Trabalho Av2 - Fenomenologia

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AV2 - CASO GLÓRIA PELA ACP

Disciplina: Teorias Humanistas e Fenomenológicas


Alunas: GEOVANNA CAMPOS DE ARRUDA - 2211767
IDÁLIA NOGUEIRA LOBO - 2212292
LETICIA MENDES PINHEIRO - 2211820
NICOLE GOMES SILVA - 2211773

1 - Realizar uma breve descrição da situação clínica e exposição das


incongruências da paciente
A cliente Glória, a quem Rogers atendeu, encontrava-se em um conflito, pois
era recém divorciada e tinha dificuldade em se ajustar à vida de solteira. Apesar de
satisfazer as sua vontades fisícas e procurar parceiros para ter relações sexuais, ela
acreditava que aquela conduta não era apropriada para uma mulher que
desempenhava o papell de mãe. Glória era uma mulher franca e honesta com os
seus próprios sentimentos, e isso foi bastante notório em seu tempo de conversa
com Rogers, mas tinha dificuldades de assumir as responsabilidades de suas
escolhas, e procurava sempre a afirmação dos outros para sentir segurança, e
dentre elas, a do terapeuta.
Além disso, Glória também parece não saber identificar quando está
seguindo seus sentimentos ou não. Ela relata gostar quando se sente à vontade
com as decisões que toma, e que isso não a deixa conflituosa, mas em outras
situações ela faz coisas que não se sente à vontade. Ela não consegue identificar
quando está seguindo seus sentimentos ou não pois na maioria das vezes vem a
culpa por suas decisões. E, ela também relata que a maior parte dessa
culpa/conflito vem das suas decisões do dia a dia.
Em sua teoria desenvolvida, chamada Abordagem Centrada na Pessoa,
Rogers desenvolve condições necessárias para a mudança terapêutica de
personalidade. A segunda condição dessa teoria dispõe de um estado de
incongruência que o cliente apresenta, que diz respeito a um desacordo entre o que
o sujeito sente e o que ele expressa. É uma ‘’discrepância entre a experiência real
do organismo e a imagem do self do indivíduo’’ (WOOD et. al, 2010, p. 4).
Diante disso, as incongruências observadas no caso da Glória, eram a
distorção que ela tinha na sua percepção como mãe, no caso como uma mãe
honesta e com um ótimo relacionamento com os filhos, mas na realidade ela não
conseguia ser sincera com eles, e algumas vezes os culpava pela sua privação de
relação com outros parceiros. Ela tinha medo de que a sua filha a julgasse como
uma péssima mãe se descobrisse que ela, depois de divorciada, já tivera relação
sexual com outros homens. E explicava esse medo por um trauma de infância, pois
passou a não gostar mais de sua própia mãe quando descobriu que ela e o seu pai
faziam sexo. Glória encontrava-se profundamente angustiada com essa situação
antagônica de: ser uma mãe com uma ótima e honesta relação com os filhos, e
viver guardando o segredo de sua vida pessoal.
Ademais, outra incongruência observada foi que Glória tinha o discernimento
do que deveria fazer em seu relacionamento com a filha, mas, por culpa e medo,
não fazia. Ou seja, ela sabia que deveria ser sincera com a filha sobre os seus
relacionamentos com outros homens, sobre a verdadeira Glória, mas não quer
arriscar a fazer, pois sabe que isso pode trazer consequências.
2 - ‌Dissertar sobre as 3 atitudes facilitadoras clássicas pela ACP,
articulando com o vídeo
Carl Rogers sempre reiterou a importância da autenticidade do terapeuta na
relação com o cliente.
O terapeuta deveria ser, nos limites dessa relação, uma pessoa integrada,
genuína e congruente. Isto significa que, na relação, ele está sendo livre e
profundamente ele mesmo, com sua experiência real precisamente representada em
sua conscientização de si mesmo. É o oposto de apresentar uma "fachada", quer ele
tenha ou não conhecimento disto. (WOOD, J.)
Ele explica que o terapeuta deve ser nada mais nada menos que ele mesmo.
Não é para o terapeuta ser uma pessoa perfeita, mas sim para ser o que ele
realmente é, não enganando o cliente nem a si mesmo, tendo consciência de que é
uma pessoa falha. O terapeuta pode também expressar seus próprios sentimentos
ao cliente no momento que julgar pertinente e necessário. Podemos ver essa atitude
em Rogers ao final do vídeo quando a Glória diz que ele seria como um pai
substituto para ela e o próprio expressa naturalmente que ela seria uma filha muito
boa
Também há na relação o que chamamos de consideração positiva
incondicional, que quer dizer a respeito da aceitação do cliente seja em relação aos
seus sentimentos negativos como também os positivos. o terapeuta enxerga e
aprecia o cliente como um todo e o aceita como ele é simplesmente porque ele
existe.
Na medida em que o terapeuta se encontra experienciando uma aceitação
calorosa de cada aspecto da experiência do cliente como sendo uma parte daquele
cliente, ele estará experienciando uma consideração positiva incondicional.
(WOOD,J.)
podemos ver Rogers aplicando isso no vídeo quando ele sempre valoriza o
que Glória chega a lhe contar e não a julga em nenhum momento. Ele também a
direciona com perguntas a chegar sozinha numa própria conclusão tendo o cuidado
necessário com ela e o próprio fala que se sente íntimo dela no decorrer daquela
relação. O que também fica claro para nós é a terceira atitude facilitadora a da
empatia, é quando o terapeuta entende e valoriza as experiências, pontos de vista e
sentimentos únicos de cada cliente, isso faz com que o cliente se sinta valorizado e
aceito.
Uma compreensão empática precisa da conscientização do cliente, a partir
de sua própria experiência, sentir o mundo privado do cliente como se ele fosse seu,
mas sem perder a qualidade “como se” - isto é empatia, e ela parece essencial para
terapia. (WOOD,J.)
A partir disso o terapeuta pode ter conhecimento do mundo do cliente e pode
também ajudá-lo a ter pleno conhecimento de sentimentos que ainda podem ser
superficiais para eles. Em todo o vídeo isso fica claro pois em todo o momento
Rogers valoriza e exterioriza essa valorização dos sentimentos e pensamentos de
Glória, ele fica realmente absorto ao mundo de Glória e as suas percepções,
sempre externando perguntas para melhor compreensão do que Glória está
comunicando o que a leva a ter certeza do acolhimento e entendimento dos seus
sentimentos. um detalhe também interessante no início do vídeo é quando Glória
fala que o tom de voz do terapeuta a deixou mais confortável para compartilhar o
que a estava incomodando.
3 - Discutir o funcionamento da personalidade de Glória, a luz da teoria
do funcionamento ótimo de personalidade na ACP (text 5-6) (proposições)
A cliente relata conflitos sobre sua auto imagem e ao que ela busca passar
para os outros. No caso de sua culpa ao expressar sua sexualidade, e na sua
necessidade de ser uma boa mãe,ou como ela enxerga ser uma boa mãe. Quando
a cliente relata que sentiu falta de algo em sua infância, como o apoio e sinceridade
dos pais com ela, ela está relatando que tenha sido influenciada, direta ou
indiretamente, por pessoas-critérios (no caso, os pais), fator crucial para a formação
da personalidade do indivíduo e de seu campo fenomenológico.
Ao passo que se encaminha a sessão, nota-se uma conduta insegura em
relação a tomar suas próprias atitudes, o que mostra sua incongruência e seu
desafio em busca da personalidade ótima, que se caracteriza pela confiança em si.
A cliente entra em conflitos sobre seu desejo e sua culpa, ela busca aprovação do
terapeuta para tomar tais decisões cruciais, analisando esse trecho, vê-se a sua
falta de autonomia e confiança em entender suas necessidades e buscar supri-las,
ela tenta que o terapeuta apoie suas decisões, porém a única pessoa capaz de
saber o que ela precisa é ela mesma. (ROGERS, C.)
A formação da personalidade, segundo Carl Rogers, começa a partir dos
primeiros anos de vida e se dá a partir de experiências que o indivíduo vivencia de
forma única, formando assim o campo fenomenológico. Assim, toda conduta do ser
é resultado de uma reação a partir do quadro de referência do sujeito, entendendo
esse como sendo a verdade e agindo guiado por esse princípio. (ROGERS, C.)
Dito isso, Glória entende e age de tal forma por ser guiada de acordo com o
que acha ser, porém nota-se um desajuste com o self, gerando desconforto por
tomar suas atitudes e o sentimento de culpa. As condutas, em sua maioria, vão de
acordo com o self, porém quando há esse desacordo, é necessário que o quadro de
referência interno (guia de condutas do indivíduo) seja religado, para assim a
tomada de atitudes ser consciente e sincera com elas mesma, de forma segura,
buscando a personalidade ótima.
Referências bibliográficas

ROGERS, C. R. Terapia Centrada no Cliente. 1. ed. São Paulo: WMF Martins


Fontes, 1992. cap. 11.

ROGERS, C. R. Tornar-se pessoa. 8. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes,


2009. cap. 1.

WOOD, J. et al. Abordagem centrada na pessoa. 5. ed. Espírito Santo:


EDUFES, 2010. p. 143-161.

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