Universo Vida
Universo Vida
Universo Vida
SANT’ANNA
UNIVERSO E VIDA
RIO DE JANEIRO - RJ
Estudando a Doutrina Espírita
SANT’ANNA, Hernani. Universo e Vida
INDICE
“Universo e vida”
I – Novas dimensões do conhecimento
II – Ante a grandeza da vida
III – Átrios da protoconsciência
IV – Consciência e responsabilidade
V – Energia e Evolução
1 – Energia mental
2 – Radiações luminosas
3 – Transformadores de energia
4 – Tempo e velocidade
5 – Ciência e vida
6 – Idéias e emoções
7 – Infecção e purgação
8 – Mente e sexo
9 – Profecia e livre-arbítrio
10 – Processos de alimentação
11 – Equilíbrio vital
12 – Virtude e conhecimento
13 – Sistemas de sóis
14 – Problemas de sintonia
15 - O poder das Trevas
16 – Comando mental
17 –Sombra e luz
18 – Fluido magnético
19 – Ação mentomagnética
20 – Fluido cósmico
VI – Antes do Cristo
VII – O Filho do Homem
VIII – O Divino Legado
IX – Depois do Cristo
X – O caminho percorrido
XI – O Terceiro Legado
XII – No porvir
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“UNIVERSO E VIDA”
“Visto que muitos intetaram barrar ordenadamente as coisas que se hão verificado entre nós outros, tal
como no-las transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e servidores da Palavra,
decidi, eu também, depois de haver investigado diligentemente tudo desde as origens, dar-te-as por escrito,
ilustre Teófilo, na devida ordem, para que conheças a solidez dos ensinos que recebeste” Lucas, 1:1 a 4
Escrever prefácios para obras de editoração da Casa de Ismael tem-se-nos constituído tarefa
honrosa e espiritualmente gratificante, nos últimos anos, por força da responsabilidade que assumimos ao
lançar ou reeditar livros realmente marcantes, neste fim de século, em nome da venerável instituição que
presidimos.
“Universo e Vida”, de Áureo (psicografia de Hernani T. Sant’Anna), por inúmeras razões que
preferimos silenciar, conservando-as, quase todas, no escrínio do coração, é empreendimento que nos
merece afetuosos cuidados. A elaboração da obra foi dificílima e correu riscos enormes, tantas foram as
tentativas de impedir-lhe a divulgação plena. Os “aborrecidos da luz” que outros não são senão os que se
opõem, acobertados pelas ardilosidades do Mundo Invisível negativo, aos esforços desenvolvidos no
sentido de dotar a Humanidade da instrumentalidade precisa à sua mais fácil orientação na jornada terrena,
não pouparam o médium nem deixaram de armar-lhe situações que ele houve de superar ao preço de
muitas vigílias, dores e sacrifícios.
Mas, se não faltam dias de acerbas lutas, não rarearam também os de compensadoras satisfações
e momentos de grande vitórias, porque o Bem vence sempre. Ultrapassadas as mais sérias barreiras
magnéticas e superadas penosas agruras, o trabalho mediúnico foi reencetado e os capítulos voltaram a ser
recebidos em condições adequadas, embora não sem novos testemunhos de perseverança e de idealismo
do medianeiro.
A 9 de julho d e1979 foram-nos remetidos os três últimos capítulos, do total de doze, do livro de
Áureo, alguns deles já publicados em “Reformador”.
Um dos grandes méritos da obra que apresento ao público estudioso das letras espíritas mediúnicas
é o que consiste em haver conseguido o seu Autor Espiritual, eloqüentemente, encadear os argumentos
lógicos de Allan Kardec, “Sua Voz” (de “A Grande Síntese”), J. B. Roustaing, Emmanuel e André Luiz,
dentre outros, com fulcro nos mais recentes enunciados da Ciência, na Filosofia e no Evangelho de Jesus-
Cristo, a respeito de algumas problemáticas poucos estudadas e vastamente discutidas.
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No contexto e nas proporções e objetivo do trabalho, a que Áureo se propôs, não há faltas nem
sobras. Daí a eloqüência dos seus escritos.
Sem dúvida que o livro foi minuciosamente examinado e achado certo pelos que se incumbiram, a
nosso rogo, de esquadrinhá-lo em toas as direções. Quanto, porém, às revelações, estas sempre foram e
serão ainda matéria de foro íntimo, de sagrada decisão de cada individualidade. Nos domínios da Fé
Raciocinada e da Intuição, no entanto, os Espíritos despreconceituosos sempre encontraram, e
prosseguirão encontrando, pistas para sua própria elucidação e edificação.
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* * *
Já que falamos em Pascal, vale reproduzir aqui algumas linhas da Mensagem pro ele ditada em
reunião pública da Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 9 de abril de 1920 – há
quase sessenta anos, portanto -, profetizando sobre a destinação da Humanidade terrena:
“Sabeis que o seu fardo é leve e suave o seu jugo (referindo-se ao Cordeiro de
Deus). Carregai, pois, a vossa cruz com paciência e resignação e vos governareis
dignos de habitar a Terra quando, regenerada, atingir as campinas siderais da
Constelação de Hércules, para a qual se dirige em marcha acelerada, devendo lá
chegar logo que a Humanidade estiver em condições de habitar essas regiões do
infinito. Então, não mais tereis a noite e o dia, alterando-se gradualmente. Tereis as
claridades a se irradiarem dos vossos próprios espíritos redimidos, despidos do crime e
cobertos pelas vestes alvíssimas das virtudes celestes.” (De “Reformador” de dezembro
de 1978 e 16 de agosto de 1920.)
* * *
A inteligência esclarecida e humilde do médico Lucas (Evangelista) relatou as “coisas” que pôde
certificar, graças às observações e pesquisas que realizou, recorrendo aos núcleos das tradições mais
puras e às vívidas recordações de Maria Santíssima, por delegação de Paulo, Apóstolo dos Gentios. E
Áureo, por sua vez, narrou-nos as “coisas” que viu e viveu ao longo de múltiplas existências fecundas.
Ambos, fazendo bem mais que bela literatura espiritualista, conduzem-nos, sob a magia sublime do
pensamento universalista, pelas veredas do Cristianismo, em espírito, na direção da “porta estreita” que um
dia há de ser por todos transposta, no findar-se da milenar caminhada de retorno à Casa Paterna.
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Francisco Thiessen
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Há muitas coisas novas no campo atual dos conhecimentos e das pesquisas sobres Astronomia,
que estão forçando a inteligência humana a rever os seus conceitos sobre os Universos, na marca
inconsciente da Ciência à procura de Deus.
Dissemos propositadamente Universos, no plural, porque esse é um dos pontos nodais da atual
problemática científica, desde muito tempo desvinculada não só das idéias medievais de geocentrismo,
mais igualmente das teorias heliocêntricas restritas ao antigo Universo conhecido.
Tal é a velocidade atual do progresso dos estudos humanos, que, a partir do ano de 1929, o valor
do raio de curvatura do Universo passou a ser deduzido das equações que Einstein formulou entre 1912 e
1915. Isto, em conseqüência da descoberta, por Edwin Hubble, das fugas das galáxias. Aliás, a idéia
einsteiniana de um Universo finito e ao mesmo tempo ilimitado comporta hipóteses ainda em aberto, pois
até agora não se pôde medir a densidade média da matéria,m para identificar-se o seu valor crítico limite.
Antes que isso seja conseguido, não há como concluir-se pro um Universo fechado, ou, ao contrário, por
uma curvatura espacial negativa que levaria a expandir-se constante e interminavelmente em todas as
direções.
Enquanto se discute ser ou não aberto ou fechado o Universo conhecido, em contínua expansão ou
em permanente criação de matéria nos espaços intergaláticos, o astrônomo soviético Ambartsumian, em
nossa opinião bem mais próximo da realidade, traz à discussão a idéia de que o Universo em que vivemos,
realmente curso e fechado, como entendeu Einstein, é apenas uma metagaláxia, além da qual muitas
outras ostentam, no Infinito, diferentes características do espaço-tempo.
Pouco a pouco, vai o homem se abeirando de mais ampla compreensão acerca da insondável
magnificência do Criador e de sua infinita e incessante Criação. De surpresa em surpresa, a Ciência estuda
agora o fato,verificado pelo norte-americano Low e comprovado pelas sondas espaciais pioneiro 10 11, de
que Júpiter emite quase o triplo da quantidade de energia que recebe do Sol. Conclusões posteriores e
independentes, dos soviéticos Rostov e Iaktsk, evidenciaram, por outro lado, que aquele astro apresenta a
constituição própria de uma estrela em franca expansão. Agora, já se admite que reações nucleares
internas, semelhantes às do nosso astro-rei, levarão Júpiter a tornar-se, dentro de talvez uns dois bilhões de
anos, um novo Sol, pouco antes, segundo se presume, da extinção do nosso Sol atual.
De perplexidade em perplexidade, a Ciência caminha em campos novos, aos quais não está ainda
acostumada. De repente, sem pretender e sem esperar, descobrirá o Espírito.
Talvez seja importante recordar que já é grande, apesar de tudo, a soma de conhecimentos
essenciais disponíveis, valendo a pena aqui lembrarmos, resumidamente e de passagem, alguns dados e
informações correntes. Valhamo-nos, para começar do magnífico trabalho de divulgação científica realizada
por Arthur Koestler, em seu livro “As Razões da Coincidência”. Ele assinala, baseado em fatos
incontestáveis, a crescente perplexidade da Física diante de um mundo novo de descobertas
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Comenta Koestler que “já se havia feito da massa o equivalente a um pacote de energia
concentrada, segundo a fórmula de Einstein: E = mc2 (que gerou, como subproduto, a bomba atômica). E
na teoria da relatividade, tanto a massa quanto a inércia e a gravidade se reduzem a pressões, inflexões ou
torções do espaço vazio, multidimensional. As não-coisas da teoria dos “quanta” e da mecânica ondulatória
são, assim isoladas, mas sim a culminância, na Física moderna, de uma evolução começada no fim do
século XIX.” É o que resume Sir JAMES JEANS, num trecho memorável de suas “Conferências de Rede”:
“Hoje em dia acredita-se geralmente – e entre os físicos quase unanimemente – que a corrente do
conhecimento nos leva a uma realidade não-mecânica; o universo começa a parecer mais um grande
pensamento do que uma grande máquina.” Sir ARTHUR EDDINGTON, NO LIVRO “A Natureza do Mundo
Físico” (1928), sintetizou suas conclusões numa só frase: “A matéria-prima do universo é o espírito.”
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PAUL ADRIAN MAURICE DIRAC, de Cambridge (é ainda Arthur Koestler quem comenta), propôs,
em 1931, uma teoria tão fantástica, que teria sido imediatamente rejeitada como excêntrica, se o seu autor
não fosse um dos mais importantes físicos de sue tempo. “Seu maior trabalho até então – prossegue
Koestler – fora a unificação da teoria da relatividade de Eisntein, à mecânica ondulatória, de Schordinger, o
que lhe valeu o Prêmio Novel em 1933. Apesar disso, a teoria da unificação encontrou novas dificuldades,
que Dirac tentou ultrapassar salientando que o espaço não é realmente vazio, mas sim cheio de um mar
insondável de elétrons com massa negativa e, conseqüentemente, energia negativa. A massa negativa
está, naturalmente, além da imaginação humana; se algo se pudesse dizer sobre uma partícula desse tipo é
que, se tentasse empurrá-la para a frente, ela se moveria para trás, e se tentássemos soprá-la, ela seria
sugada para dentro de nossos pulmões. Uma vez que, de acordo com a hipótese, todo o espaço disponível
é uniformente preenchido com elétrons de energia menos, eles não interagem e não manifestam sua
existência. Mas, pode acontecer que um raio cósmico de alta energia atinja um desses elétrons-fastamas e
lhe comunique a sua energia. Como resultado, o elétron-fantasma pulará do oceano e se transformará num
elétron normal,, com energia e massa positiva. Apenas, haverá então um “buraco”, uma bolha, deixada no
oceano em que se banhava. Esse buraco é uma negação da massa negativa; portanto, terá massa positiva.
Mas será também uma negação da carga elétrica negativa do ocupante anterior: e terá carga positiva. O
buraco no oceano cósmico seria de fato, como predisse Dirac em 1931, “uma nova espécie de partícula,
desconhecida para os físicos, com a mesma massa que o elétron, embora sua carga seja oposta à deste
último. Podemos chamar esta partícula de antielétron”. Assinala o mesmo autor que, um ano após a
publicação de Dirac, CARL D. ANDERSON, trabalhando no Instituto de Tecnologia da Califórnia, descobriu
os pósitrons, que não eram senão os antielétrons ou buracos previsto por Dirac. Diante disso, Koestler
conclui dizendo: “É bem possível que outras galáxias sejam compostas de antipartículas combinadas para
formar antimatéria.”
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Parece-nos agora mias do que justo e de interesse transcrever dois pequenos trechos que contêm
idéias do próprio Koestler, também detentor do Prêmio Sonning, recebido na Universidade de Copenhague
“por sua contribuição à cultura européia”. Eis o primeiro: “A Física clássica tinha por evangelho a famosa
Segunda Lei da Termodinâmica, segundo o qual o universo acabará por desgastar-se como um relógio,
porque sua energia se dissipa constantemente e terminará como começou – segundo o Gênesis: “vazio e
sem forma”. Somente nos últimos anos os biólogos se deram conta de que essa lei não se aplica senão no
caso teórico de um “sistema fechado”, completamente isolado de seu ambiente. Enquanto os organismos
vivos são, todos eles, “sistemas abertos” que se alimentam das energias e matérias encontradas em seu
ambiente. Em lugar de se desgastar como um relógio que dissipa sua energia pela fricção, o organismo vivo
não cessa de formar corpos químicos mais complexos, a partir daqueles de que se alimenta. Não para de
construir formas de energia mais complexas, a partir da energia que absorve; e estruturas mais complexas
de “informação” – percepções, lembranças, idéias – a partir do que é transmitido aos seus receptores.
Longe de se limitar a reagir, ele é ativo: adapta o ambiente às suas necessidades, em lugar de se adaptar
ao ambiente passivamente. Instrui-se pela experiência e constrói sistemas de conhecimento que recolhe do
caos das sensações pelas quais passa. Absorve do ambiente a informação, do mesmo modo como alimenta
suas energias de suas substâncias e sínteses. A mesma tendência de integração construtiva se manifesta
na evolução das espécies, no sentido de formas mais complexas de anatomia e comportamento, de meios
de comunicação mais eficazes, desenvolvendo sua independência e domínio do ambiente. “De acordo com
a Segunda Lei da Termodinâmica – para citar VON BERTALANFFY, pioneiro das novas concepções
biológicas – a direção dos fenômenos físicos é no sentido do decréscimo da ordem e da organização. Em
contrapartida, dentro da Evolução, a direção é no sentido de uma ordem crescente.”
E aqui está o segundo trecho: “Todo um coro de laureados do Prêmio Nobel de Física ergue a sua
voz para nos anunciar a morte da matéria...” (...) “Já é tempo de aprendermos as lições da ciência pós-
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Todos esses testemunhos dão conta de que algo de substancial está mudando no campo das
pesquisas e das conceituações da Ciência. Como já disse André Luiz, em seu livro “Mecanismo da
Mediunidade”, “mais da metade do Universo foi reconhecido como um reino de oscilações, restando a parte
constituída de matéria igualmente suscetível de converter-se em ondas de energia. O mundo material como
que desapareceu, dando lugar a tecido vasto de corpúsculos em movimentos, arrastando turbilhões de
ondas em freqüências inumeráveis, cruzando-se em todas as direções, sem se misturarem. O homem
passou a compreender, enfim que a matéria é simples vestimenta das forças que o servem nas múltiplas
faixas da Natureza...”
Seria, porem, rematada ingenuidade supor que a Ciência humana terrestre chegará rapidamente à
solução definitiva dos seus problemas substanciais, porque precisará realizar, antes disso e para isso duas
conquistas fundamentais, primeiro terá de reconhecer, por seus próprios meios, suas averiguações, seus
cálculos e suas induções, senão a certeza, pelo menos a probabilidade da existência do Espírito e das
dimensões espirituais da Vida; e segundo, construir novas aparelhagens e, sobretudo novos métodos de
investigação para penetrar nesses novos domínios. Neste último caso, as dificuldades a vencer serão
imensas, porque somente o Espírito pode ver, identificar e examinar o Espírito. Não se trata, portanto,
tão somente, de aperfeiçoar maquinismos e instrumentos técnicos, mas sim CONSCIÊNCIAS, através do
desenvolvimento racional de FACULDADES PSICOFÍSICAS capazes de serem utilizadas para produção útil
de fenômenos investigáveis.
Enquanto, porém, não houver, na Terra, condições morais que justifiquem tão elevado tipo de
cooperação aberta e indiscriminada, o Governo Espiritual do Planeta não facilitará condições nem
circunstâncias que favoreçam o êxito maior de tentames dessa espécie, além dos limites da educação e do
incentivo ao espírito perquiridor dos homens. É fácil de compreender que o intercâmbio livre e permanente
com planos e forças superiores da vida não pode ser facultado a seres predadores, de baixo senso ético e
ainda espiritualmente irresponsáveis. Por essa razão, a aceitação e a vivencia dos princípios morais do
Evangelho de Jesus são condições fundamentais a serem cumpridas, a fim de que as Inteligências
Superiores outorguem ao Homem Terrestre o diploma de maioridade espiritual que lhe permitirá o ingresso
efetivo no mundo das relações com a Comunidade Cósmica a que pertence.
O Homem terá, portanto, de renunciar ao velho vício de tudo utilizar para o mal, para o crime, para a
dominação inferior e desmedida, para a destruição, para a insensatez, se quiser entrar na posse do seu
principado divino. Cumpre entendermos, de uma vez por todas, que a sabedoria da Eterna Lei
simplesmente não permite, por automatismo de sua amorosa justiça, que recursos espirituais de alto nível
se desenvolvam, além de certos rígidos limites, em almas ainda não decididamente afeitas ao Bem.
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A identificação vibratória com a natureza das sensações materiais constitui obstáculo intransponível
à penetração consciente e proveitosa noutras dimensões, que, para os seres assim faltos de maior
sensibilidade, continuam como se não existissem, embora os influenciem decisivamente.
O homem gostaria de desenvolver suas capacidades sensoriais (auditivas, olfativas, visuais, etc.)
para além dos limites que a sua atual condição fisiológica estabelece. Intuitivamente sente que isso é
possível, mas ainda não percebeu que só poderá consegui-lo despertando e desenvolvendo, educando e
aprimorando os seus poderes psíquicos, que conjugados aos físicos, lhe descerrarão horizontes
imensuráveis de novas dimensões da vida. Mas, o que sobretudo ainda não percebeu é que o poder
interior, espiritual,só eclode como conseqüência de um alto equilíbrio de tensão de forças nobres,
intelectuais e sentimentais, únicas que possuem teor de forças dinâmicas suficientemente poderosas para
potencializar o Espírito e desenvolver-lhe as capacidades divinas.
Teoricamente, ninguém mais discute, no mundo, que o ser humano é um complexo psicofísico, mas
na realidade o aspecto psíquico ainda é, na Terra extremamente desleixado, talvez porque o homem
terrestre quase nada sabe a seu respeito. Dia virá, porém, em que a Psicologia deixará de ser teórica e
especulativa, porque “aprenderá a lidar com a mente e com o corpo espiritual do mesmo modo que a
Medicina terrestre lida com o corpo de carne.” Então se compreenderá que os aspectos espirituais e os
físicos do ser humano são essencialmente inseparáveis e têm de ser considerados no conjunto das suas
relações de interdependência, pois ainda estamos todos muito longe da condição de Espíritos Puros.
Diante das perplexidades da Ciência e da pressão cada vez maior dos fatos novos, que não cessam
de fustigar a inteligência humana e de rumá-la para novas pesquisas e conclusões mais altas, cabe aos
espíritas a sublime missão de oferecer aos pesquisadores e estudiosos humanos a contribuição substancial
do Espiritismo, de modo a ajudar os cientistas sinceros a orientar-se com segurança na direção das
verdadeiras soluções. Mas os espíritas só conseguirão fazer isso, com verdadeiro proveito, se se dedicarem
seriamente ao estudo das realidades e dos progressos da Ciência, cotejando tudo, ponto por ponto, com as
pesquisas, os conhecimentos e as revelações do Espiritismo, de modo a oferecer contribuições sérias aos
pesquisadores e aos homens de pensamento que laboram fora de nossos muros. Alertados para inúmeros
aspectos importantes da realidade, que insistem em desdenhar ou simplesmente não conhecem, talvez
alguns estudiosos capazes e de boa-fé acertem o passo no sentido de maiúsculas e felizes constatações.
Naturalmente, o trabalho maior dos espíritas-cristãos será sempre o da sua própria melhoria de
sentimentos e do benfazer. Não temos nenhuma ilusão quanto a vantagens (que sabemos improváveis) em
qualquer atitude de proselitismo ou de pernóstica presunção de maior saber. O equilíbrio de atitudes cabe,
porém, em toda parte, e não seria justo nos ausentássemos, a título de cultivar a humildade e as virtudes do
coração, do esforço comum a prol do progresso humano. Afinal, as novas dimensões do conhecimento se
abrem no mundo, são as grandes dimensões do Espírito.
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Em tom de euforia sensacionalista algo surpreendente, modernas enciclopédias dão como resolvido
o problema da origem da vida no plante Terra, com base na sintetização da uréia, por Friderich Wohler, e do
ácido desoxirribonucléico (DNA) por Kornberg e Goulian; nos trabalhos de Alexander Oparin, sobre os
colóides e nas experiências de Stanley Miller, Melvin Calvin, J. Oro e Sidney Fox.
A tese dada por vitoriosa a aceita com definitiva é a da geração espontânea, já provada como
errônea por Pasteur, mas reaplicada às condições vigentes no planeta terráqueo há quatro bilhões de anos,
quando gigantescas misturas de vapor d’água, hidrogênio, metano e amoníaco teriam produzido
espontaneamente, sob a ação de poderosas descargas elétricas, os tijolos químicos da vida, isto é, os
aminoácidos que formam as proteínas (das quais também participa o nitrogênio), os carboidratos (pequenos
açucares ou oses) e os ácidos graxos, compostos, os dois últimos, de carbono, hidrogênio e oxigênio.
Esses tijolos químicos teriam então adquirido vida, através da formação, por acaso, do DNA – a memória
que lhes possibilitou manter a própria individualidade, por meio da fixação das características adquiridas e
da auto-reprodução ordenada.
Que poderia levar a tal disparate homens afeiçoados à frieza e à objetividade dos raciocínios
lógicos, senão um orgulho incompreensível, nascido de uma vaidade estulta e presunçosa? Infinitamente
mais fácil e mais racional seria a admissão de que Inteligências Superiores agiram criadoramente, sob o
influxo divino, na incessante arquitetura dos Universos e da Vida que os glorifica. Eles, porém, apesar de
racionais, preferem fazer culto à irracionalidade e, embora conscientes, insistem em dobrar os joelhos ao
acaso, em honra do inexistente.
Muita razão teve Einstein para pronunciar as memoráveis palavras com que saúdo o grande Max
Planck. Disse ele: - “Há muitas espécies de homens que se dedicam à Ciência, nem todos por amor à
própria Ciência. Alguns penetram no seu templo porque isso lhes dá ocasião de exibir os seus talentos
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especiais. Para essa classe de homens, a Ciência é uma espécie de esporte, em cuja prática se regozijam,
como o atleta exulta o exercício da força muscular. Há outra casta, que vem ao templo fazer ofertório dos
seus cérebros, movida apenas pela esperança de compensações vantajosas. Estes são homens de ciência
pelo acaso de alguma circunstância que se apresentou por ocasião da escolha de uma carreira. Se a
circunstância fosse outra, eles se teriam feito políticos ou financistas. No dia em que um anjo do Senhor
descesse para expulsar do tempo da Ciência todos aqueles que pertencem às categorias mencionadas, o
templo, receio eu, ficaria quase vazio. Mas restariam alguns fieis – uns de eras passadas e outros do nosso
tempo. A estes últimos pertence o nosso Planck. E é por isso que lhe queremos bem.”Robert Jastrow,
diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, da Nasa, escreveu, em artigo publicado pelo “Jornal do
Brasil”, do Rio de Janeiro, edição de 2 de julho de 1978, estas palavras candentes: - “O Universo está
explodindo diante de nossos olhos, como se presenciássemos o resultado de uma grande explosão. Se
refizermos os movimentos para fora das galáxias, invertendo-os no tempo, descobriríamos que todas elas
se reúnem uns 20 bilhões de anos pra trás. (O exato momento em que isso se deu é desconhecido – há
uma incerteza de vários bilhões de anos. O importante não é precisamente quando a explosão ocorreu, mas
que tenha ocorrido num instante nitidamente definido.) Nesse momento, toda a matéria do Universo estava
aglomerada numa massa densa, a temperaturas de muitos milhões de graus. O cegante brilho da radiação,
nesse Universo denso e quente, deve ter sido além de qualquer descrição. O quadro sugere a explosão de
uma bomba cósmica de hidrogênio. O instante em que essa bomba cósmica explodiu marcou o nascimento
do Universo. Agora vemos como a constatação astronômica conduz a uma visão bíblica da origem do
mundo (a palavra que a Bíblia usa para descrever o Universo). Os detalhes divergem, mas os elementos
essenciais nas versões astronômica e bíblicas do Gênese são os mesmos: a cadeia de acontecimentos que
conduzem ao homem começou súbita e precisamente num momento definido do tempo, num clarão de luz e
energia. Alguns cientistas se aborrecem com a idía de que o mundo começou assim. Até recentemente,
muitos de meus colegas preferiam a teoria do estado-constante, que afirma que o Universo não teve início e
é eterno. Mas as últimas provas tornam quase certo que a grande explosão realmente ocorreu, há muitos
bilhões de anos. Em 1965, Arno Penzias e Robert Wilson, dos laboratórios da Bell Telephone, descobriram
que a Terra é banhada por um débil fulgor de radiação que vem de todas as direções do céu. A mediação
mostrou que a própria Terra não podia ser a origem dessa radiação, que tampouco poderia vir do lado da
Lua, do Sol ou de qualquer outro objeto particular do céu. A fonte parecia ser todo o Universo. Os dois
físicos ficaram intrigados com essa descoberta. Não pensavam na origem do Universo e não perceberam
que tinham dado, por acaso, com a resposta para um dos mistérios cósmicos. Cientistas que acreditavam
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na teoria da grande explosão havia muito afirmavam que o Universo devia assemelhar-se a uma bola de
fogo incandescente, momentos após a explosão. Aos poucos, enquanto se expandia e esfriava, a bola de
fogo tornou-se menos brilhante, mas sua radiação jamais desapareceria inteiramente. (*) ∗O fulgor difuso
dessa radiação, que remontava ao nascimento do Universo, era o que Pensias e Wilson haviam
aparentemente descoberto. Nenhuma outra explicação, além da grande explosão, foi encontrada para a
radiação da bola de fogo. O arremate final, que convenceu quase até o último São Tomé, é que a radiação
descoberta por Penzias e Wilson tem extamente o tipo de comprimento de onda que se esperava que a luz
e o calor houvessem produzido numa grande explosão. Os defensores da teoria do estado-constante
tentaram desesperadamente descobrir umam outra explicação, mas fracassaram. Atualmente, a teoria da
grande explosão não tem concorrentes. Os teólogos em geral se deliciam com a prova de que o Universo
teve um início, mas os astrônomos ficam curiosamente perturbados. Suas reações fornecem uma
interessante demonstração da reação da mente científica – supostamente muito objetiva – quando provas
descobertas pela própria Ciência conduzem a um conflito com os dogmas de nossa profissão. Cientistas se
comportam do mesmo modo que os outros, quando suas cresças conflitam com os fatos. Ficam irritados,
fingimos que o conflito não existe, ou o enrolamos em frases sem sentido.”
E diz mais, Robert Jastrow: - “A Ciência provou que o Universo explodiu para a vida num
determinado momento. Ela pergunta: que causa produziu esse efeito? Quem ou o que pôs matéria e
energia no Universo? Foi o universo criado do nada, ou foi composto de matérias pré-existentes? E a
ciência não pode responder a estas perguntas, porque, segundo os astrônomos, nos primeiros momentos
de sua existência, o Universo estava comprimido a um grau extraordinário e consumido pelo calor de um
fogo além da imaginação humana. O choque desse instante deve ter destruído cada partícula de prova que
poderia dar indício da causa da grande explosão. Um mundo inteiro, rico em estrutura e história pode ter
existido antes que nosso Universo aparecesse.”
Informa Iain Nicolson, em seu livro “Astronomia”: - “O belga George Lemaitre apresentou a idéia de
que, já uns 20 bilhões de anos, toda a matéria do Universo – bastante, calculou, para fazer uns cem mil
milhões de galáxias – estava toda concentrada numa pequena massa, que chamou de átomo primitivo;
isto teria uma densidade incrível. Esse átomo primitivo explodiu, por algum motivo, enviando sua matéria
∗
Telegrama de Moscou, publicado no jornal “O Globo”, do Rio de Janeiro, edição de setembro de 1978, diz
textualmente o seguinte: “Uma série de fantásticas, mas ainda inexplicáveis descobertas, foi feita pelos cosmonautas
soviéticos Vladimir Ovaliono e Alexandre Ivanchev, em suas experiências a borda da estação espacial Saliut-6/Soyuz-
31, anunciou ontem a rádio de Moscou. O que mais surpreendeu os dois tripulantes do laboratório foi constatar que
acima da já conhecida película luminosa que circunda a atmosfera terrestre existe uma outra, ainda mais fosforescente,
envolvendo todo o planeta.”
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para todas as direções, e à medida que a expansão diminuía, originou-se um estado estável, época em que
se formaram as galáxias. Algo perturbou o equilíbrio e o Universo começou a se expandir outra vez,
provocando o estado em que nos encontramos. Há variantes nessa teoria: talvez não tenha havido um
estado estável. Contudo, basicamente, as teorias evolucionarias presumem que o Universo foi formado em
certo lugar, num determinado instante, expandindo-se desde então. O Universo continuará a se expandir?
Pode ser que o Universo continue a ser expandir para sempre, mas alguns astrônomos acham que a
expansão se retardará e finalmente acabará. Então, o Universo começará a se contrair pra sempre, mas
alguns astrônomos acham que a expansão se retardará e finalmente acabará. Então, o Universo começará
a ser contrair, até que toda a sua matéria se concentre novamente num ponto. Possivelmente, o Universo
irá oscilar para sempre desse modo, expandindo-se ate´seu raio máximo e depois se contraindo.” Após
explicar a Teoria do Estado Estável, desenvolvida em Cambridge por Hoyle, Gold e Bondi, exclama,
dramático: - Vários astrônomos questionam a realidade da expansão do Universo, mas não existe nenhuma
explicação alternativa plausível.”
O que a Ciência terá de admitir é que ao existe somente o nosso Universo; existem incontáveis
Universos, na Criação Infinita. Eles são formados, nascem, crescem, envelhecem numa incessante
recriação, sob as vista paternais de Deus e sob o controle amoroso e potente dos Arcanjos Divinos.
“Acredita-se – diz ainda Nicolson – que as estrela se formem de nuvens de gás e poeira. Quando a
nuvem se divide em fragmentos, estes começam a se contrair sob forças gravitacionais, aquecem-se e
irradiam calor. Quando a temperatura aumenta suficientemente para iniciar reações atômicas, a estrela
move-se para a seqüência principal e se estabelece num estado estável em alguma parte dela, dependendo
de sua natureza e temperatura. Fica nessa posição durante a maior parte da sua vida, gerando energia pela
conversão do hidrogênio em hélio (como o Sol faz), mas, quando esgota seu combustível, o hidrogênio sai
da seqüência principal e expande-se para uma gigante vermelha. Depois, não se sabe bem o que acontece,
mas acredita-se que a estrela usa rapidamente vários combustíveis e gera toda espécie de elementos
pesados, até se tornar altamente instável e eventualmente explodir, como nova ou supernova.
Acostumados a tudo reduzir ao alcance dos seus sentidos ou da sua capacidade de entendimento,
os homens se atordoam diante da grandeza ilimitada da Criação e só o seu inveterado orgulho os impede
de desarmar o espírito e fazê-lo explodir em adoração de respeito e amor pelo Todo-Poderoso. Entretanto,
os progressos da Astronomia, talvez mais que quaisquer outros, os estão forçando, cada vez mais, a essa
sublime rendição, que marcará o fecundo e glorioso início de uma nova e insuspeitada sabedoria.
“O limite de detecção das galáxias normais, com telescópio de 5m - registra Nicolson - é de cinco
mil milhões de anos-luz e nenhum dos telescópios planejados atualmente irá muito além disso. Contudo, há
uma limitação muito mais definida para nossa observação do espaço: se a lei de Hubble sobre a expansão
continuar, as galáxias a uma distância de dez bilhões de anos-luz estarão se afastando a uma velocidade
de cerca de 300 mil quilômetros por segundo - exatamente a velocidade da luz - e nenhum sinal luminoso
jamais chegará até nós, não importando o tamanho do telescópio que estivermos usando.”
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Do telescópio de Monte Palomar, de cinco metros, podem ser observadas cerca de um bilhão de
galáxias, algumas situadas tão longe, no espaço, que a luz que delas contemplamos é a das que a
expediram em nossa direção antes que a Terra existisse. Um bilhão de galáxias! Se um raio de luz
começasse a percorrer a nossa modesta galáxia, deslocando-se com a incrível velocidade de 300 mil
quilômetros por segundo, levaria cem milênios para atravessá-la. E a nossa é das menores já observadas.
E se move, toda ela, com o, nosso Sol e todo o nosso Sistema, em torno do centro galático, a uma
velocidade de 290 mil metros por segundo. Aliás, ela integra um aglomerado com mais de vinte outras
galáxias... Existem, porém, aglomerados galáticos conhecidos, com mais de cem galáxias. E dizer-se que
só na nossa modesta galáxia existem mais de cem bilhões de sóis! Esses mundos incontáveis são, como
disse Jesus, as muitas moradas da Casa do Eterno Pai. É neles que nascem, crescem, vivem e se
aperfeiçoam os Filhos do Criador, a Grande Família Universal... São eles as grandes Escolas das Almas, as
Grandes Oficinas do Espírito, as Grandes Universidades e os Grandes Laboratórios do Infinito... E são
também - Deus seja louvado! - os berços da Vida.
******
Como os Grandes Espíritos são solidários entre si, também o são os mundos e as Humanidades
que eles governam em nome do Criador. Quando Sírius, da Constelação do Grande Cão, atingiu a posição
de sistema de orbes regenerado, muitos Espíritos orgulhosos e rebeldes que lá habitavam foram
transferidos para Capela, da Constelação do Cocheiro, que.era, na ocasião, um sistema de mundos de
provas e expiações. No transcurso dos milênios, esses degredados, já redimidos, regressaram, em sua
maioria, aos seus celestes pagos, ou se incorporaram às coletividades capelinas, das quais se fizeram
devotados condutores. Houve, porém, numerosas entidades, de poderosa inteligência, mas de renitente
coração, que não apenas perseveraram em sua rebeldia, mas lideraram, além disso, legiões de
tresloucados seguidores de suas incontinências. Esses os Espíritos que, indesejáveis em Capela, quando
aquele sistema alcançou o estágio de orbes de regeneração, foram banidos para a Terra, onde a
magnanimidade do Cristo os recebeu e amparou.
Tais degredados não vieram, porém, sozinhos, como se fossem imenso rebanho abandonado à
violência das procelas. Alguns dos seus grandes lideres, já redimidos, renunciaram, por amor a eles, à
glória e à felicidade do regresso a Sírius, e desceram, à sua frente, aos vales de dor da Terra primitiva, na
condição de Grandes Guardiães, colocando-se humildemente a serviço do Cristo Planetário. Recebendo-
lhes a amorosa cooperação, o Sublime Governador da Terra utilizou-lhes os préstimos e honrou-lhes a
dedicação, tanto no Espaço como na Crosta. É assim que, mesmo antes do Messianato do Senhor Jesus, a
História registra a passagem, entre os homens, de luminosos Gênios Espirituais, como os respeitáveis
Sacerdotes do Antigo Egito, os veneráveis Mahatmas da velha índia e os vultos sumamente admiráveis de
Fo-Hi, Lao-Tsé, Confúcio, Buda, Ésquilo, Heródoto e Sócrates.
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Foi, porém, entre os hebreus, povo escolhido para acolher no seu seio o Messias Divino, que
esses gloriosos missionários mais freqüentemente se manifestaram, a começar pelo maior de todos, o
Grande Condutor dos degredados, que seria, na Terra, o neto de Abraão, aquele Jacó que se transformaria
em Israel, pai das doze tribos que se derivaram dos seus doze filhos. Sempre atuante e sempre fiel, ele
voltaria depois, como Moisés e como Elias, para tornar novamente ao mundo na figura sublime do Batista.
Tal como ele, Abraão, que foi mais tarde Salomão e depois Simão Pedro; Isaac, que seria Daniel e
posteriormente João, o Evangelista; José, o Chanceler do Egito, que viria a ser Davi e depois Paulo de
Tarso; e muitos outros, dentre os quais quase todos aqueles que, a chamado de Jesus, integrariam o seu
Colégio Apostólico.
Mas o amor sublime de excelsos Espíritos de Sírius não abandonou os antigos companheiros, e
foi de lá, daquele orbe santificado, que vieram, desde os primórdios da Terra, para auxiliar voluntária mente
ao Cristo Jesus, aqueles seres extraordinários que cercaram, no mundo, o Messias, como Ana e Simeão,
Isabel e Zacarias, e principalmente o Carpinteiro José e a Santa Mãe Maria.
As crônicas do mundo espiritual acerca de numerosas figuras do luminoso séqüito do Cristo não
podem ser aqui mencionadas e muito menos reproduzidas, e nossas modestas anotações visam apenas a
dar muito pálida idéia de como os fastos maravilhosos do amor estão na base de todos os movimentos de
redenção, em todas as dimensões do Infinito.
A verdade é que, quanto mais elevados na hierarquia da Vida, sais os Espíritos se votam ao amor
e à renúncia, ao trabalho e ao sacrifício, em benefício de seus irmãos menos adiantados na senda
evolutiva. Esse soberano sentido de solidariedade é princípio divino que inspira as Grandes Almas e as leva
a adiar indefinidamente a realização de sublimes ideais de ventura pessoal, até que esses ideais, ao que
imaginamos, acabam por diluir-se naturalmente no infinito do Amor Divino, totalizador e eterno, que nenhum
egoísmo pode jamais empanar.
É São exemplos dessa maravilhosa realidade a Mãe e o Precursor i Excelso Mestre, cujo
intraduzível devotamento os fez trocar seus luminescentes paraísos pelo serviço permanente e\sacrifical a
uma Humanidade ignorante e sofredora.
Jesus disse à esposa de Zebedeu que só se assentariam à sua direita e à sua esquerda, no Reino
dos Céus, aqueles a quem ó Pai havia reservado esses lugares, porque sabia que o Eterno já elegera para
esses supremos ministérios o grande Batista e a magnânima Maria de Nazaré; o primeiro para reger, sob a
sua crística supervisão, os problemas planetários da Justiça, e Ela para superintender, sob a sua soberana
influência, as benevolências do Amor. Por isso, todos os decretos lavrados pelo Sublime Chanceler da
Justiça somente são homologados pelo Cristo depois de examinados e instruídos pela Excelsa Advogada
da Humanidade, a fim de que nunca falte, em qualquer processo de dor, as bênçãos compassivas da
misericórdia e da esperança.
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Poderíamos, portanto, seguir adiante, mas, antes disso, acabemos de vez com algum resto de
ilusão dos que ainda acreditam em solidez da matéria. Demos a palavra ao Professor BOUTARIC, da
Faculdade de Ciências de Dijon, para que ele fale, através de alguns trechos de seu livro “Matéria,
Eletricidade e Energia”: - “A massa de um corpo, sendo apenas uma forma de energia, só permanece
constante se o corpo não troca com o exterior nenhuma outra forma de energia, de modo que a lei da
conservação da massa aparece apenas como um caso particular do principio da conservação da energia.
(...) Nenhum sólido tem uma massa absolutamente invariável; com um esforço suficiente, podemos sempre
provocar nele uma deformação permanente, isto é, que subsiste após suprimida a ação mecânica que a
engendrou. Sob pressões muito fortes, um metal escorre através de um estreito orifício, tomando a forma de
verdadeiras gotas, como faria um líquido; tal operação é conhecida sob o nome de extrusão. (...) Não há
nenhuma linha nítida de demarcação entre os diversos estados físicos dos corpos. (...) A era das
discussões provocadas pela concepção descontinua da matéria parece definitivamente encerrada. (...) A
matéria constituiria apenas uma forma particular da energia, amiúde chamada energia de massa. (...) Nas
mais das vezes, a matéria e a energia apresentam-se intimamente associadas, sendo a matéria um veiculo
e até um reservatório de energia. Entretanto, na energia radiante, todo suporte material desaparece. (...) O
principio da conservação da energia não se aplica apenas aos fenômenos físicos, mas também às relações
químicas, e seu domínio estende-se à Biologia, pois rege todas as transformações que ocorrem no interior
dos seres vivos.”
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Chama-se comumente de matéria a tudo o que tem volume e massa, compreendendo-se nessa
definição os sólidos e os fluidos. Os sólidos caracterizam-se pela coesão de suas moléculas constitutivas,
sempre maior do que as repulsões eventualmente existentes entre elas; pela disposição espacial regular de
suas partículas; por sua forma própria e definida; por sua rigidez e elasticidade e por sua pequena
compressibilidade. Isso, em termos, porque só o cristal tem rede regular, enquanto, em geral, a estrutura
dos sólidos é policristalina, formada por cristalículos justapostos. E há também os sólidos vítreos, de
estrutura não-cristalina. Já vimos que essas características dos sólidos são muito relativas e agora
acrescentaremos que o fenômeno da coesão, que dá à matéria a consistência rígida que ela ostenta,
decorre das forças de atração entre as moléculas, os átomos ou os íons que formam um corpo e tem origem
eletromagnética. Chamam-se de fluidos os líquidos e os gases, estes últimos geralmente denominados
fluidos elásticos, por sua grande compressibilidade. Há, porém, um tipo especial e superior de gás, o
plasma, que se forma quando todos os átomos ou moléculas neutras, sob poderosa excitação elétrica, são
transformados em pigmentos carregados de íons ou elétrons.
Notemos agora, para usar novamente palavras de BOUTARIC, que “estabelecendo uma lista de
todas as substâncias, na ordem decrescente de suas resistências às deformações, passaremos, por graus
insensíveis, dos corpos sólidos bem caracterizados aos líquidos mais móveis, sem que seja possível
especificar, em nenhum momento, onde termina o estado sólido e onde começa o estado líquido, isto é, o
ponto de separação entre os dois estados. Igualmente, se fizermos variar de forma conveniente a
temperatura e a pressão, podemos levar uma substância, por uma sucessão de estados homogéneos e por
graus insensíveis, de um estado em que ela apresenta propriedades atribuídas comumente aos gases, a
outro em que possui as de um líquido”.
Assim, toda matéria, em qualquer de seus estados relativos, é apenas matéria, isto é, apenas
energia condensada, ou, mais simplesmente, apenas energia, formada de moléculas, que se constituem de
átomos - conjuntos eletricamente neutros, cuja carga elétrica negativa da nuvem eletrônica equivale à carga
elétrica positiva do núcleo. Chegamos, desse modo, ao puro domínio da energia
Até agora, a ciência humana terrestre parece não ter para a energia melhor definição do que esta:
“a capacidade que possui um corpo, ou um sistema, de produzir trabalho”. Capacidade é noção demasiado
vaga, que a rigor nada define. É que a natureza intrínseca da energia é ainda ignorada pelo homem. Um
dia, porém, ele descobrirá que essa “capacidade” é a “secreção” mental por excelência; basicamente, a
emanação primária de Deus Criador e, por extensão, a emanação de cada criatura; é a “matéria-prima
substancial”, o “ar” dos Universos, a “água” do infinito oceano cósmico, o “éter primacial”. A Ciência a
conhece pelas suas formas de manifestação e a chama de potencial, cinética, térmica, mecânica, luminosa,
eletromagnética, gravitacional, atômica, sonora, de ativação, de dissociação, de ionização, de ligação, de
permuta, de recuo, etc. Entretanto, nada sabe, por ora, da energia mental, do mesmo modo que também
nós nada sabemos da Energia Divina.
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Retomemos, porém, o fio da meada. Do mesmo modo como “não há nenhuma linha nítida de
demarcação entre os diversos estados físicos dos corpos”, também não há nenhuma linha nítida de
demarcação entre matéria e energia. Elas na verdade se associam, se continuam e são essencialmente
uma só coisa, mas uma coisa que evolui, que se apura, que se torna capaz de conquistar uma primitiva
dimensão espacial, adquirir movimento e, com o movimento, uma nova dimensão temporal. Como disse
JEAN PERRIN referindo-se ao movimento browniano, “o repouso que parece caracterizar um fluido em
equilíbrio não passa de uma ilusão, devida à imperfeição de nossos sentidos e corresponde de fato a um
certo regime permanente de violenta agitação”. Essa agitação, já apreciável nos líquidos, atinge grandes
proporções nos gases e um portentoso clímax nos plasmas, que, atingindo temperaturas altíssimas, da
ordem de cem milhões de graus Celsius, só limem ser contidos por potentissimos campos magnéticos.
“Já vimos - diz Sua Voz, em “A Grande Síntese” - que a matéria é um dinamismo incessante e que
a sua rigidez é apenas aparente, devida à extrema velocidade que a anima; e sabeis que a massa de um
corpo aumenta com a velocidade no espaço. Um jato de água, se velocíssimo, oferece à penetração de
outro corpo a mesma resistência de um sólido. Quando a massa de um gás, como o ar, se multiplica pela
velocidade, adquire a propriedade da massa de um sólido. A pista sólida que sustenta o aeroplano - que é
um sólido suspenso num gás - é a sua velocidade em relação com o ar que, por sua vez, se lançado qual
tufão, derruba casas. Trata-se de relação. De fato, quanto mais veloz é o aeroplano, tanto menores podem
ser suas asas. Sabeis que dar calor a um corpo quer dizer transmitir-lhe nova energia, isto é, imprimir-lhe
nova velocidade interior. A análise espectral vos fornece com tanta exatidão a luz equivalente dos corpos,
que torna possível, através dessa emanação dinâmica, individualiza-los a distância, na astroquímica. É inútil
correrdes atrás de vossos sentidos, na ilusão tátil da solidez, que julgais fundamental, porque é a primeira e
fundamental sensação da vida terrestre. A solidez nada mais é que a soma de movimentos velocíssimos.
Não vos iluda, também,. a consistência das sensações, pois é devida -somente, à constância dos íntimos
processos fenomênicos, no âmbito dá Lei eterna. Os vossos sentidos não podem perceber sensações
distintas, que se sucedam com extrema rapidez. A matéria é pura energia. Na sua íntima estrutura atômica,
é um edifício de forças. Matéria, no sentido de corpo sólido, compacto, impenetrável; não existe. Não se
trata senão de resistências, de reações, o que chamais de solidez é tão-só a sensação que
ininterruptamente vos dá aquela força que se opõe ao impulso-e ao tato. É a velocidade que enche as
imensas extensões de espaços vazios em que as unidades mínimas se movem. É a velocidade que forma a
massa, a estabilidade, a coesão da matéria. Notai como os movimentos rotatórios, rapidíssimos, conferem
ao giroscópio, enquanto duram, um equilíbrio autônomo estável: É a velocidade a força que se opõe a que
as partículas da matéria se destaquem, e que as mantém unidas enquanto uma força contrária não
prevaleça. Ainda quando decompuserdes a matéria naquilo que vos parecer serem os últimos elementos,
nunca vos encontrareis em face de uma partícula sólida, compacta, indivisível. O átomo é um vórtice;
vórtices são o elétron e o núcleo; vórtices são os centros e os satélites contidos no núcleo, e assim ao
infinito. Quando imaginais uma partícula mínima, animada de velocidade, nunca tendes aí um corpo, no
sentido comum, qual o figurais; é sempre um vórtice imaterial de velocidade. E a decomposição dos
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vórtices, em que rodopiam unidades vertiginosas, menores, prolonga-se ao infinito. Assim, na substância
não existe matéria, no sentido em que a compreendeis; apenas há movimento. E a diferença entre matéria e
energia consiste apenas na diversidade de direção do movimento; rotatório, fechado em si mesmo, na
matéria; ondulatório, de ciclo aberto e lançado no espaço, na energia. No princípio era o movimento; o mo-
vimento concentrou-se na matéria; da matéria nasceu a energia, e da energia emergirá o espírito.”
“Já vimos - diz Sua Voz, em “A Grande Síntese” - que a matéria é um dinamismo incessante e que
a sua rigidez é apenas aparente, devida à extrema velocidade que a anima; e sabeis que a massa de um
corpo aumenta com a velocidade no espaço. Um jato de água, se velocíssimo, oferece à penetração de
outro corpo a mesma resistência de um sólido. Quando a massa de um gás, como o ar, se multiplica pela
velocidade, adquire a propriedade da massa de um sólido. A pista sólida que sustenta o aeroplano - que é
um sólido suspenso num gás - é a sua velocidade em relação com o ar que, por sua vez, se lançado qual
tufão, derruba casas. Trata-se de relação. De fato, quanto mais veloz é o aeroplano, tanto menores podem
ser suas asas. Sabeis que dar calor a um corpo quer dizer transmitir-lhe nova energia, isto é, imprimir-lhe
nova velocidade Interior. A análise espectral vos fornece com tanta exatidão a luz equivalente dos corpos,
que torna possível, através dessa emanação dinâmica, individualiza-tos a distância, na astroquímica. É inútil
correrdes atrás de vossos sentidos, na ilusão tátil da solidez, que julgais fundamental porque é a primeira e
fundamental sensação da vida, terrestre. A solidez nada mais é que a soma de movimentos velocíssimos.
Não vos iluda, também, a consistência das sensações, pois é devida-somente à constância dos íntimos
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processos fenomênicos, no âmbito da Lei eterna. Os vossos sentidos não podem perceber sensações
distintas, que se sucedam com extrema rapidez. A matéria é pura energia. Na sua intima estrutura atômica,
é um edifício de forças. Matéria, no sentido de corpo sólido, compacto, impenetrável, não existe. Não se
trata senão de resistências, de reações; o que chamais de solidez é tão-só a sensação que
ininterruptamente vos dá aquela força que se opõe ao impulso-e ao tato. É a velocidade que enche as
imensas extensões de espaços vazios o m que as unidades mínimas se movem. £ a velocidade que forma a
massa, a estabilidade, a coesão da matéria. Notai como os movimentos rotatórios, rapidíssimos, conferem
ao giroscópio, enquanto duram, um equilíbrio autônomo estável. É a velocidade a força que se opõe a que
as partículas da matéria se destaquem, e que as mantém unidas enquanto uma força contrária não
prevaleça. Ainda quando decompuserdes a matéria naquilo que vos parecer serem os últimos elementos,
nunca vos encontrareis em face de uma partícula sólida, compacta, indivisivel. O átomo é um vórtice;
vórtices são o elétron e o núcleo; vórtices são os centros e os satélites contidos no núcleo, e assim ao
infinito. Quando imaginais uma partícula mínima, animada de velocidade, nunca tendes aí um corpo, no
sentido comum, qual o figurais; é sempre um vórtice imaterial de velocidade. E a decomposição dos
vórtices, em que rodopiam unidades vertiginosas, menores, prolonga-se ao infinito. Assim, na substância
não existe matéria, no sentido em que a compreendeis; apenas há movimento. E a diferença entre matéria
e energia consiste apenas na diversidade de direção do movimento; rotatório, fechado em si mesmo, na
matéria; ondulatório, de ciclo aberto e lançado no espaço, na energia. No princípio era o movimento; o mo-
vimento concentrou-se na matéria; da matéria nasceu a energia, e da energia emergirá o espírito.”
Eis o segundo: “Completada a maturação das formas de matéria, verificou-se também a expansão
do vórtice galáxico, do centro para a periferia, o resfriamento e solidificação da matéria. Esta completou o
ciclo de sua vida e a Substância, tomando novas formas, se muda lentamente, em individuações de mais
elevado grau. A dimensão-espaço se eleva à dimensão-tempo. A matéria inicia uma transformação radical,
doando todo o seu movimento tipo matéria ao movimento tipo energia. O vórtice nuclear do éter
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desenvolveu na fase matéria o vórtice atômico da matéria. Alcançado o máximo da dilatação, este vórtice
continua a se expandir, desenvolvendo as. formas dinâmicas, e nasce a energia. A substância continua a
evolver, prosseguindo na energia a sua ascensão. A primeira emanação gravífica, de mínimo comprimento
de onda e máxima freqüência vibratória, máxima velocidade de propagação no sistema dinâmico, completa-
se com a emanação radioativa da desintegração atômica. O processo de transformação dinâmica, que tem
sua raiz na evolução estequiogenética, isola-se, firmando-se decisivamente. O vórtice atômico despedaça-
se e se dissolve expelindo progressivamente do sistema aqueles elétrons já nascidos do sistema
nuclear por igual expulsão. É um contínuo tornar-se em ato daquilo que existia em potencialidade,
encerrado em gérmen por concentração de movimento. Nascem novas espécies dinâmicas; depois da
gravitação e da radioatividade, aparecem as radiações químicas, a luz, o calor, a eletricidade...”
Eis o terceiro: “... O movimento, primeiro produto da evolução físico-dinâmica, é força centrifuga e
tende, por isso, à difusão, à expansão, à desagregação da matéria. Expansão em todas as dimensões é,
com efeito, a direção da evolução. Mas, de súbito, esta direção se inverte, pela lei de equilíbrio, em direção
centripeta, contra-impulso involutivo, e as forças de expansão completam-se com as de atração. Assim, a
primeira explosão cinética encontra desde logo o seu ritmo; o principio da Lei substitui a desordem, tão logo
se manifesta, por uma nova ordem: o movimento equilibra-se num par de forças antagônicas. Assim, a
gravitação vos aparece como energia cinética dá matéria e, como sua primogênita, se lhe torna tão inerente,
-tão intimamente conexa, que não vos é possível isolá-la. Assim, a matéria atrai a matéria, e o, universo,
formado por massas lançadas em todas as direções, e separadas por espaços imensos, é, não obstante
isso, “ligado” todo, formando uma unidade indissolúvel; é mantido coeso e, ao mesmo tempo, movido por
essa força, que é a sua circulação e o seu respiro físico. Ao aparecer, pois, da forma protodinâmica, é que o
universo se move pela primeira vez, é que se, geram os movimentos siderais, é que a gravitação passa a
guiá-lo (a lei onipotente instantaneamente disciplina toda sua manifestação) segundo o binário atração-
repulsão, que compõe o binômio (+ e -, positivo e negativo) constitutivo de toda força, como de toda
manifestação do ser. A substância adquire, na nova fase, a forma de consciência linear do vir-a-ser
fenomênico, a primeira dimensão do sistema trino sucessivo ao espacial. Nasce o tempo. A protoforma da
energia propaga-se. Com o movimento, nascem a direção, a corrente, a vibração, o ritmo, a onda. Nasce o
tempo, que mede a velocidade de transmissão. O universo é todo invadido por uma palpitação nova, de
mais intensa, de mais rápida transformação. E quando a matéria, recondensada por concentração das
correntes dinâmicas, inicia novamente o seu ciclo ascensional, é toda tomada de um vórtice dinâmico que a
guia e plasma na gênese estelar, numa evolução diversa e superior à precedente, íntima maturação
estequiogenética: uma madureza da qual nascerão não só miríades de novas criaturas mais ágeis e ativas,
como eletricidade, luz, calor, som e toda a série das individuações dinâmicas, as quais, afinal, se destilarão
na criação superior da vida. (...) Quando num sistema rotatório sobrevém uma força nova, esta se imite no
sistema e tende a se acrescentar e se fundir no tipo de movimento circular preexistente. Podeis imaginar
que profundas complicações advêm ao entrelaçamento, já de si mesmo complexo, das forças atrativo-
repulsivas. O simples movimento circular se agiganta num mais complexo moto vorticoso. Pela imissão de
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novos elétrons, o movimento não somente sé complica estruturalmente, mas se reforça, alimentado por
novos impulsos. Erra vez de um sistema planetário, tereis uma nova unidade que vos lembra os sorve-
douros de água, as trombas marinhas, os turbilhões e ciclones. O princípio cinético da matéria é assim
retomado pela energia, numa forma vorticosa muito mais complexa e poderosa. Nasce, assim, uma nova
individuação da Substância, agora verdadeiro organismo (Iuático, em que todas as criações e conquistas,
isto é, trajetórias e equilíbrios precedentes constituídos, subsistem mas se coordenam. (...) tipo dinâmico
do vórtice contém, embrionariamente, todas as características fundamentais da individuação orgânica e
do Eu pessoal.”
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magnetismo atuaria decisivamente no drama infinito da criação e da reprodução de todas as espécies, nos
variados reinos da Natureza. Na grande oficina surge, então, a diferenciação da matéria ponderável, dando
origem ao hidrogênio. As vastidões atmosféricas são amplo repositório de energias elétricas, e de vapores
que trabalham as substâncias torturadas do orbe terrestre. O frio dos espaços atua, porém, sobre esse
laboratório de energias incandescentes e a condensação dos metais verifica-se com a leve formação da
crosta solidificada. É o primeiro descanso das tumultuosas comoções geológicas do globo. Formam-se os
primeiros oceanos, onde a água tépida sofre pressão difícil de descrever-se. A atmosfera está carregada de
vapores aquosos e as grandes tempestades varrem, em todas as direções, a superfície do planeta, mas
sobre a Terra o caos fica dominado como por encanto. As paisagens aclaram-se, fixando a luz solar que se
projeta nesse novo teatro de evolução e vida. As mãos de Jesus haviam descansado, após o longo período
de confusão dos elementos físicos da organização planetária. Sim, Ele havia vencido todos os pavores das
energias desencadeadas; com suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro da sua misericórdia
sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e
compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e grandiosa, na
qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça. Com os seus exércitos de
trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o
equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios
terrenos puderam identificar por toda parte no universo galáxico. Organizou o cenário da vida, criando, sob
as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao
homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos milênios; estabeleceu os grandes
centros de força da ionosfera e da estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos da existência
planetária, e edificou as usinas de ozone, a 40 e 60 quilômetros de altitude, para que filtrassem
convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a composição precisa à manutenção da vida
organizada no orbe. Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a harmonia
de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias. A ciência do mundo não lhe viu
as mãos augustas e sábias na intimidade das energias que vitalizam o organismo do globo. Substituíram-lhe
a providência com a palavra “natureza”, em todos os seus estudos e análises da existência, mas o seu amor
foi o Verbo da criação do principio, como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem-
fim. E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, em silêncio, a
beleza melancólica dos continentes e dos mares primitivos, Jesus reuniu, nas Alturas, os intérpretes divinos
do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem
de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso. Daí a algum tempo, na
crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento
viscoso que cobria toda a Terra. Estavam dados os primeiros passos nó caminho da vida organizada. Com
essa massa gelatinosa, nasgia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o
germe sagrado dos primeiros homens. (...) Essa matéria, amorfa e viscosa, era o celeiro sagrado das
sementes da vida. O protoplasma foi o embrião de todas as organizações do globo terrestre, e, se essa
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matéria, sem forma definida, cobria a crosta solidificada do planeta, em breve a condensação da massa
dava origem ao surgimento do núcleo, iniciando-se as primeiras manifestações dos seres vivos. Os
primeiros habitantes da Terra, no plano material, são as células albuminóides, as amebas e todas as
organizações unicelulares, isoladas e livres, que se multiplicam prodigiosamente na temperatura tépida dos
oceanos. Com o escoar incessante do tempo, esses seres primordiais se movem ao longo das águas, onde
encontram o oxigênio necessário ao entretenimento da vida, elemento que a terra firme não possuía ainda
em proporções de manter a existência animal, antes das grandes vegetações; esses seres rudimentares
somente revelam um sentido - o do tato, que deu origem a iodos os outros, em função de aperfeiçoamento
dos organismos rm i)criores.”
Também Sua Voz comenta, em “A Grande Síntese”: “No transformismo evolutivo aparece primeiro
a matéria: a terra. Move-se depois a energia: a luz. Nas cálidas bacias das águas, a mais alta forma
evolutiva dinâmica concentra-se na potencialidade ainda mais alta de um novo Eu fenomênico e nasce o
primeiro gérmen da vida, na sua primordial forma vegetal, que se alastrou depois sobre a terra e ascendeu
às formas animais, sempre ansiosas de subir.”
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reinos vegetal e animal parecem confundidos nas profundidades oceânicas. Não existem formas definidas
nem expressão individual nessas sociedades de infusórios; mas, desses conjuntos singulares, formam-se
ensaios de vida que já apresentam caracteres e rudimentos dos organismos superiores. “Minudencia,
depois disso, os longos e pacientes trabalhos dos operários de Jesus na elaboração das formas dos seres
primitivos, fala do surgimento dos primeiros crustáceos, dos primeiros batráquios, das opulentas florestas
primevas, dos répteis, do estabelecimento de “uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das
quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a racionalidade”.
É no mesmo sentido o que registra “O Livro dos Espíritos”. Tratando da formação dos seres vivos,
em nosso mundo, é este o seu ensino: “No começo, tudo era caos; os elementos estavam em confusão.
Pouco a pouco, cada coisa tomou o seu lugar. Apareceram então os seres vivos apropriados ao estado do
globo. A Terra lhes continha os germens, que aguardavam momento favorável para se desenvolverem. (...)
Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do
princípio material.”
Em seu livro “Evolução em Dois Mundos”, escreve André Luiz: “Das cristalizações atômicas e dos
minerais, dos virus e do protoplasma, das bactérias e das amebas, das algas e dos vegetais do período pré-
câmbrico, aos fetos e às licopodiáceas, aos trilobites e cistideos, aos cefalópodes, foraminiferos e
radiolários dos terrenos silurianos, o princípio espiritual atingiu os espongiários e celenterados da era
paleozóica, esboçando a estrutura esquelética. Avançando pelos equinodermos e crustáceos, entre os
quais ensaiou, durante milênios, o sistema vascular e o sistema nervoso, caminhou na direção dos ganóides
e teleósteos, arque gossauros e labirintodontes, para culminar nos grandes laceAinos e nas aves estranhas,
descendentes dos pterossáurios, no jurássico superior, chegando à época supracretácea para entrar na
classe dos primeiros mamíferos, procedentes dos répteis teromorfos. Viajando sempre, adquire entre os
dromatérios e anfitérios os rudimentos das reações psicológicas superiores, incorporando as conquistas do
instinto e da inteligência. Estagiando nos marsupiais e cetáceos do eoceno médio, nos rinocerotideos,
cervideos, antilopídeos, eqüídeos, canídeos, proboscídeos e antropóides inferiores do mioceno e
exteriorizando-se nos mamíferos mais nobres do plioceno, incorpora aquisições de importância entre os
megatérios e mamutes, precursores da fauna atual da Terra, e, alcançando os pitecantropóides da era
quaternária, que antecederam as embrionárias civilizações paleolíticas, a mônada vertida do Plano
Espiritual sobre o Plano Físico atravessou os mais rudes crivos da adaptação e seleção, assimilando os
valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, do instinto, da sensibilidade, da percepção e
da preservação própria, penetrando, assim, pelas vias da inteligência mais completa e laboriosamente
adquirida, nas faixas inaugurais da razão.”
De absoluta coerência com todas essas assertivas é o ensino contido em “Os Quatro Evangelhos”,
obra psicografada por Mme. Collignon e publicada sob a coordenação de J. B. ROUSTAING. Eis alguns de
seus trechos: “Na Criação, tudo, tudo tem uma origem comum; tudo vem do infinitamente pequeno para o
infinitamente grande, até Deus, ponto de partida e de reunião. (...) O fluido universal, que toca de perto a
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Deus e dele parte, constitui, pela sua quintessência e mediante as combinações, modificações e
transformações de que é passível, o instrumento e o meio de que se serve a Inteligência Suprema para,
pela onipotência da sua vontade, operar, no infinito e na eternidade, todas as criações espirituais, materiais
e fluídicas destinadas à vida e à harmonia universais, para operar a criação de todos os mundos, de todos
os seres, em todos os reinos da Natureza, de tudo que se move, vive, é. (...) Ao serem formados os mundos
primitivos, na sua composição entram todos os princípios, de ordem espiritual, material e fluídica, cons-
titutivos dos diversos reinos que os séculos terão de elaborar. O princípio inteligente se desenvolve ao
mesmo tempo que a matéria e com ela progride, passando da inércia à vida. (...) Essa multidão de
princípios latentes aguarda, no estado catalético, em o meio e sob a influência dos ambientes destinados a
fazê-los desabrochar, que o Soberano Mestre lhes dê destino e os aproprie ao fim a que devam servir,
segundo as leis naturais, imutáveis e eternas por ele mesmo estabelecidas. Tais princípios sofrem
passivamente, através das eternidades e sob a vigilância dos Espíritos prepostos, as transformações que os
hão de desenvolver, passando sucessivamente pelos reinos mineral, vegetal e animal e pelas formas e
espécies intermediárias que se sucedem entre cada dois desses reinos. Chegam, dessa maneira, numa
progressão contínua, ao período preparatório do estado de Espírito formado, isto é, ao estado intermédio da
encarnação animal e do estado espiritual consciente. Depois, vencido esse período preparatório, chegam
ao estado de criaturas possuidoras do livre-arbítrio, com inteligência capaz de raciocínio, independentes e
responsáveis pelos seus atos. Galgam assim o fastígio da inteligência, da ciência e da' grandeza.”
Os Autores da “Revelação da Revelação” são, porém, mais explícitos ainda: “A essência espiritual,
que no mineral reside, não é uma individualidade, não se assemelha ao pólipo que, por cissiparidade, se
multiplica ao infinito. Ela forma um conjunto que se personifica, que se divide, quando há divisão na massa
em conseqüência da extração, e atinge desse modo a individualidade, como sucede com o princípio que
anima o pólipo, com o princípio que anima certas plantas. A essência espiritual sofre, no reino mineral,
sucessivas materializações, necessárias a prepará-la para passar pelas formas intermédias, que participam
do mineral e do vegetal. Dizemos - materializações, por não podermos dizer encarnações para estrear-se
como ser. Depois de haver passado por essas formas e espécies intermediárias, que se ligam entre si numa
progressão contínua, e de se haver, sob a influência da dupla ação magnética que operou a vida e a morte
nas fases de existências já percorridas, preparado para sofrer no vegetal a prova, que a espera da
sensação, a essência espiritual, Espírito em estado de formação, passa ao reino vegetal. É um
desenvolvimento, mas ainda sem que o ser tenha consciência de si. A existência material é então mais
curta, porém mais progressiva. Não há nem consciência, nem sofrimento. Há sensação. Assim, a árvore da
qual se retira um galho experimenta uma espécie de eco da secção feita, mas não sofrimento. É como que
uma repercussão que vai de um ponto a outro, sucedendo o mesmo quando a planta é violentamente
arrancada do solo, antes de completado o tempo da maturidade. (..J Morto o vegetal, a essência espiritual é
transportada para outro ponto e, depois de haver passado, sempre em marcha progressiva, pelas
necessárias e sucessivas materializações, percorre as formas e espécies intermediárias, que participam do
vegetal e do animal. Só então, nestas últimas fases de existência, que são as em que aquela essência
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começa a ter a impressão de um ato exterior, ainda que sem consciência de sua causa e de seus
efeitos, há sensação de sofrimento. Sob a direção e a vigilância dos Espíritos prepostos, o Espírito em
formação efetua assim, sempre numa progressão contínua, o seu desenvolvimento com relação à matéria
que o envolve e chega a adquirir a consciência de ser. Preparado para a vida ativa, exterior, para a vida de
relação, passa ele ao reino animal. Torna-se então princípio inteligente, de uma inteligência relativa, a que
chamais - instinto; de uma inteligência relativa às necessidades físicas, à conservação, a tudo o que a vida
material exige, dispondo de vontade e de faculdade, mas limitadas àquelas necessidades, àquela
conservação, à vida material, à função que lhe é atribuída, à utilidade que deve ter, ao fim a que é destinado
em a natureza, sob os pontos de vista da conservação, da reprodução e da destruição, na medida em que
haja de concorrer para a vida e para a harmonia universais. Sempre em estado de formação, pois que não
possui ainda livre-arbítrio, inteligência independente capaz de raciocínio, consciência de suas faculdades e
de seus atos, o Espírito, sem sair do reino animal, seguindo sempre uma marcha progressiva contínua e de
acordo com os progressos realizados e com a necessidade dos progressos a realizar, passa por todas as
fases de existência, sucessivas e necessárias ao seu desenvolvimento e por meio das quais chega às
formas e espécies, intermediárias, que participam do animal e do homem. Passa depois por essas espécies
intermediárias que, pouco a pouco, insensivelmente, o aproximam cada vez mais do reino humano,
porquanto, se é certo que o Espírito sustenta a matéria, não menos certo é que a matéria lhe auxilia o
desenvolvimento. Depois de haver passado por todas as transfigurações da matéria, por todas as fases de
desenvolvimento, para atingir um certo grau de inteligência, o Espírito chega ao ponto de preparação para o
estado espiritual consciente, chega a esse momento que os vossos sábios, tão pouco sabedores dos
mistérios da natureza, não logram definir, momento em que cessa o instinto e começa o pensamento.
(...) Atingindo o ponto de preparação para entrarem no reino humano, os Espíritos se preparam, de fato, em
mundos ad hoc, para a vida espiritual consciente, independente e livre. A vontade do Soberano Senhor lhes
dá a consciência de suas faculdades e, por conseguinte, de seus atos, consciência que produz o livre-
arbítrio, a vida moral, a inteligência independente e capaz de raciocínio, a responsabilidade.”
Sobre esses mundos ad hoc, onde os Espíritos, ou melhor, os Princípios Espirituais se preparam
para a vida consciente, André Luiz dá rápidas notícias em seu livro “Libertação”, ao descrever determinada
cidade espiritual situada nas regiões umbralinas. Diz ele, a certa altura, reproduzindo elucidações de um
Instrutor: “Milhares de criaturas, utilizadas nos serviços mais rudes da natureza, movimentavam-se nestes
sítios em posição infraterrestre. A ignorância, por ora, não lhes confere a glória da responsabilidade. Em
desenvolvimento de tendências dignas, candidatam-se à humanidade que conhecemos na Crosta. Situam-
se entre o raciocínio fragmentário do macacóide e a idéia simples do homem primitivo na floresta. Afeiçoam-
se a personalidades encarnadas ou obedecem, cegamente, aos Espíritos prepotentes que dominam em
paisagens como esta. Guardam, enfim, a ingenuidade do selvagem e a fidelidade do cão. O contacto com
certos indivíduos inclina-os ao bem ou ao mal e somos responsabilizados, pelas Forças Superiores que nos
governam, quanto ao tipo de influência que exercemos sobre a mente infantil de semelhantes criaturas.”
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Deixemos ainda a ANDRÉ LUIZ (“Evolução em Dois Mundos”) a palavra conclusiva sobre o
assunto deste capítulo: “... Vestindo-se de matéria densa no plano físico e desnudando-se dela no
fenômeno da morte, para revestir-se de matéria sutil no plano extrafisico e renascer de novo na Crosta da
Terra, em inumeráveis estações de aprendizado, é que o principio espiritual incorporou todos os cabedais
da inteligência que lhe brilhariam no cérebro do futuro, pelas chamadas atividades reflexas do inconsciente.
(...) Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas
da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo
precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é a base da inteligência nos
depósitos do conhecimento adquirido - por recapitulação e transmissão incessantes, nos milhares de milê-
nios em que o princípio espiritual atravessa leptamente os círculos elementares da Natureza, qual vaso vivo,
de fôrma em fôrma, até configurar-se no indivíduo humano, em trânsito para a maturação sublimada no
campo angélico. (...). O tato nasceu no princípio inteligente, na sua passagem pelas células nucleares em
seus impulsos amebóides; a visão principiou pela sensibilidade do plasma nos flagelados monocelulares
expostos ao clarão solar; ... o olfato começou nos animais aquáticos de expressão simples, por excitações
do ambiente em que evolviam; ... o gosto surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pêlos viscosos
destilando sucos digestivos; ... as primeiras sensações do sexo apareceram com algas marinhas providas
não só de células masculinas e femininas que nadam, atraídas umas para as outras, mas também de um
esboço de epiderme sensível, que podemos definir como região secundária de simpatias genésicas. (...)
Examinando, pois, o fenômeno da reflexão sistemática, gerando o automatismo que assinala a inteligência
de todas as ações espontâneas do corpo espiritual, reconhecemos sem dificuldade que a marcha do
princípio inteligente para o reino humano e que a viagem da consciência humana para o reino angélico
simbolizam a expansão multimilenar da criatura de Deus que, por força da Lei Divina, deve merecer, com o
trabalho de si mesma, a auréola da imortalidade em pleno Céu.”
IV - CONSCIÊNCIA E RESPONSABILIDADE
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medida a razão permanece hoje uma das forças vivas da civilização e um dos elementos mais fundamentais
de nosso destino.”
Assim realmente procedeu, mas acabou chegando a conclusões que se chocam claramente com
as idéias que inicialmente defendeu. Enquanto afirmava, no inicio de seu trabalho, que “a razão se propõe
não somente como uma técnica, ou como um fato, mas como um valor” que se opunha ou se justapunha a
outros valores, já na metade do livro viu-se obrigado a reconhecer que “a história das idéias demonstra uma
evolução da razão”, para acabar escrevendo, exatamente na última página, estas palavras fulgurantes: -
“Finalmente, verificamos que a razão, longe de ser uma forma definitivamente fixa do pensamento, é uma
incessante conquista.”
Nenhum valor teria tal afirmação se fosse feita por qualquer desinformado arrivista, mas seu
formulador é um dos mais respeitados catedráticos do mundo cultural hodierno, numa análise estruturada
sobre as idéias do Racionalismo na História da Filosofia, de Platão a Marx; da Psico-Sociologia da Razão,
de Mannheim a Piaget; e sobre as idéias de Bergson e de Brunschvicg, de Cassirer e de Chestov, de
Pradines e de Sartre, de Aron, Cournot e Lefebvre.
Cumpre-nos, porém, reconhecer que o conceito de evolução esposado por Granger é de natureza
essencialmente histórica e sociológica, e portanto externa e superficial. Não atinge a essência da realidade,
porque ignora a evolução do pensamento como função e conseqüência da evolução da mente que o gera,
do ser espiritual que o produz. Somente na Filosofia Espírita a Razão aparece definida como capacidade de
entender, de discernir, de escolher, de optar, de agir conscientemente e, portanto, de assumir responsabili-
dade - condição sine qua non de progresso espiritual.
Ensina “O Livro dos Espíritos” (Parte L a, Cap. IV) que o instinto é uma inteligência rudimentar que
nunca se transvia e que é a razão que permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio. Ensina também
(Perguntas/Respostas 122 a 127 e Nota) que “o livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire
a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade desde que a escolha fosse determinada por uma
causa independente da vontade do espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que
cede em virtude da sua livre vontade. É o que se contém na grande figura emblemática da queda do
homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram. As influências más que sobre ele
se exercem são dos Espíritos imperfeitos, que procuram apoderar-se dele, dominá-lo, e que rejubilam com o
fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se intentou simbolizar na figura de Satanás. Tal influência acompanha-o na
sua vida de Espírito, até que haja conseguido tanto império sobre si mesmo, que os maus desistem de
obsidiá-lo. A sabedoria de Deus está na liberdade de escolher que ele deixa a cada um, porquanto, assim,
cada um tem o mérito de suas obras”.
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Grande Síntese”. E acrescenta: - “O que foi vivido e definitivamente assimilado, é abandonado nos
substratos da consciência, zona que podeis denominar o subconsciente. Nessa conformidade, o processo
de assimilação, base do desenvolvimento da consciência, se opera exatamente por transmissão ao
subconsciente, onde tudo se conserva, ainda que esquecido, pronto a ressurgir tão logo um impulso o
excite, um fato o reclame. O subconsciente é precisamente a zona dos instintos, das idéias inatas, das
qualidades adquiridas; é o passado transposto, inferior mas adquirido (misoneísmo). Aí se depositam todos
os produtos substanciais da vida; nessa zona reencontrais o que tendes sido e o que tendes feito;
descortinais a estrada percorrida na construção de vós mesmos, assim como nas estratificações geológicas
descobris a vida vivida pelo planeta. (...) Assim, pois, a consciência representa apenas a zona da
personalidade onde se realiza o labor da construção do Eu e de seu ulterior progresso. Em outros termos:
ela se limita só à zona de trabalho; e é lógico. O consciente compreende unicamente a fase ativa, a única
que sentis e conheceis, porque é a fase em que viveis e em que a evolução se opera.” (...) Compreendereis
agora a estupenda presciência do instinto e de que infinita série de ensaios, incertezas e tentativas, seja ele
o resultado. O indivíduo há de ter aprendido alguma vez essa ciência, pois do nada, nada nasce; há de
ter-se adestrado na constância das leis ambientes que ela pressupõe, a que correspondiam seus órgãos, e
para as quais ele foi feito e proporcionado. Sem uma infinita série de contatos, de ensaios, de adaptações
no período das formações, não se explicaria uma tão perfeita correspondência de órgãos e instintos, ante-
cipando-se à ação, no seio de uma natureza que avança por meio de tentativas, nem tampouco se
explicaria a sua hereditariedade. No instinto, a sapiência está conquistada; já foi supemáda a fase de
tentativas; já foi vencida a necessidade de recorrer a uma linha de lógica que, oferecendo diversas
soluções, demonstra a fase insegura, incerta, em que entram em jogo os atos raciocinados, mas onde o
instinto uma só via conhece, e a melhor. Se é certo que a razão cobre um campo muito mais extenso que o
limitado campo do instinto (e nisto o homem supera o animal, dominando zonas que este ignora), não é
menos certo que, no seu campo, o instinto alcançou um grau de maturação mais avançado, expresso pela
segurança dos seus atos, e um grau de perfeição ainda não atingido pela razão humana que, ao agir por
tentativas, revela evidentes características de sua fase de formação. E, assim como o animal raciocina,
porém rudimentarmente, no período da construção do seu instinto, a razão humana alcançará, quando a
sua formação estiver completa, uma forma de instinto complexa, maravilhosa, que revelará a mais profunda
sabedoria. No homem subsiste todo instinto animal, de que a razão não é mais do que continuação. Podeis
agora compreender que instinto e razão mais não são do que duas fases de consciência.”
“Com a evolução -, diz ainda Sua Voz - o ser se subtrai progressivamente aos limites do
determinismo físico, que no nível da matéria é geométrico, inflexível e idêntico em qualquer sentido.
A vida começa a se libertar das cadeias desse absolutismo; o seu psiquismo crescente se constitui
em nova causa que se sobrepõe à estabelecida pelas leis físicas. O animal adquire, já, uma liberdade de
ação ignorada no mundo físico. Chega-se, assim, ao reino humano do espírito, e ultrapassa-se esse reino,
quando então o livre-arbítrio se afirma definitivamente. A lei do baixo mundo da matéria é determinismo;
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Absolutamente concordante é, a respeito, o ensino de André Luiz, em seu livro “No Mundo Maior”
(Cap. 3, FEB, Rio): - “Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão.
Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de
milênio a milênio. Não há favoritismo no Templo Universal do Eterno, e todas as forças da Criação
aperfeiçoam-se no Infinito. A crisálida de consciência, que reside no cristal a rolar na corrente do rio, ai se
acha em processo liberatório; as árvores que por vezes se aprumam centenas de anos, a suportar os
golpes do Inverno e acalentadas pelas carícias da Primavera, estão conquistando a memória; a fêmea do
tigre, lambendo os filhinhos recém-natos, aprende rudimentos do amor; o símio, guinchando, organiza a
faculdade da palavra. Em verdade, Deus criou o mundo, mas nós nos conservamos ainda longe da obra
completa. Os seres que habitam o universo ressumbrarão suor por muito tempo, a aprimora-lo. Assim
também a individualidade. Somos criação do Autor Divino, e devemos aperfeiçoar-nos integralmente. O
Eterno Pai estabeleceu como lei universal que seja a perfeição obra de cooperativismo entre Ele e nós, os
seus filhos. (...) Desde a ameba, na tépida água do mar, até o homem, vimos lutando, aprendendo e
selecionando invariavelmente. Para adquirir movimento e músculos, faculdades e raciocínios,
experimentamos a vida e por ela fomos experimentados, milhares de anos. (...) No sistema nervoso, temos
o cérebro inicial, repositório dos movimentos instintivos e sede das atividades subconscientes; figuremo-lo
como sendo o porão da individualidade, onde arquivamos todas as experiências e registramos os menores
fatos da vida. Na região do córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos, temos o
cérebro desenvolvido, consubstanciando as energias motoras de que se serve a nossa mente para as
manifestações imprescindíveis no atual momento evolutivo do nosso modo de ser. Nos planos dos lobos
frontais, silenciosos ainda para a investigação científica do mundo, jazem materiais de ordem sublime, que
conquistaremos gradualmente, no esforço de ascensão, representando a parte mais nobre de nosso
organismo em evolução. (...) Não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos
apenas um que, porém, se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fora um castelo de três
andares: no primeiro situamos a “residência de nossos impulsos automáticos”, simbolizando o sumário vivo
dos serviços realizados; no segundo localizamos o “domicílio das conquistas atuais”, onde se erguem e se
consolidam as qualidades nobres que estamos edificando; no terceiro, temos a “casa das noções
superiores”, indicando as eminências que nos cumpre atingir. Num deles moram o hábito e o automatismo;
no outro residem o esforço e a vontade, e no último demoram o ideal e a meta superior a ser alcançada.
Distribuímos, deste modo, nos três andares, o subconsciente, o consciente e o superconsciente. Como
vemos, possuímos em nós mesmos o passado, o presente e o futuro.”
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De inteira coerência com os ensinamentos de “O Livro dos Espíritos”, com as idéias de Allan
Kardec, com os esclarecimentos de Sua Voz e com as lições de André Luiz, é o que dizem J. B.
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para chegarmos à condição de Espírito formado, de inteligência independente, capaz de raciocínio, com a
consciência da sua vontade, das suas faculdades e de seus atos, por efeito do livre-arbítrio; à condição de
criatura independente, livre e responsável.”
A essa altura, os esclarecimentos dos Espíritos Reveladores, que falam na obra de Roustaing, são
de magna importância: - “Depois de haver passado pela matéria animal, chegando a um certo grau de
desenvolvimento, o Espírito, antes de entrar na vida espiritual, precisa permanecer num estado misto. Eis
por que e como se opera essa estagnação, sob a direção e a vigilância dos Espíritos prepostos. Para entrar
na vida ativa, consciente, independente e livre, o Espírito tem necessidade de se libertar inteiramente do
contacto forçado em que esteve com a carne, de esquecer as suas relações com a matéria, de se depurar
dessas relações. É nesse momento que se prepara a transformação do instinto em inteligência consciente.
Suficientemente desenvolvido no estado animal, o Espírito é, de certo modo, restituído ao todo universal,
mas em condições especiais: é conduzido aos mundos ad hoc, às regiões preparativas, pois que lhe
cumpre achar o meio onde se elaboram os princípios constitutivos do perispírito. Fraco raio de luz, ele se vê
lançado numa massa de vapores que o envolvem por todos os lados. Aí perde a consciência do seu ser,
porquanto a influência da matéria tem que se anular no período da estagnação, e cai num estado a que
chamaremos, para que nos possais compreender, letargia. Durante esse período, o perispírito, destinado a
receber o principio espiritual, se desenvolve, se constitui ao derredor daquela centelha de verdadeira vida.
Toma a principio uma forma indistinta, depois se aperfeiçoa gradualmente como o gérmen no seio materno
e passa por todas as fases do desenvolvimento. Quando o invólucro está pronto para contê-lo, o Espírito sai
do torpor em que jazia e solta o seu primeiro brado de admiração. Nesse ponto, o perispírito é
completamente fluídico, mesmo para nós. Tão pálida é a chama que ele encerra, a essência espiritual da
vida, que os nossos sentidos, embora sutilíssimos, dificilmente a distinguem. Esse o estado de infância
espiritual.”
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enquanto, dar pormenorizadas noticias. Operadores de altíssima qualificação agem, nessas organizações,
como verdadeiros parteiros de consciências, sob a direta supervisão de Grandes Gênios do Mundo Maior,
que os assistem em nome do Pai Criador.
Feitas estas rápidas observações, restituamos a palavra aos Espíritos Reveladores, para que
prossigam na sua dissertação: - “É então que os altos Espíritos que presidem à educação dos que se
encontram assim no estado de simplicidade, de ignorância, de inocência, os encaminham para as esferas
fluídicas onde deverão ficar durante o seu desenvolvimento moral e intelectual até o momento em que se
achem no uso completo de suas faculdades e, portanto, em condições de escolher o caminho pelo qual
enveredem. Seguem-se as fases da infância: os guias protetores ensinam ao Espírito o que é o livre-arbítrio
que Deus lhes concede, explicam o uso que dele pode fazer e o concitam a se ter em guarda contra os
escolhos com que venha a se deparar. O reconhecimento e o amor devidos ao grande Ser constituem o
objeto da primeira lição que o Espírito recebe. Levam-no depois, gradualmente, ao estudo dos fluidos que o
cercam, das esferas que descortina. Conduzido por seus prudentes guias, passa às regiões onde se
formam os mundos, a fim de lhes estudar os mistérios. Desce, enfim, às regiões inferiores, a fim de
aprender a dirigir os princípios orgânicos de tudo o que é, em qualquer dos reinos da Natureza. Dai vai a
esferas mais elevadas, onde aprende a dirigir os fenômenos atmosféricos e geológicos que observais sem
compreender. Assim é que, de estudo em estudo, de progresso em progresso, o Espírito adquire a ciência
que, infinita, o aproximará do Mestre supremo.”
Atingimos agora o limiar de uma série de grandes questões, a saber: o bom ou mau uso, pelo
Espírito, do seu livre-arbítrio; a progressão evolutiva retilínea; a “queda” espiritual e suas conseqüências.
Para empreendermos com êxito o exame desses assuntos, impõe-se-nos ter presentes dois
princípios fundamentais da Eterna Lei, a saber: o principio do determinismo divino e o principio da livre
determinação individual. O princípio do determinismo divino é absoluto e impõe como fatal, necessária e
irreversível a evolução universal, na direção da suprema felicidade, que é o supremo bem, o supremo saber
e o supremo poder, no infinito dos espaços e das eternidades. Como princípio, é unitário, imanente,
indivisível e eterno. O princípio da livre determinação individual é desdobramento, conseqüência e
complemento do primeiro, ao qual diretamente se vincula, e outorga a cada criatura o direito inalienável de à
suprema vontade do Criador quando e como quiser Corra Portanto, tríplice liberdade do tempo, de modo e
de vontade. É intuitivo e lógico que essa tríplice liberdade se amplia à medida Espírito evolui e ganha, com
a evolução, mais amplo discernimento. Existe, porém, e se manifesta, desde que o Princípio Espírito
ameaça a existir, crescendo com ele. No Espírito iluminado pela consciência de si mesmo, esse tríplice
poder se instaura definitivo e Passa a ser exercido com desenvoltura cada vez maior.
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- “De posse do livre-arbítrio - dizem os Autores de “Os Quatro Evangelhos” -, podendo escolher o
caminho que prefiram seguir, os Espíritos são subordinados a outros, prepostos ao seu, desenvolvimento. É
então que a vontade os leva a enveredar por este caminho de preferência àquele. Galgado esse ponto, eles
se mostram mais ou menos dóceis aos encarregados de os conduzir e desenvolver. A vontade, atuando
então no exercício do livre-arbítrio, traça uma direção boa ou má ao Espírito que, deste modo, pode falir ou
seguir simplesmente e gradualmente o caminho que lhe é indicado para progredir. Muitos se transviam:
alguns resistem aos arrastamentos do orgulho e da inveja.”
É exatamente isso o que também ensina “O Livro dos Espíritos”, como se vê pela pergunta 115 e
respectiva resposta: - “Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? - R. - Deus criou todos os
Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de
esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para
aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas
que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns, aceitam submissos essas
provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros, só a suportam murmurando e, pela
falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade. a)
Segundo o que acabais de dizer, os Espíritos, em sua origem, seriam como as crianças, ignorantes e
inexperientes, só adquirindo pouco a pouco os conhecimentos de que carecem com o percorrerem as
diferentes fases da vida? - R. - Sim, a comparação é boa. A criança rebelde se conserva ignorante e
imperfeita. Seu aproveitamento depende da sua maior ou menor docilidade. Mas a vida do homem tem
termo, ao passo que a dos Espíritos se prolonga ao infinito.”
Como não podemos alongar-nos demasiado neste pequeno trabalho de análise sintética,
remetemos os interessados em maiores detalhes às obras aqui citadas. Iremos, portanto, ao âmago da
magna questão da queda espiritual e de sua imediata conseqüência. Dizem os Espíritos, em “Os Quatro
Evangelhos”: - “De acordo com as suas tendências e com o grau do seu progresso, o Espírito assimila
constantemente os fluidos que mais em relação estejam com a sua inteligência e com as suas
necessidades espirituais. Quanto mais inferior ele é, tanto mais opacos e pesados são os fluidos
perispiríticos. Da maior ou menor elevação do Espírito depende a maior ou menor quantidade de fluidos
puros na composição do seu perispírito. Assim, os corpos fluidicos constituídos pelos perispíritos apresen-
tam maior ou menor fluidez, são mais ou menos densos, conforme a elevação do Espírito encerrado nessa
matéria. Dizemos “matéria” porque, efetivamente, para o Espírito, o perispírito é matéria. (...) Esses
Espíritos presunçosos e revoltados, cuja queda os leva às condições mais materiais da humanidade, são
então humanizados, isto é, para serem domados e progredirem sob a opressão da carne, encarnam em
mundos primitivos, ainda virgens do aparecimento do homem, mas preparados e prontos para essas
encarnações. (...) Revestido do seu perispírito e sob a direção e vigilância dos Espíritos prepostos, o
Espírito atrai aqueles elementos destinados a lhe formarem o invólucro material, do mesmo modo que o imã
atrai o ferro.”
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Têm aqui aplicação o principio físico da gravidade e o principio moral do mérito. Provocando, com
os seus pensamentos e desejos, o maior adensamento da sua mente e do seu veículo perispiritual, o
Espírito se aproxima naturalmente da matéria mais densa, com cujas vibrações se afina, acabando por ela
irresistivelmente atraído. Trata-se, portanto, de fato absolutamente natural, enquadrado, como todos os
fatos, na lei universal de causa e efeito, e não de uma punição divina. Quanto ao tipo de mundo onde o
Espírito encarnará, .em conseqüência de sua própria decisão, dependerá de seu grau de evolução, como se
infere do trecho (da mesma obra) que passamos a transcrever: - “Entre os que se transviam, muitos há
também cujo transviamento só se dá depois de terem sido por largo tempo, por séculos, dóceis aos
Espíritos incumbidos de os guiar e desenvolver; depois de haverem trilhado, até certo ponto mais ou menos
avançado de desenvolvimento moral e intelectual, a senda do progresso que lhes era indicada. Esses
encarnam em planetas mais ou menos inferiores, mais ou menos elevados, conforme o grau de
culpabilidade, a fim de sofrerem uma encarnação mais ou menos material, mais ou menos fluídica,
apropriada e proporcionada à falta cometida e às necessidades do progresso, atenta a elevação espiritual.
Assim Gomo Deus criou, cria e criará, em contínua progressão, na imensidade, no infinito, e na eternidade,
essências espirituais, Espíritos, também criou, cria e criará mundos adequados a todos os gêneros de
encarnação, para os que se transviaram, transviam e transviarão. Assim, sempre houve, há e haverá, por
um lado, terras primitivas, mundos materiais, mais ou menos inferiores, mais ou menos elevados, mais ou
menos superiores, uns em relação aos outros, e, por outro lado, mundos cada vez menos materiais, cada
vez mais fluídicos, até os planetas da mais pura fluidez, a que podeis chamar de mundos celestes, divinos,
e aos quais só têm acesso os Espíritos puros.”
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Para assinalar a perfeita coerência dos ensinos dos Espíritos Superiores, fazemos nova
*
interrupção, para transcrever aqui pequenos trechos pertinentes, de “O Livro dos Espíritos” ( ):P. 189.
“Desde o início de sua formação, goza o Espírito da plenitude de suas faculdades?” – R. – Não, pois que
para o Espírito, como para o homem, também há infância. Em sua origem, a vida do Espírito é apenas
instintiva. Ele mal tem consciência de si mesmo e de seus atos. A inteligência só pouco a pouco se
desenvolve.” – Comentário de Kardec: “A vida do Espírito, em seu conjunto, apresenta as mesmas fases
que observamos na vida corporal. Ele passa gradualmente do estado de embrião ao de infância, para
chegar, percorrendo sucessivos períodos, ao de adulto, que é o da perfeição, com a diferença de que para
o Espírito não há declínio, nem decrepitude, como na vida corporal; que a sua vida, que teve começo, não
terá fim; que imenso tempo lhe é necessário, do nosso ponto de vista, para passar da infância espírita ao
completo desenvolvimento; e que o seu progresso se realiza, não num único mundo, mas vivendo ele em
mundos diversos.” (...) P. 56. É a mesma a constituição física dos diferentes globos? - R. - Não. de modo
algum se assemelham. P. 57. Não sendo uma só para todos a constituição física dos mundos, seguir-se-á
tenham organizações diferentes os seres que o habitam? - R. - Sem dúvida, do mesmo modo que no vosso
os peixes são feitos para viver na água e os pássaros no ar. P. 85. Qual dos dois, o mundo espírita ou o
mundo corpóreo, é o principal, na ordem das coisas? - R. - O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a
tudo. P. 86. O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a
essência do mundo espírita? - R. - Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação
entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem. P. 132. Qual o objetivo da encarnação
dos Espíritos? - R. - Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegará perfeição. Para uns,
expiação; para outros missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes
da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito
em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo,
toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir,
daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se
adianta.”
*
Este nosso trabalho tem pretensões muito modestas. Jamais nos animou qualquer idéia de produzirmos
obra parecida com um tratado ou mesmo um livro de teses ou um repositório de pensamentos pessoais.
Tudo o que desejamos é ajudar aqueles que, desejosos de maiores facilidades para estudar e entender as
leis e os fatos da vida, Poderão encontrar auxilio e alento em nossos humildes apontamentos.
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Como se vê, os Espíritos disseram a Kardec que é no sofrer as vicissitudes da existência corporal
que está a expiação, e nisso é completa a coincidência com o que os Espíritos disseram a Roustaing.
Poderão alguns alegar que haveria uma contraposição a tal idéia na pergunta seguinte, de n° 133, de “O
Livro dos Espíritos”. Diremos que na pergunta, sim, mas não na resposta que a ela deram os Espíritos.
Vejamos: “P 133 Têm necessidade de encarnação os Espíritos que desde o principio, seguiram o caminho
do bem?” – R. – todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas tribulações da vida corporal.
Deus, que é justo, não podia fazes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.” Os
Espíritos evitaram, em sua resposta, um sim ou um não categóricos, e se limitaram a ressaltar a
necessidade da justiça divina, porque uma resposta mais completa era inadequada na ocasião, por exigir
longas considerações quanto à natureza do mundo espiritual. Agora, porém, existem condições suficientes
de entendimento, da parte dos homens encarnados, para a compreensão de que o corpo perispiritual é
também um corpo material, apenas menos denso que o carnal, e que nada existe no mundo chamado
material que também não exista - e exista previamente - no plano menos denso. Assim, não há,
*
tecnicamente, qualquer necessidade fundamental da encarnação carnal ( ) para o progresso do Espírito,
exceto quando tal encarnação em corpo material mais denso seja conseqüência de “queda” espiritual,
provocadora de aumento de peso especifico da organização mento-perispirítica.
Os Espíritos exilados de Capela, que foram transferidos para a Terra, aqui chegaram como
verdadeiros “anjos decaídos” e passaram, por expiação, a habitar corpos carnais muito inferiores e de muito
maior densidade do que aqueles que usavam no seu orbe de origem. Justificando o “fato de se verificar a
reencarnação de Espíritos tão avançados em conhecimentos, em corpos de raças primigênias”,
EMMANUEL pondera, em seu livro “A Caminho da Luz”, que tal fato “não deve causar repugnância ao
entendimento” e lembra que um metal puro, como o ouro, por exemplo, não se modifica pela circunstância
de se apresentar em vaso imundo, ou disforme. Toda oportunidade de realização do bem é sagrada.
Quanto ao mais, que fazer com o trabalhador desatento que estraçalha no mal todos os instrumentos
perfeitos que lhe são confiados? Seu direito, aos aparelhos mais preciosos, sofrerá solução de
continuidade. A educação generosa e justa ordenará a localização de seus esforços em maquinaria
imperfeita, até que saiba valorizar as preciosidades em mão. A todo tempo, a máquina deve estar de acordo
com as disposições do operário, para que o dever cumprido seja caminho aberto a direitos novos. Entre as
*
Usamos dizer “encarnação carnal” para bem situar a corporificação do Espírito em corpo de carne, pois há
também o que poderíamos chamar de “encarnações fluídicas”, que consistem no revestimento, pelo
perispírito, de fluidos de certa densidade, para atender a necessidades de vida em determinadas regiões
intermediárias entre o que denominamos “plano espiritual” e a crosta terráquea, ou em outras organizações
planetárias fora da Terra.
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raças negra e amarela, bem como entre os grandes agrupamentos primitivos da Lemúria, da Atlântida e de
outras regiões que ficaram imprecisas no acervo de conhecimentos dos povos, os exilados da capela
trabalharam proficuamente, adquirindo a provisão de amor para suas consciências ressequidas. como
vemos, não houve retrocesso, mas providência justa de administração, segundo os méritos de cada qual, no
terreno do trabalho e do sofrimento para a redenção”
V - UNIVERSO E VIDA
Façamos agora ligeira interrupção no curso normal de nosso estudo, para algumas considerações
oportunas, relativas à energia, no campo da evolução.
1. ENERGIA MENTAL
A desagregação atômica por meio de explosão nuclear é apenas uma das formas de conversão
da matéria em energia. A Natureza utiliza permanentemente muitos outros processos para essa
transformação, sendo a radiação um dos mais estudados pelo homem terreno.
A ciência oficial de nossos dias já conhece algo sobre as propriedades da matéria e da energia,
quando elas são conversíveis entre si, o que importa dizer: da mesma natureza essencial. Existem, porém,
aspectos elementares da estrutura da energia que permanecem desconhecidos da ciência terrestre. Esta
lhe identifica variadas formas de manifestação, mas ainda ignora por completo suas formas não
conversíveis em matéria, embora já comece a desvendar os segredos da antimatéria.
Inclui-se dentre os mais comuns e constantes tipos de energia; não adensável - a energia .mental
propriamente dita, da qual o pensamento é. amais elevada expressão. No entanto, ela é capaz de agir
sobre as diversas formas de energia reconversível, de impressioná-las e transformá-las, através de
radiações de potência ainda não humanamente detectável, mas de alto e efetivo poder, traduzível em
fenômenos eletromagnéticos inapreciáveis.
Essa é basicamente a energia que organiza o tecido pelo espírito e, de resto, todos os campos
vibratórios que envolvem espírito humano e nos quais este se movimenta nas dimensões extrafísicas.
É também ela o fulcro de que se origina a energização das idéias, corporificando-as em formas-
pensamentos, suscetíveis, como já sabem os pesquisadores do psiquismo, de serem temporárias, mas
poderosamente vivificadas, dirigidas e até mesmo materializadas, através de processos de densificação
bem mais comumente utilizados do que vulgarmente se presume.
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É, contudo, bem mais essa energia mental retrata sempre, como imagens vivas, as emoções e os
sentimentos do Espírito humano, encarnado ou desencarnado, condensando e expressando
automaticamente, e com rigorosa exatidão, toda e qualquer emoção ou sentimento de qualquer ente
espiritual, sob as mais nítidas e diferenciadas características de forma, cor, som, densidade, peso
especifico, velocidade, freqüência vibratória e capacidade de permanência.
Os estudos de Darwin sobre a evolução das espécies abriram caminho a grandes avanços do
conhecimento humano no campo da hierarquia das complexidades, que acompanham os processos de
aprimoramento dos organismos. Sabe-se hoje que essa crescente. complexidade é conseqüência de
funções novas, nascidas de novas necessidades e geradoras de novos poderes. E também assim na ordem
da evolução anímica. Onde o Espírito, ao desenvolver a sua própria mente, amplia e diversifica sua
estrutura, seu espaço e seu tempo individuais, crescendo para Deus, no seio do Universo Infinito.
Quanto mais o ser espiritual se sublima, mais recursos desenvolve, em formas cada vez mais
altas e nobres de energia sutil, tanto mais poderosas e excelsas, quanto menos densas e mais
diferenciadas das formas materializáveis de energia.
Eis por que o Espiritismo Evangélico sobrepõe o esforço de santificação, isto é, de sublimação
moral dos sentimentos humanos, a todo e qualquer processo de evolução meramente intelectiva. É que o
aprimoramento da inteligência, sob todas as formas, sendo embora imperativo inderrogável da Eterna Lei, é
mais fácil de ser realizado, e de modo menos suscetível a erros e quedas, quando produzido sob o
ascendente do sentimento enobrecido, que é a força diretriz de todas as energias e potencialidades do
Espírito.
2. RADIAÇÕES LUMINOSAS
Mesmo que potentes radiações luminosas, que são ondas eletromagnéticas, incidam sobre um
corpo, delas este somente reterá a quantidade que lhe permitir o seu próprio poder de absorção, embora
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também seja verdade que parte do poder absorvente de qualquer material depende igualmente do
comprimento de onda da radiação incidente.
Explicaremos noutro capitulo por que razão nos referimos à atuação energética de natureza
luminosa, de um espírito sobre outro, mas adiantamos que a luz é a mais nobre das formas de energia.
Precisaremos, porém, considerar mais detidamente esse assunto, pois também a luz apresenta variações
importantes de tipo e natureza, na hierarquia dos valores do Universo.
Retomando, porém, o que dissemos no parágrafo anterior, assinalamos que é aquele o principio
que preside à capacidade de ajudar ou de ferir, e a de ser alguém ajudado ou ferido. Na Natureza, a justiça
se realiza de forma automática e perfeita, nos exatos termos do nível evolutivo de cada ser e dos seres que
com ele se relacionam.
O poder de Deus é onímodo, onipresente e eternamente atuante no Universo, porque está nele
imanente, não podendo ser traído ou alterado por nenhuma força e por nenhum ser da Criação.
Define-se também, em face dessa realidade, o principio do mérito, porquanto o poder de dar e
receber, de agir e de sofrer ação, de auxiliar e de ser auxiliado é sempre rigorosa, natural e
automaticamente limitado pela real condição evolutiva de cada ser.
Vale considerar, neste capitulo, que as radiações eletromagnéticas chamadas de energia radiante
não compreendem tão-só a energia da luz visível, senão também as radiações gama, ultravioleta e
infravermelha, as ondas de rádio, os raios X e a energia calorífica irradiada.
Assim não fosse, qualquer pessoa poderia ver, a olho nu, no mundo dos encarnados, o próprio
halo, ou campo eletromagnético, e o das demais pessoas, identificando de pronto a condição espiritual de
cada um, pela simples coloração de sua luz, embora a atmosfera vital de cada ser esteja também
impregnada de outras importantes qualidades dinâmicas.
Cumpre, aliás, ter-se em conta que o mundo particular de cada indivíduo é, de certo modo, o que
a Física atual denomina, a nosso ver impropriamente, de sistema isolado, que é, por definição, aquele que
não troca energia com outro sistema. Ressalvando que somente noutro capitulo examinaremos esse tema,
de magna importância, por estar ligado intimamente ao princípio da conservação da energia, deixamos claro
que a idéia do sistema isolado não tem, nesta nossa comparação, nenhum sentido de isolamento real ou de
refrangibilidade. Visa apenas a dar idéia dum pequeno universo individuado, pois cada ser é realmente
como um pequeno mundo a mover-se no grande sistema de seres a que pertence. Dissemos que o mundo
particular de cada indivíduo é, de certo modo, um sistema isolado, porque, em se tratando do espírito
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encarnado e do desencarnado ainda presos às faixas da evolução terrestre, a lei da equivalência de matéria
e energia, expressa na fórmula einsteiniana E = mc2, onde E é a quantidade de energia equivalente à
massa m, sendo c a velocidade da luz, se aplica plenamente.
Como temos, aqui, de ser concisos, deixaremos para mais tarde outras considerações. No
entanto, como falamos, linhas acima, em energia calorífica irradiada, ou seja, calor transmitido por meio de
irradiação, lembramos que a propagação do calor de um corpo para outro pode processar-se sem que haja
necessidade de meio material, bastando se observe, nesse particular, que o calor do Sol, emitido a milhões
de quilômetros de distância, chega à Terra depois de atravessar vastas regiões não ocupadas por matéria.
Com maior razão; a luz espiritual, a manifestar-se na irradiação das mentes angélicas, prescinde de
qualquer veículo material para espraiar-se e atuar em todas as dimensões do Universo.
3. TRANSFORMADORES DE ENERGIA
Exposto às radiações luminosas do Sol, o silício puro absorve fótons que removem os seus
elétrons atômicos, os quais, liberados, produzem uma corrente elétrica. Esse processo de funcionamento
das baterias solares faz lembrar, de algum modo, aspectos infinitamente superiores, mas até certo ponto
tecnicamente assemelhados, da evolução. Submetidos aos raios da experiência, os espíritos compostos,
isto é, não puros, que se movem nas faixas da evolução terrestre, absorvem progressivamente quanta de
luz, que vão removendo elementos da carga psíquica do ser, os quais, liberados, geram, através das
correntes elétricas que produzem, campos magnéticos específicos.
Estruturando desse modo a própria aura, os espíritos criam a atmosfera psíquica que os envolve
e penetra; atmosfera carregada de eletricidade e magnetismo, de raios, ondas e vibrações. Trata-se de
efetivo e poderoso campo de forças, gerado por circuitos eletromagnéticos fechados, nos quais se fazem
sentir os parâmetros de resistência, indutância e capacitância, asseguradores de compensação, equilíbrio e
acúmulo de energias de sustentação.
É assim que o campo de forças da própria aura delimita o mundo individual de cada espírito; mas
não somente o delimita, como também o caracteriza, porque possui peso especifico determinado,
densidade própria e condições peculiares de coloração, sonoridade, velocidade eletrônica e ritmo vibratório.
A mente espiritual é o seu fulcro, sua geratriz e seu núcleo de comando, através de todas as
transformações que experimenta, inclusive as que decorrem das reciclagens biológicas provocadas pelos
fenômenos da morte física, da reencarnação, da ovoidização, da regressão temporal e outros.
É, ainda, através de sua aura que o espírito assimila, armazena e exterioriza os princípios
cósmicos de que fundamentalmente se alimenta, funcionando nisso como transformador por excelência de
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energia, para si e para os seus semelhantes, pois cada espírito respira e vive em faixas vibratórias comuns
a todas as mentes a que se liga, no plano evolutivo que lhe é próprio.
Em verdade, cada espírito é qual complexa usina integrante de vasta rede de outras inúmeras
usinas, cujo conjunto se auto-sustenta, como um sistema autônomo, a equilibrar-se no infinito mar da
evolução.
Via das trocas incessantes que dinamicamente se processam nesses circuitos de energia viva,
manifestam-se os fenômenos da afinidade e os da mediunidade espontânea, a produzirem estímulos de
influenciação, fecundação ideológica e atração psíquica, responsáveis pela seqüência evolucionária dos
sistemas anímicos, no seio da vida universal.
Ninguém, portanto, se prejudica a si mesmo sem lesar a todos quantos se lhe associam na grande
economia da vida; e, do mesmo modo, todo aquele que se melhora, enriquece e ascende, beneficia direta e
eficazmente a todos os seus companheiros de jornada espiritual.
forças vivas, de efeitos certos, seja nas semeaduras de dor, seja nas plantações sublimes de
alegria.
4. TEMPO E VELOCIDADE
Só as poderosíssimas energias de natureza divina que estruturam a mente espiritual são capazes
de renovar-se sem desagregar-se, assegurando vida eterna individuada ao espírito e garantindo-lhe
permanência e evolução infinitas. Tudo mais, no universo das formas, se transforma continua e
estruturalmente, sob substâncias, tensão das forças pulsantes que impõem inestancável renovação, através
de processos dinâmicos de desagregação e de sempre novas agregações elementais que respondem pela
conservação, em regime de equilíbrio de trocas, de todos os tipos e estados da energia.
Entendido isso, pode-se compreender que, se a morte não existe no Universo, em termos de
niilismo, existe nos de transmutação incessante, significando sempre o fim de cada processo temporal, fim
que é também, em si mesmo, novo começo, na química das transformações. Havendo, pois, para tudo
quanto é temporal, começo e fim, há, igualmente, para tudo quanto é temporal, nascimento e morte. Daí
podermos dizer que o tempo é, por definição, a trajetória de uma onda eletromagnética, do seu nascimento
até a sua morte. Por isso ele é uma das dimensões fixas do nosso Universo, porque estável é, em nosso
plano, a velocidade das ondas eletromagnéticas.
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O tempo, porém, somente pode existir em sistemas isolados, ou fechados, e tem a natureza de
cada sistema. Como tudo, no macro e no microcosmo, e em todos os Universos, são sistemas, somente em
termos de Divindade podemos imaginar a intemporalidade absoluta, que é o conceito extremado e perfeito
de eternidade. Fora disso, no mundo das mensurações, qualquer que seja o nível, o tempo existirá, com
suas cargas eletromagnéticas identificáveis, dimensionáveis, limitadas e, portanto, sujeitas a sofrer a ação
das ondas mentais superiores.
A rigor, cada mente, à medida que se expande ou se contrai, em sua marcha evolutiva, estrutura e
dimensiona o seu espaço e o seu tempo, na exata correspondência dos ritmos vitais que lhe são próprios, é
claro que, assim como só pouco a pouco o espírito vai-se libertando dos automatismos, à medida que
desenvolve valores consciênciais e capacidade de autogoverno, também se acomodará inconscientemente
ou semi-inconscientemente às suas faixas de tempo e espaço, até atingir estágios superiores de
conhecimento e poder.
Cada ser vive e atua em faixas próprias de freqüência vibratória, na comunhão com os seus afins,
forjando a própria economia energética na incessante permuta de forças alimentares, transformadoras e
conservadoras, dos mais diferentes tipos e condições. Articulando tecidos de força que o envolvem, o
espírito constrói, através de sinergias funcionais, o cosmo individual em que se move e por cujo equilíbrio
responde. E como a energia é tão suscetível de sublimar-se como de degenerar, pode a mente provocar,
mesmo inconscientemente, não apenas explosões nucleares incontroladas em sua própria aura, mas
igualmente implosões atômicas destruidoras em seu corpo espiritual, criando pus energético, com que
intoxica o seu mundo individual e contamina as noures a que se ajusta. É com essa lama psicofísica,
dotada de forças físico-químicas e eletromagnéticas degeneradas, que inteligências pervertidas constroem
a argamassa de regiões e até de impérios infernais, onde a matéria mental apodrecida e a energia de baixo
teor vibratório obedecem a princípios de equilíbrio corrompidos por diferenciações inomináveis, sob o
comando de mentes enlouquecidas no mala
É bem verdade que, agindo em nome do Amor Divino, o Pensamento Crístico intervém
diretamente, de ciclo em ciclo, provocando desastres eletromagnéticos desintegradores dessas constru-
ções e gerando condições constritivas que forçam a eclosão de circunstâncias regeneradoras em multidões
de espíritos prisioneiros dessas esferas fluídicas infelizes; mas, sem embargo disso, o tempo agiria por si
mesmo, no esgotamento, embora a longuíssimos prazos, desses fulcros insólitos de degenerescência.
Opostamente a tudo isso, a ação contínua de ondas mentais de alta freqüência provoca
desintegrações em cadeia, suscetíveis de aniquilar o corpo espiritual dos seres que alcançam as mais altas
faixas a evolução terrestre, determinando maior velocidade ao seu pensamento, que passa a vibrar em
ritmos ainda insuspeitados pela ciência terrestre, que julga serem os 300 mil quilômetros por segundo a
velocidade constante de qualquer espécie de luz. Se isso é verdadeiro no que tange a todos os tipos de
ondas eletromagnéticas conhecidas pelo homem, também é certo que, no reino das vibrações
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supracósmicas, atuam ondas mentais de insuspeitada curteza, emanadas de mentes angélicas e crísticas,
cuja freqüência vibratória escapa inteiramente à nossa capacidade atual de investigação.
5. CIÊNCIA E VIDA
Não temos a menor pretensão de parecer que sabemos mais ou melhor seja o que for, mas é
preciso reconhecer que, defrontando realidades de outro nível, , não podemos limitar-nos a premissas e
conceituações ainda condicionadoras da ciência -oficial, que, por exemplo, só pode considerar, até agora,
como fontes luminosas, os objetos visíveis. Vivendo em plano vibratório diferenciado, é natural tenhamos
outra visão da realidade global, naturalmente muito limitada, porém significativamente mais ampla.
Nosso desiderato é chamar a atenção para outros ângulos e conseqüências daquilo que o saber
humano vai conquistando, na Cerra, de sorte a auxiliar os companheiros em romagem na crosta planetária,
no seu esforço para entender sempre melhor as realilades do espírito imortal.
Assim, se é certo que a Mecânica Quântica já assentou idéias nítidas sobre a dupla natureza
ondulatória-corpuscular da luz, cujas andas há muito se verificou serem transversais e não longitudinais; e
também já está claro que é na variação alternada das intensilades dos vetores campo elétrico e campo
magnético que consistem s vibrações luminosas, e que circuitos elétricos oscilantes emitem ndas
eletromagnéticas invisíveis; se já se sabe, além disso, que a missão e a absorção de energia se fazem
pulsativamente, por múliplos inteiros da quantidade fundamental a que Planck denominou e quantum e que
Einstein rebatizou de fóton, quando se trata de az; apesar de tudo isso, ainda é estranho ao conhecimento
da física oficial que, além das ;faixas de freqüências das ondas conhecidas por radiações ultravioleta,
radiações X, radiações gama e radiações cósmicas, pulsam no Universo as radiações mentais, as
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angélicas, as crísticas e, sobretudo, as radiações divinas. No entanto, são estas últimas as criadoras,
alimentadoras, impulsionadoras e equilibradoras de tudo quanto existe.
Para o homem terrestre comum, luz são as ondas eletromagnéticas visíveis, cujo comprimento
varia entre 8000 Â e 4000 Â, dependendo do observador. Para os técnicos, são todas as radiações
eletromagnéticas conhecidas, visíveis ou não ao olho humano, desde as infravermelhas até as cósmicas.
Para nós, estudantes desencarnados de modesta hierarquia, são todas as oscilações eletromagnéticas que
vão das aquém-infravermelhas até as além-cósmicas.
Quando a Física constata que só nos meios homogêneos, e nunca nos anisótropos, a luz se
propaga em linha reta em todos os sentidos; quando ressalta que, se o índice de refração do meio variar
continuamente, o raio luminoso pode encurvar-se; nós acrescentamos que, mesmo quando o espírito
guarda, nos tecidos da alma, barreiras de interceptação infensas à luz do bem, a divina claridade não deixa
de abençoar-lhe o mundo íntimo, porque a Sabedoria Celeste dispôs que a interceptação de alguns raios de
um feixe luminoso não impede que os demais prossigam livremente o seu trajeto. Isto posto, entendemos
que somente quando o espírito terrestre atinge o grande equilíbrio evolutivo, sua aura consegue constituir-
se em meio isótropo, onde a luz espiritual pode propagar-se, com a mesma velocidade, em todas as
direções.
Não ficamos, porém, nessas assertivas, pois importa considerar que, sem que sua livre adesão o
coloque em condições de beneficiar-se com a luz espiritual com que a Divina Bondade permanentemente o
atinge, nenhum espírito se furta às próprias trevas. Ao encontrar a superfície de separação de dois meios, o
raio luminoso pode refratar-se, mas pode também ocorrer a reflexão total, e, neste último caso, nem sequer
passa de um meio para outro.
Chegamos, desse modo, a uma conclusão de sentido moral, que é o que acima de tudo nos
importa, pois o conhecimento puro e simples, descomprometido com os augustos propósitos do Senhor,
para nada de bom aproveita. Essencialmente, a Lei de Deus, que dirige a Vida em todos os planos do
Universo, é uma só e puramente Amor.
6. IDÉIAS E EMOÇÕES
O homem terrestre um dia aprenderá que uma onda eletromagnética não se constitui apenas de
eletricidade e magnetismo, mas igualmente de forças que, à falta de melhor terminologia, chamaremos de
transcendentais. São essas forças que lhe qualificam a natureza e, independentemente da freqüência
vibratória, definem-lhe o teor. Aprenderá, ainda mais, que as ondas eletromagnéticas são, na verdade,
veículos dessas forças transcendentais; e, mais ainda, que não existem ondas eletromagnéticas que não
estejam carregadas dessas forças.
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Para efeito didático, podemos considerar essas forças transcendentais como sendo de duas
ordens distintas: as ideais, ou neutras, e as emocionais, que podem ser, tanto umas como outras, positivas
ou negativas, isto é, integradoras ou desintegradoras. As ideais estão sempre presentes em qualquer onda
eletromagnética, qualquer que seja a sua natureza. Naturalmente não mencionamos as forças divinas, ou
plasma divino, que é a própria fonte da vida e o fluido sustentador dos Universos, porque nossos humílimos
conhecimentos nada podem conceber, por enquanto, sobre o que alguns imaginam ser o pensamento de
Deus.
Quanto às forças ideais, expressam-se no pensamento, que é onda eletromagnética emitida pela
mente, de modo direto nos seres incorpóreos; ou através do cérebro, quando se trata de seres humanos,
encarnados ou desencarnados. Cremos desnecessário esclarecer que as forças ideais, quando carregadas
de emoção, tornam-se ideo-emotivas, traduzindo cargas de emoção dotadas de ativo poder.
Quando, por conseguinte, se fala da força do amor, ou da força do ódio, não se está falando de
ficções, e sim de ativíssimas realidades. Sentimento é força que se irradia; força viva, cujo poder, maior ou
menor, depende do comprimento da onda mental que a conduz.
Enganam-se, portanto, os que supõem que o poder da ação se reduz aos atos físicos visíveis.
Pensar é agir, falar é movimentar forças vivas, de conseqüências por vezes inimagináveis. Compor um
artigo, uma carta, um poema ou uma música, produzir um som ou simplesmente divagar idéias, tudo isso é
atuar, agir, fazer, emitir e captar forças, agregar e desagregar formas mentais, participar da economia da
vida, seja para o bem ou seja para o mal.
Nem tudo o que fazemos num plano repercute visivelmente, de imediato, noutro plano, mas
ninguém se engane quanto à natureza das forças vivas que alguém move quando anseia, deseja ou quer
seja o que for, porque a vida, através dos mecanismos automáticos de sua justiça, jamais deixará de
entregar-nos o resultado de nossas ações, ainda que sejam ações apenas mentais, pois a mente é que
comanda a vida.
Pensamento é sempre luz. Uma mente poderosamente intelectualizada, que pensa em ondas de
alta freqüência vibratória, produz radiações que podem, por exemplo, ser verdes ou azuis; mas o verde
pode ser encantador ou tétrico, e o azul pode ser tenebroso ou sublime.
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Por isso, o Mestre Inesquecível nos deixou a poderosa advertência daquelas palavras graves: “Se
a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão tais trevas!” E também por isso Ele nos disse, no seu
emulador e sublimal carinho: “Brilhe a vossa luz!”
7. INFECÇÃO E PURGATÓRIO
Acionados os mecanismos do gravador comum, a fita magnética vai sendo sensibilizada pelas
vibrações sonoras que nela se registram. Quando termina a gravação, se se quer ouvir o que foi gravado,
deve-se reenrolar a fita em sentido contrário.
Mutatis mutandis, ocorre também assim com os registros da memória. Nela se vão gravando
automaticamente todos os acontecimentos da vida, até que o choque biológico da desencarnação desata os
mecanismos de revisão e arquivamento de todas as experiências gravadas ao longo da etapa existencial
encerrada. Acontece que nem sempre todas as experiências então revistas podem ser simplesmente
arquivadas na memória profunda da mente, por não haverem sido por esta absorvidas. São os casos
pendentes, ainda não encerrados, que traduzem, na maioria das vezes, realidades que a consciência não
consegue aceitar.
Essa rejeição consciencial gera conflito mental interno, ou indigestão psíquica, provocando no
espírito o reconhecimento do erro e o conseqüente remorso, ou, o que é pior, a orgulhosa ou cega
ratificação do erro, causadora de revolta e empedernimento.
De qualquer modo, a rejeição consciencial tem como inelutável conseqüência a não assimilação
das concentrações energéticas correspondentes às formas-pensamentos que duplicam os fatos, mantendo-
os “vivos” e atuantes na aura do espírito, à maneira de tumores autônomos, simples ou em rede, a afetarem
o corpo espiritual e o lesarem.
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As operações de drenagem psíquica são dolorosas e variam de tempo e intensidade, caso por
caso, mas resultam sempre na recuperação relativa do espírito para futuras retificações de conduta, sem
prejuízo da continuidade, a breve trecho, de sua marcha evolutiva ascensional.
Quando a revolta se cristaliza no monoideísmo, onde as idéias fixas funcionam como escoadouros
de energia, em excessivo dispêndio de forças vitais, pode o espírito chegar facilmente à perda do
psicossoma, ovoidizando-se, caso em que se reveste tão-só da túnica energética mental, à maneira de
semente em regime de hibernação. Chegue ou não a esse extremo, o espírito responderá, naturalmente,
perante si mesmo, pelos fulcros de lesões mento-psicofísicas que gera, para seu próprio prejuízo, imediato
e futuro.
No que tange à drenagem a que nos referimos, importa consideremos que o pus energético a ser
expelido decorre das transformações psicofísico-químicas das energias degeneradas que foram segregadas
pela mente e incorporadas à economia vital do ser, representando forças ídeo-emotivas de teor e peso
específicos. Necessário entendamos que as formas-pensamentos nem sempre são concentrações
energéticas facilmente desagregáveis. Conforme a natureza ideo-emotiva de sua estrutura e a intensidade e
constância dos pensamentos de que se nutrem, podem tornar-se verdadeiros carcinomas, monstruosos
“seres” automatizados e atuantes, certamente transitórios, mas capazes, em certos casos, de subsistir até
por milênios inteiros de tempo terrestre, antes de desfazer-se. A expiação, de que fala a Doutrina Espírita,
não é senão a purgação purificadora do mal que infeccionou o espírito. Este, através dela, restaura a
própria saúde e se liberta das impurezas que o afligem e lhe retardam a felicidade.
Notemos, porém, que os mecanismos expiatórios não obedecem a uma fórmula única. Se a dor
dissolve o mal, o amor consegue transformá-lo.
Lembremo-nos de que tudo o que existe é suscetível de servir ao bem, sob o comando soberano
*
da mente espiritual. O mal, seja qual for a sua natureza, é sempre apenas uma degenerescência do bem ( ),
porque a essência de toda a Criação repousa na Suprema Perfeição do Amoroso Criador dos Universos.
*
Irmão Thiesen,
Paz conosco.
Realmente, o bem absoluto jamais degenera. Entretanto, o bem absoluto é exclusividade divina. A lição
de Jesus é clara: “Só Deus é bom.” Na relatividade dos valores universais tudo está sempre evoluindo, o
que importa dizer: tudo está em permanente transformação, longe daquela definitividade ideal do
absoluto.
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8. MENTE E SEXO
A mente e o sexo são as mais divinas características do ser humano. Fontes por excelência de
ação criadora, atuam, basicamente, uma nas portentosas dimensões do espírito, e o outro nos imensuráveis
domínios da forma.
A mente elabora o pensamento norteia a razão, gera a técnica, comanda a vida. O sexo garante e
renova a vivência das formas; em que as essências se revelam esse acrisolam, através de longuíssima fieira de
planos evolutivos
A mente evolve para a sabedoria por meio de incessantes apurações do instinto. O sexo
evoluciona para o amor, depurando a libido, no crisol das experiências sublimadoras.
_________________
Gerar é formar; degenerar é deformar. O mal, a rigor, é sempre isso, isto é, uma enfermação, uma
degenerescência, um aviltamento do bem, sempre de natureza transitória. Ele surge da livre ação filiada à
ignorância ou à viciação, e correspondente a uma amarga experiência no aprendizado ou no aprimoramento
do Espírito imortal.
Apesar disso, sempre que uma idéia exige mais tempo para ser compreendida ou aceita pelos
companheiros de nossa equipe, entendo de meu dever evitar insistir em sua enunciação, para não suscitar
dificuldades evitáveis ou constrangimentos sem proveito.
Ademais, nenhum de nós é infalível e, no meu caso particular, reconheço-me de muito poucas
luzes e sujeito a freqüentes enganos. Peço-lhe, desse modo, retirar do texto nº 7, da série que assino, as
expressões que foram objeto de reparo.
Agradecendo pela cooperação e pela tolerância com que tenho sido honrado, peço ao Senhor
Jesus que -nos abençoe, agora e sempre.
AUREO
A Direção de “REFORMADOR”
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No seio augusto do tempo, a mente se angeliza e a forma se transluz. A mente, que se manifesta
na matéria, se expressará, um dia, em plena luz. O sexo, que vibra na carne, radiará, um dia, o puro amor.
No regaço insondável dos milênios, a crisálida de consciência acende, humilde, o primeiro raio da
coroa de glórias arcangélicas. Os genes cromossomáticos, que partem dos núcleos celulares e do
citoplasma, iniciam, com modesta nota, a sinfonia cósmica da comunhão dos querubins.
Atritada pelos problemas e acicatada pelo trabalho, a mente freme na eclosão do conhecimento,
para o esplendor da sapiência. Acrisolado pela dor, nos torniquetes da experiência, o sexo emerge,
transformado, para as excelsas criações da beleza.
Torna-se a mente em poder; torna-se o sexo em amor. o poder constrói os mundos; o amor os
apura e diviniza.
Dia chega em que só a mente existe, na plenitude da vida, gloriosa de sabedoria e de amor, na
comunhão divina. Então, o verme humilde, que se transformara, com o tempo, em homem-problema, será,
no império do Universo, um príncipe de luz.
9. PROFECIA E LIVRE-ARBíTRIO
Se o espaço-tempo não fosse curvo, profetizar seria, a rigor, inviável; entretanto, raios mentais de
grande potência podem tocar em registros magnéticos do passado, ainda persistentes, ou em projeções
ideais do futuro, resultantes de mentalizações concentradas, provocando processos de reflexão
tecnicamente semelhante à que é detectada pelo radar.
Abrimos aqui um parêntese para lembrar que o homem terrestre já consegue produzir microondas
de grande estabilidade, potências enormes, de mais de 10 megawatts, e freqüências que vão desde 1.000
até 75.000 megaciclos/seg (30cm a 4mm). Um sistema de radar modulado por impulsos irradia energia em
impulsos curtos, intensos, de duração aproximada de um microssegundo. O magnetron, operando com um
campo magnético de valor crítico, produz oscilações de freqüência muito elevada, da ordem de 3.000
megaciclos/seg, em razão das correntes induzidas pelos elétrons em rápido movimento circular.
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Aceleradores lineares, baseados no uso de uma série de transmissores de microondas, podem produzir par-
tículas de energias até 20.000 Mev.
Voltando, porém, ao assunto inicial, é força reconhecermos que longa é, para nós, a persistência
dos registros magnéticos na aura planetária, porque lento é, para o nosso biorritmo, o processo de
decaimento radioativo da matéria, bastando ter-se em conta que um grama de radium 88Ra226 leva 1.620
anos para que decaia a metade dos seus átomos radioativos.
As mentalizações ideais que constroem o futuro são, porém, incessantemente emitidas e sempre
diferenciadas, podendo dar-se, em razão disso, que algumas concentrações delas, eventualmente
percebidas por mentes encarnadas ou desencarnadas, não correspondam aos fatos, quando estes
realmente ocorrem, explicando-se, desse modo, os erros de profecia.
Nas operações com um radar, temos de considerar o chamado tempo de repetição dos
impulsos, que é o necessário ao retorno do eco. Quando se opera, por exemplo, com um gerador de 800
ciclos/seg, o tempo de repetição é de 1.250 microssegundos. Esse tempo de repetição de impulsos é
importante em nosso estudo porque é a sua incidência repetida que determina as modificações de
causalidade responsáveis pela diferenciação entre certas mentalizações detectadas por profetas e os fatos
consumados.
Quanto a dizermos que um raio mental pode tocar em registros magnéticos na aura planetária,
não se veja nisso nenhuma estranheza, pois bem mais difícil seria conceber-se a existência e o
desempenho dos neutrinos. No entanto, essa partícula elementar, prevista teoricamente por Wolfgang Pauli,
em 1930, foi detectada por F. Reines, em 1956, sem que, até agora, se lhe tenha identificado qualquer
massa, carga elétrica ou campo magnético. Eles atravessam, sem dificuldade, qualquer corpo sólido da
Terra, sem aparentemente serem atraídos, repelidos ou capturados pela força da gravidade, por cargas
elétricas ou por campos magnéticos terrestres.
É claro que jamais se compreenderá ó que procuramos dizer nesta página, se não se considerar
que o tempo-espaço se move em círculos concêntricos, tal como as ondas eletromagnéticas comuns.
Decorre do princípio físico da conservação da energia que nenhuma atividade vital pode manter-
se sem continua alimentação energética. Alimento é, por definição, qualquer substância capaz de ser
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oxidada dentro de uma célula, para nela produzir energia. O metabolismo, que é fisiologicamente o conjunto
dos fenômenos químicos e físico-químicos de assimilação e desassimilação de substâncias, traduz
processo inerente à própria natureza dos seres vivos.
Nos vegetais, a oxirredução da fotossíntese se realiza por etapas, sempre com absorção de
energia. Uma planta, para sintetizar cerca de 180 gramas de glicose, utiliza aproximadamente 686 grandes
calorias de energia, sendo possível, em condições favoráveis, a fabricação horária de meio grama de
glicose por metro de superfície foliar iluminada. Não vem ao caso o fato de que a glicose produzida por
fotossintese logo se polimerize, tornando-se amido na própria folha; o que aqui importa é assinalar que não
bastam as matérias-primas (água e, gás carbônico) e os catalisadores (clorofila e enzimas) para que a
fotossintese aconteça, pois ela não ocorrerá sem a incidência indispensável de energia luminosa.
Entretanto, podemos e devemos levar mais longe as nossas conclusões, se considerarmos que
essa realidade não se confina à fisiologia terrestre, em termos de matéria propriamente dita, pois se estende
ao plano dos humanos desencarnados, nos mesmos níveis substanciais de evolução. A matéria mental,
apesar dos aspectos estruturalmente diversos nos quais se organiza e se manifesta, obedece aos mesmos
princípios fundamentais que regem o mundo físico, tal como entendido na crosta planetária. Sob o influxo
da atividade mental, a glândula perispirítica que corresponde à hipófise do soma carnal segrega uma
espécie de hormônio, semelhante à tireotrofina, cuja ação estimuladora auxilia a produção, pela tireóide
perispiritual, de uma secreção semelhante à tiroxina, cujo trabalho não somente influi no metabolismo do
corpo espiritual, mas atua, além disso, como importante fator de equilíbrio ou de desequilíbrio da estrutura
celular do psicossoma.
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crosta planetária, para elaborarem o seu próprio alimento quintessenciado, a partir dos princípios elevados
da luz enobrecida.
Se avançarmos nossos pensamentos na progressão lógica das induções a que nos levam os
princípios da evolução, então acabaremos por começar a entender o sentido das palavras do Divino Mestre,
quando disse: “Eu tenho para comer um alimento que vós não conheceis:”
O perispírito de um encarnado não tem maiores problemas de alimentação, porque além dos
princípios atmosféricos de que se beneficia, através dos condutos respiratórios do aparelho corporal, se
nutre natural e automaticamente dos recursos vitais do, patrimônio sanguíneo do corpo carnal, a que
fortemente se radica.
De notar, neste capítulo, que no mundo chamado físico, ou material, tudo é como se fosse dúplice
ou, melhor dizendo, como se tivesse duas faces ou aspectos, ou ainda, num modo de dizer talvez mais
apropriado, como se existisse em duas dimensões vibratórias de um mesmo plano: - o da matéria
propriamente dita e o da antimatéria. A bipolaridade é lei geral a manifestar-se naturalmente na
universalidade dos fenômenos físicos ocorrentes em nosso orbe.
Desejamos apenas alertar a atenção dos companheiros estudiosos para certos fatos, como o de
ser a sensação de fome e certas compulsões viciosas alguns dos mais freqüentes detonadores de
atividades parasitárias obsessivas e até predatórias de muitos espíritos desencarnados, sobre os
encarnados e sobre recém-desencarnados que lhes caem sob o jugo.
Geralmente, porém, não se trata de vampirismo unilateral puro e simples, mas de complexos
fenômenos de simbiose, caracterizando situações que, em razão disso, impedem tratamentos sumários,
exigindo ação paciente e cautelosa dos benfeitores espirituais, cujo senso de responsabilidade não se
permite intempestividades arbitrárias e injustas.
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Se a natureza não dá saltos e a evolução não se improvisa; se, além disso, todos os seres têm o
mesmo fundamental direito à existência, e, pois, à alimentação de que carecem para mantê-la; então, não
nos podemos esquecer de que é no equilíbrio dos contrários que a lei natural fundamenta a ordem que
sustenta a vida. Assim, cada ser dará compulsoriamente daquilo que tem, àquele outro que precisa, para,
por sua vez, conseguir o de que necessita e daquele outro pode, em troca, obter.
É certo que os valiosíssimos estudos de Fraunhofer e de Fresnel, a respeito da difração das ondas
eletromagnéticas, jamais visaram a extrapolações filosóficas, tampouco o cálculo das “curvas de vibração”
através da “espiral de Cornu”. Todavia, nada nos impede anotar, a respeito, uma ou outra particularidade,
para dela extrairmos certos conceitos que nos interessam mais de perto.
Vejamos, por exemplo, o fato, aparentemente sem maiores implicações, de que, no próprio centro
de sombra que algum pequeno objeto circular projeta sobre um anteparo, sempre se observa a existência
dum minúsculo ponto iluminado.
O fenômeno desperta nos físicos terrenos um interesse meramente técnico, ligado aos processos
naturais da difração da luz; nós, porém, vemos nele pálida imagem do que se verifica no reino das vibrações
de natureza mais sutil, atingindo vastos setores da vida espiritual.
A Luz Divina também se “difrata”, ao encontrar a resistência duma mente que provisoriamente se
lhe mostre refratária; mas, ainda assim, revela-se presente e ativa no próprio núcleo, da sombra que tal ser
projeta de si mesmo.
Essa verdade exemplifica por que jamais é vã qualquer emissão de luz espiritual sobre quem quer
que seja, por mais empedernido no mal e aparentemente infenso ao bem esse alguém seja. O Amor é Luz
Divina que não se perde jamais.
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É claro que, em qualquer plano, os fenômenos têm a sua hierarquia. Quando se observa a
difração de raios X, pelos átomos duma rede cristalina, percebe-se complexa superposição de efeitos de
interação, que conduzem a espalhamento, e de efeitos de interferência provocados por trens de ondas.
Tudo isso, e muito mais, se observa, por igual, noutro nível, na física transcendente, a lembrar-nos
de que a Lei da Vida é fundamentalmente a mesma em toda parte.
Consideremos agora este outro assunto, dentro da mesma ordem de idéias: - na técnica das
práticas magnetistas, são comumente usados passes transversais e passes longitudinais, conforme o caso
e o que se pretende, porque, dentre outras razões, as ondas transversais e as longitudinais diferem umas
das outras pela relação entre a sua direção de propagação e a do movimento das partículas do meio em
que se movem. Numa onda transversal, as duas direções são perpendiculares, enquanto numa onda
longitudinal elas são coincidentes. As ondas transversais podem ser polarizadas; nunca, porém, as
longitudinais.
Já as ondas que se propagam na água não são transversais, nem longitudinais, o que explica a
facilidade com que aquela pode ser “fluidificada”, isto é, magnetizada, pois num meio liquido podem
propagar-se ondas de pressão de grande intensidade e muito velozes.
Não fosse o despreparo moral em que a nossa Humanidade ainda se compraz, os Poderes de
Cima já teriam desvelado, através de seus missionários, inumeráveis conhecimentos e recursos novos de
técnica científica, capazes de outorgar maiores poderes de ação ao homem terrestre. Enquanto, porém, as
criaturas da Crosta, e de suas adjacências, não assimilarem, na prática, a Lei do Amor, os recursos ao seu
dispor continuarão sendo basicamente apenas aqueles suscetíveis de agir sobre as formas físicas, e não
sobre as estruturas mais profundas do espírito imortal.
No imenso viveiro de forças em tensão, que é o espaço sideral, onde os sóis vigiam à velocidade
média de cem quilômetros por segundo, os Cristos de Deus, parteiros de mundos e pastores de
humanidades, não só vigiam e governam as Vias-Lácteas, como organizam e protegem os ovos cósmicos
de que nascem as galáxias. Microscópicos sóis de sistemas atômicos, que são estruturalmente similares
aos sistemas solares e aos sistemas anímicos, os complexos núcleos dos átomos primordiais cercam-se de
elétrons, cuja poderosa ação, chamada eletricidade, desencadeada pela extrema velocidade de seus
movimentos orbitais, gera o que se denomina magnetismo.
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O Universo é ó Império .Divino o dos Raios e das Forças, onde tudo e todos se intercomunicam e
se sustentam. As árvores, os animais, a terra, as águas e o ar, tudo, enfim, que circunda o ser humano, o
atinge com as suas irradiações e é igualmente atingido pelas irradiações dele.
Estrelas gloriosas, semeadas por todos os quadrantes do Espaço, expedem, sem cessar, em
todas as direções, uma aluvião de raios cósmicos, da fantástica pequenez de um trilionésimo de milímetro,
tão penetrantes e poderosos que nenhuma barreira material pode detê-los.
Trono do Cristo, o Sol controla e alimenta o nosso pequeno planeta, a 150 milhões de quilômetros
de distância, que a sua luz percorre em cerca de oito minutos e meio. Para manter sua família planetária,
ele gera aproximadamente 83.000 cavalos-vapor, i.e., mais de 61.000.000W de energia, em cada metro
quadrado de sua superfície, que envia ao espaço ao seu redor, ao mesmo tempo que converte por volta de
616 milhões de toneladas de hidrogênio em hélio, por segundo.
É das 3.600.000 por metro quadrado, que o Sol fornece, que são absorvidas, pelas águas de
nossos oceanos, rios e lagos, as calorias que se transformam nas nuvens que precipitam as chuvas.
Tudo isso é, porém, palidíssima imagem do grande sistema anímico de que os nossos Espíritos
fazem parte, o grande sistema cujo Sol é Cristo-Jesus, de cujo amor e de cuja força vivemos, no Infinito
Império Universal, cuja alma é Deus, o Pai Eterno.
Consolemo-nos de não ser, nesse sistema, os menos evolvidos, pois mesmo em termos
estritamente físicos, a relação é a mesma entre um átomo e um corpo humano e entre este último e o Sol, já
que, segundo cálculos razoáveis, o corpo humano é constituído por cerca de dez nonilhões de átomos, o
mesmo número de homens que se imagina seriam precisos para povoar, se isso fosse possível, o espaço
interno do Sol.
Foi por essa razão que disse, certa vez, ilustre cientista, que, nos domínios do Universo, está o
homem “entre o átomo e as estrelas”.
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Sendo o pensamento contínuo uma conquista definitiva da alma, não pode esta, ainda que o
queira, desligar-se do circuito através do qual se ajusta às forças vivas e conscientes do Universo. Entre-
tanto, cada qual emitirá e receberá sensações na faixa de freqüência que lhe é própria, e da mesma
qualidade que lhe marca o teor dos interesses.
Em razão disso, cada um de nós conviverá sempre, em toda parte e a todo tempo, com aqueles
com quem se afina, efetuando permanentemente, com os seus semelhantes, as trocas energéticas que, em
face da lei, asseguram a manutenção de todas as vidas. Atendendo às disposições da afinidade, esse
imperativo substancia igualmente o primado da justiça iniludível que preside a todos os destinos, na imensa
esteira da evolução. Qualquer mudança de sintonia, ou diferenciação de níveis de troca energética vital,
sempre decorrerá necessariamente de alteração do potencial íntimo de cada espírito e da natureza de seus
pensamentos e emoções.
As forças que nos jungem uns aos outros são, por isso mesmo, as que emitimos de nós e
alimentamos em nosso próprio âmago. Os compromissos que disso decorrem são mais do que evidentes,
pois ninguém deixará, em momento algum, de integrar e engrossar alguma corrente de forças, atuante e
dirigida para determinado objetivo. Cada qual de nós está, portanto, trabalhando sem cessar, de momento a
momento, seja para o bem ou para o mal, na construção do amor ou do ódio, da alegria ou da desventura,
da felicidade ou do desequilíbrio.
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Quando, porém, um coração já ascendeu a planos mais altos e já se acostumou ao pão divino de
ideais elevados e de sensações sublimadas, não sintonizará, sem terríveis padecimentos interiores, as
faixas de emoções mais deprimentes da experiência humana. Independentemente das responsabilidades
que assuma e dos males que semeie, e que terá de colher, essa consciência amargurada sentirá vibrar, nos
seus mais tristes acentos, a nostalgia do paraíso perdido. E como ninguém atraiçoa impunemente a lei, nem
a si mesmo, esse espírito infeliz corre ainda o risco enorme de, pelo seu maior poder de percepção e de
sintonia, cair vitimado por processos demoníacos de hipnose obsessiva, sob o guante impiedoso do poder
das Trevas.
Essa a razão da advertência do Divino Mestre, que há dois mil anos repercute no mundo: “Aquele
que comete pecado faz-se escravo do pecado.” Nem é por diverso motivo que o Cristo nos convida,
compassivo, há vinte séculos, a sermos “filhos da Luz”.
O espanto, porém, é descabido, não só por motivos de boa lógica, mas, igualmente, por motivos
de ordem técnica.
Por mais intelectualizados que possam ser os gênios do mal, e por mais sofisticados que sejam os
seus recursos tecnológicos, não podem eles, nunca puderam e jamais poderão afrontar a sabedoria e o
Poder do Cristo e de seus grandes mensageiros, que controlam, com absoluta segurança, todos os
fenômenos ocorrentes no planeta e no sistema de que este é parte.
Tudo o que as Inteligências rebeladas podem fazer é rigorosamente condicionado aos limites de
justiça e tolerância que o Governo da Vida estabelece, no interesse do sumo bem.
É fora de dúvida que os “Dragões” e seus agentes possuem ciência e tecnologia muito superiores
às dos homens encarnados, e, sempre que podem, as utilizam. Entretanto, os Poderes Celestes sabem
mais e podem mais do que eles.
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Apesar disso, os operadores celestes não somente varrem, com freqüência, o lixo de saturação
que infecta demasiado perigosamente certas regiões do Espaço, aniquilando-o através de interações de
partículas com antipartículas atômicas, como se valem de outros recursos, infinitamente mais poderosos,
rápidos e decisivos, para além de todas as forças eletromagnéticas e físico-químicas ao alcance das
Trevas.
Assim, as Trevas podem realmente assustar-nos e ferir-nos, sempre que nossos erros voluntários
nos colocam ao alcance de sua maldade. Basta, porém, que nossa opacidade reflita um único raio do Amor
Divino, para que nenhuma força maligna possa exercer sobre nós qualquer poder.
Todos sabemos que é principalmente das queimas respiratórias intracelulares que o corpo
humano obtém a energia necessária ao seu funcionamento.
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Como aparelho vivo, o organismo somático do homem é realmente uma máquina de combustão,
onde a penetração de oxigênio em moléculas de carbono libera a força íntima de pressão destas últimas, na
formação de gás carbônico, produzindo, desse modo, energia calorifica.
Entretanto, cada uma das trinta bilhões de células do corpo humano é não somente uma usina
viva, que funciona sob o impulso de oscilações eletromagnéticas de 0,002 mm de comprimento de onda,
mas, por igual, um centro emissor, permanentemente ativo, de poderosos raios ultravioleta.
A mente espiritual não se alimenta, realmente, em exatos termos de vida própria, senão de
energias cósmicas, de natureza eminentemente divina, das quais haure recursos para a sua auto -
sustentação. Esses recursos, ela os transforma na energia dinâmica, eletromagnética, que lança ao cosmo
em que se manifesta e que controla através dos liames de energia espiritual que a mantém em contato com
o citoplasma e que impressionam a intimidade das células com os reflexos da mente.
Quanto mais o Espírito evolve, tanto mais livre, efetiva e conscientemente governa a si mesmo e
ao seu cosmo orgânico, cujo metabolismo é conduzido e controlado pelas forças vivas do seu pensamento
e das suas emoções.
Quem de fato cresce, definha, adoece e se cura é sempre o Espírito. Em sua multimilenária
trajetória no tempo e no espaço, ele aprendeu, aprende e aprenderá, por via de incessantes experi-
mentações, a manter e enriquecer a própria vida.
O cristal cresce por acúmulo, em sua superfície, de substâncias idênticas à de que se constitui;
mas isso não se dá com os seres vivos. Mesmo no caso de células nervosas, de características
especialíssimas, que crescem sem se dividirem, o fenômeno é outro, pois seu crescimento se verifica de
modo estruturalmente uniforme e não apenas superficial.
De regra, não é o aumento de volume das células, e sim a sua multiplicação numérica, que
determina o crescimento dos organismos. A diferença entre um organismo recém-nascido e um organismo
adulto não é somente de tamanho, mas sobretudo de complexidade.
Assim também com o Espírito. Quanto mais evoluído, sábio e moralizado, mais complexa e
poderosa a sua estrutura orgânica perispiritual, capaz de viver e agir em domínios cada vez mais amplos de
tempo e espaço.
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Qualquer estudante de Física sabe que a ação da luz pode impor diferenciações a variáveis ou a
propriedades de substâncias e sistemas, determinando, por exemplo, variações de resistência elétrica,
emissão de elétrons ou excitações de redes cristalinas.
Sabe também que os fótons têm massa em repouso nula, carga elétrica nula e spin unitário, mas
que a energia de cada um é sempre igual ao produto da constante de Planck pela freqüência do campo.
Também não ignora que, num meio material, a velocidade de um fóton pode ser menor do que a
da radiação eletromagnética no vácuo, porque ele interage com as partículas do meio.
Igualmente, não constitui novidade que um cátodo fotossensível, excitado por uma radiação
apropriada, emite elétrons que podem ser acelerados para um eletrodo, provocando a emissão de novos
elétrons, ainda mais numerosos. E se novas acelerações ocorrerem, em seqüência, para outros eletrodos, o
número inicial de elétrons pode multiplicar-se por várias potências de dez.
Até aí, nenhuma novidade. Entretanto, neste outro lado do plano físico em que o homem
desencarnado reside, isto é, no plano a que a morte do corpo nos conduz, e onde a matéria diferenciada e
muito mais plástica se caracteriza por bem menor densidade, a influência da luz é, na mesma inversa
proporção, muito maior.
Se no plano físico fótons podem decompor moléculas e, quando possuem energia superior a 5, 18
ou 5, 40 MeV, podem até provocar fissões nucleares, como a do urânio 233 e a do tório 230, aqui a
gradação natural e automática, ou conscientemente provocada, determina com facilidade o teor
eletromagnético de qualquer tipo de luz, a ponto de tornar uma claridade confortadora e reconstituinte, ou,
ao contrário, insuportável por quem não tiver capacidade fisio-psico-moral para absorvê-la.
É em razão disso que os “filhos da Luz”, isto é, as consciências iluminadas pelo bem, são sempre
mais poderosos do que os “filhos da treva”, ou seja, as consciências ensombrecidas pelo crime. Isto porque
as vibrações do pensamento têm sempre efeitos luminosos, geram luz, e essa luz tem, naturalmente,
freqüência, intensidade, coloração, tonalidade, brilho e poder peculiares, de acordo com a sua natureza,
força e elevação.
Poder-se-ia dizer que a hierarquia espiritual se assinala por naturais diferenças de luminosidade, a
traduzir níveis e expressões variadas de elevação, grandeza, potência e saber.
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Se a crônica do mundo referiu-se à claridade da explosão de uma bomba atômica, dizendo que
ela teve o fulgor de mil sóis, como se expressaria se pudesse suportar a gloriosa visão da Aura do Cristo?
Descendo, porém, à humildade da nossa condição, consideremos que tudo em nosso plano é
relativo e que, dentro das limitações de nossa realidade, a luz do bem é força divina que o Poder do Alto
nos convida constantemente a sublimar e expandir.
A sombra e a treva são criações mentais inferiores das mentes enfermiças, renováveis e
conversíveis em luz confortadora, pela química dos pensamentos harmoniosos e dos sentimentos bons.
Intimamente ligada, desse modo, a cada célula física, que se forma segundo o molde da célula
perispiritual preexistente a que se acopla, a mente espiritual assume, de maneira mais ou menos
consciente, em cada caso, mas sempre rigorosamente efetiva, o comando da nova personalidade humana,
que assim se constitui de Espírito, perispírito e corpo material.
Importa aqui considerar que as características modulares que a mente imprime às células físicas
que se formam são por ela transmitidas e fixadas através de uma força determinada, que é a energia
mental, veiculada pelas ondas eletromagnéticas do pensamento. Quando o molde perispirítico preexiste
exteriorizado, as vibrações mentais, atingindo-o em primeiro lugar, encontram maiores recursos para a ele
ajustarem as novas células físicas. Noutros casos, as vibrações mentais, atuando sobre moldes
perispiríticos amorfoidizados por ovoidização, valem-se do processo fisiológico natural de desenvolvimento
genético para reconstituir a tessitura da organização perispiritual, ao mesmo tempo que imprimem às novas
células deste, e às do soma físico, as características de sua individualidade.
Dai em diante, e pela vida toda, refletem-se na mente espiritual todos os fenômenos da
experiência humana do ser, cuja quimiossíntese final nela também se realiza. Justo é que nela se reflitam e
se imprimam tais resultados, por ser ela mesmo quem comanda o ser, ou, melhor dizendo, por ser ela o
próprio ser, que do mais se vale como de instrumentos indispensáveis à sua ação e manifestação, porém
não mais do que instrumentos.
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Tanto ou mais do que os prejuízos causados pelos excessos e acidentes físicos, muitas vezes de
caráter transitório, as ondas mentais tumultuárias, se insistentemente repetidas, podem provocar lesões de
longo curso, a repercutirem, no tempo, até por várias reencarnações recuperadoras.
Além disso, na recapitulação natural e inderrogável das experiências do Espírito, quando se trata
de ônus cármicos em aberto, eclodem, com freqüência, em determinadas faixas de idade, e em certas
circunstâncias engendradas pelos mecanismos da expiação, forças desarmônicas que afligem a mente,
desafiando-lhe a capacidade de autocontrole e auto-superação, sob pena de engolfar-se ela em caos de
intensidade e duração imprevisíveis.
Não podemos, tampouco, esquecer os problemas de sintonia, decorrentes da lei universal das
afinidades, que obriga os semelhantes a conviverem uns com os outros e a se influenciarem mutuamente.
Como a onda mental opera em regime de circuito, incorpora inelutavelmente todos os princípios ativos que
absorve, sejam de que natureza forem. Assim, tanto acontecem, entre as almas, maravilhosas fecundações
de ideais e sentimentos nobres, como terríveis contágios mentais, algumas vezes até de natureza
epidêmica, responsáveis por graves manifestações da patologia mento-física.
Tudo depende, por conseguinte, do modo como cada Espírito se conduz, no uso do fluido
magnético que maneja. Com ele, pode-se ferir e prejudicar os outros, criar distúrbios e zonas de necrose,
soezes encantamentos e fascinações escravizantes. Mas pode também manipular medicações
balsâmicas, produzir prodígios de amor fecundo e estabelecer, através da prece e do trabalho
benemerente, uma sublime ligação com o Céu.
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Tal radiação mental, expedida sob a forma de ondas eletromagnéticas, constitui o fluido
mentomagnético, que, integrado ao sangue e à linfa, percorre incessantemente todo o organismo
psicofísico, concentrando-se nos plexos, ou centros vitais, e se exteriorizando no “halo vital”, ou aura.
Do centro coronário, que lhe serve de sede, a mente estabelece e transmite a todo o seu cosmo
vital os seus padrões de consciência e de manifestação, determinando o sentido, a forma e a direção de
todas as forças orgânicas, psíquicas e físicas, que se lhe subordinam.
É claro que, enquanto se demora em faixas modestas de consciência, a mente age, em tudo isso,
de maneira instintiva, segundo a capacidade adquirida em miríades incontáveis de multifárias experiências,
nos automatismos de repetição multimilenar, através da imensa jornada evolutiva que realizou, desde a
condição de mônada fundamental, no corpo vivo das bactérias rudimentares.
Entretanto, esse maior ou menor grau de inconsciência, em sua própria atuação, em nada diminui
a efetividade da ação da mente. Apenas, à medida que ela evolve, amplia as próprias alternativas de poder,
ganhando liberdade de conduta cada vez maior, por dispor de recursos de conhecimento teórico e prático
cada vez mais amplos. É pelo fluido mentomagnético que a mente age diretamente sobre o citoplasma,
onde se entrosam e se interam as forças fisiopsicossomáticas, sensibilizando e direcionando a atividade
celular, no ambiente funcional especializado de cada centro vital, saturando, destarte, as diversas regiões
do império orgânico, com os princípios ativos, quimioeletromagnéticos, resultantes de seu metabolismo
ídeo-emotivo saudável ou conturbado, feliz ou infeliz.
Cumpre notar, todavia, que o fluido mentomagnético não é apenas o instrumento por excelência
da ação da mente sobre o fisiopsicossoma, mas igualmente o veículo natural que leva de volta à mente a
reação fisiopsicossomática. Ele está, portanto, constantemente carregado de forças mentofísicas interadas,
que são a síntese viva do estado dinâmico do ser e a externação atuante de sua íntima e verdadeira
realidade.
Eis por que o vemos às vezes designado por fluido animal ou fluido vital, que são, sem dúvida,
formas ou modalidades pelas quais ele também se manifesta, tal como ocorre com o ectoplasma.
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Como já foi dito, é no Eterno Pai que somos e vivemos. Ele é nossa vida e nossa luz, nossa
essência e nossa destinação. DEle recebemos o dom do raciocínio e do movimento, da consciência e da
vontade. Ele é a alma de nossa alma, a substância de nosso ser. Existimos e evoluímos para conhecê-lo,
amá-Lo e nEle nos realizarmos na plenitude do Espírito, que é felicidade e harmonia, amor e poder.
Viajamos para Ele desde tempos imemoráveis, do cristal ao vírus, dá alga ao cefalópode, da esponja à
medusa, do verme ao batráquio, do lacertino ao mamífero, do pitecantropo ao homem.
Através das eras incontáveis e das inúmeras transformações evolutivas que experimentamos, Seu
Divino Amor nos guia e sustenta, no carinho e na lucidez da Sua Justiça Misericordiosa e da Sua Ilimitada
Bondade.
Infinito em Sua Solicitude, Ele não cessa de se mostrar a nós, Seus filhos, todos os dias, a todas
as horas e em todas as situações, no sol da manhã e nas estrelas da noite, na imponência dos desertos e
na placidez dos oásis, na doçura das fontes e na grandeza dos mares, no milagre dos nascimentos e no
mistério das mortes.
É no celeiro inesgotável do Seu Hausto Divino que os Arcanjos retiram o plasma vivificante com
que constroem as galáxias e formam as constelações, distendendo e multiplicando, pelos domínios do sem-
fim, a esplêndida sinfonia da vida.
Esse Supremo Ser, Todo-Poderoso na Sua Eternidade e na Sua Glória Infinita, vive em nós, e nós
vivemos nEle! Seu Hálito nos envolve e nos penetra sem cessar. Somos Seus filhos, aprendizes da ciência
e da arte de buscá-Lo, de descobri-Lo e de revelá-Lo em nós mesmos, pelo nosso esforço de comunhão
com Sua Divina Santidade, através do trabalho e do amor, na subida evolutiva que não pára.
Quanto mais aprendemos e crescemos, mais pequeninos nos sentimos na escala infinita dos
seres, em face das excelsas grandezas que continuamente deparamos. Quando, porém, nos voltamos para
o Senhor de Tudo e de Todos, e sentimos vibrar dentro de nós o Espírito Divino de nosso Criador e Pai,
reintegramo-nos na graça e na esperança, na alegria e na felicidade de existir, cônscios de que, através do
tempo-espaço de nossas limitações e de nossas dores, chegaremos um dia à intemporalidade ilimitada da
perfeição, no Seio Paterno do Onipotente Amor de que provimos.
O fluido cósmico que liga a Criação ao Criador é fonte inexaurível, sempre ao alcance de todas as
criaturas. É nele que a nossa mente espiritual busca e encontra a quintessência energética de que se
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sustenta, e é a partir dele que elabora a matéria mental que expede através do pensamento, sob a forma de
fluido mentomagnético.
Somos, por isso, de Deus, como tudo é de Deus, porque nós, como tudo, dEle provimos e dEle
nos sustentamos. Ao malbaratarmos os bens da vida, depredamos o que é do Pai Celeste, que, todavia,
nos tolera e nos ensina pacientemente a usar a herança que Ele nos destinou ao nos criar, até que
aprendamos, com os recursos do tempo e da experiência, a assumir e a exercer definitivamente o
Principado Espiritual, no seu Reino Divino.
VI - ANTES DO CRISTO
Foi somente há cerca de quarenta milênios, quando os selvagens descendentes dos primatas se
estabeleceram na Ásia Central e depois migraram, em grandes grupamentos, para o vale do Nilo, para a
Mesopotâmia e para a Atlântida, que surgiu no mundo o Homo sapiens, resultado da encarnação em
massa, na Terra, dos dados da Capela, cuja presença assinalou, neste planeta, o surgimento das raças
adâmicas.
É natural que, em contato com a matéria mais densa, aflorassem nos primitivos habitantes do
nosso orbe, sob o automatismo dos instintos, as sensações e experiências vividas pelo Princípio Espiritual
na sua demorada marcha para a aquisição da consciência. Esse fato, além de lógico e natural, por
corresponder ao maior e quase único patrimônio de conquistas vitais daqueles seres, era também
necessário para lhes assegurar a sobrevivência no mundo das formas materiais espessas e pesadas.
Compreende-se que consciências ainda frágeis, mas rebeldes, assim servidas por todo um vasto arsenal de
instintos inferiores, herdados da fase animal anteriormente vivida, surgissem no mundo em tão franco
estado de selvageria, então agravada pelos novos poderes da vontade. Acresce que, acolhendo no seio de
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suas tabas numerosos Espíritos muito mais avançados em inteligência e em conhecimentos, porém
revoltados e cruéis, sofreram-lhes a poderosa e deletéria influência moral, que ainda mais os inclinou à
maldade deliberada, até mesmo através de cultos religiosos primários, sanguinolentos e perversos. Muitos,
porém, dos exilados da Cabra, deixando-se tocar pelo sublime influxo das inspirações crísticas, pela
saudade do seu paraíso distante e pelo sincero arrependimento de seus terríveis erros, conseguiram
superar as suas imensas dificuldades psicológicas e inauguraram no mundo a era das grandes religiões.
Organizadas pelas raças adâmicas, surgem então, no cenário do mundo, as quatro grandes civilizações da
Antiguidade: a ariana, a egípcia, a hebraica e a hindu. Precisamos, porém, registrar que, muito antes de
surgirem os arianos, já florescia no Oriente, como a mais bela e avançada das organizações primitivas do
orbe, a grande civilização da velha China.
Das grandes organizações sociais criadas pelos ex-capelinos, a hindu é a mais antiga, vindo
depois a egípcia, a hebréia e finalmente a ariana. Remontam a mais ou menos dez mil anos os primeiros
surtos de civilização terráquea, embora, a rigor, só os acontecimentos dos últimos cinco milênios sejam
convictamente registrados pela História. Em geral, as tábuas historiográficas começam as suas cronografias
por volta do ano 3.000 a.C., assinalando apenas por tradição o estabelecimento do império Tinita, inaugu-
rado por Menés, unificador dos dois reinos egípcios. São também muito vagos os registros humanos sobre
o Faraó Zoser, iniciador do
Império Menfita, cuja capital foi mudada de Tinis para Mênfis. Pouco minuciosas são, por igual, as
notícias sobre os semitas do Tigre-Eufrates e suas notáveis cidades de Akad, Isin e Larsa.
A imponente civilização dos sumérios também floresceu no terceiro milênio a.C., nas cidades
mesopotâmicas de Erech, Ur, Eridu, Lagach, Uruk, Kish e Nipur e existem registros suficientes sobre a boa
capacidade de organização política e comercial desse povo, cujos dotes técnicos e artísticos são atestados
pelos canais de irrigação que construiu, por seus trabalhos em metais e pela escrita cuneiforme que
desenvolveu. Os sumérios possuíam sistema funcional de pesos e medidas e a eles, astrónomos
competentes, se deve a primeira divisão do dia em 24 horas e da hora em minutos e segundos. Seu rei
Hamurabi, o sexto da primeira dinastia, enérgico e sábio, promulgou, na Babilônia, o primeiro grande código
humano de leis, que tanta influência iria exercer sobre a legislação mosaica.
Nessa época, a China era um pequeno império, dividido em nove províncias, sob o poder
autocrático dos soberanos dinásticos da Hissia, enquanto a Ásia Central era palco de continuas incursões
de tribos mongóis e alpinas. No atual território iraniano habitavam os cassitas, os elamitas e os mitanos,
arianos protonórdicos que formaram o reino do Elã, sob o governo de Cutur-Lagar e que tinham em Susa e
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Anzã as suas cidades principais. Foram esses povos rudes, armados de arco e flecha, que introduziram o
cavalo na Ásia Menor. Na Índia, porém, nasciam a Filosofia e a Religião, no espírito e nas vozes dos
grandes iniciados. Surgem, nos caracteres sânscritos, os Vedas (∗), com os seus cânticos e as suas preces
de imorredoura beleza. Infelizmente, nascia também, no mundo, a dura discriminação racial, então
estabelecida pela divisão da sociedade em castas. (∗∗)
∗
São quatro coleções de Mantras ou Samhltas, a saber: Rig-Veda, Yajur, Sama e Atharva-Veda. Os
Upanishads somente surgiriam muitíssimo depois, por volta do século VI a.C.
∗∗
Sacerdotes e nobres (os brâmanes); guerreiros (os xátrias); mercadores (os váxias); camponeses e
trabalhadores (os sudras) e os párias, que eram os autóctones dravinianos, de pele escura, descendentes
dos primatas, aos quais os arianos recusavam qualquer tipo de direito.
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desenvolvimento intelectual, mas de insaciável apetite de posse e de poder, opuseram-se tão teimosamente
à vitória da fraternidade ampla, em seu mundo de origem, que acabaram banidos para a Terra, a fim de
que, no contato forçado com outros povos e sob o guante de amargas experiências, aprendessem as lições
do amor e da humildade, do desprendimento e da abnegação. Falamos dos hebreus, cuja história terrena
começa há quarenta séculos, quando o Patriarca Abraão, filho de Terah e descendente de Sem, deixou a
cidade caldéia de Ur, levando a sua família para a Terra de Canaã, como então se chamava a Palestina, ou
Terra da Púrpura, assim depois denominada por causa do corante que se passou ali a fabricar. Por três mil
anos esse povo permaneceu seminômade, vivendo basicamente de pastoreio, de agricultura de auto-
sustentação e de artesanato, e em contínuos combates de sobrevivência com outros povos. Durante esse
tempo cresceu em número, até abrigar todos os membros espirituais da sua raça, enquanto consolidava as
suas tradições e o seu culto - o único declarada e indisfarçadamente monoteísta de todos os povos antigos.
Em fins do século XVII a.C., sérias desavenças levaram os irmãos de José, filho de Jacó, neto de Abraão, a
vendê-lo como escravo. Conduzido como cativo à presença do Faraó do Egito, para quem solucionou, com
seus poderes mediúnicos, o enigma de importante sonho premonitório, foi guindado, também pela
competência que logo revelou, a altas funções de governo. Era José o Chanceler do Egito quando,
premidos pela fome que flagelava a Palestina, muitos hebreus começaram a emigrar para a Terra dos
Faraós, cuja civilização lhes oferecia condições de sobrevivência, embora encontrassem ali apenas trabalho
servil e humilhantes condições de existência. Com esses imigrantes vieram os irmãos mais velhos de José,
a quem este fez submeter a dura prova, para avaliá-los. Como eles foram capazes de arriscar a própria vida
para defender a do irmão caçula, Benjamin, José os perdoou e, com a aquiescência do Faraó, acolheu com
generosidade o velho Jacó e toda a sua família. Quinhentos anos ficaram os hebreus nas terras do Egito,
até que Moisés, no século XII a.C., depois de adquirir, sob a proteção de Termútis, todos os conhecimentos
técnicos dos egípcios e toda a ciência iniciática do Faraó e dos grandes sacerdotes, se pôs à frente do povo
israelita e o conduziu à liberdade. Sendo, porém, como realmente foi, o maior estadista que o mundo
conheceu, ao invés de marchar diretamente para a sonhada Canaã, manteve no deserto todo o povo, sob o
seu comando, durante quarenta anos, a fim de substituir as gerações, educar as gerações novas, consolidar
a fé monoteista e estabelecer uma legislação capaz de assegurar para sempre a sobrevivência da raça. Os
dez mandamentos que recebeu no Sinai e promulgou para o povo são até hoje os fundamentos por
excelência da mais alta filosofia moral de toda a Humanidade.
A esse tempo, os fenícios constroem Sidon e Tiro, colonizam a costa do Mediterrâneo e inventam
o alfabeto que se espalharia rapidamente por todo o Oriente Médio. Na Grécia, florescem Atenas e Esparta
e surge o alfabeto grego. A Babilônia torna-se o centro comercial do Oriente. Logo, porém, essa situação
seria profunda= mente alterada, porque os assírios subjugaram a Armênia, a Síria e o Egito, os etruscos
fundaram Roma e os hebreus, que haviam conquistado Canaã, sob o comando de Josué, que venceram,
com Sansão, os filisteus e depois estabeleceram o seu reino, com Saul, Davi e Salomão, entraram em
guerra civil, dividiram-se nos reinos de Judá e de Israel e acabaram cativos do babilônio Nabucodonosor.
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Surge então um momento histórico de excepcional beleza e crucial importância: o grande Lao-Tsé
instaura na China um novo código de elevada moral, logo complementado pelo Espírito missionário de
Confúcio; na índia, esplende a figura magnífica de Buda; Ciro, o Grande, liberta os hebreus, que
reconstroem o seu templo; é compilado o Avesta, de Zoroastro; os patrícios fundam a República Romana e
a Grécia conhece os esplendores do “Século de Péricles”.
Evidencia-se com nítida clareza a ação do Governo Espiritual do Mundo, num gigantesco esforço
de preparação para o já próximo aparecimento do Senhor Jesus-Cristo sobre a face da Terra. Providências
de vulto são tomadas para á unificação dos povos. Grandes luminares do Plano Maior são enviados à
Crosta planetária, ininterruptamente, durante cinco séculos. Foi assim que a Humanidade recebeu,
sucessivamente e dentre outras, as visitas luminosas e inspiradoras de Elias, Amós, Oséias, Jeremias, Lao-
Tsé, Confúcio, Buda, Tales de Mileto, Pitágoras, Péricles, Ésquilo, Anaxágoras, Hipócrates, Heródoto,
Sócrates e Aristóteles. As ciências e as artes, a filosofia e a religião alcançam índices majestosos de
progresso. Alexandre funda um império gigantesco, que se estende desde o Egito até a índia,
universalizando os avanços e as belezas da cultura grega e estabelecendo preciosos liames de
comunicação entre povos diversos e distantes.
Bastou, porém, a desencarnação de Alexandre, para que os seus generais levassem o grande
império ao desmembramento. As lutas que travaram uns contra os outros resultaram na vitória de três
deles, que dividiram entre si os domínios macedônios: Cassandro ficou com a Grécia; Ptolomeu, com o
Egito, e Seleuco com as terras da Ásia, sob o nome genérico de Síria. Esses três reinos, assim constituídos,
cairiam pouco depois, um a um, sob a dominação latina, porque as forças do Grande Destino haviam
decidido, no Alto, reunificar o sistema político e social do mundo, às vésperas do advento do Divino Mestre.
Surgia, desse modo, sobre a face da Terra, o Império de Roma, na sua imponente expressão.
No seio excelso do Criador Incriado, nos cimos dá evolução, pontificam os Cristos Divinos, os
Devas Arcangélicos, cuja sublime glória e soberano poder superam tudo quanto de magnificente e
formidável possa imaginar, por enquanto, a mente humana. São eles que, sob a inspiração do Grande
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Os Cristos, Espíritos Purissimos, não encarnam. Não têm mais nenhuma afinidade essencial com
qualquer tipo de matéria, que é o mais baixo estágio da energia universal. Para eles, matéria é lama
fecunda, que não desprezam, sobre a qual indiretamente trabalham através dos seus prepostos, na sublime
mordomia da Vida, mas coisa com que não podem. associar-se contextualmente, muito menos em intimas
ligações genéticas. Eles podem ir a qualquer parte dos Universos e atuar onde lhes ordene a Vontade
Todo-Poderosa de Deus Pai; podem mesmo mostrar-se visualmente, por imenso sacrifício de amor, a seres
inferiores e materializados, indo até ao extremo de submeter-se ao quase-aniquilamento de tangibilizar-se à
vista e ao tato de habitantes de mundos inferiores, como a Terra; mas não podem encarnar, ligar-se
biologicamente a um ovo de organismo animal, em processo absolutamente incompatível com a sua
natureza e tecnicamente irrealizável.
A Possibilidade de violentação das leis naturais é relativa e não chega até o ponto de permitir que
um organismo celular de matéria desintegrar-se instantaneamente, à mais abrandada vibração
bioeletromagnética de um Espírito Crístico. Se é impraticável a um Espírito humano, inteligente e dotado de
consciência, encarnarem corpo de irracional, por completa impossibilidade biológica de assimilação mútua
entre a matriz perispirítica e o óvulo animal de outra espécie, para não falarmos também das
impossibilidades psíquicas de semelhante absurdo de retrogradação evolutiva, muito menos poderia um
Cristo encarnar em corpo humano terrícola. A distância evolucionária que separa um orangotango de um
homem terrestre é bem menor que aquela que medeia entre um ser humano terrestre e um Cristo Divino.
Para apresentar-se visível e tangível na superfície da crosta terráquea, teve o Cristo Planetário de
aceitar voluntariamente intraduzível tortura cósmica, indizível e imensa, ainda que quase de todo
inabordável ao entendimento humano. Primeiro, obrigou-se à necessidade de abdicar, por espaço de tempo
que para nós seria longuíssimo, da sua normal ilimitação de Espírito Cósmico e ao seu trono no Sol, sede
do Sistema, transferindo-se do centro estelar para a fotosfera, onde lhe foi possível o primeiro e doloroso
mergulho na matéria, através do revestimento consciente do seu mentespírito com um tecido energético de
fótons. Depois, teve de imergir no próprio bojo do planeta Terra, em cuja ionosfera utilizou vastos potenciais
eletromagnéticos para transformar seu manto fotônico em léptons e em quarks formadores de mésons e de
hárions, estruturando átomos ionizados. Finalmente, concluindo a dolorosíssima operação de tangibilidade,
revestiu esse corpo iônico com delicadíssima túnica molecular, estruturada à base de ectoplasma,
combinado com células vegetais, recolhidas principalmente (como já captou a intuição humana) de vinhedos
e trigais.
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Louis De Broglie provou, em seus estudos de mecânica ondulatória, que grãos de matéria, em seu
movimento, são acompanhados de ondas. Assim, acabou ficando claro e assente não só que a energia
radiante se constitui de ondas e corpúsculos, associados de modo indissolúvel, mas, por igual, que essa
associação também se verifica na matéria. Conhecesse Dirac os dados faltantes ao seu raciocínio, isto é, as
realidades do mundo espiritual, e já não lhe pareceria tão misterioso o laço que une corpúsculos e ondas.
Muito bem se expressou De Broglie, quando escreveu estas palavras dignas de meditação: “Para o
ignorante, um raio de luz é algo bem simples e bem banal, mas o cientista pode dizer a si mesmo o
contrário: saberíamos muitas coisas se soubéssemos apenas o que é um raio de luz.”
***
Embora nossas toscas palavras e rudes considerações não possam, de nenhum modo, dar a mais
pálida idéia do imensurável sacrifício do Cristo Divino para materializar-se entre os homens, convém aqui
refletirmos um pouco sobre o que sabe a experiência humana, no campo dos tormentos a que está exposta
no mundo a sensibilidade apurada. Já nem queremos insistir no que representa uma redução de radiações
gama, de 0, 0001 milimícrons de comprimento de onda e freqüência da ordem 1021 por segundo, a
radiações percebíveis pelo olho humano, de 0, 8 microns a 0, 4 mícronn de comprimento de onda e
freqüência de cerca de 5.1014 por segundo. O que avulta de pronto à nossa assustada percepção é a
superlativo massacre de sensibilidade que se evidencia no fato da um Ser, não apenas de super-
requintada, mas de divina delicadeza sensorial, expor-se ao inferno de baixas, odientas e agressivas vibra-
ções terrestres, para respirar e agir, por inexcedível amor, no clima superlativamente asfixiante de nossas
humanas iniqüidades.
Em face do muito de sublime já escrito na vasta literatura espírita-cristã, sobre a dor moral, em
suas variadíssimas expressões, não examinaremos aqui esse primordial e nobilíssimo aspecto do sacrifício
messiânico, mas insistiremos em chamar a atenção para a terrível realidade psicofísica do maior de todos
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os dramas de dor, que foi a materialização crística neste mundo de trevas e maldade; dor real inimaginável,
jamais sofrida, na Terra, por qualquer Ser vivente, nem antes nem depois do Filho de Maria.
O espectro da dor é temido pelos homens até os limites do pânico. Quem saberá, porém, formar
idéia do que possá ser a dor de algum Arcanjo? Muitos esquecem que a evolução é, por natureza,
aguçadora da sensibilidade; que não só os poderes da percepção, mas igualmente os da sensação, se
ampliam e apuram, à medida que o Ser ascende na escala evolutiva. O simples paramécio, mero
protozoário ciliado, sente e reage a diferenças de temperatura e de concentração de substâncias químicas.
O estigma, orgânulo flagelado, é sensível às variações da luz ambiente. Os já possuidores de sistema
nervoso, respondem ao calor e ao frio, à pressão e ao tato, a substâncias químicas, à luz e ao som. Todos
os animais reagem a estímulos externos, como modificações de umidade, gravidade ou disponibilidade de
oxigênio. Para alguns, como determinados répteis, mudanças de temperatura podem ser de conseqüências
vitais. A própria minhoca, que não tem olhos, acusa a presença de uma fonte luminosa. Na escala evolutiva,
a capacidade sensorial não cessa de aperfeiçoar-se. Das medusas aos platelmintos, dos nematelmintos aos
moluscos, dos protocordados nos vertebrados, o sistema nervoso evolui sempre, até atingir a complexidade
que apresenta no organismo humano. Neste, muito além das sensações captadas e transmitidas pelos doze
pares de ucrvos cranianos, bem sabem os estudiosos do sistema nervoso autônomo quantas e quão
importantes são as manifestações psicossomá Ucas provocadas por transtornos emocionais.
Aos menos afeitos a estudos de Física, informamos que ressonância é, na bem elaborada
definição de Horácio Macedo, “o fenômeno que ocorre quando um sistema oscilante (mecânico, elétrico,
acústico, etc.) é excitado por um agente externo periódico com uma freqüência idêntica a uma das suas
freqüências próprias. Nestas circunstâncias, há uma transferência fácil de energia da fonte externa para o
sistema, cujas oscilações podem ter amplitude muito grande. Se não houver amortecimento, a amplitude
pode atingir, em principio, qualquer valor, por maior que seja; nos casos práticos, o amortecimento a limita.”
E há também a ressonância magnética, muito mais importante, para cuja definição, em linguagem humana
corrente, valemo-nos da redação clara e simples do mesmo autor: “A transferência de energia de um campo
eletromagnético para um sistema atômico ou subatômico, em presença de um campo magnético, pode
ocorrer com núcleos ou com elétrons orbitais. (...) Fornecendo-se ao núcleo radiação com certa freqüência,
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na presença do campo magnético, ocorre uma absorção ressonante. Esta absorção ou, como se faz
correntemente, a emissão que se lhe segue, pode ser detectada num circuito apropriado e é o que constitui
a ressonância magnética nuclear.”
Fato é que a interação entre os dois planos é tão grande que na realidade são um plano só. A
Humanidade, em seu conjunto, constitui uma só grande família e se compõe de encarnados e
desencarnados, em proporções que variam conforme as circunstâncias de cada época, todas essas
circunstâncias devidamente controladas pela Vontade Sábia do Cristo Planetário, Governador Espiritual da
Terra. Em razão disso, bens e males, progressos e problemas são partilhados entre encarnados e
desencarnados, em processo de intimo e ininterrupto intercâmbio. O campo da cooperação e da inspiração,
tanto quanto o das obsessões e do vampirismo, vem a ser, na verdade, um só campo de comunhão vital
entre criaturas irmanadas pela natureza e pelo destino. O que realmente varia é sobretudo a
conscientização das sensações e a sua essência moral. Encerremos, porém, esta rápida digressão, pois o
que nos propomos sublinhar aqui é que a condição de desencarnado outorga ao Espírito maiores poderes
de sensibilidade consciente, na exata proporção da menor densidade do seu veículo psicossomático e do
seu grau evolutivo. Todas essas considerações valem também para os Espíritos encarnados quando em
desdobramento sonambúlico e pare os desencarnados em processo de materialização na Crosta.
Impõe-se-nos a referência a tais situações, por serem tais eventos imensamente mais freqüentes
do que os homens terrestres costumam supor. Extremamente desatentos a tudo quanto não sejam os seus
interesses imediatos e o seu “ego” personalístiro, simplesmente não se apercebem de que lidam
constantemente com pessoas, imagens e coisas de outro plano, momentaneamente percebidas, muita vez
com a ajuda de seus próprios recursos ectoplasmáticos, sem que anotem a realidade e a natureza desses
fenômenos, exceto quando, algumas raras vezes, a “estranheza” de certos acontecimentos lhes causa
calafrios. Assim é que verdadeiros agêneres são tachados de demônios ou assombrações. Entretanto, os –
”cubos” e os “súcubos” da lenda nem sempre são seres imaginários e sim personagens muito reais do
grande drama humano.
Há, porém, agêneres e agêneres. Tais seres são, por definição, criaturas fisiologicamente não
geradas como o normal dos encarnados. Noutras palavras, seres que se mostram materialíizados aos olhos
humanos, às vezes por longos períodos, que são sempre interrompidos, necessariamente, por variáveis
interregnos de tempo. Em casos especiais, a freqüência com que aparecem dá uma poderosa impressão de
continuidade.
Existem, contudo, outros seres, muito peculiares, que não são propriamente agêneres, mas que
pertencem muito mais ao plano extrafísico do que ao plano que chamamos físico. Trata-se de criaturas sem
dúvida humanas, mas cuja ligação biopsicofisiológica com a matéria densa a que chamamos “carne” é a
mínima possível. São Espíritos sublimes, de imensa superioridade evolutiva, que só encarnam na Terra em
raras e altíssimas missões, de singularissima importância para a evolução da Humanidade. O maior desses
Espíritos foi a Mãe Maria de Nazaré, a Virgem Excelsa, Rainha dos Anjos, cuja presença material, na Crosta
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Terráquea, foi indispensável para a materialização do Messias Divino entre os homens. Coube a ela
fornecer ao Mestre a base ectoplasmática necessária à sua tangibilização, servindo ainda de ponto de
referência e de equilíbrio de todos os processos espirituais, eletromagnéticos e quimiofísicos que
possibilitaram, neste orbe, a Presença Crística. Tudo o que o Senhor Jesus sentiu, na sua jornada
messiânica, repercutiu diretamente nela, na Santa das Santas, na Augusta Senhora do Mundo. Estrela
Divina do Universo das Grandes Almas, também ela teve de peregrinar do paraíso excelso de sua felicidade
para o nosso vale de lágrimas, a fim de ajudar e servir a uma Humanidade paupérrima de espiritualidade, da
qual se fez, para sempre, a Grande Mãe, a Grande Advogada e a Grande Protetora.
Teve, portanto, sobradas razões para exclamar, como registrou o evangelista Marcos (9:19): “ó
geração incrédula e perversa, até quando me fareis sofrer?” O sofrimento experimentado por Jesus, na
preparação e no decurso de seu messianato, não teve, não tem e não terá similar, de qualquer ângulo que
seja analisado, inclusive no que concerne à dor física, tal como a entendemos, em vista da sua inigualável
sensibilidade orgânica.
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vemos, é bem outra, incomparavelmente bela, justa, santa, lógica e real; a realidade do sublime amor
daquele que é, de fato, o Caminho, a Verdade e a Vida.
Apesar do efetivo apreço e da confessada admiração que votamos à inteligência humana, somos
compelidos a reconhecer que ela ainda não dispõe de capacidade suficiente para bem avaliar a divina
grandeza do Espírito Crístico de Jesus. Isso talvez explique por que tantos intelectuais ilustres tentaram e
tentam minimizar o significado do Evangelho no contexto da evolução planetária, embora nenhum jamais
tenha ousado negar-lhe a inigualável expressão moral e a profunda influência na história dos povos.
Buscam, porém, ignorar-lhe a inapreciável contribuição nos campos da Ciência, da Filosofia e do Direito,
procurando limitá-lo às dimensões de apenas uma religião, dentre as demais religiões humanas. É, porém,
chegada a hora de se aferir melhor a realidade dos fatos, para que a verdade e a justiça prevaleçam, no
interesse da Humanidade.
Como conseguiu isso? Convidamos os intelectuais do mundo inteiro a considerar seriamente esta
questão: - como foi que Ele o conseguiu? Por que quanto mais o tempo passa, mais é lembrado, mais é
amado, mais fortemente se faz o centro vivo de todas as civilizações, de todas as controvérsias filosóficas,
de todas as discussões religiosas? Como seu nome e seus ensinos, ao invés de morrerem na pobre
Palestina, se firmaram em todo o Império Romano, depois em todo o Ocidente e já agora em todas as
regiões do nosso mundo? Que Homem foi esse, que disse e que fez, para produzir tão indescritível e
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permanente comoção, cada vez maior, mais conseqüente, profunda e irresistível? Não é verdade que se
pudéssemos somar todos os grandes gênios, todos os grandes santos e todos os grandes guerreiros, a
todos os estadistas, reis, poetas, músicos, cientistas e filósofos, toda essa majestosa plêiade representaria
pálida legião de glória e poder, se fosse confrontada com o poder e a glória do Cristo-Jesus, a quem o
próprio tempo, que a tudo o mais destrói, só acrescenta honras divinas?
Não será que o Cristo cresce, a cada dia, diante dos olhos e do coração dos homens, exatamente
porque só a pouco e pouco, à medida que os homens evoluem, vão podendo melhor entendê-lo e melhor
senti-lo? Sim, Irmãos em Humanidade! É isso o que acontece Somente à medida que vamos crescendo em
inteligência, em dignidade moral, em pureza de sentimentos, em experiência da vida, em ciência e em
técnica, vamos podendo, vagarosa, mas efetivamente, ir compreendendo melhor, e melhor sentindo o
Espírito e a Mensagem do Cristo Divino! Tão imensos são o poder e a sabedoria dEle, tão indizível o seu
amor, que Ele pôde produzir esse sublime milagre de nos revelar, sem ofuscar-nos, verdades eternas, de in-
contáveis faces, dosando-as de tal modo e com tanta propriedade, que pudessem ir sendo por nós
compreendidas e assimiladas, sem pressa, sem traumas, sem imposições, sem inconvenientes, ofertando-
nos um legado inesgotável de sabedoria e de amor, capaz de alimentar-nos e de enriquecer-nos para
sempre!
Quantas verdades transcendentes e desconhecidas nos foram reveladas por Jesus e registradas
no seu Evangelho Divino! Até que a palavra amorosa e sábia do Mestre nos esclarecesse, que idéia
fazíamos de nós mesmos? Na pobreza de nossa imaginação, não passávamos de seres criados ao acaso
dos caprichos de deuses indiferentes e cruéis, cuja benevolência precisávamos conquistar com sacrifícios e
oferendas servis e cujas cóleras quase nunca se aplacavam senão diante do sangue inocente de nossos
próprios filhos, que éramos constrangidos a imolar-lhes! Libertando-nos definitivamente desse aviltante
servilismo e elevando-nos à incomparável condição de Príncipes dos Universos, Jesus nos revelou a
amorosa paternidade do Deus Eterno e único, conscientizou-nos de sua onipotente bondade, de sua
misericordiosa e infalível justiça, de sua presença onímoda e perene, ensinando-nos a elevar até Ele a força
do nosso pensamento e a confiar com filial devoção na sua infatigável Providência!
Honrando-nos o entendimento, disse-nos, antes de qualquer outro, que na Casa do Pai há muitas
moradas, que a vida estua pelo infinito dos espaços, que multidões incontáveis de palácios siderais abrigam
radiosas Humanidades, que o Pai não cessa de trabalhar, de criar, de expandir e sublimar as bênçãos
supremas da vida. Retificando velhos conceitos errôneos, filiados à nossa ancestral ignorância, convidou-
nos a compreender que Deus dá a cada um segundo as suas obras, de perfeito acordo com a Lei de Causa
e Efeito, estabelecendo em novas bases as nossas concepções de justiça. Falou-nos com clareza da lei das
reencarnações, dos imperativos da evolução incessante, da indispensabilidade do esforço próprio, do mérito
pessoal, para o progresso sem-fim.
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como a pluralidade dos mundos habitados, a lei das reencarnações, a Lei de Caua e Efeito como base da
soberana justiça, a paternidade universal de Deus, que desautoriza a teoria da geração espontânea, a lei de
intercomunicação entre os planos espirituais da vida, que consagra a cientificidade dos fenômenos
mediúnicos e a lei das compensações de valores, segundo a qual o amor cobre a multidão dos pecados.
Curiosamente, a Ciência, como tal oficialmente considerada, gastou dois mil anos para admitir,
com grande timidez, a remota possibilidade de cada uma dessas verdades elementares e fundamentais, e
ainda não conseguiu incorporar nenhuma delas ao seu acervo de conhecimentos definitivos, por absoluta
falta de condições técnicas para as comprovações necessárias!
Quando a lei das reencarnações for finalmente compreendida e aceita pela Ciência, a Psicologia e
a Psicanálise alcançarão níveis excepcionais de progresso. A Psiquiatria atuará com muito maior segurança
e eficácia quando puder entender os ascendentes e os mecanismos da fenomenologia medianímica. A
Parapsicologia encontrará caminhos ilimitados de desenvolvimento quando incorporar aos seus princípios a
certeza da imortalidade e as técnicas de intercomunicação dos Espíritos.
No dia em que a Medicina conseguir detectar na mente o fulcro causal e o núcleo controlador de
todas as atividades e ocorrências biopsicofísicas, poderá inaugurar nova era para a saúde e o bem -estar
dos povos; e através da terapêutica de eliminação do ódio e da cupidez, do orgulho e da intemperança,
provará que Jesus estava certo quando garantiu a posse da Terra aos mansos de coração.
No futuro, a Medicina Espírita, bem servida pela Física das Radiações e pela Química dos Fluidos,
saberá utilizar os poderes anímicos e as forças da Natureza para, como fazia o Médico Divino, interromper o
sono cataléptico, libertar possessos e obsidiados, curar paralíticos e cegos, limpar leprosos, devolver a
audição aos surdos e a luz da paz aos desesperançados.
A Filosofia, por sua vez, não pode queixar-se senão de si mesma, por não ter conseguido
assimilar, até agora, as mais substanciais lições do Excelso Mestre. Se são ainda tão precários os conceitos
filosóficos de ética, é porque os homens de pensamento não adquiriram bastante luz espiritual para
realmente compreender a divina moral de Jesus, integral, e eterna, definitiva e abrangente. Em termos
substanciais, a Moral não é relativa, não é mutável em função dos costumes, das culturas e das épocas. Um
dia, os cultores da Filosofia entenderão que a Moral Evangélica é padrão eterno, ao qual as outras formas
transitórias de moral menor terão afinal de ajustar-se, porque as diferenciações evolutivas, na dinâmica do
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progresso, não traduzem senão valores provisórios que não se podem confundir com os módulos estáveis
do valor maior, definitivo e supremo.
Como mudarão os conceitos de Estética, quando o Bem for, no mundo, o soberano e único
modelo de arte e de conduta! Decerto cessarão as aberrações e as monstruosidades que se impingem
desgraçadamente como formas consideradas hábeis de beleza, e que não passam de tenebrosas
expressões de distorção mental e de grosseira deturpação da sensibilidade.
Talvez seja, porém, nos domínios da Lógica que a maior revolução terá lugar, na era nova do
Evangelho Aplicado, porque o pensamento regenerado não mais adotará premissas mentirosas para chegar
a falsas conclusões, rotulando tais descalabros com sinetes enganosos de insustentáveis silogismos.
Cessará, para felicidade de todos, o vezo infausto de mascarar a verdade e de, por via de con-
temporizações com o erro, fazer claudicar a justiça. Então, já não mais terão honras de doutrinas filosóficas
as concepções negadoras da paternidade de Deus e da dignidade humana, da superioridade do bem e da
fraternidade universal, da supremacia do amor e da soberania da verdade.
Como o Direito Humano está ainda longe desses princípios divinos de legítima fraternidade e
verdadeira justiça! Quantos dolorosos conflitos, quantas difíceis provações, quanta dor e quantas lágrimas
ainda terão de acicatar o sentimento e a inteligência dos homens, para que eles finalmente entendam e
aceitem as diretrizes evangélicas como normas ideais para suas instituições, a fim de terem alegria e paz
em suas vidas! Até lá, a sabedoria do Mestre continuará parecendo aos doutos juristas do mundo alguma
coisa lírica e irreal, fantasiosa e inaplicável...
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Enquanto, porém, houver sobre a face da Terra pobres e famintos, gente que chora e almas sem
misericórdia, a palavra de Jesus não cessará de ecoar nas eternas Bem-aventuranças! Por mais que
demore, os princípios da força serão substituídos, no mundo, pelos da misericórdia, e os mandamentos da
astúcia pelos da verdadeira justiça. Nesse dia, acima do Direito Público e do Direito Privado, do Direito de
Sociedade e do Direito de Família, estará o Direito Divino do Amor Universal e Eterno, a reger a vida
humana para o entendimento e a felicidade.
Então, a Religião não será mais objeto de exploração entre os seres humanos, nem instrumento
de poder político ou de exacerbação de vaidades sociais. As preces, sentidas e sinceras, não serão
comercializadas e os maiores dentre os irmãos serão invariavelmente os servidores de todos.
O divino legado de Jesus, que a Humanidade Terrena ainda não quis aceitar e não pôde receber,
é o de um mundo feliz, de paz e amor, sem injustiças, sem opróbrios, sem miséria, sem orfandade, sem
crimes e sem ódios, sem fratricidios e sem guerras, , onde todos, solidários e progressistas, criarão a
Beleza, desenvolverão a Ciência e as Artes, a Filosofia e a Técnica, com trabalho digno e repouso honesto,
na nobreza do lar e na administração operosa e esclarecida.
IX - DEPOIS DO CRISTO
Como escreveu o Evangelista, Jesus veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Sua
Mãe teve de deitá-lo numa manjedoura, porque não havia lugar para ele na hospedaria de Belém.
O governante da Galiléia não vacilou em sacrificar toda uma geração de crianças, no intuito
declarado de matá-lo. Na sua cidade de Nazaré, foi rejeitado pela sua gente. Os chefes de sua nação não
se cansaram de lhe armar ciladas e provocações. Traído e caluniado, acabaram por lhe infligir prisão,
abandono e suplícios, para afinal condená-lo e lhe dar morte humilhante. Sua doutrina de amor e paz foi
ferozmente combatida, seus discípulos foram perseguidos, proscritos, atormentados e mortos.
A Luz Divina, porém, não seria derrotada. O Cristianismo a tudo resistiu, fortaleceu-se e espraiou-
se com a rapidez de um raio. Depressa chegou a Roma, a toda a Ásia Menor, à Grécia, às Gálias e à África
do Norte. Os textos evangélicos foram redigidos, a missão de Paulo universalizou os ensinos doutrinários,
João recebeu e divulgou o Apocalipse...
Soara a grande hora do advento da Civilização Cristã no mundo, com amplo aproveitamento da
formidável infra-estrutura político-social do Império Romano. Embriagada, porém, de sangue e de prazer, de
ouro e de ódio, de intolerância e de orgulho, Roma assumiu a infeliz posição de cruel perseguidora de
Jesus. Sob Nero, os cristãos são espezinhados, torturados, entregues às feras e queimados nas praças. A
árvore do mal começa então a dar os seus frutos de treva. O templo de Jerusalém é destruído pelos
soldados de Flávio Sabino Vespasiano; os judeus são dispersos pelo mundo; os chineses submetem a Ásia,
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até o Golfo Pérsico; o Vesúvio em erupção arrasa Herculano e Pompéia; hordas germanas invadem
destruidoramente a Península Itálica; Artaxerxes vence os partas e funda o Império Neopersa. Nas hostes
romanas, instalou-se a anarquia militar, cuja assustadora progressão levou Diocleciano a aceitar a divisão
do Império Romano em Império do Oriente e Império do Ocidente (este último sob o poder de Maximiano) e
a criar um sistema tetrárquico de governo, com dois césares (Galério e Constâncio) associados aos dois
imperadores, de quem foram declarados sucessores.
Das terríveis lutas pelo poder, que a isso se seguiram, resultou a aliança de Valério Licínio
(sucessor de Galério) com Constantino (sucessor de Constâncio) que derrotou Maximiano e venceu seu
filho Maxêncio, morto este último na sangrenta batalha da Ponte Milvius. Pelo Edito de Milão, os dois
∗
imperadores (Licínio, do Oriente, e Constantino, do Ocidente) asseguraram ( ) aos cristãos a sonhada
liberdade de culto, levada mais tarde a extremos pelo imperador Teodósio que, em 381, tornou o
Cristianismo religião oficial do Império e proibiu os demais cultos em todos os territórios romanos. - Desse
conúbio entre os interesses do Império e da Igreja nasceu o Catolicismo, cujo voraz apetite de riqueza e de
poder e cujos pomposos rituais, refertos de ostentação e de paganismo, deturparam a simplicidade do
Evangelho e traíram a mensagem sublimal do Espírito do Cristo. Quando esse trevoso processo de
desfiguração do Cristianismo atingiu o auge, o Poder Celeste, depois de esperar 400 anos, decidiu pôr um
fim definitivo à glória e à força da poderosa Roma Imperial.
Godos, francos, suevos, saxões, álanos, anglos, vândalos e burgúndios começaram a pilhar os
territórios romanos. Tangidos pelos hunos, que flagelavam as Gálias, os visigodos invadiram vastas áreas
orientais do Império, devastaram extensas regiões da Grécia e da Itália e, em 410, saquearam a própria
cidade de Roma. Em 455 foi a vez dos vândalos pilharem a grande e já então infeliz metrôpole, cujo Império
acabou por ruir fragorosamente em 476, quando o hérulo Odoacro depôs Rômulo Augústulo, o último
imperador romano do Ocidente. Iniciava-se então a Idade Média.
Ante a falência do Império Romano e da Igreja Católica, as Potências do Céu decidiram que a
Civilização Ocidental devia ser reconstruída. No esforço de preparar o advento de uma nova era, grandes
missionários de Jesus foram enviados à Terra, para regenerar o Cristianismo e reavivar a chama sagrada
da fé. Dois dentre esses missionários eram elevadas expressões de capacidade realizadora, que
efetivamente se destacaram pela sua ação, de largas conseqüências. Referimo-nos ao grande Bento,
nascido em Nursia, em fins do século V, cuja Ordem conseguiu conquistar para o Cristo grande número de
bárbaros, principalmente entre os germanos, e o árabe Maomé, nascido em Meca, no ano 570. Infelizmente,
∗
Em 325, Constantino afastaria Licínio e reunificaria o Império.
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o Profeta do Islã não conseguiu vencer as tentações do poder humano e, falhando nos sagrados
compromissos assumidos para com o Cristo, deixou no mundo uma doutrina cuja violência e intolerância
levariam os árabes a tentar, pela força, o domínio do mundo.
Nomeado pelo próprio Maomé, seu genro, supremo chefe religioso, político e militar dos
muçulmanos, Abu-Bekr iniciou, com o auxílio do grande general Ornar, de Otmã, Ali e Mohaviah, a “Guerra
Santa” contra os “infiéis”. Revelando extraordinária combatividade e grande perícia guerreira, os islamitas
obtiveram, de Imediato, êxitos marcantes. Antes do ano 700, já dominavam todo o litoral norte-africano e,
em 711, sob o comando do General Tariq lbn Ziyad, atravessaram o estreito de Gibraltar, conquistaram
quase toda a Ibéria e, se não fosse a vitória de Carlos Martel, em 732, na batalha de Poitiers, teriam
também submetido a França. O Império Árabe chegou a ser tão grande que, além da Arábia, abrangia toda
a Siria, a Mesopotâmia, a Pérsia, parte do norte da índia, ilhas do Oceano Indico, a Armênia, o Turquestão,
o Egito, a África do Norte e quase toda a Espanha.
Esboça-se então, como por encanto, a revivescência do antigo Império Romano, com a
perspectiva de ser alcançada a unidade político-administrativa da Eurásia e do conseqüente
estabelecimento de um só governo central. Essa expectativa, porém, durou bem pouco, porque com a
desencarnação do Imperador Luís, sucessor de Carlos Magno, o Tratado de Verdun, celebrado em 843,
efetuou o desmembramento do Império. Luis, o Germânico, ficou com a Alemanha; Carlos, o Calvo, com a
França; Lotário, com a Lotaríngia, que abrangia, entre outras, as regiões que constituem hodiernamente a
Holanda, a Suíça, quase toda a Itália e a região da Alsácia-Lorena.
Abrimos aqui um rápido parêntese para lembrar que os povos gregos, a quem tanto deve a
Humanidade, os latinos, que organizaram o Império Romano, os celtas, os eslavos e os germanos eram,
todos eles, povos formados por aqueles mesmos Espíritos que, partindo da Ásia, em tempos remotos, na
alvorada das civilizações terrestres, atravessaram os planaltos pérsicos e se espalharam do Báltico ao
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Mediterrâneo. De todos os exilados de Capela, eram eles os mais revoltados e os menos afeitos à
religiosidade, mas eram também os menos preconceituosos e os mais abertos à confraternização com os
“filhos da Terra”, que por aqui encontraram. Eles criaram as bases democráticas da organização política dos
povos ocidentais; sistematizaram a agricultura, o pastoreio e o comércio, e, com a sua inteligência inquieta e
fecunda, lançaram os funda mentos da Ciência e a fizeram evoluir até as magnificências de, hoje em dia.
Voltemos, porém, a considerar a situação reinante no mundo. No fim do século IX, a Civilização
Khmer conheceu a sua idade de ouro. Com capital em Ankor, dominava as vastas regiões onde hoje se
situam o Laos, o Camboja, a Tailândia e o Sul do Vietnam. No século X, a Lorena foi anexada à Alemanha e
Henrique-o-Passarinheiro fundou o Império Germânico. Córdoba, sob o califado de Abdu-al-Rahman II,
tornou-se o centro da cultura árabe na Europa. Na China, Tai-tsu fundou a dinastia Sung, que governaria
até 1279. Foi inventada a pólvora. Oto I, o Grande, fundou, em 962, o Sacro-Império Romano-Germânico,
que unia a Itália à Alemanha.
No século XI, Canuto II, da Dinamarca, tornou-se rei da Inglaterra e da Noruega. Henrique III, do
Sacro-Império, dominou a Hungria, a Polônia e a Boêmia. Em 1054, deu-se o Cisma de Miguel
Reconhecendo. que a Igreja de Roma havia-se tornado o mais importante centro de poder político
do mundo, as Potências Celestes empreenderam, mais uma vez, considerável esforço para promover a
regeneração de suas estruturas, àquela altura profundamente corroídas por todos os tipos de descalabro
moral e de mercantilismo simoníaco. Para esse fim, as Forças do Bem utilizaram o que restava de
dignidade na Ordem Beneditina, que recebeu então o apreciável reforço de numerosos Espíritos,
encarnados para a tarefa específica de fazer dela poderoso fulcro de restauração do verdadeiro
Cristianismo. É nesse contexto que se inserem, dentre as nobres missões por muitos desempenhadas, a do
Papa Gregório VII, cujos méritos e cuja grandeza espiritual superam todos os aspectos menos felizes de
sua atuação humana, ao longo de um pontificado que se desenvolveu de 1073 a 1085.
Após a primeira e desastrada expedição, chefiada pelo próprio Eremita, quatro grandes grupas
armados reuniram-se em Constantinopla, em 1096, e rumaram para os Lugares Santos. A maior parte dos
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expedicionários nunca chegou ao seu destino, porque numerosos fidalgos, tirando proveito pessoal das
vitórias que iam obtendo pelo caminho, preferiram dedicar-se a conquistar para si mesmos terras férteis e
ricas que encontravam. Ainda assim, o aguerrido exército que, sob o comando de Godefroy de Bouillon,
vencera Nicéia e Antioquia, apoderou-se de Jerusalém.
Valendo-se, porém, das desgastantes disputas que travaram entre si os conquistadores cristãos,
os muçulmanos recuperaram, em 1147, a cidade de Edessa e ameaçaram apoderar-se de novo dos demais
territórios que haviam perdido. Diante disso, o Papa Eugênio RI promoveu nova Cruzada, sob as ordens de
Conradó III, da Alemanha, e de Luis Vil, da França, que durou de 1147 a 1149 e redundou em tão grande
fracasso militar que, poucos anos depois, em 1187, o grande sultão Saladino reconquistou Jerusalém.
Reagindo a esse desastre, os três mais poderosos soberanos católicos da Europa - Ricardo
Coração de Leão, da Inglaterra, Frederico Barbarroxa, da Alemanha, e Filipe Augusto, da França -
decidiram lançar-se a uma terceira Cruzada contra os maometanos; mas, desunidos pelo orgulho e
incapazes de somar as próprias forças, resolveram enfrentar separadamente as hostes de Saladino, que os
venceu um a um. Fraderico Barbarroxa morreu ao tentar a travessia duma corredeira. Ricardo Coração de
Leão, aprisionado por seu inimigo Leopoldo, da Áustria, amargou exílio e prisão por longos anos.
Houve ainda uma quinta, uma sexta, uma sétima e uma oitava Cruzadas, que terminaram, todas
elas, em ruidosos fracassos. Arduas últimas foram levadas a efeito por Luís IX, da França, que na sétima foi
aprisionado pelos turcos e depois libertado mediante pagamento de pesado resgate. No inicio da oitava, o
rei desencarnou, em Túnis, vitima de epidemia.
Consagrando a violência como arma da fé, em absoluto desacordo com o espírito do vero
Cristianismo, as Cruzadas não atingiram os fins a que se propuseram e resultaram em completo desastre
militar. Apesar disso, a Sabedoria Celeste aproveitou ao máximo, em favor da Humanidade, o que esses
grandes movimentos bélicos foram capazes de criar de bom. Se recordarmos rapidamente qual era a
situação da Europa no início do século IX, logo nos daremos conta de que a política de Carlos Magno havia
instituído as bases do feudalismo medieval, ao confirmar no poder os seus vassalos, mas lhes impondo a
sua imperial autoridade através dos famosos “enviados do senhor”.
Os sucessores do grande imperador não tinham, porém, nem de longe, o seu talento, nem a sua
força, e, morto ele, os fidalgos, que mais não eram do que chefes guerreiros (ou os seus herdeiros)
travestidos de nobres, embora respeitassem, por conveniência própria, as hierarquias formais do poder,
passaram a governar os seus feudos como senhores incontestados e absolutos. Despóticos e preguiçosos,
completamente despreocupados de seus povos e sem qualquer compromisso com o progresso, seu
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O contato dos cruzados com o luxo e o conforto dos potentados muçulmanos despertou nos
europeus um novo e forte desejo de regalos que dantes ignoravam e que custavam fortunas só adquiríveis
através do trabalho produtivo e fecundo. Foi assim que, para conseguir açúcar, cravo, baunilha, pimenta,
canela, sofás, almofadas e divãs, sedas e tapetes, aqueles fidalgos, antes ociosos, voltaram aos seus
domínios com novas disposições, sem dúvida egoístas, mas que devolveram aos povos europeus a bênção
do trabalho, e, com ela, considerável melhora nas condições de vida das populações, amplamente
beneficiadas pelo vigoroso crescimento da indústria e do comércio.
Ao lado disso, os cruzados também trouxeram para a Europa muitos livros esquecidos ou
desconhecidos no Velho Mundo, até mesmo pelas elites clericais; livros que os árabes haviam traduzido dos
gregos, e outros que eles próprios haviam produzido, versando sobre astronomia, medicina, geografia e
matemática. Para que se possa medir, de algum modo, a importância disso, deve-se compreender que, sem
esse trabalho dos árabes, descoberto e aproveitado pelos europeus, provavelmente não houvessem
surgido, nos séculos XIII e XIV, as primeiras universidades européias, que tão esplêndidos serviços iriam
prestar à Humanidade; e nem houvessem surgido tão brilhantemente, no firmamento da cultura humana,
pensadores como Tomás de Aquino e Rogério Bacon, e poetas do talento de Dante e de Petrarca.
Além desses magnos benefícios, não devemos esquecer que populações inteiras se alforriaram,
comprando a própria liberdade a tiranos necessitados de dinheiro. Isso trouxe uma conseqüência política de
extraordinária significação, na medida em que o fortalecimento do poder central dos monarcas abalou
definitivamente as bases do feudalismo.
Entretanto, nada disso obscurece a verdade de que o panorama do mundo era tão sombrio, nos
inícios do século XI, que, nas regiões mais elevadas do arcabouço planetário, o Colégio Cristico determinou
a encarnação em massa de um verdadeiro exército de tarefeiros do bem, para sustentar a chama sagrada
do ideal evangélico, ameaçada pela terrível ventania de violência e depravação que varria a Terra. Por isso,
enquanto os dignitários da Igreja e os senhores feudais erguiam taças e espadas, em nome de Deus,
abnegados penitentes davam, nos mosteiros, nas vilas e nos campos, os mais santos exemplos de piedade
e amor cristão. Notabilizaram-se nisso os albigenses e os valdenses, cujo zelo apostolar provocou cruéis
perseguições de insensatas autoridades humanas.
Ante tão lamentáveis descalabros e tão profunda deturpação dos ensinos do Divino Mestre, o
grande Vidente de Patmos ofereceu-se a Jesus para voltar ao mundo, numa veste de carne, a fim de
recordar, com o seu exemplo de amor e de pobreza, as lições imortais do Nazareno. Assim foi que nasceu
em Assis, em 1182, o seráfico Francisco, cuja pureza e cuja doçura impregnariam para sempre as
paisagens itálicas.
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A reação das forças negrejantes foi imediata, e já no ano seguinte, 1183, o Concílio de Verona
lançava as bases eclesiásticas da Inquisição, que levaria, dai a vinte e três anos, à fundação da Ordem
Dominicana dos Irmãos Pregadores. E como as ameaças e as prisões não houvessem bastado para calar a
voz dos albigenses, o próprio Pontífice Romano pediu, em 1209, que se organizassem, contra eles,
campanhas militares. Mas nesse mesmo ano de 1209, enquanto as primeiras expedições punitivas eram
movidas contra os cristãos de Albi, Francisco fundava, na úmbria, a Ordem dos Irmãos Menores, para o
exercício da mais completa humildade e da mais absoluta pobreza.
O exemplo dos franciscanos não comoveu, porém, o espírito belicoso dos príncipes e dos clérigos;
e três anos após a desencarnação do Pobrezinho, as milícias do tenebroso Simão de Monfort perpetraram,
contra os albigenses, o massacre de 1229, que os exterminou.
Também o Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino, que tão valentemente se mantivera
até então, prestando assinalados serviços à cultura humana, acabou capitulando para sempre, ante as
hordas poderosas do califa Maomé II, que entrou vitoriosamente em Constantinopla no dia 29 de maio de
1453. Naquela data, enquanto Dragases defendia, até morrer, a capital do Império, os frades de Bizâncio,
alheios à realidade, travavam discussões acaloradas e estéreis, que passaram à História como “discussões
bizantinas”.
Com as fogueiras que queimaram vivos João Huss, em 1415; Jerônimo de Praga, em 1416, e
Joana d’Arc, em 1431; e com a queda de Constantinopla, em 1453, ruiu o mundo antigo; mas quando
Colombo e Cabral, no último decênio do século, chegaram às terras americanas, abrindo a cortina do
tempo, surgiram, como por encanto, no cenário humano, um mundo novo e uma nova era.
“É então - escreve Emmanuel, em seu precioso livro “A Caminho da Luz” - que inúmeros
mensageiros de Jesus, sob a sua orientação, iniciam largo trabalho de associação dos Espíritos, de acordo
com as tendências e afinidades, a fim de formarem as nações do futuro, com a sua personalidade coletiva.
A cada uma dessas nacionalidades seria cometida determinada missão no concerto dos povos futuros,
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segundo as determinações sábias do Cristo, erguendo-se as bases de um mundo novo, depois de tantos e
tão continuados desastres da fraqueza humana. Constroem-se os alicerces dos grandes países como a
Inglaterra, que, em 1258, organiza os Estatutos de Oxford, limitando os poderes de Henrique III, e em 1265
erige a Câmara dos Comuns, onde a burguesia e as classes menos favorecidas têm a palavra com a
Câmara dos Lordes. A Itália prepara-se para a sua missão de latinidade. A Alemanha se organiza. A
Península Ibérica é imensa oficina de trabalho e a França ensaia os passos definitivos para a sabedoria e
para a beleza. A atuação do mundo espiritual proporciona à história humana a perfeita caracterização da
alma coletiva dos povos. Como os indivíduos, a$, coletividades também voltam ao mundo pelo caminho da
reencarnação. É assim que vamos encontrar antigos fenícios na Espanha e em Portugal, entregando-se de
novo às suas predileções pelo mar. Na antiga Lutécia, que se transformou na famosa Paris do Ocidente,
vamos achar a alma ateniense nas suas elevadas indagações filosóficas e científicas, abrindo caminhos
claros ao direito dos homens e dos povos. Andemos mais um pouco e acharemos na Prússia o espírito
belicoso de Esparta, cuja educação defeituosa e transviada construiu o espírito detestável do
pangermanismo na Alemanha da atualidade. Atravessemos a Mancha e deparar-se-nos-á na Grã-Bretanha
a edilidade romana, com a sua educação e a sua prudência, retomando de novo as rédeas perdidas do
Império Romano, para beneficiar as almas que aguardaram, por tantos séculos, a sua proteção e o seu
auxílio.”
Surgem, na Europa, a pólvora, a imprensa, o papel, a bússola. Vasco da Gama chega a Calicut,
na índia; Fernão de Magalhães encontra a “passagem para o Oriente”, atingindo, por mar, as Filipinas; e
Sebastião Elcano, ao regressar à Espanha, em 1522, prova a redondeza da Terra. De repente, o Velho
Mundo, em primavera, se enche de beleza. Pensadores, astrônomos, poetas, físicos, pintores, escultores e
matemáticos parecem ter descido à Terra, para nela materializarem alguma coisa do Céu! É o momento
radioso de Da Vinci e Miguel Ângelo; de Rafael, de Velásquez, de Murilo; de Rubens e Van Dyck; de
Bramante e de Rembrandt; de Ariosto, de Tasso, de Rabelais e de Montaigne; de Cervantes e Camões; de
Morus e de Erasmo; de Kepler, Galileu e Shakespeare; de Copérnico, Torricelli, Harvey e Leibniz, de
Descartes e de Newton...
É também a grande hora de Martinho Lutero, de Teresa de Ávila e João da Cruz; de Zwínglio, de
Calvino e de Melanchton; de Szrvet e João Knox; embora seja também, desgraçadamente, o tempo e a vez
de Inácio de Loyola, de Felipe II, de Leão X, de Paulo III, de Catarina de Médicis e de Las Casas, o bispo
escravocrata.
Chega, porém, o século XVII, com os horrores da Guerra dos Trinta Anos, mas os emigrantes do
Mayflower desembarcam na América; Pedro-o-Grande ocidentaliza, de algum modo, a Rússia; é assinada,
na Inglaterra, a “Declaração de Direitos”; a independência da Holanda e da Suíça é reconhecida e a França
se torna a primeira potência militar da Europa.
“O século XVIII iniciou-se entre lutas igualmente renovadoras - comenta Emmanuel, no livro já
citado -, mas elevados Espíritos da Filosofia e da Ciência, reencarnados particularmente na França, iam
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combater os erros da sociedade e da política, fazendo soçobrar os princípios do direito divino, em nome do
qual se cometiam todas as barbaridades. Vamos encontrar nessa plêiade de reformadores os vultos
veneráveis de Voltaire, Montesquieu, Rousseau, D'Alembert, Diderot, Quesnay. Suas lições generosas
repercutem na América do Norte, como em todo o mundo. Entre cintilações do sentimento e do gênio, foram
eles os instrumentos ativos do mundo espiritual, para regeneração das coletividades terrestres. Historia-
dores há que, numa característica mania de sensacionalismo, não se pejam de vir a público asseverar que
esses espíritos estudiosos e sábios se encontravam a soldo de Catarina II da Rússia, e dos príncipes da
Prússia, contra a integridade da França; mas semelhantes afirmativas representam injúrias caluniosas que
apenas afetam os que as proferem, porque foi dos sacrifícios desses corações generosos que se fez a
fagulha divina do pensamento e da liberdade, substância de todas as conquistas sociais de que se
orgulham os povos modernos.”
Quando os “Estados Gerais” se reuniram, por convocação do rei, a instâncias do Ministro Necker,
os deputados da burguesia propuseram reformas políticas tão radicais, que o rei, partilhando o receio dos
nobres, mandou fechar o local das sessões. Desobedecendo à ordem, os deputados proclamaram-se em
Assembléia Constituinte. O governo recorreu a mercenários estrangeiros para manter a ordem em Paris,
mas a fome do povo, o desemprego, a inconformação com as injustiças sociais e com os privilégios dos
nobres e do clero; as novas idéias plantadas pelos enciclopedistas e o exemplo dos norte-americanos; tudo
isso - passionalmente ressaltado nos inflamados discursos de Desmoulins - levou a multidão revoltada a
invadir a fortaleza da Bastilha, enquanto por todo o pais os castelos dos nobres eram incendiados.
Estávamos no dia 14 de julho de 1789; era a Revolução Francesa; era o começo da Idade Contemporânea.
A guerra contra a Áustria e a Prússia, iniciada em 1792, logo se estendeu a toda uma coligação
européia de nações, mas os exércitos franceses, organizados por Carnot e comandados por Hoche,
Moreau e Jourdan, acumulavam vitórias sucessivas. Foi então que um jovem oficial corso
começou a ganhar notoriedade, ao reconquistar brilhantemente dos ingleses a cidade fortificada de Toulon.
Em breve, seu nome ganharia fama e prestígio, na França e em toda a Europa, pela eficiência do seu
comportamento na repressão ao levante monarquista e pela excelente campanha militar que desenvolveu
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contra os austríacos no norte da Itália. Os triunfos que obteve em Lodi, em Ãrcole, em Rívoli e em
Castiglioni elevaram Napoleão Bonaparte à categoria de grande guerreiro e herói nacional da França. A
“Paz de Campofórmio” foi o resultado incontestável de seu, gênio de estrategista. Passando depressa ao
Egito, conseguiu, junto às Pirâmides, memorável vitória, mas encontrou depois dificuldades muito grandes,
que sua astúcia política soube disfarçar com muito êxito, através de notícias constantes de fantasiosas
conquistas, que fazia espalhar na metrópole distante. Para os franceses, seu nome passou a ser,
naturalmente, a radiosa esperança de um governo poderoso e honesto, em substituição aos escândalos
administrativos de um Diretório incompetente e corrompido. Aconselhado por Talleyrand, Fouché e Sieyés,
e mantendo suas tropas na África, foi incógnito a Paris e lá, agindo com o apoio dos militares e de alguns
políticos insatisfeitos e influentes, dissolveu os Conselhos, destituiu o Diretório e, no Dezoito Brumário - 9 de
novembro de 1799 -, assumiu o poder, com o título de Primeiro-Cônsul.
A verdade é que, deixando-se vencer por ambiciosa vaidade, aquele Espírito de escol não soube
realizar a elevada missão de congraçar e liderar os povos europeus, inaugurando nova era de
confraternização e paz para o mundo inteiro. É certo que o Código
Civil, que deu à França> foi luminoso presente outorgado a toda a Humanidade, por sua feliz
contribuição ao progresso do direito social dos povos; mas a sua sede de absolutismo comprometeu todo o
programa que o Plano Superior da Vida tão trabalhosamente montara em favor de todos os homens.
Desguarnecido do favor celeste que dolorosamente desmereceu, o grande cabo de guerra teve de amargar
a terrível derrota de Trafalgar, a tragédia da campanha militar na Rússia e o golpe final de Waterloo.
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extraordinários campeões que foram Bolívar e San Martin. Em menos de dez anos, de 1816 a 1825,
emanciparam-se o Haiti (1804), o Paraguai (1813), a Argentina (1816), o Chile (1818), o Brasil, o México e
Nova Granada (1822), Guatemala, San Salvador, Honduras, Costa Rica e Nicarágua (1823) e a Bolívia
(1825).
O grande Espírito do Apóstolo Tomé já estava, a esse tempo, no mundo, onde reencarnou a 3 de
outubro de 1804, com a excelsa missão de codificar o Espiritismo. Ele não vinha só. Como assinala
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A França, porém, que tantas dividas cármicas contraíra, teria de suportar, na conformidade da lei
de justiça divina, ou lei de causa e efeito, uma longa e dolorosa instabilidade político-social.
Depois de Luís XVIII, Carlos X não conseguiu sustentar-se no trono e fugiu para a Inglaterra, em
1830. Luís Filipe I não teve melhor sorte; incapaz de superar a revolta popular de 1848 teve de abandonar o
país, às pressas. O Governo Socialista que emergiu dessa revolução foi um completo fracasso e deu
margem a que fosse eleito Presidente da França o sobrinho do Pequeno Corso, que não demorou a imitar o
tio e logo se tornou o Imperador Napoleão III. Engajando-se em guerras sucessivas e após importantes
vitórias políticas e militares, acabou sendo fragorosamente derrotado pelos prussianos em Reichshofen,
Gravelotte, Saint-Privat, Metz e Sedan, onde caiu prisioneiro, no dia 2 de setembro de 1870. Apesar da
heróica resistência oferecida, a Terceira República, então proclamada, não logrou evitar a queda de Paris e
teve de ceder, como troféus de guerra, aos prussianos, a Alsácia e a Lorena, além do pagamento de uma
indenização de cinco bilhões de francos-ouro. O rosário de dores estava, porém, longe de completar-se. O
Governo Republicano teria, a seguir, sérias dificuldades, primeiro para dominar a insurreição denominada
“Comuna”, que rebentou em Paris, e depois para superar a ameaça monarquista dos partidários de
Boulanger, além do escândalo do “Caso Dreyfus”. Somente um século depois de Waterloo a França pôde,
enfim, respirar aliviada; mas esse alívio duraria muito pouco, pois ela seria logo envolvida no conflito
mundial de 1914.
Vivia a França as peripécias que assinalamos, quando o astuto Bismarck, após conduzir com
extrema habilidade uma demorada e difícil estratégia de unificação dos Estados alemães, conseguiu, por
fim, inclusive às expensas da França, da Dinamarca e da Áustria, fazer proclamar, no palácio de Versalhes,
no dia 18 de janeiro de 1871, a fundação do Império Alemão.
Nem só de França e Alemanha vivia, porém, a Europa. Na verdade, a mais próspera de todas as
nações era então a Inglaterra, a grande marinheira, a banqueira do mundo; a Inglaterra vitoriana de
Gladstone; a Inglaterra Imperial de Disraeli. Ela firmou o seu domínio sobre a India; obrigou a China a abrir
portos ao comércio com a Europa; fundou colônias na África; estabeleceu domínios na Ásia e na Oceania.
Foi ela quem impediu que o Czar da Rússia esmagasse a Turquia; e foi ela que, pelo Tratado de Berlim,
negociado por Benjamin Disraeli, em 1878, garantiu o reconhecimento da independência das nações
balcânicas.
Uma outra grande nação surgiu também no século XIX: - a Itália, cuja unificação, preparada por
Cavour, foi finalmente terminada por Vítor Manuel II, em 1870.
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Corria acesa a guerra, quando ocorreu, na Rússia, a Revolução Socialista, que derrubou a
monarquia e pôs no poder Kerensky. Este não se sustentou no governo, que foi tomado pelos comunistas
de Lenine e Trotsky. O novo regime apressou-se a firmar a paz com a Alemanha, mesmo ao preço da
cessão de vastos territórios, interessado em fechar as fronteiras do país, a fim de remodelá-lo.
Na primavera de 1918, os alemães, em franca ofensiva, estiveram a pique de tomar Paris e vencer
a guerra, mas o maciço auxílio chegado dos norte-americanos proporcionou aos aliados recursos materiais
suficientes para a resistência e para o contra-ataque dos exércitos do Marechal Foch, que levaram a
Alemanha, já exausta, a reconhecer a derrota. O Kaiser Guilherme II fugiu para a Holanda; a Bulgária, a
Áustria e a Turquia se renderam e o Armisticio foi assinado, no dia 11 de novembro de 1918.
O Tratado de Versalhes, firmado no dia 28 de junho de 1919, iria preparar o terreno, desde logo,
para uma guerra futura. À Alemanha foi obrigada a devolver à França a Alsácia-Lorena; perdeu todas as
suas colônias teve o seu território cortado pelo famoso “Corredor Polonês”. Surgiram a Hungria e a
Tchecoslováquia. A Sérvia transformou-se na Iugoslávia. Ao lado da Rússia, foram instituídos a Finlândia, a
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Estônia, a Letônia e a Lituânia. Além disso, outras sanções foram impostas aos vencidos, pelos Tratados de
Saint-Germain-en-Lave, Neuilly e Trianon.
As grandes injustiças sociais, a fome, a miséria das populações e a propaganda violenta de idéias
reformistas e comunizantes acabaram provocando, na Europa, grandes agitações e propiciando o
surgimento de grupos exaltados de extremistas. Na Itália, Benito Mussolini, pregando a união absoluta dos
patriotas (varas) num poderoso feixe - fascio -, criou o Fascismo, prometendo reformas gerais, restauração
moral, prosperidade econômica e um império colonial rico e vasto. Vitorioso em sua “Marcha sobre Roma”,
tornou-se, em 1922, Primeiro-Ministro, mas realmente assumiu de fato o governo ditatorial do país. A titulo
de cumprir suas promessas, o Fascismo instaurou um regime de opressão e violência, colocando sempre os
direitos do Estado acima dos direitos dos cidadãos; invadiu e subjugou a Abissínia, em 1936, e ajudou
Francisco Franco a tornar-se ditador da Espanha, em 1939. Na Alemanha, Adolfo Hitler, também vitorioso,
implantou o Nazismo, e, com a morte de Hindenburg, em 1934, enfeixou nas mãos todos os poderes de
governo; anexou a Tchecoslováquia e a Áustria e, no dia 1° de setembro de 1939, invadiu a Polônia,
iniciando a Segunda Grande Guerra.
Daqui por diante, a História é recente demais, dispensando-nos os registros, mas não podemos
deixar de assinalar a eclosão, sob as vistas e os auspícios do Cristo, dos movimentos de libertação que
emanciparam politicamente quase todas as nações africanas, preparando-as para significativas missões no
próximo milênio. Como já escrevemos, em página publicada sob assinatura do companheiro que me serve
de instrumento de comunicação, paira no ar uma incerteza profunda. Um arrepio de maus presságios vara o
misterioso arcano do futuro. Durante séculos a fio a Humanidade acumulou montanhas de ódios, e já a
emanação sedimentosa dos pensamentos sombrios e ferozes se aglomera sobre a Terra, em espessas
camadas superpostas e ameaçadoras, que lembram cirros virulentos e invisíveis. O monstro da destruição,
por ela alimentado com tanta solicitude, rosna sanhudo à sua face, qual áspide principescamente criada
para o assassínio traiçoeiro do seu dono.
O vendaval não tarda a desencadear sobre as valas torturadas do orbe a procela furiosa que se
alimenta de sangue e que se banha nas lágrimas. Relegado o Evangelho do Cristo, olvidados os seus
divinos ensinamentos, ergastulado no cárcere dos dogmas o espírito sublimado da sua Doutrina de Amor,
que outra coisa poderia suceder à Humanidade desvairada, senão a completa bancarrota dos seus
princípios superiores, esmagados perante o esquife da justiça, apunhalada pelo egoísmo feroz, nos delírios
da vaidade e da rapina?
Armados até os dentes, espreitam-se os povos, numa estranha dança de malabarismos fatídicos,
temendo pela sorte. Os engenhos de destruição engendrados pelo homem ameaçam-lhe a própria
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SANT’ANNA, Hernani. Universo e Vida
A tormenta desabará. A Justiça Divina, que dá a cada qual segundo as suas obras, não susterá o
automatismo da lei de causa e efeito, que o Espiritismo tão bem define e prega. A sementeira de maldades
e ignomínias rebentará num oceano de frutos amargos de prantos e de dores, e o homem aprenderá, por
fim, que o Evangelho do Senhor não é um conto de fadas, mas uma Lei de Vida, que ninguém pode violar
sem funestas conseqüências.
Então, raiará para a Terra um Novo Dia. As lições maravilhosas de Jesus, vivificadas e
restabelecidas em sua pureza original pela Terceira Revelação, regerão as manifestações do sentimento
enobrecido nas forjas da amargura. Uma Nova Aurora despontará, fecunda, para este orbe triste e a aleluia
de há dois mil anos ressoará, mais vívida e mais clara, nas quebradas dos nossos alcantis. O Espírito do
Bem reinará na alma dos homens.
Cristo vencerá!
X - O CAMINHO PERCORRIDO
Desde que os primeiros homens surgiram sobre a face da Terra, nasceu com eles o sentimento
religioso, feito de imenso e amedrontado respeito diante das grandes forças da Natureza, que os fazia
sentir-se pequeninos e cheios de temor. Já no primitivo clã totêmico, ensaiam-se os primeiros rituais de
homenagem, em face do mistério da morte, e surgem os primeiros tabus, que tendem a conjurar os desafios
da vida. Em plena era paleolítica, os despojos humanos eram inumados em grutas, como a de Spy,
cobertos de enfeites, protegidos por pedras e com a cabeça voltada para o ponto do horizonte onde nascia
o Sol. Revelando inequívoca preocupação com a sobrevivência dos Espíritos, homens pré-históricos
deitavam seus mortos na posição dos fetos, para simbolizar-lhes o renascimento para uma vida mais alta,
enquanto outros amarravam fortemente os membros dos cadáveres, na tentativa de impedir os defuntos de
se erguerem dos seus túmulos para atormentar os vivos. Foi no recinto sombrio dos sepulcros que se
esboçaram os primeiros templos, quando naquelas épocas remotas os homens começaram a pintar
imagens de deuses nas paredes das cavernas funerárias e a colocar nelas as primeiras esculturas mágicas,
como as encontradas na gruta de Tuc d'Audoubert e na de Montespan.
Vendo nas convulsões naturais e na força selvagem dos animais indomados a ação de divindades
enfurecidas e poderosas, e crendo-as com as mesmas necessidades e paixões humanas, os homens
primitivos, interessados em conciliá-las e em obter-lhes a proteção, procuraram meios e modos de agradá-
las, com oferendas e manifestações de apreço e reverência, dando origem às concepções e às práticas do
politeísmo. Cultuam então a Terra, o Sol, as águas, o Fogo, o Vento, a Morte, o Trovão, a Lua... E pondo-se
sob a proteção de alguma divindade mais próxima, poderosa e amiga, elegem-na sua padroeira,
consagrando-lhe o seu clã, depois a sua cidade e finalmente o seu país.
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Para servir continuamente às divindades e lhes interpretar os desejos, constituem sacerdotes, logo
erigidos a uma condição superior, quase sobre-humana, de intermediários entre os deuses e os homens. Os
sacerdotes organizam-se em classes e hierarquias, assumem o comando da política, da guerra, do
comércio, dos cultos; criam a mitologia, a magia, os tabus... É, porém, no bojo dos templos, transformados
em observatórios e em dispensários, que a Mitologia e a Magia começam a criar a Filosofia e a Ciência. Os
astros, considerados a morada de potentes divindades superiores, cujos relacionamentos, harmônicos ou
desarmônicos, afetam favorável ou desfavoravelmente a vida terrena dos homens, passaram a ter
importância fundamental para os antigos mesopotâmios, que criaram a Astrologia, futura mãe da
Astronomia e futura avó da Astronáutica.
***
Mil anos antes que o Espírito do Cristo abençoasse com a sua presença as paisagens do mundo,
já os mesopotâmios dividiam o círculo em 360 graus, o ano em 12 meses, a semana em 7 dias e o dia em
24 horas; usavam a escrita cuneiforme na contabilidade dos seus templos e compunham livros de medicina,
geografia, direito e comércio, em tabuletas de argila.
“O Faraó é deus” - diz Aegerter, em seu pequeno e excelente livro “As Grandes Religiões”. E
acentua: “Torna-se deus não simbolicamente, mas substancialmente, assim que os ritos da coroação o
transformam em Horo, e a partir da VI dinastia, provisoriamente, sob a reserva de que prestará contas de
seus atos a Osiris antes de penetrar no Paraíso. Ele é, por isso, o pontífice por excelência, o único
sacerdote habilitado a oficiar no templo, sendo os demais apenas substitutos seus, delegados nominativos
nos templos a que „ ele não pode comparecer. Como tal, todas as manhãs quebra o lacre de argila do
santuário, desperta a estátua do deus, purifica-a, banha-a em perfumes e corantes, reanima-a soprando-lhe
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na boca e ele próprio recebe nesse beijo o influxo de vida que desce do céu. (...) Na mesma hora, em todo
o Egito, os delegados do Faraó repetem os mesmos gestos, as mesmas palavras, perante seus deuses
particulares. Depois de morto, também ele terá o seu templo e o seu culto. (...) Essa idéia de sobrevivência,
ligada a ritos precisos, desenvolveu-se curiosamente, como demonstrou Moret, com a evolução política que
acarretou a transformação da monarquia absoluta em socialismo de Estado. Desde o início, somente o rei
defunto passava pelo rito de mumificação e, como representante do Egito inteiro, entrava no Paraíso; essa
deificação solitária bastava efetivamente para espalhar pelo país inteiro os benefícios divinos. Tais ritos
estenderam-se depois à família real, aos padres, por fim ao povo, à medida que as diferentes castas
adquiriam uma importância social maior. O escriba, ou o obreiro egípcio, entrando no quadro do socialismo
de Estado, penetrou ao mesmo tempo no céu. Imerso o seu corpo em natrão, ele se tornará deus como Rã.”
Chegados ao século XIII, antes do advento do Senhor, o Excelso Mestre ordena, no infinito, a
descida, à Terra, de um dos maiores Espíritos que o mundo antigo conheceu: - Moisés, o Legislador.
Sua história humana é assaz conhecida e não nos deteremos nela, embora mereçam nossa
melhor homenagem os seus pais terrenos, Amran e Jocabed, o sacerdote Jetro, a meiga Ziporá e o justo
Aarão. Nada diremos agora sobre os também conhecidíssimos episódios históricos que se desenrolaram no
Egito, envolvendo o povo hebreu, nem sobre a extraordinária riqueza da história dessa gente. Importa-nos
aqui algo que a tudo o mais se sobrepõe, que a tudo o mais sobreleva: - a magnânima dispensação divina
que foi a outorga, ao mundo, da Primeira Grande Revelação.
O Decálogo, que Moisés recebeu no Sinai, foi a primeira mensagem mediúnica diretamente
transmitida, sem intermediários, aos homens terrenos, por Espíritos Angélicos, em nome e por ordem do
Cristo. Por momentos de glória inesquecível, a Corte Celeste se fez presente na Crosta da Terra, trazendo
ao chão planetário, pela vez primeira, a impregnação maravilhosa de vibrações excelsas, tão poderosas e
sublimes, que ficaram para sempre em nosso solo e em nosso ar, como selo de forças vivas, a garantir
sustentação magnética à marcha evolutiva da nossa Humanidade. Os Dez Mandamentos, de procedência
crística, são a grande e sólida base sobre a qual se ergueram as fundações da Civilização do Espírito, ainda
hoje em processo de construção. Esse código, de majestosa grandeza, foi de tão decisiva importância para
o mundo, que é impossível ignorá-lo ou minimizá-lo, malgrado certas conotações temporais que as
necessidades da época nele inseriram, mas que não lhe toldaram a magnificência. Nem mesmo os
preconceitos dos saduceus ou as manipulações farisaicas conseguiram obscurecê-lo. Ele foi a sagrada
Carta de Justiça, do mesmo modo que o Evangelho de Jesus viria a ser a soberana mensagem do Amor
Divino.
Longe dali, nos pagos da velha índia, haviam surgido, quinze séculos antes da era cristã, os textos
védicos, de transcendente beleza e mística inspiração, seguidos depois pelos Aranyakes e Bramanas e,
mais tarde, pelos Upanishads. Infelizmente, toda aquela esplêndida doçura degenerou no orgulhoso
Bramanismo, que dividiu a sociedade em castas e concedeu abusivos privilégios à casta sacerdotal.
Condoído diante de tão predatória indigência moral, o Cristo, na sua magnanimidade, fez nascer no mundo,
na casa principesca dos Sáquias, o grande Sidarta, que, assumindo a condição de Buda, buscou reacender,
nas plagas do Oriente, as luzes eternas da piedade e da justiça. Reagindo com violência à pregação
budista, os brâmanes não descansaram enquanto não conseguiram solapar seriamente o Budismo, no
século VII, e finalmente expulsá-lo da índia, no século XII. Para consegui-lo, tiveram, porém, de reformar a
própria doutrina bramânica, tornando-a menos áspera e menos injusta, até que ela se transformasse naquilo
que ficou conhecido como sendo o Hinduismo.
O Divino Administrador da Terra não havia esquecido, em tudo isso, as numerosas coletividades
que viviam nas vastidões da China e no Extremo Oriente. Também por lá, os Mensageiros Celestes
animavam cultos vigorosos, de suave e carinhoso respeito aos mortos, mantendo vívidas as idéias da
sobrevivência e da reencarnação. Seiscentos e quatro anos antes de nossa era, o excelso Lao-Tsé nascia
na corte dos Tcheu. Sua nobre pregação, feita de ascetismo e de esperança, dirigia-se sempre ao ideal da
harmonia perfeita, filha do amor universal e da verdade simples. Pouco mais tarde, o generoso Confúcio,
nascido no ano 551 a.C., reforçava no espírito de seu povo o apreço pela pureza dos costumes e o respeito
aos antepassados, num mundo que devia ser regido pelas leis morais.
Entretanto, desde três mil anos antes de nossa era, floresceram na Egéia outras civilizações. Os
cicladenses trabalhavam o cobre, o bronze e o ouro, desenvolviam a agricultura e a pesca; os cretenses,
influenciados pelos mesopotâmios e pelos egípcios, usavam moedas, produziam cerâmicas e têxteis,
cultivavam o trigo, a oliveira e a vinha; os aqueus fundaram a civilização micênica e deram origem aos
jônios e aos eólios; os dórios dominaram a arte de usar o ferro e fizeram surgir as Cidades-Estados, de
importância tão fundamental na história grega. No Mediterrâneo oriental, os fenícios estabeleceram
prósperos centros de comércio e inventaram o alfabeto. Nas colônias jônias da Ásia Menor nasce, entre
os séculos X e VII a.C., a literatura grega: ciclos de cantos e sagas, continuamente enriquecidos pelos
aedos, dos quais a posteridade guardou, como preciosas relíquias, a Ilíada e a Odisséia, de Homero, e os
clássicos de Hesíodo - “Os Trabalhos e os Dias” e “Teogonia”, de incalculável valor. Cidades importantes
aparecem: Siracusa, Bizâncio, Massília, Cirene. A realeza perde a vitaliciedade, torna-se anual e
acessível a todos os nobres, os aristoi que chefiam os genos e dominãm a polis. Forjam-se a
plutocracia e a oligarquia; instituem-se os Jogos Olímpicos; legaliza-se a tirania...
de um universo feito de transformações e defende o grande equilíbrio pela harmonia dos contrários. Em
Eléia, Xenófanes, Parmênides, Zenão, Melisso, Empédocles e Anaxágoras estabelecem bases racionais
para a Ontologia e para a Lógica, e a diferença entre opinião (doxa) e certeza (episteme). Protágoras,
Pródico e Górgias, os sofistas, denunciam o caráter convencional das instituições sociais, desenvolvem a
Retórica e formulam os fundamentos do Empirismo, do Ceticismo, do Subjetivismo, do Relativismo, do
Pragmatismo e do Hedonismo. Demócrito apresenta o postulado da estrutura atômica da matéria e
Leucipo constrói o postulado da causalidade natural dos fenômenos naturais.
De 469 a.C. a 399 a.C., o vulto exponencial de Sócrates domina a cena humana. Ele afirma que
o conhecimento é possível e que o seu objetivo supremo é a própria alma. “Conhece-te a ti mesmo”,
repetia. Partindo de “doutra ignorância”, que sabe nada saber, usava sempre o diálogo para fazer com
que seus interlocutores chegassem por si mesmos a todas as conclusões. Valia-se da ironia para demolir
preconceitos e idéias falsas; e a maiêutica, para revelar verdades latentes no espírito humano, operando
assim o “parto das idéias”. Dessa forma, trouxe o pensamento filosófico da Cosmologia para a Ética, pois
ensinava que só no Bem existe Sabedoria.
Euclides funda, por volta do ano 300 a.C., a Escola de Alexandria e elabora a obra “Elementos”,
primeira compilação formal do saber matemático do Ocidente, que por mais de vinte séculos seria
o principal texto para o estudo da Geometria; Arquimedes descobre as leis de flutuação dos
corpos, criando a Hidrostática; Eratóstenes realiza, sem instrumentos, a primeira medição da circunferência
terrestre; Aristarco explica a razão das estações climáticas e demonstra que a Terra gira ao redor de um
eixo inclinado; Hiparco avalia a distância e o tamanho da Lua e do Sol. Mas foi somente no segundo século
após a romagem terrena de Jesus, , que o grego Cláudio Ptolomeu assentou, com o seu Almagesto, as
fases de um sistema de mecânica celeste, e no século nono depois do Mestre, que o árabe Al-Khowarizmi
formulou a teoria dos números.
Estamos agora em pleno século VI. Do alto do seu trono de luz e de trabalho, o Senhor contempla
a sua seara e decide que estava chegado o momento de reforçar as suas lições divinas e ampliar os
domínios da fé e do amor. Escolhe, então, um dos seus mais caros Apóstolos, Espírito amplo e enérgico,
decidido e hábil, e confere-lhe a missão de trazer os árabes ao redil do Evangelho. Guardando na alma a
visão alcandorada dos cimos da vida, Maomé encarna em Meca, no ano 570. Aos quarenta anos de idade,
após longa preparação, recebe a visita de celeste emissário, que o lembra do honroso compromisso e o
concita a iniciar o seu apostolado. Sublimes recordações espirituais trazem-lhe à alma formosos estímulos;
mas, limitado às estreitezas da carne e sentindo-se aparentemente à deriva, entre forças contraditórias,
cede ouvidos invigilantes às potências do mal... Mistura no seu trabalho o divino e o humano, a luz e as
sombras, a verdade e o erro, a misericórdia e a intolerância; permite que interesses imediatistas, eivados de
violência e cupidez, se imiscuam em seu pensamento e lhe tisnem de treva as mais nobres inspirações.
***
Lição da História, que os homens terrestres ainda não aprenderam, é a de que o nosso mundo,
como todos os outros mundos do Universo, tem realmente um Governo Espiritual, efetivo e forte, embora
tolerante e compassivo; um Governo Providencial, que preside, em nome e sob a inspiração do Divino Pai,
à evolução de todos os seres terrenos, e que, nesse mister protecionista e educativo, compreende, tolera e
renova, sem cessar, ensinamentos e oportunidades; mas que, nem por isso deixa o orbe à matroca, nem
permite que a insensatez e a maldade humanas subvertam, além de limites toleráveis, a ordem da vida. A
simples análise dos fatos não deixa, a esse respeito, qualquer dúvida. Sempre que a irresponsabilidade, a
cobiça ou a perversão ameaçaram seriamente a estabilidade da existência, no planeta, o Céu interferiu
ostensivamente, com providências eficazes e oportunas, para recompor a harmonia quebrada.
Quando, pois, o excesso de abusos da Igreja Romana desbordou-se na permissividade sem freios
e na simonia oficializada, o Senhor da Seara determinou a encarnação, na Terra, de eminentes e enérgicos
Espíritos Reformadores, incumbidos de estancar a enxurrada de vícios que começava a afogar, na Europa,
a consciência clerical. Desacostumada de receber críticas fortes e escudada na intolerânia e na impunidade,
a Igreja queimou vivo, em 1498, a Girolamo Savonarola, mas dezenove anos depois teve de enfrentar os
protestos de Martinho Lutero, na Questão das Indulgências. Dessa vez, o Vaticano não teve forças, nem
morais, nem políticas, para sufocar a reação aos seus desmandos. Rivais poderosos do poderio papal
aproveitaram-se do ensejo e transformaram o movimento religioso em reivindicação política, sob garantia
militar. Impedindo que os padres queimassem a Lutero, como faziam com todos os hereges, Frederico da
Saxônia o guardou em seu castelo de Wartburg. Alberto de Brandeburgo dissolveu a Ordem Teutônica e
fundou, com suas terras e seus bens, o Estado da Prússia. Em breve, a dissidência estaria doutrinariamente
institucionalizada pela Confissão de Augsburgo, redigida por Phillip Melanchthon. Ante a reação armada
de Carlos V e dos príncipes católicos, os protestantes formaram a Liga de Smakalde e deram inicio às
guerras religiosas. O movimento reformista, porém, não se deteve. Zwínglio foi morto na batalha de Kappel,
mas seus, discípulos levaram avante, na Suíça, as suas idéias, que, se bem algo mudadas, acabaram
triunfando, naquele país, sob a liderança de João Calvino. Pena foi que a sua intransigência tantas vítimas
causasse e que fosse contar-se entre elas o grande sábio espanhol Miguel Servet, autor de estudos
valiosíssimos sobre a circulação do sangue. Na Escócia, João Knox destacou-se na introdução da Reforma
e, na Inglaterra, Henrique VIII instituiria o Anglicanismo.
Emissários do Anticristo, poderosamente apoiados pelas forças das Sombras, perpetraram, nessa
época, os mais horripilantes delitos. Filipe II ocupava o trono da Espanha. Torquemada e Cisneros dirigiam
impunemente sangüinolenta repressão à liberdade de consciência. Almas heróicas, porém, não
escasseavam na Terra, dando os mais belos exemplos de virtude ativa e imperturbável fidelidade aos ideais
evangélicos. Tereza D'Avila e João da Cruz foram disso luminosos expoentes. Mesmo quando a escuridão
parecia dominar o firmamento do mundo, jamais se extinguiu sobre a Terra a chama inapagável do Bem.
O tempo passa... Nas Universidades européias da Idade Média aparece a Escolástica e surge
com ela o Tomismo, mas, logo a seguir, nos séculos XV e XVI, Nicolau de Cusa sobrepõe o Concílio ao
Papa, e, enquanto Maquiavel defende o poder dos príncipes, Montaigne prega a necessidade da justiça,
mesmo ao preço do sofrimento, e da verdade, mesmo às custas da dúvida. Giordano Bruno foi queimado
pela Igreja, como herético, mas o “De Revolutionibus Orbium Coelestium”, que Nicolau Copérnico fez
publicar em 1543, estabeleceria, de modo definitivo, a teoria heliocêntrica do sistema solar.
Daí em diante, nessa esquina do tempo, começaria para o pensamento humano uma nova era.
Gerhard Kremer, com a sua “projeção de Mercator”, estabeleceu a Cartografia, e Galileu Galilei descobriu
as leis do movimento. O “De Magnete”, de William Gilbert, constituiu preciosa base para todos os futuros
trabalhos sobre magnetismo e eletricidade; João Kepler desvendou as leis fundarmentais do movimento
planetário e John Napier inventou os logaritmos.
O século XVII alvoreceu em luzes para a inteligência humana. Em 1620, o inglês Francis Bacon
ofereceu, com o “Novum Organum”, a primeira teoria formal de lógica indutiva; Renê Descartes formulou a
geometria analítica e, do princípio de que “duvidar é pensar”, chegou ao seu “penso, logo existo”, e concluiu
pela aceitação racional da idéia da existência de Deus. Torricelli inventou o barômetro; Boyle distinguiu
entre elemento químico e composto químico, e identificou as leis que governam a relação entre a pressão e
o volume de um gás. Blaise Pascal, filósofo, matemático e místico, após importantes estudos sobre
Probabilidade, Hidrodinâmica e Hidrostática, lançou as bases da Hidráulica.
Brilhando exponencialmente no firmamento da inteligência, surge Isaac Newton e surgem com ele
a Teoria da Gravitação, a sistematização da Mecânica e do Cálculo. Seus estudos abarcaram a natureza da
luz e das cores e espraiaram-se pelos domínios da matemática, da óptica, da química, da mecânica, da
dinâmica, da teologia e até do ocultismo. A Humanidade lhe deve a derivação das leis de Kepler; o conceito
de Força, expresso nas três leis fundamentais do Movimento; a Teoria Corpuscular da Luz e o Teorema
Binomial.
O progresso avança, em marcha acelerada. Olaus Romer mede, pela primeira vez, a velocidade
da luz; Christian Huygens propõe a Teoria da Natureza Ondulatória da Luz; Stephen Gray descobre os
isoladores de correntes elétricas, e Du Fay identifica e distingue a eletricidade positiva da eletricidade
negativa, estabelecendo a lei fundamental das cargas elétricas.
No campo filosófico, John Locke arquitetou uma doutrina de empirismo experimental; Thomas
Hobbes forjou uma Teoria de Pacto Social que levava ao absolutismo monárquico justificado; Baruch
Spinoza concebeu a sua visão panteísta da substância vivificadora universal e Gottfried Wilhelm Leibniz
falou das mônadas primevas.
Uma notável fermentação ideológica estimulava sem cessar os pensadores. David Hume
especulava sobre um instinto natural indestrutivel pela reflexão, enquanto George Berkeley considerava que
tudo deriva de uma inteligência Ideal e Divina.
as insossas declamações, os vis sofismas, a história mentirosa, ... os absurdos sem conto, não deixemos
aqueles que têm bom senso sob a sujeição dos que não o têm; e a geração que está nascendo nos deverá
a sua razão e a sua liberdade!” Esse apelo já encontra a ambos trabalhando. De 1752 a 1772, volume após
volume, eles publicam a “Enciclopédia”. Rousseau comove a alma francesa e lança as bases da Escola
Nova. No fundo da prisão, Condorcet produz o “Quadro Histórico do Progresso do Espírito Humano” e
Chateaubriand dá à luz “O Gênio do Cristianismo”.
Para honra da Humanidade, nasce Immanuel Kant, critico genial, trabalhador incansável e fecundo
do pensamento. Metódico e disciplinado, só suspende seus passeios diários sob as tílias, para ler
Rousseau. O mundo recebe de suas mãos “A Critica da Razão Pura”, a “Crítica da Razão Prática”, a “Critica
do Juizo” e o “Fundamento da Metafisica dos Costumes”. Usa a Razão para chegar da dúvida à certeza
sobre a Lei do Dever, sobre a existência de Deus e sobre a imortalidade da alma.
A Ciência progride. Carolus Linaeus publica o “Systema Naturae” e funda a Taxonomia; Antoine
Lavoisier descobre a verdadeira natureza da combustão; Karl Gauss lança as bases da Geometria
Não Euclidiana; James Hutton, com a sua “Teoria da Terra”, abre caminho para a moderna
Geologia, e Joseph Proust descobre a lei das proporções definidas de elementos, por peso, nos compostos
químicos.
***
Os cultores da história humana não escondem a sua admiração e a sua perplexidade em face da
surpreendente aceleração do progresso mundial, a partir do século XVII, em todos os campos da
inteligência - na ciência, na filosofia, nas artes e nas técnicas. Todos os departamentos do saber e do
trabalho humanos se iluminam e se engrandecem. É que havia soado, no Infinito, a grande hora em que os
Céus se abririam, para que descesse à Terra o Sublime Paracleto, o Espírito da Verdade, o Consolador que
Jesus prometera à Humanidade e que a ela viria, para com ela ficar por todo o sempre! Do velho e glorioso
Egito, da India venerável, da China ancestral, da Grécia antiga e sábia, da culta Roma Imperial, acorrem em
massa os Espíritos mais generosos e mais lúcidos, para, sob a égide do Cristo, inaugurarem no mundo uma
nova era de verdade e de luz. Com a permissão divina do Eterno Pai, o coração amoroso de Jesus iria dar
aos homens a Terceira Revelação. O Espiritismo iria ser codificado.
Para ter condições de bem receber e entender a Excelsa Mensagem, a Humanidade precisava
libertar-se de velhos dogmas, emancipar o pensamento, conquistar novos estágios de conhecimento
científico, desenvolver melhores possibilidades de comunicação e difusão cultural. Por isso, o Governo
Espiritual do Planeta convocou a benemérita cooperação de cientistas e filósofos, navegadores e
estadistas, técnicos, artistas, pensadores. Como, porém, nada de realmente grande se constrói sem a
dedicação e a renúncia de almas generosas, dispostas a oferecer-se em holocausto ao progresso e ao bem
comum, o Divino Mestre abriu, nas Alturas, o voluntariado do sacrifício, para os pioneiros da Mediunidade...
Inúmeros Espíritos abnegados se inscreveram nessa legião de desprendidos e a História guardou, com
carinho, nomes como os de Swedenborg, Davis, Cahagnet, Fox, Hayden, Hauffe, Cottin, Maginot, Mireille,
Cook, Paladino, Home, Colignon...
A noite de 31 de março para 19 de abril de 1848 marcou, na casa dos Fox, em Hydesville, o inicio
de uma nova época de fenomenologia espetacular, insistente, ostensiva, que se impôs à atenção geral,
causou sensação nos Estados Unidos, levantou a opinião pública na Inglaterra e na Alemanha e se
popularizou na França. Hippolyte Léon Denizard Rivail, o discípulo de Pestalozzi, tomou conhecimento dos
fatos, constatou-os pessoalmente em 1855, estudou-os objetiva e minuciosamente, convenceu-se de sua
realidade, buscou-lhes a causa e deduziu-lhe a significação; pesquisou, trabalhou... Apareceu então a
primeira edição de “O Livro dos Espíritos”. Era 18 de abril de 1857. Era o Espiritismo.
Agora, o Codificador só vive para a Codificação. Inspirado e sustentado pelas Primícias Celestes,
foi apenas idealismo, trabalho e abnegação, até a morte. A equipe de colaboradores terrenos é também de
primeira ordem e prossegue na tarefa de consolidar a Doutrina. Na mesma linha de desprendimento e
sacrifício do honesto livreiro Didier e da dedicada Sra. Boudet, alteiam-se o descortino, a coragem e a
fidelidade dos Leymarie. A luz brilha na pena abençoada de Denis, Flammarion, Delanne, Rozzano, Geley,
Aksakof, Roustaing.. .
criminalista italiano Lombroso; o astrônomo Schiaparelli, diretor do Observatório de Milão; o físico Gerosa; o
fisiologista de Amicis; os professores Boutlerow e Ostrogradsky, da Universidade de São Petersburgo...
Nada obstante, os príncipes das Trevas levariam o bispo católico de Barcelona a apreender e
mandar queimar ilegalmente em praça pública, por carrasco oficial, cerca de trezentos volumes de obras
espíritas, que foram solenemente incinerados no dia 9 de outubro de 1861. E forjaram depois um fato bem
mais grave, na própria França, cuja Sétima Câmara Correcional de Paris condenou à prisão o inocente e
digno Pierre-Gaëtan Leymarie, num processo de infeliz repercussão, iniciado a 16 de junho de 1875 e
tendenciosamente conduzido pelo arrogante juiz Millet; processo escandaloso, que abalou, perante um
público mal-informado, o bom conceito da Doutrina dos Espíritos.
A verdade é que esses dolorosos acontecimentos e suas tristes conseqüências não fugiam à
lógica de uma reação desesperada dos escusos interesses que o Espiritismo naturalmente feria, com os
seus princípios e as suas decorrências de inteiriça moral. Fosse ele simples compilação de fenômenos, sem
maiores decorrências éticas, talvez pudesse ser tranqüilamente aceito, admirado e até praticado, sem afetar
a consciência e sem alterar os hábitos das pessoas; mas, ao contrário disso, ele obrigava, por sua filosofia e
pelos seus fundamentos evangélicos, a um claro e inarredável compromisso de renovação para o bem
verdadeiro, para o amor desprendido e incondicional, para a fraternidade pura e para a justiça perfeita.
Abalava, desse modo, todas as estruturas baseadas no egoísmo e na vaidade, no orgulho e na cobiça. Por
isso, pareceu a muitos incômodo demais e mesmo incompatível com a índole de uma civilização alicerçada
no prazer irresponsável e na exclusividade da posse.
Na Europa do século XIX o Espiritismo não pôde florescer, mas a sua sementeira generosa e
fecunda germinou no Brasil e aqui se transformou em árvore copada e frutuosa. Firmemente implantado na
Terra de Santa Cruz, daqui já começa a irradiar a sua luz sobre o mundo inteiro, até que, vencida a noite
tempestuosa que ameaça cair sobre este fim de século, alvoreça com o novo milênio uma nova era.
***
A resposta do Anticristo ao novo Pentecostes de claridades eternas não se fez esperar. Karl Marx
fundou o materialismo dialético e abriu caminho para o Bolchevismo ateu. Frederico Nietzsche desenvolveu
a teoria do super-homem, exaltando a vontade de guerra, de superioridade e de domínio, e criando
condições para o racismo intolerante de Rosenberg e para o Nazismo de Iiitler.
Os vôos da Ciência, porém, não se detiveram. Aliás, bem antes do nascimento de Rivail, Christian
Freddrich Samuel Hahnemann criara, em 1796, a Homeopatia. Agora, do meio para o fim do século XIX,
Clausius divulga a Segunda Lei da Termodinâmica; Kirchhoff cria a Espectroscopia; Frankland conceitua a
valência química; Boole, com sua álgebra, faz surgir a lógica matemática; Maury funda a Oceanografia;
Edison produz a primeira lâmpada incandescente prática, com filamento de carbono e Darwin publica o seu
monumental “A origem das espécies por via de seleção natural”.
A reação positiva contra o materialismo filosófico tem vez com o Evolucionismo de Spencer; e, em
contrapartida ao Utilitarismo de Mill e ao Pragmatismo de William James, Henri Bergson dedica à Intuição o
fulgor de sua inteligência.
O tempo transpõe a metade do século XIX, mas o progresso não pára... James Maxwell estrutura
a teoria matemática da radiação eletromagnética; Gregor Mendel formula as leis fundamentais da
Genética; Mendeleiev divulga a lei periódica e a tabela periódica dos elementos; Georg Cantor
emite os conceitos da Matemática Transfinita e desenvolve a Teoria dos Conjuntos, base da Matemática
Moderna; Svante Arrhenius fundamenta o conceito de ionização.
Os últimos anos do século XIX ainda proporcionariam grandes avanços no campo da Ciência.
Ludwik Lejzer Zamenhof lança o Esperanto; Louis Pasteur, vendo vitoriosa a sua teoria microbiana, funda
o seu Instituto; Marconi comprova publicamente a viabilidade do telégrafo sem fio, valendo-se das
descobertas de Hertz sobre a propagação das ondas magnéticas; Roentgen descobre o Raio X; Becquerel
e o casal Curie realizam notáveis descobertas sobre radioatividade; Thomson descobre o elétron e Planck
publica o postulado da Teoria Quântica.
O ano de 1945 tem uma conotação trágica: - explode a primeira bomba atômica, fabricada sob a
supervisão de Robert Oppenheimer. Logo depois, porém, Libby desenvolve o método do relógio de tempo
atômico; Bardeen, Brattain e Shockley formulam a Teoria do Transistor e de sua construção; Crick e
Wilkins decifram a estrutura de hélice dupla do ácido desoxirribonucléico do cromossomo e Townes constrói
o primeiro maser. Albert Bruce Sabin consegue a vacina contra a poliomielite.
cintos de radiação de alta energia que circundam a Terra; em 1959, são obtidas fotografias do lado oculto
da Lua e em 1960 Theodore Maiman demonstra a ação do Laser.
1961 assinala a primeira viagem de um ser humano corpóreo no espaço sideral; em 1963,
Matthews e Sandage descobrem os quasars; David Harker decifra, em 1967, a estrutura do ácido
ribonucléico e, em 1968, Anthony Hewish descobre os pulsars. Em 1969, Armstrong e Aldrin pisariam o
solo lunar e em 1970 Anderson concluiria a síntese do gene.
XI - O TERCEIRO LEGADO
O Espiritismo não tem o caráter isolado de uma filosofia, de uma ciência ou de uma religião,
porque é, ao mesmo tempo, religião, filosofia e ciência. É simultaneamente revelação divina e obra de
cooperação dos Espíritos humanos desencarnados e encarnados. Tem a característica singular de ser
impessoal, complementar e progressivo; primeiro, por não ser fruto da revelação de um só Espírito, nem o
trabalho de um só homem; segundo, por ser a complementação natural, expressa e lógica das duas
primeiras Grandes Revelações Divinas (a de Moisés e a do Cristo); terceiro, porque, como bem disse
Kardec, ele jamais dirá a última palavra. É ciência, porque investiga, experimenta, comprova, sistematiza e
conceitua lei, fatos, forças e fenômenos da vida, da natureza, dos pensamentos e dos sentimentos
humanos. É filosofia, porque cogita, induz e deduz idéias e fatos lógicos sobre as causas primeiras e seus
efeitos naturais; generaliza e sintetiza, reflete, aprofunda e explica; estuda, discerne e define motivos e
conseqüências, comos e porquês de fenômenos relativos à vida e à morte. É religião, porque de suas
constatações científicas e de suas conclusões filosóficas resulta o reconhecimento humano da Paternidade
Divina e da irmandade universal de todos os seres da Criação, estabelecendo, desse modo, o culto natural
do amor a Deus e ao próximo.
Somente sendo assim como é, poderia o Espiritismo realizar a sua grande missão de transformar
a Terra, de mundo de sofrimento, de provas e expiações, em orbe regenerado e pacífico, a caminho de
mais altas expressões de glória cósmica. Essa missão de transformar o mundo, o Espiritismo cumprirá; não
com palavrório inconseqüente, nem com tricas políticas ou com ações de força bélica, mas fazendo a
Humanidade enxergar e entender a evidência das grandes leis e dos grandes fatos da vida, a imortalidade
do Espírito, a justiça indefectível, o imperativo do amor.
Por isso, o Espiritismo não necessita de exterioridades para empreender a reforma do mundo,
porque isso ele realizará através de cada pessoa, de cada grupo de pessoas, de cada sociedade, de cada
comunidade humana. Como a Doutrina Espírita tem a natureza de uma revelação progressiva e incessante,
sua influência será cada vez mais especifica e mais ampla, em todos os setores da atividade humana,
inspirando novos rumos e novas motivações, suscitando novos pensamentos criativos e promovendo o
progresso.
Através da literatura, da música, das artes plásticas, do cinema, do rádio, do teatro, da televisão,
as idéias espíritas realizarão um trabalho educacional de altíssimo rendimento, semeando pensamentos
mais altos e enobrecendo sentimentos.
Por outro lado, o desenvolvimento dos poderes mediúnicos da telepatia poderá revolucionar a
Lingüística e conduzir à adoção prática e fácil de uma universalização da linguagem, através da
aprendizagem subliminar do Esperanto. A pesquisa científica por processos mnemônicos de índole
sonambúlica lançará luzes novas e imorredouras nos domínios da Sociologia, da Arqueologia, da Geologia
e da História. O desenvolvimento aprimorado de dons medianimicos de percepção extrafísica desvendará,
por meio da Astronáutica, intrigantes mistérios, e descobrirá novos mundos onde os mais modernos
radiotelescópios nada acusam, ampliando, assim, e de maneira considerável, os horizontes da Astronomia.
Esta é, por sinal, a face mais bela da missão do Espiritismo: - consolar, enxugar lágrimas, semear
as flores divinas da esperança. Por isso, o próprio Cristo, que o prometeu e o enviou, chamou-o
Consolador. Ele realmente anima e conforta, ajuda e retempera. Traz-nos de volta, redivivos, os nossos
mortos queridos; mantém acesos os nossos ideais, mesmo quando as nossas condições atuais de
existência não nos permitem realizá-los de pronto. Revela-nos afetos antigos, de inestimável valor, dos
quais nos esquecêramos no tempo...
Foi por essa razão que o Espiritismo nasceu visceralmente ligado ao Evangelho de Jesus, do qual
não se pode nunca separar. Se não fosse apostolicamente cristã, a Doutrina Espírita careceria de sentido.
Seus fundamentos são o Amor e a Justiça; sua finalidade é o Bem - fonte única de verdadeira felicidade.
Com muito empenho, muita humildade e muita ênfase, advertimos a todos os irmãos em
humanidade que jamais se utilizem do Espiritismo para qualquer fim menos nobre; que não se valham dele
para a maldade ou para crime, e nem mesmo para a simples satisfação estéril de tolas vaidades pessoais.
Saibam todos que é imensamente perigoso abusar dele, porque usar a mediunidade para o mal é abrir
sobre a própria cabeça as portas do Inferno.
O Espiritismo é a mais poderosa das ciências, porque lida com forças vivas e integradas de dois
planos da existência; dirigir inconscientemente essas forças integradas para o crime poderá ser genocídio,
mas será necessariamente suicídio das mais desoladoras conseqüências.
A esse respeito, ninguém alegue ignorância, pois o próprio Mestre Divino a todos advertiu
claramente, há dois mil anos, de que todo pecado e blasfémia serão perdoados aos homens, mas a
blas fémia contra o Espírito não será perdoada. Para os que fazem questão de conferir os textos
sagrados, informamos que essa solene advertência está no versiculo 31 do capítulo 12 das anotações de
Mateus; mas além disso está gravada, em letras de fogo inapagável, na consciência viva de cada um.
XII - NO PORVIR
Mesmo depois que passar a grande tempestade, o coração augusto do Cristo sangrará de dor,
porque não será sem uma profunda e divina melancolia que verá partir, para rudes degredos reeducativos,
os afilhados ingratos e rebeldes que não lhe quiseram aceitar a doce proteção...
A subsistência exigirá esforços titânicos, na agricultura dignificada e no trato exaustivo das águas
despoluídas, mas não haverá penúria nem fome.
Por algum tempo, muitos corações sangrarão no sacrifício de missões ásperas, na solidão e no
silêncio dos sentimentos em penitência; mas não existe desespero nem prostituição viciações letais ou
mendicância infância carente ou velhice abandonada.
A Ciência alcançará culminâncias jamais sonhadas... Naves esplêndidas farão viagens regulares a
esferas superiores e as excursões de férias serão comuns, a mundos de sempiterna beleza.
Necessidades e fraquezas não poderão ser extirpadas por milagre, mas os frutos venenosos da
maldade jamais chegarão aos extremos do homicídio.
O Estatuto dos Povos manterá o Parlamento das Nações, onde Excelsos Espíritos materializados
designarão, em nome e por escolha do Cristo, os Governadores da Terra.