Aula 4

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RENDER 3D

AULA 4

Prof. Lucas Mosson Simioni


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, partiremos para a próxima etapa da renderização 3D, que é a


composição de cena.

CONTEXTUALIZANDO

Anteriormente, finalizamos os estudos sobre textura e fizemos a


texturização de uma cena simples para que não tivesse nenhuma dúvida. Agora,
vamos seguir adiante com a composição de cena.

TEMA 1 – COMPOSIÇÃO DE CENA

Compor uma cena não é apenas colocar os objetos de uma maneira


específica, e sim entender e praticar de forma correta os princípios básicos da
composição de cena. O primeiro princípio é o enquadramento, em que você pode
ou não seguir os enquadramentos clássicos de câmera, mas também pode criar
da sua maneira. Porém, ao utilizar as regras de enquadramento, você consegue
passar para a sua cena uma sensação totalmente única, transpassando os
sentimentos que você está querendo passar para as pessoas que estão vendo.
Segundo a teoria das cores, cada cor remete a algum sentimento, como
o vermelho, que é a cor da paixão, mas também da raiva; e o preto, que é a cor
da morte, mas também do luxo. Em seguida, é preciso saber utilizar e criar uma
paleta de cores de forma com que todas as cores fiquem harmoniosas e perfeitas
na sua cena.

TEMA 2 – ENQUADRAMENTO

O enquadramento nada mais é do que técnicas desenvolvidas ao longo


dos anos pelos maiores cineastas e fotógrafos para transpassar sentimentos e
sensações diferentes com cada tipo delas. Consequentemente, ele ajuda na
criação de novos enquadramentos, pois quando aprendemos o passado,
conseguimos desbravar o futuro.

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2.1 Regra dos terços

É uma das regras mais conhecidas do enquadramento e da composição


de cena. Basicamente, você divide a imagem em terços (Figura 1), ou seja,
divide com linhas tanto na vertical quanto na horizontal, e coloca os objetos
principais em uma das interseções.

Figura 1 – Regra dos terços

Fonte: Syda Productions/Shutterstock.

Esse tipo de regra é muito usado na fotografia e principalmente no cinema,


como quando temos uma conversa que a pessoa da direita, quando filmada, fica
no terço direito da tela, enquanto a pessoa da esquerda fica no terço esquerdo
da tela (Figura 2). E por que fazem isso? Justamente para quem está assistindo
entender o que se passa na cena e se visualizar como um terceiro assistindo de
“dentro” da tela, como se estivesse presente naquele momento.

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Figura 2 – Regra dos terços

Fonte: Fizkes/Shutterstock.

2.2 Linhas principais

São linhas imaginárias que ajudam a levar o olhar ao que importa na cena,
dando um movimento como se você entrasse nela (figuras 3 e 4) — sejam as
linhas da perspectiva que levam em direção ao horizonte ou qualquer outra forma
de linhas que o façam levar ao principal na sua cena.

Figura 3 – Linhas principais

Fonte: Smolina Marianna/Shutterstock.

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Figura 4 – Linhas principais

Fonte: Stephan Guarch/Shutterstock.

2.3 Diagonais

As diagonais são bem parecidas como as linhas principais, mas a


diferença é que ela leva você através da cena, para todos os lados, contando
uma história (Figura 5).

Figura 5 – Diagonais

Fonte: Gwoeii/Shutterstock.

2.4 Enquadramento

O enquadramento é muito importante para qualquer produção


audiovisual. Dependendo de qual usado, ele muda a história contada. Por isso,

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usar um quadrado natural se torna muito interessante, usando portas e janelas,
por exemplo (Figura 6). É muito usado no cinema para abertura de filmes.

Figura 6 – Enquadramento

Fonte: Ramniklal Modi/Shutterstock.

2.5 Contraste

Essa é uma técnica que necessita ter um alto contraste, pois as pessoas
tendem a notar as coisas em contraste (Figura 7). Inclusive, é uma das ideias
principais da terapia de Gestalt.

Figura 7 – Contraste

Fonte: Melnikof/Shutterstock.

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2.6 Preenchimento da imagem

Ao se aproximar de algo, preenchendo a tela, você cria um senso de


importância, além de ser a primeira coisa que os espectadores irão ver. Isso faz
com que seja muito utilizado na arte e no cinema, pois aproxima a quem está
vendo do que você quer destacar (figuras 8 e 9).

Figura 8 – Preenchimento da imagem

Fonte: Mimagephotography/Shutterstock.

Figura 9 – Preenchimento da imagem

Fonte: Olegri; Mallika Home Studio/Shutterstock.

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2.7 Olho dominante centralizado

Como o próprio nome já diz, significa colocar o olho predominante no meio


da imagem (Figura 10). Todos conhecemos a Mona Lisa feita por Leonardo da
Vinci, que já em 1503 usou a técnica, embora não se saiba se já existia o nome.

Figura 10 – Olho dominante centralizado

Fonte: Eurobanks/Shutterstock.

2.8 Padrão e repetição

É natural que o olho humano se sinta atraído por padrões (figuras 11 e


12). É algo que faz parte do nosso instinto, que foi passado de geração a geração
desde o início da humanidade. Naquela época, a natureza ditava os padrões, e
o que fugia deles normalmente era sinal de perigo. Esse instinto veio passando
através dos milênios, e mesmo hoje em dia, em nossas vidas seguras, os
padrões nos dão conforto, enquanto o caos nos causa alvoroço.

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Figura 11 – Padrão e repetição

Fonte: Gusztav Bartfai/Shutterstock.

Figura 12 – Padrão e repetição

Fonte: Jeremy Richards/Shutterstock.

2.9 Simetria

Assim como o padrão, a simetria é muito agradável. Não sabemos por


que, mas somos atraídos por ela, pois é agradável observá-la.

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Figura 13 – Simetria

Fonte: Scootercaster/Shutterstock.

Figura 14 – Simetria

TEMA 3 – TEORIA DAS CORES

Entender a teoria das cores é simples. Trata-se basicamente de


compreender como as cores funcionam no nosso cérebro (Figura 15). Ou seja,
é algo fisiológico, pois quando olhamos ao redor, recebemos nos olhos nada
mais do que o resultado do reflexo ou da emissão de ondas eletromagnéticas,
captadas pelos nossos olhos e interpretadas pelo nosso cérebro.

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Figura 15 – Teoria das cores

Fonte: Ardely/Shutterstock.

Quando vamos comprar algo, a cor sempre influencia, pois nos faz pensar
em “o que combina?”. Isso é o nosso cérebro interpretando e entendendo o que
a cor nos faz sentir, se é agradável ou se devemos evitar.

Figura 16 – Teoria das cores

Fonte: Cocoparisienne; Bniique/Pixabay.

As cores são faixas de ondas possíveis de serem vistas pelo olho humano
(Figura 16). O comprimento das ondas é o que define o que é amarelo ou azul.

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O olho é um mecanismo muito complexo; é basicamente uma lente e uma
membrana fotossensível. Se comparado com uma câmera, o cristalino e a
córnea são basicamente a lente; a íris é como o diafragma; e a retina é como o
sensor da câmera, que escaneia as informações da luz e transmite aos nervos.
Por último, está o cérebro, que interpreta e transforma essas informações em
imagens.
Por que, ao observarmos uma folha de árvore, vemos que ela é verde?
Porque a superfície absorve todas as cores, exceto a verde, que é refletida,
chega aos seus olhos e então seu cérebro interpreta como verde.

3.1 RGB versus CMYK

RGB e CMYK (Figura 17) são os padrões de cor utilizados em todo o


nosso redor. Um é o inverso da outra, e cada um é usado de um modo diferente.
Vamos as singularidades de cada um.

Figura 17 – RGB versus CMYK

Fonte: Microone/Pixabay.

3.1.1 RGB: cor luz

O RGB (Figura 18) é caracterizado como cor luz. É caracterizado por ser
utilizado em monitores, celulares, televisão, ou seja, tudo que tenha uma tela ou

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emita luz. É formado por três cores básicas: vermelho (Red), verde (Green) e
azul (Blue), podendo ser criadas, a partir delas, todas as outras cores. As
combinações dessas três cores criam todo o aspecto visível das cores.
Essas cores, quando usadas em pares, criam o ciano, magenta e o
amarelo. Se usadas todas em conjunto, temos o branco. Por fim, se não temos
nenhuma luz, temos o preto. E assim, usando porcentagens de cada uma,
criamos todo o espectro de cores possíveis.

Figura 18 – RGB

Fonte: PETRROUDNY43/Pixabay.

Quando falamos desse tipo de cor, temos 255 níveis de variações de


cores em casa matriz. Ou seja, se multiplicarmos esses números, temos um total
de 16.581.375 cores diferentes possíveis de se extrair de um monitor. Isso
significa que podemos extrair delas todas as cores imagináveis e reproduzir a
maioria as cores da natureza.

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3.1.2 CMYK: cor pigmento

O CMYK (Figura 19) é o sistema usado em todas as formas de impressão,


seja uma impressora, gráfica ou mesmo artes gráficas. Tudo que é impresso
deve chegar nessa cor, absolutamente tudo. Nada é impresso sem ser nesse
padrão, que é fisicamente inverso do RGB, que vimos anteriormente.

Figura 19 – CMYK

Fonte: PETRROUDNY43/Pixabay.

É claro que você deve conhecer a escala Pantone, mas nem ela foge a
essa regra. A única diferença é que a Pantone desenvolveu um sistema de
qualidade que determina a exatidão na impressão, pois querendo ou não, cada
marca de tinta no mundo tem sua própria receita. Ou seja, uma tinta magenta de
uma marca tem pequenas diferenças de outras tintas magentas de outras
marcas. E o que a Pantone fez? Ela criou um sistema próprio de produção de
tinta, que é produzida por ela mesma, não havendo variação possível. Caso você
opte por colocar em sua arte uma Pantone 2215c, a gráfica comprará esse
Pantone e o usará para imprimir a arte com essa cor.

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Voltando ao assunto original, o CMYK. O que significa essas letras?
Significa ciano (Cyan), magenta (Magenta), amarelo (Yellow) e preto (blacK).
Essas cores são responsáveis por criar todas as cores possíveis impressas.

Figura 20 – CMYK

Uma coisa interessante é que o CMYK é o inverso do RGB, mas o inverso


seria apenas o CMY, e está correto afirmar isso. É que por um detalhe técnico
físico da natureza, os pigmentos criados, quando unidos, não formam um preto
100%. Por isso, foi inserido um pigmento a mais, que é o preto, para que o preto
da sua impressão seja preto, e não cinza escuro.
Uma grande diferença do RGB para o CMYK é o fato de o segundo não
conseguir reproduzir todas as cores do primeiro (Figura 20). Isso acontece
devido à própria evolução dos pigmentos. Muitas vezes, vemos uma imagem
ótima, com alto contraste e saturada no computador, mas quando imprimimos,
ela fica apagada. É algo natural. Com o tempo, você aprende a ajustar uma
imagem em CMYK para que ela tenha tanta qualidade quanto em RGB, dentro
das limitações físicas que temos hoje.

3.3 Cores secundárias e terciárias

Como mostrado nos temas anteriores, as cores secundárias são a junção


de duas cores primárias, como o ciano e o amarelo, que são duas cores
primárias que resultam no verde (Figura 21).

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Figura 21 – Cores secundárias e terciárias

Fonte: Lenapolll/Pixabay.

As cores secundárias são basicamente a junção de uma cor primária,


como o amarelo, e uma cor secundária, como o vermelho — que é o amarelo e
o magenta —, resultado no laranja, e assim por diante, até termos todo o
espectro de cores possíveis.

3.4 Saturação

Como o próprio nome já diz, refere-se à saturação da cor (Figura 22), ou


seja, quanto de cinza a cor tem. Na imagem, vemos que no canto esquerdo
temos uma saturação de 100% na cor e do lado direito 0%. Quando tiramos toda
a saturação de uma cor, ela fica cinza ou, neste caso, preto.

Figura 22 – Saturação

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3.5 Brilho

3.6 Sentimentos que as cores transmitem

Não é de hoje que ouvimos que as cores dos objetos, roupas, carros,
casas e tudo ao redor nos fazem ter diferentes sensações. O cérebro humano
sente o espectro de cada cor e tem uma reação única, transmitida para todo o
seu corpo de forma involuntária. É claro que às vezes temos tendências de
apreciar certas cores e ter predefinições que nos fazem escolhê-las, como
chamamos de “cor favorita” — que na verdade é apenas seu cérebro reagindo a
estímulos que lhe causam algum nível de prazer interior.
Porém, existem alguns padrões das cores que regem todos nós, o que
podemos chamar de padrão comportamental. Esse tipo de padrão já vem sendo
usado pelos designers e arquitetos há muitos anos para nos causar estímulos
diferentes com cada coisa que vemos. Nunca uma cor é escolhida para um
ambiente ou objeto de forma aleatória, sempre é bem pensado.

Figura 24 – Logotipo do McDonald’s

Fonte: Ken Wolter/Pixabay.

Podemos citar alguns exemplos. O logotipo do McDonald's (Figura 24)


que é amarelo e vermelho, nos faz sentir fome de olhar e vontade de comer; o
logotipo do Subway, que mesmo sem você conhecer, já vem à sua mente que
vende comida mais saudável; ou mesmo ambientes como hospitais e igrejas,
que costumam ser brancos e com tons azul claros para acalmar e relaxar. Todas
as cores ao nosso redor fazem com que tenhamos essas sensações em massa.

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Agora que entendemos o que é e por que sentimos, vamos às cores mais
comuns e como devemos utilizá-las. Muitas dessas cores têm dualidade, ou seja,
transmitem algo bom e ruim ao mesmo tempo, não no mesmo instante, mas em
como são empregadas:

• Vermelho: é paixão, entusiasmo, envolvimento carnal, mas também


agressividade, raiva e impulsividade. Muito usada no cinema em cenas de
amor e de violência, como em um assassinato.
• Amarelo: é concentração, disciplina, comunicação e, é claro, a riqueza,
mas também euforia e a compulsividade. É muito usado para a decoração
dos interiores em redes de fast-food (comer rápido e liberar lugar).
• Verde: é a natureza, esperança, cura. Por isso, é a cor utilizada em toda
logo que representa medicina e vida saudável, mas também representa a
ganância.
• Azul: estimula o amor, a paciência, a serenidade e a purificação. A água
mineral tem cor azul para que transpareça limpeza e pureza.
• Branco: é a cor que representa a perfeição e a ação divina. Estimula a
imaginação e a humildade.
• Preto: é normalmente representado como algo ruim, o luto, a perda e a
ausência, mas também é a cor do luxo, ou seja, tudo que seja luxuoso
normalmente é preto.
• Roxo: virtude, poder, sabedoria, longevidade e consideração.

TEMA 4 – PALETA DE CORES

As paletas de cores (Figura 25) são conjuntos de cores pré-escolhidas,


que têm a função de guiar de forma harmônica a sua composição de cores em
sua cena, regrando os sentimentos em quem a vê.
As paletas de cores estão em todo o nosso redor, em cada olhar. Em cada
momento da nossa vida, sempre temos uma paleta de cores. Na maioria das
vezes, elas são muito bem pensadas, como as cores escolhidas para um centro
médico, usadas para acalmar; ou de uma churrascaria, para incentivar o
consumo; e mesmo na natureza, em que a paleta de cores é ao “acaso”. Elas
são sempre bem planejadas, e é nosso dever, como designers, entender e
aprender a criá-las.

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Figura 25 – Paleta de cores

Fonte: Zarzamora/Pixabay.

TEMA 5 – CRIANDO UMA PALETA DE CORES

Criar uma paleta de cores não é algo de outro mundo, é mais fácil do que
você imagina. No início, até pegar o jeito, recomendamos usar aplicativos que
detectam uma paleta de cores de uma imagem ou foto, como o Adobe Capture
(Figura 26), um aplicativo grátis para celular.
Nas imagens abaixo, você pode notar que o aplicativo pega por
amostragem as cores mais usadas na cena e cria uma paleta de cores. É dessa
forma que você vai aprendendo a fazer uma paleta de cores sem quebrar a
cabeça. Basta um clique e pronto.

Figura 26 – Criando uma paleta de cores

Fonte: Take Photo; Alexei_Tm; Dzmitrock; Aberu.Go/Pixabay.

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Após entender e pegar prática, comece criando suas próprias paletas e
testando no 3D para ter segurança até criar uma paleta que faça com que você
tenha certeza de que é o que quer transpassar na cena.

TROCANDO IDEIAS

Ao final desta aula, vamos utilizar o aplicativo Adobe Capture para criar
paletas de cores. Tire fotos do seu dia a dia, de coisas que você goste e poste e
discuta, via fórum on-line, sobre as paletas de cores que envolvem você no dia
a dia e o que ela faz você sentir.

NA PRÁTICA

Criem uma paleta de cores para a sua cena da poltrona, aplique na cena
e faça testes até que se sinta confortável com o seu trabalho. Teste as cores em
locais diferentes para sentir as diferentes maneiras de se aplicar na cena.

FINALIZANDO

Nesta aula, entendemos como funciona a teoria das cores e como elas
influenciam no que se refere à sua cena e o que as pessoas irão sentir ao vê-la.
Posteriormente, discutiremos sobre iluminação, trazendo sua cena à vida.

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REFERÊNCIAS

ERICSON, S. et al. ABC do Rendering. Porto Alegre; Bookman, 2013.

TEORIA das Cores - Guia sobre teoria e harmonia das cores no Design. Chief
of Design. Disponível em: <https://www.chiefofdesign.com.br/teoria-das-
cores/>. Acesso em: 22 jun. 2021.

WILLIAMS, R. The Animator’s Survival Kit. Londres: Faber and Faber Limited,
2001.

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