas
neste manuscr ito em Educação em Saúde e Educação na Saúde (Quadro 1) .
Quadro 1 – D iferenças e similitudes das ter minologias da Educação em Saúde e da Educação na Saúde. For t alez a,
Cear á, 2021.
C AT EGOR I A S T ERMINOLOGI A POPUL AÇ ÃO -ALVO OB JE T I VOS
Foment ar apropr iaç ão de tema s rel ac ionados
à saúde p el a popul aç ão a f im de aument ar a
Educação em S aúde Comunidade
autonomia da s p essoa s no seu cuidado e diálogo
EDUC AÇ ÃO EM
com prof iss ionais e ges tores da saúde.
SAÚDE
Promover Educ aç ão em S aúde mediante incl u são
Educação Popul ar em
Comunidade soc ial e promoç ão da autonomia da s popul ações
S aúde
na par t ic ipaç ão em saúde.
Foment ar produç ão e s is temat iz aç ão de
conhec imentos rel at ivos à for maç ão e ao
Educação na S aúde Prof iss ionais da S aúde desenvolv imento par a a atuaç ão em saúde por
meio de pr át ic a s de Educ aç ão Cont inuada e
Educ aç ão Per manente.
Foment ar aquis iç ão sequenc ial e acumul at iv a
Educação Cont inuada Prof iss ionais da S aúde de infor mações técnico - c ient íf ic a s p elo
t r abal hador.
EDUC AÇ ÃO NA
Tr ans for mar pr át ic a s prof iss ionais e a
SAÚDE
Educação Per manente organiz aç ão do t r abal ho mediante ações
Prof iss ionais da S aúde
em S aúde educ at iv a s emba sada s na problemat iz aç ão do
processo de t r abal ho em S aúde.
Propic iar desenvolv imento de comp etênc ia s
técnic a s, ét ic a s e humanís t ic a s, c apac idade
For mação P rof iss ional Prof iss ionais e
c r ít ic a e pos tur a solidár ia p er ante os u suár ios a
em S aúde es tudantes da S aúde
f im de qualif ic ar a respos t a do setor da S aúde à s
necess idades da popul aç ão do s is tema de S aúde.
Fonte : Adapt ado de Br asil 8 .
Out rossim, a análise teór ica f avoreceu t ambém a depreensão das abordagens pedagógicas que f undament am
a pr át ica da Educação na Saúde a par t ir do reconhec imento da potenc ialidade dessa par a a produção de
conhec imentos rel at ivos à for mação e ao desenvolv imento prof issional par a o setor saúde.
Educação em Saúde: conceitos e aplicações os quais o Mov imento de Educação Popul ar, passar am
a inf luenc iar as pr át icas educat ivas em Saúde ao
A Educação em Saúde, depreendida como “o incor por ar a par t ic ipação e o saber popul ar, cedendo
processo educat ivo que objet iva a apropr iação de espaço a processos educat ivos mais democr át icos 1 .
temas rel ac ionados à Saúde pel a popul ação”, objet iva Fundament ada na v isão f reireana da
ampliar “a autonomia das pessoas no seu cuidado e “problemat iz ação, emanc ipação, situações-limites,
diálogo com prof issionais e ges tores da saúde” 8 :19
. sujeitos do saber, diálogo e [...] da pedagogia
Ar t icul ada aos conceitos de promoção da saúde, é cr ít ica que ao mesmo tempo alf abet iz ava par a
consider ada uma est r atégia f undament al par a a o mundo das let r as e consc ient iz ava as pessoas
prevenção de doenças e promoção da saúde , sendo 9 como sujeitos no mundo” 13 :3 , a Educação Popul ar
def inida como “um conjunto de pr át icas pedagógicas em Saúde é um processo polít ico -pedagógico que
de car áter par t ic ipat ivo e emanc ipatór io, que “requer o desenvolv imento de um pensar cr ít ico e
per passa vár ios campos de atuação” e que tem como ref le x ivo, per mit indo desvel ar a realidade e propor
f inalidade sensibiliz ar, consc ient iz ar e mobiliz ar ações t r ansfor mador as que levem o indiv íduo à sua
pessoas “par a o enf rent amento de situações autonomia e emanc ipação” 1: 8 4 8 .
indiv iduais e colet ivas que inter ferem na qualidade Nessa per spec t iva, a Educação Popul ar em Saúde
de v ida” 10 :17
. se des t aca como mov imento pedagógico e polít ico 10 ,
No que t ange às cor rentes teór ico -metodológicas promotor da Educação em Saúde “mediante inclusão
que a f undament am, as pr át icas de Educação em soc ial e promoção da autonomia das popul ações na
Saúde podem ser desenvolv idas sob a lógica dos par t ic ipação em saúde” 8 : 20 ; conf igur ando -se, a par t ir
Modelos Tr adic ional e D ialógico, apresent ando de 2013, como uma polít ica do Sis tema Único de
car ac ter ís t icas e concepções própr ias 11,10
. Saúde par a gar ant ir a integr alidade, a redução das
A abordagem do modelo t r adic ional f avorece ao desigualdades regionais e das iniquidades soc iais,
predomínio da t r ansmissão de infor mações de um a cons t r ução das diver sidades cultur ais e das
ser que sabe (educador) par a out ro que não sabe possibilidades de ser e es t ar no mundo e or ient ar o
(educando) , mediante uma rel ação ver t icaliz ada processo de qualif icação da for mação e f ixação de
ent re ambos, com baixa inter ação e possibilidade de prof issionais da saúde 14 .
inter venção do educando . Já na lógica do modelo
11
dialógico, “o educador já não é mais o que apenas Educação na Saúde: abordagens teóricas e
educa, mas o que enquanto educa, é educado, em metodológicas
diálogo com o educando que, ao ser educado, t ambém
educa” 11:119 . Embor a sint at icamente cor respondentes, o ter mo
No modelo dialógico, a rel ação ent re os atores Educação na Saúde dis t ingue -se de Educação em
é hor izont al e per mite a const r ução colet iva do Saúde por conf igur ar a “produção e sis temat iz ação
conhec imento a par t ir da problemat iz ação e da de conhec imentos rel at ivos à for mação e ao
ref le xão do cot idiano e da realidade apresent ada , 10 desenvolv imento par a a atuação em saúde, envolvendo
tendo Paulo Freire como o pr inc ipal defensor no pr át icas de ensino, diret r izes didát icas e or ient ação
Br asil . E studo apont a que o modelo dialógico cur r icul ar ” 8 : 20 . Compreendendo a for mação técnica,
tem maior ef icác ia par a mudança de at itude pelo a gr aduação, a Educação Cont inuada e a Educação
indiv íduo em compar ação ao modelo t r adic ional . 12 Per manente 15 , as pr át icas de Educação na Saúde
No conte x to br asileiro, percebe -se histor icamente apresent am alguns aspec tos teór icos e metodológicos
a inf luênc ia dessas cor rentes teór ico -metodológicas que l hes são própr ios 16 .
nas pr át icas de Educação em Saúde. Da met ade do É salut ar que his tor icamente, no Br asil , o
século X I X até meados do século X X, as at iv idades mov imento de Educação na área da Saúde inic iou-
de Educação em Saúde er am baseadas em est r atégias se nos pr imeiros anos da República, no ensino
autor it ár ias, tecnic ist as e biologic is t as, nas quais médico 1 . Em 1953, com a cr iação do Minis tér io da
as cl asses popul ares da soc iedade er am t idas como Saúde e no cenár io em que o mundo discut ia as
passivas e incapazes de inic iat ivas própr ias 1,10
, bases da Educação Per manente e sua aplicabilidade
denot ando a predominânc ia do modelo t r adic ional na Educação, as pr át icas de promoção da Educação
da Educação em Saúde. Sanit ár ia for am incor por adas à Saúde no Br asil 17.
Na década de 1960, os mov imentos soc iais, dent re Em meados da década de 70, o país passou a
v ivenc iar dois gr andes mov imentos : por um l ado, na ou publicações em deter minado campo 8 .
Educação, o mov imento dif undido por Paulo Freire Todav ia, dev ido ao t r abal ho em Saúde ser
em tor no da alf abet iz ação de adultos, que af ir mava car regado de subjet iv idade, f az-se imper at ivo
ser um processo de consc ient iz ação, engajamento prof issionais com for mação qualif icada, competênc ias
histór ico, t r ansfor mador da realidade e liber t ador; e, e habilidades par a atuarem nos ter r itór ios sanit ár ios
por out ro, na área da Saúde, o mov imento da Refor ma e apresent arem respos t as às demandas emergentes 2 .
Sanit ár ia Br asileir a 17, que culminou na promulgação A spec to esse que vai ao encont ro do e xpos to por Wu
da Const ituição de 198 8, incor por ando a saúde como e Li 22 ao af ir marem que educar prof issionais de saúde
direito de todos e dever do E st ado, incumbindo ao pública de alt a qualidade, capazes de se adapt ar às
Sistema Único de Saúde o ordenamento da for mação r ápidas mudanças da soc iedade e de responder com
de recur sos humanos na Saúde 18 . ef icác ia aos novos desaf ios globais é uma t aref a
A ssim, a par t ir da 11ª Conferênc ia Nac ional de impresc indível .
Saúde e com a implement ação da Polít ica Nac ional Nesse sent ido, a Educação Per manente emerge
de Gest ão do Tr abal ho e da Educação em Saúde, como uma pr át ica da Educação na Saúde cuja ação
o Ministér io da Saúde, por meio da Secret ar ia de educat iva es t á baseada na problemat iz ação do
Gest ão do Tr abal ho e da Educação na Saúde, passou a t r abal ho em Saúde, tendo por f inalidade t r ansfor mar
assumir seu papel de gestor feder al do Sistema Único as pr át icas prof issionais e a própr ia organiz ação
de Saúde no que concer ne à ordenação da for mação do t r abal ho, referenc iada pel as necessidades das
de pessoal par a a Saúde e à Educação Per manente do pessoas e popul ações, pel a reorganiz ação da ges t ão
pessoal inser ido no Sistema Único de Saúde . 19
setor ial e ampliação dos l aços da for mação com o
Em uma per spec t iva teór ica, a for mação técnica e xerc íc io do cont role soc ial 8 .
e a gr aduação compreendem a for mação prof issional Ancor ada na aprendiz agem signif icat iva e na
em Saúde, def inida como “processo de ensino - t r ansfor mação das pr át icas prof issionais, suas
aprendiz agem dos conhec imentos requer idos bases teór icas cons t ituem autonomia, c idadania,
par a o e xerc íc io de uma prof issão ou ocupação subjet iv idade dos atores e aprender na, pel a e par a
regul ament ada que se dir ige à educação técnica ou a pr át ica 23 , gar ant indo que o prof issional mantenha
super ior ” 8 : 22 , qualif icando a respost a do setor Saúde e desenvolva novos conhec imentos e habilidades 24 .
às necessidades da popul ação . 8
Ante o e xpos to, entendem-se as “rel ações
Nesse conte x to, enquanto a for mação técnica ent re for mação e ges t ão setor ial , desenvolv imento
é car ac ter iz ada pelo for te enfoque conteudis t a e ins t ituc ional e cont role soc ial” como Educação
compar t iment aliz ado, mantendo os prof issionais Per manente, uma vez que agrega aprendiz ado,
em uma esfer a de e xecução de procedimentos em ref le xão cr ít ica sobre o t r abal ho e resolut iv idade
rel ação às pr át icas ref le x ivas 20 , a educação super ior da clínica e da promoção da saúde colet iva 25 :1 ,
propõe como alguns de seus objet ivos : i) est imul ar despont ando como um novo referenc ial pedagógico na
a cr iação cultur al e o desenvolv imento do espír ito saúde 26 , que propõe super ar o modelo f r agment ado,
c ient íf ico e do pensamento ref le x ivo, e ii) for mar desumaniz ado, conf lit ivo e alienante do t r abal ho,
diplomados nas diferentes áreas de conhec imento, per mit indo ao t r abal hador maior envolv imento no
aptos par a a inserção em setores prof issionais e par a processo produt ivo da saúde 21 e ampliação do acesso
a par t ic ipação no desenvolv imento da soc iedade aos ser v iços e cober tur a univer sal da saúde 27.
br asileir a .
21
inovador a ao setor e que reconhecer e f undament ar suas pr át icas a par t ir das abordagens/modelos pedagógicos
que a f undament am é impresc indível par a o alcance de seus objet ivos.
Por modelo pedagógico, entende -se “sistema de premissas teór icas que represent a, e xplica e or ient a a for ma
como se aborda o cur r ículo e que se concret iz a nas pr át icas pedagógicas e nas inter ações professor-aluno -
objeto de conhec imento” 29 : 2 ; apresent ando cl assif icações e agr upamentos vár ios de acordo com o referenc ial
teór ico estudado : Libâneo, Mizukami e Luckesi.
Libâneo apont a Tendênc ias Liber ais e Progressis t as como duas linhas de pensamento pedagógico no Br asil 30 .
Mizukami 31 descreve as abordagens t r adic ional , compor t ament alis t a, humanis t a, cognit iv is t a e soc iocultur al
como ver tentes dos modelos pedagógicos. Já Luckesi f az alusão às tendênc ias da Educação Redentor a,
Reprodutor a e Tr ansfor mador a 30 (Quadro 2) .
Quadro 2 – Pr inc ipais car ac ter íst icas dos modelos educac ionais 31 . For t alez a, Cear á, 2021.
Modelos educac ionais P r inc ipais car ac ter ís t icas
- Teór ico : Snyder s ;
- Ens ino cent r ado no prof essor, c ar ac ter iz ado p el a t r ansmissão ;
- O prof essor é o agente e o al uno ouv inte ;
Tr adic ional
- Os conteúdos têm que ser aprendidos e os modelos imit ados ;
- Rel aç ão homem-mundo : o homem é inser ido em um mundo que ir á conhecer a par t ir de
infor mações que l hes ser ão t r ansmit ida s.
- Teór ico : Sk inner;
- Ens ino compos to por padrões de compor t amento que podem ser modif ic ados com o
t reinamento ;
Compor t ament alis t a - O prof essor pl aneja e desenvolve o s is tema de ens ino -aprendiz agem e o al uno cont rol a o
processo da aprendiz agem ;
- Rel aç ão homem-mundo : o homem é consequênc ia da s inf l uênc ia s ou forç a s e x is tentes no
meio ambiente ; o homem é produto do meio.
Humanis t a - O prof essor é um f ac ilit ador da aprendiz agem, e essa dep ende de como o prof essor se
rel ac iona com o al uno. O al uno é responsável p elos objet ivos ref erentes à aprendiz agem ;
- Rel aç ão homem-mundo : o homem es t á em um processo cons t ante de atualiz aç ão e se atualiz a
no mundo ; o homem conf igur a o mundo diante de s i mesmo.
I sso posto, par a depreender qual abordagem ascendente e t r ansdisc iplinar que propic ia a
pedagógica f undament a a pr át ica da educação democr at iz ação ins t ituc ional , o desenvolv imento da
per manente é impor t ante tomar em consider ação as capac idade de aprender e enf rent ar cr iat ivamente as
suas bases teór icas e metodológicas. situações de saúde, mel hor ando per manentemente a
A ssim, é salut ar que essa modalidade educat iva qualidade do cuidado em saúde 19 .
t r az a aprendiz agem signif icat iva como est r atégia
pedagógica par a alcançar a t r ansfor mação das CONCLUSÃO
pr át icas prof issionais , 32
cor respondendo a uma
pr át ica de ensino -aprendiz agem apoiada no conceito A temát ica e xpos t a se apresent a por or a comple xa
do ensino problemat iz ador e nas metodologias ao abr anger dois campos do conhec imento – Saúde
at ivas. e Educação – com ver tentes e par adigmas própr ios.
A problemat iz ação, enquanto est r atégia I sso, assoc iado à aplicação equivocada dos ter mos
nor teador a da Educação Per manente, tem como a eles rel ac ionados, e x ige daqueles que ut iliz am a
ponto de par t ida par a a produção do conhec imento ref le xão e a apreensão de seus signif icantes.
a análise cr ít ica do cot idiano, a hor izont alidade Des t ar te, ao discor rer sobre a Educação em e
ent re educador e educando, a pr át ica dialógica e o na Saúde sob a lente da her menêut ica- dialét ica,
conceito de aprendiz agem signif icat iva 3 . Out rossim, ousou-se organiz ar didat icamente as ter minologias
as metodologias at ivas são reconhec idas como “um Educação na Saúde, Educação em Saúde, Educação
modelo de for mação prof issional mais condizente Popul ar em Saúde, Educação Per manente, Educação
com os pr inc ípios e necessidades de saúde”, Cont inuada, Educação e For mação na e par a a Saúde
apresent ando métodos que se ancor am na pedagogia em duas categor ias denominadas : Educação em Saúde
cr ít ica e que se ut iliz am de situações-problema par a e Educação na Saúde.
a aquisição de conhec imentos e habilidades 33 : 474 . Depreendendo -as em seus enfoques e signif icados,
Dest ar te, ao retomar as abordagens pedagógicas pode -se af ir mar que a Educação na Saúde, no âmbito
(Quadro 2) , infere -se e toma-se como referênc ia e da Educação Per manente, t r az como referênc ia
f undamento às pr át icas de Educação Per manente a e f undamento às suas pr át icas a abordagem
abordagem pedagógica soc iocultur al dif undida no educac ional soc iocultur al dif undida por Paulo Freire,
Br asil na década de 1960 por Paulo Freire 30 , tendo f avorecendo a integr ação e a ar t icul ação do cenár io
em v ist a nessa abordagem o homem desenvolver a real em Saúde par a a apreensão de conhec imentos,
cultur a/conhec imento à medida que se integr a nas qualif icando as pr át icas e o cuidado em Saúde.
condições de seu conte x to de v ida, ref lete sobre el as Ent ret anto, reconhece -se que, par a além da
e emite respost as aos desaf ios que encont r a . 30
Educação Per manente, a Educação Consc ient iz ador a
Na abordagem soc iocultur al , a educação e D ialógica de Paulo Freire deve ser tomada como
é problemat iz ador a, objet ivando f avorecer o referênc ia em out ros espaços da Educação em e na
desenvolv imento da consc iênc ia cr ít ica e da Saúde, possibilit ando a t r ansfor mação da realidade.
liberdade ; a rel ação aluno -professor é hor izont al ,
29
Nesse sent ido, es te es tudo cont r ibui com o
baseada no diálogo ; o professor se engaja em um núcleo da Saúde Colet iva, uma vez que ao discut ir
t r abal ho t r ansfor mador, procur ando levar o aluno à os pressupos tos e limites ent re Educação em Saúde
consc iênc ia, desmist if icando a ideologia dominante, e Educação na Saúde f avorece a tomada de dec isão
valor iz ando a linguagem e a cultur a ; e o processo 34
rel at iva à el abor ação de polít icas de Saúde e da
avaliat ivo consiste na autoavaliação e/ou avaliação Educação e a def inição de inter venções com foco na
mútua e per manente da pr át ica educat iva por promoção da saúde, ef ic iênc ia dos ser v iços de saúde
professores e alunos 31 . e qualidade da assis tênc ia em diver sos conte x tos de
D iante disso, depreende -se a Educação saúde e da for mação, reconhec ida como componente
Per manente como possibilidade educat iva inovador a impor t ante par a a qualif icação da força de t r abal ho
na Saúde por além de ser uma propost a pedagógica
3
e par a o for t alec imento e desenvolv imento do SUS.
e metodológica, foment ar a desacomodação e o
quest ionamento par a a t r ansfor mação da realidade 35 . CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES
Além do mais, a Educação Per manente como propos t a
polít ico -pedagógica par a a Educação e for mação Denise Lima Nogueira cont r ibuiu na concepção e
na Saúde possui uma lógica descent r aliz ador a, delineamento do t r abal ho, par t ic ipação da discussão
dos result ados, redação do manuscr ito, rev isão 11. Figueiredo MF S, Rodr igues-Neto JF, Leite MTS.
cr ít ica do seu conteúdo. Márc ia Mar ia Tavares Modelos aplicados às at iv idades de educação em
saúde. Rev Br as Enfer m. 2010 ; 63 :117-21.
Machado, Mar ia do Socor ro de Sousa cont r ibuír am na
concepção e delineamento do t r abal ho, par t ic ipação
12. da Silva CCR, Rodr igues CF S. Efeito de duas
da discussão dos result ados, rev isão cr ít ica do seu es t r atégias educat ivas em saúde no autocuidado de
conteúdo e aprovação da ver são f inal do manuscr ito. usuár ios de um cent ro de atenção psicossoc ial . Rev
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13. Pedrosa JI S. A Polít ica Nac ional de Educação
na par t ic ipação da discussão dos result ados, rev isão Popul ar em Saúde em debate : (re) conhecendo saberes
cr ít ica do seu conteúdo e aprovação da ver são f inal e lut as par a a produção da Saúde Colet iva. Inter f ace.
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