Aura Humana Etno

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Aura humana, fluidos, energia, uma interpretação transcultural.

Paulo Pedro P. R. da Costa *


RESUMO
Breve análise comparativa da concepção de “aura” na doutrina espírita, explorando os
aspectos históricos e etnográficos da metodologia de comparação à luz da antropologia
estrutural proposta por Claude Lévi-Strauss. Observa as semelhanças e diferenças entre as
concepções resultantes de documentos sobre a doutrina espírita kardecista, sintetizados pela
obra de Wenefledo Toledo, a concepção indiana, grega e chinesa dos elementos que
compõem o mundo, o corpo etéreo e o magnetismo.

Palavras chave: aura, fluidos magnéticos, etnologia, história

* Psicólogo, com especialização em Epidemiologia (ISC/UFBA, 1997) Acupuntura (ABA-Reg. Ba,


2004). [email protected] - telefone (71) 99244-2020

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A palavra "aura" tem origem grego latina (Lat. aura/aether; Gr. aura/aither), e significava um
vento brando e aprazível, aragem. Em medicina designa a sensação que precede uma crise
asmática ou epiléptica. No espiritismo foi definida como a "atmosfera fluídica" em que vive o
homem. Fluido, por sua vez, corresponde ao éter propriamente dito, em conexão com os raios
cósmicos – de fluxo vertical, e os raios magnéticos, horizontais (campos) dos vegetais e (por
extensão) acidentes geográficos e/ou geomagnéticos. (Toledo, 1964).

Numa perspectiva de comparação transcultural, o éter (em grego clássico: αἰθήρ, æther) é um
elemento formador das regiões do universo situadas além da esfera terrestre, na física
aristotélica, é relativamente distinto dos outros quatro elementos (ar, fogo, água e terra)
formadores do nosso mundo. Na cosmologia indiana o Éter, akasha (em sânscrito: आकाश) é um
termo para o espaço ou o éter juntamente com Vayu (ar), Tejas (fogo), Jala (água) e Prithvi
(terra).

Curiosamente o sistema chinês (Wu Xing) “substitui” o éter por “madeira” (木 mù),
considerando os outros quatro elementos tal e qual os indianos e gregos, quanto ao fogo (火),
terra (土) e água (水), considerando também como equivalentes o metal (金) e o ar (上), pois
este é o elemento do pulmão (肺 fèi) ou mar da respiração, região do jiāo (焦) superior do
meridiano “tríplice aquecedor” (三焦) e/ou do mar de Qi (氣ch'i), a energia celestial.

O ‘magnetismo’, por sua vez, corresponde às primeiras acepções médicas europeias do período
de concepção do lebensmagnetismus (magnétisme-animus) hipnotizador idealizado por Franz
Anton Mesmer (1734-1815), da eletricidade animal descrita por Luigi Galvani (1737-1798) e da
elaboração da doutrina espírita pelo magistrado, Alan Kardec (1804 -1869). (Hothersall, 2006;
Doyle, 2011)

O "magnetismo" ou força magnética humana, na concepção espírita, envolve, a vontade


(desejos), as ações (atos ou comportamentos) e o pensamento, ou seja, os aspectos qualitativos
e quantitativos da energia psíquica (Toledo, 1964). Segundo Jung esta energia não é uma mera
irradiação da excitação, mas uma escolha dos conteúdos psíquicos excitados, determinados pela
qualidade de um núcleo de “complexos”, ou agrupamentos de elementos psíquicos reunidos em
torno de conteúdos afetivamente acentuados, o que foi designado como “complexos” na
psicologia analítica, e é uma escolha de conteúdos simbólicos (pensamentos) que não podem
ser, naturalmente, explicados em termos energéticos, pois a explicação energética é
quantitativa e não qualitativa. (Jung, 2002)

Por outro lado, estudos experimentais com imãs, feito os realizados por Carl Reichenbach (1788-
1869), que identificou que alguns humanos (médiuns) conseguem localizar campos magnéticos,
de imãs ocultos em salas na escuridão absoluta, nos remetem a dimensão quantitativa, biofísica
da energia circulante no corpo humano. A energia resultante da bioeletricidade cérebro/
cardíaca e do aumento de temperatura associado à febre ou atividade metabólica.

Por analogia identificam-se polaridades magnéticas no campo termoelétrico do corpo humano.


Até que ponto comparáveis às descrições dos meridianos chineses e aos aspectos Yin, Yang da
energia? As propriedades elétricas diversas das áreas adjacentes os acupontos: condutância
elevada, menor resistência, padrões de campo organizados e diferenças de potencial elétrico.

Para Laplantine a metodologia de análise comparativa, se confunde com a própria antropologia


e é uma das mais ambiciosas e exigentes, assinala o risco etnocêntrico de pensar ser
universalidades culturais as categorias lógicas provenientes apenas da sociedade e cultura do

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observador, mas não invalida a comparação de achados etnográficos realizados após a laboriosa
identificação da lógica própria da sociedade estudada (etnologia).

Ainda sobre o método comparativo, Lévi-Strauss observa que a comparação de modelos


estatísticos, resultantes da descrição de muitas culturas (casos) e mecânicos resultantes de
análises aprofundadas de um caso, corresponde às diferenças entre a etnografia, história,
ambas baseadas na coleta e organização de documentos, enquanto que a etnologia e a
sociologia ou antropologia fundamentam-se na análise dos modelos construído a partir e por
intermédio dos documentos coletados e organizados. (Lévi-Strauss, 2008)

Assim sendo, devemos procurar na construção do(s) modelos(s) da aura humana nas fontes
históricas de formação do espiritismo/espiritualismo bem como os processos de aculturação e
difusão cultural identificando a contribuição original e própria de cada cultura, parafraseando
Lévi-Strauss ...a civilização mundial só poderia ser a coligação de culturas, preservando cada qual
sua originalidade...

REFERÊNCIAS

Doyle, Arthur Conan. História do espiritismo. SP: Ed. Pensamento, 2011

Hothersall, David. História da psicologia. SP: McGraw-Hill, 2006

Jung, Carl G. A energia psíquica. RJ: Petrópolis, 2002

Laplantine, François. Aprender antropologia. SP: Brasiliense, 2007

Lévi-Strauss, Claude. “Raça e História” in Antropologia Estrutural II Rio de Janeiro: Tempo


Brasileiro, 1976

Lévi-Strauss, Claude. A noção de estrutura em etnologia. In: Antropologia Estrutural. SP: Cosac-
Naify, 2008

McAlister, Chris. The Four Seas (part one). NAJOM vol. 21 n 60, p.20-22. March, 2014

Raicik, A. C. (2020). Galvani, Volta e os experimentos cruciais: a emblemática controvérsia da


eletricidade animal. Investigações Em Ensino De Ciências, 25(1), 358–383.
https://doi.org/10.22600/1518-8795.ienci2020v25n1p358

Scognamillo-Szabó, M. V. R., & Bechara, G. H.. (2001). Acupuntura: bases científicas e


aplicações. Ciência Rural, 31(6), 1091–1099. https://doi.org/10.1590/S0103-
84782001000600029

Smoot's class. Aristotle's Physics


https://aether.lbl.gov/www/classes/p10/aristotle-physics.html

Toledo, Wenefledo de. Passes e curas espirituais. SP: Ed. Pensamento, 1964
http://espiritismoativo.weebly.com/uploads/3/1/4/5/31457561/passes_e_curas_espirituais__
wenefredo_de_toledo_.pdf

Tsoucalas, Gregory; Sgantzos, Markos. Electric current to cure arthritis and cephalaea in
ancient Greek medicine. Mediterr J Rheumatol 2016; 27(4): 74-79
http://www.mjrheum.org/december-2016/newsid792/60

Wong, Ming. Ling-Shu, base da acupuntura tradicional chinesa. SP: Andrei, 1995

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Discriminação das gravuras

A-B - Linha vertical, mediana do equilíbrio


C-D - Linha horizontal, mediana do homem
E - Centro mediano, ponto de equilíbrio da horizontal
F-G - Raios de força - paralelas verticais
H-I -Raios de força - paralelas horizontais
J-K - Corrente centrípeta, corre por fora
L-M - Corrente centrífuga, corre por dentro
N-O - Nuance interespacial das duas correntes
P-Q - Reflexos das vibrações do Espírito
R-S - Períspirito, ou duplo do homem
T-U - Aura material (fluido branco azulado)
V-X - Aura intelectual ou de amor (azul claro)

1 - Aura espiritual (toma a cor dos pensamentos)


2 - Atmosfera fluídica do homem
3 - Luz amarela -alaranjada do espírito quando em vibrações provindas de altas esferas
espirituais

Esquema dos plexos nervosos vistos de perfil


e representação pictórica dos chakras e mapa dos meridianos

(Toledo, 1964).

Disponível no Blog: Acupuntura, Ciência & Profissão. 2024


http://etnomedicina.blogspot.com/2024/11/aura-humana.html

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