12 CadernoTematico Final

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memorial descritivo da capa

Título: Rio Doce I, II e III (tríptico)


Ano: 2015
Artista: Edileila Portes*
Técnica: Gouache s/papel fabriano
Dimensões: 0,45cm x 1,80cm

A obra faz parte de uma trilogia (“Rio Doce I, II e III”; “Figueira I, II e III” e “Ibituruna
I, II e III”) concebida por ocasião do desmoronamento da barragem da Samarco,
na cidade de Mariana, Minas Gerais, Brasil, em novembro de 2015. Dei à série o
título “Rasgos na Alma: ode ao Vale do Rio Doce” fazendo referência aos sentimen-
tos pelos quais nós, os atingidos/moradores do Vale do Rio Doce, passamos diante
dessa tragédia, numa denúncia poética, expressão permitida pela Arte. Objetiva,
também, fazer uma homenagem ao Vale, focando os sentimentos que os moradores
de Governador Valadares - cidade onde moro atualmente - possuem, representados
metaforicamente nos símbolos presentes na obra e que são carregados de sentidos:
o Rio Doce, a Figueira e a Ibituruna.
Como professora, pesquisadora e artista visual busco com a obra, portanto, ho-
menagear o Vale, sensibilizar os moradores e, ao mesmo tempo, compartilhar os
sentimentos vivenciados a partir do ocorrido, principalmente pelos Borum do Watu,
sociedade nativa que vive num território situado às margens do rio Doce, próximo a
cidade de Resplendor, MG e que vivencia de forma material e simbólica o rio Doce,
o Watu para os Borum. Expresso no “Rio Doce I” um rio que ainda exala vida, re-
presentada nas cores fortes e na presença dos peixes, que também carregam esta
simbologia. Imagem vívida, ainda, na memória dos Borum, segundo relato colhido
durante uma pesquisa etnográfica que fiz no território Krenak. No “Rio Doce II”,
concebida na noite do desmoronamento, trago a minha angústia diante da notícia
que se espalhou de forma contundente: a lama tóxica chega aos borbotões como
“chamas de um dragão”, enquanto os peixes tentam “correr para o mar, em vão”.
No “Rio Doce III”, o rio muda de cor. Torna-se rubro como a lama que chega: é
a hora da sua partida e da morte dos peixes, que emergem agonizantes. Ao fundo
das três obras, sob o olhar impotente da Ibituruna, a Vida se esvai. Aqui, justifico o
título “Rasgos na Alma” uma vez que essa tragédia não rasgou o Vale só no sentido
material, mas a Alma dos entes e seres que nele habitam. O tríptico “Rio Doce I, II
e III” ilustra, juntamente com os outros dois trabalhos já referidos, um livro que leva
o mesmo título: “Rasgos na Alma: ode ao Vale do Rio Doce”. Trata-se de um poema

* Possui graduação em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais, Especialização em Folclore e Cultura Popular e Mestrado em Gestão
Integrada do Território. É Membro Efetivo (Pesquisador) da Comissão Mineira de Folclore (2005) e do Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri
(2019). Atuou como professora assistente da Universidade Vale do Rio Doce de 2002 a 2017. Gere o espaço cultural Ateliê Edileila Portes desde
2014, prestando assessoria e consultoria em Arte e Cultura. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Artes Visuais, atuando principal-
mente nas seguintes áreas: desenho, composição e plástica, percepção visual, história da arte, arquitetura e urbanismo, teoria do urbanismo,
cultura, folclore, identidade, território e territorialidades.

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 2
ilustrado, editado pela Editora Atafona, de Belo Horizonte, com a coedição do Ate-
liê Edileila Portes, do qual sou gestora e tem o apoio cultural da Comissão Mineira
de Folclore, onde sou membra efetiva pesquisadora. O conjunto da obra objetiva
propor reflexões sobre o tema, que acreditamos pertinente diante da crise ambiental
vivenciada no Brasil e no mundo. Desde a sua edição, em novembro de 2017, até
o momento, o livro e as obras que o ilustram participaram de um vasto circuito de
exposições e lançamentos - da Universidade de Framingham, nos Estados Unidos
até livrarias em Belo Horizonte, Governador Valadares e São Paulo. Ongs, Institutos,
Escolas, Universidades, Fórum Social Mundial, em Salvador, Feiras internacionais
do livro - São Paulo e Buenos Aires - também fizeram parte do circuito. Em abril de
2018, o livro ilustrado foi contemplado com o selo de “Altamente Recomendável”
pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ.

projeto gráfico, muito além da diagramação

O projeto gráfico elaborado pela Tuia Comunicação para a coleção Conversas com
o rio Doce considerou seu uso como ferramenta de aprendizado, ensino e também
de pesquisa.
Pensando na unidade visual, as obras da artista Edileila Portes da capa, foram o
ponto de partida para criar esse ambiente. As cores foram extraídas das telas. Os
elementos gráficos em destaque no rodapé, e também em alguns tópicos, remetem
às ondas ou movimentos das águas do rio Doce.
A proporção das páginas, o tamanho das fontes utilizadas no texto, bem como a cor,
tanto facilita a leitura em meios eletrônicos como a impressão, visto que o formato
da página (folha A4) é comum em impressoras e fotocopiadoras pequenas, presen-
tes na maioria das escolas. E, sendo nesse formato, sua encadernação torna-se mais
prática para ser utilizada em rodas de conversas e distribuídos entre alunos.
A disposição do texto foi pensada de uma forma fluida, remetendo às curvas do
percurso do rio Doce. Com os recuos de texto e imagens, criam-se também espaços
para anotações complementares de professores e alunos.
Esse projeto aproxima a forma da diagramação do conteúdo dos Cadernos Temáticos
com a intenção de trazer uma experiência de leitura e aprendizado mais agradáveis.

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 3
Todos os direitos reservados. Copyright © 2021 dos autores

Esta coleção foi editorada com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico (CNPq) - Chamada Universal MCTI/CNPq, edital nº 01/2016, e com auxílio financeiro da Fundação
Percival Farquhar, entidade mantenedora da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE). Venda proibida.

C766c Souza, Maria Celeste Reis Fernandes de


Conversas entre o rio Doce, adolescentes e jovens na escola [livro eletrôni-
co] : caderno temático 12 / Maria Celeste Reis Fernandes de Souza, Karla Nas-
cimento de Almeida, Gilda Melo Marques e Edmara Carvalho Novaes; organi-
zação Maria Celeste Reis Fernandes de Souza et al. – Governador Valadares,
MG: Univale Editora, 2021.
28 p. : il., color. – (Conversas com o Rio Doce; 12)

Projeto: Relação com o saber e Educação Ambiental: uma pesquisa com estu-
dantes em tempo integral
ISBN 978-65-87227-26-9 (on-line).

1. Rio Doce – Minas Gerais – História. 2. Barragem de minério – Desastres am-


bientais. I. Título. II. Série.

CDD 981.51

Projeto Gráfico
Tuia Comunicação
[email protected]

Ficha Catalográfica
Biblioteca Dr. Geraldo Vianna Cruz (UNIVALE)

Revisão
Elizabeth Lopes Latorre

Contato
Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Gestão Integrada do Território (PPG-GIT)
[email protected]

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 4
Rios sem discurso

Quando um rio corta, corta-se de vez


o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.

O curso de um rio, seu discurso-rio,


chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muitas águas em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.

(João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra, 1996).

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 5
sumário

Apresentação ........................................................................................................ 7

Um Dedo de Prosa.............................................................................................. 11

Abrindo a Prosa................................................................................................... 12

No Fio da Prosa................................................................................................... 13

Outras Prosas....................................................................................................... 22

Amarrando a Prosa............................................................................................... 25

Referências.......................................................................................................... 26

Sobre os Autores.................................................................................................. 28

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 6
apresentação

Caro (a) Leitor (a),


Este caderno é parte da coletânea “Conversas com o rio Doce”, e esperamos que
ele possa render boas conversas para diferentes pessoas e grupos que tenham como
propósito compartilhar aprendizagens e saberes sobre o rio e com o rio.
A elaboração deste material é fruto do projeto “Relação com o saber e Educação
Ambiental: uma pesquisa com estudantes em tempo integral”**, que tomou o rio
Doce como objeto de saber. Os (as) estudantes que participaram da pesquisa trou-
xeram um mosaico de saberes e manifestaram diferentes desejos de aprendizagem
sobre esse rio, antes e depois do rompimento da barragem de Fundão, localizada no
município de Mariana, na Região Central de Minas Gerais.
Como moradores de Governador Valadares, ci-
dade mineira localizada às margens do rio Doce,
e vivendo os processos desencadeados pelo rom-
A barragem, de responsabilidade
pimento da barragem de Fundão, cujos rejeitos
da mineradora Samarco/Vale-
de minério atingiram toda a bacia, constatamos
BHP, rompeu-se no dia 5 de
que os desejos de aprendizagem dos (as) estu-
novembro de 2015, despejando
dantes ecoavam os nossos desejos e inquietações
aproximadamente 55.000.000
e, de certo modo, da população valadarense e de
m³ de rejeitos de minério na
outros grupos e populações que vivem ao longo
da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. calha do rio Doce, que se
espalharam por cerca de 600
Em um outro movimento de pesquisa, que se km do rio, até chegarem ao
propõe a “cartografar territórios educativos em litoral do Espírito Santo.
bairros de Governador Valadares***”, passamos
também a compreender o rio Doce como um ter-
ritório educativo. É um rio que nos ensina pelas
memórias, pelas relações ecológicas, pelos posicionamentos cidadãos aos quais so-
mos convocados em sua defesa, de modo particular no cenário do rompimento da
barragem de Fundão.
Assim, esta coletânea pretende contribuir para que o rio Doce se torne parte de uma
prosa educativa que propicie aprendizagens e que se alie a outras vozes, ecoando a de-
núncia sobre esse desastre, em pleno curso, e suas consequências ambientais e sociais.
A coletânea é um exercício interdisciplinar que contou, em sua elaboração, com os
fios da escrita de pessoas ligadas à Agroecologia, às Artes, à Biologia, à Comunica-
ção, ao Direito, à Engenharia, à História, à Matemática, à Psicologia, à Pedagogia, à
Química... porque “um rio precisa de muito fio de água para refazer o fio antigo que
o fez”, como lembra o poeta João Cabral de Melo Neto. E é justamente devido à di-

** Apoio: CNPq (Universal 2016/1); UNIVALE; FAPEMIG.


*** Apoio: FAPEMIG (Universal 2018); UNIVALE.

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CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 7
versidade de olhares que, nos diferentes cadernos desta coleção, os (as) autores (as)
usam termos distintos para se referirem ao rompimento da barragem e suas conse-
quências, quais sejam desastre, crime, tragédia, desastre-crime, desastre sociotécni-
co, desastre socioambiental. Esse grupo plural se une em defesa do rio Doce, do seu
ecossistema e das populações atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão.
Cadernos Temáticos
1. Histórias do rio Doce
Haruf Salmen Espíndola.

2. Histórias antigas do rio Doce


Haruf Salmen Espíndola.

3. Memórias do rio Doce


Patrícia Falco Genovez
José Luiz Cazarotto

4. Rio Doce: nos fios da arte e da memória


Eliene Nery Santana Enes
João Marcos Parreira Mendonça

5. Comunidades tradicionais no médio rio Doce


Maria Terezinha Bretas Vilarino
Bianca de Jesus Souza
João Vitor de Freitas Moreira

6. Áreas Protegidas e Unidades de Conservação


Guilherme Antunes de Souza
Fernanda Morozesky Geber
Renata Bernardes Faria Campos
Nájela Priscila dos Santos Moreira

7. Matas ciliares da bacia do rio Doce: impactos do rompimento da barragem


de Fundão
Maria Fernanda Brito de Almeida
Renata Bernardes Faria Campos

8. Peixes da bacia do rio Doce: diversidade e principais ameaças


Eunice Maria Nazarethe Nonato
Renata Bernardes Faria Campos
Jacqueline Martins de Carvalho Vasconcelos

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 8
9. Conversas sobre reparação de direitos no rompimento da barragem da Samarco
Lissandra Lopes Coelho Rocha
Diego Jeangregório Martins Guimarães
Iesmy Elisa Gomes Mifarreg

10. Conversas na escola sobre a qualidade da água do rio Doce


Thiago Martins Santos
Ana Luiza de Quadros

11. Conversas entre o rio Doce e as crianças na escola


Karla Nascimento de Almeida
Valdicélio Martins dos Santos
Alessandra Amaral Ferreira
Elizabete Aparecida de Carvalho
Imoyra Rodrigues dos Santos

12. Conversas entre o rio Doce, adolescentes e jovens na escola


Maria Celeste Reis Fernandes de Souza
Karla Nascimento de Almeida
Gilda Melo Marques
Edmara Carvalho Novaes

13. Conversas na universidade sobre o desastre da Samarco


Thiago Martins Santos
Maria Gabriela Parenti Bicalho
Wildma Mesquita Silva

Reconhecemos que as conversas com o rio Doce que estabelecemos neste material
são a continuidade de tantas outras conversas tecidas no cotidiano por diferentes
pessoas, grupos e nas pesquisas. Desejamos que você viva a experiência da leitura
e que seja provocado a relembrar suas conversas com o rio Doce e iniciar outras.

Maria Celeste Reis Fernandes de Souza


Thiago Martins Santos
Renata Bernardes Faria Campos
Eliene Nery Santana Enes
(Organizadores)

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 9
APOIO
ANA – Agência Nacional de Águas
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce
OBIT – Observatório Interdisciplinar do Território – UNIVALE
LAD – Laboratório de Didática – Pedagogia /UNIVALE
NIESD – Núcleo Interdisciplinar de Educação, Saúde e Direitos – UNIVALE

AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Secretaria Municipal de Educação de Governador Valadares a auto-
rização para realizar a pesquisa e a abertura para o desenvolvimento de atividades
formativas em Educação Ambiental.
Gratidão e reconhecimento pelo trabalho aos bolsistas de Iniciação Científica da
UNIVALE que contribuíram com a primeira pesquisa citada: Giovanni Tavares Neves
(Engenharia Civil e Ambiental); Isabela Neto da Silva Paes (Engenharia Civil e Am-
biental); Keren Christine Marques Cupertino (Pedagogia); e Rodrigo Felix Ferreira
Rezende (Psicologia).

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 10
um dedo de prosa

Em nosso primeiro dedo de prosa, extraímos a epígrafe de uma das pesquisas rea-
lizadas no mestrado em Gestão Integrada do Território, que aborda as percepções
de pessoas jovens e adultas sobre o rio Doce. Compõem essa epígrafe um poema
de Manuel de Barros e uma fotografia do rio Doce após o rompimento da barragem
de Fundão. A leitura do poema de Barros é um convite a voltarmos o nosso olhar
para a fotografia e percebermos a imagem solitária de uma ave que nos parece sem
rumo.... Essa ave nos lembra todas as espécies viventes no Vale do Rio Doce, incluin-
do os humanos, que tecem com o rio diferentes relações.
Desde o começo do mundo água e chão se amam
E se entram amorosamente
e se fecundam.
Nascem peixes para habitar os rios.
E nascem pássaros pra habitar as árvores.
As águas ainda ajudam na formação dos caracóis e das
suas lesmas.
As águas são a epifania da criação.
(Manoel de Barros, Menino do Mato, 2010).

Figura: 1. Fotografia do rio Doce: Um dia após a lama de rejeitos da Samarco.


Bairro São Pedro. Fonte: Fotos antigas e atuais de Governador Valadares/MG (2015).

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 11
abrindo a prosa

Caro (a) Leitor (a).


Se você está lendo este caderno é porque, de algum modo, se interessa sobre essa
temática na escola e compreende a importância do debate ambiental com adoles-
centes e jovens.
Adolescentes e jovens se interessam pelo meio ambiente e se sentem responsáveis
por ele?
Mapu Huni Kuin, jovem indígena do Acre; Greta Thunberg, jovem sueca; Kathrin
Henneberger, jovem alemã; Margareth Klein Salamon, jovem dos Estados Unidos
são alguns dos jovens considerados ativistas ambientais e cujas histórias, disponíveis
em sítios eletrônicos, nos mostram que adolescentes e jovens se interessam sim pela
pauta ambiental e a defendem.
A pergunta acima foi motivadora de uma pesquisa realizada pelo Programa Inter-
nacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), com jovens de 15 anos, de 54 países, e
os resultados mostraram o interesse dos jovens pelo meio ambiente. Ao lermos os
resultados dessa pesquisa, chama-nos a atenção o fato de que grande parte desses
jovens identifica a escola como importante fonte de conhecimento ambiental.
Na pesquisa que realizamos com adolescentes de seis escolas de Governador Va-
ladares, e cujos resultados divulgamos em artigos que podem ser conferidos no fi-
nal deste caderno, os jovens se interessam pela temática ambiental, pelo rio Doce,
mostram diferentes saberes sobre o rio, e direcionam para a escola seus desejos de
aprender mais sobre o rio Doce.
Este caderno temático tem, pois, o propósito de apresentar algumas possibilidades
de conversas com o rio Doce, a serem estabelecidas na escola com adolescentes e
jovens. Não descrevemos um rol de conteúdos ou estratégias de aprendizagem, e
sim possibilidades para desencadear a conversa.
Lembramos os ensinamentos de Paulo Freire sobre a importância do diálogo na
educação que se faz na escuta do outro, no reconhecimento dos seus saberes e na
leitura dos nossos próprios saberes. Assim, é Paulo Freire que nos inspira no fio do
discurso que desejamos começar a tecer com você, que se envolve no ensino, com
a convicção de que, com seus saberes você contribuirá muito, enriquecendo e con-
tinuando essa primeira conversa.
A palavra conversa que comparece no título desta coleção e neste caderno temático
é inspirada no debate ambiental, que considera todas as formas de vida no planeta,
a coexistência entre humanos e não humanos, e em Bruno Latour, ao defender os
não humanos (aqui o rio) como atores importantes em uma rede e como sujeitos
de direitos. Assim, o rio é ator e participa da prosa. Nosso convite para a leitura e
a conversa é para não falarmos sobre o rio Doce como um ente desconectado da
nossa vida, e sim travarmos conversas com ele, sobre ele, e por meio dele.

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 12
no fio da prosa

Para começar a travar a conversa entre o rio Doce, adolescentes e jovens na escola,
é importante refletir sobre os sujeitos que participam dessa prosa.
Uma reflexão que nos parece importante para o início dessa conversa par-
te da pergunta: quem é o rio Doce para você? Recupere suas memórias e
suas relações com o rio. O rio é sempre mais que um curso de água, mais
que um componente da paisagem que admiramos. O geógrafo Y-Fu Tuan
contribui com seus estudos para compreendermos, que com o ambiente
do qual o rio é parte constitutiva, estabelecemos relações de afeto, relações
que ele denomina topofílicas. O geógrafo também nos diz que essas rela-
ções podem ser de medo e de insegurança, e as denomina de topofóbicas.
Assim, essa é a primeira conversa – uma conversa com você mesmo sobre
o ambiente e sobre o rio.
Os (as) estudantes das seis escolas que participaram do nosso estudo, tantas
outras pessoas que vivem às margens dos rios, as que habitam mais distante
mas tomam o rio Doce como referência, os grupos indígenas, os pescadores
que vivem na bacia hidrográfica do rio Doce, contam suas lembranças e
suas relações com esse rio, e nas quais nós podemos identificar a marca do
rompimento da barragem de Fundão – exprimindo relações de afeto, mas,
também, de insegurança e medo.
Outra reflexão que nos parece importante é sobre os (as) adolescentes e
jovens. No campo da educação, há uma literatura rica sobre esses sujeitos
que nos ajuda a compreendê-los para além do rótulo de “alunos”. Essa litera-
tura vai apontar alguns elementos importantes e que são fundamentais para
quem se dispõe a envolver os jovens em processos educativos: as culturas
juvenis, (expressas nas músicas, nos modos de vestir, falar, entre outros); as
subjetividades e os saberes dos quais eles são portadores; os pertencimentos
territoriais (vivem e participam de grupos em diferentes territórios, incluindo
o virtual; são jovens que vivem em diferentes lugares na cidade; são jovens
que vivem na zona rural); e o protagonismo juvenil.
Outro reconhecimento é o do rio como ator, como defende o antropólogo
Bruno Latour. Nós, humanos e não-humanos, estamos conectados em rede
e o rio não é somente o recebedor das ações humanas, “um ente sem vida”.
Podemos considerá-lo um ator, influenciando e sendo influenciado pelas
ações humanas.
A partir desses três pontos apresentados acima, compartilhamos como temos esta-
belecido nossas conversas com o rio, com adolescentes e jovens e com escolas de
modo geral.

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 13
Rodas de Conversa – Temos apostado na fertilidade das rodas de conversa para
as quais buscamos inspiração no “círculo de cultura” proposto por Paulo Freire e
na literatura em Educação Ambiental. Esta é uma perspectiva adotada pela pos-
sibilidade que oferece de uma leitura da realidade de maneira mais crítica. Para
a organização da roda, algumas dicas são importantes: escolha de uma temática;
colocação do tema na roda ouvindo os posicionamentos e argumentos; provo-
cação a participação de todos; problematização dos posicionamentos visando
a uma análise do que está sendo discutido sobre leituras de realidades feitas.
Para Paulo Freire, a aprendizagem se faz pela via da conscientização. Chamamos
a atenção para a necessidade de refletir para além das ações individuais, por
exemplo, “não jogar lixo no rio”, e assumir debates mais amplos mostrando que
a pauta ambiental guarda implicações econômicas e políticas.
Balanço de Saber – O balanço de saber, nós o adotamos como estratégia
de pesquisa, mas acreditamos no seu potencial como provocador de boas
conversas ambientais. Esse instrumento foi elaborado por Bernard Charlot e
faz parte da sua proposição teórica sobre a “relação com o saber”. O balanço
é a solicitação de um texto escrito a partir de um enunciado. Esse enunciado
tem algumas regularidades em torno do sujeito em sua condição antropoló-
gica, sociológica e singular. O aprender é a tônica do balanço, com quem se
aprende, onde se aprende e as expectativas de futuro. Compartilhamos com
você o enunciado do balanço de saber que criamos para a pesquisa que ci-
tamos na apresentação deste caderno:
Uma jornalista de um importante jornal brasileiro está produzindo uma repor-
tagem sobre a importância da água para a nossa sobrevivência e sobre o rio
Doce. Imagine que você foi convidado para ser entrevistado. Na entrevista, a
jornalista quer saber o que você sabe sobre a água e o rio Doce, com quem
aprendeu as coisas que você sabe, onde aprendeu, o que ainda gostaria de
aprender e com quem gostaria de aprender. A jornalista é muito curiosa e quer
saber, também, o que você considera importante em todas essas aprendiza-
gens. E aí, vai responder o quê para ela? Capriche, é um grande jornal, com
centenas de milhares de leitores.
O importante nesta produção é que o texto não seja utilizado para “aulas de gra-
mática”, e que, após a escrita, ele possa ser compartilhado com o grupo. A partir
do compartilhamento sugere-se que sejam discutidas as aprendizagens, com quem
e onde as pessoas aprenderam, e o que ainda se deseja aprender. Chamamos a
atenção para aquilo que o(a) produtor(a) do texto considera importante em todas as
aprendizagens, ou seja, destacar o que consideramos importante no que aprende-
mos diz muito sobre quem somos, as nossas expectativas e o que valoramos. Como
o balanço de saber é parte de uma conversa, é importante que a pessoa que propõe
a elaboração do balanço também elabore o seu e o coloque na roda da prosa.
Mapas mentais – Outra possibilidade de conversas com o rio Doce que
temos experimentado em nossas pesquisas e outras atividades de conversa
com o rio são os mapas mentais que se convertem em um instrumento me-

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 14
todológico a serviço da subjetividade, no caso em tela, no modo como cada
um experiencia as relações que estabelece com o rio Doce. Gilda Melo, uma
das autoras deste caderno, que utilizou os mapas mentais com estudantes
da Educação de Pessoas Jovens e Adultas produziu, para enriquecer a nossa
leitura, três mapas mentais e nos relata o que esses mapas evocam.

Oh! Meu rio Doce... Quantas lembranças!


Que saudade da minha infância!

O rio Doce é parte da minha experiência de vida,


das minhas memórias de afeto, de carisma, de
amor. Quanta saudades da prainha, das tardes de
verão em que eu e a minha família passeávamos
em sua orla, brincávamos e tomávamos banho em
suas águas tranquilas, calmas. O rio Doce era para
mim como uma extensão da minha casa visto que
ao final do nosso quintal lá estava ele, delimitado
apenas por uma cerca de arame sem a menor ne-
cessidade e nem exigência da existência de muros.

Mapa Mental 01: rio Doce, momentos felizes Noutros períodos do ano, o mesmo rio se torna-
Fonte: elaborado por Gilda Melo Marques (2020) va bravo, suas águas pareciam nervosas... então já
entendíamos tudo: era só esperar que ele subisse
... subisse. Assim, eu e minha família passávamos
a noite vigilantes; era hora de juntar tudo e sair,
visto que nos períodos de cheia era normal que o
rio transbordasse.
Mas, em poucos dias tudo voltava ao normal e
ele, o rio, voltava a ser o nosso rio Doce, fonte
de alegria e garantia de trabalho e sustento para
as comunidades de pescadores, assim como fon-
te de abastecimento de água potável para matar a
nossa sede, bem como para garantir a limpeza e
cuidados necessários à manutenção da nossa saú-
de, a limpeza das nossas casas e demais objetos
pessoais. E, desse modo, nenhuma outra água se
comparava a sua cor cristalina, ao seu sabor, seu
cheiro, a sua beleza, ...mas desde o rompimento
da barragem de Fundão, olho o rio com tristeza e
Mapa Mental 02 – período de cheias
Fonte: elaborado por Gilda Melo Marques (2020) apreensão: o que fizeram com o meu rio Doce...
Não me esqueço das imagens do rio com a chega-
da da lama de rejeitos, dos cheiros, das filas de dis-
tribuição de água e como a população da cidade
de Governador Valadares foi afetada.

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 15
Mapa Mental 03: rio Doce, após o rompimento da barragem de Fundão.
Fonte: elaborado por Gilda Melo Marques (2020)

Os três mapas e a descrição acima foram feitos por alguém que estabelece com o
rio uma relação de proximidade, mas nós o experimentamos como instrumento
metodológico em uma sala de aula de EJA, convidando os sujeitos a elaborarem
mapas nos quais o rio Doce comparecia como parte de suas vivências. Nessa ativi-
dade, encontramos relações de proximidade com o rio como também relações de
distanciamento e apreensões, relatadas no período de escassez das águas, nas cheias
e após o rompimento da barragem de Fundão.
Para o trabalho com os mapas mentais, nos referenciamos nas contribuições do ge-
ógrafo Y-Fu Tuan que enfatiza a linguagem simbólica dos seres humanos e sua capa-
cidade de representar mundos mentais, a partir de sua realidade externa, via mapas.
Em nosso artigo, “Percepção de estudantes jovens e adultos sobre o rio Doce - car-
tografias do medo”, que consta na seção “Referências”, neste caderno, fizemos oral-
mente o direcionamento para a elaboração do mapa:
Conte-me o que você sabe sobre a água, sobre o rio Doce. Quero que repre-
sente no seu mapa tudo que puder e souber sobre o rio e o lugar onde você
vive, (rua, bairro), a distância ou proximidade com relação a sua casa e o rio,
os elementos que podemos encontrar no rio Doce e na sua orla. Conte-me
por meio do seu desenho as experiências que você tem e teve com relação
ao rio Doce. Procure representar os detalhes.
Para a confecção dos mapas, foram disponibilizadas folhas de papel A4, caneta hi-
drocor e lápis de cor. O tempo de elaboração dos mapas foi de, aproximadamente,
60 minutos, seguido da apresentação do mapa em uma roda de conversa onde cada
um relatou o que havia desenhado.
A geógrafa Salete Koezel permite compreender os mapas como construções socio-
culturais que nos contam sobre as experiências socioespaciais dos sujeitos, e refle-
tindo sobre o rio Doce, apostamos nos mapas para compreender como esse rio é
sentido, vivido e sonhado pelas pessoas. Essa pesquisadora também nos apresenta

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 16
em seus escritos, que podem ser conferidos na seção “Referências” deste caderno,
possibilidades de trabalho com Mapas Mentais, incluindo a interpretação dos mapas
que podem favorecer o diálogo em sala de aula, discutindo sobre as imagens, os
sentidos, os ícones, as cores, os signos linguísticos.
A partir das contribuições da autora, foram elaborados em nosso estudo, critérios
para a análise dos mapas e interpretação dos modos como o rio Doce foi representa-
do: cor utilizada para desenhar a água; distância ou proximidade do rio em relação
a casa; ausência ou presença de diferentes elementos no rio e na orla, como peixes,
materiais descartáveis, barcos, material de pesca, árvores, pedras, bancos de areia,
lama; se havia pessoas desenvolvendo atividades relacionadas ao rio; assim como o
distanciamento ou aproximação do sujeito em relação ao rio. Esse modo de leitura
e análise foi complementado pela socialização do mapa em uma roda de conversa.
O importante para nós é que os mapas nos contam os sentidos, os sentimentos, e
como o rio comparece como parte do lugar em que se vive. As discussões sobre os
mapas com a apresentação das percepções de cada sujeito, podem ser provocado-
ras de várias análises em sala de aula, na perspectiva problematizadora apresentada
por Paulo Freire.

Lendo os números
No final do ano de 2015, especificamente no dia 05 de novembro, o Brasil, e em es-
pecial os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, foram surpreendidos com as mais
diversas notícias, tanto na mídia impressa quanto na digital, sobre o rompimento
da barragem de Fundão. Nas diversas narrativas produzidas desde então, pudemos
também localizar um conjunto de dados numéricos sobre os moradores atingidos,
números de cidades, rios e afluentes que receberam a lama de rejeitos, figuras,
gráficos e infográficos que apresentavam a trajetória da lama, todos com o objetivo
de explicitar, através de meios numéricos e gráficos, a gravidade e a intensidade da
destruição ocorrida em função desse rompimento.
Um exemplo é a figura apresentada a seguir, extraída do “Encarte Especial sobre a
Bacia do Rio Doce” , elaborado pela Agência Nacional de Águas (ANA), após o rom-
pimento da barragem de Fundão.

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CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 17
Figura 2. Suspensões no abastecimento de água nos municípios dependentes do rio Doce e medidas adotadas.
Fonte: (ANA, 2016, p. 44)

Além dessa figura que apresenta a cronologia da lama de rejeitos atingindo o rio
Doce, e suas consequências no abastecimento de água para a população de 9 mu-
nicípios mineiros e 3 municípios capixabas, outros números compõem o cenário
desse desastre sociotécnico. Uma busca na internet com as palavras “rompimento
da barragem de Fundão em números”, retorna diferentes informações: 62 milhões
de metros cúbicos de lama e a distância percorrida pela lama – 879 km de Mariana
(MG) a Regência (ES); 16h20, de 5 de novembro de 2015 (horário do rompimento
da barragem); 11 toneladas de peixes mortos; 17 pessoas mortas; 1.265 pessoas
desabrigadas em Mariana e região; 82% das edificações de Bento Rodrigues destru-
ídas; 1,5 mil hectares de vegetação destruídos pela lama entre Mariana e Linhares
(ES); 1.249 pescadores cadastrados em Minas Gerais e Espírito Santo, dentre outras
informações em que os números comparecem compondo o texto.
Mas, nem sempre ler as informações numéricas, por exemplo, as porcentagens rela-
tivas às doenças que as pessoas desenvolveram em decorrência do desastre, analisar
os gráficos, as legendas e os infográficos, compreender o sentido das porcentagens,
dos dados estatísticos etc., apresenta-se como uma tarefa fácil, quando se busca
compreender os números nos contextos em que eles comparecem.

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CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 18
Buscamos inspiração no campo da Educação Matemática para refletir sobre as in-
formações numéricas na vida social que, no caso do rompimento da barragem de
Fundão, são e continuam sendo portadoras de uma dramaticidade e de diferentes
efeitos para as pessoas e o ambiente. Pesquisadoras desse campo, como Maria da
Conceição Ferreira Reis Fonseca, chamam a atenção para o fato de que as informa-
ções numéricas em um texto exigem um esforço para a compreensão da intenção
discursiva do texto e ampliam as possibilidades de leitura crítica do mundo.
A professora de matemática e pesquisadora, ao discutir as relações entre leitura,
escrita e matemática (http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/ver-
betes/numeramento), expõe possibilidades para o trabalho pedagógico com o foco
em “conhecimentos matemáticos (aí incluídos ideias, representações, procedimen-
tos, critérios) como modos culturais de compreender o mundo, de organizar e ava-
liar as relações que estabelecemos com as pessoas, as coisas e os acontecimentos”.
Vejamos o exemplo a seguir, que retiramos do sítio eletrônico (https://brasilescola.
uol.com.br/biologia/impactos-ambientais-acidente-mariana-mg.htm ). Acesso em:
mai. de 2021.:

Ao nos deparamos com esses números e desencadearmos as reflexões sobre eles


com os estudantes, a provocação a ser feita é: ler os dados, estabelecer correlação
entre eles e ler para além desses dados. Urge analisar os números como gerados em
determinados contextos sociais que, nesse caso, refletem a ação das mineradoras,
os conflitos ambientais, a preservação ambiental em risco e a necessidade de justiça
ambiental. É um exercício em que somos convocados a nos empenhar, de modo
que possamos nos posicionar criticamente diante do lido.

Tecnologias digitais
Como já vimos na abertura deste caderno, os jovens se interessam sim pela pauta
ambiental e a defendem. Outro interesse de adolescentes e jovens é pelas tecnolo-
gias digitais, certo?
Esse interesse pode ser evidenciado por meio dos dados da pesquisa TIC Kids on-line
2018 e TIC Domicílios 2018, que acenam para o crescente número de adolescentes
e jovens que acessam a Internet, ambas divulgadas em 2019, pelo Centro de Estudos
sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação, responsável pela coordenação

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e publicação de pesquisas sobre a disponibilidade e uso da internet no Brasil (https://
cetic.br/pt/publicacoes/indice/pesquisas/). Acesso em: mai. de 2021.
Adolescentes e jovens utilizam cada vez mais o note e o netbook, tablets e celu-
lares, com destaque para estes últimos, para se conectarem e realizarem múltiplas
relações: criar perfis e trocas de mensagens pelas redes sociais, compartilhar textos,
fotos e vídeos, desenvolver pesquisas escolares, ouvir músicas, assistir a séries, filmes
on-line e por aí vai...
Esse conjunto de práticas culturais tecidas por esses sujeitos no ciberespaço reconfi-
guram novos modos de ser, de pensar, de nos comunicar e de nos relacionar, com-
pondo, assim, o mosaico da cibercultura e constituindo o que em alguns de nossos
estudos temos chamado de ciberterritorialidades, ou seja, as apropriações do terri-
tório virtual, as práticas do ciberespaço co-constituídas socialmente e que conferem
sentido ao espaço vivido.
E o que tem de conexão entre adolescentes, jovens, cibercultura e a pauta ambien-
tal, incluindo o rio Doce, nessa pauta?
Para puxarmos o fio da prosa, podemos dizer da dimensão dinâmica inerente à ado-
lescência, juventude, tecnologias e ambiente. A trama do movimento, da mudança,
de algo que está em constante transformação e que nos enreda a todos, sujeitos,
equipamentos tecnológicos, ambiente, ou seja, a conexão de humanos e não huma-
nos que compartilham a casa comum.
Cientes da potência de conexão que as tecnologias congregam, como podemos
acioná-las para pensar, refletir, estudar, aprender, produzir conhecimentos sobre o
ambiente e sobre o rio Doce, na escola e fora dela?
Bem, nós não temos a receita do bolo, claro! Mas podemos puxar conversa para
acionar ideias, debates, reflexões e, quem sabe, ações em que práticas mediadas
pelas tecnologias sejam acionadas, já que elas estão presentes em outras esferas da
nossa vida social.
Destacamos aqui duas possibilidades:

Interação: Partimos da consideração de que as tecnologias digitais são elementos


constitutivos da cultura juvenil na contemporaneidade e, portanto, não podem ser
desconsideradas dentro ou fora da escola. Essas tecnologias marcam as interações
juvenis e podem ser potencializadas para troca de experiências com outros jovens,
de outras cidades, estados e países, que estão se mobilizando para a defesa e pre-
servação do meio ambiente.
Nesse sentido, pensamos em dois modos de interação: um deles é com o próprio
ciberespaço para pesquisar de forma ativa informações, artigos, materiais didáticos,
aplicativos sobre Educação Ambiental, por meio de fontes confiáveis. O outro modo
são as interações com outros sujeitos, pela possibilidade de comunicação síncrona e
assíncrona no compartilhamento de práticas, na socialização de projetos, amplian-

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do, assim, os espaços de diálogo que podem ser potencializados como lugares de
escuta e de fala, ou seja, de trocas de saberes.
Assim, os blogs, sites, comunidades e grupos nas redes sociais ampliam os espaços
de socialização dos saberes sobre como adolescentes e jovens estão atuando para a
defesa e preservação do meio ambiente.
Que tal... procurar saber se sua escola tem uma página, um site ou um blog? Se não
tem, que tal criar um? Se tem, como podem ser potencializadores das discussões
ambientais?
Produção de conteúdos: As pesquisas realizadas pelo Cetic.BR apontam que, por
mais que se amplie o acesso de adolescentes e jovens à Internet, esses sujeitos ten-
dem a utilizá-la mais como consumidores de informações, notícias, jogos, músicas,
vídeos etc. do que como produtores de conteúdo.
As possibilidades que as tecnologias digitais oferecem para a produção de conte-
údo são inúmeras e muitas delas são conhecidas por adolescentes e jovens que as
utilizam em espaços da vida cotidiana e do lazer, como a gravação e publicação de
vídeos e produção de podcasts.
Que tal... utilizar essas mídias para refletir, divulgar conteúdos, realizar entrevistas
com especialistas, registrar histórias, fazer uma mostra de fotografias, suas conversas
com o rio, gravar vídeos das relações topofílicas e topobóbicas de moradores com o
lugar onde moram?
Importante lembrar: por mais que o acesso às tecnologias venha se ampliando gra-
dualmente nos últimos anos, é importante lembrar que esse acesso é desigual entre
adolescentes e jovens das camadas populares, como indicam os dados das pesquisas
do Cetic.Br, cujo percentual de acesso para a população das classes C (76%), classes
D e E (48%) é bem inferior ao da população da classe A (92%) e B (91%). Desigual-
dade também visível entre a população que reside em área rural (49%) e a que
reside em área urbana (74%). Essas entradas desiguais no território virtual também já
foram denunciadas em alguns de nossos trabalhos anteriores, nos quais cartografa-
mos territorialidades docentes e discentes no uso das tecnologias digitais.
Compreendemos o potencial que as tecnologias digitais têm para produzir e com-
partilhar conhecimentos, mas não podemos desconsiderar que o acesso aos equipa-
mentos e à Internet são demarcados por condições sociais, políticas, econômicas e
culturais nas quais adolescentes e jovens estão inseridos.
Apresentamos algumas possibilidades que podem render uma boa conversa. O im-
portante em um bom diálogo é a nossa capacidade de escuta. Assim, escutemos
os(as) adolescentes e jovens, e escutemos a voz do rio Doce que clama por justiça
ambiental.

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outras prosas

Para continuar a conversa, gostaríamos de dizer que o rio Doce tem sua história mar-
cada pelo rompimento da barragem de Fundão. As pessoas, de modo geral a mídia,
pesquisadores, governos...., se referem a este rompimento utilizando diferentes ter-
mos: desastre, desastre ambiental, acidente, crime, tragédia, etc. Em nossos estudos,
passamos a adotar um termo que aprendemos com pesquisadores do Grupo de
Estudos em Temáticas Ambientais (GESTA) da UFMG que explicam tratar-se de um
desastre sociotécnico, porque vai além de um erro técnico. Tem a ver com opções
políticas na agenda ambiental brasileira, vulnerabilidade e exposição da população
ao risco. Vale conferir as produções desse grupo sobre conflitos ambientais e o rico
material produzido pelo engajamento dos pesquisadores na defesa de populações e
grupos afetados pelo rompimento dessa barragem.
Fique de olho:
https://gestaprod.lcc.ufmg.br/. Acesso em: mai. de 2021.
Águas Passadas: este é o sugestivo título do sítio eletrônico https://luhenasgar.wixsite.
com/aguas-passadas. Acesso em: mai. de 2021. que compartilha resultados de
pesquisas sobre as memórias das cheias do rio Doce e do processo de territorialização
do Vale do Rio Doce. O projeto é uma parceria entre a UFMG e a UNIVALE e vale
a pena conferir as contribuições do grupo.
Risco, desastre e educação ambiental: a terceira margem do rio Doce. Este artigo,
produzido por pesquisadores da UNIVALE, trata da incorporação da temática da Re-
dução dos Riscos de Desastres nos currículos na educação básica. O artigo permite
compreender o risco ambiental e vulnerabilidade, e pode-se identificar no texto
boas pistas para conversas na escola.
Fique de olho:
https://www.revistas.udesc.br/index.php/percursos/article/
view/1984724618362017066/pdf . Acesso em: mai. de 2021.
Um olhar atento sobre as juventudes é o que nos propicia o “Observatório da ju-
ventude da UFMG”. Sugerirmos conferir os cadernos temáticos produzidos pelos
pesquisadores que podem contribuir para que possamos compreender melhor as
juventudes.
Fique de olho:
http://observatoriodajuventude.ufmg.br/producao/producao-cientifica/. Acesso em:
mai. de 2021.
As tecnologias digitais oferecem possibilidades interessantes de conexão com a te-
mática ambiental – no acesso a conteúdo disponíveis em sítios eletrônicos ou na
produção de conteúdos a serem disponibilizados via internet. A seguir, compartilha-
mos algumas possibilidades.

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No link abaixo, você pode conferir a iniciativa que partiu de estudantes do 2º ano
do Ensino Médio de uma escola no Ceará, que conseguiram aprovar na Câmara dos
Vereadores uma lei de preservação da caatinga, único bioma exclusivamente brasi-
leiro e outros projetos.
Fique de olho:
https://criativosdaescola.com.br/10-projetos-de-estudantes-que-estao-preservando-
o-meio-ambiente/. Acesso em: mai. de 2021.
Nesse site, você pode se inspirar nas histórias de jovens no Brasil e no mundo que
militam pelas causas ambientais e dos direitos humanos.
Fique de olho:
https://www.greenpeace.org/brasil/blog/projeto-banana-terra-lanca-manual-para-
jovens-que-querem-mudar-o-mundo/. Acesso em: mai. de 2021.
Deixamos como sugestão de leitura o artigo, “Aplicativos para o ensino-aprendiza-
gem de Educação Ambiental”, que faz um levantamento de Apps disponíveis sobre
a temática da Educação Ambiental.
Fique de olho:
h t t p : / / w w w. l a t e c . u f r j . b r / r e v i s t a s / i n d e x .
php?journal=eduambiental&page=article&op=view&path%5B%5D=795.
Acesso em: mai. de 2021.
Compartilhe também produções feitas com seus estudantes, relativas à cultura digi-
tal, que podem ser produzidas e publicadas gratuitamente em sites, plataformas de
vídeos e aplicativos como Wix, sites.Google, YouTube, Anchor e outras.
Fique de olho:
Para criar sites, confira:
https://pt.wix.com/. Acesso em: mai. de 2021.
https://sites.google.com/. Acesso em: mai. de 2021.
Fique de olho:
Para criar Podcasts:
https://apps.apple.com/br/app/anchor-fa%C3%A7a-seu-podcast/id1056182234.
Acesso em: mai. de 2021.
Vale também conferir o sítio eletrônico do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio
Doce – CBH Doce. Uma imersão no rico material disponibilizado permite conhecer
a Bacia Hidrográfica do Rio Doce e os movimentos de luta em defesa das águas e
do seu ecossistema. Destacamos as divulgações dos “Boletins de Monitoramento e
Qualidade da Água” e a Revista Bacia do Rio Doce, com conteúdo sobre projetos e
temas relativos à gestão de recursos hídricos; rompimento da barragem de Fundão;
projetos em execução na Bacia e que envolvem a comunidade.
Fique de olho:
http://www.cbhdoce.org.br/. Acesso em: mai. de 2021.
Com o sugestivo nome de PoEMAS, o grupo Política, Economia, Mineração, Am-

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biente e Sociedade, da Universidade Federal de Juiz de Fora, desenvolve pesqui-
sas e atividades de extensão, com vistas a “analisar e avaliar os impactos que as
redes de produção associadas à indústria extrativa mineral geram para a sociedade
e para o meio ambiente”, conforme divulgado em seu sitio eletrônico. Reflexões
sobre o conflito ambiental em torno da ação de mineradoras no rio Doce e pro-
vocadoras do desastre sociotécnico podem ser conferidas em um conjunto de
publicações sobre o “Desastre no Rio Doce”.
Fique de olho:
https://www.ufjf.br/poemas/publicacoes/desastre-do-rio-doce/. Acesso em: mai. de
2021.
Outro grupo que destacamos é o Organon – Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão
em Mobilizações Sociais da Universidade Federal do Espirito Santo. O rompimento da
barragem de Fundão, a pauta ambiental, a defesa e a luta dos atingidos, bem como
movimentos de mobilização social podem ser conferidos na página do grupo da Web.
Fique de olho:
http://organon.ufes.br/. Acesso em: mai. de 2021.
Sobre a Educação Ambiental, sugerimos como leitura o livro de Carlos F. B. Loureiro,
“Sustentabilidade e educação – um olhar da ecologia política”, editado pela Cortez.
O livro apresenta reflexões e possibilidades para o trabalho ambiental na escola.
Para ampliar as discussões sobre informações numéricas e dados matemáticos, in-
seridos em textos, sugerimos o livro “Escritas e leituras na Educação Matemática”,
organizado pelas professoras e pesquisadoras Adair Mendes Nacarato e Celi Espa-
sandin Lopes, editado pela Autêntica.
Sobre a proposição teórica “Relação com o Saber”, sugerimos conferir o sítio ele-
trônico da Rede de Pesquisa sobre Relação com o Saber (REPERES) que congrega
pesquisadores brasileiros e de outros países, incluindo Bernard Charlot.
Fique de olho:
https://redereperes.wixsite.com/reperes. Acesso em: mai. de 2021.
Para concluir, apresentamos as contribuições importantes do Projeto Manuelzão, da
Universidade Federal de Minas Gerais, que se dedica, também, à Bacia Hidrográfica
do Rio das Velhas. As propostas do projeto em Educação Ambiental podem inspirar
ações nas escolas sobre o rio Doce.
Fique de olho:
https://manuelzao.ufmg.br/educacao/. Acesso em: mai. de 2021.

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CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 24
amarrando a prosa

Para amarrar a nossa prosa, selecionamos quatro reflexões dos adolescentes que
participaram do nosso estudo e que são um convite a posicionamentos em defesa
do rio Doce.
Agora o rio está muito contaminado, cheio de substâncias tóxicas que foram
liberadas pelo rompimento da barragem e prejudicam a saúde do ser humano.
Todos nós devemos lutar para trazê-lo [o rio] de volta.
A sociedade gostaria de saber como vai ficar o nosso rio, e se pelo menos o rio
voltará ao normal, ou pelo menos tirar os metais pesados da água.
O povo não cuidava antes, e acho que não cuidará agora. A falta de informa-
ção e a importância que não é dada para cuidados ambientais me preocupa.
Além desses posicionamentos, trouxemos uma foto produzida com adolescentes
e jovens da Escola Estadual Labor Club de Governador Valadares no dia do meio
ambiente, em junho de 2019, durante uma atividade de abraço à Lagoa Santa, loca-
lizada no bairro Morada do Vale e que fica distante do rio Doce. Os (as) estudantes
dessa escola se mobilizaram, nesse momento, em defesa do rio Doce.

Figura 3. Faixa elaborada pelos estudantes e apresentada durante o abraço na Lagoa.


Fonte: Acervo particular (2019).

Desejamos que, após a leitura deste caderno, a sua voz se una a outras vozes, in-

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cluindo a voz do rio Doce, em sua defesa.

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maio 2020.

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Sobre as Autoras:
Maria Celeste Reis Fernandes de Souza
Pedagoga, com Doutorado em Educação pela Universidade Federal de Minas Ge-
rais – UFMG; Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão
Integrada do Território - UNIVALE. Atua no projeto de extensão universitária, Rede
Solidária Natureza Viva, em parceria com a Associação de Catadores de Materiais
Recicláveis Natureza Viva (ASCANAVI). Coordenou a pesquisa “Relação com o Sa-
ber e Educação Ambiental”. Pesquisadora vinculada aos Grupos de Pesquisa: Grupo
de Estudos sobre Numeramento - UFMG; Grupo de Pesquisa Núcleo Interdisci-
plinar de Educação, Saúde e Direitos - UNIVALE. Pesquisadora vinculada à Rede
de Pesquisas sobre Relação com o Saber - REPERES. Coordenadora da pesquisa:
“Conversando com a cidade: cartografia de territórios educativos em 03 bairros de
Governador Valadares”.

Karla Nascimento de Almeida


Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Vale do Rio Doce
- UNIVALE (2012). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Minas
Gerais - UFMG - (2015). Mestre em Gestão Integrada do Território pela UNI-
VALE (2018). Atualmente é professora e coordenadora do curso de Pedagogia
da UNIVALE, pesquisadora envolvida na pesquisa “Conversando com a cidade:
cartografia de territórios educativos em 03 bairros de Governador Valadares”. Pes-
quisadora do Grupo de Pesquisa Núcleo Interdisciplinar de Educação, Saúde e
Direitos – UNIVALE.

Gilda de Melo Marques


Pedagoga, Mestre em Gestão Integrada do Território pela UNIVALE (2018). Servi-
dora de carreira na Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, atuando na
Educação Básica (Ensino Fundamental e Médio). Pesquisadora do Grupo de Pesqui-
sa Núcleo Interdisciplinar de Educação, Saúde e Direitos – UNIVALE.

Edmara Carvalho Novaes


Licenciada em Matemática - UNIVALE e Língua Inglesa –UFLA; Mestre em Gestão
Integrada do Território - UNIVALE; Especialista em Matemática, Gestão Educacional
e Educação Especial/Inclusiva - Libras. Servidora de carreira na Secretaria de Estado
da Educação de Minas Gerais, atuando na Educação Básica (Ensino Fundamental e
Médio), com experiência em docência na Educação Básica e no Ensino Superior.
Tradutora e Intérprete de Libras. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Núcleo Inter-
disciplinar de Educação, Saúde e Direitos – UNIVALE.

CADERNO TEMÁTICO 12
CONVERSAS ENTRE O RIO DOCE, ADOLESCENTES E OS JOVENS NA ESCOLA / 28

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