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RESUMO
O texto apresenta o contexto das universidades brasileiras nos últimos vinte
anos, e caracteriza este período histórico do ensino superior brasileiro como
um momento de importantes inflexões, em sua retração e em sua expansão,
na sua elitização e democratização. A análise é organizada em três momentos,
de acordo com os distintos ciclos recentes das universidades brasileiras:
o primeiro se inicia a partir de meados dos anos 1990 (coincidindo com
a chegada ao poder de Fernando Henrique Cardoso); o segundo, a partir
de início/meados dos anos 2000 (coincidindo com a chegada ao poder do
PT, inicialmente com Lula e depois com Dilma Rousseff); e o terceiro,
atualmente em curso e vivido desde o ano de 2017, após o impeachment da
presidente e a ascensão do grupo político que comanda o país sob o governo
de Michel Temer.
Palavras-chave: Educação superior. Universidades brasileiras. Democracia
e acesso.
ABSTRACT
The text discusses the context of Brazilian Universities in the last twenty
years and proposes to understand that historic period as characterized
by important shifts, both in terms of its democratic expansion and elitist
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inflexões (em que o congelamento de gastos públicos por vinte anos, a recém
aprovada reforma trabalhista e ainda pendente reforma da previdência são os
exemplos mais importantes), verifica-se claramente uma mudança radical na
política das universidades públicas federais.
O processo de expansão das universidades federais parou de ser fomentado.
Mais do que isso, as pactuações das expansões já ocorridas nos últimos anos
entre universidades e governo federal, e atualmente em andamento, têm sido
objeto de tensão permanente. O orçamento do ano de 2017 viu acontecer, pela
primeira vez em décadas, uma diminuição nominal no orçamento das universi-
dades públicas. Esse fato é particularmente grave por pelo menos duas razões:
a maioria das universidades está ainda em meio a processos de expansão de
seus campi e as maiores despesas de todas as universidades são na manutenção
de contratos e serviços que não “congelam” e nem se reduzem, mas que todos
os anos são reajustados.
Para além disso, o dinheiro (já reduzido) do orçamento previsto sofre um
contingenciamento mais radical que nos anos anteriores: os valores para manu-
tenção das universidades (custeio) ainda têm importante parcela a ser liberada,
colocando em risco efetivo a própria manutenção das universidades até o final
do ano, que se verão incapazes – se o contexto não se alterar – de prover as
suas despesas mais básicas, como pagamento de luz, limpeza e segurança. Por
outro lado, os valores destinados aos investimentos (capital) foram aqueles que
sofreram maiores cortes e contingenciamentos, praticamente inviabilizando
novas obras e laboratórios em praticamente todas as universidades. O conjunto
dos reitores das universidades federais são unânimes em dizer que esse é o
momento mais crítico no que concerne à subsistência das universidades nas
últimas duas décadas. E a aprovação da emenda constitucional 95/2016, em
final do ano passado, que limita por vinte anos os gastos públicos inclusive no
âmbito da educação, não traz boas perspectivas para o futuro.
O programa “ciência sem fronteiras” foi desativado. Houve a extinção
do Ministério da Ciência e Tecnologia, agora fundido com o Ministério das
Comunicações. As linhas de financiamento de projetos para a pesquisa, ciência,
tecnologia sofreram redução importante, sentida em todas as agências de fomen-
to. Somente 20% das metas do plano nacional de educação previstas para 2017
foram cumpridas e recentemente o governo federal vetou uma proposta de lei
que dava prioridade para o atingimento dessas metas legais para a educação no
futuro. E a comunidade científica aguarda, com aflição, quais serão as próximas
mudanças nas políticas gerais e de inclusão a serem implementadas nesse novo
ciclo vivido pela educação pública superior há pouco mais de um ano.
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REFERÊNCIAS
Educar em Revista, Curitiba, Brasil, v. 34, n. 71, p. 299-307, set./out. 2018 307