A Guerra Fria (Apostila)

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 10

Entenda o que foi a Guerra Fria, o grande embate

ideológico que dividiu o mundo entre duas potências.


17 de maio de 2023

Estados Unidos e União Soviética protagonizaram uma das grandes disputas da


história da humanidade. Ela envolveu conflitos ideológicos, lutas armadas,
tentativas de influência, estratégias de espionagem e sabotagem.
Entenda o que foi a Guerra Fria.

Hitler estava vencido. A Alemanha nazista e a ameaça que representava estavam


derrotados. A expectativa era de volta à paz, de tranquilidade e de retorno de todos
aos seus respectivos territórios, após a Segunda Grande Guerra. Alguns líderes,
contudo, estavam cientes de que a situação era mais problemática.
No exato momento em que a guerra chegava ao fim, a corrida para Berlim
denunciava a mentalidade de ambos os vencedores.
A partir de então inaugurou-se uma guerra muito diferente, que ficou conhecida
como Guerra Fria. Usando métodos para além dos militares, Estados Unidos e
União Soviética buscam espalhar sua doutrina ao redor do mundo.

O que foi a Guerra Fria? Por que tem esse nome?


A Guerra Fria foi o conflito dos Estados Unidos da América (capitalismo) contra a
União Soviética (comunista) para que seus próprios sistemas políticos vencessem o
sistema do outro. Para isso, cada um deles buscou influenciar os demais países do
mundo a aderir ao seu sistema.
O termo “Guerra Fria” foi cunhado pelo assessor presidencial norte-americano
Bernard Baruch, em 1947. Na ocasião, o profissional se referiu à crescente
rivalidade entre os países que nutriam ideais diferentes.
A opção pelo uso da palavra “fria” remete à característica particular desse
confronto: EUA e URSS não se enfrentaram diretamente com armas.
AGuerra Fria envolveu embates econômicos, diplomáticos, sociais e principalmente
ideológicos, onde ambos os países buscavam influenciar outras áreas do mundo a
partir de sua política. Os governantes dos dois países acreditavam que o seu
sistema era o melhor e temiam que o sistema do inimigo prejudicasse seu país, sua
população e seus interesses particulares.
A disputa por áreas de influência levou a uma tentativa de divisão do mundo: isso
foi uma das principais causas da Guerra Fria.

A Guerra Fria foi iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial, cujo grande marco
foi o discurso realizado pelo presidente americano Harry Truman, em 1947. Este
discurso foi proferido no Congresso americano e, nessa ocasião, o presidente
solicitou verbas para que os Estados Unidos pudessem se engajar para evitar o
avanço do comunismo na Europa.
Na visão de Truman, era papel dos EUA liderar a luta contra o avanço do
comunismo no continente europeu. Esse é um dos pontos chaves para entender o
que foi a Guerra Fria. Esse discurso deu início ao que ficou conhecido como
“doutrina Truman”, que consistiu no conjunto de medidas tomadas pelos EUA para
conter o avanço do comunismo.
Os Estados Unidos adotam uma estratégia de diplomacia defensiva, uma espécie
de ação responsiva, enquanto os soviéticos se comportavam diplomaticamente de
forma agressiva e expansionista.
Enquanto os EUA desmobilizaram suas tropas após a II Guerra, a URSS deixou
seus exércitos ocupando os países do leste europeu.
A URSS também só retirou suas tropas do Irã após forte pressão internacional.
Apesar disso, bloqueou Berlim em 1948 e 1949, tentando expulsar os governos
ocidentais que estavam legitimamente no território.
Diante do cenário de agressões e expansionismo soviético, os Estados Unidos
reformularam sua política diplomática, o que deu início às tensões da Guerra Fria.
Os principais planos econômicos e militares foram:
Plano Marshall - plano econômico dos EUA;
Plano COMECON - plano econômico da URSS;
OTAN - aliança militar dos EUA;
Pacto de Varsóvia - aliança militar socialista da URSS.

Plano Marshall x COMECON

O Plano Marshall, conforme mencionado, foi um plano de cooperação econômica


mediante o qual os americanos disponibilizaram grandes somas de dinheiro para
financiar a reconstrução dos países destruídos por conta da Segunda Guerra
Mundial.
O projeto defendia a ideia que apoiar o desenvolvimento econômico de
determinados países ajudaria a conter o avanço do comunismo.
Em contrapartida, os soviéticos criaram o Conselho de Assistência Econômica
Mútua, mais conhecido como Comecon.
Nesse plano, as nações do bloco comunista eram agrupadas sob a liderança dos
soviéticos, conforme diz o pesquisador. Os planos de estatização e planificação da
economia eram implementados nos membros e tudo era coordenado diretamente
pelo Partido Comunista em Moscou.
Esse plano foi criado pelos soviéticos para evitar que o Plano Marshall seduzisse as
nações do bloco comunista a aliar-se com os americanos.

Otan x Pacto de Varsóvia

No campo militar, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN),


em 4 de abril de 1949. A ideia da OTAN era criar uma aliança militar de países
alinhados aos Estados Unidos visando:
impedir a posição agressiva dos soviéticos; proteger o bloco de eventuais ataques
de nações comunistas; auxiliar o bloco contra movimentos revolucionários em seus
territórios.
Na mesma proposta, os soviéticos criaram o Pacto de Varsóvia, em 1955. A ideia
era:
garantir a segurança das nações do bloco comunista; evitar uma possível agressão
realizada pelos estadunidenses; manter a hegemonia militar soviética sob os
demais aliados.
Assim, os dois blocos criam sistemas de alianças militares para coordenar ações
contra possíveis agressões do bloco adversário.

As principais características da Guerra Fria foram a polarização do mundo entre


comunismo e capitalismo e as ações dos EUA e URSS para favorecer seus
sistemas em outros países.
De forma mais detalhada, as características mais marcantes são:
Polarização política do mundo; Cortina de ferro e Muro de Berlim; Corrida
armamentista; Corrida espacial; Busca por áreas de influência.

A disputa travada entre americanos e soviéticos resultou em uma forte polarização


do mundo que afetava as relações internacionais dessas nações como um todo. O
objetivo dos Estados Unidos e da União Soviética era alinhar o máximo de países
possíveis ao seu modelo político e econômico, garantindo aliados e territórios de
influência nas áreas disputadas.
Cortina de ferro e Muro de Berlim

Após a partilha da Alemanha no fim da II Guerra, Stalin começou a estabelecer a


famosa Cortina de Ferro. Na Conferência de Potsdam, na Alemanha, Truman,
Stalin e Churchill se reuniram e determinaram a divisão da Alemanha entre lado
ocidental, dividido entre os Estados Unidos, Inglaterra e França, e lado oriental,
pertencente à União Soviética.
A divisão da Alemanha em dois blocos, um capitalista e ocidental, e outro socialista
e oriental, define bem o que foi a Guerra Fria.
Embora Berlim fizesse parte da Alemanha Oriental, por ser a capital, foi também
dividida ao meio. O lado oriental, dos soviéticos, deu origem à República
Democrática da Alemanha; o lado ocidental, por sua vez, foi nomeado República
Federal da Alemanha.
A Alemanha Ocidental obedecia aos Estados Unidos. Isso significava a presença
do exército norte-americano e o normal funcionamento do país, que contava com
empréstimos a juros baixos.
A Alemanha Oriental obedecia à União Soviética. Isso significava a transformação
de todas as fazendas e negócios em propriedades do governo.
As pessoas também foram convertidas em empregados do Estado, o qual era
responsável por decidir aspectos concernentes da vida pública e privada. Havia,
portanto, essa diferença entre estar sob tutela de um ou de outro.
Churchill foi quem cunhou o termo “Cortina de Ferro”, denunciando essas práticas
de Stalin e sublinhando que havia um desconhecimento sobre o que estava se
passando.
As eleições e os processos foram transformados e o exército vermelho marchava
sobre o leste europeu como se o possuísse. Assim, instaura-se um clima áspero
entre as potências.
A construção do Muro de Berlim logo foi considerada um dos maiores símbolos do
que foi a Guerra Fria, e, para muitos historiadores, sua queda, a 9 de novembro de
1989, é apontada como símbolo do encerramento desse conflito ideológico.
Inicialmente, quando a Alemanha foi dividida em dois lados, não existia o muro.
Porém, à medida que as pessoas buscavam fugir para o lado ocidental,
principalmente as pessoas qualificadas, os soviéticos constroem o muro.
O muro contava com estruturas de segurança, torres de soldado, e ordem de atirar
para matar quem se aproximasse: tudo isso para impedir as pessoas de fugirem.
Enquanto os territórios eram partilhados e disputados, os dois blocos se armavam
para possíveis conflitos bélicos.

Na Alemanha nazista, um grande poder bélico foi criado durante a guerra,


principalmente armamentos relacionados ao desenvolvimento de foguetes.
A procura pela hegemonia internacional fez com que ambas as potências
investissem bastante no desenvolvimento de novas tecnologias bélicas. Assim, no
período, o número de armas nucleares e termonucleares produzidas disparou.

O vasto investimento em tecnologia empreendido pela Rússia na época de Stalin


teve como resultado o lançamento do foguete Sputnik. Isso apavorou os Estados
Unidos. Um belo dia, os americanos abrem o jornal, e nele vai estampada a
manchete que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas colocou o primeiro
satélite da história em órbita.
O ser humano nunca tinha lançado nada para fora do espaço. A URSS realizou
vários lançamentos. Um deles com a cadela Laika, que foi posta dentro do míssil e
morreu ainda na decolagem. Era o início da corrida espacial.
A corrida espacial foi um dos campos de disputa entre americanos e soviéticos e,
ao longo da década de 1960, inúmeras expedições espaciais foram realizadas.
Os Estados Unidos aceleram suas pesquisas. Em alguns lançamentos, suas naves
explodem ao vivo. Enquanto isso, a União Soviética envia dois cachorros para a
atmosfera e os traz de volta, vivos.
Tais eventos são televisionados para toda população. Era inegável: a União
Soviética liderava a corrida espacial. Inicialmente, John Kennedy não levava essa
competição muito a sério.
Seu ponto de vista se alterou no momento em que percebeu o impacto que aquilo
causava na população.
Nesse contexto, John Kennedy fez o discurso “We go to the Moon”. Neste discurso,
Kennedy diz que os Estados Unidos escolheram ir para a Lua não porque é fácil,
nem porque é preciso, mas porque decidiu.
Justamente porque é difícil, os Estados Unidos vão fazer isso. Quantias
gigantescas de dinheiro foram investidas nesse projeto.
Tinha início a corrida espacial. No intervalo de dois anos, cada país realizou cerca
de 15 lançamentos de foguete.
Com Brejnev no comando da União Soviética e Richard Nixon como presidente dos
Estados Unidos, no dia 20 de julho de 1969, a Apollo 11 foi à Lua.
700 milhões de pessoas assistiram ao vivo o homem indo para a Lua e ouviram o
discurso: “Um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a
humanidade”. A bandeira dos Estados Unidos foi cravada na lua.
A chegada do homem à Lua engendrou uma série de discussões. Tratados de ética
foram assinados estipulando como ocorreria a exploração do espaço.
Enquanto disputava-se territórios no espaço, a Guerra Fria continuava gerando
disputas nos territórios ao redor do globo.
O professor Luiz Felipe Pondé explica que tanto americanos quanto soviéticos
interferiram em assuntos internos de diferentes países do planeta e se ocultavam
por trás desses assuntos. A Guerra Fria despertou um conflito constante e
incansável entre duas potências com importante representação para o cenário
econômico mundial.
Os Estados Unidos buscavam aumentar sua influência e, para alcançar seus
objetivos, optaram por acordos e alianças com nações consideradas aliadas.
O primeiro movimento norte-americano foi a criação da “Doutrina Truman”, uma
série de diretrizes estabelecidas pelo presidente Harry Truman com o objetivo de
proporcionar intervenções nas áreas que poderiam estar sob possível influência
comunista.
Ao redor do mundo havia uma série de guerras civis, eleições e ideias circulando
que tinham os Estados Unidos e a União Soviética por trás, utilizando-se desses
movimentos como marionetes.
O pesquisador Renor Filho explica que na maior parte dos lugares, as eleições
passam a ser falsas ou compradas.
Brejnev, líder que havia assumido a Rússia, era um homem mais carismático.
Contudo, ao assumir o poder, piorou a situação no que diz respeito à guerra. Sua
primeira ordem foi intensificar a presença soviética na guerra do Vietnã.
Sua segunda ordem foi fomentar questões culturais. Brejnev não queria que a
guerra do Vietnã prejudicasse o Vietnã: ele queria que a guerra fragilizasse os
Estados Unidos. Por isso, promoveu a infiltração de pessoas, de repórteres, de
agentes, para falar dos Estados Unidos nas mídias americanas e estimular o
movimento hippie.
Há a execução da tese da desinformação soviética, segundo o livro
Desinformação, escrito pelo general da inteligência da Romênia comunista que
abandonou seu cargo, o militar de patente 4 estrelas Ion Mihai Pacepa.
Uma das principais estratégias era gerar notícias falsas contadas por pessoas em
quem o povo americano acredita. A União Soviética contava uma mentira. No
entanto, a mentira não era contada por um soviético, mas sim por alguém de
confiança dos norte-americanos.
Por exemplo: marechais de guerra revelavam os excessos e os abusos cometidos
pelo exército americano no Vietnã. Com isso, passa a existir uma pressão interna
cada vez mais forte nos Estados Unidos.
A KGB, serviço de inteligência Soviético, estava presente em todos os cantos do
mundo, recrutando agentes, formando influenciadores de opinião e promovendo
ações de sabotagem.

Com um orçamento quase infinito e uma vasta rede de agentes bem treinados, a
KGB inclinou os rumos a favor dos russos.
Enquanto isso, os Estados Unidos tentavam usar das informações coletadas pela
CIA para fazer frente ao imenso aparato de espionagem soviético.
No território americano, predominava o chamado macarthismo, que foi a
perseguição promovida pelo governo aos ideais socialistas, aos partidos e seus
membros.
Este conjunto de leis foi criado pelo senador John McCarthy, para combater
eventos como a exposição da inteligência americana por políticos socialistas dos
EUA para a URSS.
Em virtude da política macarthista, muitos foram perseguidos pelo governo e
censurados. Enquanto isso, a tensão entre ambas potências crescia
internacionalmente.
Acontecimentos importantes da Guerra Fria
A Guerra Fria criou um clima de forte tensão internacional a respeito da
possibilidade de um conflito aberto entre americanos e soviéticos. A existência de
armamentos nucleares e termonucleares sob a posse desses países tornava essa
expectativa algo pavoroso.
Ao longo das décadas da Guerra Fria, houve inúmeros momentos de tensão,
alcançando níveis militares. Os principais são:
Revolução Chinesa;
Guerra da Coreia;
Revolução Cubana;
Crise dos Mísseis em Cuba;
Guerra do Vietnã;
Revolução Chinesa
A Guerra Civil Chinesa, que se arrastava desde a década de 1920, retornou com
força depois da Segunda Guerra Mundial. Os comunistas se fortaleceram, liderados
por Mao Tsé-tung, o que levou os americanos a apoiar os nacionalistas, liderados
por Chiang Kai-shek.
A vitória dos comunistas, conhecida como Revolução Chinesa, em 1949, alarmou
os americanos sob a possibilidade de que o comunismo fosse disseminado pelo
continente asiático por meio da influência chinesa.
Na época da revolução, Stalin recebeu um telegrama assinado por Mao Tsé-Tung,
líder do movimento, solicitando respostas em relação a dúvidas acerca da ideologia
marxista. Stalin respondeu aos questionamentos.
Ele e Mao trocaram muitos telegramas ideológicos neste momento. Stalin estava a
par da existência de Mao Tsé-Tung, um guerrilheiro. Contudo, nunca achou que ele
fosse conseguir tomar o poder.
Apesar disso, a China foi tomada pelo furor revolucionário e converteu-se em
governo socialista.

A Guerra da Coreia foi um dos momentos de maior tensão entre Estados Unidos e
União Soviética durante o que foi a Guerra Fria.
Este conflito iniciou-se em 1950, quando os comunistas norte-coreanos, apoiados
por chineses e soviéticos, invadiram o território sul-coreano, apoiados pelos
americanos. O objetivo era reunificar a Península da Coreia sob a liderança dos
comunistas.
Esse conflito contou com o envolvimento direto de soldados americanos e
soviéticos, mas ao longo do conflito nenhum dos dois lados sobressaiu.
O conflito teve fim, em 1953, com um armistício que ratificou a divisão das Coreias
— divisão que existe até hoje.

Revolução Cubana

Em 1959, um grupo de guerrilheiros deixou Sierra Maestra em direção à Havana.


Ao chegar lá, o grupo depõe o presidente de Cuba, Fulgêncio Batista. Os
guerrilheiros não tinham relação com a União Soviética ou com os Estados Unidos.
Ninguém sabia o que estava acontecendo. Esses guerrilheiros tomam o poder e
declararam seu apoio à União Soviética.
Os Estados Unidos ficam estupefatos. Cuba é um território quase vizinho, onde os
americanos da costa iam passar as férias em Havana, jogar nos cassinos.
Para tentar deter o movimento comunista e reverter a tomada do poder, os Estados
Unidos realizam uma invasão na Baía dos Porcos. A tentativa, no entanto,
fracassa. Che Guevara e Fidel Castro ganham e pedem auxílio a Moscou.
Era um local estratégico para posicionar uma base militar na ilha e vigiar os
Estados Unidos.
Após a instalação da base, um barco, munido com um grande carregamento de
mísseis, é enviado à Cuba.

Crise dos Mísseis em Cuba


A Crise dos Mísseis foi o momento de maior tensão entre as duas potências da
Guerra Fria, e passou-se em 1962. Naquele ano, o serviço de inteligência dos EUA
descobriu que a URSS estava instalando uma base de mísseis em Cuba.
A inteligência americana sabia que os mísseis soviéticos representam pouca
ameaça para os EUA, mas o presidente americano sabia que a questão teria
repercussão negativa sob seu governo e decidiu intervir.
O governo americano disse aos soviéticos que se os mísseis não fossem retirados,
seria declarada guerra. As negociações arrastaram-se durante semanas e os dois
lados chegaram a um acordo.
Os soviéticos decidiram retirar os mísseis de Cuba e os americanos aceitaram
retirar seus mísseis instalados na Turquia.
A movimentação desperta desconfiança nos Estados Unidos, que manda um avião
inspecionar a situação. O avião é abatido, mas consegue encaminhar a informação
de que há um vasto estoque de mísseis em Cuba.
Aqueles mísseis poderiam atingir: Washington, Nova York, Los Angeles, Califórnia,
Miami, Texas, Virgínia, Minnesota, Chicago: todos estes estados poderiam ser
explodidos.
A Marinha americana foi posicionada e promoveu o famoso bloqueio americano a
Cuba. Neste contexto, as armas nucleares foram preparadas.
Como resposta, a União Soviética declarou que também tinha uma bomba atômica
e, para demonstrar a veracidade da afirmação, realizou uma explosão no mar. Isso
aumentava a tensão do confronto.
Esse episódio ficou conhecido como a Crise dos Mísseis em Cuba. Os Estados
Unidos e a União Soviética chegaram a um acordo.
Kruschev aceitou retirar os mísseis de Cuba. Esses foram dias de muito medo.
Houve uma cobertura jornalística que empregou o sensacionalismo e o alarmismo
de guerra.
Guerra do Vietnã

A Guerra do Vietnã foi um conflito travado entre 1959 e 1975 entre Vietnã do Norte
e Vietnã do Sul. Ambos os lados procuravam unificar o país sob seu controle. Com
a presença soviética intensificada no Vietnã, os Estados Unidos decidem entrar de
vez na guerra.
Os americanos entraram nesse conflito, em 1965, e enviaram milhares de soldados
ao Vietnã.
Os americanos, com dificuldades de adentrar nas matas do Vietnã, veem-se
obrigados a explodir bombas do tipo napalm para abrir caminho. Todavia, o
deslocamento pelo Vietnã era longo e essa estratégia seria muito cara.
Dentro das matas vietnamitas, os americanos se viram em desvantagem contra as
estratégias de guerrilha dos vietcongues.
Apesar de reverter o cenário com seu forte arsenal bélico, os americanos enfrentam
três problemas:
a presença chinesa com um vasto exército;
a presença soviética e seu extenso arsenal;
a pressão dos movimentos hippie e da mídia no território americano.
Os Estados Unidos foram derrotados no Vietnã em 1975. Essa guerra foi
extremamente impopular nos EUA. Os americanos retiraram-se do conflito em
1973, sem alcançar seus objetivos. Os comunistas tomaram o controle do país, em
1976, logo após vencerem a guerra.
Guerra do Afeganistão
A Rússia sempre teve poder de influência no Cazaquistão, o qual fazia parte da
União Soviética. Havia interesse soviético de estender essa influência ao
Afeganistão. Por isso, quando uma revolta comunista surgiu no Afeganistão, os
soviéticos a financiaram.
Os soviéticos não vislumbraram que o Afeganistão era um país muçulmano. O
governo comunista chegou ao poder, mas o comunismo é ateu e os muçulmanos
levam a sério a religião. Assim, em resposta à revolução, eles empreendem a jihad.
Os mujahidin, grupos islâmicos que defendem a fé, tentam combater a revolta
comunista. Os Estados Unidos financiaram os mujahidin para que lutassem contra
os comunistas.
Esses grupos islâmicos eram o Hamas, Hezbollah e Al-Qaeda. Eles usaram
dinheiro dos Estados Unidos para comprar armamento — bombas, fuzis,
metralhadoras — e realizar treinamentos.
Os mujahedins lutam em nome de Deus, grande motivador que tiveram contra a
revolução.
A guerra do Afeganistão foi a guerra que mais demandou dinheiro soviético da
história das guerras satélites. Os Estados Unidos colocaram um montante
exorbitante nesse confronto.
Era tanto dinheiro, que os países do Oriente Médio, como Paquistão e Uzbequistão,
fortaleceram-se e criaram facções islâmicas para ajudar os mujahidin.
Esse processo foi liderado por Osama Bin Laden, que encaminha os
financiamentos. Osama Bin Laden perdeu filhos, família, amigos e companheiros na
guerra dos mujahidin contra o exército comunista.
A guerra terminou com os islâmicos como vitoriosos. Depois de findado esse
confronto, apesar da ajuda americana, eles decidiram explodi-los, promovendo o
famoso ataque do dia 09 de setembro.
O alvo foi a capital financeira dos Estados Unidos, o World Trade Center, principal
prédio de finanças, negociações e investimentos dos Estados Unidos, localizado
em Nova York.

Os EUA venceram a Guerra Fria, já que a União Soviética acabou em 26 de


dezembro de 1991.
O fim da URSS foi resultado da grande crise econômica e política que atingiu a
Rússia a partir da década de 1970. A falta de ações para resolver os problemas do
bloco comunista foram responsáveis por levar o país ao fim.
A economia soviética demonstrava, já na década de 1970, claros sinais de
esgotamento:
o país era o mais atrasado em relação às grandes potências;
a indústria soviética estava em queda;
a produção agrícola era insuficiente;
os indicadores sociais começaram a regredir.
Tudo demonstra um claro empobrecimento do país.
A disparada no valor do petróleo criou uma falsa sensação de prosperidade no
começo da década de 1980 e, por isso, o país não passou por reformas
importantes em sua economia.
Além disso, a sociedade soviética não tinha acesso a tecnologias que garantiam o
avanço na qualidade de vida, semelhante ao que se passava no Ocidente, e a
corrupção tornava tudo pior.
Dois acontecimentos na década de 1980 acabaram agravando a situação do país:
a invasão do Afeganistão, que forçou a União Soviética a gastar milhões na luta
contra os rebeldes islâmicos;
o acidente nuclear em Chernobyl a 1986, que causou muitas mortes e destruição,
além de forçar os soviéticos a gastar altas somas para conterem os efeitos do
acidente nuclear.
A situação econômica ruim contribuiu para aumentar a insatisfação da sociedade
com os governos comunistas.
Em todo o bloco comunista surgiram movimentos de oposição motivados pela:
pouca liberdade de expressão; pelo autoritarismo manifestado pelos governos;
pela insatisfação com a crise econômica.
Os primeiros sinais manifestaram-se na Alemanha Oriental, na Hungria e na
Polônia. Os alemães derrubaram o Muro de Berlim, no final de 1989, e promoveram
a reunificação da Alemanha, os húngaros abriram as fronteiras do país com o
Ocidente e os poloneses elegeram o primeiro governo não comunista desde a
Segunda Guerra.
Em 1985, o presidente soviético Mikhail Gorbachev implementou uma série de
mudanças socioeconômicas para tentar reestruturar o país, quais sejam, a
Perestroika e a Glasnost, que incluíam uma política de redução dos gastos militares
e um processo de transparência e abertura política.
Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a reunificação da Alemanha, a derrota
dos soviéticos tornou-se evidente. Mas só em 1991, com a renúncia de Gorbachev,
foi que a URSS se dissolveu e a Guerra Fria chegou oficialmente ao fim.
Gorbachev ficou realmente famoso por três momentos. Primeiro, abriu documentos
antigos da União Soviética, que permitiu ao mundo conhecer algumas atrocidades
que haviam sido perpetradas.
No princípio, Gorbachev era extremamente comunista. Com o passar do tempo,
moveu-se em direção à social-democracia.
Além de abrir os documentos, Gorbachev empreendeu a Perestroika. Ela foi mais
do que a queda do sistema e a reabertura da Rússia. Na verdade, a Perestroika foi
uma política de reestruturação, de conciliação da Rússia com o mercado.
Perestroika, em russo, significa “reestruturação”. Gorbachev também implementou
a Glasnost, que é a transparência e a abertura de dados por parte do governo.
Gorbachev corrigiu em milhões a população da Rússia.
Havia uma falsificação desse número para que não fosse de conhecimento público
a quantidade de pessoas que haviam morrido.
Gorbachev renunciou à fortíssima mão de ferro ditatorial. Isso ocorreu porque o
governo da Rússia começou a flertar com as teorias elaboradas por Antonio
Gramsci e pela Escola de Frankfurt.
Na época em que estas surgiram, os líderes russos não tiveram qualquer interesse.
No entanto, após a guerra do Vietnã, eles viram o progresso dessas ideias, a forte
militância nos Estados Unidos, e começaram a repensar o caminho do comunismo.
Em 1991, há o final da Perestroika e o desmantelamento da União Soviética. Mas
suas ideias continuaram a ganhar força pela via cultural.
Em sequência, uma série de países conquistaram a independência, tais como
Ucrânia, Bielorrússia e Armênia. Tais países se reuniram na Comunidade dos
Estados Independentes (CEI) e realizaram a transição para novos regimes.

Você também pode gostar