2024 - Resumo - 2 - República Do Brasil

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A INSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

A atual república brasileira é conhecida como Nova República e está em vigor desde o fim
da Ditadura Militar. Com a Nova República, foi inaugurado um novo período democrático, além de ter sido
redigida e promulgada, em 1988, uma nova Constituição para o Brasil.

Proclamação da República

A Proclamação da República foi resultado de um golpe militar que derrubou a monarquia


brasileira, que se enfraqueceu a partir do momento em que esse regime perdeu o apoio das elites econômicas
do país. Isso aconteceu, principalmente, pela insatisfação de dois grupos muito importantes naquele
momento: o Exército e a elite cafeeira paulista.
No caso do Exército, essa insatisfação vinha desde a Guerra do Paraguai. Os militares
consideravam-se humilhados pela monarquia e exigiam melhorias salariais e no sistema de promoção de
carreira. Além disso, não pode ser esquecida a influência dos ideais positivistas, que difundiam o
republicanismo no seio do exército.
Já no caso da elite cafeeira paulista, é importante mencionar que essa classe havia aderido
há tempos os ideais republicanos. Uma prova disso foi a criação do Partido Republicano Paulista na década
de 1870. Quando a conspiração contra a monarquia tomou força, a elite cafeeira não colocou nenhuma
resistência para a mudança de regime.
Os historiadores também levantam a hipótese de que o desgaste nas relações da monarquia
com a Igreja e com a elite cafeeira do Vale do Paraíba foram fatores relevantes. O historiador Boris Fausto,
no entanto, comenta que o papel desses grupos na Proclamação da República é muito pequeno, uma vez
que não dispunham de grande força de transformação política no Brasil.
A década de 1880 vivenciou uma crise política crônica no país. No final desse período, a
conspiração contra a monarquia ganhou força no Exército. Poucos dias antes do golpe que resultou na
Proclamação da República, os conspiradores reuniram-se com o marechal Deodoro da Fonseca para
convencê-lo a aderir ao golpe.
Com a Proclamação da República, foi formado um governo provisório no qual Deodoro da
Fonseca foi nomeado o presidente provisório. Algumas mudanças foram tomadas de imediato, como a
mudança da Bandeira Nacional e a elaboração de uma nova Constituição, que foi promulgada em 1891.
Com a Proclamação da República, o Brasil tornou-se um país federalista, isto é, as províncias
(renomeadas agora de estados) passaram a ter mais autonomia em relação ao Governo Federal, e foi adotado
o presidencialismo, como determinou a Constituição de 1891. A princípio o cargo de presidente tinha
duração de quatro anos.

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A palavra república vem do latim, res = coisa; publica = do povo. Significa governo da
coisa do povo, da coisa pública, do bem comum.
No apagar das luzes do século XIX, a monarquia brasileira caiu e, em seu lugar, foi nasceu
a república. O país mudava a forma de governo sem revolucionar a sociedade: trocava a bandeira, separava
a Igreja do Estado, fazia uma nova constituição, tudo de acordo com os interesses das elites.

Governo Provisório

Na noite de 15 de novembro de 1889, formou-se um governo provisório republicano para


dirigir o país. O novo governo era liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, que deixara de ser
monarquista somente dias antes. Como todos os eventos importantes do Brasil, a participação popular é
praticamente nula. Nesse caso não foi diferente.
Embora se falasse de uma revolução nacional, a principal preocupação do governo
provisório era manter a ordem pública já existente, como a segurança e o direito de propriedade de
brasileiros e estrangeiros. A fim de acalmar os credores estrangeiros, o novo governo se comprometeu a
saldar as dívidas do Império.
O governo provisório de Deodoro da Fonseca deveria ainda garantir a realização de uma
Assembleia Constituinte e criar novas instituições republicanas em substituição às que existiam durante o
Império. Tinha o apoio dos cafeicultores paulistas, da oligarquia de Minas Gerais e Rio Grande do Sul,
principalmente, além do Exército.

Primeiras providências:

Politicamente, Deodoro da Fonseca extinguiu inicialmente as instituições do Império: a


Constituição de 1824; o Conselho de Estado; o Senado, a Câmara dos Deputados, as assembleias
provinciais e as câmaras municipais; além de banir a família imperial do país e promover a separação entre
Estado e Igreja. Realizou ainda a “grande naturalização”, concedendo cidadania brasileira a todos os
estrangeiros que residiam no país naquele momento.
O novo governo era também conservador:
Instituição do federalismo – as províncias brasileiras foram transformadas em
Estados-membros da federação e a sede do governo era o Distrito Federal (Rio de Janeiro).
Separação entre Igreja e Estado – foi extinto o regime de padroado. Em
contrapartida, foram criados cartórios de registro civil de nascimento e o casamento civil.
Criação de novos símbolos nacionais – a bandeira foi substituída por outra
com o lema “Ordem e Progresso”.

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Promulgação da lei da grande naturalização – Estabelecida em 1890, com a
intenção de amenizar o sentimento antilusitano de boa parte da população brasileira urbana. Por
essa lei, eram declarados brasileiros todos os estrangeiros residentes no Brasil, salvo manifestação
contrária.

Encilhamento: a especulação financeira

Uma medida de impacto tomada pelo governo provisório foi a reforma financeira conhecida
como encilhamento, executada pelo ministro da Fazenda, Rui Barbosa, a partir de janeiro de 1890. O
objetivo da reforma era estimular o crescimento econômico, principalmente o desenvolvimento da
indústria. Para tanto, o governo autorizou que bancos do país (Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio
Grande do Sul) emitissem grande quantidade de moeda.
No entanto, os bancos emitiram mais moeda que o necessário, provocando uma grande
inflação. O objetivo era angariar recursos para o financiamento da industrialização e da agricultura,
munindo o mercado de moeda para atender as necessidades surgidas com o fim do escravismo e a adoção
do trabalho assalariado. Criou ainda leis para facilitar a formação de sociedades anônimas, empresas cujas
ações eram negociadas na Bolsa de Valores, e também taxas alfandegárias protecionistas, que visavam a
impedir a entrada de mercadorias estrangeiras, estimulando a produção das indústrias.
A quantidade de dinheiro circulante na praça estimulou o surgimento de muitas empresas
fantasmas, que surgiram apenas para obter o crédito facilitado dos bancos. O resultado foi catastrófico. A
inflação no Brasil passou de 1,1% em 1889 para 89,9% em 1891, já que a emissão de moeda não foi
acompanhada do fortalecimento de seu lastro, uma quantidade em ouro que sustentasse essa emissão, de
acordo com as diretrizes econômicas financeiras do capitalismo naquele momento. A especulação na Bolsa
também cresceu, gerando posteriormente uma série de falências. Essa crise econômica ficou conhecida
como Encilhamento, devido ao fato da palavra se referir ao local em que os cavalos de corrida se preparam
antes dos páreos, no momento em que são feitas as apostas.
Muitos cafeicultores protestavam contra a política econômica, pois não lhes interessavam
medidas políticas que valorizassem mais a indústria que o café. mesmo entre os republicanos, muitos
ministros criticavam a reforma financeira. Rui Barbosa, pressionado, demitiu-se do cargo em janeiro de
1891.

A primeira constituição da república

As oligarquias pretendiam manter o federalismo, assegurando a manutenção de seus poderes


regionais. Para isso, pressionaram pela realização de uma Assembleia Constituinte, medida que vinha sendo

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postergada pelos militares. As eleições para a constituinte ocorreram em 07 de setembro de 1890, iniciando
os debates em novembro de 1890. O resultado foi a promulgação da constituição em 24 de fevereiro de
1891 e a eleição indireta de Deodoro da Fonseca para presidente e de Floriano Peixoto como seu vice,
dando início ao primeiro governo constitucional da República.
Em fevereiro de 1891, foi finalmente, promulgada a primeira constituição da república:
Governo e Estado – O Brasil adotou o federalismo, em uma república
presidencialista.
Divisão dos poderes – Há no Brasil três poderes independentes e harmônicos entre
si: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Voto – Garantia de voto para maiores de 21anos, exceto mendigos, analfabetos,
soldados e mulheres. O voto era aberto, facilitando o controle do senhor de engenho.

A consolidação da República do Brasil foi firmada sem a participação do povo. O povo


concentrou suas ações nos bairros, clubes associações, Igrejas e até no futebol. Ao longo do século XX, as
manifestações populares foram buscando mais espaço dentro da política brasileira e conquistando direitos.

Governo Constitucional

A fase constitucional do governo de Deodoro da Fonseca foi


resultado da promulgação de uma nova Constituição para o Brasil. Essa
Constituição, por sua vez, foi resultado da formação de uma Assembleia
Constituinte, que tomou posse em dezembro de 1890 e era formada por
membros da elite econômica do país e por alguns membros da classe média.
Uma vez promulgada a nova Constituição, foi realizada eleição
presidencial indireta. Os parlamentares votaram separadamente para
presidente e vice-presidente. Os candidatos foram, para presidente, Deodoro
da Fonseca e Prudente de Morais; para vice-presidente, Eduardo Wanderkolk
(apoiado por Deodoro) e Floriano Peixoto (apoiado por Prudente).
Os eleitos foram Deodoro da Fonseca, com 129 votos, e Floriano Peixoto, com 153 votos.
Isso marcou o início do governo constitucional de Deodoro, mas essa fase durou só até novembro, uma vez
que os crescentes desentendimentos do presidente com o Legislativo acabaram minando sua posição,
fazendo com que ele ficasse sem apoio.

Os membros da Constituinte acabaram tornando-se membros do Congresso Nacional,


quando a Constituição de 1891 foi promulgada. Os problemas do presidente com o Congresso ocorriam

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pelo fato de que Deodoro queria governar de maneira centralizadora e autoritária sem ter que depender do
crivo dos parlamentares.
Ao longo de 1891, como mencionado, o presidente foi indispondo-se cada vez mais com os
parlamentares brasileiros. O autoritarismo de Deodoro era o grande problema, e isso acirrava as disputas
políticas no país. Deodoro da Fonseca, além de autoritário, não tinha tato político.
Ele procurou nomear uma série de “indenistas” (conservadores que apoiavam a monarquia
e que passaram a apoiar o republicanismo após a abolição dos escravos) para cargos como o de presidente
de estado, por exemplo. Essas ações desagradavam aos republicanos históricos – os políticos que
historicamente eram republicanistas.
Uma das nomeações que mais geraram repercussão foi a do Barão de Lucena para o
Ministério do Trabalho, um conhecido monarquista da época. A nomeação dele para a pasta do Trabalho
indignou os republicanos brasileiros. No embate contra o presidente, os parlamentares tentaram aprovar,
no segundo semestre de 1891, a Lei de Responsabilidades, que reduzia os poderes presidenciais.
A resposta do presidente foi autoritária. Em novembro, ele anunciou o fechamento e
a dissolução do Congresso, e a reação civil e militar foi imediata. Um movimento de resistência política
contra a ação do presidente organizou-se; uma greve de ferroviários estourou no Rio de Janeiro, e a Armada
rebelou-se, exigiu a reabertura do Congresso e ameaçou bombardear o Rio de Janeiro se o Congresso não
reabrisse.

A Revolta da Armada

Em seus primeiros anos, o regime republicano brasileiro foi alvo de uma série de revoltas
que colocavam em xeque a vigência do poder constituído. Mediante um cenário político confuso e sem
grandes forças hegemônicas, os militares tentavam dar forma a uma república de feição centralizada. Em
contrapartida, grupos civis e outras dissidências do próprio Exército Brasileiro almejavam uma participação
efetiva na inédita situação política do país.
Nesse quadro de disputas, alguns membros da Marinha se viam completamente afastados do
processo de organização do novo Estado. Já em 1891, em meio aos choques entre Deodoro da Fonseca e
os deputados das elites cafeicultoras, a Marinha organizou um movimento que exigia a renúncia do
presidente. Sob a chefia do almirante Custódio de Mello, navios de guerra apontaram seus canhões para a
capital do país e encurralado e temendo que o país se enfiasse em uma guerra civil, o presidente
acabou renunciando em 23 de novembro de 1889. Seu vice, Floriano Peixoto, assumiu a presidência – em
uma espécie de acordo entre Floriano e os parlamentares – como forma de garantir estabilidade ao Brasil.

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Governo Floriano Peixoto

O governo Floriano Peixoto (1891-1894) foi o segundo governo


republicano e encerrou o período conhecido como República da Espada,
quando o Brasil foi governado por militares.
Floriano assumiu o poder em 1891, logo após a renúncia do
Marechal Deodoro da Fonseca. Seu governo tinha como principal desafio
consolidar a república no Brasil tendo em vista a divisão no apoio ao regime
por causa de disputas de poder entre os aliados. A Marinha rivalizou com o
Exército para ter mais espaço no governo.
Floriano enfrentou duas revoltas:
A Armada, no Rio de Janeiro
A Federalista, no Rio Grande do Sul
Não poupou esforços para conter as revoltas no intuito de estabilizar a república. Para
ampliar o apoio ao seu governo, Floriano se aproximou da oligarquia paulista. Foi sucedido por Prudente
de Morais, primeiro civil a assumir a presidência da república.

Segunda Revolta da Armada (1892-1894)

A segunda Revolta da Armada surge da insatisfação da classe oligárquica contra o governo


de Floriano Peixoto.
O texto constitucional afirmava que, se o presidente não havia cumprido dois anos de
mandato, novas eleições deveriam ser convocadas. Ora, Deodoro havia permanecido apenas nove meses na
presidência e um novo pleito deveria ser celebrado.
Por isso, treze generais assinaram um manifesto exigindo que Floriano Peixoto convocasse
novas eleições. A resposta do presidente foi prender estes oficiais.
Igualmente, a Marinha se articulou
apreendendo os navios de guerra da baía de Guanabara.
Os principais líderes eram os almirantes Luís Filipe de
Saldanha da Gama e Custódio José de Melo, que
atacaram o Rio de Janeiro e a cidade de Niterói.
Reprimidos pelo exército, alguns rebeldes se juntaram
com a Revolução Federalista que ocorria no sul do país.
Diante dos bombardeios, a população abandonou o Rio de Janeiro e a capital do país foi
transferida para a cidade Petrópolis temporariamente.

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Combate entre os navios revoltosos e as fortalezas, na Baía da Guanabara, em 6 de setembro
de 1893

Revolução Federalista e Revolta da Armada

Enquanto ocorria a Revolta da Armada no Rio de Janeiro, o sul do país passava pela
Revolução Federalista (1893-1895). Também chamada de Revolta Federalista foi uma guerra civil que
ocorreu no estado do Rio Grande do Sul e se espalhou por Santa Catarina e Paraná.
Este movimento foi caracterizado pela disputa entre os federalistas (maragatos) e o exército
republicano (pica-paus). Na verdade, era um conflito entre dois modelos de república: descentralizado
(federalista) e centralizado (positivista).
Em 1894, o Almirante Custódio de Melo conduz o navio "Aquidabã" em direção ao sul para
apoiar os federalistas contra Floriano Peixoto. No entanto, a embarcação é a torpedeada na ilha de Desterro
(SC), marcando o fim do conflito.
Aliás, em Santa Catarina, na ilha de Desterro, se registraram os episódios mais sangrentos
da repressão com prisões arbitrárias e fuzilamentos sumários. A cidade mudou o nome quando o conflito
terminou e passou a se chamar Florianópolis.

Fim da Revolta da Armada

A repressão de Floriano Peixoto aos revoltosos foi implacável e, por isso, recebeu a alcunha
de “Marechal de Ferro”.
A vitória, porém, custou caro ao governo que gastou todas as reservas disponíveis
comprando, na Europa e nos Estados Unidos, navios para combater os rebeldes. Oficiais e marinheiros
americanos também participaram das manobras militares levantando críticas na imprensa.
Quanto aos líderes da Revolta da Armada, Custódio de Melo partiu para Buenos Aires e só
voltou ao Brasil depois da anistia. Por sua parte, Saldanha da Gama morreu em combate, em 1895, em
Campo de Osório (RS).

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