ESTUDO 2. Setembro

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COMO A VIDA EM COMUNIDADE NOS MOLDA

ESTUDO 2
NO EVANGELHO
Na lição anterior, vimos que fomos criados e redimidos para a vida em comunidade e que somos transformados na
comunidade. Também observamos que o pecado atrapalha a vida em comunidade ao nos tornar centrados em nós
mesmos e em nossos interesses. Nesta lição, queremos ver como a vida em comunidade expõe nosso pecado e
incredulidade, conduzindo-nos a uma dependência mais aprofundada das boas notícias do Evangelho. Em outras
palavras, desejamos passar da comunidade funcional para formativa.

Como pessoas pragmáticas, tendemos a ter uma visão funcional da vida em comunidade. Conscientemente ou não,
pensamos nos relacionamentos em termos do que eles podem fazer por nós. Nossos amigos dão sentido à nossa
vida, impedem que nos tornemos solitários isolados, apoiam-nos nos momentos difíceis, celebram conosco e nos
ajudam a alcançar objetivos. Mas e se nossos relacionamentos tivessem um propósito mais transcendente? E se
cada amizade e interação você concebida por Deus para nos formar, moldar e mudar espiritualmente?

De acordo com a Bíblia, essa é a exata intenção de Deus. Cada relacionamento em nossa vida tem um propósito
formativo, ou seja, de formar Cristo em nós. Considere estes versículos:

Atos 17:26,27a: “De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos
anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar. Deus fez isso para que os homens o
buscassem…”

Romanos 11:36: “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém!”

Deus determinou onde moramos e quem mora perto de nós. Todas as coisas (incluindo nossos relacionamentos)
procedem dele e são para ele. A comunidade que integramos não é acidental. Ela tem um propósito. Deus usa as
pessoas em nossa volta para nos formar e santificar. O Espírito Santo usa nossas lutas e falhas na comunidade para
revelar nosso pecado e mostrar nossa necessidade de mudança de coração e de vida, possibilitada mediante a
morte e a ressurreição de Jesus.

Eis outra maneira de dizer a mesma coisa: por nós mesmos, somos incansavelmente egoístas. Desejamos estar no
centro de nossa vida e no centro de nossos relacionamentos. Isso se traduz em uma visão funcional da comunidade
segundo a qual o centro sou EU. Os relacionamentos na minha vida giram em torno de mim e existem para mim. Mas
a verdade é que Deus é o centro de tudo: “ todas as coisas são dele, por ele e para ele” (Romanos 11:36). Portanto,
todo relacionamento em minha vida diz respeito, em última instância, a Deus. Cada luta, cada conflito e cada
relacionamento desfeito são oportunidades para adorar a Deus com mais intensidade e para ser formado cada vez
mais à imagem dele.

Quando eu estou no centro:

》 cada conflito conduz à polarização: eu versus você. “ Afinal, eu sou o centro. Como você ousa não me honrar
quando mereço ser honrado!? Nós dois precisamos mudar, mas sua mudança precisa ser maior.”

》 penso nos meus relacionamentos com a mentalidade econômica: qualquer coisa que eu não queira fazer se torna
um custo, uma demanda, um gasto de tempo e energia. É possível que eu ainda o faça, por ser a coisa certa, mas o
farei de má vontade ou por obrigação esperando algum retorno.

》 acabo usando os outros (tanto Deus como os humanos) para obter o que realmente desejo (significado,
importância, produtividade etc.).
Quando Deus está no centro:

》 todo conflito é uma oportunidade de crescimento no evangelho. Não se trata de eu versus você; Deus, nosso pai
celestial, dá a nós dois a oportunidade de enxergar se confiamos em algo ou em alguém além dele, e de voltarmos a
Ele arrependidos, para que possamos crescer como portadores de sua imagem. Costumamos pensar que, se os
relacionamentos são difíceis, algo está errado: "isso não está funcionando”. Mas, se tudo é parte do plano divino de
redenção, o conflito é, na verdade, um sinal do amor de Deus. Se você está lidando com uma pessoa difícil ou se
encontra agora em uma situação incômoda, anime-se! Deus ama você!

》 aprenda a pensar nos relacionamentos com mais graça. Tudo que não desejo fazer se torna uma oportunidade
para confiar na graça de Deus e no poder do Espírito Santo, que me movem a amar o próximo como a mim mesmo.
Pelo fato de Deus ter me amado com tanta generosidade ao enviar seu filho (1 João 4:10), posso "emprestar, sem
esperar nada em troca” (Lucas 6:35).

》 posso amar outras pessoas de verdade, em vez de usá-las, pois elas não são um meio para um fim. Deus é o fim.
Estou satisfeito nele e sou capaz de refletir sua graça e sua bondade a outras pessoas.

Assim, Deus, em sua graça, usa a comunidade para expor nosso pecado e para nos convidar a crer no evangelho e
permitir que Ele atue para modificar mais profundamente nossas atitudes, motivações, palavras e ações. O exercício
desta lição lhe dá oportunidade de perceber como isso funciona de fato, por meio de três perguntas:

》 pense em alguma luta que você tenha tido em comunidade recentemente (um conflito, uma divergência, um mal-
entendido etc.).

》 como essa luta ou sua reação a ela expõe seu pecado? Que áreas de incredulidade, egoísmo ou idolatria são
perceptíveis em você?

》 de que maneira a morte de Jesus na cruz por nossos pecados e sua ressurreição se relacionam com essa luta?

》 de que forma a obra contínua do Espírito Santo liberta você para agir de modo diferente meio essa luta?

Para tornar este exercício mais significativo vou usar um exemplo recente da minha vida. Durante alguns meses,
mantive distância de um bom amigo, não de maneira intencional, mas de forma sutil e inconsciente. Pensei que as
coisas estivessem bem entre nós, no entanto, ele sentiu o meu distanciamento e trouxe o assunto à tona. Ele disse
que eu não parecia aberto ao relacionamento e apontou algumas conversas específicas em que eu havia respondido
de modo defensivo .

Minha primeira reação foi descartar suas preocupações. Imaginei que as coisas se resolveriam com o tempo mas,
assim que o Espírito Santo me fez lembrar de que a comunidade é formativa, dei um passo para trás a fim de orar e
tentar perceber o que Deus poderia estar me dizendo por meio do meu amigo. Percebi, depois de orar, que estava
agindo com profunda incredulidade. Eu estava mesmo me protegendo e me mantendo distante. Outros amigos
haviam me abandonado de maneira dolorosa no passado e temia que o mesmo acontecesse com essa amizade. Por
isso, estava me mantendo distante, para me proteger da dor e das feridas que podiam novamente me atingir.

Em essência, isso era, para mim, uma questão que dizia respeito ao evangelho. Minha falta de confiança no meu
amigo significava, na verdade, falta de confiança em Deus. Eu não cria que Deus poderia me poupar da dor ou
suavizar qualquer dor que pudesse sentir. Na prática, estava dizendo a Deus: “sou um salvador melhor que Jesus.
Não confio em ti para me salvar, então eu mesmo me salvarei".

Aplicar o evangelho à minha incredulidade significou olhar, em primeiro lugar, para a cruz, a fim de me lembrar de
que Jesus, de fato, é um Salvador melhor do que eu.
》 na cruz, Jesus foi abandonado pelos amigos mais próximos e rejeitado pelo Pai, para que eu pudesse ser aceito.
Ele experimentou o pior e mais doloroso tipo de rejeição, para que eu pudesse ser aceito da forma mais segura e
duradoura.

》 na cruz, Jesus deixou de ser o centro do seu próprio mundo, a fim de que eu pudesse ser restaurado para um
relacionamento vivo e verdadeiro com Deus. Agora, posso confiar nele para ser o centro da minha vida.

》 na cruz, Jesus demonstrou que posso confiar nele para ter minhas profundas necessidades supridas. Posso ter
certeza de que Deus me amará e cuidará de mim porque Ele já cuidou de mim da maneira mais importante, ao enviar
seu filho para morrer em meu lugar.

Aplicar o evangelho à minha incredulidade significa que eu não devo apenas olhar para a cruz, onde minha redenção
foi realizada, mas também para a obra contínua do Espírito.

》 o Espírito Santo, que vive em mim, é mais poderoso do que minha tendência natural a auto proteção. Com ajuda
dele, posso confiar em outras pessoas e me aproximar delas, ao invés de me afastar.

》 ao me retrair, estou me recusando a deixar o Espírito me usar de forma redentora na vida de outras pessoas.
Deus não está somente me redimindo; Ele está redimindo o seu povo, e Ele quer que eu faça parte dessa obra. Por
intermédio do Espírito, posso participar na obra divina de redenção na vida de outras pessoas.

Assim, na recente situação com meu amigo, primeiro me arrependi verticalmente, em relação a Deus. Depois,
encontrei-me com meu amigo e lhe pedi perdão. Contei a ele como Deus havia me concedido arrependimento e lhe
pedi ajuda para minha batalha contínua contra a autoproteção. Em vez de uma atitude defensiva, senti uma profunda
gratidão pela amizade dele. Na igreja, no domingo seguinte, minha afeição por Jesus estava avivada de uma forma
única. O evangelho de fato significou boas notícias para mim.

O evangelho não significa apenas boas notícias em geral; são boas notícias para você e suas lutas particulares. E a
vida em comunidade é um dos meios mais graciosos de Deus para lhe mostrar quão bom é o evangelho. Você
precisa da comunidade, não apenas porque ela é funcional, mas porque é formativa. Sem ela, é impossível que você
se torne a pessoa de acordo com a vontade de Deus!

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