Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável 2
Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável 2
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NOSSA HISTÓRIA
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Sumário
Sumário .................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
Macroeconomia ....................................................................................................... 14
Microeconomia ........................................................................................................ 25
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INTRODUÇÃO
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É via teoria econômica e sua aplicação que teremos condições de elaborar
cenários e previsões sobre o comportamento de variáveis como a taxa de crescimento
da economia, preços e quantidades de equilíbrio nos mercados e resultados da
implementação de políticas públicas em nível regional e nacional. As ferramentas
utilizadas podem partir de uma análise generalista, a utilização de estatística descritiva
e gráfica ou aplicar métodos matemáticos mais sofisticados como em econometria e
equilíbrio geral (ABCP, 2016).
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Tendências na economia mundial e o impacto nas políticas
públicas
Bacelar (2003) fala em herança recente, o período que vai dos anos 30 até hoje,
quando o Brasil passa por uma transformação muito grande. Nos anos 20, era um
país rural e agrícola. O censo de 1920 revelava que 30% da população brasileira vivia
nas cidades e 70% no campo.
Cinquenta anos depois, ocorria o inverso – 70% nas cidades e 30% no campo.
Até 1930, a economia do Brasil era uma economia agrícola. Em 1980, o Brasil
ocupava o oitavo lugar em se tratando de Produto Interno Bruto (PIB) industrial do
mundo. Depois dos sete grandes, o oitavo era o Brasil. Isto nos dá uma ideia da
mudança de perfil na sociedade e na economia em meio século. O que alguns países
levaram séculos para fazer, o Brasil fez em cinquenta, sessenta anos. Transformou-
se numa potência industrial média, com a maior parcela da sua gente morando nas
cidades e este é o perfil atual do Brasil!
Nesse longo período que vai de 1920 a 1980, o Estado brasileiro era
caracterizado por seu caráter desenvolvimentista, conservador, centralizador e
autoritário. Não era um Estado de Bem-estar Social. O Estado era o promotor do
desenvolvimento e não o transformador das relações da sociedade. Um Estado
conservador que logrou promover transformações fantásticas sem alterar a estrutura
de propriedade, por exemplo.
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industrialização, o que era pretendido pelo Estado brasileiro, sem a transformação das
relações de propriedade na sociedade brasileira (BACELAR, 2003).
Verdade é que cada lugar requer uma solução que venha da realidade. Quando
se tem uma política centralizada, o tratamento é homogeneizado. A centralização faz
com que as propostas venham de cima para baixo, e essa é uma tradição das políticas
sociais no país. Junta-se a isso a consequente dificuldade de promover a participação
da sociedade.
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medidas do Consenso de Washington1 levaram à perda de legitimidade da agenda
do Estado mínimo. A partir daí, pode-se dizer que nenhuma posição sobre qual deve
ser o papel do Estado para o desenvolvimento adquiriu hegemonia teórica ou política
– sobretudo após a crise financeira mundial de 2008-2009 (GOMIDE, 2016).
III. Reforma fiscal e tributária, na qual o governo deveria reformular seus sistemas
de arrecadação de impostos e ampliar a base sobre a qual incide a carga
tributária, com maior peso nos impostos indiretos.
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Lembremos que o Brasil foi um dos poucos países que não aceitaram
imediatamente estas regras, mas as aplicou rapidamente ao longo da década de 1990.
A principal medida adotada pelo governo brasileiro foi a política de privatizações, na
qual as empresas dos ramos das telecomunicações, de energia, mineração e outros
foram transferidos do Estado para a iniciativa privada.
O fato é que não existe apenas uma receita para o desenvolvimento econômico,
elas variam de país para país, dependem das instituições locais, dos contextos
histórico-políticos e outros, além de que não basta querer, é preciso saber qual a
capacidade do Estado em identificar problemas, formular e implementar políticas que
sejam essenciais no processo, portanto, tão importante se faz analisar e saber qual
essa capacidade para que Estado, sociedade e mercado sustentem o
desenvolvimento (BLOCK; EVANS, 2005 apud GOMIDE, 2016).
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Capacidades estatais
Para o que nos interessa, podemos fazer a seguinte analogia: a coisa seria o
Estado; e a finalidade, o desenvolvimento social e econômico.
No que concerne à história do conceito, Souza (2012) narra que ele decorreu
da ideia de autonomia do Estado desenvolvida por autores de linhagem teórica
weberiana, no intuito de explicar o papel do Estado nos processos de industrialização
tardios. Para Weber, o Estado, por ser uma associação política com quadro
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administrativo próprio, que detém o monopólio da coação física legítima dentro de um
território (poder de dominação), teria a faculdade de perseguir objetivos que não
refletem, necessariamente, as pressões de grupos de interesse ou de classes sociais
específicas. É nessa perspectiva que Skocpol (1979 apud GOMIDE, 2016) argumenta
que o Estado e a sua ação não podem ser reduzidos aos interesses das classes
sociais. Para a autora, o Estado seria potencialmente autônomo, sobretudo pelo fato
de sua burocracia (ou seu quadro administrativo), como grupo, ter a possibilidade de
operar de forma independente (insulada da sociedade) e perseguir objetivos próprios.
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governar e implementar suas políticas adviria, sobretudo, desta capacidade de ele
interagir com os cidadãos e prover os serviços sociais básicos.
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ou legitimidade de seus Estados para proteger seus cidadãos, deixando-os
vulneráveis a eventos de risco, como conflitos internos, violência, fome, entre
outros.
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outro. Por fim, é comum que determinadas agências ou burocracias possuam maiores
capacidades administrativas que outras.
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Macroeconomia
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O marco inicial da chama Macroeconomia moderna é o texto divulgado na obra
“Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda”, de John Maynard Keynes,
publicado originalmente em 1936.
Cabe lembrar também que foi no período da Grande Depressão (1929 a 1933)
que se verificou uma situação conjuntural crítica, com desemprego elevadíssimo,
tanto na Europa quanto nos Estados Unidos (após a quebra da Bolsa de Nova Iorque).
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Para a compreensão das políticas do Estado, apresentam-se a seguir os
objetivos de política macroeconômica abaixo discriminados (SILVA; SOUZA, 2010),
mas antes, vejamos as características que indicam a insuficiência da economia em
países em desenvolvimento e, na sequência causas principais do
subdesenvolvimento.
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está-se procurando ampliar o nível de emprego da economia. Na realidade, busca-se
atingir o pleno emprego dos fatores de produção na economia.
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A preocupação em controlar a inflação justifica-se, uma vez que taxas elevadas
de inflação acarretam uma série de distorções na economia:
Isso faz com que o controle da inflação seja um dos objetivos primordiais da
política econômica, notadamente nos países em desenvolvimento, onde a presença
do descontrole inflacionário não tem sido raro. Na realidade, a discussão do problema
inflacionário é uma das questões mais relevantes do debate econômico atual. Trata-
se de um tema de difícil abordagem, dado que as causas da inflação diferem entre
países e, mesmo num dado país, diferem no tempo (MENDES, 2012).
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gerada no país. Essa situação, inclusive, tem ultrapassado os limites da área
econômica, dadas suas repercussões na área social, para tornar-se uma questão
política (MENDES, 2012).
D) Crescimento econômico
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Este objetivo é considerado como sendo de longo prazo. Para desenhá-lo, o
Estado precisa, normalmente, fazer um planejamento. O crescimento econômico tem
característica distinta dos demais objetivos que têm de ser cumpridos a curto prazo
(SILVA; SOUZA, 2010).
Mendes (2012) cita outros objetivos que poderiam ser incluídos como a redução
da poluição, liberdade econômica, maior concorrência, entre outros. Estes, no entanto,
são objetivos menos explícitos em termos de economia brasileira, ou podem até
mesmo ser incluídos no conjunto dos anteriores. A maior concorrência, por exemplo,
representa uma contribuição importante em termos de combate à inflação.
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Instrumentos da política macroeconômica
a) Política fiscal
A política fiscal refere-se às ações do governo tanto do lado dos gastos públicos
(quanto e onde o governo gasta), como do lado da arrecadação tributária (quanto e
como o governo arrecada, em todas as suas esferas). A composição de gastos e
arrecadação leva ao conceito de déficit público.
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governo, ou ao fisco, como também é chamada a parte arrecadatória da estrutura
estatal. São exemplos de impostos diretos, no Brasil, o Imposto de Renda Sobre
Pessoa Física (IRPF) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Ainda com relação aos impostos indiretos, estes podem ser do tipo ad valorem
ou do tipo específico. No primeiro caso, é estabelecida uma alíquota (um percentual)
sobre o preço final pago pelo consumidor do produto. No segundo caso, é fixado um
valor de imposto a ser cobrado no produto, independentemente de seu preço final
(pago pelo consumidor). No Brasil, os impostos mais comuns são os indiretos do tipo
ad valorem. Estes são, além do ICMS, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
em âmbito federal, e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN),
cobrado em nível municipal, entre outros. Os tipos de impostos são esquematizados
na figura abaixo.
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políticas de transferências e subsídios;
Tanto a política tributária quanto a política de gastos são utilizadas pelo governo
para incentivar, ou inibir, o consumo e, portanto, o crescimento econômico equilibrado.
Se o governo tem como objetivo reduzir as taxas de inflação, ele reduz seus gastos e
aumenta alíquotas de impostos (para inibir consumo). O inverso é verdadeiro: se o
objetivo é distribuir melhor a renda, podem ser usados os mesmos instrumentos,
porém de forma seletiva (para favorecer grupos mais fracos, mais pobres). A figura
abaixo, inspirada em Troster e Mochón (2002), ilustra o uso dessas políticas, de
acordo com o objetivo da política macroeconômica.
Quanto aos gastos do governo, estes podem ser divididos em dois grandes
grupos: as despesas correntes e as de investimento.
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legislação. As despesas correntes podem ser divididas em quatro outros grupos, a
saber:
c) Juros: incluem tanto pagamento de juros da dívida interna como externa; vale
observar, porém, que, embora se faça referência à “dívida externa brasileira”, grande
parte dessa dívida refere-se ao setor privado; os juros de responsabilidade do governo
referem-se apenas àqueles devidos pelo endividamento do setor público.
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é a mesma (IPI, por exemplo), o montante de imposto por produto consumido
será o mesmo, proporcionalmente maior para as classes de menor nível de
renda (MENDES, 2012).
Microeconomia
A teoria geral dos preços ou a teoria dos mercados está situada no campo da
Microeconomia. Ela estuda a interação entre demandantes e ofertantes de produtos.
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que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito
pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta.
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marginal e produtividade marginal em lugar de conceitos de média (receita média,
custo médio e produtividade média), daí ser chamada de marginalista. A maximização
do lucro da empresa ocorre quando a receita marginal iguala-se ao custo marginal.
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Aplicações da análise microeconômica
localização da empresa.
política de subsídios;
controle de preços;
política salarial;
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leis antitruste (controle de lucros de monopólios e oligopólios) (MANKIW, 2001;
VASCONCELLOS; GARCIA, 2008).
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Economia solidária como uma política pública
Falar em economia solidária nos faz mais uma vez retrocedermos no tempo,
anos 80. Foi nessa época que passamos a perceber e compreender a emergência da
economia solidária, momento de grave crise econômica estabelecida no Brasil, no
qual as altas taxas de desemprego haviam se instalado.
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No campo das políticas públicas, a economia solidária ganha forte impulso com
a criação, em 2003, da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), no
âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego, através da Lei nº 10.683 e do Decreto
nº 4.764. Neste mesmo ano ocorreu a 3ª Plenária Brasileira de Economia Solidária,
convocada pelo Grupo de Trabalho Brasileiro de Economia Solidária. A plenária,
constituída por 800 delegados de todo o país, deu origem ao Fórum Brasileiro de
Economia Solidária (FBES), órgão máximo da organização da sociedade civil na área
de economia solidária. A partir da agenda de reivindicações do Fórum, desenhou-se
o formato das políticas públicas para o setor no âmbito da SNAES (STAEVIE, 2009).
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A rede de gestores
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Um tema central para a construção de políticas é o acesso a fundos públicos
que financiem a política. No âmbito federal, a economia solidária não conseguiu
constituir um fundo público desse tipo, nem ao menos acessar fundos públicos já
constituídos, como o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Alguns avanços já
refletem favoravelmente essa necessidade, como o caso do Governo do Estado da
Bahia, que vem desenvolvendo ações importantes de fomento à economia solidária,
devido à constituição de um fundo estadual de combate à pobreza. Este fundo vem
possibilitando, entre outras iniciativas, a implantação de mais de uma dezena de
incubadoras públicas de economia solidária no estado. O fundo não atende apenas
às iniciativas da economia solidária, mas vem dando apoio significativo às mesmas
(PRAXEDES, 2009).
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do movimento e para o conjunto da sociedade. Na construção e implementação de
uma política pública de qualquer natureza, e em particular de economia solidária,
deve-se buscar uma ação integrada, complementar e descentralizada (de recursos e
ações) entre os entes da federação, evitando sobreposição de iniciativas e
fragmentação de recursos, cumprindo o papel de identificar, elaborar e fomentar
políticas públicas de desenvolvimento de economia solidária, considerando a
intersetorialidade e articulação das instâncias de governo e primando pela
participação e o controle social.
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financiamento ainda é extremamente limitado e, na maioria dos casos, inexistente,
tanto que a conquista de uma Lei Nacional e a implantação de um Sistema Nacional
de Economia Solidária são duas estratégias fundamentais para ampliação e
consolidação do espaço institucional da economia solidária como forma emancipatória
de erradicação da miséria.
Esse é um caminho que merece atenção e engajamento por parte dos gestores
de políticas públicas que podem contribuir para inverter o modelo predominante de
gestão da política pública, harmonizando a oferta de programas e ações com o
planejamento participativo para identificação e organização de demandas em bases
territoriais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EVANS, P. B. O Estado como problema e solução. Lua Nova, São Paulo, n. 28-29, p.
107-156, 1993.
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MENDONÇA, Jorge Pessoa. A relação entre a política e a economia: suas implicações
no sistema financeiro. Análise Econômica, n. 33, ano 18. Porto Alegre: UFRGS, 2000.
PNUD. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Rico do Brasil supera
o da Suécia em IDH. Brasília: PNUD, 22 dez. 2008.
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